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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

Escola de Minas
Departamento de Engenharia Ambiental

Análise ambiental da bacia hidrográfica do Rio Suaçuí Grande

Relatório final apresentado como parte das


exigências da Disciplina BCC 443 –
Geoprocessamento e Sistemas de Informações
Geográficas.

Autores:
Adriana Aparecida dos Santos, 14.1.4340
Ana Luiza Pimenta Senra, 17.2.1575
Rafael Antunes dos Santos Silva, 19.2.4119

Ouro Preto
2021
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 3
2. OBJETIVO ............................................................................................................ 4
3. METODOLOGIA .................................................................................................. 4
3.1 Área de estudo ................................................................................................ 4
3.2 Morfometria da bacia ...................................................................................... 5
3.3 Geologia .......................................................................................................... 6
3.4 Solos ................................................................................................................ 6
3.5 Uso e ocupação do solo ....................................................................................6
3.6 Clima .................................................................................................................6
3.7 Áreas de proteção permanente ......................................................................... 6
4. RESULTADOS .................................................................................................... 7
4.1 Caracterização Socioeconômica ....................................................................... 7
4.2 Caracterização físico-biótico ............................................................................. 9
Morfometria da Bacia .................................................................................. 9
Solo ............................................................................................................. 10
Geologia ..................................................................................................... 12
Clima .......................................................................................................... 13
Vegetação ................................................................................................... 14
Unidades de Conservação .......................................................................... 15
Disponibilidade e Demanda Hídrica .......................................................... 16
Área de Proteção Permanente .................................................................... 19
Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI) .......................... 20
Fragilidade Ambiental ............................................................................... 22
5. CONDIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 23
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 24

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1. INTRODUÇÃO

Existem várias definições se tratando de bacia hidrográfica, mas de acordo com a


semelhança entre elas, podemos considerar uma bacia hidrográfica como determinada região
geográfica cuja topografia auxilia na drenagem e captação da água da chuva fazendo com que
a mesma seja direcionada a um curso d’água.
Dentro da definição dada por alguns autores para as bacias hidrográficas, existem
algumas subdivisões. Dentre elas, temos as chamadas de sub-bacias que são áreas relativamente
grandes pertencentes a uma bacia hidrográfica.
Este relatório foi escrito com base nos estudos de uma sub-bacia pertencente a bacia do
Rio Doce, a Bacia do Rio Suaçuí Grande, composta por 48 municípios. O rio Suaçuí Grande
possui 372km de extensão tornando-se o principal afluente do Rio Doce.
Foram usadas técnicas de geoprocessamento e o Sistema de Informações Gráficas (SIG)
para obter os dados apresentados neste relatório. Essas ferramentas possibilitaram a
interpretação dos problemas atuais, coleta de dados e informações sobre as mudanças que
ocorreram ao longo do tempo na região estudada.

3
2. OBJETIVO

O seguinte trabalho tem como objetivo utilizar técnicas de geoprocessamento para obter
informações tais como vegetação, áreas preservadas, bioma, hidrografia e solo da bacia do Rio
Suaçuí Grande analisando e comparando essas informações entre si e ao longo dos anos.

3. METODOLOGIA

Todas as informações contidas a seguir foram extraídas a partir de dados


disponibilizados online pelos órgãos públicos, tendo em sua maioria o Sistema Estadual de
Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SISEMA), MAPBIOMAS, Banco de Dados
Geomorfométricos do Brasil (TOPODATA) e EMBRAPA.

A ferramenta SIG utilizada foi o QGIS onde foi possível obter informações necessárias
para a análise dos dados coletados. Com a utilização da delimitação da Bacia observou-se
formação das rodovias, centrais de hidrelétricas e outras informações importantes contidas na
bacia do Rio Suaçuí Grande.

3.1 Área de estudo

A bacia hidrográfica do rio Suaçuí Grande, de coordenadas latitudinais -18°41’93” e


longitudinais - 42°05’62”, aproximadamente, é composta por 48 municípios, com uma
população total estimada de 555.177 habitantes e uma extensão territorial de 21.600 km². O rio
Suaçuí nasce no município de Serra Azul de Minas, no Parque Estadual do Pico do Itambé, no
maciço rochoso da Serra do Espinhaço, com o nome de rio Vermelho. Encontrando-se com os
rios Turvo Grande e Cocais, no município de Paulistas, recebe o nome de rio Suaçuí Grande,
desaguando no município de Governador Valadares.
Apresentando 372 km de extensão, o rio Suaçuí Grande é um dos principais afluentes do rio
Doce, na sua margem esquerda. Das bacias mineiras integrantes da Bacia Hidrográfica do Rio
Doce, a Bacia Hidrográfica do Rio Suaçuí é a maior, sendo atendida pelas rodovias BR 116 -

4
RJ / BA, BR 259 - MG / ES, BR 381 - BH / GV e MG 120. A região apresenta três pequenas
centrais PCH, Usina Paiol, Cachoeira grande e Santa Cruza concessão da Consita LTDA.

Além disso, o Índice de Qualidade das Águas do rio Suaçuí Grande em 2005 foi
classificado como médio, acompanhando tendência verificada nos anos anteriores. O Comitê
de Bacia Hidrográfica do Rio Suaçuí Grande encontra-se em funcionamento (IGAM, 2020).

Figura 1: Localização e vias de acesso a bacia hidrográfica rio Suaçuí Grande (Fonte: AUTORES, 2021)

3.2 Morfometria da Bacia

O processo da delimitação da bacia hidrográfica e o perfil topográfico foram elaborados


em base no mapa topográfico disponível no Banco de Dados Geomorfométricos do Brasil
(TOPODA) com uma resolução de 30m x 30m. Observou-se os parâmetros: Área total,
perímetro total, comprimento axial da bacia, coeficiente de compacidade (relação entre o
perímetro da bacia e o perímetro de um círculo de mesma área), fator forma (relação entre área
e comprimento ao quadrado, em que quanto menor esse coeficiente) e o índice de circularidade
(valor que indica o quanto próximo de um círculo a bacia está). Além disso, encontrou-se ordem
do canal principal, usou-se o SAGA.
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Os cálculos foram obtidos por ferramentas como a calculadora de campo, as estatísticas
zonais (por meio da camada em modelo digital de elevação sem depressões espúrias) e uso de
estatísticas para colunas de comprimento de drenagens adicionadas nas tabelas de atributos.

3.3 Geologia
Para identificação da formação geológica obteve-se informações dos dados no IDE
SISEMA (2020): mapeamento geológico (CODEMIG/CPRM), as áreas de influência de
cavidade (SEMAD/CECAV) e o mapa de solos do Brasil (FEAM & UFV). Para tratamento
desses dados brutos foi usada a camada de delimitação da bacia vetorizada para recorte e
refinamento de informações.

3.4 Solos
Na produção do mapa de solos, foi utilizado como base o mapa de solos da UFV do
estado de Minas Gerais. A área definida da bacia foi extraída e o solo classificado baseando-se
nos dados fornecidos pela EMBRAPA e os contidos no mapa de solos do Brasil (FEAM &
UFV).

3.5 Uso e Ocupação do Solo

Para realização do mapa usamos como referência os arquivos disponibilizados pelo


Banco de Dados do Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), MapBiomas Brasil na resolução
de 30m x 30m para os anos de 1985 e 2019 e o Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos
Hídricos (SISEMA).

3.6 Clima
Por meio do banco de dados climáticos do WorldClim de 1970 à 2000, cujos dados
obtidos com a resolução de 30 segundos na norma climatológica, foram analisadas variáveis de
temperatura, umidade e precipitação na BHRX.

3.7 Áreas de Proteção Permanente e vegetação

Todos os dados apresentados foram coletados no TOPODATA, SISEMA e


MAPBIOMAS seguindo a Lei 12.651, de 25 de maio de 2012, popularmente conhecida como
“Código Florestal”, que estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação nativa.
6
4. RESULTADOS

4.1 Caracterização socioeconômica

O Rio Suaçuí Grande pertence ao estado de Minas Gerais, que tem uma população
estimada em 21.292.666, segundo o IBGE no ano de 2020, e uma densidade demográfica de
33,41 hab/km².

Tabela 1- Dados da Bacia do rio Suaçuí Grande

Município Populaçã Populaçã Populaçã Área IDH PIB Per Principal


o Urbana o Rural o Total (km²) Capita Atividade
Econômica

Paulistas 2.303 2.615 4.918 220,564 0,625 9.858,29 Agropecuári


a

Frei 6.764 2.156 8.920 469,557 0,648 10.640,1 Agropecuári


Inocêncio 8 a

São José da 2.945 1.130 4.075 213,881 0,583 9.057,75 Extração de


Safira Gemas

Nacip 1.979 1.175 3.154 233,493 0,585 8.882,73 Extração de


Raydan Mica

Virgolândi 3.402 2.256 5.658 281,022 0,620 8.764,88 Agropecuári


a a

Santa 10.722 3.673 14.395 624,047 0,640 9.499,60 Comércio


Maria do
Suaçuí

7
José 1.568 2.808 4.376 180,822 0,617 10.435,4 Não
Raydan 1 encontrado

São Pedro 2.302 3.268 5.570 308,106 0,622 11.336,5 Pecuária


do Suaçuí 3

São José do 2.006 4.547 6.553 345,146 0,566 9.706,27 Não


Jacuri encontrado

São João 10.108 5.445 15.553 478,183 0,638 10.810,6 Não


Evangelista 7 encontrado

Coluna 3.814 5.210 9.024 348,492 0,583 9.674,27 Agricultura

Governado 253.300 10.389 263.689 2.342,32 0,727 22.278,7 Atividade


r Valadares 5 9 comercial

Marillac 3.423 796 4.219 158,809 0,615 10.076,1 Agropecuári


4 a

Mathias 3.060 310 3.370 172,297 0,612 10.142,2 Comércio e


Lobato 5 Agropecuári
a

Peçanha 9.097 8.163 17.260 996,646 0,627 11.123,9 Agropecuári


3 a

O IDH de Belo Horizonte (capital do Estado) está em 0,810, já o IDH das regiões onde
o Rio Suaçuí está localizado gira entorno de 0,727 de Governador Valadares e 0,566 de São
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José do Jacuri, tendo a média de 0,625. A população total de todos os municípios componentes
se dá no montante de 370.734 habitantes, sendo Governador Valadares cidade mais populosa e
São José da Safira a menos populosa.

A principal atividade econômica na área é a Agropecuária, nota-se que este fato advém
da população rural ter um alto número nas cidades onde a pecuária e agricultura predominam.
E, em toda região, se tem um PIB per capita média de R$162.287,69.
Não possuem terras Indígenas e Quilombolas no território da bacia, apenas nos seus
arredores.

4.2 Caracterização físico-biótico

 Morfometria da bacia

Para a bacia do Rio Suaçuí Grande em questão de valores de kc, kf e IC identificam a


forma da bacia como mais alongada, o que torna a área pouco sujeita a picos de enchentes.
Obteve-se uma densidade da rede de drenagem alta, típica de padrão dendrítico, com muitos
cursos d’águas de ordens variadas, até sua maior ordem (6ª ordem).

Tabela 1 – Morfometria da Bacia


Área total (A) 2089,72m2
Perímetro total (P) 360,85m
Quanto à forma Comprimento axial da bacia (La) 68,33m
Coeficiente de compacidade (Kc) 3,21
Fator de forma (Kf) 0,65
Índice de circularidade (IC) 5,6
Orientação SW-NE
Altitude mínima 229,509m
Altitude média 683,580m
Características Altitude máxima 1800,109m
do relevo Declividade mínima 0,52%
Declividade média 19,5%

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A análise hipsométrica da bacia apresentou uma grande variação de altitude nas zonas
mais próximas dos divisores d’agua em relação às áreas de drenagem. Sendo assim, a
formação do relevo na região está distribuída de forma variável, quanto maior a declividade
do terreno maior velocidade de escoamento e com isso resultando uma formação
característica do solo local (Figura 2).

Figura 2: Mapa Hipsométrico da Bacia Hidrográfica do rio Suaçuí Grande (Fonte: AUTORES, 2021)

 Solo

A área da Bacia do Rio Suaçuí é uma das mais problemáticas da região em termos de
erosão do solo. Que são favorecidos por uma série de fatores, dentre os quais, estiagens
prolongadas, chuvas torrenciais, solos suscetíveis, elevada produção de sedimentos, a
pecuária e a atividade de mineração. Além disso, a região apresenta um bioma dominante é
o de Mata Atlântica, apresentando uma alta taxa da área a vegetação original foi degradada
pela ação humana. Visto isto, pode-se observar pelo mapa da Figura 3, apresenta solos a
susceptibilidade a erosão e identificou-se os Latossolos Vermelho-Amarelos (LVAdx),
Latossolo Vermelhos (LVAd3x), Latossolo Vermelho Argiloso (LVdx), Neossolo (RLedx).

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Figura 3: Mapa de Solos da Bacia Hidrográfica do rio Suaçuí Grande (Fonte: AUTORES, 2021)

Há também a ocorrência de Latossolos Amarelos e Neossolos Litólicos em menor


extensão. Destas classes, ao Argilossolos são os de maior erodibilidade e os Latossolos, os de
menor. Os Argissolos Vermelhos têm profundidade variável e com um gradiente textural entre
os horizontes A e B, que tem uma menor condutividade hidráulica. Por isso, durante uma chuva
forte, pode ocorrer uma rápida saturação do horizonte superficial mais arenoso e uma reduzida
infiltração da água na superfície do solo, o que favorece a ocorrência de processos importantes
de erosão, mesmo quando o relevo é suavemente ondulado. Quando o relevo é mais
movimentado, não são recomendados para agricultura, e sim para silvicultura.

Tendo em vista que a quase totalidade da área ocupada com argissolo está em relevo
forte ondulado e/ou montanhoso, e, devido ao problema da grande suscetibilidade à erosão que
esses tipos de solos apresentam, sua utilização torna-se restrita ao uso com pastagens e culturas
permanentes de ciclo longo, tais como café e citrus. São encontrados nas partes altas da bacia
do rio Suaçuí Grande, bem como ao longo das bacias dos rios Suaçuí Pequeno e Corrente
Grande, havendo ainda uma estreita faixa de ocorrência no extremo leste da unidade. São solos
profundos, acentuadamente drenados, com horizonte B latossólico de coloração vermelho
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amarela, baixa saturação de bases (distróficos) e alta saturação com alumínio (álicos). Se bem
manejados, são aptos para uma grande quantidade de culturas. Os Latossolos Amarelos são
solos em geral profundos e bem estruturados, sempre ácidos, nunca hidro mórficos, porém são
pobres em nutrientes para as culturas. Tem-se uma pequena porção da unidade ocupada por
Neossolos Litólicos, junto às cabeceiras dos rios Vermelho e Cocais, principais formadores do
rio Suaçuí Grande. São solos pouco desenvolvidos, com horizonte A assente diretamente sobre
a rocha, com profundidades. São solos rasos e muito rasos e situam-se em áreas de relevo forte,
ondulado a montanhoso. Os Latossolos Vermelhos ocupam uma ínfima porção da unidade na
margem direita do rio Corrente Grande. Caracteriza-se por solos minerais, profundos, bem
drenados a acentuadamente drenados. Em condições naturais têm alta fertilidade natural e são
indicados para agricultura.

Com isso a suscetibilidade a erosão na bacia do rio Doce apresenta decorrente devidas
estiagens prolongadas ocorrentes na unidade, às chuvas torrenciais, aos solos suscetíveis e aos
extensos depósitos superficiais friáveis típicos da Depressão do rio Doce, que juntos propiciam
alta produção de sedimentos (100 a 200 t/km²/ano).

 Geologia.

Toda a unidade apresenta-se intrudida por granitóides de composições diversas. De


maneira bem mais restrita, são encontrados gnaisses do Complexo Jequitinhonha na porção
leste da unidade, pequena ocorrência dos metadiamictitos do Grupo Macaúbas no extremo
norte, e ainda alguns resquícios de afloramentos de sequências predominantemente quartzíticas
do Supergrupo Espinhaço. As coberturas detríticas cenozóicas ocorrem em área bastante
diminuta no extremo sudeste da unidade. Já os depósitos aluvionares são encontrados ao longo
das calhas e planícies de inundação de praticamente todos os rios da unidade.

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Figura 4: Mapa Geológico da Bacia Hidrográfica do Rio Suaçuí Grande (Fonte: AUTORES, 2021)

 Clima

Utilizando o banco de dados climatológicos disponibilizados pelo WorldClim entre os


anos de 1970 e 2000, foi possível analisar e concluir que a temperatura média da bacia do
Rio Suaçuí Grande é de 20,4°C tendo altas temperaturas entre os meses de novembro e
fevereiro, e baixas temperaturas entre os meses de maio e setembro.

Além da temperatura, outro índice que varia com as estações do ano é o de precipitação
que normalmente acompanha simetricamente as mudanças climáticas ao longo do ano,
mantendo sua média anual sendo de 101,25 mm.

Quanto a umidade relativa do ar, sua média anual fica por volta de 76%.

13
300

250

200

150

100

50

Umidade: Precipitação: Temperatura media:

Figura 5: Gráfico de Variação Anual de Temperatura, Clima e Umidade.

 Vegetação

A bacia do Rio Suaçuí Grande está localizada predominantemente no bioma da Mata


Atlântica que possui 373.777,99 km2 de extensão de floresta, incluindo as áreas plantadas e
naturais. Atualmente, o bioma ocupa 1.106.560 km2 da extensão territorial brasileira.

Devido às atividades antrópicas, a maior parte da área total é hoje ocupada pela pecuária.
Sendo assim, houve uma redução da cobertura do solo que foi transformada em pastagem
(LIMA e CRUZ, 2010). Na Figura 6, pode-se observar de forma gradativa a redução da
cobertura ao longo dos anos por culpa da degradação do solo e do desmatamento da Mata
Atlântica.

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Figura 6: Mapa de Ocupação dos Solos na Bacia do Rio Suaçuí Grande (Fonte: AUTORES, 2021)

Os números representados na legenda da tabela referem-se ao uso e ocupação das áreas


originalmente florestais da região, onde o número 0 representa a área agrícola, o 3 a área
artificial, o 4 a área descoberta, 9 o corpo d’água continental, 12 o mosaico de agropecuária
com remanescentes florestais, 15 o mosaico de vegetação campestre com áreas agrícolas, 21 o
mosaico de vegetação florestal com áreas agrícolas, 24 pastagem natural, 25 pastagem plantada,
29 silvicultura, 33 vegetação campestre, 39 vegetação campestre alagada, 41 vegetação
florestal.

 Unidades de Conservação

As áreas de Conservação englobam quase todo o percurso do rio, como podemos


observar na Figura 7 podendo ser elas de conservação da biodiversidade ou unidades de
conservação municipais e federais. As unidades federais mantem sua área sob proteção
integral, enquanto as unidades municipais presam pelo uso sustentável dos recursos.

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Figura 7: Mapa das Unidades de Conservação e Áreas Prioritárias para Conservação (FONTE: AUTORES)

 Disponibilidade e Demanda Hídrica

Como mostra a Figura 8, diversos são os usos outorgados dos recursos hídricos nesta
região, dentre elas temos como maioria os recursos humanos, extração mineral e agricultura.
Com isso, são utilizadas variadas formas de captação e uso da água como cisternas, uso de
nascentes, poços tubulares para águas subterrâneas, captações em barramentos em curso
d’água, entre outras.

Existem cinco estações fluviométricas ativas na área da bacia, sendo elas as localizadas
nas cidades de Coluna e Virgolândia em responsabilidade do Instituto Mineiro de Gestão
de Águas (IGAM), e as estações das cidades de Itamarandiba, São Pedro do Suaçuí e José
Raydan em responsabilidade da Agência Nacional de Águas (ANA).

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Figura 8: Mapa das Outorgas de Uso dos Recursos Hídricos (FONTE: AUTORES, 2021).

As condições de saneamento na bacia do rio Suaçuí Grande não são muito boas, pois o
esgoto se apresenta lançado in natura nos corpos d’agua, interferindo na qualidade da água.
A Figura 9, aponta as porcentagens em que houve ultrapassagem dos limites estabelecidos
para a classe 2 na Unidades de Planejamento e Gestão dos Recursos Hídricos-UPGRH.

17
Figura 9: Porcentagem de resultados que não atenderam ao padrão da classe 2 na estação de
monitoramento RD040, situada no rio Corrente Grande.

A contaminação microbiológica mostrou-se significativa com coliformes


termotolerantes acima do padrão da legislação, assim como a ocorrência de teores não
conformes de fósforo total, indicando condições sanitárias inadequadas. Sendo assim, as
porcentagens elevadas constatadas para manganês total, ferro dissolvido e alumínio
dissolvido, constituintes essenciais dos solos da região, assim como para cor verdadeira,
turbidez e sólidos em suspensão totais podem ser vinculadas a fenômenos de erosão devido
ao elevado nível de degradação dos solos da região, com 74% da sua área antropizada, e ao
manejo inadequado dos solos na pecuária. (UPGRH, 2010)

Os registros dos metais pesados chumbo total e cobre dissolvido estiveram em


desacordo com os limites estabelecidos para classe 2, provavelmente relacionados aos
despejos industriais. Outras ocorrências de componentes tóxicos mostraram-se isoladas,

18
sendo elas: zinco total, no rio Doce a jusante de Governador Valadares e no rio Corrente
Grande, onde também foi detectado cádmio total e mercúrio total no rio Suaçuí Grande.
(UPGRH, 2010)

Quanto ao índice de qualidade de água, a bacia manteve sua classificação entre boa e
média entre os anos de 2008 e 2019, sendo média a qualidade da água no trecho pertencente
à cidade de Coluna, enquanto a região da cidade de Santa Maria do Suaçuí prevaleceu a
classificação como boa.

 Área de Proteção Permanente

A bacia do rio Suaçuí Grande desenvolve-se predominantemente sobre o bioma da Mata


Atlântica, sendo que se destaca o ecossistema da Floresta Estacional Semi-Decidual. No
entanto, devido aos efeitos antrópicos, a maior parte da área é hoje ocupada pela pecuária.
(LIMA, 2018). Pode-se observar que a região da bacia passa por um processo antrópico e com
a urbanização, o aumento da demanda, o despejo de resíduos domésticos, rejeitos industriais e
o desmatamento são exemplos de atividades que geram esta situação que compromete os corpos
d’água e pontos de captação.

O uso da terra nas APPs fluviais da bacia do Rio Doce, o qual o rio grande Suaçuí está
localizado, notou-se que sua maior porção não cumpre a atual legislação ambiental vigente.
Ressalta-se aqui que a proteção ao entorno das nascentes, com raio de 50 m conforme o Código
Florestal, está aquém de cumprir sua função de proteção às áreas hidrologicamente críticas, ou
seja, aquelas que possuem o maior acúmulo de água e que deveriam ser o foco da manutenção
da saúde hidrológica da bacia. (PIMENTA e SARTI, 2016).

A vegetação permite uma maior capacidade de infiltração e retenção dos fluxos


hidrológicos em relação às áreas desmatadas, garantindo a recarga dos aquíferos e a maior
permanência da água no solo. Além disso, ela funciona como fixadora e diminui a erosão e o
transporte de sedimentos que podem vir a assorear os canais. Sendo assim, a sua preservação
em áreas estratégicas de uma bacia hidrográfica pode amenizar impactos negativos causados
por intervenções humanas. Com isso muitas das Áreas de Preservação Permanentes (APPs),
que segundo a lei deveriam estar com sua vegetação preservada, encontram-se desmatadas,

19
expondo as bacias hidrográficas a problemas hidrológicos ao longo te toda bacia rio grande
Suaçuí. (PIMENTA e SARTI, 2016).

A bacia rio Suaçuí Grande, com canais classificados de 1ª a 5ª ordem (Figura 10), possui poucos
pontos de preservação.

Área de Preservação Permanente

Figura 10: Mapa de áreas de preservação permanente da Bacia do Rio Suaçuí Grande.

 Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDIV)

As referências utilizadas para a obtenção dos seguintes resultados foram a partir das
imagens de satélite entre as datas 01/01/2015 e 01/01/2021, na região da cidade de José
Raydan que fica dentro da bacia do Rio Suaçuí Grande.

O Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI) permite identificar e


classificar a vegetação verde da região e sua distribuição espacial, onde os valores mais
20
altos (próximos de 1) representam um vigor vegetativo muito bom, enquanto os valores
menores começam a decair na classificação gradativamente. Esse índice é calculado a partir
da seguinte fórmula:

𝑁𝐼𝑅−𝑅𝐸𝐷
𝑁𝐷𝑉𝐼 = 𝑁𝐼𝑅+𝑅𝐸𝐷

Onde NIR é a matriz do infravermelho próximo e RED é o vermelho.

Figura 11: Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDIV)

A Figura 11 mostra que a vegetação está um pouco comprometida na região escolhida, pois
possuem poucos pontos de alto índice e muitos pontos degradados.

21
 Fragilidade Ambiental

A Figura 12, apresenta as maiores suscetibilidades encontram-se nas porções alta e média
da sub-bacia do rio Suaçuí Grande, nas demais porções da sub-bacia observa-se a classe
baixa/elevada e moderada de suscetibilidade à erosão.

Figura 12: Mapa de fragilidade Ambiental do Rio Suaçui Grande

22
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A sub-bacia do Rio Suaçuí Grande é uma das maiores localizadas dentro da Bacia do
Rio Doce, tornando-se importante por sua magnitude e extensão, além de ter uma grande
influência no abastecimento da região onde passa. Mesmo apresentando problemas com
enchentes em épocas de cheia, a região da bacia é repleta de paisagens e cachoeiras incríveis
por estar, em sua maioria, localizada dentro de unidades de conservação pertencentes à Mata
Atlântica.

Os dados apresentados neste trabalho foram obtidos através do geoprocessamento de


informações disponibilizadas pelos órgãos públicos com a intenção de apresentar de forma
didática e dinâmica os problemas, dados e curiosidades sobre a região da Bacia do Rio Suaçuí
Grande.

23
6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

IBGE. Acesso em Março de 2021, disponível em https://www.ibge.gov.br/apps/pibmunic/

IBGE Cidades. (2017). Acesso em Março de 2021, disponível em


https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/panorama

IDE SISEMA. Acesso em Março de 2021, disponível em


http://idesisema.meioambiente.mg.gov.br/

MapBiomas. (s.d.). Acesso em Março de 2021, disponível em https://mapbiomas.org/download

SNIS . Acesso em Março de 2021, disponível em Serie Histórica:


http://app4.mdr.gov.br/serieHistorica/#

TOPODATA. (s.d.). Acesso em Março de 2021, disponível em Banco de Dados


Geomorfométricos do Brasil: http://www.dsr.inpe.br/topodata/

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https://www.worldclim.org/data/worldclim21.html

HEILBRON, Monica et al. The Ribeira Belt. In: São Francisco Craton, Eastern Brazil.
Springer, Cham, 2017. p. 277-302.

LIMA, W. P.; ZAKIA, M. J. B. Hidrologia de Matas Ciliares. In: Matas ciliares:


conservação e recuperação. 2a Edição ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo,
2000. p. 33–43.

TEODORO, V. L. I. et al. O Conceito de Bacia Hidrográfica e a Importância da


Caracterização Morfométrica para o Entendimento da Dinâmica Ambiental Local.
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