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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI

CCT - CENTRO DE CIÊNCIAS ETECNOLOGIA

ENGENHARIA CIVIL

HIDROLOGIA

DOCENTE: PAULO ROBERTO LACERDA TAVARES

DISCENTE: FRANCISCO NICOLAU PINHEIRO JUNIOR

CARACTERIZAÇÃO MORFOMÉTRICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIACHO


DOS PORCOS EM MILAGRES - CE

JUAZEIRO DO NORTE - CE

2023
1. INTRODUÇÃO

O estudo hidrológico é uma investigação científica e técnica que se concentra na


análise do ciclo da água em uma determinada região, geralmente em uma bacia hidrográfica.
Ele envolve a coleta, análise e interpretação de dados relacionados ao comportamento da água,
como precipitação, evaporação, escoamento superficial, infiltração, armazenamento em
reservatórios, fluxo subterrâneo e outros processos hidrológicos (COLLISCHONN e
DORNELLES, 2013). A caracterização hidrográfica de uma bacia hidrológica envolve a análise
e descrição das características relacionadas à água em uma determinada área geográfica que
drena para um rio principal ou sistema fluvial. Essa caracterização é fundamental para entender
a disponibilidade de recursos hídricos, a gestão sustentável da água e a prevenção de
inundações.
Delimitação da bacia Hidrológica: o primeiro passo é identificar os limites da bacia
hidrológica, ou seja, a área de terra da qual a água flui para um ponto de saída, geralmente um
rio ou córrego principal. Isso pode ser feito usando mapas topográficos e sistemas de
informações geográficas (SIG).
Rede de drenagem: uma vez que a bacia está delimitada, é importante mapear a rede de
drenagem dentro da bacia, identificando rios, córregos, ribeirões e suas respectivas
interconexões. Isso envolve a análise de elevações, inclinações do terreno e a criação de um
modelo digital de elevação (MDE).
Hidrologia do rio principal: É importante estudar o rio ou córrego principal que drena a
bacia. Isso inclui a medição de vazões, análise de dados históricos de enchentes e a criação de
curvas de vazão.
Os métodos utilizados nos estudos hidrológicos incluem a coleta de dados de campo, o
uso de modelos matemáticos para simulação de processos hidrológicos e a análise estatística
dos dados coletados ao longo do tempo. A pesquisa hidrológica desempenha um papel
fundamental na gestão sustentável dos recursos hídricos e na mitigação dos impactos das
mudanças climáticas nas condições hidrológicas (COLLISCHONN e DORNELLES, 2013).
Uma bacia hidrográfica é uma área geográfica definida pela presença de um sistema de
drenagem de água, composta por uma série de elementos naturais e humanos que desempenham
papéis importantes na gestão e na qualidade dos recursos hídricos.
Elementos intrínseco bacia: divisor de águas (divide ou espigão), cursos d'água (rios, riachos,
córregos), rio principal (curso d'água principal), afluentes, nascente, exutório, foz, tipo de solo e
geologia.

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Como objetivo geral, apresenta-se o estudo h i d r o l ó g i c o e c a r a c t e r i z a ç ã o


morfométrica da bacia do riacho dos porcos, com exutório no município
de Milagres no Ceará. Determinando a intensidade de chuva para
períodos de retorno variados e também determinar os hietogramas de
projeto para períodos de retorno variados.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Os d a d o s hidrológicos f o r a m obtidos foram oriundos do site da


FUNCEME e implementados, sendo utilizado a delimitação política do IBGE e modelos
digitais do TOPODATA do INPE, obtendo os insumos necessários para discussão e
delimitação da BACIA HODROGRÁFICA DO RIACHO DOS PORCOS. Para essa
caracterização, foi utilizado postos pluviométricos com mais de 30 anos de dados coletados,
sendo eles postos da circunvizinhança da cidade de milagres, sendo que os municípios
discutidos possuem mais de 30 anos de dados hidrológico no posto coletado, são eles os
postos de Abaiara, com Longitude: -39,04769 e Latitude: -7,3620, Barro, com Longitude: -
38,77740 e Latitude: -7,18390, Brejo Santo, com Longitude: -38,98380 e Latitude: -7,48510 ,
Mauriti, com Longitude: -38,77219 e Latitude: -7,38390 e Milagres, com Longitude: -
38,95069 e Latitude: -7,31150, com dados ininterruptos desde de 1974 a 2022.
A bacia estudada abrange quatro municípios do Ceará, sendo eles, Milagres, Brejo
Santo, Abaiara e Mauriti. A maior parte dela está na própria cidade de Milagres e outra em
Mauriti, com área menor em Abaiara e Brejo Santo em relação às outras duas. E também a
mesma é uma sub-bacia do Salgado segundo dados da COGERH e IPECE.
A cidade de Milagres está a 361 metros de altitude, tem as seguintes coordenadas
geográficas: Latitude: 7° 18' 10'' Sul, Longitude: 38° 56' 45'' Oeste. Situado no sistema de
coordenas SIRGAS 2000 e projeção UTM 24 sul, a bacia em questão, está no bioma
Caatinga, devido a região que está inserido no Sertão do Cariri, tendo esse bioma como o
predominante.
Figura 1: Localização da área de estudo no mapa do Ceará.

Fonte: IBGE (2022).

Figura 2: Localização da área de estudo e postos pluviométricos.

Fonte: IBGE (2022), FUNCEME (2023).

O sistema SIG utilizado para manipulação e compatibilização dos dados foi o QGIS, a
modelagem hidrológica foi realizada no Excel, os entendimentos da distribuição das
precipitações são fundamentais para os estudos hidrológicos. Para o cálculo das precipitações
médias das superfícies são necessários postos dentro da área estudada ou próximos. Tomando
o método da média aritmética para a precipitação dos postos das cidades marcadas na figura
2, e observando que os postos não estão distribuídos de forma uniforme, aplica-se o método
dos polígonos de Thiessen, atribuindo fator de peso, ao aplicar esse método foi no próprio
QGIS, notou-se que apenas três postos possuem grande influência na bacia, sendo o de
Milagres, Mauriti e Brejo Santo.
A modelagem estatística foi feita utilizando essas fórmulas:
Média aritmética:
∑𝑁
𝑖=1 𝑥𝑖
𝑥=
𝑁
Método de Thiessen:
1
𝑃𝑚𝑒𝑑 = ∑𝐴 ∗ 𝑃
𝐴

Com o modelo de elevação - MDE, foi feito o pré-processamento dos dados usando o
preenchimento “fill”, no qual consiste, no preenchimento de falhas, gerando um novo MDE.
Onde esse, foi recortado a fim de traçar a delimitação na bacia, gerado pelo plugin SAGA.
Figura 3: Delimitação da Sub-Bacia Riacho dos Porcos.

Fonte: Autor (2023).

No próprio QGIS é possível fazer o método dos polígonos de Thiessen com o Plugin Voronoi do GRASS.
Dessa forma, obtendo a figura 4 e 5.
Figura 4: método de Thiessen nos postos.

Fonte: Autor (2023).

Figura 5: método de Thiessen aplicado na bacia.

Fonte: Autor (2023).

Para cálculo do tempo de concentração da bacia - Tc, foi utilizada a equação de


“Califórnia Culverts Practice” (1942), na qual, é uma adaptação da equação de Kirpich
(1940). Sendo,
Tc = 57 * (L^1,1155) * H^-0,385, onde, Tc - tempo de concentração em minutos; L -
Comprimento do talvegue em km; H – desnível entre duas seções de análise em metros.
Foi utilizado essa equação devido a dificuldade de traçar o curso principal e tirar seu
comprimento.
Para cálculo da intensidade foi o utilizado a IDF calculada pelo método de
desagregação por isozonas implementa em um programa computacional do Ceará (Batista).
Aplicando na mesma os períodos de retorno de 5, 10, 20, 50 e 100 anos.
Figura 6: IDF da cidade de Milagres.

Fonte: Batista (2018).

Onde: i – intensidade de chuva (mm/mim); Tr – tempo de retorno (anos); t – duração do evento


(mim).
Está equação IDF foi utilizada devido o município de Milagres ter maior influência na área
estudada.
A modelagem hidrológica foi realizada no Excel, usando os dados e informações
disponíveis para desenvolver modelos matemáticos que descrevam o comportamento dos
sistemas hidrológicos. Esses modelos são usados para prever futuros eventos hidrológicos,
como inundações, e para avaliar o impacto de mudanças no uso da terra ou no clima.
A caracterização morfométrica foram utilizadas a seguintes equações:
Fórmula para o coeficiente de compacidade(Kc):
Kc = 0,28 * P / (A^0,5)
P- perímetro em km e A – área da bacia em km².
Fórmula para o índice de conformação (Fc):
Kf = A / L^2
A- área em km² e L- comprimento do curso d´água mais distante em km².
Índice de circularidade (Ic):
Ic = 12,53 (A / P²)

4. RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS

A precipitação média dos postos de Milagres, Mauriti e Brejo Santo, foi de 931,57
mm, 780,27mm e 937,11 respectivamente, usando dados coletados desde 1974 até 2022,
durante doze meses do ano. A área da bacia é de 557,8 km², sendo 241,2 km², na área de
influência do posto Milagres, 230,5 km² na área de influência do posto em Mauriti e 86,1 km²
na área de influência do posto de Brejo Santo, contando com 153,037 km de perímetro. Pelo
método de Thiessen, foi obtido 869,90 mm de precipitação.
Os valores de precipitação encontrados não foram tão discrepantes entre si, mas
mesmo assim, deve-se sempre usar o método mais coerente com a área estudada, a fim de
obter a medida mais precisa.

Tabela 1: Dados dos postos pluviométricos.

ÁREA PRECIPITAÇÃO ÁREA x MÉDIA POR MÉDIA


POSTO (km²) MÉDIA (mm/ano) PRECIPITAÇÃO THIESSEN ARITMÉTICA

MILAGRES 241,2 931,5792 224696,903 869,9080471 882,9875

MAURITI 230,5 780,2708 179852,4194

BREJO
SANTO 86,1 937,1125 80685,38625

SOMA 557,8 485234,7087


Fonte: Autor (2023).

Foi calculado o tempo de contribuição por diferentes métodos e o que melhor


representou a bacia estuda foi o de Califórnia, que é uma variação do Método de Kirpich. O
comprimento do talvegue medido foi de 19,20046 km, aplicado na fórmula obteve os resultados
a seguir:
Tabela 2: Tempo de contribuição por diferentes fórmulas.

Fórmula Tempo de contribuição (mim)


KIRPICH 733,9259282
CALIFORNIA 328,2473329
DOOGE 1,142516553
Fonte: Autor (2023).

Sendo que, o comprimento do rio principal encontrado foi de aproximadamente


38,5361 km. Mas devido a dificuldade em traçar seu curso com exatidão, mesmo usando
ferramentas de preenchimento e devido as falhas encontradas durante a modelagem, foi
preferível adotar outra forma para cálculo do tempo de concentração, sendo ela a de
Califórnia como já mencionado.
Aplicando a equação demonstrada na figura 6, foi obtido os seguintes resultados:
Tabela 3: Intensidade de chuva para períodos de retorno diferentes pela IDF de Milagres.

IDF MILAGRES
Tempo de retorno anos 5 10 20 50 100
mm/mim 0,295186 0,330323 0,36186 0,403715 0,43708
Intensidade da chuva
mm/H 17,71118 19,81939 21,71159 24,22293 26,22479
Fonte: Autor (2023).

Ao observar os dados coletados é possível fazer uma análise minuciosa, comparando,


evidenciando as intensidades para períodos de retornos diferentes. Dessa forma, obtendo os
gráficos abaixos.
Gráfico 01: Intensidade da chuva em mm/H aplicada na IDF de Milagres para períodos de retorno diferentes.

30

25

20

15

10

0
5 10 20 50 100

Fonte: Autor (2023).

Gráfico 02: Hietograma para IDF de Milagres, mm/mim para período de retorno de 5 anos.

Hietograma para período de retorno de 5 anos


60,0000

50,0000
Precipitação (mm)

40,0000

30,0000

20,0000

10,0000

0,0000
33 66 99 132 165 198 231 264 297 330
Tempo (mim)

Fonte: Autor (2023).


Gráfico 03: Hietograma para IDF de Milagres, mm/mim para período de retorno de 10 anos.

Hietograma para período de retorno de 10 anos


120,0000

100,0000
Precipitação (mm)

80,0000

60,0000

40,0000

20,0000

0,0000
33 66 99 132 165 198 231 264 297 330
Tempo (mim)

Fonte: Autor (2023).

Gráfico 04: Hietograma para IDF de Milagres, mm/mim para período de retorno de 20 anos.

Hietograma para período de retorno de 20 anos


70,0000

60,0000
Precipitação (mm)

50,0000

40,0000

30,0000

20,0000

10,0000

0,0000
33 66 99 132 165 198 231 264 297 330
Tempo (mim)

Fonte: Autor (2023).


Gráfico 05: Hietograma para IDF de Milagres, mm/mim para período de retorno de 50 anos.

Hietograma para período de retorno de 50 anos


70,0000

60,0000
Precipitação (mm)

50,0000

40,0000

30,0000

20,0000

10,0000

0,0000
33 66 99 132 165 198 231 264 297 330
Tempo (mim)

Fonte: Autor (2023).

Gráfico 06: Hietograma para IDF de Milagres, mm/mim para período de retorno de 100 anos.

Hietograma para período de retorno de 100 anos


80,0000
70,0000
Precipitação (mm)

60,0000
50,0000
40,0000
30,0000
20,0000
10,0000
0,0000
33 66 99 132 165 198 231 264 297 330
Tempo (mim)

Fonte: Autor (2023).

A precipitação para os períodos de retorno se mantém de forma similar, uma vez que, a
maiores precipitações acumuladas estão no intervalo de metade do tempo de concentração da
bacia para cima.
Os coeficientes morfométricos encontrados para a bacia foram: Kc de 1,81 e Fc de
14,47. Para um Kc igual a 1 corresponderia a uma bacia circular, com isso, quanto maior o Kc,
mais difícil é a bacia viver episódios de enchente. Já o Fc, diz que a bacia possui vasto
comprimento em largura em comparação com o comprimento e mais próximo do valor 1, é
mais propício que eventos de chuva caiam por toda a área da bacia.
Além disso, o Ic encontrado foi de 0,2984, aproximadamente 0,3, o que sinaliza também
que a bacia possui um formato mais alongado do que circular. Este fator, reflete teoricamente, a
baixa probabilidade de episódio de enchentes súbitas na área estudada.
Já a altitude da nascente mais distante foi de 600 m e o exutório está na cota 325 m
acima do nível do mar.
Assim, devido as dificuldades em traçar a hidrográfica e cursos d´água predominantes
na região, torna-se inviável determinar outros dados morfométricos com exatidão além dos já
dissertados.
Devido esse trabalho, foi possível notar a importância de obtenção desses dados para
a instalação das mais variadas infraestruturas, desse modo, enriquecendo a formação
acadêmica.
5. REFERÊNCIAS

COLLISCHONN, W.; DORNELLES, F. Hidrologia para engenharia e ciências


ambientais. Porto Alegre: Associação Brasileira de Recursos. Hídricos (ABRH),
2013.
<http://www.hidro.ce.gov.br/hidro-ce-zend/app/pagina/show/186>. Acesso em:
26 de set. 2023.
LIMA, T.; BASTISTA. Geração de equações IDF dos municípios cearenses
pelo método de desagragação por isozonas implementado em um programa
computacional.
SCHULER, A. E.; SALIS, H. H. C.; COSTA, A. M.; VIANA, J. H. M.
Caracterização morfométrica da bacia hidrográfica do córrego do
marinheiro, Sete Lagos, MG, Bol. geogr., Maringá, v. 37, n. 2, p. 186-201, 2019.
Disponível em:
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/217854/1/Caracterizacao-
morfometrica.pdf.
Acesso em: 10 out. 2023

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