DESEMPENHO DE EQUAÇÕES PARA TEMPO DE CONCENTRAÇÃO EM
DIFERENTES BACIAS DO RIO GRANDE DO SUL
Beatriz da Rosa Cargnin 1, Clódis de Oliveira Andrades Filho 2, Guilherme Garcia de Oliveira 3
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Programa de Pós-Graduação em Sensoriamento Remoto
1
(PPGSR) e Grupo de Pesquisa LATITUDE (UFRGS/CNPq), darosabeatriz6@gmail.com; 2UFRGS, PPGSR, Grupo de
Pesquisa LATITUDE (UFRGS/CNPq), clodis.filho@ufrgs.br; 3UFRGS, PPGSR, g.g.oliveira10@gmail.com
RESUMO
Um dos parâmetros hidrológicos fundamentais para análises
de bacias hidrológicas é o tempo de concentração (tc), ou
seja, tempo de resposta de bacias a eventos de precipitações.
O estudo tem por objetivo avaliar o desempenho de dez dife-
rentes tipos de equações para o cálculo de tempo de concen-
tração, utilizando dados das estações fluviométricas das ba-
cias dos Rios Caí, Maquiné, Icamaquã, Camaquã, Santa Ma-
ria e Taquari, no Rio Grande do Sul, com base em cinco even-
tos de chuva para cada, os quais foram obtidos no período de
2019 a 2022, disponibilizados pela Agência Nacional de
Águas (ANA). Com o estudo foi possível concluir que as
equações de Kirpich, Ventura, e Giandotti foram as que obti-
veram melhor desempenho perante as seis bacias analisadas,
sendo a Giandotti a que obteve de modo geral o menor erro
médio.
Palavras-chave — Kirpich, precipitação, vazão, hidro-
logia, estatística.
ABSTRACT
One of the fundamental hydrological parameters for analysis
of hydrological basins is the time of concentration (tc), that
is, the response time of basins to precipitation events. The
study aims to evaluate the performance of ten different types
of equations for the calculation of concentration time, using
data from fluviometric stations of the Caí, Maquiné, Icama-
quã, Camaquã, Santa Maria and Taquari river basins, in Rio
Grande do Sul, based on five rain events for each, which were
obtained in the period from 2019 to 2022, made available by
the National Water Agency (ANA). With the study, it was pos-
sible to conclude that the equations of Kirpich, Ventura, and
Giandotti were the ones that obtained the best performance
in the six basins analyzed, with Giandotti being the one that
generally obtained the lowest average error.
Key words — Kirpich, precipitation, flow, hydrology,
statistics.
https://proceedings.science/p/164803?lang=pt-br
1. INTRODUÇÃO
Um dos parâmetros hidrológicos fundamentais para análises
de bacias hidrológicas é o tempo de concentração (tc), ou
seja, tempo de resposta de bacias a eventos de precipitações.
Segundo Silveira [1] “o tempo de concentração é o tempo de
equilíbrio quando se estabelece o regime permanente entre
uma chuva efetiva de intensidade constante e o escoamento
superficial direto dela decorrente”. Um exemplo de aplicação
do tempo de concentração elaboração de sistemas de alertas
de inundações.
O Tc já foi estudado com diferentes finalidades como
Silveira, et al. [2] analisaram o tempo de concentração e a
área de contribuição obtidos através de dois modelos digitais
de elevação (MDE) distintos. Já Lima e Paz [3] avaliaram
como diferentes níveis de discretização da rede de drenagem
e a caracterização das seções transversais dos cursos d’água
influenciam o cálculo do Tc pelo método NRCS aplicado de
forma automatizada via geoprocessamento na bacia do rio
Cuiá – PB. Silva e Araújo [4] estudaram o comportamento da
água da chuva que escoa superficialmente em áreas urbanas
e tomando a bacia hidrográfica, buscando uma forma
automatizada, por meio do uso de ferramentas de
geoprocessamento, para calcular o tempo de translação da
água da chuva em ambientes urbanos a partir de dados
geográficos e geomorfológicos. Esteves e Mendiondo [5]
analisaram o contraste das fórmulas empíricas para cálculo de
tempo de concentração em comparação com dados reais
obtidos do monitoramento de uma bacia urbana.
Semelhantemente, Almeida, et al [6], avaliaram o
desempenho de dez equações empíricas amplamente
utilizadas em estudos hidrológicos e comparou os valores do
tempo de concentração estimados por elas aos obtido da
análise de hidrograma resultante do monitoramento
hidrológico da sub-bacia hidrográfica do Córrego Guariroba,
Campo Grande, MS.
Com base nestes estudos o presente artigo tem por
objetivo avaliar o desempenho de dez diferentes tipos de
equações para o cálculo de tempo de concentração, utilizando
dados das estações fluviométricas das bacias dos Rios Caí,
Maquiné, Icamaquã, Camaquã, Santa Maria e Taquari, no Rio
Grande do Sul, com base em cinco eventos de chuva para
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 cada, os quais foram obtidos no período de 2019 a 2022, se aplica a nenhuma das áreas destas bacias estudadas, mas
disponibilizados pela Agência Nacional de Águas (ANA). foi testada do mesmo modo.

2. MATERIAL E MÉTODOS Nome Equação Área

aplicável
O estudo foi realizado em seis diferentes bacias do Rio (Km²)
Grande do Sul, no Brasil. Para isso, as bacias foram extraídas Carter 𝑡𝑐 = 0,0977𝐿0,6 ∗ 𝑆 −0,3 <21
utilizando o modelo digital de elevação (MDE) Copérnicus
DEM, através do software ArcGis Pro, sendo a bacia do Rio Corps of 𝑡𝑐 = 0,191𝐿0,76 ∗ 𝑆 −0,19 < 12.000
Caí com área de 2.020,72 km², Rio Maquiné com 422,89 Engineers
Km², Rio Icamaquã com 1.346,51 km², Rio Camaquã com Dooge 𝑡𝑐 = 0,365𝐴0,41 ∗ 𝑆 −017 145,04 -
15.577 km², Rio Santa Maria com 12.115 km² e Rio Taquari 947, 94
com 15.973 km, a localização das bacias podem ser Giandotti 𝑡𝑐 = 0,0559(4,0𝐴0,5 + 1,5𝐿) -
observada no mapa abaixo (Figura 1).
∗ 𝐿−0,5 ∗ 𝑆 −0,5
Johnstone 𝑡𝑐 = 0,462𝐿0,5 ∗ 𝑆 −0,25 64,75 -
4206,14
Kirpich 𝑡𝑐 = 0,0663𝐿0,77 ∗ 𝑆 −0,385 < 12.000
Pasini 𝑡𝑐 = 0,107𝐴0,333 ∗ 𝐿0,333 ∗ 𝑆 −0,5 -
Picking 𝑡𝑐 = 0,0883𝐿0,667 ∗ 𝑆 −0,333 -
Ven te 𝑡𝑐 = 0,160𝐿0,64 ∗ 𝑆 −0,32 < 12.000
Chow
Ventura 𝑡𝑐 = 0,127𝐴0,5 ∗ 𝑆 −0,5 -
Tabela 1. Equações de tempo de concentração (tc) testadas,
adaptado de [1].

A Agência Nacional de Águas (ANA), disponibiliza

dados de estações de pluviométricas e fluviométricas as quais
são monitoras por ela. Utilizando as estações (Tabela 2),
foram obtidos dados de chuva, vazão e cota, os quais são
coletados de 15 em 15 min.
Figura 1. Localização das bacias estudadas.
Estação Nome Rio
Para o cálculo do tempo de concentração de uma bacia, 87317030 Maquiné Maquiné
é necessário obter algumas informações sobre os índices 86510000 Muçum Taquari
morfométricos da bacia estudada, como o comprimento do
rio principal é chamado de “L”, também pode ser entendido 87160000 Nova Palmira Caí
como comprimento do curso d’água principal, este dado deve 87905000 Passo do Mendonça Camaquã
estar na notação cientifica km, a declividade média é 75650010 Prop. Rural Itacurubi (CPRM) Icamaquã
identificada por “S”, sendo ela em m/m, obtida através da
razão entre o desnível altimétrico (H) e o comprimento do rio 76310000 Rosário do Sul Santa Maria
principal, e por fim, é utilizada a área da bacia chamada de Tabela 2. Estações fluviométricas utilizadas.
“A”, sendo este dado em km².
Estes dados podem ser extraídos através de técnicas de Com estes dados foram selecionados cinco eventos de
geoprocessamento, e no caso deste artigo, foram extraídas chuvas para cada uma das bacias, sendo eles obtidos entre
através do software ArcGis Pro. De posse destas informações, 2019 a 2022, e com isso foram elaborados gráficos no
com o auxílio do software Excel, o tempo de concentração foi software Excel e traçadas linhas, visando observar o tempo
calculado através das fórmulas apresentadas (Tabela 1), as de concentração em cada evento, um exemplo desde grafico
quais foram utilizadas para realizar a avaliação, sendo elas pode ser observado na figura abaixo, o qual foi um dos
adaptadas para fornecer o tc em horas. eventos utilizados para a bacia do Rio Maquiné (Figura 2).
Conforme descrito por Silveira [1], as equações Kirpich,
Ven te Chow, Dooge, Johnstone e Corps of Engineers, Gian-
dotti, Pasini,Ventura Picking, foram elaboradas para bacias
rurais. Já a equação Carter é para bacia urbana, porém ela não

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 4. DISCUSSÃO

Analisando os resultados de tc obtidos através dos gráficos,

bem como os tc calculados, possível inferir que as equações
que obtiveram um resultado mais próximo do esperado foram
para bacia do Rio Maquiné(1) foi a de Ventura, para bacia do
Rio Taquari (2) foi a de Kirpich, para a bacia do Rio Caí (3)
foi a de Giandotti, para a bacia do Rio Camaquã (4) foi a de
Kirpich, para a bacia do Rio Icamaquã (5) foi a de Giandotti
e para a Bacia do Rio Santa Maria (6) foi a de Ventura. O erro
das equações referente a média geral de pode ser observado
na tabela abaixo (Tabela 4).
Figura 2. Exemplo de gráfico para encontrar o tempo de con-
centração de um evento de chuva.
Bacia 1 2 3 4 5 6
3. RESULTADOS Kirpich 64% 6% 15% 40% 41% 76%
Dooge 43% 18% 16% 59% 49% 79%
Fazendo o uso do software ArcGis Pro, foram encontrados os
índices morfométricos para a bacia do Rio Maquiné, sendo Ven te
58% 20% 21% 57% 47% 81%
comprimento do rio principal de 43,99 km, o desnível Chow
altimétrico de 0,974 km, e a declividade média calculada Corps of
52% 8% 11% 55% 47% 82%
0,022145 m/m. Para a bacia do Rio Taquari, foi encontrado Engineers
que o comprimento do rio é principal de 434,50 km, o Johnstone 45% 35% 19% 66% 46% 85%
desnível altimétrico de 1,235 km, e a declividade média Ventura 21% 370% 195% 196% 127% 47%
calculada 0,002842 m/m.
Na bacia do Rio Caí, os índices morfométricos Pasini 31% 494% 258% 268% 168% 65%
encontrados foi para o comprimento do rio principal de Carter 80% 66% 64% 82% 76% 92%
135,50 km, o desnível altimétrico de 0,983 km, e a Picking 73% 44% 47% 70% 64% 87%
declividade média calculada 0,007260 m/m. Já para a bacia
do Rio Camaquã, foi encontrado que o comprimento do rio Giandotti 42% 9% 5% 42% 19% 70%
principal é de 405,97 km, o desnível altimétrico de 0,584 km, Tabela 4. Erro médio nas bacias.
e a declividade média calculada 0 0,001438 m/m.
Para a bacia do Rio Icamaquã, foi encontrado que o De modo geral, considerando todas as bacias analisadas,
comprimento do rio principal é de 101,43 km, o desnível a equação que obteve o menor erro foi a equação de
altimétrico de 0,326 km, e a declividade média calculada 0 Giandotti, a qual teve por erro médio aproximadamente 31%.
0,003222 m/m. E para a bacia do Rio Santa Maria, foi Por outro lado, a equação que obtevo o maior erro médio foi
encontrado que o comprimento do rio principal é de 265,74 a Pasini, que teve aproximadamente 214% de erro.
km, o desnível altimétrico de 0,389 km, e a declividade média
calculada 0 0,001463 m/m. 5. CONCLUSÕES
Na tabela abaixo (Tabela 3) encontra-se os tempos de
concentração mínimo, médio e máximo, obtidos através dos Vale ressaltar que todas as bacias estudadas nesta pesquisa,
eventos de chuvas das estaçãos citadas (Tabela 1) para as são bacias consideradas predominantemente rurais, porém a
bacias estudadas. equação de Carter, a qual foi feita para bacias urbanas, ficou
com um erro médio considerando todas as bacias de
aproximadamente 77%. A equação de Kirpich possui uma
Tempo de concentração (h)
Bacia área aplicavel de 12.000 km², porém as bacias que obtiveram
Minímo Médio Máximo melhor resultado com ela foras bacias com área maior que
Maquiné 12,75 14,55 17,00 15.000 km² (Taquari e Camaquã).
A equação Ventura não possui uma área de
Taquari 53,00 64,10 78,25 aplicabilidade definida, e as bacias que obtiveram melhor
Caí 15,00 22,70 32,00 desempenho com ela possuem areas bem distintas, a bacia do
Camaquã 104,25 140,95 210,00 Rio Maquiné tem uma área de 422,89 km² e a bacia do Rio
Santa Maria possui uma área de 12.115 km².
Icamaquã 19,50 36,10 43,50 Já a bacias que tiverm um melhor desenpenho com a
Santa Maria 167,50 211,25 248,50 equação Giandotti, considerando as bacias estudadas,
Tabela 3. Tempo de concentração encontrado através dos even- possuem áreas semelhantes, a bacia do Rio Caí tem uma área
tos de chuva.

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 de 2020,72 km² e a bacia do Rio Icamaquã possui uma área
média de 1346,51 km².
Deste modo, uma perceprtiva futura seria calcular o tempo
de concentração para várias bacias do estado do Rio Grande
do Sul, e com isso elaborar uma equação para o tc no estado,
utilizando o sofware MatLab ou outro de preferencia do
leitor.
8. REFERÊNCIAS
[1] A. L. L. Silveira. Desempenho de Fórmulas de Tempo de Con-
centração em Bacias Urbanas e Rurais. Revista Brasileira de Recur-
sos Hídricos, Porto Alegre, v. 10, n.1, p. 5-23, jan/mar. 2005.
[2] S. M. B. Silveira, A. Risso, J. M. Pelegrini, T. G. S. F. Guidolin,
and V. Mezzomo. Comparação de resultados de parâmetros
hidrológicos obtidos a partir de diferentes modelos digitais de
elevação. In: Anais do Congresso Internacional de Engenharia
Ambiental & 10ª Reunião de Estudos Ambientais, 2020, Porto
Alegre, RS, Brasil. P. 481 - 489.
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Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)
[3] M. D. Lima, and A. R. Paz. Estudo do efeito da caracterização
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geoprocessamento. Anais do VII Congresso Brasileiro de Gestão
Ambiental, 2016, Campina Grande, PB, Brasil.
[4] G. N. F. Silva, and J. V. G. Araújo. Uso do geoprocessamento
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ambientes urbanos. Anais XVI Simpósio Brasileiro de
Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18
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[5] R. L. Esteves, and E. M. Mendiondo. Análise comparativa entre
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[6] I. K. Almeida, J. A. A. Anache, V. R. Almeida, and T. A.
Sobrinho. Estimativa de tempo de concentração em bacia
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