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RESUMO --- Este trabalho foi desenvolvido na bacia hidrográfica do rio Morro Alto, no município
de Joinville, SC, para uma avaliação de custos de obras de macrodrenagem com vazões
determinadas pelo método racional e pelo método do SCS (Soil Conservation Service). O método
racional apresenta limitações de aplicação por ser inadequado para bacias hidrográficas maiores do
que 3 Km², enquanto o método do SCS é mais adequado para bacias hidrográficas maiores. Optou-
se, então, por realizar um comparativo de custos na bacia hidrográfica do Rio Morro Alto, entre as
obras hidráulicas de contenção de cheias, dimensionadas com vazões calculadas por ambos os
métodos. O dimensionamento hidráulico foi realizado para regime permanente e uniforme. Com as
seções dimensionadas foram gerados os orçamentos relativos aos pontos de estrangulamento
previamente diagnosticados. Mostra-se que o dimensionamento através das vazões calculadas pelo
método do SCS gera uma economia final em torno de um milhão e duzentos mil reais,
representando 15,51% dos custos da obra, enquanto o uso do método racional encarece os pacotes
de obras em aproximadamente 18,36%, uma diferença justificável para a utilização do método do
SCS na bacia hidrográfica do rio Morro Alto.
ABSTRACT --- The present work has the main goal of developing an economic evaluation
between two methods of calculation of outflow for the watershed of river Morro Alto, located in the
city of Joinville, SC: the rational method and the SCS method (Soil Conservation Service). The
rational method is a more spread out method for its easiness, but presents limitations when applied
to watersheds bigger than 3 Km2. The SCS method is more suitable for bigger watersheds. An
economic comparison between flood control works designed by using outflows calculated by both
SCS method and rational formula was carried out. The hydraulic design was carried through using
the Manning formula. Relative budgets to the presented points of strangulation in the diagnosis of
the methods had been generated. One reveals that the design using the outflows calculated by SCS
method generates a final economy in the order of one thousand and two hundred millions of
brazilian reais representing 15.51%, while the use of the rational method increases the cost in
approximately 18,36%, a justifiable difference for the use of the SCS method in the calculation of
the outflows for the river Morro Alto watershed.
A bacia do rio Morro Alto se localiza no município de Joinville, sendo uma bacia totalmente
urbana, conforme figura 1.
Figura 1 – Delimitação da Bacia Hidrográfica do Rio Morro Alto (Fonte: SEINFRA, 2006).
A bacia hidrográfica do Rio Morro Alto apresenta uma área de 5,24 Km²; uma extensão do
talvegue principal de 4.840 metros; cota de montante georeferenciada de 45,0 metros; e cota de
jusante georeferenciada de -0,26 metros.
Figura 2 – Zoneamento da Bacia Hidrográfica do Rio Morro Alto (Fonte: SEINFRA, 2006).
Quadro 1 - Especificação dos zoneamentos de uso e ocupação do solo (Fonte: IPPUJ, 2006)
Zoneamento da Bacia Descrição do zoneamento
ZR-1 Zona Residencial Unifamiliar em Área de Uso e Ocupação Restrita
ZR-2 Zona Residencial Unifamiliar em Área de Uso Restrito
ZR-3 Zona Residencial Multifamiliar em Área de Uso e Ocupação Restrita
ZR-4 Zona Residencial Multifamiliar em Área de Uso Restrito
ZR-5 Zona Residencial Multifamiliar Prioritária
ZR-6 Zona Residencial Multifamiliar Diversificada
ZCE Zona Central Expandida
ZCD-1 Corredor Diversificado de expansão da Área Central
ZCD-2 Corredor Diversificado de Centro de Bairros
ZCD-3 Corredor Diversificado Principal
ZCD-4 Corredor Diversificado Secundário
ZCD-5 Corredor Diversificado de Acesso Turístico
ZCD-6 Corredor Diversificado de Eixo Industrial
SE-5 Setor Especial de Áreas Verdes
SE-6 Setor Especial de Interesse Público
H EXC =
( P − 0,2 S )
2 (5)
P + 0,8S
Onde Hexc é a precipitação excedente (em mm); P é a precipitação sobre a bacia (em mm) e S
é a retenção superficial do solo (em mm). Para que haja escoamento superficial é necessário que a
relação P > 0,2S seja satisfeita.
Para facilitar a solução da equação (5), faz-se a seguinte mudança de variável:
1000 (6)
CN =
S
10 +
25.4
Onde CN é chamado de “número de curva” e varia entre 0 e 100; e S é a retenção potencial
do solo em milímetros (em mm).
O método SCS, além de levar em consideração o tipo de solo da região estudada e a sua
ocupação perante a urbanização, leva também em consideração o grau de saturação do solo, que
permitirá saber a capacidade de absorção do mesmo, havendo assim uma diminuição do escoamento
superficial (PORTO, 1995).
No método do SCS deve-se realizar uma média ponderada para a obtenção do CN,
analogamente ao método racional, onde se faz uma média ponderada para a obtenção do coeficiente
de escoamento superficial C. Para este cálculo utiliza-se a equação (7) (PORTO, 1995):
1 (7)
CN = Ai × CN i
A
Foi realizado um estudo dos pontos de estrangulamento existentes no rio Morro Alto. Para
cada ponto estrangulado, foram realizadas três alternativas de solução para o problema ali existente.
Neste trabalho são apresentadas apenas as soluções mais econômicas, cabendo ressaltar que houve
um pequeno conjunto de obras em que a solução mais viável não seria a de menor valor. As obras
de macrodrenagem propostas são: galerias em concreto armado pré-moldadas; revestimentos de
A bacia hidrográfica do Rio Morro Alto foi dividida em 12 sub-bacias. Estas sub-bacias
foram fechadas na sua delimitação nos principais dispositivos de drenagem. Os trechos entre ao
pontos de saída foram denominados de propagação. Foram calculadas as vazões para os pontos
iniciais e finais das propagações. O ponto inicial é a vazão que chega à sub-bacia, enquanto que no
ponto final, a sub-bacia passa a contribuir para a vazão do rio. A figura 5 mostra as ordens das
propagações que foram utilizadas nos cálculos de vazões. A nomenclatura segue uma numeração
crescente de montante para jusante pelo leito principal do rio. Como na bacia do rio Morro Alto há
um afluente, o mesmo continuará a seqüência da nomenclatura pelo afluente de montante a jusante.
O quadro 2 mostra os valores das vazões calculadas pelo método racional.
Propagações Vazão
Q inicial Q final
Propagação 1 14,10 m³/s 19,00 m³/s
Propagação 2 19,00 m³/s 21,92 m³/s
Propagação 3 21,92 m³/s 26,96 m³/s
Propagação 4 13,20 m³/s 23,76 m³/s
Propagação 5 50,68 m³/s 56,95 m³/s
Propagação 6 56,95 m³/s 62,83 m³/s
Propagação 7 62,83 m³/s 64,27 m³/s
Propagação 8 64,27 m³/s 63,46 m³/s
Para o cálculo da vazão de enchente pelo método do SCS foi utilizado um programa
computacional denominado HEC-HMS desenvolvido pelo Corpo de Engenheiros do Exército dos
Estados Unidos. Este programa exige como dados de entrada os valores do coeficiente CN (número
de curva), as precipitações acumuladas, as áreas impermeáveis das sub-bacias, a geometria da seção
crítica, o comprimento entre sub-bacias e propagações e o coeficiente de rugosidade do trecho.
Figura 6 – Esquema das Sub-bacias, junções e propagações no HEC-HMS (Fonte: SEINFRA, 2006)
5.3 – Comparação entre as vazões calculadas pelo método racional e pelo método do SCS
O dimensionamento hidráulico foi realizado com o auxílio de uma planilha eletrônica, cujos
dados de entrada se referem à geometria da seção de projeto, como altura, largura, talude e a
declividade do trecho. Essa planilha foi desenvolvida pela equipe técnica da unidade de drenagem.
A partir das planilhas chega-se à capacidade hidráulica de cada dispositivo de drenagem,
permitindo assim uma comparação de vazão de projeto com vazão atual. O quadro 3 e quadro 4
comparam em cada trecho de seção de verificação a capacidade hidráulica do dispositivo com a
vazão de projeto.
P
Vazão
o Capacidade
de
n Descrição Hidráulica
Projeto
t (m³/s)
(m³/s)
o
1 Galeria existente na lateral da Rua XV de Novembro (pedra) 10,73 19,00
2 Travessia da Rua XV de Novembro (tubulação) 5,36 19,00
3 Canal fundos Panificadora Blupão (pedra) 7,86 19,00
4 Ponte Rua Baggestonss (pedra) 12,87 19,00
5 Ponte Rua Luiz Delfino (pedra) 23,27 19,00
5.1 Galeria Pós-Ponte Rua Luiz Delfino 36,37 19,00
6 Ponte Rua Max Colin (pedra) 9,43 21,92
7 Canal entre Ruas Luiz Delfino e Bento Gonçalves (pedra) 6,36 21,92
Galeria entre Ruas Bento Gonçalves e Marquês de Olinda
8 19,89 21,92
(pedra)
9 Galeria Rua Marquês de Olinda 39,02 26,96
10 Ponte Rua Karl Kumlehn (pedra) 47,74 50,68
11 Ponte Rua Alceu Koentopp (pedra) 53,48 50,68
12 Ponte Rua Padre Anchieta (pedra) 38,87 50,68
13 Ponte Rua Criciúma (pedra) 30,84 56,95
14 Ponte Rua Dos Atletas (pedra) 26,35 56,95
15 Ponte Rua Orleans (pedra) 17,32 56,95
16 Ponte Rua Presidente Castelo Branco (pedra) 47,67 56,95
17 Ponte Rua Presidente Costa e Silva (pedra) 46,89 56,95
18 Ponte Rua Araquarí (pedra) 12,88 56,95
19 Ponte Rua Timbó (pedra) 16,17 62,83
20 Ponte Rua Jaraguá (pedra) 20,23 62,83
21 Ponte Ruas Timbó e Conselheiro Arp (pedra) 27,79 62,83
22 Ponte Rua Frederico Hubner (pedra) 48,87 62,83
23 Galeria entre Ruas Frederico Hubner e Blumenau (pedra) 38,37 62,83
24 Galerias Rua Blumenau (mistas) 33,10 64,27
Galeria entre Ruas Quintino Bocaiúva e Doutor João Colin
25 65,14 64,27
(pedra)
26 Ponte Rua Doutor João Colin (pedra) 66,29 64,27
27 Ponte Rua Orestes Guimarães (pedra) 65,36 64,27
28 Ponte Avenida José Vieira (pedra) 63,08 63,46
P
Vazão
o Capacidade
de
n Descrição Hidráulica
Projeto
t (m³/s)
(m³/s)
o
1 Galeria existente na lateral da Rua XV de Novembro (pedra) 10,73 15,69
2 Travessia da Rua XV de Novembro (tubulação) 5,36 15,69
3 Canal fundos Panificadora Blupão (pedra) 7,86 15,69
4 Ponte Rua Baggestonss (pedra) 12,87 15,69
5 Ponte Rua Luiz Delfino (pedra) 23,27 15,69
5.1 Galeria Pós-Ponte Rua Luiz Delfino 36,37 15,69
6 Ponte Rua Max Colin (pedra) 9,43 18,47
7 Canal entre Ruas Luiz Delfino e Bento Gonçalves (pedra) 6,36 18,47
Galeria entre Ruas Bento Gonçalves e Marquês de Olinda
8 19,89 18,47
(pedra)
9 Galeria Rua Marquês de Olinda 39,02 23,43
10 Ponte Rua Karl Kumlehn (pedra) 47,74 41,74
11 Ponte Rua Alceu Koentopp (pedra) 53,48 41,74
12 Ponte Rua Padre Anchieta (pedra) 38,87 41,74
13 Ponte Rua Criciúma (pedra) 30,84 49,94
14 Ponte Rua Dos Atletas (pedra) 26,35 49,94
15 Ponte Rua Orleans (pedra) 17,32 49,94
16 Ponte Rua Presidente Castelo Branco (pedra) 47,67 49,94
17 Ponte Rua Presidente Costa e Silva (pedra) 46,89 49,94
18 Ponte Rua Araquarí (pedra) 12,88 49,94
19 Ponte Rua Timbó (pedra) 16,17 57,59
20 Ponte Rua Jaraguá (pedra) 20,23 57,59
21 Ponte Ruas Timbó e Conselheiro Arp (pedra) 27,79 57,59
22 Ponte Rua Frederico Hubner (pedra) 48,87 57,59
23 Galeria entre Ruas Frederico Hubner e Blumenau (pedra) 38,37 57,59
24 Galerias Rua Blumenau (mistas) 33,10 61,01
Galeria entre Ruas Quintino Bocaiúva e Doutor João Colin
25 65,14 61,01
(pedra)
26 Ponte Rua Doutor João Colin (pedra) 66,29 61,01
27 Ponte Rua Orestes Guimarães (pedra) 65,36 61,01
28 Ponte Avenida José Vieira (pedra) 63,08 59,51
70,00
60,00
50,00
Vazão (m³/s)
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
0 5 10 15Pontos de Verificação
20 25 30 35
Racional SCS
Figura 9 – Gráfico comparativo de vazões entre o método Racional x Método do SCS (Fonte: GARCIA. 2006)
Diferenças de Vazões
12,00
10,00
8,00
Diferença de Vazão
6,00
4,00
2,00
0,00
0 5 10 15 20 25 30 35
Disposito de Controle
Figura 10 – Diferença de vazão entre método Racional e SCS (Fonte: GARCIA. 2006)
70,00
60,00
50,00
Vazão (m³/s)
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
0 1 2 3 4 5 6
Área Drenante (Km²)
Racional SCS
Figura 11 – Vazão X Área Drenante para os métodos: Racional e SCS (Fonte: GARCIA. 2006)
Os orçamentos foram realizados para que se obtenha a maior proximidade entre o custo da
obra com o valor cobrado no mercado. Para isso neste trabalho foi utilizada a base de dados da
Central de Custos de Obras Públicas (CCOP) da prefeitura municipal de Joinville (IPPUJ, 2005).
Para que se obtenha a maior confiabilidade possível a CCOP realiza 5 operações de
aferimento de preços e custos:
a) Coleta da Amostra de Preços de Materiais e Equipamentos;
b) Coleta da Amostra de Preços para Serviços Empreitados;
c) Pesquisa de Custos de Mão-de-Obra;
d) Regiões de Preços Pesquisados;
e) Pesquisa e Cadastramento de Novos Materiais e Equipamentos.
Comparativo Global
R$ 8.000.000,00
R$ 7.800.000,00
R$ 7.600.000,00
R$ 7.400.000,00
R$ 7.200.000,00
Valor (R$)
R$ 7.000.000,00
R$ 6.800.000,00
R$ 6.600.000,00
R$ 6.400.000,00
R$ 6.200.000,00
R$ 6.000.000,00
R$ 5.800.000,00
1
Métodos
SCS Racional
R$ 1.800.000,00
R$ 1.600.000,00
R$ 1.400.000,00
R$ 1.200.000,00
R$ 1.000.000,00
Valor (R$)
R$ 800.000,00
R$ 600.000,00
R$ 400.000,00
R$ 200.000,00
R$ -
1 2 4 6 7 8 10 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 28
Obra
SCS Racional
Figura 13 – Comparativo entre obras para os métodos Racional e SCS (Fonte: GARCIA, 2006)..
8 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA