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net/publication/338431170
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All content following this page was uploaded by Arthur Da Fontoura Tschiedel on 07 January 2020.
RESUMO – A escassez de dados pluviométricos disponíveis faz com que sejam utilizadas as relações
de intensidade, duração e frequência (IDF) de regiões próximas ao local de interesse para cálculo de
dimensionamento de obras de drenagem urbana. Devido à inexistência de dados pluviométricos
passíveis de utilização para o estabelecimento de uma curva IDF na cidade de São Leopoldo, torna-
se necessário a criação de uma curva para o município a partir de fontes alternativas de dados. Dessa
forma, este estudo propõem a construção de uma curva IDF para a cidade a partir de dados do produto
de precipitação por satélite MERGE, disponibilizados pelo CPTEC/INPE. Foram encontradas
diferenças estatísticas significativas na análise comparativa entre a curva elaborada no estudo e a
curva estabelecida para cidade de Porto Alegre, tipicamente utilizada para a região de São Leopoldo.
Como resultado, observou-se que a curva IDF proposta para a região de São Leopoldo apresentou,
em geral, chuvas de intensidade maiores que as do município de Porto Alegre, tendendo, portanto ao
conservadorismo no âmbito da sua aplicação.
ABSTRACT– The scarcity available rainfall data makes it necessary to use the intensity, duration
and frequency (IDF) relations of neighboring regions for urban stormwater drainage system design.
Due to the inexistence of pluviometric data and an established IDF curve for the city of São Leopoldo,
it is necessary to create a curve from alternative sources of data. Thus, this study proposes the
construction of the IDF for São Leopoldo based on data from the precipitation MERGE product, made
available by CPTEC/INPE. Significant statistical differences were found in the comparative analysis
between the curve elaborated in this study and the curve established for the city of Porto Alegre,
which is typically used for the region of São Leopoldo. As a result, it was observed that the IDF curve
proposed for the São Leopoldo region presented, in general, higher intensity rainfall than those of the
city of Porto Alegre, tending, therefore, to conservatism in the scope of its application.
INTRODUÇÃO
Para a determinação da chuva de projeto, usada em cálculos de obras de drenagem urbana, é
necessário o conhecimento das relações entre intensidade, duração e frequência (relação IDF).
Através destas relações é possível definir uma vazão máxima de projeto.
Tipicamente, uma curva IDF é obtida por meio de regressão não linear com base nas
1) Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) Av. Unisinos, 950, CEP 93022-000, São Leopoldo, RS, Brasil:correiajessicalana@gmail.com
2) Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) Av. Unisinos, 950, CEP 93022-000, São Leopoldo, RS, Brasil: arthurtschiedel@unisinos.br
METODOLOGIA
O município de São Leopoldo está localizado no Estado do Rio Grande do Sul, se encontrando
entre os municípios Novo Hamburgo, Sapucaia do Sul e Portão, a 36 km de distância de Porto Alegre.
A região analisada compreende a bacia hidrografica do rio dos Sinos, localizada no nordeste do estado
do Rio Grande do Sul entre as coordenadas geográficas 29º20’ a 30º10’ de latitude sul 50º15’ a 51º20
de longitude oeste, envolvendo os municípios como Campo Bom, Canoas, Gramado, Igrejinha, Novo
Hamburgo, São Leopoldo, Sapucaia do Sul, Caraá, Taquara e Três Coroas (IBGE, 2019). A análise
de chuvas contemplou a cidade de São Leopoldo, pertencentes à bacia do Rio dos Sinos conforme
figura 1.
Este trabalho foi executado a partir da extração de dados do produto MERGE para a área
destacada na Figura 01, sendo os mesmos disponibilizados em formato binário com resolução de
20km e cujas saídas são diárias (acumulado em 24h) cobrindo a América do Sul (82.8ºW-34ºW e
52.2ºS-12.2ºN). A série histórica de chuvas diárias para a região entre os anos de 1998 a 2014 foi
analisada, onde extraiu-se as precipitações máximas diárias anuais, formando uma nova série de
dados. Os dados foram organizados de forma que apenas os valores de precipitações máximas diárias
foram escolhidos, resultando em 17 valores de precipitações, sendo ordenados do evento mais raro
para o menos raro.
−y
𝑃[Y ⩽ y] = −ee , com y = α. (p − μ) (2)
1,2826
α= (3)
s
𝜇 = 𝑋̅ − 0,451. 𝑠 (4)
Onde:
n = número de anos da amostra;
i = ordem da colocação dos valores da amostra.
P = probabilidade de não excedência;
α e µ = parâmetros da distribuição;
p = precipitação em mm.
𝑘
(𝑂𝑖−𝐸𝑖)²
𝑋2 = ∑ , (6)
𝑖=1 𝐸𝑖
Onde:
Oi = n de casos observados na linha “i”;
Ei = n de casos esperados, sob H0, na linha “i”.
RESULTADOS
A aplicação da metodologia utilizada neste trabalho permitiu obter as curvas IDFs para a cidade
de São Leopoldo a partir de dados do produto de precipitação por satélite MERGE conforme mostra
a figura 2. Neste sentido, observa-se que, por exemplo, uma chuva com Tempo de Retorno de 2 anos
associada a um tempo de duração de 10 minutos (situação tipicamente encontrada no âmbito do
dimensionamento de estruturas de microdrenagem urbana), por exemplo, está associada a uma
intensidade de 115 mm/h.
Através da curva IDF da cidade de São Leopoldo da figura 2 e a curva IDF consolidada de
Porto Alegre obtida do 8º Distrito de Meteorologia, no Bairro Jardim Botânico, do município de Porto
Alegre da figura 3, possibilitou a verificação de diferenças entre as curvas. Estas particularidades
intrínsecas a cada curva IDF (São Leopoldo x Porto Alegre) são confrontadas na Figura 4 quanto aos
Tempos de Retorno de 10 e de 100 anos. Dessa forma, percebe-se que a curva IDF estimada para São
Leopoldo pelo método proposto apresenta intensidades ligeiramente maiores do que as que seriam
obtidas a partir da aplicação da IDF de Porto Alegre para tempos de retorno da ordem de 10 anos.
Isso significaria, no âmbito de dimensionamento de dispositivos de microdrenagem, que a utilização
da curva de Porto Alegre em detrimento da aqui proposta poderia estar vinculada à
subdimensionamentos da rede em São Leopoldo.
Por outro lado, observa-se que a IDF de São Leopoldo subestima valores de vazões para tempos
de retorno da ordem de 100 anos associados a pequenas durações de chuva. Neste sentido, deve ser
destacado que a utilização do produto aqui proposto considerando tempos de retorno de 50 e 100 anos
pode estar vinculada a incertezas não mensuradas, uma vez que existe a imprecisão relativa à
utilização de apenas 17 anos de dados diários para obtenção da IDF de São Leopoldo, ao passo que o
estabelecimento da IDF de Porto Alegre foi realizada com 40 anos de dados de observação segundo
o Atlas Pluviométrico do Brasil.
Por fim, para a comparação da curva IDF calculada neste estudo e a curva consolidada da cidade
de Porto Alegre, foi utilizado o cálculo estatístico pelo método Qui-Quadrado de Pearson para um
nível de significância de 5% e 7 graus de liberdade, encontrando um valor crítico de 14,07.
300
250
TR 100
TR 50
INTENSIDADE (mm/h)
200
TR 25
150 TR 15
TR 10
100
TR 5
TR 2
50
0
0 20 40 60 80 100 120 140
DURAÇÃO (minutos)
300
250
TR 100
TR 50
200
INTENSIDADE (mm/h)
TR 25
150 TR 15
TR 10
100
TR 5
50 TR 2
0
0 20 40 60 80 100 120 140
DURAÇÃO (minutos)
CONCLUSÕES
Apesar das limitações da metodologia presentes na realização deste trabalho, a curva IDF
proposta para o município de São Leopoldo mostrou viabilidade em sua utilização, considerando
principalmente Tempos de Retorno entre 2 e 10 anos, desde que sejam considerados os resultados
apresentados, tomando-se uma postura conservadora. Os resultados mostraram-se relevantes, pois
verificou-se que as diferenças entre as IDFs são significantes, o que era esperado. As chuvas de
projeto para São Leopoldo se mostraram de intensidades superiores às chuvas de projeto fornecidas
a partir da IDF representativa da cidade de Porto Alegre. Neste sentido, essa diferença pode causar
XXIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos (ISSN 2318-0358) 8
um subdimensionamento nas obras de drenagem urbana caso a curva IDF de Porto Alegre estudada
seja aplicada para os projetos na cidade de São Leopoldo.
É preciso salientar que as curvas IDFs desse estudo podem apresentar imprecisões para tempos
de retorno maiores, já que a amostra de dados de precipitação analisada foi de apenas dezessete anos.
Porém, a favor da segurança, sobretudo para obras onde o tempo de retorno adotado é menor do que
a amostra analisada, é recomendável a utilização da IDF calculada neste estudo.
REFERÊNCIAS
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De Dados de Precipitação de Satélite MERGE/CPTEC para Modelagem Hidrológica de Grande
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ROBAINA, A.; PEITER, M. (1992). “Modelo de Desagregação de Chuvas Intensas no Rio Grande
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ROZANTE, J.; GONÇALVES, L.; VILA, D. (2010). “Combining TRMM and Surface Observations
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VERGASTA, L.; OLIVEIRA, R.; FIGLIUOLO, G.; SOUZA, A.; PEREIRA, P.; CORREIA, F.;
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Anais do XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto – SBSR do Foz do Iguaçu, PR, Abr,
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