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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL

Iana Bernardi
José Alberto Janish

PROJETO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA (ETA)

Santa Maria, RS
2023

1
Iana Bernardi
José Alberto Jänish

PROJETO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA (ETA)

Trabalho apresentado na disciplina de Tratamento


de Águas de Abastecimento e Residuárias, da
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) como
requisito parcial para aprovação na disciplina.

Professor Elvis Carissimi

Santa Maria, RS
2023

2
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO
2. ÁREA DE ESTUDO E DADOS DEMOGRÁFICOS
3. DADOS HIDROLÓGICOS
4. ESTIMATIVA POPULACIONAL
4.1 CONSUMIDORES E CONSUMO ESPECÍFICO
4.2 ESTIMATIVA POPULACIONAL
5. VAZÕES DO PROJETO
5.1 VAZÃO DA CAPTAÇÃO, ESTAÇÃO ELEVATÓRIA E ADUTORAS ATÉ A
ETA
6. DIMENSIONAMENTO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA
CONVENCIONAL
6.1 UNIDADE DE MISTURA RÁPIDA
6.2 UNIDADE DE FLOCULAÇÃO
6.2.1 Tempo de detenção (Td)
6.2.2 Volume da câmara (V)
6.2.3 Lado da câmara (Lf)
6.2.4 Gradiente de velocidade média e rotação
6.3 UNIDADE DE DECANTAÇÃO
6.3.1 Área em planta (Ap)
6.3.2 Largura e Comprimento do decantador
6.3.3 Verificação da velocidade de escoamento horizontal (𝑉𝐿)
6.3.4 Área da comporta
6.3.5 Dimensionamento da calha
6.3.5 Cálculo do Perímetro da Calha
6.3.6 Vazão da calha
6.3.7 Vazão total das calhas
6.3.8 Vazão de saída da unidade de decantação
6.4 UNIDADE DE FILTRAÇÃO
6.4.1 Área total de filtração (Af)
6.4.2 Vazão por unidade de filtro (Q filtro)
6.4.3 Dimensionamento das calhas de coleta de água de lavagem
6.5 UNIDADE DE TANQUE DE CONTATO
6.5.1 Área do tanque de contato
6.5.2 Volume do tanque de contato
6.6 LODO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA
7. PLANTA DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO CONVENCIONAL
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. INTRODUÇÃO

O presente projeto é uma atividade desenvolvida na disciplina de Tratamento


de Águas de Abastecimento e Residuárias do Curso de Engenharia Sanitária e
Ambiental da Universidade Federal de Santa Maria.
O objetivo desse projeto é demonstrar as etapas do tratamento de água, e
produzir o dimensionamento da Estação de Tratamento de Água (ETA) para a
cidade de Venâncio Aires, Rio Grande do Sul, usando o horizonte de tempo de
projeto de 25 anos, por meio da estimativa populacional e dos cálculos de vazão da
água para cada etapa do sistema.
Para fins de projeto é necessário definir a vazão, que será calculada a partir
da estimativa populacional a ser atendida, das demandas específicas e de
parâmetros definidos, como consumo per capta q = 150 L / hab / dia, coeficiente do
dia de maior consumo K1 = 1,25, coeficiente da hora de maior consumo K2 = 1,5, e
o consumo de água da Estação de Tratamento de Água, CETA = 3%.
Os grandes consumidores do abastecimento de água municipal considerados
neste projeto são as indústrias, hospitais, comércio, escolas e população urbana.

2. ÁREA DE ESTUDO E DADOS DEMOGRÁFICOS

O município de Venâncio Aires se localiza na mesorregião do Centro Oriental


Rio-Grandense, estando entre o Vale do Rio Pardo e o Vale do Taquari. Situa-se a
130 km da cidade de Porto Alegre. O município está dividido em 9 distritos, e sua
área urbana é dividida em 21 bairros. Possui como municípios limítrofes Boqueirão
do Leão, Sério, Santa Clara do Sul, Mato Leitão, Cruzeiro do Sul, Bom Retiro do Sul,
Taquari, General Câmara, Vale Verde, Passo do Sobrado, Santa Cruz do Sul e
Sinimbu.

Figura 1 - Mapa de Localização do município de Venâncio Aires

Fonte: Prefeitura Municipal de Venâncio Aires - 2021


3. DADOS HIDROLÓGICOS

O município de Venâncio Aires apresenta um clima temperado, tipo Cfa na


classificação Köppen-Geiger, apresenta uma precipitação anual média de 1484
milímetros (mm) ao ano, bem distribuídas, porém com precipitações mais elevadas
entre os meses de julho a novembro.
Na figura 2 é mostrada a precipitação média mensal do município.

Figura 2 - precipitação média do município.

Fonte: IRGA RS- Precipitação do município de Venâncio Aires

O município se insere na Região Hidrográfica da Bacia do Guaíba, sendo


98% do território municipal se localizando na sub-bacia hidrográfica Taquari - Antas,
e 2% do seu território na sub bacia hidrográfica do Rio Pardo.

4. ESTIMATIVA POPULACIONAL

A estimativa populacional de um município, para fins de projetos de


infraestrutura é essencial para que o projeto possa ser realizado de maneira a
atender as demandas atuais e futuras, pelo tempo de projeto estimado. Isso se deve
ao fato de o número populacional, além do consumo per capta, serem de maneira
direta os maiores responsáveis pelos cálculos de demanda de água que ocorrem
atualmente, e no futuro estimado. Neste projeto a estimativa populacional será
calculada para um tempo de projeto de 25 anos.

4.1 CONSUMIDORES E CONSUMO ESPECÍFICO

Para o dimensionamento de uma estação de tratamento de água, deve-se


considerar todas as demandas existentes no município. Entre as categorias de
demanda, a categoria doméstica é a mais homogênea, apresentando pouca
variabilidade de consumo, neste trabalho será considerada a população urbana e
sua estimativa será apresentada no tópico 4.2.
Além da demanda doméstica, as outras demandas, como comercial,
industrial, etc, apresentam uma variabilidade muito grande, pelo tamanho e tipo de
empreendimento. No quadro 1 estão contidas as vazões dos estabelecimentos
presentes na área urbana considerados nesse projeto.

Quadro 1 - Demandas específicas do município de Venâncio Aires

Consumo Estimativa Demanda

1 Hospital 250 L/dia /leito 180 leitos 45 000 L/dia

20 Escolas 50 L/dia/pessoa 4731 alunos 236 550 L/dia

25 Edifícios 50 L/dia/pessoa 900 pessoas 45 000 L/dia


comerciais

3 Hotéis 120 L/dia/ pessoa 78 pessoas 9 360 L/dia

18 Restaurantes 25 L/dia/refeição 800 refeições 20 000 L/dia

2 Metalúrgicas 50 m³ /tonelada 7 ton/ dia 350 000 L/dia

Total 705 910 L/dia


Fonte: Autores

4.2 ESTIMATIVA POPULACIONAL

Conforme dados do IBGE, a população estimada para o município de


Venâncio Aires em 2021 foi de 72.373 habitantes.
As obras de abastecimento de água e sistemas de esgoto sanitário devem
ser projetadas considerando uma população futura, para acomodar o crescimento
demográfico ao longo de um determinado período. Esse projeto, foi considerado
uma vida útil de 25 anos. Os dados de população obtidos nos dois últimos censos
realizados pelo IBGE estão apresentados no Quadro 2.

Quadro 2 – Dados populacionais de Venâncio Aires, RS.

Ano População Total População Urbana

2000 61.234 38.457

2010 65.946 41.416

2021 72.373

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.

Para calcular a estimativa populacional para o alcance do projeto em 25 anos,


iremos utilizar o Método Geométrico, conforme a Equação 1.
Equação 1 – Método Geométrico.

kg (t−t 2)
P=P 2 ∗ e

Onde:
Equação 2 – Coeficiente Kg.
lnP 2−lnP 1
Kg=
t 2−t 1

ln 41.416−ln38.457
Kg= =0,00741
2010−2000

0,00741(2048−2010)
P=41.416 ∗ e

P=54891 habitantes

O cálculo de estimativa populacional será realizado utilizando o método


geométrico, que considera a mesma porcentagem de aumento da população para
períodos de tempo iguais. Esse método é amplamente reconhecido como o mais
preciso para estimativas populacionais em projetos de abastecimento de água e
sistemas de esgoto sanitário.

5. VAZÕES DO PROJETO

Para fins de projeto foram utilizados valores de K1= 1,25 (coeficiente do dia
de maior consumo) e K2=1,5 (coeficiente da hora de maior consumo), valores
médios definidos por Azevedo Netto et. al (1998). O consumo per capita
considerado foi de 150 l/hab./dia. A Estação de Tratamento (ETA) consome parte da
vazão captada para lavagens de filtros e outros fins, sendo assim foi considerada
uma taxa de consumo de 3%.

5.1 VAZÃO DA CAPTAÇÃO, ESTAÇÃO ELEVATÓRIA E ADUTORAS ATÉ A ETA

A vazão captada deve ser suficiente para atender a demanda do dia de maior
consumo da população em conjunto com os consumos específicos, incluindo o
consumo da própria estação de tratamento, que, neste trabalho, será estimada em
3% o consumo da ETA.

Equação 3 - Vazão de captação até a ETA.

k 1∗ P∗ q
Q=( +Qesp) ∗C ETA
86400

Onde:
Q = Vazão da captação da ETA (l/s);
k1 = Coeficiente do dia de maior consumo;
P = População a ser abastecida (hab);
q = Consumo per capita de água (l/hab.dia);
Qesp = Vazão específica (l/s);
CETA = Consumo próprio da ETA (%).

Temos que:

1, 25 ∗54891 ∗150
Q=( +8 , 17)∗1 , 03
86400
Q=131 , 11 L/s=11327 , 9 m³ /dia

A vazão que será captada no manancial para satisfazer a demanda da cidade


e da ETA é de 131,11 L/s. A partir desse valor serão realizados os cálculos de
dimensionamento.

6. DIMENSIONAMENTO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA


CONVENCIONAL

A Estação de Tratamento de Água é composta de unidades que em


sequência realizam o tratamento da água, sendo elas: unidade de mistura rápida,
unidade de floculação, unidade de decantação, unidade de filtração, o tanque de
contato e o lodo produzido. O dimensionamento elaborado é obedecendo ao roteiro
disponibilizado que tem como base a norma NBR-12216 - Projeto de estação de
tratamento de água para abastecimento público. A seguir, é mostrado a partir da
Figura 3, as principais etapas de uma estação de tratamento de água convencional.

Figura 3 - Etapas da Estação de Tratamento de Água

Fonte: material disponibilizado, 2023


6.1 UNIDADE DE MISTURA RÁPIDA

A Calha Parshall, é onde ocorre a mistura rápida dos produtos utilizados no


tratamento, seu funcionamento se dá pelo alto grau de agitação da água em sua
passagem por esta estrutura com a ocorrência de ressalto hidráulico, é destinada a
mistura de produtos químicos, principalmente o sulfato de alumínio.

Figura 4 - Exemplo de Calha Parshall

Fonte: Autores, 2023

Esta unidade é fundamental para o processo de floculação e para a mistura


da água bruta ao coagulante e é devidamente dimensionada a partir da vazão de
demanda de 131,11 L/s. Segundo o Quadro 3 de Azevedo Neto (1998), para
definição da medida da garganta (W) da Calha Parshall, deve se utilizar como base
o valor da vazão, como nesse projeto, tem-se uma vazão de 131,11 L/s, deverá ser
utilizado a Calha Parshall de 9” ou 22,9 cm, apresentando o melhor o grau de
segurança.

Quadro 3 - Dimensões do Medidor Parshall (cm) e Vazão com escoamento livre


(L/s).
Fonte: Azevedo Neto, 1998.

Figura 5 - Calha Parshall do projeto

Fonte: Autores

6.2 UNIDADE DE FLOCULAÇÃO

A floculação/coagulação é o processo onde as partículas em suspensão, em


estado coloidal, são aglutinadas em partículas maiores, possibilitando que sejam
removidas por filtração, sedimentação ou flotação. Esse processo ocorre pela
utilização de coagulantes, que possuem a função de agregar as partículas,
formando flocos. Esse coagulante pode ser o sulfato de alumínio, cloreto férrico,
sulfato férrico, coagulantes orgânicos catiônicos, entre outros.
A floculação acontecerá com um floculador mecanizado (Figura 5), baseado
no roteiro disponibilizado pelo professor, que possuirá 2 linhas de floculação e cada
linha com 3 câmaras em série, totalizando 6 câmaras (n).
Os gradientes médios de floculação (G) atendem as recomendações da NBR
12216/92, variando entre 10 e 70 s -1, sendo o tempo de flotação (Tf) adotado de 30
min. A câmara escolhida foi de seção quadrada, com profundidade útil (Pf) de 3,5m,
a turbina escolhida é de escoamento axial com rotor de paletas inclinadas a 45° de
diâmetro (Df) de 1 m e com distância ao fundo da câmara (hf) de 1,1 m.

Figura 6 - Floculador mecanizado.


Fonte: Material disponibilizado, 2023.

6.2.1 Tempo de detenção (Td)

Equação 4 - Tempo de detenção.

Tf
Td=
n

Onde:
Td = Tempo de detenção;
Tf = Tempo de flotação;
n = número total de câmaras.
30
Td=
6
Td=5 min/câmara
Td=300 s/câmara

6.2.2 Volume da câmara (V)

Equação 5 - Vazão obtida.

Q
𝑄 ′=
N
Onde:
Q’ = Vazão obtida;
Q = Vazão;
N = número de linhas de floculação
131, 11 𝐿/𝑠
𝑄 ′=
2
𝑄 ′=65 , 56 L/s

Equação 6 - Volume da câmara.


V =Q ' ∗ Td

Onde:
V= Volume da câmara;
Q’= Vazão obtida;
N = Número de linhas de floculação.

V =65 ,56 ∗ 300


V =19 ,67 m ³ /câmara

6.2.3 Lado da câmara (Lf)

Equação 7 - Lado da câmara de flotação.

V =L( 𝐿𝑓 )∗ 𝐶 ( 𝐿𝑓 )∗ h

Onde:
Lf = Lado da câmara;
V = Volume da câmara;
L = Largura câmara;
C= Comprimento da câmara;
h = Altura da câmara.
19 , 67=L( 𝐿𝑓 )∗ 𝐶 (𝐿𝑓 )∗3 , 5
19 , 67=𝐿𝑓 ² ∗3 , 5
𝐿f =2 , 37 metros

Assim, alcançando um resultado de 2,37 metros, o qual se situa dentro da


faixa ideal estabelecida no roteiro, onde o valor de Lf deve ser de até 7,5 metros.
Além disso, existem certas relações geométricas associadas ao diâmetro do
rotor que devem ser seguidas para unidades mecanizadas equipadas com turbina
de escoamento axial. Algumas delas incluem:

LF PF hF
2⋜ ⋜6,6 , 2,7⋜ ⋜ 3 ,9 e 0,9⋜ ⋜ 1 ,1
DF DF DF

Assim, adotando o valor de 1 metro para o diâmetro do rotor, as relações


geométricas resultam nos seguintes valores:

2 ,37
2⋜ ⋜ 6 ,6=2 , 37 m
1
3 ,5
2,7⋜ ⋜ 3 , 9=3 ,5 m
1
1 ,1
0,9⋜ ⋜ 1 , 1=1 ,1 m
1
6.2.4 Gradiente de velocidade média e rotação

Finalmente, levando em consideração todas as variáveis encontradas e


garantindo a satisfação de todas as relações geométricas, é realizado o cálculo do
gradiente médio de velocidade e rotação para determinar a potência do motor que
será utilizado nas unidades de floculação. O cálculo é apresentado abaixo:

Equação 8 - Gradiente de velocidade média e rotação.

2
Pu=μ ∗V ∗ G

Onde:
Pu = gradiente de velocidade médio e rotação (HP);
𝜇 = 0,001, considerando uma temperatura de 20°C;
V = Volume da câmara;
G(mín) = 10 s−1
G(máx) = 70 s−1
2
Pu(min)=0,001∗ 19 ,67 ∗ 10
Pu(min)=1 , 97 HP
2
Pu(máx)=0,001∗ 19 , 67∗ 70
Pu(máx)=96 , 39 HP

Concluímos que a máxima potência do motor deve ser de 96 , 39 HP e a


mínima de 1 , 97 HP.
A Figura 7 ilustra o floculador com suas dimensões.

Figura 7 - Dimensões do floculador mecanizado.

Fonte: Autora, 2023.


6.3 UNIDADE DE DECANTAÇÃO

A etapa de decantação é responsável pela separação das partículas sólidas


presentes na água por meio da ação da gravidade. Para isso, a água é retida por um
período prolongado em um dispositivo chamado decantador, permitindo a remoção
da água clarificada pela superfície.
Conforme definido pela norma NBR 12.216/1992, os decantadores são
unidades projetadas para remover as partículas presentes na água por meio da
ação da gravidade, podendo ser convencionais ou tubulares. No dimensionamento,
optou-se por utilizar um decantador convencional de escoamento horizontal, com
remoção hidráulica do lodo, conforme mostrado na Figura 8.

Figura 8 - Decantador convencional com escoamento horizontal.

Fonte: Material disponibilizado, 2023.

De acordo com a norma, estações com capacidade superior a 10.000 m³/dia


devem ter pelo menos 2 decantadores. Portanto, considerando que a capacidade da
estação do projeto é superior a 11.327,91 m³/dia, serão instalados 2 decantadores,
com uma taxa de aplicação superficial (TAS) de 30 m³/m².dia e uma altura útil de 4
metros. Com base nessas determinações e na vazão, calculamos a área da planta.

6.3.1 Área em planta (Ap)

Para calcular a área em planta precisamos saber a vazão de um decantador


conforme equação 9.

Q
Q '=
n

Onde:
Q’ = Vazão de um decantador;
Q = Vazão;
n = Número de decantadores.

11327 , 91
Q '= =5663 ,96 m³ /dia
2
Na Equação 10, calculamos a área da planta.

Q
Apd=
TAS

Onde:
Apd = Área da planta;
Q = Vazão de um decantador;
TAS = Taxa Aplicação superficial.

5663 , 96
Apd= =188 ,8 m ²
30

6.3.2 Largura e Comprimento do decantador

Para estabelecer o comprimento (C) e largura (L) dos decantadores, deve


obedecer a seguinte correlação:
C
2 , 0 ≤ ≤5 , 0
L

Considerando essas informações, foram adotados um comprimento de 18,8


metros e uma largura de 5 metros para os decantadores, de forma a atender aos
critérios estabelecidos, conforme demonstrado a seguir.

18 , 8
2,0≤ ≤ 5 ,0=3 , 76 metros
5

6.3.3 Verificação da velocidade de escoamento horizontal ( 𝑉𝐿)

Além disso, precisamos verificar a velocidade do escoamento horizontal, para


garantir que os padrões recomendados serão atendidos, a velocidade precisa ser
menor ou igual a 18 vezes a taxa de escoamento superficial. Seguindo a equação
11 abaixo:
Equação 11 - Velocidade de escoamento horizontal.

Q
VL=
At

Onde:
VL = Velocidade de escoamento horizontal (m/s).
Q = Vazão (m3/s) de apenas um decantador;
At = Área transversal.

Calculando:
0,066
VL= =0,000702 m/s
94

O resultado obtido confirma que atendemos as recomendações.

6.3.4 Área da comporta

Para calcular a área da comporta utilizamos a equação 12.

Equação 12 - Área da comporta.

Apd ∗ √ ❑
Ac=

Onde:
Ac = Área da comporta;
Apd = Área da planta;
Tdesc = Tempo de descarga;
H = Altura útil do decantador.

O tempo de descarga (tdesc) deve ser menor que 6 horas, sendo comum
projetar a comporta de forma a permitir a descarga em menos de 2 horas. Neste
caso, será adotado um tempo de 1 hora para a descarga.

188 , 8 ∗ √❑
Ac=

6.3.5 Dimensionamento da calha

Para determinar o comprimento total das calhas de coleta de água, é levado


em consideração que a vazão máxima por metro linear do vertedor é de 1,8 L/s.m e
que as calhas não devem ocupar mais do que 30% do comprimento do decantador,
neste estudo é 6,26 metros.

A seção transversal das calhas, são retangulares. A vazão por calha (q) é
calculada pela Equação 13 da seguinte forma.

Equação 13 - Vazão por calha.


1 ,5
q=1 , 3∗B∗h

Adotamos:
B = 0,5 m;
H = 0,5 m com acréscimo de 0,10 m de folga;
30% do comprimento decantador = 6,26 m.

Onde:
q = vazão por calha;
B = largura;
H = altura da calha

1 ,5
q=1 , 3∗0 , 5∗0 , 6 =0,3020 m ³/s

6.3.5 Cálculo do Perímetro da Calha

Equação 14 - Perímetro da calha

P=C +C+ B

Onde:
P = perímetro;
C = comprimento da calha;
B = base da calha.

P=6 ,26 +6 , 26+0 , 5


P=¿ 13,02 m

6.3.6 Vazão da calha

Equação 15 - Vazão da calha.

Qcalha=P∗ 1 ,8

Onde:
Q calha = vazão da calha;
P = perímetro da calha.

Qcalha=13 , 02∗ 1, 8=23 , 43 L/s

6.3.7 Vazão total das calhas

Equação 16 - Vazão de todas as calhas.

Qrc=Qcalha ∗ N

Onde:
Q rc = vazão total das calhas;
Q calha = vazão da calha;
N = Número de calhas = 3

Qrc=23 , 43∗3=70 , 29 L/ s
6.3.8 Vazão de saída da unidade de decantação

Equação 17 - Vazão de saída.

Qsaída=Qrc ∗ N

Onde:
Q saída = vazão de saída;
Q rc = vazão total das calhas;
N = Número de decantadores = 2

Qsaída=70 , 29∗2=140 ,58 L/ s ou 0,14058 m ³/ s

Figura 9 - Dimensões de decantador convencional.

Fonte: Autores, 2023.

6.4 UNIDADE DE FILTRAÇÃO

A filtração é o processo de remoção de partículas suspensas, coloidais,


precipitados químicos e impurezas que não tenham sido removidas nos processos
anteriores, consistindo na passagem da água por filtros compostos, na grande
maioria constituídos de areia, antracito e carvão, retendo as impurezas restantes no
tratamento de água.

Para o atual trabalho, foi considerado um sistema tradicional de filtração,


Figura 10, no qual contém um canal de descarga da água de lavagem, canal de
entrada de água decantada, calhas de coleta de água de lavagem, meio filtrante,
camada suporte, fundo falso do filtro, tubulação de água para lavagem, tubulação de
coleta de água filtrada e vertedor de água filtrada. Para este sistema, foi
dimensionada a área total de filtração, o comprimento e o tamanho e número de
calhas.

Figura 10 - Unidade de Filtração


Fonte: material disponibilizado, 2023.

6.4.1 Área total de filtração (Af)


Equação 18 - Área total de filtração

Q
Af =
Tf
Onde:
Af = Área total de filtração;
Q = Vazão da ETA;
Tf = Taxa de filtração de 250 m³. m-2 . d-1

11327 , 91
Af = =45 , 32 m²
250

Para determinar o número de unidades de filtração para este projeto, serão


tomados como exemplos os casos reais, mostrados na Tabela 1, disponibilizado no
roteiro.
Deve-se prever no mínimo dois filtros.

Tabela 1 - Informações sobre filtros de algumas ETAs brasileiras.

Fonte: material disponibilizado, 2023.


Como a estação do projeto tem 0.13111 m³/s de vazão, irá se tomar como
exemplo a ETA de Araras - SP, que utiliza 6 filtros com uma vazão de 0.4, desta
maneira, a estação do projeto contará com 6 unidades de filtração.

6.4.2 Vazão por unidade de filtro (Q filtro)

Equação 19 - Vazão de cada filtro.

Qeta
Qf =
nf

Onde:
Qf = Vazão do filtro;
QETA = Vazão da ETA;
nf= Número de filtro.

11327 , 91
Qf = =1887 , 99 m ³/dia=21 , 85 L/s
6

6.4.3 Dimensionamento das calhas de coleta de água de lavagem

Considerou-se a velocidade ascensional da água de lavagem igual a 0,8


m/min e calha retangular com descarga livre, com espaçamento entre calhas de 2,0
m considerando folga de 0,10 m na altura (H).

Equação 20 - Vazão de lavagem.

1 ,5
Qlav=1 , 3 ∗ B ∗ H

Onde:
Qlav = Vazão de lavagem;
B = largura de 0,5 m;
H= altura de 0,5 mais folga de 0,10 m;

1, 5
Qlav=1 , 3 ∗0 , 5 ∗0 , 6 =0,302 m ³/ s

6.5 UNIDADE DE TANQUE DE CONTATO

O tanque de contato é o local onde ocorre a desinfecção final da água


(cloração), tendo como função a homogeneização da ação do cloro na água em um
tempo de contato pré-determinado de acordo com a vazão e um pH inferior a 8,0. O
tempo de contato nessa unidade é de no mínimo de 30 minutos.
Pode-se calcular a área do tanque de contato a partir da vazão, altura do
tanque e o tempo de contato. Deste modo, será adotado uma altura de 4 metros e
um tempo de contato de 30 minutos (1800 segundos), onde a área do tanque é
expressa a partir da Equação 21.
6.5.1 Área do tanque de contato

A área do tanque de contato pode ser calculada pela seguinte equação:

Equação 21 - Área do tanque de contato.


Q∗t
A=
H

Onde:
A = Área do tanque de contato;
Q = Vazão;
t = Tempo de contato (segundos);
H = Altura do tanque de contato (m).

0,13111∗1800
A= =58 , 99 m²
4

Para maior facilidade em manutenção e limpeza, optou-se por dois tanques


de contato com 29,49 m² de área cada.

6.5.2 Volume do tanque de contato

Equação 22 - Volume de cada tanque de contato

Vtq= A∗h

Onde:
Vtq= Volume de um tanque de contato;
A = Área de um tanque de contato;
H= Altura.

Vtq=29,495∗4=117 , 98 m³

6.6 LODO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA

As Estações de Tratamento de Água produzem lodo, (resíduos sólidos),


durante seu funcionamento, esse lodo é provindo dos sólidos suspensos totais, e
dos coagulantes, floculantes, cal ou carvão ativado utilizados durante a operação da
ETA.
Como os sólidos suspensos totais presentes na água não são reativos,
considera-se a mesma concentração no lodo. Ainda, assume-se que os outros
produtos adicionados na água, como o polímero e o carvão ativado em pó,
produzem o mesmo SST na água. Se a cal for utilizado como alcalinizante estima-se
que a fração insolúvel, seja de aproximadamente 10% da cal aplicada. Com isso,
para estimar a quantidade de SS produzidos, tem-se a equação abaixo.

Equação 23 - Quantidade de Sólidos Suspensos Produzidos

𝑃𝑆𝑆=𝑄 ∗[0 , 44 ∗ 𝐷𝐴𝑙+ 𝑆𝑆𝑇 + 𝐷𝑝+ 𝐷𝐶𝐴𝑃 +0 , 1∗ 𝐷𝑐𝑎𝑙]∗ 10 −3

Onde:
PSS = Produção de SS;
27
Q = Vazão de água bruta;
DAl = Dosagem de sulfato de alumínio;
SST = Concentração de SST na água bruta;
Dp = Dosagem de polímero;
DCAP = Dosagem de carvão ativado;
Dcal = Dosagem de cal hidratado.
Sabe-se que:
Q = 330 L/s - 28512 m³/dia
DAl = 20 mg/l
SST = 30 mg/l

Para essa estimativa, consideramos a dosagem de sulfato de alumínio de 20


mg/l, e a concentração de sólidos suspensos totais de 30 mg/l
A dosagem do polímero, do carvão ativado e da cal hidratada é igual a zero,
pois para o tratamento dessa água não se necessita da adição dos mesmos.
Portanto, tem-se:

❑−3
PSS=11327 , 91∗[0 , 44∗20+30+ 0+0+0 , 1∗0]∗10
PSS=439,523 Kg/dia

Portanto, a produção diária de lodo dessa ETA é 439,52 kg/ dia.

7. PLANTA DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO CONVENCIONAL

Segue abaixo o croqui da Estação de Tratamento de Venâncio Aires, dimensionada


para vida útil até o ano de 2048, conforme figura 11.

Figura 11 - Croqui da Estação de Tratamento Convencional.


Fonte: autores, 2023.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12216: Projeto de


Estação de Tratamento de água para abastecimento público. Rio de Janeiro, 1992.

AZEVEDO NETO, M. F.; FERNANDEZ, R.; ARAÚJO, A. E. Ito. Manual de


Hidráulica. São Paulo, Edigar Blucher, 1998 8. ed. 669p.

CPRM. Espacialização mensal e anual da chuva nos municipios de Santa Cruz


do Sul, Venancio Aires, Vera Cruz e Passo do Sobrado no estado do Rio
Grande do Sul. Disponível em:
https://rigeo.cprm.gov.br/bitstream/doc/18481/1/2017_sbrh_espacializacao_mensal_
chuva_stacruz_artigo.pdf. Acesso em: 28 mai. 2023

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo


demográfico brasileiro de 2021. Brasil: IBGE 2021.

RESEARCHGATE. Localização-da-cidade-de-Venâncio-Aires-cidades-lindeiras-
e-bacia-hidrográfica. Disponível em: https://www.researchgate.net.figure/Figura-1-
Localizacao-da-cidade-de-Venancio-Aires-cidades-lindeiras-e-bacia-
hidrografica_fig1_344966897. Acesso em: 15 mai. 2023

REVISTA TECNO-LÓGICA. CARACTERIZAÇÃO DA BACIA DO ARROIO


CASTELHANO: DISPONIBILIDADE HÍDRICA, RISCOS DE INUNDAÇÕES E
INTERAÇÃO COM A CIDADE DE VENÂNCIO AIRES/RS. Disponível em:
https://doi.org/10.17058/tecnoblog.v24i2.14662. Acesso em: 22 mai. 2023

SEMA - SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE E INFRAESTRUTURA - RS. G40 -


BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS. Disponível em:
https://www.sema.rs.gov.br/g040-bh-taquari-antas. Acesso em: 02 jun. 2023

SOMAR CLIMATOLOGIA. MÉDIAS CLIMATOLÓGICAS PARA VENÂNCIO AIRES.


Disponível em: https://inframe-irga.somar.io/climatologia-graficos.php. Acesso em:
28 mai.2023.

SPERLIN, M. von. Princípios básicos do tratamento de esgotos. Belo Horizonte:


Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental; UFMG, 1996. 211p.(Princípios
do Tratamento Biológico de Águas Residuárias, v.2)

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