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Artur Prancic Bento , Mariana Cobra Barreiro Barroca e Tarcísio de Oliveira Klein
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Bacharelando em Engenharia Mecânica. Instituto de Engenharia Mecânica.
Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI - MG). Email: artur.prancic@unifei.edu.br.
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Bacharelanda em Engenharia Química. Instituto de Recursos Naturais. Universidade
Federal de Itajubá (UNIFEI - MG). Email: mariana.cobra@hotmail.com.
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Bacharelando em Engenharia Química. Instituto de Recursos Naturais. Universidade
Federal de Itajubá (UNIFEI - MG). Email: tarcisioklein@unifei.edu.br.
RESUMO
A pesquisa por novas fontes de energias alternativas, que sejam ambientalmente
sustentáveis, economicamente viáveis e mercadologicamente competitivas com as
demais já existentes, tornou-se mais intensa nos últimos anos. De forma paralela, com o
crescimento dos centros urbanos, a produção de efluentes domésticos também se
intensificou. Idealmente, esses efluentes são submetidos a sucessivos processos de
tratamento nas Estações de Tratamento de Esgoto (ETE), incluindo etapas de tratamento
biológicos em condições de anaerobiose. Nessa etapa, tem-se a geração do biogás,
originado da decomposição anaeróbia desses esgotos, que são retornados à atmosfera
sem qualquer tipo de utilização. O presente estudo visa, portanto, estudar a viabilidade
energética do aproveitamento desse biogás para geração de energia elétrica e a
viabilidade econômica para a implementação de um possível projeto – utilizando
índices como o Levelized Cost of Electricity (LCOE, traduzido para o português como
Custo Nivelado da Energia) e Valor Presente Líquido (VPL) como referência. Os dados
referentes à produção de efluente doméstico e às suas respectivas propriedades
biológicas foram extraídas das cinco maiores cidades do Sul de Minas Gerais: Poços de
Caldas, Itajubá, Pouso Alegre, Passos, Varginha, utilizadas como base para o estudo em
questão. Os principais resultados indicam que o uso desse biogás produzido em estações
de tratamento de esgotos para a geração de energia é viável, favorecendo a integração
energética e reduzindo os gastos energéticos das estações de tratamento. Considerando o
cenário competitivo com relação às outras fontes de energia utilizadas nos municípios
escolhidos – Pequena Central Hidrelétrica (PCH e fazendas solares), somente as cidades
com maiores vazões de efluentes, como Pouso Alegre e Itajubá, apresentaram resultados
favoráveis.
1. INTRODUÇÃO
metano para a atmosfera, gás que possui potencial de poluição global equivalente a 21
vezes a emissão do dióxido de carbono (SANTIAGO E SANTIAGO, 2019).
2. METODOLOGIA
Para cada um dos municípios escolhidos para serem base do presente, buscou-se
no banco de dados disponibilizados pela Agência Nacional de Águas e Saneamento
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Básico as informações relativas à vazão do efluente (Q), à DQO afluente (S0), à DQO
efluente (S). Os dados estão condensados e apresentados na Tabela 1.
𝐷𝑄𝑂𝐶𝐻4 (2)
𝑉𝐶𝐻4 =
𝐹(𝑡)
𝑃 ∙𝐾 (3)
𝐹(𝑡) =
𝑅 ∙𝑇
100 (4)
𝑉𝑏𝑖𝑜𝑔á𝑠 = 𝑉𝐶𝐻4
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Seguidamente, para determinar o potencial energético desse volume, utilizou-se
a Equação (5), considerando o poder calorífico inferior (PCIbiogás) e o volume de biogás
produzido (Vbiogás).
𝐶𝑛 (7)
∑𝑚
𝑡=1
(1 + 𝑖)𝑛
𝐿𝐶𝑂𝐸 =
𝐸𝑛
∑𝑚
𝑡=1 (1 + 𝑖)𝑛
𝐸𝑒𝑙 = 𝑃 ∙ 𝑇𝑚 ∙ 𝐹𝐶 (11)
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3. RESULTADOS
3.1. Resultados da predição de biogás e seu potencial energético
Com base na Tabela 1, utilizando-se das Equações (1), (2) e (3), calcula-se o
volume de metano e biogás gerado pela digestão anaeróbica dos efluentes
contaminados, como apresentado na Tabela 3.
Tabela 3 – Volume de metano e biogás gerado a partir dos efluentes contaminados.
DQOCH4 VCH4 (× 𝟏𝟎𝟑 ) VBiogás (× 𝟏𝟎𝟑 )
Município
(kg/dia) (m³/dia) (m³/dia)
Poços de Caldas 953,52 0,371 0,494
Itajubá 2367,42 0,920 1,227
Pouso Alegre 4807,24 1,868 2,491
Varginha 3117,12 1,212 1,615
Passos 1987,71 0,773 1,030
Fonte: Elaboração própria (2022).
Nesse sentido, observa-se que o maior volume de biogás seria gerado pelos
efluentes de Pouso Alegre, sendo condizente com a quantidade de resíduo utilizado na
digestão anaeróbica, assim como, com a quantidade de habitantes, sendo a cidade mais
populosa do Sul de Minas Gerais.
Assim, com base na Equação (5), pôde-se calcular a energia anual gerada pela
queima do biogás, explicitada na Tabela 4.
Tabela 4 – Energia anual obtida pela queima do biogás.
EBiogás
Município
(kJ/ano)
Poços de Caldas 4328,562
Itajubá 10747,047
Pouso Alegre 21822,759
Varginha 14150,356
Passos 9023,331
Fonte: Elaboração própria (2022).
Optando-se por uma análise com viés econômico, utilizando-se das Equações (6) e
(7), sendo os valores auxiliares calculados de acordo com as Equações (8), (9), (10) e (11),
determina-se o VPL e o LCOE para cada cidade analisada, apresentando-os na Tabela 5.
Tabela 5 – VPL e LCOE para geração de energia da queima do biogás gerado a partir de
efluentes urbanos contaminados calculados para 20 anos.
VPL LCOE
Município
(milhões de R$) (R$/MWh)
Poços de Caldas 3,364 459,50
Itajubá 8,352 230,74
Pouso Alegre 16,959 152,44
Varginha 10,997 193,64
Passos 7,012 260,21
Fonte: Elaboração própria (2022).
Enfim, com base nas faixas de LCOE das principais fontes de energia utilizada no
Sul de Minas Gerais, identifica-se que a geração a partir de biogás em Pouso Alegre
possuiria potencial de competição até mesmo com a geração solar, sendo que, Itajubá e
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4. CONCLUSÕES
Todavia, além de ser viável, é necessário que a produção de energia seja competitiva
com outras fontes. Desta maneira, considerando-se que no Sul de Minas utiliza-se de PCHs
e fazendas solares para o fornecimento de eletricidade, ao comparar os valores de LCOE
determinados para a utilização do biogás como fonte de energia, verificou-se a atratividade
econômica nas maiores cidades, devido a maior vazão de efluentes residuais.
REFERÊNCIAS