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Introdução às energias

renováveis: conceitos
básicos, panorama e
mercado no Brasil
Prof. Dr. Ivan Felipe Silva dos Santos
Universidade Federal de Itajubá – EHD209
ivanfelipe@unifei.edu.br
Conceitos iniciais

1
Conceitos iniciais
Energia: capacidade de realizar trabalho (ζ) ou mudança;

Exemplo: aquecimento de água, fluido movimentando uma pá,


etc.

Energia não pode ser criada, somente transformada:


Bater palma – energia mecânica convertida em energia sonora
Queima de um combustível: Energia química convertida em energia térmica
Água movimentando uma turbina: Energia cinética convertida em energia mecânica na
turbina

Energias renováveis x energias não renováveis x energia limpa


Conceitos iniciais
Potência = energia consumida ou gerada por unidade de tempo;

Unidades básicas
Energia E –> Mesma unidade de ζ -> [J]
Potência P –> [J/s] = [W]
Forma mais utilizada em
Energia elétrica -> P x t -> [Wh] eletricidade, acompanhada de
prefixos
Prefixos Ordem de grandeza
k -> quilo -> 103 kWh – consumo de uma casa em 1 mês

M -> mega -> 106 MWh – produção de uma pequena usina em um ano

G-> giga -> 109 GWh – produção de uma grande usina em um ano

T -> tera -> 1012 TWh – consumo do Brasil em um ano


Conceitos iniciais
3 conceitos importantes:
Potência disponível –variável com o recurso natural (vento, sol,
vazão);
Potência instalada – potência da usina (ou equipamentos) instalada
para extrair a disponível – constante;
Fator de capacidade – Relação entre energia efetivamente produzida e
aquela que seria produzida caso a potência instalada fosse atingida ao
longo de todo ano.
Potência
Fator de capacidade
Potência disponível maior que o instalada –
disponível Gera menos energia que o disponível fc

Potência
instalada fc fonte
Eólica 30-40%
Potência disponível menor que a instalada –
Gera menos energia que o equipamento Solar 16%
poderia
Biogás 80%
PCH 55-75%
Pergunta: É possível preencher a matriz elétrica
só com eólica e solar?
1) Questão do despacho
Centrais despacháveis x centrais intermitentes
Reservatórios hidrelétricos Eólica
Gás natural Solar
Outras térmicas Pequenas centrais hidrelétricas

2) Problemas de harmônicos

3) Soluções: armazenamento de energia (baterias, reservatórios),


filtros de rede, etc.

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Importância das energias
renováveis

1
Importância das energias renováveis

Energia é necessária -> atividades humanas básicas e desenvolvimento;

Relação entre PIB e geração de energia;

Desenvolvimento sustentável -> econômico, social e ambiental.

Emissões de
Esgotamento de
GEE – Emissões de
combustíveis
Aquecimento Nox e SO2
fósseis
global

Diversificação
Questões
da matriz
financeiras
energética
Panorama das energias renováveis
no Brasil

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Matriz energética Brasileira
Energia de um modo geral (combustíveis, calor e eletricidade)

Média de renováveis bem superior a média mundial – 48,4 x 13,8%


Matriz elétrica Brasileira
Envolve somente eletricidade

Total de renováveis na matriz elétrica: 84,8 % (hidráulica, biomassa,


eólica)

Média mundial – 23%


Mercado de energia no Brasil
Geradoras e comercializadoras - Monopólios
Concorrência

Agentes do mercado de energia Fonte: Togawa


(2018)

3 tipos de mercados: Cativo, Livre e Geração Distribuída


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a) Mercado cativo
Leilões de energia – Realizado pela CCEE da ANEEL

Leilão de contratação de
Leilão de contratação de geração geração existente
nova Contrato: 3/15 anos
Contrato: 15/35 anos

A-5 A-4 A-3 A-2 A-1

Leilão de ajuste
Contrato: até 2 anos

Sistema de comercialização no ambiente regulado.


Adaptado de Bajay et al. (2018)
Tarifa do leilão

1
b) Mercado livre
Os consumidores livres compram energia diretamente dos
geradores ou comercializadores, através de contratos bilaterais
com condições livremente negociadas, como preço, prazo,
volume, etc;
Para ingressar no mercado livre como consumidor, é necessário
que este se enquadre em uma das 02 categorias permitidas:

•Consumidor potencialmente livre – consumidores com demanda


contratada igual ou maior que 3.000 kW. Esses podem contratar energia de
qualquer fonte geradora conectada ao sistema elétrico nacional;

•Consumidor especiais – consumidores ou conjunto de consumidores com


demanda contratada igual ou maior que 500 kW e inferior a 3.000 kW. Esses
podem contratar energia apenas de geradores de fontes renováveis, tais como
PCH, Biomassa e Eólica;
Tarifa livremente comerciada entre empresa e consumidor!
.

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c) Mercado de geração distribuída
Geração Distribuída (GD) -> geração elétrica realizada junto ou próxima do
consumidor;

Tipos: (i) autoprodução, (ii) geração no horário de ponta, (ii) geração de


emergência e (iv) micro e minigeração;

Redução de: perdas, vulnerabilidade, investimentos em expansão;

Micro e minigeração: Resolução ANEEL -> 482 de 2012 e 687 de 2015; Marco
legal da Lei 14.300/2022

Uso da rede para compensação de energia – Tarifa usada é a que pagamos,


pois temos aqui uma economia de energia!

Valores superiores a 500 R$/MWh


Geração solar fotovoltaica distribuída. Fonte: Orbital (2020).

1
I - microgeração distribuída: fontes renováveis ou cogeração
qualificada com P menor que 75 kW;

II - minigeração distribuída: central geradora de energia


elétrica, com potência instalada superior a 75 kW e menor
ou igual a 3 MW para fontes não despacháveis ou menor ou
igual a 5 MW para despacháveis;

GD no Brasil

1
c) Mercado de geração distribuída
Energia ativa injetada no sistema de distribuição pela unidade
consumidora -> Quantidade de energia ativa a ser consumida por um
prazo de 60 (sessenta) meses;

GD pode ser adotada por:

Geração junto à carga: Geração Múltiplas unidades


no ponto de consumo. consumidoras: condomínios ou
Ex: Painéis em um telhado prédio

Autoconsumo remoto:
diferentes pontos de consumo Geração compartilhada:
sob a mesma pessoa jurídica e cooperativas ente civis (mínimo
física. 20 pessoas) ou consórcios
Ex: Rede de lojas ou geração (empresas)
para casa e fazenda juntas.
Mudanças na GD
A partir de 2019, a ANEEL discute mudanças em sua resolução;

Diferentes alternativas em função do tipo de geração;

1
Viabilidade financeira de sistemas
energéticos

1
Introdução
Análise de custos e viabilidade econômica:
Fator de tomada de decisão;
Importante para o planejamento energético.

Inúmeras aplicações na Engenharia de Energia;

Métricas comumente aplicadas: Payback e VPL;

Demais métricas: Payback descontado, TIR, LCOE,


Rentabilidade, custo unitário máximo, análise de incertezas,
análise de riscos;
Fluxo de caixa – forma geral
Forma geral,
podem entrar
novos fluxos (vida
Base para cálculo residual dos
da maioria dos equipamentos,
parâmetros investimento
financiado, etc.)
Receitas devido a
venda de energia

0 1 n
Tempo

Custos operacionais e
Investimento de manutenção
inicial
Investimento inicial
Normalmente calculados a partir do custo unitário [$/kW];

Custo unitário $/kW -> variam em função de:


Tipo de fonte de energia
Escala (Potência pequena ou grande)
Região do país
Nível de desenvolvimento tecnológico da fonte
Particularidades de cada projeto
Custo unitário – Exemplo de
fontes
Investimento em US$
Biogás de aterros
sanitários, P> 800 kW

Cun eólica em
US$/kW,
2500<P<31500 kW

Cun solar em US$/kW,


5<P<30000 kW

Cun de PCHs em
US$/kW

Essas equações são só


exemplos, não as usaremos!
Valor presente líquido (VPL)
𝑚
𝑅 − 𝐶 𝑂𝑀
𝑉𝑃𝐿=∑ 𝑡
−𝐼 Se VPL>0, Viável
𝑡 =1 (1+𝑖)
I = investimento inicial em $; Se VPL = 0, neutro

Se VPL <0, inviável


R = receita de venda de energia em $/ano;

COM = custo de operação e manutenção: normalmente adotado como um


percentual do investimento inicial em $/ano

COM = k%.I;

k = constante em função da fonte (2.5% para Pequenas Centrais Hidrelétricas e


5% para biogás);

i = taxa de desconto % = SELIC + fator de risco;


Levelized Cost of Electricity
(LCOE) ∑
𝑚
𝐶𝑛
(1+ 𝑖)
𝑡
𝑡 =0
𝐿𝐶𝑂𝐸 = 𝑚
𝐸
∑ (1+ 𝑖)
𝑡
𝑡 =0
Cn = custo daquele ano
LCOE = tarifa minima de
venda de energia para
t = 0 -> Cn = I viabilidade

Se LCOE<T, Viável
t >0 -> Cn = COM
Se LCOE = T, neutro

En = Energia produzida naquele ano Se LCOE>T, inviável

Importância LCOE:
t = 0 -> En = 0
Comparação entre fontes

t >0 -> En = E Planejamento


Exemplo LCOEs
Variações das tarifas no leilão

LCOE deve ser MENOR que tarifa


Outras métricas
Payback e TIR – Medidas de atratividade
Se Payback maior que zero -> Viável

Σ 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 Se menor que zero -> inviável


𝑃𝑎𝑦𝑏𝑎𝑐𝑘=
Σ 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎𝑠
Métrica para análises curtas (menor que 5 anos)

Não considera a inflação - incompleto

Se TIR > TMA, viável

Se TIR<TMA, inviável

Quanto maior a TIR, mais atrativo

Comparação entre investimentos


Referências
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Acesso: 19/11/2020.
ANEEL. Agência Nacional de Energia Elétrica. Resolução Normativa 687, 2015. Disponível em <http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren2012482.pdf>.
Acesso: 19/11/2020.
ANEEL. Agência Nacional de Energia Elétrica. Regulação do Setor Elétrico. 2017. Disponível em <https://www.aneel.gov.br/regulacao-do-setor-
elétrico>. Acesso: 18/02/2020.
ANEEL. Agência Nacional de Energia Elétrica. Aprovado edital do leilão A-6 deste ano. Disponível em <https://www.aneel.gov.br/web/guest/sala-de-
imprensa-exibicao-2/-/asset_publisher/zXQREz8EVlZ6/content/id/19223109>. Acesso 18/11/2020.
BAJAY, S.V. JANNUZZI, G. M. HEIDEIER, R. B. VILELA, I. R. PACCOLA, J. A. GOMES, R. Geração distribuída e eficiência energética.
Reflexões para o setor elétrico de hoje e do futuro. International Energy Initiative – IEI Brasil, 1ª Ed. Campinas, 2018.
BEN. Balanço Energético Nacional de 2019. Empresa de Pesquisa Energética, 2020. Disponível em <https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-
dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-479/topico-521/Relato%CC%81rio%20Si%CC%81ntese%20BEN%202020-ab
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BEN. Balanço Energético Nacional de 2020. Empresa de Pesquisa Energética. 2021. Disponível em <https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-
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SANTOS, I. F. S. CAMACHO, R. G. R. TIAGO FILHO, G. L. BOTAN, A. C. B. VINENT, B. A. Energy potential and economic analysis of
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TOGAWA, V. Mercado Livre de Energia. 2018. Disponível em <https://togawaengenharia.com.br/blog/mercado-livre-energia/>. Acesso: 20/10/2020.
Fim!
Obrigado!!!
E-mail: Ivanfelipedeice@hotmail.com

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