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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

INSTITUTO DE RECURSOS NATURAIS


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
LABORATÓRIO DE ENGENHARIA QUÍMICA I

EXPERIMENTO: Sedimentação

Itajubá, 07 de novembro de 2022.


UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ
INSTITUTO DE RECURSOS NATURAIS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
LABORATÓRIO DE ENGENHARIA QUÍMICA I

EXPERIMENTO: Sedimentação

ANA JULIA MACIEL FERREIRA – 2019008179


TARCÍSIO DE OLIVEIRA KLEIN – 2019002630
VICTORIA DE SOUZA GONÇALVES - 2019010990

Professora: MAISA TONON BITTI PERAZZINI

Itajubá, 07 de novembro de 2022.


RESUMO

O experimento de sedimentação verifica a interação de fluidos em fase líquida


com sólidos. Empiricamente, a determinação de diversas propriedades dos
sedimentos se assemelha aos valores reais encontrados na indústria. Sendo
assim, determinar uma área de projeto para um sedimentador contínuo.
Ademais, elaborou-se uma solução de 0,04g/ml de carbonato de cálcio, visto
que, após sua diluição, contabilizou-se os tempos para cada etapa de sua
sedimentação, retirando a maior parte da água e secando a lama restante por
cerca de 72 horas antes de pesá-la e determinar a concentração final do fluido.
Obteve-se então a curva da coluna de fluido clarificado pelo tempo, além de
outros de outros valores experimentais que possibilitaram definir uma área de
projeto para sedimentadores contínuos de área dada. Enfim, pelo método de
Biscaia Jr., constatou-se duas áreas para dois valores de vazão, sendo que, o
erro elevado da balança tornou os resultados pouco confiáveis no decorrer do
experimento.

PALAVRAS-CHAVE: Sedimentos; sedimentador contínuo; concentração.

Objetivos: Realizar o ensaio de sedimentação em proveta, utilizando uma suspensão de


CaCO3 e aplicar o método de Biscaia Jr. para determinar a área de um sedimentador
contínuo.
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1. INTRODUÇÃO

A finalidade da operação de sedimentação é a separação das partículas sólidas ou


gotas de líquido através de um fluido, que pode ser um gás ou um líquido, ou de líquidos
imiscíveis de diferentes densidades de uma solução, em que a força motriz de separação
é a gravidade ou a força centrífuga. O mecanismo da sedimentação é facilmente
compreendido por meio do teste de proveta, conforme representado na Figura 1.
No início do ensaio a suspensão é homogênea e a concentração da fase particulada
é constante em todos os pontos ao longo da altura da proveta. Instantes depois, as
partículas maiores começam a sedimentar e a formar uma fina camada de partículas no
fundo da proveta, que é a região de compactação. Esta região é formada por aglomerados
mais concentrados e com maior velocidade de sedimentação. Aglomerados finos
sedimentam mais lentamente, originando uma região intermediária, que é a região de
sedimentação livre. Quando as partículas começam a sedimentar, tem-se início da região
de líquido clarificado, isenta de partículas sólidas.
Com o decorrer do teste as alturas das regiões variam: as regiões de líquido
clarificado e de compactação tornam-se maiores em virtude do desaparecimento da região
de sedimentação livre. A seguir, o teste atinge uma situação na qual somente existe uma
região de compactação e uma região de líquido clarificado (CARVALHO, 2019).

Figura 1. Regiões características de um ensaio de sedimentação em proveta.

Fonte: Carvalho, 2019.


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O método de Biscaia Jr. é uma simplificação do método de Kynch. Biscaia


verificou que o trecho curvo que segue o trecho linear inicial podia ser bem ajustado por
uma função exponencial, conforme pode ser evidenciado na Figura 2.

Figura 2. Trechos linear e exponencial da curva z versus t do teste de proveta.

Fonte: Silva et al., 2018.

Impondo apenas a continuidade das funções linear e exponencial no ponto de


coordenadas (te, Ze), chega-se na Equação (1).

𝑄𝐴 𝑍0
( ) 𝑝𝑟𝑜𝑗 = (1)
𝑆 𝑡𝑚𝑖𝑛

Onde S é a área transversal do sedimentador e QA é a vazão volumétrica de


alimentação e tmin é o instante durante o teste de proveta associado à altura Zmin dada pela
Equação (2).
𝐶𝑎 𝑧0
𝑧𝑚𝑖𝑛 = (2)
𝐶𝑅

Em que CA é a concentrações de sólidos na alimentação e CR é a concentração de


sólidos retidos, expressos em massa de sólido/volume de suspensão.
Embora o método experimental represente a sedimentação somente a nível de
bancada, esta aplicação pode ser explorada em larga escala como nos processos de
efluentes, na sedimentação de partículas na indústria de bebidas, para a remoção de areia
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a fim de evitar erosão e entupimento em bombas e instalações mecânicas (SILVA et al.,


2018).

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1. Materiais

Os materiais utilizados para a execução do procedimento estão apresentados


abaixo:

• CaCO3;
• Proveta de 1000 mL;
• Bastão de vidro;
• Cronômetro;
• Trena;
• Lanterna;
• Espátula;
• Estufa;
• Béquer 250 mL;
• Béquer 500 mL;
• Balança digital;
• Pipetador automático;
• Pipeta volumétrica 50 mL.

Para minimizar a ocorrência de erros durante a realização dos cálculos e gráficos,


utilizou-se o software Microsoft Excel.

2.2. Metodologia

O experimento iniciou-se a partir do preparo de uma solução de cal com


concentração de 0,04 g/mL em uma proveta de 1000 mL. Para isso, pesou-se 40 gramas
de CaCO3 em um béquer de 500 mL, com o auxílio de uma balança digital, como
indicado na Figura 3, em paralelo adicionou-se 1000 mL de água na proveta graduada,
como indicado na Figura 4 e, na sequência, adicionou-se o cal pesado anteriormente à
água e agitou-se com um bastão de vidro para a homogeneização, indicado na Figura 5.
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Figura 3. Pesagem do CaCO3

Fonte: Elaboração própria, 2022

Figura 4. Adição de água na proveta graduada

Fonte: Elaboração própria, 2022


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Figura 5. Homogeneização da solução de CaCO3

Fonte: Elaboração própria, 2022

Parou-se a agitação e no mesmo instante iniciou-se o cronômetro e a medição da


altura inicial da suspensão.
A partir desse instante mediu-se a altura do líquido clarificado, a cada 2 (dois)
minutos, com o auxílio do cronômetro e da trena. As medições de altura foram realizadas
a cada 2 (dois) minutos, até que se completasse 20 minutos e, após, mediu-se a cada 4
(quatro) minutos até que se estabelecesse uma constância nas medidas.
Após 14 medidas realizadas e a constância obtida, cessou-se as medidas de altura
e deu-se início à retirada do líquido com o auxílio de uma pipeta volumétrica de 50 mL e
o pipetador automático, como indicado na Figura 6.
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Figura 6. Retirada do líquido clarificado

Fonte: Elaboração própria, 2022

Acumulou-se todo o líquido retirado em um béquer de 500 mL e, na proveta,


restou-se cerca de 110 mL da solução, como indicado na Figura 7. Agitou-se novamente
a solução restante na proveta e transferiu-a para um béquer de 250 mL, porém, não foi
possível transferir 100% da solução para o béquer e, assim, colocou-se mais 50 mL do
líquido retirado para que pudesse utilizá-lo como um carregador do material sólido ainda
restante na proveta e, assim, agitou-se pela última vez à solução contida na proveta e
transferiu-a para o béquer.

Figura 7. Solução restante na proveta

Fonte: Elaboração própria, 2022.


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Esperou-se sedimentar parte do sólido suficiente para que pudesse retirar mais
uma quantidade de líquido clarificado e, após, retirou-se cerca de 10 mL do líquido e
transferiu-o para o béquer de 500 mL que continha todo o líquido retirado. Todo o líquido
foi descartado.
Pesou-se o béquer de 250 mL com o sólido sedimentado e levou-se o béquer para
a estufa para que toda a umidade fosse retirada e, assim, conhecendo a massa de sólido
da amostra.
Após 72 horas o béquer foi retirado da estufa e pesado, como indicado na Figura
8.

Figura 8. Pesagem do sólido seco

Fonte: Elaboração própria, 2022

Enquanto aguardava as 72 horas de estufa, deu-se início aos cálculos e a


construção do gráfico. Iniciou-se tal etapa calculando a área do sedimentador, a partir da
Equação (3), utilizando o método de Biscaia Jr.

𝑄
𝐴𝑝𝑟𝑜𝑗𝑒𝑡𝑜 = 𝑍0 (3)
𝑡𝑚𝑖𝑛

Onde 𝐴𝑝𝑟𝑜𝑗𝑒𝑡𝑜 é a área do sedimentador, Q é a vazão, 𝑍0 é a altura inicial


da suspensão na proveta e 𝑡𝑚𝑖𝑛 é o tempo correspondente a 𝑧𝑚𝑖𝑛 . Para obter-se 𝑧𝑚𝑖𝑛 ,
utilizou-se a Equação (4).
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𝑐0
𝑍𝑚𝑖𝑛 = 𝑍0 (4)
𝐶𝐿

Sendo 𝑐0 a concentração de sólidos na alimentação e 𝐶𝐿 a concentração de sólidos


na lama final.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Resultados e tratamento estatístico

Partindo das alturas visualizadas nos primeiros 20 minutos e nos 16 seguintes,


pode-se obter os valores da Tabela 1.

Tabela 1. Dados experimentais obtidos

Tempo Altura (m)


120 (0,330 ± 0,005)
240 (0,280 ± 0,005)
360 (0,230 ± 0,005)
480 (0,170 ± 0,005)
600 (0,115 ± 0,005)
720 (0,053 ± 0,005)
840 (0,053 ± 0,005)
960 (0,044 ± 0,005)
1080 (0,042 ± 0,005)
1200 (0,040 ± 0,005)
1440 (0,039 ± 0,005)
1680 (0,038 ± 0,005)
1920 (0,038 ± 0,005)
2160 (0,038 ± 0,005)
Fonte: Elaboração própria, 2022.

A partir dos valores empíricos, desenvolve-se a Figura 9, cuja representa como a


altura varia em função do tempo e auxilia na análise de como o ocorre a sedimentação
nas substâncias utilizadas.
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Figura 9. Variações de altura com base no tempo.

Fonte: Elaboração própria, 2022.

Verifica-se pelo gráfico, um comportamento linear e de rápido decaimento até


cerca de 700 segundos, todavia, após a sedimentação do maior volume de partículas, as
que se mantiveram em suspensão são depositadas no fundo do recipiente de maneira lenta,
ocasionando um comportamento que se aproxima da constância.
Além disso, utilizando os valores de massa dados pela Tabela 2, pôde-se calcular
os valores de concentração.

Tabela 2. Valores experimentais para a determinação da concentração.

m0 (40 ± 5)g
V0 (1000 ± 20)ml
C0 0,04g/ml
mf (40 ± 5)g
Vf (160 ± 10)ml
Cf 0,25g/ml
Fonte: Elaboração própria, 2022.

Assim, considerando a altura inicial igual a 0,330m, com base na Equação (4),
temos que, 𝑧𝑚𝑖𝑛 é igual a 0,053m.
Aplica-se o valor de 𝑧𝑚𝑖𝑛 na curva determinada na Figura 9, entretanto,
considerando-se que o valor de z insere-se na parcela linear do gráfico, logo, a partir da
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equação da reta ajustada aos pontos experimentais (y= (-0,0005)x + 0,3903), determina-
se 𝑡𝑚𝑖𝑛 , que seria igual a 674,6s.
Enfim, elabora-se a Tabela 4, a fim de organizar os dados obtidos e aplica-los a
Equação (3) para a determinação da área do sedimentador contínuo, considerando as
vazões fornecidas.

Tabela 3. Dados para a definição das áreas para os sedimentadores contínuos.

tmin (h) 0,187 0,187


z0 (m) (0,330 ± 0,005) (0,330 ± 0,005)
Q (m³/h) 50 500
Aprojeto (m²) 28,333 283,333
Fonte: Elaboração própria, 2022.

Por fim, nota-se que somente a vazão, após definidos os outros parâmetros, é
considerada variáveis na equação, sendo dividida por um termo constante. Além disso,
como vazão e área são diretamente proporcionais, para saídas com valores altos, tem-se
a inviabilização do projeto, devido a áreas de grandes dimensões.

3.2. Causas de erro

O primeiro erro está relacionado ao CaCO3 utilizado, sendo que aparentemente


ele já foi reutilizado e, assim, sua sedimentação foi diferente do que seria para um material
nunca utilizado.
Em relação à transferência de recipientes pode-se associar dois erros, sendo o
primeiro relacionado à perda de material, caindo para fora do recipiente ou ficando retido
na parede das vidrarias, como indicado na Figura 10, que pode interferir no resultado final
do experimento, além da perda de precisão das vidrarias, mudando de um material
graduado pra outro.
Figura 10. Material sólido retido na proveta

Fonte: Elaboração própria, 2022.


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Por último, há um erro associado à balança utilizada, sendo ela uma balança digital
e não uma balança analítica então a precisão dela é menor e, assim, o resultado pode ser
diferente caso os materiais fossem pesados em uma balança analítica.

4. CONCLUSÃO

Observando-se os dados obtidos, verifica-se que é possível determinar as


informações para a projeção de um sedimentador contínuo em laboratório, todavia,
considerando o experimento realizado, há baixa confiança nos dados obtidos, uma vez
que, o erro da balança é muito alto.
Constata-se que, com a utilização do método de Biscaia Jr., para o experimento
praticado, estabeleceu-se resultados adequados, confirmando a eficácia do método nas
condições analisadas.
Por fim, identifica-se que para corpos muito leves a operação de sedimentação
torna-se pouco eficaz, considerando que a maior parte das partículas ficará em suspensão
por um longo período de tempo, o que tornaria o sedimentador contínuo ineficiente,
devendo-se optar por um sedimentador de batelada ou outro equipamento para separação.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, L. C. SEPARAÇÕES MECÂNICAS. Apostila de Operações Unitárias I.


Lorena-SP, 2019. Acesso em: 06 de nov. de 2022.

SILVA, V. Q. et al. DIMENSIONAMENTO DE SEDIMENTADORES CONTÍNUOS


COM BASE NA MODELAGEM MATEMÁTICA DA SEDIMENTAÇÃO EM
PROVETA. Revista Mundi Engenharia, Tecnologia e Gestão. Paranaguá, PR, v.3, n.2.
2018. Acesso em: 06 de nov. de 2022.

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