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1.

INTRODUÇÃO

A mecânica dos fluidos é uma área que estuda o comportamento dos fluidos e as leis
que o regem. A reologia é o ramo que aborda a deformação e o escoamento da matéria, ou
seja, estuda as propriedades físicas que interferem no transporte de quantidade de movimento
de um fluido, como por exemplo, a viscosidade, plasticidade e elasticidade.

A viscosidade, propriedade reológica determinada durante este experimento, é a


resistência que um fluido possui, devido ao atrito das suas camadas internas, a fluir, escoar.
Quanto maior a viscosidade, maior a resistência ao escoamento. Ela é influenciada pela
temperatura a qual o fluido é submetido, sendo possível observar uma relação de
proporcionalidade inversa. Ou seja, quando ocorre aumento na temperatura, a viscosidade
tende a diminuir. Isso ocorre porque o aquecimento diminui a atração entre as moléculas do
fluido, deixando-as mais “livres”, o que gera diminuilção na viscosidade.

A viscosidade pode ser determinada pelo uso de equipamentos conhecidos como


viscosímetros, através da análise da resistência do fluido ao escoamento ou através do
movimento rotacional de um elemento em contato com o fluido, ou ainda, pela medida da
velocidade da queda de uma esfera no fluido. O viscosímetro utilizado no experimento é o
último mencionado, denominado viscosímetro de Hoppler, no qual é medido o tempo que a
esfera gasta para percorrer determinada distância entre dois pontos.

Os fluidos podem ser classificados, de forma geral, em Newtonianos ou não


Newtonianos. Os fluidos Newtonianos possuem taxa de deformação diretamente proporcional
à tensão de cisalhamento e sua viscosidade é constante, independente da taxa de deformação,
em uma dada temperatura. A água utilizada durante a prática é exemplo de um fluido
Newtoniano. Os fluidos não Newtonianos não respeitam essas relações, suas taxas de
deformação não são diretamente proporcionais à tensão de cisalhamento. Eles podem ainda ser
classificados em: pseudoplásticos, dilatantes, plásticos, plásticos de Bingham, tixotrópicos e
reopéticos.

A reologia tem importância fundamental na área farmacêutica, devido a necessidade de


atender às propriedades que determinado produto deve possuir para garantir sua eficiência,
como por exemplo, sua consistência, sua viscosidade, espalhabilidade e capacidade de
permanecer, mudar ou retornar a determinada forma física (seja ela sólida, líquida ou semi-
sólida, etc.). É empregada no desenvolvimento e no controle de qualidade de cosméticos,
medicamentos, emulsões, cremes dentais, supositórios, dentre outros. Assim como também
tem sua utilização na indústria alimentícia, no controle de qualidade e no desenvolvimento de
produtos.

O objetivo do experimento é determinar a viscosidade de dois fluidos: o azeite de coco


de babaçu (Orbignya spp.) e a água, nas temperaturas de 27, 40 e 50 graus. Além de analisar as
propriedades reológicas de ambos os fluidos, a relação entre temperatura e viscosidade, tensão
e taxa de cisalhamento.
2. METODOLOGIA

MATERIAIS UTILIZADOS

 2 VISCOSÍMETROS DE HOPPLER
 CRONÔMETROS
 2 PARES DE LUVA
 PAPEL INTERFOLHAS
 2 BÉQUERES DE 100 mL
 6 BÉQUERES DE 50 mL
 50 mL DE ÁGUA DESTILADA
 50 mL DE AZEITE DE COCO BABAÇU

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Primeiramente, utilizar luvas. Retirar as esferas de vidro e de aço dentro dos


viscosímetros de Hoppler e limpar com papel. Nivelar a bolha atrás dos equipamentos dos
viscosímetros e preencher os tubos internos com o fluido a ser analisado, deixando 25 mm de
espaço livre e não fechar a extremidade superior do tubo.

Verificar a temperatura do banho e liga-la. Quando atingir a temperatura de 27°C,


colocar as esferas de número 1 na parte de cima dos tubos. A esfera de aço deve ser colocada
no viscosímetro que contém azeite de coco babaçu e a esfera de vidro deve ser colocada no
tubo com água. Iniciar a contagem do tempo quando as esferas passarem totalmente da
primeira linha da marcação no viscosímetro e parar quando passarem completamente da
segunda linha de marcação. Anotar os tempos de queda das esferas.

Ao atingir a temperatura de 40°C, repetir o processo realizado anteriormente, utilizando


as esferas número 2 e, novamente anotar os tempos de queda das esferas.

Na temperatura de 50°C mais uma vez repetir o processo, dessa vez, com as esferas
número 3 e anotar os tempos de queda das esferas.

Por último, calcular a viscosidade dinâmica do fluido.


4. Resultados

a) Caracteriza-se pela viscosidade ser independente da taxa de deformação a que o fluido está
submetido por apresentar um único valor de viscosidade a uma dada temperatura. Além disso,
a tensão de cisalhamento é diretamente proporcional à taxa de deformação, como é atestado
na equação abaixo:

=μ.Ỳ, onde:

=tensão de cisalhamento (Pa)


μ = viscosidade dinâmica/newtoniana (Pa.s)

Ỳ = taxa de deformação (s −1)

Sendo μ, a constante de proporcionalidade associada à equação.

b)

1 - Tabela de Parâmetros

Temperatura
(°C)
Esfera d1 (g/cm3 ) d2 (g/cm3 ) - Fluido K (cP.cm3/g.s) Tempo de Queda (s)

Aço Vidro Babaçu Água Aço Vidro Aço Vidro

1 27 8,13 2,407 0,92070 0,99654 0,1367 0,08167 17,85 24,47

2 40 8,13 2,408 0,91080 0,99220 0,1367 0,01071 14,75 23,98

3 50 8,12 2,408 0,90550 0,98810 1,144 0,01071 1,23 4,20

2 – Cálculo de Viscosidade Dinâmica

Experimento 1 – Esferas de aço em azeite de coco babaçu:

27 °C (300 K): η = 17,85 s (8,13 g/cm3 – 0,92070 g/cm3 ) 0,1367 cP.cm3/g.s = 17,59 cP

40 °C (313 K): η = 14,75 s (8,13 g/cm3 – 0,91080 g/cm3 ) 0,1367 cP.cm3/g.s = 14,56 cP
50 °C (323 K): η = 1,23 s (8,12 g/cm3 – 0,90550 g/cm3) 1,144 cP.cm3 /g.s = 10,15 cP

Experimento 2 – Esfera de vidro em água:

27 °C (300 K): η = 27,47 s (2,407 g/cm3 – 0,99654 g/cm3) 0,08167 cP.cm3/g.s = 3,16 cP

40 °C (313 K): η = 23,98 s (2,408 g/cm3 – 0,99220 g/cm3) 0,01071 cP.cm3/g.s = 0,36 cP

50 °C (323 K): η = 4,20 s (2,408 g/cm3 – 0,98810 g/cm3 ) 0,01071 cP.cm3/g.s = 0,06 cP

1
c) Gráfico log η (cP) x (K)
T

1 – Azeite de coco babaçu

1
log η (cP) (K)
T
r = 0,9643
1,25 3,33 x 10−3

1,16 3,19 x 10−3

1,01 3,10 x 10−3

2 – Água destilada

1
log η (cP) (K)
T

0,50 3,33 x 10−3

-0,44 3,19 x 10−3

-1,22 3,10 x 10−3

r = 0,9975

A relação é diretamente proporcional, contudo a correlação é mais acentuada na água


destilada, acarretando em um coeficiente mais próximo a 1,0.

d) Foto.

e) Porque a viscosidade dos fluidos empregados no experimento é diferente. Dessa forma, é


necessário que, para o fluido mais viscoso, uma esfera de densidade mais elevada seja utilizada,
para que a esfera possa vencer a resistência à passagem, atravessando o fluido. Ademais, a
viscosidade diminui com o aumento da temperatura para o tipo de comportamento desses
fluidos, o que pode ser comprovado pelos valores obtidos para o “Tempo de queda”, que
sofreram um decréscimo nas posteriores temperaturas previamente determinadas, 40 e 50 °C.
Principalmente, a 50 °C.

Em outras palavras, as esferas possuem densidades diferenciadas para permitir que, através do
“Tempo de queda”, seja possível mensurar a viscosidade inerente aos fluidos. A densidade da
esfera é importante, pois dependendo de quão elevada for ou não e da capacidade de resistir à
passagem que o fluido apresentar, ocorrerá variação no “Tempo de queda”, podendo ou ser
muito longo ou muito curto, impossibilitando uma medição mais exata, em ambos os casos.

No primeiro, pela temperatura manter-se ascendendo durante o percurso da esfera


prolongado. Já no segundo, pela dificuldade em mensurar, devido à alta velocidade com que
atravessa o fluido.

5. Discussão

Os procedimentos descritos no Procedimento Experimental do roteiro foram seguidos à risca.


No entanto, notou-se alguns valores discrepantes, quando comparados aos considerados como
“Verdadeiros”.

No que diz respeito ao experimento 1, em que foram utilizadas esferas de aço empregando-se
como fluido o azeite de coco babaçu, a medida a 27 °C foi tida como alterada, mesmo sendo a
esfera 1, a única das três, a que repousava em um becker, e não no viscosímetro de Höppler.

Anteriormente ao experimento, um vazamento do fluido estava ocorrendo, o qual foi


controlado. Portanto, não deve ter sido pela homogeneidade da temperatura no fluido.
O motivo mais verossímil é de que o atraso na inserção da esfera tenha acarretado o valor
divergente para a medida pela temperatura ter ascendido, diminuindo, assim, a viscosidade do
fluido. O tempo deveria ter sido algo em torno de 23 a 24 segundos, embora que o que se obteve
fora de 17,85 segundos.

Quanto ao segundo experimento, em que foram utilizadas esferas de vidro empregando-se


como fluido a água destilada, a medida a 40 °C foi tida como alterada. Pode ter sido pela
deposição residual sobre a superfície da esfera, visto que deve estar o mais limpa quanto
possível para a execução do experimento. Todavia, o motivo mais plausível é de que a esfera n°
2 tenha sido trocada pela esfera n° 1, já que o valor obtido aproxima-se do observado para a
esfera n° 1.

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