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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS - UFGD

FACULDADE DE ENGENHARIA - FAEN


CURSO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS

PRÁTICA nº 2: Sedimentação

Trabalho realizado para fins de avaliação parcial da


disciplina de Laboratório de Engenharia_2016/2,
ministrada pela Professora Raquel Manozzo Galante.

Turma: P2/Grupo A
Acadêmicos: Karina Sayuri Ueda
Raísa Crepaldi
Sarah Mantovani

Dourados, 22, novembro, 2016.

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1. OBJETIVO
Aplicar o método de Kinch e realizar cálculos a fim de determinar a área mínima do
sedimentador, além de determinar o comportamento de sedimentação e a relação entre a
concentração e a velocidade de sedimentação.

2. INTODUÇÃO TEÓRICA
A sedimentação é considerada uma operação de separação sólido-líquido fundamentada
na diferença entre as concentrações das fases presentes na suspensão a ser processada, estando
sujeitas à ação do campo gravitacional (CREMASCO, 2012).
De acordo com CREMASCO (2012), é possível observar um exemplo qualitativo da
operação de sedimentação avaliando a velocidade terminal da partícula isolada. Sendo assim,
partículas esféricas, maiores em diâmetro e massa específica proporcionarão maior valor para a
velocidade terminal. Portanto, decantarão mais rapidamente se confrontadas a partículas não
esféricas e de diâmetro e massa específica menores. Deste modo, fatores como a natureza
morfológica e granulométrica das partículas, além de características do tanque de sedimentação
(altura, diâmetro, vazão no overflow e no underflow) podem comprometer essa operação unitária.
O ensaio de proveta é empregado para o projeto de espessadores e é fundamentado na
curva de decantação. Este ensaio mostra uma sequência de eventos que ocorre numa polpa que é
deixada sedimentar numa proveta (SOUSA, 2012).
A figura 1 apresenta eventos que acontecem quando a polpa é deixada sedimentar numa
proveta por um determinado tempo. Observa-se que, num determinado tempo, ocorre a formação
de uma interface entre polpa (B) e a água clarificada (A). Esta interface move se para baixo,
inicialmente rápido, mas depois muito lentamente, até parar. No fundo da proveta, existem duas
interfaces: uma polpa mais densa (E) e uma interface menos densa, um pouco mais diluída (D).
Nota-se que num determinado momento existe apenas as interfaces A, D e E, pois, as partículas
que estavam sobrenadando, na interface B, sedimentaram-se. Nota-se também uma transição
entre as interfaces B e C que é chamada de ponto crítico, que também é chamado de regime de
compressão. No regime de compressão, as partículas estão muito próximas umas das outras,
ocorrendo o adensamento entre elas, devido ao peso das partículas sobrenadantes (SOUSA,
2012).

Figura 1- Etapas de teste de proveta e regiões formadas durante a sedimentação (Faust, 1982).

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2.2.Método de Kynch
Em seu trabalho, Kynch estabeleceu um método para determinar o par de variáveis,
concentração (C) e velocidade de sedimentação (Vs), necessário ao cálculo do fluxo de sólidos,
com apenas um teste de proveta. Conhecendo – se a concentração inicial e o comportamento da
interface descendente é conveniente introduzir a velocidade superficial da partícula na suspensão
ou fluxo de partículas, ou seja, o número de partículas que atravessam uma seção horizontal do
recipiente de dispersão por unidade de área por unidade de tempo.
Fs=Cs.Vs
Sendo a concentração volumétrica de sólidos sua velocidade intersticial, o fluxo de
partículas (MEDEIROS, 2014).
Sendo assim, Kynch desenvolveu, em 1952, um método de dimensionamento de
sedimentadores que requer apenas um ensaio que forneça a curva de decantação (Z versus θ)
mostrada na Figura 4. Tanto (C) como (u) podem ser calculadas diretamente da curva de
sedimentação. Traçam-se tangentes em diversos pontos da curva e determinam-se os valores de
θ, Z e Zi.

Figura 2. Cálculo da concentração e velocidade no modelo de Kynch.

Os dados de concentração e velocidade de sedimentação específica para cada sistema


sólido-fluído podem ser determinados por ensaios de proveta clássico do modelo de Kynch (Figura
2).

Figura 3. Determinação gráfica de u e C pelo método de Kynch

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Com a construção gráfica descrita calculam-se os diversos pares de valores da
concentração e da velocidade de decantação, com os quais são calculados os pontos
correspondentes da seção transversal. O valor máximo obtido para a área (S) corresponderá à
área mínima exigida para o sedimentador.
Deve-se acentuar que a curva de sedimentação determinada no laboratório aplica-se
somente à suspensão ensaiada e que os resultados podem ter algumas incertezas. Um exemplo
segundo FOUST et al, (1959). Deve-se usar a proveta de maior diâmetro, para minimizar os efeitos
de parede. Os ensaios devem ser feitos também em profundidade comparáveis à profundidade
que se terá na unidade projetada (FOUST, 1982).

3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Materiais
 1 Proveta de 100mL de plástico;
 1 Proveta de 100mL de vidro;
 1 Proveta de 50mL de vidro
 Cronômetro;
 Régua de 50cm;
 Pó de talco;
 Balança semi-analítica;
 Espátula;
 Bastão de vidro;
 Luva;
 Caneta para vidro;
 1 Béquer de 500mL.

3.2. Metodologia do ensaio


Neste experimento foi utilizado o método de kynch, por ser o método mais usado em
laboratórios, já que o tempo estimado para o experimento é menor e mais viável para este caso.
O procedimento aconteceu da seguinte forma, utilizando 2 etapas em sequencia:
Etapa 1 – Preparação da solução:
1 - Primeiramente taramos o béquer de 500mL e pesamos 115,1g de pó de talco;
2 - Colocamos 1000mL de água na proveta de plástico;
3 - Uma parte desta água foi despejada no béquer como s 115,1g de pó de talco para que
o mesmo fosse previamente diluído com o auxilio de um bastão de vidro;
4 - Transferimos a solução diluída do béquer para a proveta de vidro de 1000mL com o
auxilio de uma espátula, e fomos “lavando” a parede do béquer o a água da proveta de plástico
para que não houvesse desperdício de pó, e adicionando na proveta de vidro, até que que o

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béquer e os utensílios não apresentassem mais vestígios da solução, para que não houvesse
nenhum desperdício, assim tento resultados mais precisos;
5 - Verificamos quantos mL de água sobraram na proveta de plástico, para sabermos
exatamente a quantidade de água utilizada na diluição;
6 - Completamos os 1000mL, na proveta de vidro, com água;
7 – Por ultimo fizemos a homogeneização da solução, agitando manualmente com o auxilio
de uma luva, para evitar vazamentos, e delicadamente para que não houvesse grande produção
de espuma, o que atrapalha um pouco a visualização;
Etapa 2 – Medições da altura do espessado:
1 - Após a homogeneização, colocamos a proveta na bancada e imediatamente
começamos a cronometrar;
2 - A cada intervalo de tempo, dados na tabela apresentada nos resultados, marcávamos a
altura do espessado, com uma caneta, na própria proveta. Assim conseguimos acompanhar o
decaimento do espessado e a separação das fases;
3 - As medidas foram feitas até que a altura do espessado se estabilizasse, ou seja, a
sedimentação estivesse cessada;
4 - Após todas as medidas serem demarcadas devidamente, prosseguimos com o
experimento. Retiramos a proveta da base de plástico, para facilitar o manuseio da régua, a fim de
obter resultados mais precisos.
5 - Medidos inicialmente, com o auxilio de uma régua de 50cm, altura total da solução (Z 0),
em seguida medimos a distância de cada marcação de caneta da proveta, dada em cm, anotando
os resultados obtidos, que estão presentes na mesma tabela em que contem os intervalos de
tempo.

3.3.Metodologia de cálculo
Para o cálculo do experimento de proveta, foi preciso traçar várias tangentes à curva de
sedimentação, sendo no mínimo cinco e para cada tangente determinou-se pares de velocidade e
concentração. Após, para os pares de velocidade e concentração, foi necessário achar um valor de
área S. O valor da concentração na zona de lodo (C E) foi adquirido a partir da tangente que
demarca o ponto crítico, sendo que a altura de sedimentação mostrou-se aproximadamente
constante com o tempo de sedimentação. Assim o maior valor de S determinado foi à área mínima
necessária para o projeto do decantador.

Contudo foram utilizadas as seguintes formulas para os cálculos amostrados nesse


relatório:

 Velocidade:
Zi−Z
u=
t
 Concentração:
5
Zo−Co
C=
Zi
 Concentração na zona de lodo (CE):

Zo−Co
Cϵ=

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
No decorrer do experimento foram obtidos alguns valores da altura de interface inferior do
liquido clarificado (água e talco) em função do tempo a qual está expressa na tabela 1 abaixo.

Tabela 1. Dados obtidos do tempo versus altura


Tempos (s) Z (m)
0 0,349
30 0,335
60 0,325
90 0,315
120 0,306
150 0,296
210 0,280
270 0,260
330 0,244
390 0,230
450 0,216
630 0,180
810 0,146
990 0,115
1170 0,108
1350 0,106

Conforme o tempo foi decorrendo, as alturas foram diminuindo, assim foi possível a
construção da curva tempo em função de Z (altura) e a partir disso foram obtidos vários pares de v
e c e no decorrer da sedimentação a velocidade da mesma diminui. A tabela 2 apresenta o gráfico
dessa variação de z no tempo de sedimentação

Gráfico 1. Variação da altura no tempo de sedimentação

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A partir do gráfico inicial foram traçadas 6 tangentes ao longo da curva a fim de calcular a
área necessária para o sedimentador. Portanto, por meio da intersecção entre a tangente e o eixo
das ordenadas foi possível determinar a altura mínima de sedimentação (Z i). Sendo os valores de
v, c e a área de decantação calculada através do método de Kynch.
A massa pesada do talco foi igual a 1,151 kg, volume de água adicionado foi 9,595x10 -4 m3,
a concentração 1199,583116 kg/m3. A partir desses dados pode-se calcular a área por meio de
expressões matemáticas que foram apresentadas no item 3.3. A tabela 2 abaixo expressa os
valores calculados a partir do método de Kinch.

Tabela 2. Valores encontrados através do Método de Kynch


Tempo (s) z (m) Zi (m) u (m/s) c (kg/m3) Ce (kg/m3) S (m2)
30 0,335 0,35 0,000500 1196,156 3949,571 3,884113
150 0,296 0,34 0,000293 1231,337 3949,571 6,349310
330 0,224 0,33 0,000321 1268,650 3949,571 5,550450
810 0,146 0,28 0,000165 1495,195 3949,571 8,371466
1170 0,108 0,18 6,15x10-5 2325,858 3949,571 9,570996
1350 0,106 0,13 1,78 x10-5 3220,419 3949,571 10,74499

O valor máximo obtido é igual a área mínima do sedimentador, o qual foi muitiplicado pelo
fator de segurança 2. Portando, A maior área encontrada está no tempo de 1350 segundos, sendo
igual a 10,74499 m2 e a partir dessa analise pode-se determinar a área mínima para construção do
sedimentador que será igual a 21,48998 m 2, aproximadamente 22 m2. Escolheu-se o maior valor,
pois foi é essencial que a velocidade ascendente do liquido não seja maior que a velocidade de
sedimentação da partícula mais lenta, sendo necessário também a multiplicação pela margem de
segurança.

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Como observado no experimento realizado, o método de Kinch proporciona um
dimensionamento adequado dos sedimentadores, já que, segundo Kinch (1952) a velocidade de
propagação diminui com o aumento de concentração de sólidos, sendo conhecida como método
das tangentes. Isso se aplica diretamente no experimento realizado e foi verificado que isso ocorre
de fato.
Pelo método de Kynch, pode-se notar a evolução da velocidade de sedimentação e
decantação com o tempo, com o passar desse tempo a velocidade da sedimentação diminui, pois
o mesmo tende a zero quando a concentração está em seu valor máximo, porque quando as
partículas estão próximas maior é a dificuldade do líquido ser expelido entre as partículas.
A figura abaixo a seguir, mostra o procedimento experimental realizado, onde nota-se as
interfaces da sedimentação

Figura 4. Processo de sedimentação

Como pode ser observado na figura acima, que houve a divisão das fases durante o
processo de sedimentação, pois em um determinado tempo ocorreu uma formação de interface
entre o talco e a água, no inicio notou-se essa interface movendo-se rapidamente, mas após um
período de tempo maior moveu-se mais lentamente até parar de variar a altura. Quando acabou o
procedimento, notou-se que as partículas, anteriormente sobrenadantes, sedimentaram-se. Essas
partículas ficaram bem próximas umas das outras proporcionando o adensamento entre elas por
causa do peso dessas partículas sobrenadantes.
O gráfico abaixo apresenta a relação entre a concentração e a velocidade plotado
utilizando os valores calculados da tabela 2.

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Gráfico 2. Relação entre concentração e velocidade

Concentração x Velocidade
0

0
velocidade

0 u (m/s)

0
1000 1500 2000 2500 3000 3500
concentração

Nota-se no gráfico que a velocidade de sedimentação tende a zero quando a concentração


atinge seu valor máximo e o inverso também ocorreu, pois em concentrações baixas ocorreu um
aumento na velocidade da sedimentação. Isso implica que a velocidade da reação depende
apenas da concentração local dos sólidos.
O que segundo a teoria de Kinch (1952) torna-se verdadeira, já que o mesmo descreveu a
velocidade de sedimentação das partículas na sedimentação como função exclusiva da
concentração volumétrica de sólidos e que a mesma tende a zero quando a concentração tende ao
seu valor máximo.

5. CONCLUSÕES
Os resultados obtidos foram os esperados e relacionando-os ao método aplicado
apresentou resultados satisfatórios, porém com algumas incertezas já que quando traçadas as
tangentes pode ter ocorrido um erro sistemático, e consequentemente ter comprometido o
dimensionamento da área.
Foi verificado que a relação entre concentração e velocidade segue a teoria de Kinch, onde
conforme a concentração aumenta a velocidade diminui o que causou a sedimentação das
partículas.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CREMASCO, M. A. Operações unitárias em sistemas particulados e fluidomecânicos. São Paulo:
Bluthcer, p. 423, 2012.
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FAUST, A. S. Princípios das Operações Unitárias. Rio de Janeiro: LTC, 1982.

KYNCH, G.J. A theory of sedimentation. Trans Faraday Society, v. 48, p. 166-177, London, 1952.
Medeiros, F.A.F. Dimensionamento da área de um sedimentador continuo. Trabalho de conclusão
de curso apresentado a Universidade Estadual da Paraíba, Departamento de Química, Curso de
Química Industrial. Campina Grande-PB, 2014.

Sousa, P.A. Espessamento de polpas. Trabalho de conclusão de curso apresentado para a Escola
de Engenharia da Universidade Federal de minas Gerais, Departamento de Engenharia de minas.
Abril, 2012.

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