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TRABALHO DE LABORATÓRIO DE

ENGENHARIA QUÍMICA II

GABRIEL FERREIRA
GISLAINE DEITOS
GUILHERME GABRIELLI
KARINE TUMELERO
PATRICIA FRANZEN

ENSAIO DE SEDIMENTAÇÃO

Universidade do Oeste de Santa Catarina


2019
1.INTRODUÇÃO
Para separar misturas de sólidos e líquidos podemos utilizar o
método sedimentação, que consiste em deixar a mistura em repouso até o sólido
se depositar no fundo do recipiente.
Na indústria química as partículas sólidas são uma presença quase
constante, seja ao nível das matérias-primas ou dos produtos. Assim, existem
processos de separação para lidar com a separação das partículas sólidas da
fase continua. Muitas vezes, esses mesmos processos, também se podem
adaptar à separação de duas fases liquidas de densidades diferentes, uma das
quais constitui a fase dispersa.
As operações de sedimentação na indústria química podem
efetuadas de forma contínua ou descontinua em equipamentos denominados
decantadores ou sedimentadores. E as operações de sedimentação podem ser
dividas em clarificação e espessamento. No espessamento o produto de
interesse é o sólido e na clarificação, o produto de interesse é o liquido
clarificado.
As operações de separação de partículas sólidas têm em comum o
mecanismo de transferência de quantidade de movimento, e a escolha do
equipamento de separação depende do tamanho e da concentração das
partículas sólidas.
Este trabalho tem como função aplicar o conhecimento adquirido em
Operações Unitárias 1, através de Laboratório de Engenharia Química II na
Unoesc/ Joaçaba. Tem como objetivo dimensionar a área de um sedimentador
continuo utilizando os métodos de Kynch e Talmadge & Fitch e dados de altura
x tempo da separação de uma suspensão diluída.
2. OBJETIVOS
Realizar um ensaio de sedimentação em batelada (teste de
sedimentação em proveta). Deve-se obter um fluido decantado com a maior
diluída, parte dos sólidos e um fluido límpido, para separar uma suspensão
utilizando para isto os métodos de Kynch e Talmadge & Fitch para
dimensionamento do diâmetro de um decantador.
3. REFERENCIAL TEÓRICO
A sedimentação é uma das operações unitárias mais utilizadas na
indústria química, como por exemplo, nas indústrias minério, alimentícias, no
tratamento de água, assim, como em estações de tratamento de efluente. É um
processo de separação sólido-fluido baseado na diferença de densidade entre o
sólido e o liquido. Pela ação da gravidade as partículas sólidas presentes em
uma corrente líquida são removidas, o que oferece ao processo as
características de baixo custo e grande simplicidade operacional (FRANÇA,
2007).
Segundo Foust et al.(2013), definem sedimentação como o o
processo de separação de uma suspensão, pela ação gravitacional, até se ter
um fluido límpido e uma lama com maior teor de sólidos.
Para o caso de partículas sólidas muito pequenas, a eficiência de
separação diminui drasticamente, inviabilizando a separação com padrões
aceitáveis, tornando-se então necessária a pesquisa de métodos para
otimização da eficiência de separação. Uma maneira de contornar tal situação
consiste na adição de agentes floculantes, cuja ação consiste em produzir
estruturas complexas (flocos) com os quais as partículas sólidas interagem e
podem ser adsorvidas. Tais estruturas possuem peso suficientemente alto para
promover a separação de forma adequada (NUNES, 2008).
De acordo com França (2007) vários fatores influenciam o processo
de sedimentação, entre eles estão á natureza das partículas, o pré-tratamento e
efeito de concentração de sólidos e área do sedimentador.
O mecanismo de sedimentação pode ser facilmente compreendido
por meio do teste de proveta, o qual se baseia no acompanhamento, no tempo,
do deslocamento axial da interface superior da suspensão tempo (CREMASCO,
2012)
Figura 01- Sedimentação em proveta

Fonte: Foust et al, Princípios das operações unitárias. Rio de janeiro: LTC, 2013.

A figura anterior demonstra uma solução preparada de modo a ter a


concentração uniforme ao longo de toda a altura da proveta, as partículas de
sólido são também quase uniformes. Logo que o processo de sedimentação
precipita, todas as partículas começam a sedimentar e aproximar-se das
respectivas velocidades terminais, em condições de sedimentação obstada.
Estabelecem-se zonas de concentração diferentes. A zona D é de sólidos
sedimentados que inclui, predominantemente, as partículas mais pesadas, com
sedimentação mais rápida. Numa zona de transição, acima do material
sedimentado, existem canais através do qual o fluido se eleva. Esse fluido é
expelido da zona D à medida que essa zona é comprimida. A zona C é uma
região de distribuição variável de tamanhos e de concentração não uniforme. A
zona B é uma zona de concentração uniforme, com aproximadamente a mesma
concentração e distribuição que a inicial. No topo da região B há uma fronteira
acima da qual está a região de liquido límpido, região A. se a suspensão original
for de partículas bem uniformes nas dimensões menores, a linha entre A e B é
bastante nítida (FOUST et al, 2013).
Conforme Foust et al. (2013), as operações de sedimentação
industrial podem efetuadas descontinuamente ou continuamente em
equipamentos denominados tanques de decantação ou decantadores,
classificados por sua vez em espessadores ou clarificadores. O equipamento é
um espessador quando o produto a que visa é a lama decantada, como, por
exemplo, num tratamento de minério. No clarificador o produto de interesse é um
liquido límpido, como no tratamento de água.
Segundo Fost et al. (2013), numa operação descontínua de
sedimentação, as alturas das várias zonas variam com o tempo. Num
equipamento que opera continuamente, as mesmas zonas estarão presentes.
No entanto, uma vez que se tenha atingido o estado permanente, as alturas de
cada zona serão constantes, conforme representado na figura 2.

Figura 02 - Zonas de sedimentação num sedimentador contínuo

Os sedimentadores são amplamente utilizados na indústria química


e por isso há um crescente interesse no conhecimento do dimensionamento e
operação desses equipamentos, com o fim de melhorar a utilização e eficiência
no atendimento aos objetivos operacionais (MEDEIROS, 2014).

3.1 MÉTODO DE KINCH

Kinch em 1952, desenvolveu uma teoria de matemática para a


sedimentação, a qual permitiu a redução drástica no número de ensaios,
relativos ao método de Coe e Clevenger. Com apenas um ensaio de proveta
tornou-se possível a obtenção do par, ao longo da curva que determina o
movimento da interface superior. Lançando mão apenas da equação da
continuidade para a fase particulada. Kinch apresentou uma teoria simplificada
útil para descrever a sedimentação em batelada (CREMASCO, 2012). Para isso
ele propôs as seguintes considerações: sedimentação unidimensional; a
concentração aumenta com o tempo no sentido fundo do sedimentador; a
velocidade de sedimentação tende ao valor quando a concentração tende ao seu
valor máximo; a velocidade de sedimentação depende somente da concentração
local de partículas; os efeitos de parede não são considerados.
Tanto C como v podem ser tirados diretamente da curva. Traçam-se
tangentes em diversos pontos da curva e determinam-se os valores de σ. Abaixo
estão as equações para o cálculo da velocidade (v) e da concentração (C):

Com a construção gráfica descrita calculam-se os diversos pares de


valores da concentração e da velocidade de decantação, com os quais são
calculados os valores correspondentes da seção transversal.
O valor máximo obtido corresponde à área mínima do decantador.
A área do decantador pelo método de Kinch é obtida pela fórmula:

Onde:

Qo: vazão volumétrica de suspensão alimentada ao decantador


Co: concentração de sólidos na suspensão alimentada
V: velocidade de decantação na zona limite
C: concentração da suspensão na zona limite
Cs: concentração da lama espessada

3.2. MÉTODO DE TALMADGE & FITCH

O método de Talmadge & Fitch (1955) baseia-se na determinação


do ponto crítico através de análise da curva de sedimentação nas seguintes
etapas: traçar a tangente à curva de sedimentação na zona de clarificação, traçar
a tangente à curva de sedimentação na zona de espessamento, traçar a bissetriz
entre as 2 retas, localizar o ponto crítico, traçar a tangente à curva de
sedimentação passando pelo ponto crítico e identificar Z1, Z.
Durante o ensaio de proveta a massa de sólidos é constante e no
processo de espessamento ocorre a remoção de uma certa quantidade de
líquido para que ocorra a alteração da concentração, têm-se que:

𝐶0. 𝑍0. 𝐴 = 𝐶𝑒. 𝑍𝑒. 𝐴 = 𝐶𝑒. 𝑍𝑒. 𝐴

𝑉𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 = 𝐴( 𝑍𝑐 – 𝑍𝑒)

0𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 = 0𝑐 – 0𝑜

Onde:

Co e Zo: concentração e altura iniciais


Cc e Zc; concentração e altura no ponto crítico
Ce e Ze: concentração e altura ao final do período de espessamento.
Vlíquido: volume de líquido expelido durante o espessamento.
0descarga: tempo necessário para a descarga do volume V líquido.
0e: tempo necessário para o espessamento

A vazão volumétrica de sedimentação pode ser obtida a partir da


velocidade Vc, de sedimentação no instante 0c:

Em condições de escoamento continuo, o escoamento ascendente


de líquido límpido deve ser igual ao escoamento descendente de sólidos para
que seja possível o espessamento. Logo, tem-se que:
Vazão volumétrica de líquido expelido = Vazão volumétrica de
sedimentação

A partir dos dados de um ensaio de sedimentação em proveta, a


determinação da área mínima de um espessador contínuo se baseia de fato de
que de posse de Co, Zo, Ze (a altura final da zona de espessamento), determina-
se Ce, utilizando-se a Eq.(9) e Cc e Zc, encontra-se 0e. Para a operação
estacionaria do sedimentador continuo, a velocidade de sedimentação
(massa\tempo) na camada de compressão de sólidos (que é a camada de
velocidade de sedimentação mais lenta e que, portanto, requer a maior área do
sedimentador) deve ser a mesma vazão mássica de sólidos alimentada, dada
por Q0.C0:

A área do decantador pelo método de Talmadge & Fitch é obtida


pela seguinte fórmula:

Sendo:

A: a área da seção reta do sedimentador.

Qo: a vazão volumétrica de alimentação do sedimentador contínuo.


4. MATERIAIS E MÉTODOS

Para a realização do experimento os seguintes equipamentos e


materiais foram utilizados:

 135g de CaCO3
 1 proveta de 1000 ml
 1 béquer de 1000 ml
 1 bastão de vidro
 1 cronômetro
 1 termômetro
 Papel toalha
 Solução de cloreto de sódio com densidade 1,20.

Pesou-se 135 g de carbonato de cálcio, após isso colocamos em um


Becker de 1000 mL, o CaCO3 e adicionou-se 900 mL de uma solução de cloreto
de sódio previamente preparada. Agitou-se a suspensão com um bastão de vidro
até sua uniformização. Após isso, transferiu-se a suspensão para uma proveta
de 1000 mL, completou-se o volume, com solução de cloreto de sódio, até atingir
1000 mL, agitou-se novamente para uniformizar a suspensão. Mediu-se e
anotou-se a altura da interface inferior do líquido clarificado em função do tempo
e o tempo em que se deu o ponto crítico da sedimentação, inicialmente em
intervalo de 30 segundos até 5 minutos, depois a cada 1 minuto até 10 minutos,
até 20 minutos em intervalos de 2 minutos e a partir de 20 minutos a cada 4
minutos até a leitura constante.
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Durante a realização do experimento, anotou-se para cada tempo a


sua correspondente altura obtida, conforme apresenta a tabela 1.

Tabela 1 – Sedimentação x tempo


t (h) z (m)
0 0,32
0,005 0,315
0,01 0,307
0,022 0,295
0,033 0,285
0,038 0,271
0,05 0,265
0,055 0,25
0,067 0,241
0,072 0,23
0,083 0,225
0,1 0,205
0,117 0,18
0,13 0,155
0,15 0,145
0,167 0,12
0,2 0,085
0,233 0,043
0,267 0,04
0,3 0,036
0,33 0,033
0,4 0,03
0,467 0,028
0,533 0,027
0,6 0,026
Fonte: os autores

5.1. Método de Kinch


Para realizar a análise através do método de Kinch, plotou-se o
Gráfico 1 e traçou-se linhas tangenciais em diferentes pontos.
Gráfico 1 – Sedimentação x Tempo – Método de Kinch
0.35

0.3

0.25
Altura (m)

0.2

0.15

0.1

0.05

0
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4 0.45 0.5 0.55 0.6 0.65
Tempo (h)

Fonte: os autores

A partir dessas linhas tangenciais, obteve-se os valores correspondentes à (zi) e


calculou-se a velocidade de sedimentação (u) e os valores de concentrações (C)
e construiu-se a Tabela 2.

Utilizou-se as seguintes equações:

𝑍𝑜×𝐶𝑜
 Concentração: 𝐶 =
𝑍𝑖
𝑍𝑖−𝑍
 Velocidade de Sedimentação: 𝑢 =
𝑡

Tabela 2 – Valores de concentrações e velocidade de sedimentação


t (h) z (m) zi (m) C (kg/m³) u (m/h)
0 0,32 0,32 150 0
0,05 0,265 0,305 157,38 0,8
0,1 0,205 0,29 165,52 0,85
0,15 0,145 0,27 177,78 0,83
0,2 0,085 0,2 240 0,58
0,3 0,036 0,196 244,90 0,53
0,4 0,03 0,18 266,67 0,38
0,6 0,026 0,135 355,56 0,18
Fonte: os autores
Através dos valores obtidos, dimensionou-se os decantadores através dos
dados citados abaixo:

 Vazão de alimentação do decantador (Q0) = 45 m³/h


 Concentração na entrada do decantador (C0) = 150kg/m³
 Concentração de lama espessada (Ce) = 350kg/m³
 ρ líquido = 1200kg/m³
 ρ partícula = 2700kg/m³

𝑄𝑜×𝐶𝑜 1 1
Área de sedimentação: 𝑆 = × ( − )
𝑢 𝐶 𝐶𝑒
𝜋×𝑑²
Diâmetro: 𝑆𝑚á𝑥 =
4
Calculou-se a área de sedimentação (S) e o diâmetro máximo do
decantador (d).

Tabela 3 – Tempo x Área de Sedimentação


Tempo (h) S (m²)
0
0,05 29,51
0,1 25,29
0,15 22,42
0,2 15,37
0,3 15,52
0,4 16,07
Fonte: os autores

Assim, obteve-se a área máxima de sedimentação, que foi


29,51m², e determinou-se o diâmetro do decantador.

𝜋 × 𝑑²
𝑆𝑚á𝑥 =
4
𝜋 × 𝑑2
29,51 =
4
𝒅 = 𝟔, 𝟏𝟑𝒎
Também se plotou o gráfico de concentração x velocidade,
demonstrado abaixo.

Gráfico 2 – Concentração x Velocidade de sedimentação


0.9

0.8

0.7

0.6
Velocidade (m/h)

0.5

0.4

0.3

0.2

0.1

0
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Concentração (kg/m³)

Fonte: os autores

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