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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

Disciplina: OPERAÇÕES UNITÁRIAS I


Código: 1709027

PROF(a). FABIOLA DIAS DA SILVA CURBELO

Operações Unitárias I 1
SEDIMENTAÇÃO - DECANTAÇÃO
É uma operação de separação de misturas heterogêneas, utilizada, principalmente, para separar
misturas bifásicas, como a separação sólido-líquido, sólido-gás, líquido-líquido (imiscíveis) e líquido-gás.

A Sedimentação, também conhecida por Decantação, é um processo físico e tem como objetivo separar
sólidos de líquidos, por ação da gravidade, devido ao fato do sólido ser mais denso que o líquido. Esta
operação ocorre até se ter um fluido límpido e uma lama com maior teor de sólidos.

A Decantação pode ser subdividida de acordo com a concentração da suspensão:

- Suspensões diluídas: com o objetivo de obter uma fase líquida com o mínimo
de sólidos (clarificadores de líquidos). O equipamento é, geralmente, chamado de
Clarificador (baixa concentração de partículas).

- Suspensões concentradas: com o objetivo de obter uma alta concentração de


sólidos com o mínimo de líquido (espessamento de suspensões). O equipamento é,
geralmente, chamado de Espessador. Neste caso, a alta concentração de sólidos é chamada
de lama ou lodo.
Operações Unitárias I 2
Além da Clarificação de líquidos e do Espessamento de suspensões, a Decantação,
também, pode ser utilizada para Lavagem de sólidos.

Lavagem dos sólidos: é a passagem da fase sólida de um líquido para outro, para lavá-la sem
filtrar (operação mais dispendiosa). Esse processo pode ser realizado em colunas, onde a
suspensão alimentada pelo topo é tratada com um líquido de lavagem introduzido pela base.
Porém é uma operação instável, uma vez que existem escoamentos preferenciais.

Para isto, podem ser utilizados decantadores em série operando em contra-corrente.

A Sedimentação é uma das principais operações envolvida no tratamento


primário de efluentes, devido ao grande volume de água residuária produzido
pelas indústrias (inclusive de alimentos).

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Critérios para classificação dos métodos de separação Sólido-Líquido

1. Movimento relativo das fases:

• Sólido se move através do líquido em repouso → DECANTAÇÃO

• Líquido se move através da fase sólida estacionária: → FILTRAÇÃO

2. Força propulsora:

• Gravitacionais;
• Centrífugas;
• Diferença de Pressão ou
• Eletromagnéticas.

Baseado nisto, tem-se:

Separação por decantação; Decantação invertida (Flotação); Separação centrífuga e


Filtração.

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Operação do Sedimentador

O Sedimentador, que é um tanque cilíndrico raso de grande diâmetro, onde operam grades
que giram lentamente e removem a lama, opera com 3 correntes:
- Alimentação (A), Passante (P) e Retido (R). O Passante (P), geralmente, contém
partículas finas.

Passante (P) límpido  Clarificador Retido (R) concentrado  Espessador


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Tipos de Decantação

Decantação livre: as partículas


encontram-se bem afastadas das
paredes do recipiente e a distância entre
cada partícula é suficiente para garantir
que uma não interfira na outra.
(decantação de sólidos finos)

Decantação retardada: ou ainda


decantação com interferência, ocorre
quando as partículas estão muito
próximas umas das outras, com colisões
frequentes.

Regiões características de um ensaio


em batelada de sedimentação.
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Operação do Sedimentador
- Sedimentador:
- Opera aberto para a atmosfera;
- Possui raspadores (grades) que giram lentamente junto ao fundo (favorecem a
floculação e a remoção da água retida na lama);
- Produz uma lama que se comporta como fluido de Bingham (fluido não newtoniano).

- Fatores que afetam a Sedimentação:


- Concentração da fase particulada;
- Massa específica das fases líquida e particulada;
- Viscosidade do fluido;
- Natureza morfológica das partículas (principalmente, esfericidade);
- Granulometria das partículas;
- Características do tanque de sedimentação.

Promover a aglomeração das partículas:


Facilitadores da Decantação
Coagulação/Floculação
Operações Unitárias I 7
Coagulação/Floculação

- Coagulação:
- Neutralização de cargas negativas das partículas permitindo a aproximação entre elas.
- Redução do Potencial Zeta (medida do potencial elétrico entre a superfície externa da camada
compactada formada ao redor da partícula e o meio líquido em que ela está inserida).
- Realizada em tanques de agitação intensa para facilitar a mistura entre as partículas e o
coagulante.

Agentes coagulantes: Sulfato de alumínio (Al2(SO4)3 e Cloreto Férrico (FeCl3)

Floculação 8
Coagulação/Floculação

- Floculação:
- Aglutinação das partículas. O uso de floculantes provoca o aumento da velocidade, levando a menores áreas
de decantação e, ainda, podem aumentar a capacidade de um decantador existente.
- O uso de floculantes encarece a operação, com isso, deve-se fazer uma avaliação econômica.
- Realizada em outro tanque agitado, porém com agitação lenta para facilitar a aglutinação.

Sistema de sedimentação contendo tanques de coagulação floculação. 9


Tipos de Sedimentadores
Sedimentador contínuo convencional

Sedimentador contínuo convencional.


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Tipos de Sedimentadores
Sedimentador lamelado

Sedimentador lamelado. 11
Fluidodinâmica da Sedimentação - Decantação
Considerações:
- A fase fluida se comporta como um fluido newtoniano e incompressível;
- Operação em batelada;
- Escoamento unidirecional e em contra-corrente das fases fluida e particulada;
- Aplicação das Equações da Continuidade e do Movimento para a fase particulada.

Projeto de um Sedimentador
- Determinação da altura e da área da seção transversal (dados de sedimentação em batelada);
- Curva de sedimentação: variação da altura da interface da fase particulada x tempo (taxa de
sedimentação, concentração da alimentação, do concentrado (espessado ou lama),
- Projeto: extrapolação da operação em batelada para a contínua (necessário a inclusão de
parâmetros de correção ao projeto).
.
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Projeto de um sedimentador convencional contínuo

QA, CA Em que:

QA= vazão volumétrica da suspensão


alimentada ao decantador (m3/h)
Q, C
CA= concentração de sólidos na suspensão
QC alimentada (t/m3)
QC = vazão volumétrica de líquido clarificado
(m3/h)
CC = concentração do líquido clarificado
(t/m3)
QE = vazão volumétrica de lama espessada
Camada limite Q, C
(m3/h)
CE = concentração da lama espessada (t/m3)
Q = vazão volumétrica da suspensão na zona
QE, CE limite (m3/h)
C = concentração na zona limite (t/m3)

Para que não haja arraste de partículas sólidas na direção do extravasante de líquido clarificado:

vascenção líquido < vdecantação partículas


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Sem arraste de partículas: todo o sólido que atinge a camada limite sairá pelo fundo do
decantador (em regime permanente).

Com isso, a diferença entre as vazões Q e QE será a vazão volumétrica de líquido que sobe pelo
decantador, matematicamente, tem-se:

QC = Q - QE (1)

A equação (1) dividida pela área do decantador A é igual a velocidade de ascensão do líquido. E esta
velocidade deverá ser menor que a velocidade “v” de decantação nessa zona. A condição limite
pode ser expressa, matematicamente, por:

𝑄𝐶 (𝑄 − 𝑄𝐸)
𝑣= =
𝐴 𝐴

Logo,
𝑄𝐶 (𝑄 − 𝑄𝐸) (2)
𝐴= =
𝑣 𝑣

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Balanço de massa da fase particulada

𝑄𝐴 𝐶𝐴 = 𝑄 𝐶 = 𝑄𝐸 𝐶𝐸 (3)

𝑄𝐶 e 𝑄𝐶
Então, 𝑄𝐴 = (4) 𝑄𝐸 = (5)
𝐶𝐴 𝐶𝐸

Balanço de massa da fase líquida

𝑄 1−𝐶 = 𝑄𝐶 + 𝑄𝐸 (1 − 𝐶𝐸 ) (6)

Substituindo (5) em (6), tem-se:

1 1
𝑄𝐶 = 𝑄 𝐶 − (7)
𝐶 𝐶𝐸

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Da equação (3), sabe-se que: 𝑄𝐴 𝐶𝐴 = 𝑄 𝐶

Substituindo em (7), tem-se: 1 1


𝑄𝐶 = 𝑄𝐴 𝐶𝐴 − (8)
𝐶 𝐶𝐸

𝑄𝐴 𝐶𝐴 1 1
Substituindo (8) em (2), tem-se: 𝐴= − (9)
𝑣 𝐶 𝐶𝐸

Em que:
A = área de decantação = seção transversal do decantador (m2);
v = velocidade de decantação na zona limite (m/h);
QA = vazão volumétrica da suspensão alimentada ao decantador (m3/h);
CA = concentração de sólidos na suspensão alimentada (t/m3);
CE = concentração da lama espessada (t/m3);
C = concentração da suspensão na zona limite (t/m3).

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Métodos para o dimensionamento de sedimentadores

a) Método de Coe e Clevenger: Foi o primeiro procedimento proposto para o projeto de


sedimentadores, e é a base para os demais métodos.

Testes em batelada: várias


concentrações volumétricas usadas
Z0
(desde a concentração da alimentação,
v 1 > v2 > v3
CA, até a concentração da lama, CE);
C1 > C2 > C3
Velocidade da camada limite: obtida v1
pela inclinação da curva de
sedimentação em z = z0 para v2 C1
determinada concentração (Ci),
obtendo-se, com isso, os pares (vi, Ci) a v3
partir de Ci = CA até Ci = CE. C2
- Estes pares são utilizados na equação
(9) para a determinação, para cada par, C3
da Área do Sedimentador (As), sendo
o maior valor obtido para área, àquele
escolhido para o valor do projeto.
Método de Coe e Clevenger. t

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b) Método de Kynch: desenvolveu um método de dimensionamento que requer apenas um
experimento que forneça a curva de decantação (Z versus t).

Curva de sedimentação em batelada Regiões de sedimentação em batelada


com as linhas de equiconcentração
previstas pela teoria de Kynch Z

A C

C0 B

C
t
Cf
Região de líquido clarificado Região de transição
O Região de sedimentação livre Região de formação do sedimento
Em que:
C0 = concentração inicial da suspensão (t/m3);
Cf = concentração final da suspensão (t/m3). Operações Unitárias I 18
b) Método de Kynch:

- Tanto C quanto v podem ser retirados diretamente da curva, traçando-se tangentes em diversos
pontos da curva e determinam-se os valores de t, Z e Zi.

altura da interface

𝑍𝑖 − 𝑍 Z0
𝑣= (10)
𝑡
Zi

𝐶0 𝑍0 Z0
𝐶 = (11)
𝑍𝑖 Zi Z

Em que: t
C0 = concentração inicial da suspensão (t/m3); Determinação da altura da interface
Z0 = altura inicial da suspensão (m).
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b) Método de Kynch:

A C

Zi1 C0
Zi2

B
Z1
Z2
C

Cf

O
Ensaio de proveta pela teoria de Kynch
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Exercício:

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