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TRATAMENTO DE ÁGUA
AULA 4
Bons estudos!
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diâmetro mínimo, que chamamos de diâmetro crítico, acima do qual as partículas
se tornem sedimentáveis.
Isso só é possível se possibilitarmos que os sólidos entrem em contato
entre si e dermos o tempo adequado para que isso aconteça, processo que
chamamos de floculação. A Figura 1 nos demonstra de forma esquemática que,
na água somente coagulada, a quantidade de partículas abaixo do diâmetro
crítico ainda é muito grande, e é durante o processo de floculação que em sua
maioria atravessam a linha crítica.
𝑑𝑁
=− 𝐾 𝐾𝐵 𝑁0 𝐺 2
⏟𝐴 𝑁𝐺 + ⏟
𝑑𝑡
𝑎𝑔𝑟𝑒𝑔𝑎çã𝑜 𝑞𝑢𝑒𝑏𝑟𝑎
Onde:
3 3
• No= concentração de partículas primárias que entram na floculação
(unidades/m³);
• G = gradiente de mistura (s-1);
• KA = coeficiente de agregação, que é dependente da turbidez da água
bruta (KA~ uT0,8); e
• KB = coeficiente de quebra.
𝑁0 𝑇 𝑚
= (1 + 𝐾𝐴 𝐺 )
𝑁𝑚 𝑚
Onde:
• gradiente de mistura;
• tempo de detenção;
• número de câmaras.
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• o período de detecção e os gradientes de velocidades devem ser
determinados por ensaios com a água bruta (testes de jarros);
• a agitação na água pode ser realizada por meios mecânicos ou
hidráulicos;
• o tempo de detenção usualmente se situa entre 20 e 30 minutos para
floculação hidráulica e entre 30 e 40 minutos para floculação mecânica;
• o gradiente de velocidade na primeira câmara é de 70 s-1 e na última de
10 s-1.
• deve ser instalado dispositivo que permita alterar o gradiente de
velocidade aplicada em 20% para mais ou para menos em cada câmara
de floculação (em razão da alteração das condições da água bruta);
• os tanques de floculação devem ser providos com tubulações de descarga
de no mínimo 150 mm e fundo com 1% de declividade na direção desta
(é comum o acúmulo de lodo no fundo, necessidade de limpezas
periódicas); e
• a velocidade de passagem entre câmaras deve ficar entre 0,15 e 0,3 m/s.
Como mostra Vianna (2014), cada água é um caso, e pode ser possível
flocular águas com menos de 20 minutos de detenção.
a)
5 5
b)
c)
6 6
No Quadro 1, elaboramos uma comparação entre os dispositivos de
floculação.
Deve-se dar um especial destaque que as estruturas mais simples e de
menores custos de capital são os floculadores hidráulicos e, por este motivo,
foram muito usados em instalações mais antigas, e também continuam em
estações de menor porte. Por outro lado, possuem baixa flexibilidade
operacional, sobretudo para realização de sistemas automatizados. Neste
âmbito, os floculadores de paleta têm uma grande vantagem. Entretanto, com o
advento da modelagem em Computational Fluid Dynamics (CFD), em que é
possível dimensionar formas de turbinas específicas para cada projeto, e com
resultados otimizados, a floculação em turbinas tem tido um aumento
considerável no seu uso, e hoje são a tecnologia considerada de primeira linha.
Existem muitas outras formas de prover a agitação necessária à
floculação, mas os conceitos são semelhantes aos que serão apresentados na
sequência deste texto. Em especial, o mercado de equipamentos está bastante
aquecido e constantemente traz novas soluções para as concessionárias do
serviço, de eficiências ainda maiores e que devem sempre ser consideradas.
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TEMA 2 – PROJETO DE SISTEMAS DE FLOCULAÇÃO
𝑃 = 𝑁𝑃 . 𝜌. 𝑛3 . 𝐷5
Onde:
• P = Potência (W);
• n = rotação do agitador (s-1);
• D = diâmetro do rotor (m); e
• Np = número de potência, obtido a partir do tipo de turbina ou impelidor
utilizado.
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Com estes cuidados, é possível obter uma excelente floculação, de forma
estável, e com grande flexibilidade, o que é imperativo em ETAs de grande porte.
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funciona o dimensionamento de um floculador de paleta vertical, porém
destacando que a regra de dimensionamento é a mesma.
Inicialmente, vamos pensar em um conjunto de paletas girando em torno
de um eixo, conforme demonstrado na Figura 3. Então, para cada conjunto j de
paletas colocadas em B braços, temos que:
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𝑃𝑗 = 1,465. 10−5 . 𝐶𝑑 . 𝛾. 𝑏. [(1 − 𝑘)𝑁 3 ]. (𝑅𝑒𝑗 − 𝑅𝑖𝑗 ). 𝐵
Onde:
𝑃 = ∑ 𝑃𝑗
1
10 10
• A velocidade periférica não deve ultrapassar 0,75 m/s.
• A soma das áreas das paletas contidas em um plano não deve ser
superior a 20% da área da seção transversal da câmara.
• No caso de floculadores de paletas verticais, as bordas superior e inferior
deverão se situar a 0,15 m e 0,40 m da superfície e do fundo. No caso de
paletas horizontais, vale a mesma condição em relação às paredes,
considerando 0,40 m.
𝑔ℎ
𝐺=√
𝜈𝑡
Onde:
(𝑛 + 1)𝑣12 + 𝑛𝑣22
ℎ=
2𝑔
12 12
Onde:
3 𝐻𝐿𝐺 2
𝑛 = 0,045 √( ) 𝑡
𝑄
3 𝐵𝐿𝐺 2
𝑛 = 0,045 √( ) 𝑡
𝑄
Onde:
14 14
3.1 Física da sedimentação de partículas
𝑣𝑦2
𝐹𝑑,𝑦 = 𝐶𝑑 𝐴𝜌𝐻2 𝑂 ⁄
2
Onde:
𝐶𝑑 = 𝑓(𝑅𝑒)
Esta relação é dada por ábacos, como pode ser visto no livro dos
professores Richter e Azevedo Netto (1991). Nesta sedimentação, em algum
16 16
momento, ocorre uma velocidade descensional que gera um arrasto que
equilibra o peso da partícula com o seu empuxo. Ou seja, a velocidade não se
eleva além deste patamar. Esta velocidade é conhecida como velocidade
terminal. No caso de uma partícula esférica, a velocidade terminal é dada por:
4𝑔(𝜌 − 𝜌𝐻2 𝑂 )𝑑
𝑣𝑡 = √
3𝐶𝑑 𝜌𝐻2 𝑂
17 17
Quadro 4 – Velocidades de sedimentação recomendadas pela NBR 12.216
𝑄
𝑇𝐴𝐻 =
𝐴𝐻
Onde:
𝑇𝐴𝐻 < 𝑣𝑡
18 18
tempo para que as partículas, em sua grande maioria, consigam atingir o fundo
do decantador antes de sua saída. Veremos então como isso é realizado.
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√𝑅𝑒⁄8 . 𝑣𝑡 , 𝑅𝑒 < 2000
𝑉𝐻 < {
18. 𝑣𝑡 , 𝑅𝑒 > 15000
Com isso, é possível determinar a altura mínima que deve possuir a zona
de sedimentação, ou seja:
𝐿. 𝑇𝐴𝐻
𝐻𝑚𝑖𝑛,𝑠 =
𝑣𝐻
20 20
Para determinar a altura mínima da zona de lodo, deve-se considerar se
o sistema possui remoção manual ou automática de lodo. Em caso de remoção
manual, com sistema gravitacional, a NBR 12.216 recomenda que seja acrescida
uma altura que garanta o acúmulo de 60 dias de lodo. Já no caso de uso de
sistemas mecânicos, é imprescindível verificar com os fabricantes qual a altura
mínima necessária para o seu equipamento. A Figura 7 apresenta alguns dos
modelos disponíveis de remoção mecanizada de lodo.
Assim, a altura total do decantador será dada por:
𝑇𝐴𝐻
𝐻𝑚𝑖𝑛 = + 𝐻𝑙𝑜𝑑𝑜
𝑣𝐻
𝑈𝑚 2 𝑈𝐿2
ℎ = [𝜑 ( ) + 𝜃] .
𝑈𝐿 2𝑔
Onde:
21 21
Figura 8 – Estruturas de entrada e saída dos decantadores: da esquerda para a
direita, em cima, entradas: i) canais e passagens; ii) cortina defletora; em baixo,
saídas: i) vertedores lineares; ii) tubos ou paredes perfuradas (orifícios)
𝑎
𝑑 = 1,5 𝐻
𝐴
Onde:
22 22
𝐷 𝜋𝑈 3
𝐺= √
𝑆 8𝐶𝑑2 𝜈𝑥
Onde:
𝑞 = 0,018. 𝐻. 𝑣𝑡
Onde:
Quando não são realizados testes, deve ser igual ou inferior a 1,8 L/s por
metro linear.
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de área de sedimentação e, portanto, o dobro da capacidade. Se dividíssemos
em 3, o triplo, e assim sucessivamente. Como mostram Richter e Azevedo Netto
(1991) essa ideia foi aplicada nos decantador de fundo múltiplos, ou
“empilhados”, que foram construídos a partir de 1915 em várias cidades da
Europa, porém as dificuldades com limpeza do lodo dificultaram seu uso.
Entretanto, a partir de 1970, pelo modelo desenvolvido por Yao, surgiram
os decantadores tubulares ou lamelares, que hoje chamamos de alta taxa. O
conceito trazido por Yao é aplicado a partir da instalação de placas paralelas ou
elementos tubulares inclinados, e com alteração do fluxo para a direção
ascensional. Com este conceito, é possível manter parte dos ganhos na área de
sedimentação e resolvendo o problema da limpeza e da retirada de lodo.
𝑇𝐴𝐻 < 𝐹. 𝑣𝑡
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Onde F é chamado de Fator de Área. Esse fator é calculado da seguinte
forma:
𝐿
𝑠𝑖𝑛 𝜃 (𝑠𝑖𝑛 𝜃 + 𝑐𝑜𝑠 𝜃)
𝐹= 𝑑
𝑆
Onde:
• S = 1,0 para placas planas paralelas (pois neste caso não há transição de
fluxo);
• S = 4/3 para tubos circulares;
• S = 11/8 para tubos quadrados;
• ou deve ser obtido a partir dos fornecedores de elementos.
25 25
Em tese, quanto menos inclinado o elemento e quanto menor o
distanciamento entre as placas, melhor o fator de área. Porém, a inclinação é
necessária para que o floco decantado na parede do tubo sofra a tensão
cisalhante que o carregue para o fundo d decantador, de outra forma a placa ou
o elemento tubular encheria de lodo e com o tempo não haveria mais passagem
de fluxo. Por isso, é recomendado manter θ em 60°. O distanciamento também
não pode ser pequeno a ponto de não permitir um mínimo de acúmulo de lodo.
Outros critérios que precisam ser adotados:
• a zona de lodo deve ser prevista com volume para acúmulo de no mínimo
10 dias de operação;
• a velocidade linear nos vertedores deve ser inferior a 2,5 L/s.m; e
• a velocidade nos elementos não deve exceder 0,15 m/h.
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Com estes conceitos, você já possui as ferramentas necessárias para
dimensionar os sistemas de separação de sólidos por decantação em ETAs.
Agora, como último tópico, vamos conhecer uma forma ainda mais avançada
para realizar a separação de sólidos, que é muito útil no caso de locais onde há
grande presença de algas ou onde a velocidade terminal é baixa. É a flotação
por ar dissolvido.
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Esta água é parte do efluente que é recirculada com utilização de bombas e
introduzida em um tanque de saturação, onde fica em contato com ar sobre uma
pressão controlada, causando uma supersaturação. Quando esta água é
liberada em pressão quase atmosférica, perde boa parte do ar dissolvido na
forma de microbolhas que aderem ao conjunto do floco.
𝑉𝑎𝑟 𝜌𝑠𝑎𝑟 + 𝑉𝑠 𝜌𝑠
𝜌𝑠𝑎𝑟 =
𝑉𝑎𝑟 + 𝑉𝑠
Onde
Onde:
Para águas com SS maior ou igual a 200 mg/L, recomenda-se manter uma
relação de 0,15 g de ar/g de SST. Já para concentrações inferiores, é importante
manter no mínimo uma vazão de recirculação de 15% para possibilitar uma boa
distribuição, o que geralmente já garante o atendimento à razão A/S.
Este floco, agora com menor densidade, flota então para a camada
superior, e então precisa ser retirada por meio de um sistema de raspagem,
geralmente mecânico. A Figura 13 mostra um flotador visto de cima, onde a
principal unidade possível de ser vista é justamente o raspador mecânico e suas
pás.
Embaixo deste lodo existe a zona de clarificação, importante para garantir
que os fluxos não causem perturbação na zona superior e leve os flocos a serem
carregados para as zonas inferiores. Ao mesmo tempo, não pode ser muito
grande a ponto de manter o lodo por um tempo muito elevado na camada
superior, pois as bolhas de ar tendem a escaparem dos flocos após
determinados intervalos de tempo.
Usualmente, a tomada de fluxo é realizada na região inferior do flotador,
e seu nível é mantido por um vertedor na saída, que não possui critério de
dimensionamento a não ser o controle hidráulico.
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Figura 13 – Flotador por ar dissolvido visto por cima
𝑄(1 + 𝑅)
𝑇𝐴𝐻 =
𝐴𝐻
30 30
o Tempo de detenção: entre 5 e 30 min (não pode exceder os 30 minutos)
• Em relação ao raspador:
o Velocidade das pás < 1 m/min (para não quebrar o lodo flotado);
o Rotação: < 1 rpm;
o Recomendada a instalação de tubulação de jateamento com jatos para
3 a 5 m/s nos lados da câmara para remover o lodo flotado que adere
às paredes (Di Bernardo; Di Bernardo, 2005).
• Em relação à água saturada:
o Velocidade nos orifícios de distribuição: 15 a 25 m/s;
o Velocidade nas tubulações de distribuição: entre 3 e 7 m/s;
o TAH na câmara de saturação: entre 700 e 1200 m³/m².dia;
o Tempo de detenção: entre 1,5 a 3,0 min;
o Altura do recheio: entre 0,6 e 0,9 m;
o Recirculação: de 15 a 30%;
o Pressão de trabalho no tanque de saturação: 4 a 7 bar.
FINALIZANDO
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• A sedimentação das partículas pode ocorrer por quatro processos
diferentes, dependendo do efeito que as partículas exercem entre si,
sendo que em ETAs o mais comum é a sedimentação floculenta (Tipo 2).
• Durante a sedimentação, em algum momento, ocorre uma velocidade
descensional para a qual o arrasto se equilibra com o peso da partícula e
a velocidade então não mais se altera, que é chamada velocidade
terminal.
• O projeto do decantador deve garantir que a Taxa de Aplicação Hidráulica
na sua zona de sedimentação seja inferior à velocidade terminal.
• Além disso, deve garantir que a zona de entrada, a zona de acúmulo de
lodo e a zona de saída estejam adequadamente dimensionadas para que
não perturbem o processo de sedimentação.
• A partir de 1970, pelo modelo desenvolvido por Yao, surgiram os
decantadores tubulares ou lamelares, que hoje chamamos de alta taxa,
com os quais é possível obter a mesma eficiência de sedimentação com
áreas de 3 a 4 vezes menores.
• É possível também realizar a separação das partículas por meio do
processo de Flotação por Ar Dissolvido, o qual pode trabalhar com Taxas
ainda maiores que o processo de decantação acelerada.
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REFERÊNCIAS
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