Você está na página 1de 4

Universidade Federal do Maranhão

Centro de Ciências Exatas e Tecnologia - CCET


Coordenação do Curso de Engenharia Mecânica - CCEM
Disciplina: Laboratório de Calor e Fluidos I
Professor Glauber Cruz

1o Experimento: Número de Reynolds

1 Introdução

Em 1883, o cientista e matemático britânico Osborne Reynolds realizou um experimento


responsável por distinguir qualitativamente os tipos de escoamento de um fluido (HIBBLER,
2010). Neste, o fluido é a água, que escoa de um grande reservatório através de um tubo de
vidro, por meio de um sistema mostrado na Figura 1.

Figura 1: Sistema utilizado no experimento de Reynolds.

Fonte: Retirado de HIBBLER 424 [9, p. 424].

Um lı́quido colorido, com massa especı́fica igual a da água, é injetado no escoamento em A,


e o fluxo do fluido é controlado pela abertura da válvula em B. Reynolds observou que, para de-
terminados nı́veis de vazão, o “traço” de tinta que percorria o tubo apresentava comportamentos
distintos, caracterizando três tipos de escoamento, sendo eles: laminar, transição e turbulento
(FOX, 2006).
Reynolds também descobriu um critério pelo qual o regime do escoamento pode ser de-
terminado, sendo esse um parâmetro adimensional que relaciona o comprimento caracterı́stico
descritivo da geometria do escoamento (no caso do tubo, o diâmetro interno), a velocidade e
a viscosidade cinemática do fluido, sendo esse conhecido como “número de Reynolds”, aceito
como parâmetro mais importante na mecânica dos fluidos (WHITE, 2010)

1
Figura 2: Traços de tinta referentes a cada tipo de escoamento.

Fonte: Retirado de MUNSON et al [8, p. 399].

2 Objetivos

• Determinar e avaliar o número de Reynolds para a condição de diâmetro do tubo, velocidade


(e/ou vazão), tempo de escoamento e viscosidade do fluido para a temperatura aferida no ensaio;
• Comparar os dados obtidos para os regimes laminar, transição e turbulento com os fornecidos
pela literatura.

3 Abordagem Teórica

O número de Reynolds é de suma importância, seja com ou sem superfı́cie livre, podendo
ser desprezado somente em regiões do escoamento distantes dos altos gradientes de velocidade
fluidos (WHITE, 2010). Esse parâmetro é uma medida da razão entre as forças de inércia e
efeitos viscosos (MUNSON, 2004). Assim,

ρV 2 L2 ρV L VL
Re = = = (1)
µV L µ υ

onde L é o comprimento (m) caracterı́stico (diâmetro do tubo), V é a velocidade (m/s) do


escoamento e υ é a viscosidade cinemática do fluido (m2 /s), determinada por

ρ
υ= (2)
µ
Quanto maior for o valor do número de Reynolds, maior será a chance do escoamento tornar-
se instável, pois as forças de inércia superarão as forças viscosas e começarão a dominar o
escoamento (HIBBELER, 2014).
Devido à dificuldade de prever o valor especı́fico do número de Reynolds em que ocorre a
transição do escoamento laminar para o turbulento, considera-se um valor de Re = 2300 (válido
para transição em tubos retos e aplicado apenas a fluidos newtonianos), sendo esse conhecido
como número de Reynolds crı́tico. Segundo Munson et al (2004), a transição real pode acontecer

2
em vários números de Reynolds, pois depende de quanto o escoamento está perturbado por
vibrações nos condutos, da rugosidade da região de entrada etc.

4 Procedimento Experimental

1 - Ligar o suprimento de água e abrir parcialmente a válvula de descarga à base do aparelho;


2 - Ajustar o suprimento de água até que o nı́vel no tanque esteja ligeiramente acima do tubo
de descarga e manter neste nı́vel, permitindo uma pequena vazão através do tubo de descarga.
Esta é a condição requerida para todos os ensaios e a diferentes taxas de vazão através do tubo;
a alimentação precisará ser somente o suficiente para manter uma carga constante no tanque;
3 -Abrir e ajustar a válvula do injetor de corante para obter um fino filamento de marcador na
vazão do tubo de vidro. Se o corante estiver espalhado no tubo reduza a taxa de vazão da água,
fechando a válvula de descarga e ajustando a alimentação, conforme o necessário, para manter
a carga constante. Uma condição de vazão laminar deverá ser alcançada, onde o filamento de
corante atravesse completamente o tubo, sem nenhuma perturbação;
4 -Registrar a temperatura da água usando o termômetro. Em seguida, medir a taxa de vazão
cronometrando a coleta de uma quantidade conhecida de água no tubo de descarga;
5 -Aumentar lentamente a taxa de vazão abrindo a válvula de descarga até que alguma per-
turbação no filamento de corante seja observada. Esta condição pode ser considerada como
ponto de partida de transição para vazão turbulenta. Aumentar o suprimento de água, con-
forme o necessário, para manter as condições de cargas constantes. Registrar a temperatura e a
taxa de vazão como no passo (4);
6 -Aumentar a taxa de vazão gradualmente, conforme descrição anterior, até que as perturbações
aumentem de tal forma que o filamento de corante se espalhe rapidamente. Pequenas per-
turbações serão observadas imediatamente acima do ponto onde o filamento de corante dispersa
completamente. Este ponto pode ser considerado como o inı́cio da vazão completamente turbu-
lenta. Registrar a temperatura e a taxa de vazão como no passo (4).
A vazão, Q, dada em m3 /s, e a velocidade, V , são medidas conforme as equações 3 e 4:

volume
Q= (3)
tempo
Q
V = (4)
A
onde A é a área do tubo de acrı́lico com diâmetro de 12 mm. As medições deverão ser feitas em
triplicata para os intervalos de tempo de 10, 20 e 30 segundos.

3
5 Resultados

Utilizar as tabelas 1,2 e 3 para registrar os dados obtidos.

Tabela 1: Regime laminar


10 segundos 20 segundos 30 segundos
Medida Tempo (s) Volume (ml) Tempo (s) Volume (ml) Tempo (s) Volume (ml)
1
2
3
Média

Tabela 2: Regime de transição


10 segundos 20 segundos 30 segundos
Medida Tempo (s) Volume (ml) Tempo (s) Volume (ml) Tempo (s) Volume (ml)
1
2
3
Média

Tabela 3: Regime turbulento


10 segundos 20 segundos 30 segundos
Medida Tempo (s) Volume (ml) Tempo (s) Volume (ml) Tempo (s) Volume (ml)
1
2
3
Média

6 Referências

FOX, R.et al. Introdução à Mecânica dos Fluidos, 6 ed. LTC, 2006.
HIBBELER, R. Mecânica dos Fluidos, 1 ed. Pearson Education, 2014.
MUNSON, B. et al. Fundamentos da Mecânica dos Fluidos, 4 ed. Edgard Blucher, 2004.
WHITE, F. Mecânica dos Fluidos, 6 ed. McGraw Hill Brasil, 2010.

Você também pode gostar