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Síntese do Livro: Introdução aos Estudos CTS (Ciência,

Tecnologia e Sociedade)
Identificação-
Jackson Barbosa dos Anjos, 32347812, 32347812@mackenzista.com.br
Luis Felipe Basacchi Darre,32372558,lf.darre@hotmail.com
Luis Felipe Cunha ,32373627, 32373627@mackenzista.com.br
Rodrigo piloto Medeiros , 32366736, rodrigopiloto2002@gmail.com

01P,Ciência da computação

1. Introdução

Por conta da dificuldade com o idioma, Brasil e Portugal são os únicos países
ibero-americanos que falam o português como língua oficial, a troca de informação se torna
um pouco mais difícil com outras nações. Por conta disso, nosso país acaba por ficar um
pouco atrasado em relação a outros, os EUA e outros países da europa demonstram
grandes interesses pelos estudos CTS, e o Brasil ainda que vá atrás encontra empecilhos
pela falta de bibliografia específica desse campo de estudo.O objetivo do texto, em que
vamos apresentar um resumo é difundir um pouco mais da cultura CTS para os países
falantes do portugues.
Será apresentado ao longo do texto uma síntese sobre os capítulos do livro
introdução aos arquivos CTS, iniciando pelo primeiro “O que é a ciência?" que em seu
decorrer busca explicar de diferentes formas a pergunta feita em seu título, na sequência,
“O que é a tecnologia?” tentando explicar o que é a tecnologia de acordo com vários pontos
de vista, depois, “O que é a sociedade?” que pode se definir o conceito de sociedade
quando contextualizado no marco de mudanças científicas e tecnológicas do presente, e
por fim “O que é a ciência,tecnologia e sociedade?” apresentando os estudos de
ciência,tecnologia e sociedade em conjunto, geralmente representado pela sigla CTS,
encerrando com uma conclusão sobre o que foi visto e trabalhado.

2. Síntese do Capítulo 1

O entendimento do significado da ciência, é de baixo saber geral, pois muitas


pessoas não têm um bom entendimento do que é a ciência e qual a sua função na
sociedade, fazendo com que ela se torne uma política pública incapaz de gerar uma
participação popular por falta de contribuintes sobre esses assuntos.

A palavra ciência tem sua origem do latim scientia, que tem significado de saber,
conhecimento.
O método científico dentro do empirismo clássico, tinha como entendimento, ser um
método de indução para que fossem descobertos, ou gerados fenômenos e leis, sendo um
procedimento que segue um conjunto de regras e analisam o seu decorrer e legitimam os
resultados obtidos.

Porém existe um argumento que se opõe a essa noção de ciência, a própria história
mostra que diversas ideias científicas surgem de diferentes fatores, não seguindo em todos
os casos um procedimento padrão ou regra como base, tendo em seus fatores a sorte ou
acaso, além de condicionamentos sociais e econômicos de uma sociedade, mudando o
significado anteriormente obtido para o método científico, que passa a ser apenas um
processo de validação, e não mais de geração ou descobrimento.

No século XX, surgem novos critérios para a aprovação das ideias científicas, tendo
como função operacionalizar o método Hipotético-dedutivo, tornando ele um instrumento
não apenas de aceitação, mas uma ferramenta que leva à reconstrução da razão científica.

Todas essas intenções de demonstrar características que a ciência compartilha,


apesar de terem suas diferenças, querem provar que a ciência é uma combinação de
fatores de raciocínio e dedutividade, lógica + experiência, auxiliadas por apoio teórico.

A reação antipositivista, marcada pela crítica filosófica a uma série de problemas


que dificultavam manter os pensamentos racionalistas tradicionais, produz uma mudança de
ênfase dos detalhes das práticas científicas, ressaltando a heterogeneidade das culturas
científicas se contrapondo com o projeto reducionista do Positivismo lógico.

Kuhn foi um dos principais autores que influenciou na superação do positivismo


lógico, ele afirmava que a ciência possui períodos, uns mais estáveis em que cientistas se
dedicam a resolver problemas mais rotineiros guiados por padrões teóricos, porém nesse
período são acumulados problemas que não são resolvidos,e que inovações são pouco
comuns,já que o trabalho científico é focado na aplicação de paradigmas denominando
esse período de ciência normal. Já a ciência revolucionária são os períodos de disputa
entre comunidades científicas, havendo uma alteração na produção dos problemas
disponíveis, com isso começa uma diferenciação na forma de ver problemas não
solucionados na fase estável, uma vez em que volta a se estabilizar a ciência tende a
retornar ao estado normal.

A partir de Kuhn existe uma mudança em quem marca os critérios para julgar e
decidir a aceitação das teorias, passa a ser a comunidade científica e não mais a realidade
empírica como era antes. Uma de suas principais abordagens foi que a análise apresentada
pelo positivismo lógico é insuficiente, e que se torna necessário ir para uma dimensão social
da ciência para que possa ser explicado, validado, produzido e feita a manutenção e
alteração das propostas científicas.

As disciplinas experimentais, por exemplo, constituem somente uma parte do


conhecimento que habitualmente é qualificado de "científico".
A este respeito, De acordo com o historiador A.C Crombie a ciência tem 5 maneiras de
pensamento incluindo a exploração e medição experimental em diferentes especialidades
da física, da química ou da biologia.Outra maneira de se fazer a ciência de acordo com o
historiador é elaborar exemplo da biologia ou filologia
De acordo com Galison e Stump chegamos a conclusão que sem uma linguagem
específica, é reconhecido o fracasso do projeto de uma ciência, De acordo com Rorty não é
fácil falar da ciência como algo natural em virtudes do formato comum em geral.No entanto,
ainda há um olhar familiar associado à ciência
fornecido por coisas como o uso da matemática, procedimentos padrão para provas e
refutações a generalidade de suas reivindicações e conhecimentos; instrumentos e práticas
experimentais, sucesso na solução de problemas específicos por meio da tecnologia e sua
confiabilidade quase universal. No entanto, a este ar familiar devemos agora adicionar que
tais coisas devem ser vistas, analisadas e interpretadas dentro de contextos sociais e
históricos específicos.

Apesar de variedades de conteúdo, habilidades e estilos.Mesmo considerando a


diversidade da ciência, suas semelhanças heterogêneas e sucessos práticos esse “ar
familiar “ parecer nos permitir continuar falando sobre atitudes e conhecimento científicos

3. Síntese do capítulo 2
A evolução do homem se trata de um desenvolvimento tecnológico muito avançado,
a sociabilidade,tornando o homem capaz de conviver em harmonia com ele mesmo e outras
espécies, capacidade linguística, fazendo com que a comunicação se tornasse essencial
para o desenvolvimento, e as habilidades técnicas, como manuseio de utensílios,
manipulação de objetos, tornando algo inofensivo em uma arma capaz de proporcionar
sobrevivência, além da manipulação do fogo. De acordo com a evolucionista, isso foi
apenas o começo para que os homens e seus descendentes fossem se desenvolvendo e
criando formas em que a incidência da seleção natural nos seres humanos não fosse
afetá-los.

A definição de tecnologia de acordo com o dicionário aurélio é “conjunto de


conhecimentos, especialmente princípios científicos, que se aplicam a um determinado
ramo de atividade”, outros dicionários a definem como "conjunto dos conhecimentos
próprios de um trabalho mecânico ou arte industrial” ou “conjunto de instrumentos e dos
procedimentos industriais de um determinado setor ou produto” embora as divergências de
explicação, elas se aproximam para mostrar que o que define a tecnologia se encontra na
produção principalmente na produção industrial.Essa definição se manifesta nos produtos
tecnológicos de natureza industrial como máquinas, automóveis, telefones e computadores,
entre outros.

A tecnologia poderia ser considerada como o grupo de procedimentos que aplicam


os conhecimentos das ciências naturais na produção das indústrias, porém esse uso limita
a técnica aos tempos anteriores com o uso dos conhecimentos científicos como base do
desenvolvimento tecnológico industrial. O termo técnica faria referência a desenvolvimentos
sem a ajuda do conhecimento científico, já o termo tecnologia seria utilizado para referir a
aqueles sistemas que são desenvolvidos levando em conta o conhecimento científico.

Em relação a ciência-tecnológica conceitua a tecnologia como ciência aplicada


assim como no âmbito acadêmico que também adota essa denominação. A tecnologia é um
conhecimento prático que vem diretamente da ciência.
De acordo com o positivismo lógico, as teorias científicas são conjuntos de
pesquisas que buscam explicar o mundo natural de uma forma racional e objetiva. Sob a
lógica positivista as teorias científicas podem ser aplicadas formando tecnologias.

Embora, existia uma conceituação da tecnologia como ciência aplicada, nos dias
atuais fica difícil aplicá-la e defendê-la.Shrum, afirma que existe um consenso de que a
ciência e a tecnologia são duas subculturas interdependentes, mas por baixo desses
aparente consenso existem diferentes pontos de vista, um que defende a distinção dos
objetivos estabelecidos, produtos obtidos e métodos empregados e outro que defende a
identidade entre a ciência e a tecnologia.

A partir dessas teorias, entende-se que as teorias científicas são de valores neutros,
e não se pode exigir responsabilidade de quem as aplica, os cientistas,fazendo com que as
suas aplicações também sejam neutras, terá um bom uso deles, pois não serão gerados
problemas, sejam éticos, políticos ou sociais.

A ideia de que a tecnologia seja autônoma favorece duas ideias distintas em relação
a tecnologia, o tecnocatasfrofismo que apresenta uma ameaça da autonomia da tecnologia,
que já se encontra fora de controle e que precisamos destruí-la e retornar para uma
sociedade mais humanizada e menos tecnologicamente avançada. e a outra tecnootimismo
que por sua vez é contrária à anterior, que diz que é exatamente essa falta de controle com
que faz com que a tecnologia possa funcionar, sendo assim, gerando ações benéficas
frente a qualquer dano que ela possa causar.

É possível definir de maneira mais precisa, a tecnologia como um grupo de sistemas


que foram projetados para realizar alguma função, falando de tecnologia como sistema e
não como artefato como antes era definida,para incluir além de objetos materiais, as
tecnologias de caráter organizativo como sistemas de saúde ou educativos, fundamentados
no conhecimento científico. Tecnológico não é só o que altera e cria a realidade física,
também é o que muda e altera a realidade social.

Um dos principais conceitos estabelecidos sobre a tecnologia, é que a partir do seu


caráter sistêmico,é possível entender a tecnologia como prática. O conceito de prática
tecnológica mostra que o caráter da tecnologia como um sistema, que permite troca e
comunicação durante as diversas fases da operação técnica, como os instrumentos,
máquinas, pesquisas, métodos, e aplicações no mercado e isso permite entender que esses
sistemas não são autônomos visto que são envolvidos nos processos da razão teórica e no
controle da razão prática.

Na reflexão filosófica acerca da filosofia, segundo Mitcham, existem diferentes


formas de abordar o pensamento acerca da tecnologia, sendo a primeira o caráter
Engenheiro,nela a tecnologia é aceita como algo dado, e que não pode ser questionado por
uma filosofia que se limita somente a analisá-la. E outra parte sendo a tecnologia
humanista, que ao contrário da tradição da anterior tem seu enfoque muito maior nas
relações da tecnologia com o mundo político e social.

Segundo Engelmeier, os tecnólogos e engenheiros, afirmam suas metas são a


elaboração de produtos tecnológicos úteis, porém essa é apenas uma parte de sua tarefa
no quesito profissional, e que eles possuem altos postos dentro do status social, esse
oferecimentos de funções na vida social por parte deles pode se considerar positiva, como
consequência de um grande crescimento socioeconômico na sociedade moderna e isso
garante um bom futuro para elas. Engelmeier diz que é necessário o estudo do que
representa a tecnologia, quais suas relações com outras áreas como arte e ética, para
poder entendê-la, apostando num trabalho entre disciplinas com o objetivo de esclarecer
qual o conceito de tecnologia.Construindo assim, um sistema filosófico em que os aspectos
sociais da tecnologia e suas questoes analiticas sao peças importantissimas para poder
definir o que é tecnologia.Uma outra forma de explicar o conceito de tecnologia, Heidegger
propõe uma reflexão sobre um sentido geral, mostrando a tecnologia em uma relação muito
próxima com a questão do ser, inclusive que ela pode ajudar a entender a questão
fundamental do ser.

Foram desenvolvidas entre as décadas de 60 e 70 as principais medidas, os


instrumentos e mecanismos para avaliação tecnológica(AT) e de avaliação de impacto
ambiental(AIA).O modelo clássico para avaliação das tecnologias, é apresentado como um
conjunto de métodos utilizado para entender os diferentes impactos causados pela
aplicação das tecnologias, encontrando os grupos que sejam afetados e o analisando o uso
de práticas alternativas, tendo como objetivo reduzir os efeitos negativos, visando otimizar
os efeitos positivos, que faz com que obtenha uma maior aceitação da população.

Gotthard Bechmann estabelece 3 pontos básicos de AT, avaliação instrumental,


avaliação elitista e a avaliação participativa,as duas primeiras apresentam uma visão
clássica, de centrado na regulação de produtos tecnológicos e a última de caráter
construtiva clássica(ACT), focada no processo de produção das tecnologias que
apresentam uma melhoria da avaliação clássica e vem da aplicação dos resultados obtidos
por pesquisas CTS. As diferenças entre o modelo AT e o modelo ACT, tem como principal
elemento que o modelo clássico, é focado no descobrimento dos impactos negativos,
enquanto a ACT propõe mudanças legais para antecipar e prevenir esses impactos
negativos. No modelo construtivo, às trajetórias tecnológicas são entendidas como
processos de variação e seleção onde os processos de geração da variação e do ambiente
de seleção são dependentes dos ambientes construídos socialmente, porém diferente da
evolução biológica é possível mudarmos o ambiente.

Os luditas, grupo que se opôs energeticamente à Revolução industrial, movimento


que proporcionam altos ataques contra máquinas pelo descontentamento gerado por eles,
causando muitos danos e mudando as máquinas, mas mantendo o sistema industrial para
qualquer tipo delas. a partir da segunda guerra, começou a se criar um sentimento de terror
e de desconfiança em relação a se as tecnologias e a ciência seriam fonte de progresso
para a humanidade, após a grande destruição por elas causada.

4. Síntese do capítulo 3
A reflexão sobre a tecnologia vem ganhando maior ênfase nos dias atuais e mesmo
que o estudo da ciência tenha um longo período de existência, teve um escasso
desenvolvimento na antiguidade, de modo que não há aplicação sobre questões como o
método científico ou os princípios das ciências.
Shapin (1996) e outros autores da época afirmam que a revolução científica nunca
existiu, visto que a história da ciência no século 17 reconhecida nos dias atuais levou a
considerar que a ideia de revolução ocorreu diante de um só acontecimento, os mesmos
historiadores rejeitam o fato de ter existido uma “ciência” que comprovasse uma mudança
revolucionária, e sim diversidade de práticas culturais que compreendiam o mundo natural.
Historiadores não consideram as mudanças do século 17 tão revolucionárias como em
outras ocasiões.

Problemas do conceito de sociedade:considerações como o tipo, fundamento, e a


organização social da sociedade têm mais poder que as existentes em relação aos
conceitos sobre ciências e tecnologia. As reflexões antigas sobre a sociedade como feita na
Grécia há 20 séculos não são desconsideráveis, mas com o avanço da tecnologia é notório
que não deve servir de exemplo para as gerações atuais.

Segundo Niklas Luhman, a sociedade é separada por sistemas por meio de


interações e organizações sociais.
Desde o momento que há comunicação entre pessoas há indícios de um sistema social.
Segundo Luhman, há 3 tipos de sistemas sociais: interação (percepção mútua entre os
indivíduos);
Sistemas de organização (por determinado objetivo, há uma certa seleção de indivíduos na
sociedade);
Sociedade:A capacidade de se comunicar entre os ausentes.

Sociedades não humanas: Deuses do olimpo, serviram de reflexo para a sociedade na


antiguidade.
Animais: a interação entre formigas e o sacrifício das abelhas.
Segundo Aristóteles, ser humano que não vive em sociedade é considerado deus ou besta.

A cidade é considerada uma coisa natural do ser humano e oque o torna uma animal
cívico.

Segundo Aristóteles, a sociedade se forma antes dos indivíduos e quem se afasta


dela é um ser “apaixonado pela guerra”;Nenhuma sociedade animal pode estar ao mesmo
nível da humana, visto que apenas indicam por muito a dor e prazer, enquanto os seres
humanos podem indicar o bem e o mal, o justo e o injusto.
Aristóteles ficou preso a uma ideia de que a sociedade humana se comportava de forma
natural ou “animal” pois dificilmente saberia algo da teoria de evolução, visto que hoje, com
base de experimentos em primatas avançados, sabemos que animais também se
comportam de forma cultural, se adaptando ao ambiente que vivem.
Frans de Waal analisou diferentes estratégias utilizadas pelos chimpanzés machos em
dominar seu grupo, as alianças, onde eram formadas por hierarquia.
(Morin, 1973) A exogamia apresenta- se como a chave organizativa da abertura sociológica
e dos vínculos confederativos entre duas mais sociedades.

É abordado a classificação de sociedades com base em diferentes critérios, desde a


classificação em gregos e bárbaros até a perspectiva sociológica de Niklas Luhmann, que
distingue três tipos de sistemas sociais: interação, organização e sociedade. A evolução
sociocultural é ordenada por essa distinção de tipos de sistemas sociais. O texto também
apresenta a separação progressiva entre organizações e sociedade na sociedade moderna.
Em seguida, são expostas distinções de tipos de sociedades com base nas relações dessas
sociedades com a tecnociência, com base em quatro autores: Ortega y Gasset, Lewis
Mumford, Carl Mitcham e Javier Echeverría. É destacado que enquanto o capítulo anterior
aborda a filosofia da técnica desses autores, aqui suas percepções das diferentes
sociedades que deram lugar aos distintos estados do desenvolvimento técnico serão
comentadas.

Ortega divide a evolução da tecnologia em três estágios, cada um representando um


tipo diferente de relacionamento da sociedade com a tecnologia. A primeira fase é
caracterizada por uma "tecnologia do acaso", onde as sociedades primitivas possuem um
repertório limitado de atos técnicos que não se diferenciam dos atos naturais. Nesse
estágio, não há especialização e não há conceito de invenção. O segundo é o estágio do
"artesanato", onde as sociedades têm um repertório mais extenso de atos técnicos e uma
divisão do trabalho, mas ainda contam com a natureza como fundamento. A terceira fase é
a sociedade atual, onde a tecnologia se tornou uma necessidade e as máquinas
substituíram as ferramentas. O ato técnico agora está separado do operador, e o
engenheiro tornou-se uma figura significativa na sociedade.

O livro "Técnica y Civilización" de Lewis Mumford busca fazer um levantamento das


mudanças que a máquina introduziu na civilização ocidental. Mumford divide o
desenvolvimento da máquina em três ondas sucessivas: eotécnica, paleotécnica e
neotécnica, que se desenvolveram nos últimos mil anos na civilização ocidental. Mesmo
que seu foco não seja construir uma tipologia das sociedades, a análise de Mumford pode
ser utilizada para tal finalidade. A máquina é o objeto central de estudo de Mumford e é
responsável por transformar as formas de produção, trabalho e vida das pessoas na
sociedade ocidental.

Sociedade eotécnica: fonte de energia de água e madeira.


Paleotécnica: carvão como principal fonte de energia, criação de estruturas com ferro,
época descrita como evolução tecnológica e degradação ambiental.
Neotécnica: a introdução da energia elétrica, maior preocupação com o ambiente natural.

Javier Echeverría discute três ambientes diferentes sobre a sociedade. O primeiro


ambiente, E1, refere-se às sociedades baseadas na subsistência, como a caça, a
agricultura e a pesca. O segundo ambiente, E2, refere-se às sociedades urbanas, com
diversas formas de poder como religião, militar, política e econômica. O terceiro ambiente,
E3, é caracterizado por uma nova forma de sobrenatureza, artificial e dependente de
avanços tecnológicos como telecomunicações, dinheiro eletrônico, redes telemáticas,
multimídia e hipertexto. Esses avanços tecnológicos só são possíveis devido aos
desenvolvimentos científicos e tecnológicos, tornando o E3 um resultado da tecnociência,
principalmente nos EUA.

São apresentadas diferentes teorias que buscam explicar a dinâmica da mudança


social nas sociedades. Algumas teorias, como a perspectiva organicista, tratam a sociedade
como um organismo em evolução, enquanto outras, como a teoria dos ciclos históricos,
veem a mudança social como um processo circular de repetição e recorrência na história.
As teorias também apresentam diferentes interpretações dos mecanismos que impulsionam
as mudanças sociais, como as ideias, o normativo, os grandes indivíduos e os movimentos
sociais. O texto apresenta exemplos dessas teorias, incluindo as ideias de Auguste Comte e
Lewis Henry Morgan sobre a evolução da humanidade e a explicação tecnológica de
Morgan sobre a mudança social.

Diferentes interpretações são debatidas sobre como explicar a mudança social. A


primeira perspectiva sugere que as crenças, valores, motivações e aspirações das pessoas
são os elementos relevantes para explicar a mudança social, e que a mudança ocorre por
meio de uma mentalidade específica ou "espírito" presente em grupos ou épocas históricas.
A segunda perspectiva enfatiza a importância das normas, valores e instituições na
explicação da mudança social, especialmente através da evasão institucionalizada de
normas e da acumulação de inovações normativas. Por fim, a terceira perspectiva destaca o
papel dos indivíduos excepcionais e suas qualidades como conhecimento, competência,
habilidades, força, astúcia ou "carisma" na explicação da mudança social.

É discutida a importância da ciência e tecnologia na sociedade atual, que é cada vez


mais globalizada e interligada pela informação. A distinção entre ciência básica e aplicada
tornou-se menos clara e a mudança permanente virou algo essencial. No entanto, poucos
atores têm o poder de influenciar a realidade sociopolítica, o que leva a ideologias
tradicionais e uma distância entre o que é tecnicamente possível e a valoração ética. Nesse
contexto, surgem questões éticas relacionadas às técnicas de reprodução, manipulação
genética e clonagem, que geram debates entre tecnófilos e tecnófobos.

O princípio de responsabilidade proposto por Hans Jonas é uma nova ética para um
mundo tecnológico levando em consideração as consequências das ações humanas no
futuro remoto. Ele propõe que uma nova ética é necessária, pois as ações técnicas dos
seres humanos agora não se limitam ao próximo, como ocorria no passado. Outra proposta
de uma nova ética para esta sociedade tecnológica é a de Evandro Agazzi, que utiliza a
teoria de sistemas como instrumento de análise do complexo científico-tecnológico e de
construção desta nova ética. Agazzi propõe que o sistema científico-tecnológico regule seu
funcionamento de tal forma que possa corresponder ao respeito dos critérios de valor e de
dever expressos no sistema moral.

Todavia, é compreendido que a sociedade procede tanto com a natureza do ser


humano quanto algo convencional de mudanças por parte do homem ao longo do tempo. É
equivocado que o desenvolvimento e organização das sociedades está diretamente ligado à
ciência e tecnologia presente no ambiente, sendo assim, a sociedade atual é marcada pelo
uso da tecnologia e os riscos envolvidos nela, requerendo maior princípio de
responsabilidade sobre os desafios que são propostos pela sociedade.

5. Síntese do capítulo 4
A relação entre a ciência e a tecnologia com a sociedade pode ser definida pelo
modelo linear de desenvolvimento, que prega que quanto maior for o estudo da ciência,
maior a tecnologia gerada, que ocasionará em maior riqueza e que por consequência terá
como resultado final o maior bem estar social. Com o maior estudo da ciência, surgiram
vários mitos dentro da área de pesquisa e desenvolvimento voltadas para área de CTS, e
Daniel Sarewitz os identificou em 1996, sendo eles:
● Mito do benefício infinito - Esse mito diz que quanto mais ciência e tecnologia
dentro de uma sociedade, necessariamente irá trazer mais benefícios
sociais.
● Mito da investigação sem limites - Diz que qualquer pesquisa sobre os
processos naturais fundamentais têm iguais chances de produzir algum
benefício social.
● Mito da rendição de contas - Diz que todos participantes das ciências irão ser
responsáveis moralmente e intelectualmente com seus estudos devido a
controles de qualidade das pesquisas científicas e pressão de outros
membros pares que estão estudando o mesmo assunto.
● Mito da autoridade - Diz que a pesquisa científica gera uma base sólida para
resolver disputas políticas.
● Mito da fronteira sem fim - Diz que as novas tecnologias e conhecimentos
científicos gerados irão sempre a natureza e a sociedade para não gerar
consequências negativas.

Em 1945, Vannevar Bush incentivou a pesquisa científica dizendo que o progresso


social dependia apenas do estudo e produção de novos conhecimentos científicos, e que
com isso a luta contra doenças e melhorias do bem-estar seriam mais facilmente
alcançadas.
A ideia de que a ciência só poderia contribuir para o maior bem-estar social se seus
pesquisadores focassem apenas em descobrir as verdades naturais junto ao conceito do
modelo linear de desenvolvimento, fez com que todos países industrializados ocidentais
durante a guerra fria focassem em investir nos estudos para ciência voltados para produção
bélica. Com base nisso vemos exemplos de má aplicação da ciência, e por isso uma
necessidade de reavaliar a relação da ciência e tecnologia com a sociedade. Movimentos
da contracultura da década de 60 fizeram de alvo a luta contra a tecnologia moderna,
associando-a com a destruição ambiental, guerras e com o materialismo. Com toda essa
pressão, a ciência sai do campo em que é livre e só deve focar em buscar as verdades do
mundo, para uma ciência mais regulada, que os poderes públicos possam intervir, auditar e
supervisionar os efeitos da ciência sobre a natureza e a sociedade.
Surge então nesse período a chamada “Síndrome de Frankenstein”, baseada na
história de Mary Shelley sobre o doutor Victor Frankenstein e seu monstro de mesmo nome,
e essa síndrome se trata do temor de que as tecnologias e estudos criadas para controlar a
natureza se voltem contra nós, destruindo a raça humana. Com base nisso, os estudos de
CTS buscam compreender a relação social da ciências e da tecnologia, observando os
fatores que motivam as mudanças, quanto seus efeitos na sociedade e no meio ambiente.
Graças aos estudos da CTS, foi possível ter a consciência de que a mudança na
ciência não segue um padrão, e sim é influenciada por fatores socioeconômicos, valores
morais, crenças religiosas, etc.
Alguns benefícios reais dos estudos de Ciência, Tecnologia e Sociedade são:
● No campo da pesquisa - CTS está sendo utilizada como um novo jeito de
estudar a ciência, que ao invés de ser apenas acadêmica e voltada para os
dados, agora as pesquisas estão tendo uma visão socialmente
contextualizada, tornando seus resultados mais críveis e assertivos.
● No campo da política pública - os estudos de CTS defendem uma maior
regulação social da tecnologia e da ciência, e isso ajuda na hora de tomar
decisões sobre questões delicadas relacionadas a políticas
científico-tecnológicas, que já foram previamente refletidos e definidos os
seus limites.
● Na educação - Esse novo jeito de estudar ciência abre a mente dos alunos,
fazendo com que pensem de maneira mais ampla e não apenas nos fatos
científicos, mas também nas condições sociais que levam a eles e suas
consequências.
Diferenças entre CTS Europeia e CTS Americana:
● Tradição europeia tem maior foco nos fatores sociais antecedentes,
enquanto a americana foca nas consequências sociais.
● Tradição europeia dá atenção primária à ciência e secundária a tecnologia, já
a tradição americana tem foco principal na tecnologia e depois na ciência.
● Tradição europeia tem caráter teórico enquanto a americana tem caráter
prático.
A partir da sociologia, modelos foram criados para analisar a tecnologia e o
conhecimento científico sob uma ótica social, o principal é o Construção Social da
Tecnologia (SCOT) que tenta explicar a evolução da tecnologia, por que algumas de suas
variantes permanecem e outras não, e diz que o processo é quase-evolutivo por parte da
tecnologia, fazendo uma referência a biologia, porém com a diferença que ao invés de ser
uma evolução linear, é uma evolução multidirecional, que ocorre de maneira simultânea
com várias pessoas ao mesmo tempo trabalhando em melhorias focadas e não aleatórias.

A importância da participação do público geral dentro da gestão das mudanças


científico-tecnológicas foram analisadas e defendidas por Carl Mitcham em 1990, que lista
alguns argumentos para tal:
● A opinião do público já influencia a dos especialistas, seja via governo ou
grupos de apoio.
● Nada se realizará sem a aprovação do público.
● Especialistas vão tentar promover seus interesses às custas do público geral.
● Aqueles que são afetados pelas decisões deveriam ter algo a dizer sobre o
que os afeta.
● Caso não participem, as pessoas teriam sentimentos de revolta pelas
decisões que afetam sua vida estarem sendo tomadas por outras pessoas.
● A participação do público irá melhorar as decisões tomadas.
● Com o público participando, eles iriam se tornando mais sábios e críticos em
relação a como suas decisões impactam a sociedade e a complexidade dos
riscos e benefícios da tecnologia.
Em 1992, Daniel Fiorino compila esses argumentos em apenas três:
● Argumento instrumental - Diz que a participação do público gera decisões
mais legítimas e com menos resistências sociais de serem aceitas.
● Argumento normativo - Diz que seguindo ideais democráticos, o público no
geral é o melhor juiz e defensor de seus próprios interesses.
● Argumento substantivo - Diz que o público com experiência local tem um
conhecimento tácito dos problemas que aqueles fora do ambiente não estão
cientes e não experienciam.
Em 1993 Laird define o caráter democrático da participação pública na gestão:
● Caráter representativo: promove ampla participação do público no processo
de tomada de decisão.
● Caráter igualitário: Permite participação do cidadão igual a dos especialistas,
o que impede que o público seja intimidado.
● Caráter efetivo: A decisão é mais centralizada em alguma autoridade que foi
escolhida por um grupo para que representasse seus interesses.
● Caráter ativo: Público age de maneira ativa na definição e resolução dos
problemas, diferentemente de ter apenas sua opinião considerada de forma
reativa.
Em 1997 Dyson diz que a ciência passou a se preocupar com campos muito
distantes dos problemas sociais do cotidiano, e assim passou a usar recursos públicos para
benefícios do próprio pesquisador e uma pequena elite, e não melhorando a vida do público
geral com suas descobertas. Chegou ao ponto de alguns estudos não apenas não
resolverem os grandes problemas sociais, como ajudam até a criar novos, por serem
perigosos ou aplicados para fins bélicos, e o motivo disso é que aqueles que tomam as
decisões de política científica são os cientistas e os homens de negócio buscando prestígio
próprio ou retornos econômicos, e não o público geral buscando melhoria de bem-estar
social. Pensando nisso surge o Congresso de Budapeste, por exemplo, que tenta
estabelecer prioridades de estudo e os campos a serem pesquisados para democratizar
mais a ciência.
Segundo Waks em 1990, que se inserido CTS em sua educação, os próprios
cidadãos vão resolver os problemas relacionados ao desenvolvimento nas sociedades. Em
1992 Solomon e Yager falaram que a CTS já estava em diversas universidades e até no
ensino secundário, e gera benefícios como ajudar os alunos na tomada de decisões e
expressarem suas opiniões de maneira mais embasada, melhora a criatividade e
capacidade de compreender conceitos científicos dos estudantes.
Para inserir CTS na educação, Waks diz que é preciso:
● A autoridade do professor e dos textos deve ser transferida para os
estudantes.
● Mudança de foco de aprendizagem do estudante individual para o grupo de
aprendizagem.
● Mudança no papel dos professores, que ao invés de distribuidores de
informações devem ser uma autoridade experiencial, que incentive o teste e
o aprendizado empírico dos alunos.
6. Reflexão e Conclusão (apresentar a reflexão, a análise e a conclusão
do trabalho)

Pode-se entender com a leitura do livro, que os estudos CTS, mesmo cada tópico
de ciência,tecnologia e sociedade, apresentado separadamente durante o decorrer, vão se
desenvolvendo relações em conjunto, pois a ciência está diretamente ligada com a
tecnologia e nos dias atuais a inclusão deste processo tecnocientífico no contexto social,
atingem uma grande relevância pública, pois são importantes para definição das condições
da vida humana, seja no desenvolvimento de produtos, ou no desenvolvimento acadêmico
de pesquisas, convertendo se no centro de interesse e atenção das sociedades, o que
também se relaciona diretamente com a sociedade, visto que a ciência e tecnologia
avançaram de maneira e tempo diferentes ao redor do mundo de acordo com os diferentes
sistemas sociais implementados por cada grupo social.
Graças aos conhecimentos obtidos pela aplicação dos estudos do CTS, foi possível
ter a noção de que a alteração na ciência não segue um mesmo padrão rígido, e sim é
influenciada e alterada por diversos valores morais, fatores socioeconômicos, crenças
religiosas, entre outros tópicos.

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