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Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)

Centro de Ciências Humanas e Sociais

Faculdade de Filosofia

Bacharelado em Biblioteconomia – Noturno

Filosofia da Ciência e da Tecnologia

Docente: Rodrigo Ribeiro Alves Neto

Semestre: 2023-2

Discente: Franklin de Souza Oliveira – 20162332031

Avaliação 2

Questão A:

Resposta: O cientificismo é uma corrente filosófica que defende a superioridade da


ciência em relação a outros entendimentos humanos sobre a realidade. A tecnologia, por
sua vez, é uma manifestação direta do cientificismo, uma vez que é fundamentada em
princípios científicos. A tendência mais tradicional nos campos da filosofia e da história
da ciência defende um primado da teoria, pois a produção da ciência não estaria atrelada
ao contexto da descoberta, mas sim ao contexto da justificação. A orientação logicista
da “Filosofia da Ciência” evita toda e qualquer tentativa de contextualização histórica,
social e cultural da atividade científica, pois contextualizá-la abriria as portas para a
crítica da validade da ciência, na medida em que a sua racionalidade seria questionada,
uma vez que ela não mais poderia ser associada à verdade universal, atemporal,
apolítica, neutra e desinteressada. Portanto, a afirmação de que o cientificismo defende
a ciência como conhecimento autônomo e a tecnologia como aplicação direta da ciência
é FALSA. A técnica faz parte da ciência, e a produção da ciência está atrelada tanto ao
contexto da descoberta quanto ao contexto da justificação.

Questão B:

Resposta: As sentenças apresentadas contêm diversas afirmações falsas sobre a visão de


Thomas Kuhn sobre a racionalidade científica, tais como: 1 - Análise lógico-semântica
de proposições científicas: Kuhn não se concentrou principalmente na análise lógico-
semântica de proposições científicas. Em vez disso, ele estava mais interessado em
como as revoluções científicas ocorrem e como as teorias científicas mudam ao longo
do tempo. 2 - Racionalidade científica livre de valores: Isso é falso. Para Kuhn, a
escolha de uma teoria é racional quando: a) a avaliação é baseada em valores
característicos da ciência; b) uma teoria é considerada melhor quanto mais manifesta
esses valores; e c) o cientista escolhe a teoria melhor avaliada. Portanto, a racionalidade
científica, de acordo com Kuhn, não é livre de valores. 3 - Ciência como uma
instância não-política de pura racionalidade: Kuhn não via a ciência como uma
instância não-política de pura racionalidade. Ele reconheceu que a ciência é uma
atividade social e que os contextos sociais e históricos são relevantes para a aceitação
legítima de uma teoria. 4 - Ciência conduzida por mutações internas ao seu
desenvolvimento teórico, metodológico e conceitual: Embora Kuhn tenha enfatizado
a importância das revoluções científicas, que são mudanças fundamentais nas teorias
científicas, ele não acreditava que essas mudanças fossem simplesmente o resultado de
“mutações internas” ao desenvolvimento teórico, metodológico e conceitual da
ciência. Ele argumentou que as revoluções científicas são muitas vezes impulsionadas
por uma variedade de fatores, incluindo novas descobertas e mudanças no pensamento
científico. Diante o exposto, a questão B é uma afirmação FALSA.

Questão C:

Resposta: As sentenças apresentadas contêm várias afirmações falsas sobre a visão da


Filosofia da Ciência, Filosofia da Técnica e Tecnociência que são: 1 - Filosofia da
Ciência: A Filosofia da Ciência não se limita a uma imagem logicista da racionalidade
científica como representação teórica da realidade. Ela também explora questões como
o que qualifica como ciência, a confiabilidade das teorias científicas e o propósito final
da ciência. 2 - Filosofia da Técnica: A Filosofia da Técnica tradicional não é
necessariamente de orientação antropocêntrica e instrumental. Ela pode abordar uma
variedade de questões relacionadas à tecnologia e seu impacto na sociedade e no
indivíduo. 3 - Tecnociência: A Tecnociência não busca necessariamente ultrapassar a
estrita referência à condição humana. Ela se refere à interação forte na pesquisa e
desenvolvimento contemporâneos entre o que tradicionalmente era separado em ciência
(teórica) e tecnologia (prática). Além disso, a Tecnociência não necessariamente busca
modificar ilimitadamente todos os contornos da realidade inumana e humana. Ela
reconhece que o conhecimento científico não é apenas socialmente codificado e
historicamente situado, mas sustentado e tornado durável por redes materiais (não-
humanas). Portanto, a questão C é uma afirmação FALSA.

Questão D:

Resposta: As sentenças apresentadas contêm várias afirmações que são parcialmente


verdadeiras e parcialmente falsas sobre a visão do cientificismo, tais como: 1 -
Valores epistêmicos: O cientificismo defende que a ciência é a melhor ou única
maneira de render a verdade sobre o mundo e a realidade. Isso inclui a busca pela
verdade, a objetividade e o respeito a um rígido método de investigação. No entanto, é
importante notar que esses valores não são exclusivos da ciência e podem ser
encontrados em outras formas de investigação. 2 - Desvelamento progressivo da
realidade: Embora o cientificismo possa defender que a ciência é capaz de desvelar
progressivamente a realidade, essa visão pode ser criticada. A ciência é uma atividade
humana e, portanto, está sujeita a erros, revisões e mudanças de paradigma. 3 -
Racionalidade científica e progresso civilizatório: Embora o cientificismo possa ver a
racionalidade científica como uma marca distintiva do progresso civilizatório, essa
visão pode ser criticada. Nem todos os aspectos do progresso civilizatório podem ser
atribuídos à ciência, e nem todas as conquistas da ciência são necessariamente
benéficas. 4 - Desenvolvimento da sociedade e avanço científico: Embora o
cientificismo possa argumentar que o avanço científico determina o desenvolvimento da
sociedade, essa visão pode ser criticada. A sociedade é influenciada por uma variedade
de fatores, incluindo, mas não se limitando à ciência. 5 - Superioridade epistemológica
e autoridade moral da ciência: O cientificismo pode defender a superioridade
epistemológica da ciência, mas a ideia de que a ciência tem autoridade moral sobre a
sociedade é controversa. A ciência pode informar nossas decisões morais, mas não pode
determiná-las.

Questão E:

Resposta: Todas as sentenças são verdadeiras. Desde o final dos anos 1970, o termo
tecnociência tem sido utilizado para indicar a diluição de fronteiras entre ciência básica
e ciência aplicada, que se vê, por exemplo, na designação das novas disciplinas da
pesquisa de ponta que surgem nesse período: engenharia genética, biotecnologia,
nanotecnologia, tecnologia da informação etc. Faz parte da tecnociência também a
reversão das hierarquias entre a tecnologia e a ciência. Nesse modo de produção de
conhecimento, a dimensão tecnológica, ou seja, a aplicação utilitária, lucrativa e
inovadora do conhecimento é mais importante do que a sua capacidade de produzir
novas verdades ou de realizar descobertas fundamentais sobre a natureza. Por fim e o
mais importante: a tecnociência é o nome dado ao fenômeno de fusão e emaranhamento
entre ciência, tecnologia e capitalismo neoliberal. Assim, essa entidade tem sido descrita
como resultante da captura da tecnologia e da ciência pelo mercado – o que acarreta
mudanças nos próprios mecanismos do mercado.

Questão F:

Resposta: Todas as sentenças apresentadas são verdadeiras. Na racionalidade


tecnocientífica, a ciência e a tecnologia são consideradas como dimensões extrínsecas à
atividade científica, uma vez que a ciência visa à obtenção do conhecimento pelo
conhecimento, ao passo que a técnica visa à obtenção de um conhecimento para a
intervenção e o controle de processos, objetos e materiais. Para transformar eficazmente
o mundo, a técnica tem que se limitar a tomar da ciência as diretrizes do seu trabalho. A
tecnociência seria como uma derivação prática do conhecimento científico puro,
autônomo e superior. Como ciência aplicada, a “tecnociência” compreende a função
técnica como um meio a serviço do fazer humano, um “meio para fim”. A tecnociência
seria uma ferramenta ou instrumento da espécie humana com os quais satisfazemos
nossas necessidades, respeitando os limites da natureza e da condição humana. No
mundo pós-moderno, a racionalidade tecnocientífica está a serviço do progresso
iluminista e emancipacionista da razão e passa a ser vista como o resultado de uma
combinação inseparável entre o desenvolvimento científico, a apropriação tecnológica
da natureza e sua utilização em benefício da esfera ético-política da humanidade,
compreendida a partir de valores tais como liberdade, autonomia, dignidade e
responsabilidade.

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