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O modelo racional que baseia a e fundamenta toda a ciência moderna e a nossa ideia
do que é a ciência, constitui-se a partir do século XVI e foi desenvolvido nos séculos
seguintes, sobretudo no que se refere às ciências exatas e naturais.
É só no século XIX que tal modelo se estende às ciências sociais, então emergentes.
Como nos diz Alan Chalmers na obra What is this thing Called Science?, a opinião popular
nas sociedades modernas é a de que ciência, objetividade e rigor são uma e a mesma
coisa.
Esta conceção, embora esteja a sofrer algumas alterações na atualidade, está
profundamente enraizada nas descobertas científicas e no próprio método científico
desenvolvidos após o século XVI.
É devido a esta relativização do método científico que, atualmente a ciência é cada vez
mais posta em questão.
Se na ciência clássica a natureza (e o mundo em geral) era concebida como um
autómato, uma máquina, explicada por leis matemáticas, da qual se julgava o
observador ausente (ou seja, não interferia no que observava), hoje em dia ela situa
também o Homem, e o protagonista da observação na realidade que estuda e pretende
explicar.
De certa forma, podemos considerar que a ciência se humanizou e se fragmentaram as
formas de conhecimento científico porque a realidade não é completamente
apreendida de um só modo e a partir de uma só perspetiva.
Mas o que é a verdade? Não será a verdade, mesmo no domínio da ciência, algo relativo,
dependente de condições mais vastas do que a metodologia utilizada pelo cientista?
Tal como nos diz Thomas Khun nas frases finais do seu livro A Estrutura das Revoluções
Científicas:
«O conhecimento científico, tal como a linguagem, é intrinsecamente propriedade de
um grupo ou não é nada. Para o compreendermos teríamos de reconhecer as
características particulares do grupo que a criou e utiliza».
Progresso científico segundo Khun:
Isto porque não são abordagens isentas, porque não estão sustentadas por métodos
e técnicas de construção, porque não têm subjacente a preocupação de analisar
objetivamente a realidade.
O que é a Ciência?
➢ Geral: utiliza factos para testar teorias e utiliza teorias gerais para fazer previsões
acerca de determinados fenómenos;
«Estamos a 15 anos do final do século XX. Vivemos num tempo atónito, que ao debruçar-se
sobre si próprio descobre que os seus pés são um cruzamento de sombras. Sombras que vêm
do passado que ora pensamos já não sermos, ora pensamos nunca termos deixado de ser.
Sombras que vêm do futuro, que ora pensamos já sermos, ora pensamos nunca virmos a ser»
Nenhuma ciência se constitui como ciência sem ter um objeto de estudo. Assim, na
maior aproximação ao conhecimento da realidade, podemos dizer que cada ciência
produz o seu próprio objeto científico.
A base de construção do objeto científico ou objeto de estudo é semelhante aquela
que se encontra subjacente ao reconhecimento e utilização dos objetos com que
diariamente lidamos.
Todos os dias lidamos com objetos diversos que somos capazes de reconhecer e de
identificar, na medida em que sobre eles possuímos já imagens construídas. Estas
imagens são o nosso código de leitura da realidade que nos rodeia, são aquilo que
atribui significado ao que nos rodeia.
A ciência é precisamente uma outra forma de ler a realidade. A leitura científica da
realidade pressupõe uma rutura com aquilo que é evidente, ou seja, a ciência utiliza
um novo código de leitura da realidade, código esse que varia de acordo com a sua
abordagem da própria realidade. A leitura que a Economia faz de certos fenómenos
não é a mesma que a Sociologia.
O objeto científico é assim construído em função da natureza dos problemas que
cada ciência se propões estudar.
A ciência transforma os objetos reais em científicos através de um processo de
construção próprio dos problemas e temas a que se dedica.
Podem-se distinguir:
Objeto Real – aquele que de facto existe e de que raramente possuímos total
consciência.
«O Homem não pode viver no meio de coisas sem fazer delas ideias, segundo as quais
regula o seu comportamento».
➢ Tais ideias são: «produto da experiência vulgar e têm antes de tudo como objetivo
pôr as nossas noções em harmonia com o mundo que nos rodeia, são formadas pela
prática e para ela (…). Uma representação pode ser capaz de desempenhar
utilmente este papel, sendo ao mesmo tempo teórica ou cientificamente falsa».
✓ A regra metodológica que Durkheim propôs, “explicar o social pelo social”, constitui-
se como uma das regras chave para superar os obstáculos do senso comum,
sobretudo se for entendida como a afirmação de que não existem elementos
metassociais que possam dar cientificamente conta dos fenómenos sociais.
Segundo Augusto Santos Silva (1987), existem 3 níveis a que podem ser colocados
obstáculos ao conhecimento científico-social:
➢ Senso comum, as ramificações mais imediatas e espontâneas sobre a realidade.
Para explicar um determinado fenómeno social devemos apenas usar aspetos sociais,
tudo aquilo que não é social não entra nesta regra, no entanto, atualmente, sabe- se
que isso não é bem assim - problemas naturais, ambientais influenciam a organização
da sociedade, a forma como as pessoas se relacionam umas com as outras e com os
recursos naturais/ambiente.
➢ Que a razão de ser dos factos sociais deve ser procurada (e explicada) em (e por)
outros factos sociais;
➢ Que não existe nenhuma ordem superior, metassocial, que permita dar conta, do
ponto de vista científico, dos fenómenos sociais;
➢ A permanente relativização das propriedades dos factos/fenómenos sociais e a
afirmação de que estes são sempre explicáveis através de sistemas lógicos de
relações entre aquelas propriedades.
Através desta regra, põe-se frequentemente em causa alguns dos mais enraizados
preconceitos e algumas características das ideologias mais correntes, decorrentes do
naturalismo, individualismo e etnocentrismo.
Segundo Augusto Santos Silva (1987) é porque reconhecemos que o trabalho científico
implica elementos de senso-comum e elementos ideológicos, que podemos afirmar
também que:
➢ é possível pô-los à prova pela análise científica e, assim, exercer sobre eles, uma
permanente vigilância crítica;
➢ tais elementos são, eles próprios, transformados pela prática científica, que
condicionam.
Rutura do senso-comum
Relacionação dos factos- Os factos sociais só podem ser explicados por sistemas de
relações entre eles e não de forma isolada;
Análise científica das conceções de senso comum- a pesquisa científica pode tornar
as conceções de senso-comum e as formulações ideológicas em objeto de análise
(Exemplo: pode submetê-los aos seus próprios mecanismos de controlo).
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Disciplina B
Disciplina A Disciplina C
Realidade Social
Disciplina F
Disciplina “n”
Disciplina E
Realidade é só uma e, por isso, podemos dizer que a realidade social também é uma.
Os contributos mais relevantes para a formação de noção de sociedade e para a sua
análise partiram de autores como:
Em termos de método, poderemos dizer que as ciências sociais nasceram sob a égide
metodológica das ciências naturais e exatas. Este modelo de racionalidade científica
parecia, à luz da história da ciência, ser o único capaz de dar origem ao conhecimento
científico. É um modelo racional, que se baseava na tentativa de estabelecer
generalizações e leis, sustentadas nas sequências e regularidades manifestadas pelos
fenómenos observados e submetidos a experiências.
Nos finais do século XIX, em 1895, Émile Durkheim escreve as Regras do Método
Sociológico. Nesta obra referia a necessidade de analisar os factos sociais como coisas,
reforçando o princípio de exterioridade e constrangimento dos factos sociais
relativamente ao indivíduo. Nesta obra foram lançadas as primeiras regras
metodológicas da sociologia, como o princípio já nosso conhecido – explicar o social pelo
social.
No início do século XX, Max Weber alarga a perspetiva sociológica à análise da interação
social e do sentido da ação social, refletindo sobre essa perspetiva tendo em
consideração também a economia e a história. Max Weber propunha igualmente um
método de análise do social, mais compreensivo, contrariando e abandonando a
perspetiva positivista na análise dos fenómenos sociais.
2. A diferenciação teórica das ciências sociais
As ciências sociais distinguem-se entre si, basicamente porque (não se distinguem pela
realidade ser diferente, mas por se centrarem em partes diferentes da mesma
realidade):
❖ Possuem fins/objetivos diversos;
❖ A natureza dos problemas estudados por cada uma é diferente;
❖ Os critérios de delimitação desses problemas são diferentes;
❖ As matrizes teórico-explicativas são também diversas;
❖ Possuem métodos e técnicas de abordar a realidade que são também diferentes e,
logicamente, adaptados aos problemas estudados por cada uma delas.
O formato que cada uma destas técnicas assume em cada investigação científica está
extremamente dependente das hipóteses colocadas e dos conceitos (variáveis e
indicadores) que as integram. Estes conceitos desdobram-se em variáveis e em
indicadores. Quando, como acontece na maior parte das investigações científicas, é
necessário proceder ao teste empírico (i.e. ao confronto com a realidade, à recolha da
informação, para o teste das hipóteses) há necessidade de construir indicadores (ou
índices). Estes são igualmente conceitos, mas possuem menor complexidade e menor
abstração e por isso mesmo mostram-se mais capazes de abordar operacionalmente a
complexidade e a diversidade do fenómeno em análise.
❖ Os objetivos da pesquisa;
❖ A construção da amostra.
❖ Os efeitos da investigação.
Hipóteses
As hipóteses são sempre colocadas como afirmações, nas quais existe sempre a questão
a que queremos responder e a respetiva resposta.
Contém assim:
O que queremos explicar (a questão);
O que pensamos que explica o que queremos explicar (a resposta).
Assim, numa hipótese existe sempre uma relação entre o problema que queremos
investigar e a possível solução.
Conceitos
Noções formais e lógicas acerca dos fenómenos que analisam, aquilo em que as teorias
assentam e que, permite construí-las e consolidá-las.
Variáveis
Noções logicamente construídas para estabelecer a diversidade interna dos conceitos
e que podem ser empiricamente observadas e medidas. As variáveis são as dimensões
empíricas dos conceitos e podem possuir vários valores ou indicadores.
Indicadores
Noções utilizadas para designar e distinguir diferenças dentro das variáveis.
✓ Os conceitos, as variáveis e os indicadores podem ser independentes ou
dependentes, consoante o papel explicativo que têm na hipótese ou hipóteses de
trabalho e, consequentemente, na investigação.
Variáveis
“Variável é um conceito operacional e classificatório que, através da partição de um
conjunto teoricamente relevante assume vários valores” Almeida e Pinto (1981).
Podemos distinguir:
➢ Variáveis qualitativas (as mais frequentemente usadas nas ciências sociais) – as que
não têm um conteúdo numérico.
~
2.1.3. Construção de variáveis e escalas de medida
Neste caso, os números não têm de ser apenas diferentes, para nos permitir distinguir
os valores assumidos pela variável, eles têm de ser também maiores ou menores,
consoante a posição relativa que ocupam (Exemplo: nível de concordância com a
despenalização das drogas leves em Portugal).
Uma Escala de Intervalo implica tanto a ordenação dos valores assumidos por uma dada
variável como também informação acerca da grandeza das diferenças entre esses
valores (Exemplo: Temperatura). Nesta escala o ponto zero é convencional e arbitrário.
➢ Por um lado, os cientistas sociais são indivíduos que vivem num determinado
contexto social, que observam outros indivíduos do mesmo ou de outro(s)
contexto(s) social(ais). Isto significa, portanto, que qualquer relação que se
estabeleça entre o cientista-observador e o observado é sempre uma relação social.
Como em qualquer relação social, o observador possui frequentemente expectativas
quanto ao observado e este também as possui relativamente ao observador ou à
pesquisa que este representa.
➢ O observado adota com frequência várias atitudes que podem interferir no processo
de observação: por exemplo, pode querer impressionar o observador (dando a
resposta que julga ir mais ao encontro da opinião da do investigador); pode querer
ainda tirar partido da situação (dando um tipo de resposta que não revela a sua
opinião, mas que vá de encontro ao proveito que pensa poder tirar da investigação);
pode ainda não se querer revelar a um estranho fornecendo, assim, respostas
radicalmente diferentes da sua opinião ou situação, etc.
Pelo simples enunciar destes entraves à observação parece óbvio que algumas vezes
esses entraves podem comprometer a validade e a fiabilidade das investigações
científicas, dado que impedem a medida da realidade social.
Experimental
Importado das ciências exatas e naturais, com aplicabilidade restrita nas ciências
sociais (consiste em realizar experiências, deve-se repetir por vários momentos da
observação).
Observações:
→ Não se distinguiu entre técnicas de recolha de dados e técnicas de tratamento dos
mesmos;
Na maior parte das investigações nem sempre é possível inquirir ou observar toda a
população que seria interessante para o nosso estudo, por razões várias, desde a
escassez de recursos humanos e financeiros até à escassez de tempo. Por estas razões
se recorre, com frequência, a amostras retiradas da população global que nos interessa
observar.
Podemos definir Amostra como: uma fatia, representativa, sempre que possível, da
população que constitui o alvo do nosso estudo.
Amostragem Probabilística ou Aleatória: garante que cada um dos elementos tem uma
possibilidade conhecida e não nula de ser integrado e representado na amostra
(Exemplo: cada elemento de uma dada população tem a mesma probabilidade estatística de vir
a ser incluído na amostra).
Este tipo de amostragem garante a representatividade estatística da população,
implicando que exista um conhecimento prévio da população a inquirir em termos das
caraterísticas que se consideram relevantes para a investigação.
Amostragem Não Probabilística: não se garante que todos os elementos de uma dada
população tenham uma probabilidade conhecida e não nula de serem integrados na
amostra (nem todos os elementos da população têm a mesma probabilidade estatística
de serem representados na amostra).
Amostra Estratificada: Envolve em geral mais do que uma operação. No caso da nossa
população-alvo ser muito pouco homogénea, deve proceder-se a uma decomposição
prévia da mesma em estratos homogéneos (a obtenção destes estratos pode ser
baseada num único critério, por exemplo a idade dos indivíduos ou numa combinação
de 2 ou mais critérios). A amostra total será constituída pelo conjunto das subamostras
relativas a cada um dos estratos construídos e obtidas através do método aplicável para
as amostras simples (as anteriormente descritas). Importa observar que no caso de os
estratos terem uma dimensão suficiente, as dimensões da amostra em cada estrato
poderão ser idênticas. Contudo, é sempre preferível fazer depender a dimensão da
amostra do grau de homogeneidade do estrato, i.e., quanto menor este for, mais ampla
deverá ser a amostra para que se possa compensar a dispersão e a heterogeneidade.
Amostra por cachos: As amostras por cachos não são constituídas, como as anteriores,
por unidades individuais, mas sim por conjuntos (cachos), sendo que cada um dos
indivíduos que integram cada cacho ou conjunto serão incluídos na amostra. A seleção
faz-se relativamente aos conjuntos (por exemplo, quarteirões de uma cidade, bairros,
ruas, sectores de uma empresa, famílias, etc.) e não ao nível dos indivíduos. Para esta
amostra, quando estão envolvidos conjuntos territoriais é frequente utilizarem-se cartas
ou fotografias aéreas, sobre as quais se delimitam os cachos.
Amostra com vários graus: como a própria designação indica, utilizam-se
sucessivamente vários procedimentos da amostragem probabilística.
Problemas da Amostragem
Enviesamentos Introduzidos no Momento de construção da Amostra
(amostragem probabilística ou aleatória)
Quando não temos uma lista exaustiva da população-alvo, podemos tomar como
aproximação uma base de dados que cubra apenas uma parte da população visada
(Exemplo: Cadernos Eleitorais). Mas utilizando este tipo de lista há uma parte da
população que é excluída, à partida.
Quando selecionamos aleatoriamente as pessoas ou unidades a inquirir, geralmente
não temos em conta que, por razões diversas, os indivíduos poderão não querer
participar na investigação ou poderão estar ausentes da sua residência. Existirá,
portanto, uma descoincidência ou um desvio entre as pessoas que deveriam ter sido
inquiridas e aquelas que o serão efetivamente.
O primeiro caso trata-se de uma recusa global, havendo categorias mais frequentes de
não-respondentes:
❖ Trabalhadores por conta própria (dizem que estão sempre muito ocupados e
com atividades e horários mal definidos);
❖ Pessoas idosas (maior receio de desconhecidos e, também, têm uma atitude de
descomprometimentos e de retraimento face ao mundo o que as leva a
desvalorizar as suas próprias opiniões e a não querer participar);
❖ Algumas mulheres casadas (referem que não pode participar sem a concordância
do marido ou que ele saberá melhor responder);
❖ Certos meios sociogeográficos (maior resistência à resposta de
inquéritos/entrevistas- os da cidade recusam com maior frequência do que os
da aldeia).
Por outro lado, os enviesamentos introduzidos pelas recusas em responder por parte de
certas pessoas/unidades poderão ser corrigidos com a seleção aleatória de outras
pessoas/unidades, com caraterísticas idênticas.
➢ Os que decorrem do modo como o inquiridor seleciona as pessoas que vai abordar;
➢ Os que decorrem do risco do inquiridor só selecionar pessoas conhecidas ou aquelas
que lhe pareçam mais amigáveis.
Tanto no primeiro caso, como no segundo, estes riscos podem ser minimizados
se se forneceram ao inquiridor instruções rigorosas quanto às pessoas que devem ser
inquiridas.
No caso das amostras não probabilísticas, aceita-se como razoável que a amostra seja
de 10% a 20% da população total, devendo as caraterísticas da população-alvo estarem
representadas, na mesma proporção, na amostra.
Quanto à dimensão da amostra para o caso das amostras probabilísticas ou aleatórias,
podemos começar por dizer que:
➢ Como, na maioria dos casos, não é possível inquirir toda a população-alvo, temos de
ter em conta que existe sempre uma margem de erro e que o nosso grau de
confiança nunca será igual a 100%. Habitualmente aceita-se como margem de erro
satisfatória os 0,05, o que significa que o grau de confiança aceitável será de 95%.
Existem várias formas de calcular a margem de erro e, simultaneamente, calcular a
dimensão da nossa amostra.
Neste processo de questionar e obter respostas sobre uma dada realidade que
observamos, tudo o que é necessário saber é fazer as perguntas e saber ao mesmo
tempo identificar os elementos constituintes das respostas. O processo que envolve a
construção de perguntas e a obtenção de respostas é bastante complexo.
O Inquérito por Questionário pode ser considerado como um conjunto de perguntas
concretas, estandardizadas que permitem ao investigador estudar fenómenos sociais e
quantificar a informação recolhida de forma mais imediata. Permite assim, uma mais
rápida objetivação dos resultados e também uma mais rápida recolha de dados.
3.2. Preparação
As questões incluídas num IQ devem ser eficientes.
Uma questão eficiente pode ser definida por proporcionar o máximo de clarificação
possível das categorias acionadas pelos inquiridos, de modo a que possam ser
comparadas com as dos outros inquiridos e com as do próprio investigador.
Neste sentido, antes de formular em definitivo uma questão, temos de ter em atenção:
De que forma podem ser obtidas respostas a questões difíceis, ou seja, quais os
meios de que dispomos para obter essas respostas;
Questões fechadas são aquelas em que os inquiridos devem cingir a sua resposta às
alternativas propostas pelos investigadores no IQ e, deste modo, condicionam mais as
respostas dos entrevistados e perdemos alguma riqueza do discurso dos mesmos. Esta
é aliás a grande desvantagem destas questões. Por outro lado, estes tipos de questões
facilitam enormemente a anotação no ato de inquirição e facilitam o posterior
tratamento dos dados recolhidos, uma vez que proporcionam uma maior
comparabilidade dos dados, porque as categorias de resposta são comuns para todos
os indivíduos inquiridos.
Questões abertas são aquelas em que o inquirido pode responder em total liberdade.
Não lhe são fornecidas a priori alternativas de resposta. Este tipo de questão apresenta
mais desvantagens que o anterior, no que se refere ao tratamento das respostas e às
possibilidades de comparação. Tem como vantagem principal o facto de o discurso
do inquirido não estar condicionado.
Temos ainda um tipo de questões que podemos designar como semi-abertas ou semi-
fechadas. Estas questões são aquelas em que o inquirido escolhe uma das categorias de
resposta propostas pelo investigador, mas tem de completar a resposta com o seu
próprio discurso. Temos ainda de ter em conta num IQ as questões de escolha múltipla
(Exemplo: aquelas em que o inquirido pode escolher mais do que uma das opções de
resposta apresentadas). Estas questões são sempre de tipo fechado e podem ser
simples ou de hierarquização.