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APLICADA ÀS
RELAÇÕES
PÚBLICAS
Introdução
O conhecimento é uma produção de saberes da sociedade que acom-
panha a sua própria evolução ao longo do tempo e do espaço, em que
o homem exercita sua criatividade e os infinitos questionamentos sobre
os fatos.
Ao longo dos anos, o ser humano evoluiu, assim como as diferentes
abordagens sobre o que lhe cerca, desde as afirmações de um conheci-
mento clássico até a criação do pensamento sistêmico.
Neste capítulo, você vai conhecer a origem do conhecimento e sua
classificação, entenderá como ele é produzido e como ocorre sua evo-
lução diante das fases pelas quais a sociedade vem passando.
Origem do conhecimento
O conhecimento tem seus primórdios na Grécia antiga, com base na tríade
filosofia-ciência-tecnologia. Os primeiros filósofos — os pré-socráticos —
dedicavam-se a um conjunto de indagações principais: por que e como as
coisas existem? O que é o mundo? Qual é a origem da natureza e quais são
as causas de sua transformação? Essas indagações colocavam no centro a
pergunta: o que é o ser? (CHAUÍ, 2000).
As obras de Platão e de Aristóteles discutem as grandes concepções do
conhecimento que, em mais de 2 mil anos, é sempre a questão central a ser
discutida e que orienta os caminhos buscados pelos homens (BAZZANALLA
et al., 2013).
O homem apresenta admiração pelo saber e, desde a antiguidade, absorvia
o seu entender a partir dos fenômenos que sentia, revelando-se um verdadeiro
intérprete da realidade exterior. Mas, com o passar do tempo, ele deixou de ter
essa postura contemplativa e passou a assumir uma nova atitude, tornando-
-se mais ativo frente aos fatos. Esse movimento foi protagonizado por René
Descartes, filósofo francês e considerado o pai da modernidade. A partir dessa
abordagem, surgiu o moderno problema do conhecimento em que o homem
se debruça sobre seu próprio ato de conhecer e tenta “[...] resolver a questão
de como é possível haver conhecimento a partir de sua própria racionalidade”
(BAZZANALLA et al., 2013, p. 33).
O fato é que, em toda forma de interpretação da realidade que o homem
produziu ao longo de sua história, o conhecimento apresenta-se como um
dilema entre a mente e as coisas, o que denota a reflexão se o ser e o saber
não serão aspectos do mesmo problema. Ou seja, a complexidade da realidade
em que o homem está inserido traduz a afirmação de que não há segurança
A natureza do conhecimento 3
Tipos de conhecimento
Para que a ciência seja devidamente compreendida é preciso entender os
diversos tipos de conhecimento e suas principais características. É aceitar
que os diversos níveis de conhecimento se apresentam no cotidiano do ser
humano, pois a ciência relaciona-se com o meio acadêmico, com a pesquisa,
com a educação e com a cultura da sociedade.
O senso comum
Conhecimento teológico
Conhecimento filosófico
Conhecimento científico
Na reportagem da Universidade de São Paulo (USP), que pode ser acessada pelo
link a seguir, a professora Lia Queiroz do Amaral fala do processo de validação do
conhecimento científico.
https://qrgo.page.link/UHqMo
Classificação
Classificação Classificação Classificação Classificação
quanto à
quanto aos quanto à quanto à esco- quanto à téc-
técnica de
objetivos da natureza da lha do objeto nica de coleta
análise de
pesquisa pesquisa de estudo de dados
dados
índice de citações;
prestígio dos periódicos em que os trabalhos são publicados;
publicações em periódicos que fazem uso da avaliação por pares (o que
valida o trabalho perante a comunidade científica);
levantamento e índices de produtividade;
levantamento quantitativo da produção por instituições, por áreas do
conhecimento, por regiões ou por países.
Existe uma divindade? E ela tem ação sobre nós? Qual é a origem do mal?
Assista ao vídeo do escritor e filósofo brasileiro Mário Sergio Cortella sobre a filosofia
no dia a dia e as perguntas que a humanidade se faz há séculos. Segundo Cortella, saber
colocar um ponto de interrogação naquilo que parece óbvio é um movimento filosófico.
https://qrgo.page.link/eMjyw
https://qrgo.page.link/kr5mh
https://qrgo.page.link/RzfPU
Veja como um paradigma pode ser explicado. Uma das expressões mais recorrentes
no vocabulário de quem tenta falar difícil é “paradigma”. No entanto, são poucas as
pessoas que conhecem o real significado dessa palavra. O termo “paradigma”, no
sentido definido pelo filósofo T.S. Kuhn, está intimamente relacionado à ciência e às
revoluções científicas. Ele representa um guia para análise e interpretação da natureza.
Ou, como costuma-se dizer, são óculos que ajudam o cientista a ver e a compreender
a natureza. Vamos a um exemplo.
Durante uma aula de ciências, o professor solta uma pedra e ela cai no chão. O
mestre, em seguida, explica aos alunos que o objeto despencou em decorrência da
força da gravidade, que o puxou para baixo. A explicação é baseada no paradigma
newtoniano, segundo o qual matéria atrai matéria. Quanto maior o objeto, mais
atração ele exerce. Como nosso planeta é muito maior do que a pedra, ele a atrai e
A natureza do conhecimento 13
não o contrário. Assim, o paradigma estabelecido por Newton nos ajuda a observar
e a entender o fenômeno das coisas que caem. A explicação pode parecer óbvia,
mas não é. Os aristotélicos anteriores a Newton tinham uma maneira diferente de
compreender o fenômeno. Para eles, a tendência das coisas é voltar ao seu estado
natural. O estado natural dos objetos pesados são os locais baixos, assim como o
estado natural das coisas leves são os locais altos. Assim, uma pedra cai pelo mesmo
motivo pelo qual um balão sobe: ela está voltando ao seu estado natural. Digamos,
no entanto, que, em vez de cair, a pedra fique flutuando no ar. Professores e alunos
certamente ficariam estarrecidos. Por quê? Porque a natureza estaria contrariando o
paradigma. A pedra voadora seria uma anomalia, um fenômeno que não se encaixa
na expectativa que temos com relação à natureza. (Detalhe: um bebê não acharia
nada de anormal no episódio, pois ele ainda não aprendeu o paradigma segundo
o qual as coisas caem quando soltas).
Leituras recomendadas
CARVALHO, M. C. M. (org.). Construindo o saber: metodologia científica, fundamentos
e técnicas. 6. ed. Campinas: Papirus, 1997.
KUHN, T. A estrutura das revoluções científicas. 7. ed. São Paulo: Perspectiva, 2003.
MORRIN, E. Introdução ao pensamento complexo. Lisboa: Instituto Piaget, 2001.