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Critérios de algumas escolas filosóficas na obtenção do conhecimento.

O
empirismo e o racionalismo:

O mundo dos conhecimentos é o mundo dos critérios, das ideias; na medida que
o conhecimento aumenta, também aumentam os critérios, as ideias e aparecem novos
conhecimentos que contribuem com o desenvolvimento da sociedade.

Exercício:
Reflicta sobre a afirmação: “O ser humano de hoje de forma geral possui mais
conhecimentos, que o ser humano do passado”.

Os seres humanos que viveram na Comunidade Primitiva, estavam dotados para


realizar Actividade cognitiva, permitindo-lhe pensar no futuro e actuar em
consequência na busca das soluções para os seus problemas.
Como surgiu a necessidade do conhecimento no homem/mulher primitivos?
Quando os primeiros seres humanos na Comunidade Primitiva começaram a
perguntar-se, sobre as causas daquilo que estavam observar e necessitavam
determinar, buscando respostas para essas perguntas, surgiram as formas mais
primitivas do pensamento científico.
Logicamente, para responder aquelas perguntas o pensamento tinha que
revisitar o passado, pensar em elementos e/ou factos anteriores, em busca da causa
daquilo que no presente interessava saber. Assim surge no pensamento dos seres
humanos primitivos a relação causa – efeito.
A partir deste raciocínio o pensamento foi evoluindo sob o ímpeto de encontrar
explicações para as mais diversas coisas, produzindo novos conhecimentos que
permitiram contribuir para o desenvolvimento socio-económico das diferentes
formações sociais trilhadas pela humanidade.
Nem sempre as verdades (conhecimentos) no pensamento dos seres humanos
podem ser comprovadas como aconteceu com algumas ideias de escolas filosóficas
no passado, que permaneceram apenas teorias ou que foram substituídas por novos
conhecimentos. (ex.: a Teoria da Geração Espontânea tornou-se obsoleta após os
estudos de Pasteur perante a pesquisa científica que demonstrou a verdadeira causa
da infestação bacteriológica: ver fotografia e legenda).

Louis Pasteur
Pasteur deu importantes contribuições no campo da química orgânica em meados do século XIX, desenvolveu
várias vacinas, incluindo a da raiva, e desmentiu a “teoria da geração espontânea”, retornando a ciência à noção de
que a doença era resultado de um contágio específico. É considerado o fundador da microbiologia. Desenvolveu a
teoria dos germes para explicar a causa de muitas doenças.

Exemplo de escolas filosóficas: o empirismo e o racionalismo.


No século XVII e XVIII, a oposição entre as escolas filosóficas representantes do
Empirismo e o Racionalismo acentuaram-se.
O empirismo, refere-se a ideias que fundamentam a prática como elemento
fundamental (a experiência) para atingir o conhecimento. A base é a experiência como
conhecimento verdadeiro. Em relação à obtenção do conhecimento, os empiristas
afirmavam:
“o papel fundamental na obtenção do conhecimento pelo homem corresponde
aos receptores, isto é os órgãos dos sentidos “.
Ou como disse Francis Bacon:
“só através da observação (sentidos) é que podemos conhecer algo novo”
O empirismo, é então a doutrina que nega a possibilidade de ideias espontâneas
ou pensamentos construídos antes da experiência e baseia todo o conhecimento na
experiência. (alguns autores empiristas: John Locke, Francis Bacon, David Hume … e
George Berkeley)

O racionalismo, considera como fundamental o pensamento, o raciocínio como


elemento fundamental, muito mais importante do que a experiência. Teorizar, clarificar
os dados obtidos a partir da experiência, ou seja é mais importante racionalizar.
Sobre a obtenção do conhecimento expressavam:
“o papel fundamental na obtenção do conhecimento pelo homem corresponde ao
cérebro “.
Ou como disse Descartes:
“é possível, se eu pensar, e tomar cuidado com a condução dos meus próprios
pensamentos, chegar a ideias claras”. Mas sempre duvidando, metodicamente, da
ideia a que se chegou sobre tudo e mais alguma coisa, pois não há verdades
absolutas mas premissas sobre as quais a ciência medita regularmente com vista a
aprofundar o Conhecimento.
Os empiristas colocam como essencial as estruturas que entram em contacto
com a realidade objectiva (os órgãos dos sentidos), e os racionalistas colocam como
essencial o cérebro, e a racionalidade. Na história do Pensamento Ocidental, o
Empirismo funde-se com a investigação heliocêntrica do astrónomo Galileu Galilei e o
Racionalismo identifica-se, sobretudo, com o filósofo René Descartes.
Aprofunde as implicações do Empirismo e Racionalismo para o desenvolvimento
do paradigma científico:
Empirismo Racionalismo
REALISMO OU NEUTRALIDADE
O objecto ou a realidade que se quer estudar existe por si só, fora e separada do
pesquisador.
Supõe a primazia do objecto em
relação ao sujeito, isto é, o conhecimento Aponta a primazia do sujeito ou da
deve ser produzido a partir da forma como a sua actividade em relação ao objecto
realidade se apresenta ao cientista
Cientista tem um papel activo, uma
Cientista tem um papel passivo, pois a vez que a capacidade humana de pensar,
fonte principal do conhecimento está no avaliar e estabelecer relações entre
objecto determinados elementos prepondera
como fonte principal do conhecimento
Ambos pressupõem uma separação entre sujeito e objecto, isto é, partem do
princípio de que existe uma realidade que é independente do ponto de vista do
pesquisador e que deve ser por este alcançada, seja tomando como sua via principal de
acesso a percepção ou a razão

Depois de estudar brevemente como é que o ser humano conhece, temos de


colocar a questão: Qual destas duas escolas filosóficas tem razão, no seu dizer, em
relação à obtenção do conhecimento pelo ser humano?
Immanuel Kant foi um importante autor que tentou obter um compromisso entre o
empirismo e a corrente oposta, o racionalismo.
Na sua obra Crítica da Razão Pura (1781), em que examinou as bases do
conhecimento humano conclui que não se pode chegar ao conhecimento nem por
apenas análise racional nem apenas pela experiência (empíricas).

A sociedade humana transitou por diferentes formações sócio – económicas


(ex, comunidade primitiva, feudalismo, capitalismo, etc.), as quais expressam
materialmente a organização e formas de convivência social que nelas existiram e
constituem exemplos da evolução do conhecimento e neste transitar o conhecimento é
chave da evolução.
O conhecimento acumula-se e evolui na medida em que se transita de uma
organização da sociedade para outra, de um tempo para o outro, contribuindo para o
devir da sociedade e logo, de todos os seres humanos (ex. progresso na Cura de
doenças, vacinas para prevenção, comunicações telefónicas via internet, viagens
comerciais à lua, etc.)

Tipos de Conhecimento e Suas Características


Apresentamos quatro (4) tipos de conhecimentos: científico, popular, religioso
(teológico) e filosófico: Estas formas de conhecimentos podem coexistir na mesma
pessoa? Vamos reflectir.

O conhecimento popular (senso Comum)

É transmitido de geração em geração por meio da educação informal e baseado


na imitação e experiência pessoal: é um conhecimento empírico. O conhecimento
popular ou vulgar, às vezes denominado senso comum, é o modo comum, corrente e
espontâneo de conhecer, que se adquire no trato directo com as coisas e os seres
humanos. É o saber que preenche a nossa vida quotidiana (diária) e que se possui
sem o procurar ou estudar, sem a aplicação de um método e sem ter reflectido sobre
algo. (ex. «Lua deitada, três dias depois vem a chuvada», chá de casca de cebola
acalma a tosse)

Características: O conhecimento popular é valorativo por excelência, pois


fundamenta-se numa selecção operada com base em estados de ânimo e emoções,
crenças e juízos de valor. É também reflexivo, mas estando limitado pela
familiaridade do objecto, não pode ser reduzido a uma formulação geral. A
característica assistemático baseia-se na organização particular das experiências
próprias do sujeito que conhece, e não de uma sistematização de ideias, na procura
de uma formulação geral que explique os fenómenos observados, aspecto que
dificulta a transmissão, de pessoa a pessoa, desse modo de conhecer. É verificável,
visto que está limitado ao âmbito da vida quotidiana e diz respeito àquilo que se pode
perceber no dia-a-dia. Finalmente, é falível e inexacto, pois conforma-se com a
aparência e com o que se ouviu dizer a respeito do objecto. Não permite a formulação
de hipóteses sobre a existência de fenómenos situados além das percepções
objectivas.
O conhecimento popular caracteriza-se por ser predominantemente:
-superficial, isto é, conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode
comprovar simplesmente estando junto das coisas: expressa-se por frases como “
porque o vi “, “ porque o senti “, “porque o disseram “, “ porque toda gente diz “;
-sensitivo, ou seja, referente a vivências, estados de ânimo e emoções da vida
quotidiana (diária);
-subjectivo, pois é o próprio sujeito que organiza sua experiências e
conhecimentos, tanto os que adquire por vivência própria quanto os “ por ouvi dizer “;
-assistemático, pois esta “ organização “ das experiências não visa uma
sistematização das ideias, nem na forma de adquiri-las nem na tentativa de validá-las;
-acríticas, verdadeiro ou não, a prestação de que esses conhecimentos o sejam,
não se manifesta sempre de uma forma crítica.

A diferença fundamental que nos conduz ao conhecimento científico ou ao


conhecimento popular, é a forma de observação. No conhecimento científico utiliza-se
a observação científica; o conhecimento popular recorre à observação quotidiana
(diária).

O conhecimento filosófico

É o próprio da razão humana, fundado no raciocínio, nas ideias, é o produto do


pensamento procurando a evidência lógica.
Características: O conhecimento filosófico é valorativo, pois seu ponto de
partida consiste em hipóteses, que não poderão ser submetidas à observação. As
hipóteses filosóficas baseiam-se na experiência, portanto, este conhecimento emerge
da experiência e não da experimentação, por este motivo, o conhecimento filosófico é
não verificável, já que os enunciados das hipóteses filosóficas, ao contrário do que
ocorre no campo da ciência, não podem ser confirmados nem refutados. É racional,
em virtude de consistir num conjunto de enunciados logicamente correlacionados. Tem
a característica de sistemático, pois suas hipóteses e enunciados visam uma
representação coerente da realidade estudada, numa tentativa de apreendê-la na sua
totalidade. Por último, é infalível e exacto, já que, quer na busca da realidade capaz
de abranger todas as outras, quer na definição do instrumento capaz de apreender a
realidade, seus postulados, assim como suas hipóteses, não são submetidos ao
decisivo teste da observação (experimentação). Portanto, o conhecimento filosófico é
caracterizado pelo esforço da razão pura para questionar os problemas humanos e
poder discernir entre o certo e errado, unicamente recorrendo às luzes da própria
razão humana.
Assim, se o conhecimento científico abrange factos concretos, positivos, e
fenómenos perceptíveis pelos sentidos, através do emprego de instrumentos, técnicas
e recursos de observação, o objectos de análise da filosofia são ideias, relações
conceptuais, exigências lógicas que não redutíveis a realidades materiais e, por essa
razão, não são passíveis de observação sensorial directa ou indirecta (por
instrumentos), como a exigida pela ciência experimental.
O conhecimento filosófico obtém-se mediante o método racional, no qual
prevalece o processo dedutivo, que antecede a experiência, e não exige confirmação
experimental, mas somente coerência lógica.
Ex. silogismos lógicos: «Sócrates é homem. Os homens são mortais. Sócrates é
mortal». «Todos os gatos comem peixe. Garfield é um gato. Logo, Garfield come
peixe.»

O conhecimento religioso

O conhecimento religioso, dogmático, teológico, apoia-se em doutrinas que


contêm posições sagradas (valorativas), por terem sido reveladas pelo sobrenatural
(inspiração) e, por esse motivo, tais verdades são consideradas infalíveis e
indiscutíveis (exactas); é um conhecimento sistemático do mundo (origem,
significado, finalidade e destino) encarado como obra de um criador divino; suas
evidências não são verificadas: está sempre implícita uma atitude de fé perante um
conhecimento revelado. Assim, o conhecimento religioso ou teológico parte do
principio de que as “verdades “ tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem
em “revelações” da divindade (sobrenatural).
A postura dos teólogos e cientistas diante da teoria da evolução das espécies,
particularmente do homem, demonstra abordagens diversas: de um lado, as posições
dos teólogos fundamentam-se nos ensinamentos de textos sagrados; de outro, os
cientistas buscam, em suas pesquisas, factos concretos capazes de comprovar (ou
refutar) suas hipóteses.
Se o fundamento do conhecimento científico consiste na evidência dos factos
observados e experimentalmente controlados, no caso do conhecimento teológico o
fiel não se detém nelas à procura de evidencias, pois a toma da causa primeira, ou
seja, da revelação divina.

Por sua vez, estas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa:
um cientista, dedicado, por exemplo, ao estudo da física, pode ser crente praticante de
determinada religião, estar filiado num sistema filosófico e, em muitos aspectos de sua
vida quotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes do senso comum.
O conhecimento científico

Apresenta formas, modos e métodos específicos para conhecer; é um


conhecimento conduzido por meio de procedimentos científicos e transmitido por
intermédio de treino apropriado.

Características: É real (Factual) porque lida com ocorrências ou factos, lida com
tudo o que existe e se manifesta de alguma forma. Constitui um conhecimento
contingente, suas proposições ou hipóteses têm a sua veracidade ou falsidade
conhecida através da experiência e não apenas pela razão, como ocorre no
conhecimento filosófico. É sistemático, por ser um saber ordenado logicamente,
formando um sistema de ideias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos.
Possui a característica de ser verificável, a tal ponto que as afirmações (hipóteses)
que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. Constitui-se
como falível, em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final e, por este motivo, é
aproximadamente exacto: novas proposições e o desenvolvimento de técnicas
podem reformular o acervo da teoria existente.

O conhecimento científico obtém-se através do método científico. (Ver textos de


Apoio constante nos anexos deste documento)

Em resumo, reveja os Tipos de Conhecimento no quadro seguinte:

TIPOS DE CONHECIMENTO

Popular Religioso Filosófico Científico


Real ou
Valorativo Valorativo Valorativo
Factual
Reflexivo Inspiracional Racional
Contingente
Assistemátic Sistemático Sistemático
Sistemático
o Não Não
Verificável
Verificável Verificável verificável
Falível
Falível Infalível Infalível
Aproximada
Inexacto Exacto Exacto
mente Exacto

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