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Descartes
Filosofia
Luana Abreu
Nº: 27
11ºI
17/02/2021
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Índice
Introdução
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Para iniciar este ensaio acerca do racionalismo dogmático de Descartes vou
começar por expor e explicar a questão problema à qual esta teoria pretende responder,
a possibilidade e origem do conhecimento.
● Epistemologia
- disciplina filosófica que se dedica ao estudo de problemas como a
origem, a natureza e a possibilidade do conhecimento
- teve um máximo desenvolvimento nos séculos XVII e XVIII, uma vez que
é nesta altura que se formam algumas teorias, de forma a responderem a
dois grandes problemas da filosofia: um relacionado com a sua origem e
com a possibilidade de este existir «a origem,certeza e extensão do
conhecimento».
● Racionalismo
- Todo o conhecimento verdadeiro deriva da razão e constrói-se de
ideias inatas, esse conhecimento só é verdadeiro se for
logicamente necessário e universalmente válido.
- Defendem que podemos ter conhecimento a priori acerca de
questões para lá da matemática ou lógica, podemos descobrir, por
exemplo, se Deus existe ; se temos uma alma distinta do corpo ;
se somos capazes de agir livremente.
● Empirismo
- Todo o conhecimento do mundo é a posteriori/empírico, ou seja,
deriva da experiência e todas as ideias têm uma base empírica, e
por esse motivo, não existem ideias inatas
- O conhecimento a priori apenas fornece conhecimento no âmbito
da matemática e da lógica, além disso não nos dá conhecimento
do mundo. A razão assemelha-se a uma “tábua rasa” onde, antes
da experiência, nada se encontra escrito.
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→ Qual a sua importância?
É a partir do séc. XVIII que a palavra ciência adquire um sentido mais preciso e
mais próximo do que detém atualmente.É também a partir desta época que as
implicações da atividade científica se evidenciam na nossa vida quotidiana .
O objetivo deste trabalho passa então por mostrar uma das muitas respostas ao
problema da origem e possibilidade do conhecimento. Vou então expor a visão de
Descartes acerca deste problema, que tal como na nossa época também na dele era um
problema filosófico muito presente. Irei então expor o racionalismo dogmático de
Descartes, irei começar por apresentar Descartes e a obra deixada por ele, em seguida
contextualizar no tempo e espaço esta teoria para dar a perceber o que esteve na origem
desta teoria. Feitas as apresentações vou prosseguir para a explicação do método usado
é qual o objetivo por trás dele, vou incidir principalmente na descoberta do cogito e qual
o caminho percorrido até o alcançar. Após esta explicação vou apresentar as críticas
feitas a esta teoria e contra argumentar-las. Por fim, vou nomear as principais
características do racionalismo dogmático de Descartes,o porquê dessa denominação e
elaborar uma breve conclusão na qual exponho também a minha posição em relação à
tese.
Desenvolvimento
→ Racionalismo dogmático de Descartes
Origem do conhecimento
- o pensamento medieval afirma que o conhecimento tem origem nos sentidos
- Descartes afirma que o conhecimento tem origem na razão e é constituído por
verdades indubitáveis
Metafísica
- o pensamento medieval afirma que a realidade é constituída por um grande
número de substâncias.
- Descartes afirma que a realidade é constituída por um pequeno número de
substâncias.
Ciência
- o pensamento medieval afirma que a ciência é qualitativa e finalista, os
acontecimentos são explicados com base em vários tipos de causas.
- Descartes afirma que a ciência é quantitativa e mecanicista, usa apenas a causa
eficiente e um pequeno número de leis da natureza para explicar os objetos físicos e os
seres vivos.
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Descartes viveu numa época de ceticismos e sentiu a necessidade de demonstrar
aos adeptos desta concepção que o conhecimento existe. Para isso ele vai defender
essencialmente duas teses:
➔ A primeira tese é a de que: só constituem conhecimento verdadeiro as crenças
verdadeiras e justificadas em razões indubitáveis.
➔ A segunda tese que Descartes vai defender é o fundacionalismo, ou seja, a ideia
que considera que o conhecimento é como um edifício de crenças, em que as
crenças mais básicas suportam as outras, da mesma forma que os andares
inferiores de um edifício suportam os outros.
Descartes viveu numa época marcada pelo ceticismo e por isso decide adotar,
provisoriamente, o ceticismo e a dúvida para encontrar os fundamentos de todo o
conhecimento verdadeiro. O método de Descartes é então caracterizado pelo uso da
dúvida como um meio para alcançar a verdade. Na sua obra, o DISCURSO DO
MÉTODO, publicada em 1637, Descartes expõe o caminho percorrido por ele até
alcançar o cogito, a primeira verdade.
De ressaltar que Descartes não é cético, apenas adota uma atitude ceticista para
provar que o conhecimento é possível. Descartes têm o objetivo oposto ao dos céticos, o
objetivo dos mesmo é mostrar que não existe conhecimento enquanto que o objetivo de
Descartes é provar que existe conhecimento. O ceticismo é apenas aparente e um
resultado provisório da estratégia de Descartes para mostrar que existem verdades
indubitáveis.
● Da dúvida ao cogito
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A dúvida pode então ser dividida em 3 níveis : 1º nível, ilusão dos sentidos; 2º
nível, indistinção entre sono e vigília; 3º nível, hipótese de um gênio maligno ou Deus
enganador.
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Podemos então concluir que nos 1º e 2º níveis da dúvida Descartes põe em causa
os dados empíricos, o conhecimento a posteriori, e o 3º nível, o expoente máximo da
radicalidade, põe em causa o conhecimento a priori. Com esta conclusão observamos
então que as crenças que têm por base ora os sentido ora a razão não fornecem verdades
indubitáveis, e podemos ainda afirmar que o conhecimento não é possível,
mergulhamos então num profundo ceticismo. No entanto, como referi anteriormente,
Descartes não é cético e por isso este aparente ceticismo é apenas um resultado
provisório e um meio para atingir o objetivo de Descartes : mostrar que o conhecimento
é possível, ou seja, a existência de verdades indubitáveis.
● O critério da verdade
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Descartes define então o critério da verdade, que consiste no seguinte: “É
verdadeiro tudo aquilo que concebemos tão clara e distintamente como a ideia do
cogito”
O cogito é uma verdade alcançada através da razão e não dos sentidos e por isso
apenas a razão podemos conceber a nossa própria existência como uma verdade
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indubitável. Se o cogito é a base do conhecimento então podemos afirmar que o
conhecimento tem origem na razão e não nos sentidos.
Esta conclusão retirada por Descartes faz dele um racionalista,e por isso
considera que a origem do conhecimento é a razão, contrariamente ao seus
contemporâneos, que consideravam ser os sentidos.
Podemos então concluir que as principais características do racionalismo
Cartesiano são:
➔ Para alcançar um conhecimento indubitável recorre, provisoriamente, à
dúvida
➔ Rejeita o conhecimento sensorial e perceptivo como fonte de
conhecimento, ou seja, a origem do conhecimento não são os sentidos
➔ Considera o cogito como a primeira ideia indubitável e é a partir dele que
se irá desenvolver o conhecimento, também a partir dele estabelece o
critério da verdade
➔ Afirma que a origem do conhecimento é a razão, ou seja, é a principal
fonte do conhecimento
➔ Não é cético, apenas adotou, provisoriamente, o ceticismo como forma
de alcançar o conhecimento indubitável
➔ Afirma que o conhecimento é possível e pode ser alcançado através da
intuição racional e da dedução, as duas operações da razão
Além de racionalista, Descartes é dogmático pois confiou na razão para alcançar
o conhecimento indubitável
● Círculo Cartesiano
Esta objeção foi formulada pela primeira vez por Antoine Arnauld. Expressa-se
da seguinte forma:
- Descartes afirma que Deus é a garantia da verdade do que
conhecemos com clareza e distinção, mas ao mesmo tempo usa a
clareza e distinção para provar a existência de Deus (uma vez que
as premissas da sua prova da existência de Deus são por ele
consideradas claras e distintas). Descartes, deste modo, raciocina
em círculo e, portanto, comete uma falácia da circularidade.
Hume apresenta objeções à dúvida metódica. Ele considera que este ceticismo
extremo é impossível, está para além daquilo que os seres humanos são capazes e por
isso a dúvida metódica é impraticável. Mesmo que a dúvida fosse praticável, não seria
possível ir para além dela sem usar as faculdades racionais que a dúvida põe em
questão. Hume afirma então que o método de Descartes não é exequível.
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Hume afirma que não temos nenhuma ideia de eu, pois para ele todas as nossas
ideias têm origem em impressões e no caso não temos nenhuma impressão que possa
estar na origem da ideia de eu. Para Hume o eu, tal como o entendemos, não existe, ele
apenas considera que, através da experiência, tudo o que podemos dizer é que o "eu" é
uma coleção de percepções. Se Hume tiver razão, o cogito é apenas uma ficção e,
portanto, não pode ter o papel absolutamente essencial que Descartes lhe atribui na sua
filosofia.
Tal como deixei explícito anteriormente este trabalho centra-se essencialmente
na descoberta do cogito e na sua importância, e por isso irei apresentar os meus contra
argumentos à crítica feita ao mesmo. Hume diz então que não podemos ter a certeza da
existência do “eu”, considerando apenas como uma coleção de percepções e que não
temos nenhuma impressão da ideia de “eu”, no entanto, se não houver um “eu”, uma
alma, um pensamento como podemos originar as percepções? É necessário haver algo
que as percepcione e que as consolide, sem pensamento então não há mente, não há
raciocínio, ou seja, não haveria nada e tão pouco poderíamos debater este assunto
porque se o fazemos é porque estamos a raciocinar, a pensar e por isso existimos.
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Conclusão
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Webgrafia
● https://dicionario.priberam.org/dualismo
● https://www.diferenca.com/racionalismo-e-empirismo/
● https://mundoeducacao.uol.com.br/filosofia/empirismo.htm
● https://pt.wikipedia.org/wiki/Racionalismo
● https://pt.wikipedia.org/wiki/Ren%C3%A9_Descartes
● https://www.ebiografia.com/rene_descartes/
● https://www.todamateria.com.br/descartes/
● https://criticanarede.com/his_descartes.html
● https://www.studocu.com/pt/document/ensino-secundario-portugal/
filosofia/o-problema-da-origem-do-conhecimento-resumos/10014641
● Power points fornecidos pela professora
Bibliografia
● Descartes, René, Discurso do Método, Lisboa: Edições 70, 2013.
● Descartes, René, Meditações sobre a Filosofia Primeira, Coimbra:
Livraria Almedina, 1992.
● Descartes, René, Princípios de Filosofia, Lisboa: Edições 70, 2006.
● Anotações do caderno da disciplina
● Resumos da minha autoria
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