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UE 4 - O racionalismo cartesiano

Apresentação

Se o pensamento moderno é marcado pelo seu caráter racionalista, isso se deve,


fundamentalmente, ao filósofo René Descartes. Após a Idade Média, durante o Renascimento, a
filosofia se dedicou em pensar o mundo de modo mais independente do discurso religioso. Assim,
houve um grande investimento da nova classe socioeconômica, a burguesia, no trabalho de artistas
e filósofos. Por um lado, isso garantiu a participação, ainda que econômica, dessa classe na alta
cultura, que até então era concedida somente à nobreza e ao clero. Por outro lado, esse interesse
impulsionou uma ruptura com o teocentrismo. Nesse contexto, além desse grande salto dentro das
humanidades, tem-se também um grande avanço nas teorias físicas e matemáticas, o que dá início à
revolução copernicana.

Descartes, contemporâneo a essa produção de caráter antropocêntrico e de cunho racional, desde


o início de seus estudos teóricos, conjugava a matemática às suas reflexões filosóficas. Para ele,
pensar o mundo e a existência só era possível filosoficamente se fosse por meio do ceticismo
filosófico. Assim, sua teoria apresenta uma nova forma de pensar a possibilidade e o acesso ao
conhecimento e o papel do sujeito nesse processo — o que, por sua vez, inaugurou o pensamento
moderno.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai entender no que consiste a reflexão racionalista
cartesiana. Verá também como as questões racionais se distinguem das irracionais por meio do
método cartesiano. Por fim, reconhecerá o que Descartes entendeu por conhecimento humano.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer a filosofia racionalista de René Descartes.


• Distinguir as questões relativas à racionalidade.
• Explicar a reflexão filosófica sobre o conhecimento.
Desafio

O principal movimento contrário à filosofia racionalista é o empirismo. Se, com Descartes, a


filosofia encontra a sua reelaboração na razão metódica e, a partir disso, determina-se a sua razão
de ser, na Modernidade, o movimento empirista busca romper com essa forma de compreensão do
mundo. Para tanto, os filósofos empiristas voltam-se para a relação entre sujeito e objeto como
fundadora do conhecimento — isto é, o conhecimento é construído a partir das experiências
humanas, da realidade, e não somente da razão, que, apesar de ser uma das faculdades essenciais
para o processo do saber, não é a única delas, dividindo espaço e importância com as experiências e
as sensações.

Já Descartes é chamado de pai da filosofia moderna porque muitos dos problemas e temas centrais
da filosofia pós-renascentista aparecem primeiramente na sua obra — de modo mais fundamental, a
insistência em começar com questões sobre o conhecimento, em vez de questões sobre a
realidade. Como podemos perceber, a razão é o elemento central da filosofia cartesiana.

Assim, responda a seguinte pergunta: como podem a dúvida e as experiências levarem ao


conhecimento sobre algo?
Infográfico

Quem de nós nunca pensou ter sentido cheiro de algo e, então, constatado ser de outra coisa? Por
exemplo: sentimos o cheiro de flores e descobrimos se tratar de uma essência floral. Situações
como essas nos levam a pensar que não se pode confiar totalmente nos sentidos, uma vez que eles
podem nos conduzir ao erro. Essa constatação pode parecer banal, mas o reconhecimento de que
precisamos da razão para elaborarmos sobre o mundo e a existência foi o que inaugurou o sujeito
moderno e, com ele, a Modernidade.

Neste Infográfico, você vai compreender um pouco mais sobre a estruturação das ideias em relação
ao racionalismo cartesiano.
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Conteúdo do Livro

No trecho de uma das obras de René Descartes, conhecida como Meditações, apresenta-se o
famoso método da dúvida, em que se exige duvidar de qualquer coisa que possa ser verdadeira e,
então, chegar (se alguma coisa ainda resta) à certeza. Assim, contrariamente a considerar as crenças
individuais, Descartes propõe a análise dos fundamentos sobre os quais categorias inteiras de
crenças estão sustentadas.

Aprofunde seu conhecimento com a leitura do capítulo O racionalismo cartesiano, base teórica
desta Unidade de Aprendizagem.

Boa leitura.
FILOSOFIA

Gabriel Victor Rocha Pinezi


O racionalismo cartesiano
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Reconhecer a filosofia racionalista de René Descartes.


 Distinguir as questões relativas à racionalidade.
 Explicar a reflexão filosófica sobre o conhecimento.

Introdução
Neste capítulo, você vai conhecer a obra do filósofo francês René Des-
cartes e verificar a sua importância para a história da filosofia e da ciência
ocidentais. Em um primeiro momento, você vai ver por que, segundo
os historiadores, o pensamento de Descartes funda a chamada “filosofia
moderna”. Com o livro Discurso do Método (1637), Descartes fornece uma
expressão filosófica à Revolução Científica, que se anunciava no Ocidente
desde o Renascimento, marcando o fim da escolástica.
Além disso, você vai estudar o conceito de “razão” em Descartes,
com base na distinção entre as filosofias empiristas e racionalistas.
Você também vai conhecer o método de Descartes, isto é, o caminho
que ele propõe para conduzir o raciocínio em direção à verdade. Por
fim, você vai verificar como o pensamento cartesiano é indissociável
de uma matematização da realidade, bem como da separação entre
corpo e alma, ideias que Descartes desenvolveu a partir de sua máxima
“Penso, logo existo”.

René Descartes e o nascimento da filosofia


moderna
O racionalismo cartesiano foi responsável por uma profunda transformação no
modo como se concebe a filosofia na tradição ocidental. Entre os dois milênios
que separam as obras de Platão (428–347 a.C.) e de Aristóteles (384–322 a.C.),
escritas no século IV a.C., da obra de René Descartes (1596–1650), datadas
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do século XVII, não havia surgido uma teoria do conhecimento tão radi-
cal em sua originalidade. Os filósofos gregos foram audaciosos ao propor
um novo estilo de pensar, colocando em dúvida as verdades que os poetas
explicavam a partir dos mitos, e os sofistas, a partir da retórica. Da mesma
forma, o racionalismo de Descartes propôs uma forma de interpretar a
realidade que acabou superando a filosofia da Idade Média, então dominada
pelo pensamento escolástico. Por isso, Descartes é conhecido como um dos
pais da filosofia moderna.
Desde os gregos, portanto, nenhum pensador havia proposto uma mu-
dança tão radical na epistemologia (teoria do conhecimento) ou na metafísica
(especulação sobre o suprassensível) como aquela que se anuncia na obra de
Descartes. Isso porque toda a filosofia medieval é marcada pela tentativa de
reinterpretar a filosofia grega pagã à luz dos dogmas cristãos. Daí que se conte
a piada de que, apesar da profunda influência de Santo Agostinho (354–430
d.C.) e de São Tomás de Aquino (1225–1247), os dois mais importantes filósofos
da Idade Média foram, na verdade, Platão e Aristóteles. Todo o pensamento
medieval é apenas uma releitura sistemática dos conceitos filosóficos gregos
(AGAMBEN, 2012a).
É nisto, justamente, que consiste a radicalidade do pensamento de Des-
cartes: a sua filosofia não é simplesmente comentário ou releitura de outros
filósofos, mas é uma tentativa de fundar um sistema de pensamento coerente
e racional inteiramente novo. Para explicar a sua intenção, Descartes (1973a)
compara a sua filosofia com o trabalho de um arquiteto que demole uma
casa e constrói outra inteiramente nova a partir dos seus destroços: o que
ele pretendia demolir era justamente tudo aquilo que os escolásticos — isto
é, os doutores da Igreja de sua época — tomavam como verdade; e a casa
nova seria o seu pensamento racionalista, científico e matemático. É claro
que essa intenção de originalidade em relação aos professores da Igreja
não surgiu do nada. É bem evidente que o próprio Descartes se valia de
ideias da filosofia medieval para fundamentar os seus argumentos — espe-
cialmente quando trata Deus como um ser perfeito, indivisível e imutável
(DESCARTES, 1973a).
A importância de Descartes não é necessariamente o simples resultado
da publicação dos seus dois livros mais lidos, Discurso do Método (1637)
e Meditações Metafísicas (1641). Descartes faz parte de um contexto mais
amplo de crescente racionalização do mundo, que ficou conhecido como
Revolução Científica. Esse movimento havia se iniciado no Renascimento,
com cientistas e pensadores como Leonardo da Vinci (1452–1519), Nicolau
Copérnico (1473–1543), Galileu Galilei (1564–1642) e Johannes Kepler
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(1571–1630). Algumas das ideias desenvolvidas nesse período por esses


cientistas já colocavam em questão crenças da Igreja Católica: da Vinci
havia deslocado o eixo de interesse de Deus para a natureza a partir dos seus
importantes estudos de anatomia, matemática e engenharia, influenciados
pelo humanismo da Antiguidade Greco-Romana; Copérnico e Galileu
haviam afirmado, contra a Igreja, que era o Sol, e não a Terra, que estava
no centro do universo (isso inclusive colocou as suas vidas em risco, já
que foram perseguidos pela Inquisição); e Kepler havia proposto uma in-
terpretação racional do movimento dos astros, aproximando a astronomia
da matemática.
Não se pode, portanto, ignorar que tudo isso já anuncia historicamente o
imenso sucesso que as ideias racionalistas de Descartes teriam na Europa dos
séculos XVII e XVIII. Mas isso também não torna irrelevante o profundo
corte que o pensamento cartesiano opera na história da metafísica e da teoria
do conhecimento. Há um consenso quase geral entre os historiadores de que
Descartes foi o primeiro filósofo eminentemente moderno, pela forma com
que deslocou a metafísica de suas questões teológicas — isto é, questões
relativas à existência e à vontade de Deus — para uma explicação mecânica
e matemática da natureza. Veja o que Descartes (1973a, p. 53) afirmou em
uma de suas cartas ao teólogo Mersenne: “[...] se lhe apraz considerar o que
escrevi do solo, da neve, do arco-íris etc... saberá efetivamente que toda a
minha Física não é mais do que Geometria”.
No Medievo, a interpretação da natureza derivava da profunda fé e da
intensa servidão que o homem medieval devotava a Deus. Assim, para os
medievais, a pergunta “por que o Sol nasce?” acabava se transformando
automaticamente na questão “por que Deus quer que o Sol nasça?”. Dessa
forma, todas as respostas para essa pergunta acabavam pressupondo que, se
Deus criou o Sol, foi porque ele quis, e se ele quis, os homens devem, como
seus servos, se adequar à sua vontade: “Deus ajuda quem cedo madruga”.
Assim, no pensamento medieval, há uma inevitável sobreposição entre uma
vontade divina e a natureza: as leis da natureza são idênticas ao próprio
desígnio do Senhor.
Com a Revolução Científica, iniciada no Renascimento e levada a cabo
por Descartes, a pergunta “por que o Sol nasce?” passou a ser respondida a
partir das leis fundamentais da matemática e da física. Separaram-se, assim,
a finalidade da natureza e o desígnio divino — algo que será ainda mais
consolidado no século XIX, com o Positivismo. Nessa perspectiva, a resposta
mais adequada para a questão “por que o Sol nasce?” depende unicamente
de uma causa natural: como afirmou Galileu, o Sol nasce porque a Terra gira
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em torno de si mesma e, assim, só se pode ver o Sol quando um de seus lados


estiver na direção da luz solar. Essa é uma explicação que não pressupõe,
necessariamente, um ensinamento de como se deve agir segundo a vontade
de Deus. É por isso, justamente, que os pensadores da Revolução Científica
incomodavam a Igreja Católica.
Seguindo esse pensamento científico da época, Descartes havia sugerido
que o conhecimento verdadeiro não depende exclusivamente de uma “graça”
concedida por Deus ao homem, mas deve ser construído por um sujeito que,
a partir de sua própria vontade individual, questiona e indaga a existência
das coisas. Certamente, as conclusões de Descartes no Discurso mostram
que, sem Deus, não é possível um conhecimento verdadeiro — pois, para
ele, é Deus quem dá ao homem o acesso às ideias: “[...] dado que conhecia
algumas perfeições que não possuía, eu [concluí que] não era o único ser que
existia” (DESCARTES, 1973a, p. 56). Nesse sentido, dizer que Descartes
é um filósofo moderno se justifica pela forma com que colocou a subjeti-
vidade, e não a existência de Deus, como o problema mais fundamental da
filosofia. Em termos mais precisos, como afirma Agamben (2012b), desde
a Antiguidade, o problema central da teoria do conhecimento foi a relação
entre o uno e o múltiplo, o humano e o divino; na época moderna, a partir
de Descartes, passou a ser a relação entre um sujeito e um objeto, um eu e
um não eu.
Isso não quer dizer, necessariamente, que Descartes fosse um ateu ou que
não acreditasse em Deus — embora tenha sido acusado de ateísmo em sua época
pelo reitor da Universidade de Utrecht, que o comparou “[...] a Vanini, acusado
de haver expressamente exibido provas frágeis e ineficazes da existência de
Deus” (STRATHERN, 1997, p. 48). Tanto no Discurso do Método como nas
Meditações Metafísicas, Descartes (1973a) afirma que a segunda coisa mais
certa e mais racional, para ele, é que Deus existe — precedida apenas da evi-
dência de sua própria existência enquanto ser pensante. Mas é justamente por
dizer que Deus é a segunda, e não a primeira coisa mais evidente e verdadeira,
que Descartes desloca a questão fundamental da epistemologia da existência
de Deus para a da existência do próprio sujeito. Para Descartes, antes de se
ter conhecimento da existência de Deus, é preciso que uma vontade humana
se coloque a pensar: primeiro, a evidência do pensamento; depois, a evidência
do divino. Como bem disseram os jesuítas que rivalizavam com Descartes, o
famoso lema cartesiano “Penso, logo existo” anunciava o fim da escolástica
medieval (STRATEHERN, 1997).
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A seguir, veja algumas definições importantes.


 Monoteísmo: é a crença de que existe apenas um deus, e não vários. Nas religiões
pagãs, como a da Grécia Antiga, existia uma divindade para cada fenômeno da
natureza. Por exemplo: Poseidon é o deus dos mares, Eros é o deus do amor, Zeus
é o deus do trovão. Já nas três grandes religiões do Ocidente — judaísmo, cristia-
nismo e islamismo —, os fiéis acreditam que há apenas um único deus e que ele
é a origem e o fundamento de todas as coisas.
 Teologia: é nome que se dá ao conjunto de estudos sobre Deus e as divindades.
O termo deriva do grego théos, que significa “deus”. Durante o Medievo, todo o
saber sobre a verdade e a natureza não podia destoar daquilo que os teólogos
da Igreja diziam sobre Deus. Assim, ciência e teologia não eram separadas na Era
Medieval como serão a partir da Era Moderna.
 Metafísica: é o pensamento que trata de tudo aquilo que está além da apreensão
do mundo pelos sentidos — a “ideia” em Platão, a “substância” ou a “essência” em
Aristóteles e todo o pensamento sobre Deus na Idade Média.
 Epistemologia: também conhecida como “teoria do conhecimento”, é o campo
da filosofia que estuda como o conhecimento da realidade é possível. A palavra
“epistemologia” vem do grego epistéme, que significa literalmente “saber”. A partir
da Modernidade, com a crescente valorização da ciência, a epistemologia torna-se
muito mais importante do que a teologia.
 Escolástica: tradição filosófica que se inicia no Ocidente após a retomada da obra
de Aristóteles no século IX pelos padres da Igreja Católica. Foi a primeira escola de
pensamento que tentou conciliar a razão com a fé. Teve como expoente São Tomás
de Aquino e foi o pensamento dominante até a época de Descartes.

O que é a razão em Descartes?


Desde Immanuel Kant (1724–1804), os historiadores dividem a filosofia mo-
derna em duas grandes linhas: a filosofia racionalista e a filosofia empirista.
Não resta dúvidas de que ambas as correntes valorizaram muito mais a ciência
metódica e racional do que a fé para explicar de que modo o homem pode ter
acesso à verdade — e é isso o que as torna modernas. Mas as duas grandes
linhas da filosofia moderna não estão de acordo quanto à forma como os
homens distinguem o verdadeiro do falso a partir da razão. Para os filósofos
empiristas — como Francis Bacon (1561–1626), Thomas Hobbes (1588–1679),
John Locke (1632–1704) e David Hume (1711–1776) —, o homem só pode
conhecer a realidade a partir de seus sentidos e de suas experiências, com
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base no método indutivo. Daí o nome dessa corrente ser “empirismo”: em


grego, a palavra émpeiria significa simplesmente “experiência”, a mesma
que qualquer sujeito adquire a partir da prática ou da apreensão atenta dos
fatos pelos sentidos.
Os empiristas acreditavam que todo o conhecimento era construído a partir
de induções, isto é, raciocínios sobre a natureza que se baseiam na regularidade
dos fatos. Considere ainda o exemplo do Sol: para um empirista, é possível
enunciar a lei geral “o Sol nasce todo dia” apenas porque, regularmente, é
possível vê-lo surgir no horizonte todos os dias de manhã. Adquire-se esse
conhecimento a partir da experiência, e não porque se nasce sabendo. Nada
garante que a proposição “o Sol nasce todos os dias” seja verdadeira, a não
ser o fato de que as pessoas estão acostumadas a vê-lo nascer todos os dias.
O raciocínio indutivo para se chegar a essa conclusão seria: o Sol nasceu hoje,
o Sol nasceu ontem, o Sol nasceu anteontem; logo, o Sol nasce todos os dias.
Por isso, o método indutivo se baseia na recorrência de casos particulares.
Ao contrário dos empiristas, os racionalistas — como Baruch Spinoza
(1632–1677) e Gottfried Leibniz (1646–1716) — acreditavam que a razão
era muito mais importante do que a experiência para a construção do saber
verdadeiro. Para os racionalistas, os sentidos podem levar ao erro, pois podem
iludir. De novo, considere o Sol: se você o vê nascer ao longe, seus sentidos
lhe dizem que ele é algo muito pequeno, algo que pode caber em suas mãos.
Mas isso, na verdade, é uma ilusão causada pela perspectiva. Se você empregar
técnicas científicas com base na matemática e na física, vai acabar descobrindo
que o Sol é, na verdade, 332.900 vezes maior do que a Terra. Assim, é apenas
a partir de um raciocínio dedutivo, que parte do mais simples em direção ao
mais complexo, e não a partir da experiência e dos sentidos, que você pode
descobrir qual é o verdadeiro tamanho do Sol. É esse pensamento lógico e
matemático, baseado em etapas e cálculos, que Descartes chama de razão.

O método cartesiano
Descartes foi o precursor do racionalismo moderno, justamente por desconfiar
de todas as verdades que seus contemporâneos afirmavam a partir de suas
experiências. No Discurso do Método, seu livro mais importante, ele conta
como estava descontente tanto com a filosofia que aprendeu nas universida-
des quanto com o saber dos outros povos que conheceu ao viajar para terras
distantes (apesar de ter nascido na França, Descartes adorava viajar; foi na
Holanda que ele desenvolveu o seu método).
O racionalismo cartesiano 7

Em seu desejo de distinguir o verdadeiro do falso, Descartes passou a


duvidar radicalmente das opiniões dos outros — o que, em sua época, a
filosofia chamava de “senso comum” e que Platão havia definido muito antes
como “dóxa”. Surge daí o procedimento cartesiano da dúvida metódica. Tal
procedimento consiste em colocar em suspenso todas as verdades que o sujeito
adquiriu a partir de suas experiências de vida.
A palavra “método” nada mais significa do que um “caminho” que o
raciocínio deve percorrer em sua busca pela verdade. O método indica como
o sujeito deve pensar se quiser distinguir a ilusão sensível da verdade inteli-
gível. O método cartesiano é o do esquecimento das verdades adquiridas pela
experiência em favor do uso ativo e pleno da razão.
Descartes dizia que, para buscar a verdade, as pessoas devem, antes de
tudo, abandonar as opiniões que receberam por meio de professores, livros,
poesias, literatura ou senso comum. Ou seja: para descobrir a verdade,
você não pode se basear no que já sabe a partir de sua memória ou de sua
formação cultural, mas apenas em sua relação individual com o mundo
(DESCARTES, 1973a). Por isso, no Discurso do Método, ao contar como
criou o seu método, Descartes (1973a) fala da importância da solidão para
a sua formação como cientista.
Esse procedimento de isolar um sujeito do conhecimento puro, sem in-
fluências de outros sujeitos, é chamado pela história da filosofia de époche.
O significado literal desse termo é “colocar em suspenso”. É importante
lembrar que “suspender” uma verdade não quer dizer simplesmente achar que
o que os outros contam é falso, ou que tudo o que os sentidos indicam é mera
ilusão — isso seria o absoluto ceticismo, o que não corresponde à filosofia de
Descartes, para quem é possível ter certeza sobre a existência da realidade.
Suspender não é simplesmente negar que os outros possam dizer a verdade,
mas tomar o cuidado de não acreditar em nada antes de averiguar, por meio
da sua própria razão, a verdade de uma afirmação que vem do outro.
E por que desconfiar tanto assim dos outros? Segundo Descartes, o problema
em basear-se simplesmente no hábito é que, dessa forma, não se chega nunca a
uma verdade universal, igual para todos. Em suas viagens e em suas leituras,
Descartes percebeu que diferentes pessoas afirmavam diferentes opiniões
sobre um mesmo fato. Havia tantas e variadas versões para se explicar por
que o Sol nasce — porque Deus quis, porque precisamos de calor para viver,
porque o Sol é um ser mitológico, etc. —, que algumas chegavam a contradizer
as outras. Se é assim, em qual se deve acreditar? Como, a partir dessa dúvida
radical, encontrar a verdade?
8 O racionalismo cartesiano

Descartes acreditava que só poderia haver uma resposta verdadeira para


cada problema e que a única ciência universalmente válida era a matemática
— especialmente a geometria. Tanto um matemático da Grécia Antiga quanto
um matemático francês deveriam chegar à mesma solução para um mesmo
problema geométrico. Disso, Descartes deduziu que para qualquer questão em
que pairasse uma dúvida seria possível encontrar uma certeza ao aplicar os
procedimentos da geometria. Esse é o método da dedução racional da verdade.
Para Descartes (1973a), são quatro as etapas que devem ser seguidas depois
de se colocar a opinião dos outros em suspenso. Veja a seguir.

1. Verificar: em vez de acreditar na opinião dos outros, só se deve acreditar em


algo que seja claro e distinto, aquilo que a geometria chama de “evidência”.
2. Analisar: implica dividir as observações nas partes mais simples pos-
síveis — isto é, reduzi-las matematicamente a unidades, números.
3. Sintetizar: consiste em reunir essas unidades em agrupamentos coeren-
tes, partindo do mais simples em direção ao mais complexo.
4. Enumerar: é a revisão da construção completa da ordem do pensamento
para ter certeza de que nenhum raciocínio errado foi tomado como certo.

Os escolásticos da Idade Média acreditavam que a alma humana era dividida em três partes:
razão, imaginação e memória. Por isso, para eles, todo o conhecimento humano dependia
em alguma medida da memória — isto é, das coisas aprendidas ao longo da vida com os
outros ou com os livros do passado. Quando Descartes propõe a sua dúvida metódica,
afirma que o sujeito do conhecimento não precisa da memória para buscar a verdade.
O melhor cientista, para Descartes, é aquele que pensa sozinho, sem a ajuda dos
outros. Por isso, a memória e as tradições culturais, segundo o racionalismo de Descartes,
mais atrapalham do que ajudam na busca da verdade. No ensaio “Experiência e Pobreza”,
o filósofo Walter Benjamin (1892–1940) problematizou os efeitos dessa crise da relação
entre memória e verdade nos tempos modernos. Para Benjamin (1994), o gesto de
Descartes de “demolir” o conhecimento do passado em favor de algo inteiramente
novo mudou a forma de os homens lidarem com eles mesmos.
Ao valorizarem uma verdade do presente que renega o passado, as pessoas acabam
se esquecendo de suas próprias origens — e saber de onde se vem é importantíssimo
para saber quem se é e como se vê o mundo. Daí que, no século XX, além de Benjamin,
muitos outros filósofos — como Martin Heidegger (1889–1976), Michel Foucault
(1926–1984) e Giorgio Agamben (1942) — interpretam de forma bastante crítica a
influência do racionalismo de Descartes sobre os tempos atuais, tentando revalorizar
as relações entre memória e verdade.
O racionalismo cartesiano 9

“Penso, logo existo”: a matematização


do mundo em Descartes
No Discurso do Método, Descartes (1973a) conta como aplicou o seu método
para colocar à prova as várias suposições da tradição filosófica ocidental. Ao
colocar em suspenso todas as suas crenças e opiniões, ele buscava encontrar
o elemento mínimo e dedutível capaz de sustentar todo o edifício do saber
científico — isto é, o seu fundamento, a verdade primeira. Mesmo a sua própria
existência deveria ser colocada em questão, pois como ele poderia saber que
não estava simplesmente sonhando?
Desse procedimento de colocar a existência de tudo o que ele sentia em
dúvida, o que sobrou, então? Apenas Descartes, frente ao próprio pensar, num
quarto solitário; apenas o “eu” do filósofo diante do absoluto nada. É aí que
Descartes chega a uma das máximas mais famosas da história da filosofia:
se esse “eu” que duvida continua existindo enquanto duvida, então a coisa
mais clara e mais distinta que se pode reconhecer é a existência do próprio
pensamento: “[...] notando que esta verdade: eu penso, logo existo, era tão
firme e tão certa que todas as mais extravagantes suposições dos céticos não
seriam capazes de a abalar, julguei que podia aceitá-la sem escrúpulo, como o
primeiro princípio da Filosofia que procurava” (DESCARTES, 1973a, p. 54).
A partir da definição do “eu” pensante como a coisa mais clara e mais dis-
tinta, o princípio sobre o qual se pode edificar um novo pensamento, Descartes
se pergunta qual seria a segunda coisa mais evidente. Seria a existência do
seu próprio corpo? Não exatamente. Para Descartes, embora a razão pudesse
extrair de si mesma a evidência de sua existência, nada ainda comprovava
que esse “eu” pensante fosse idêntico ao corpo que ele podia sentir. Pois o
corpo, para Descartes, é a origem das sensações, da experiência, da empiria;
todos os sentidos poderiam estar, naquele momento mesmo, lhe enganando.
A partir disso, Descartes define que os seres humanos possuem uma alma que
é absolutamente separada do corpo, e que se o corpo morre, a alma permanece
viva. Assim, por meio de um raciocínio matemático, Descartes tentava provar
a seu modo a tese da imortalidade da alma, que já se encontrava em Platão e
em todo o pensamento cristão medieval (DESCARTES, 1973b).
Essa separação radical entre o corpo e a alma é um dos traços mais carac-
terísticos da filosofia racionalista. Para prová-la, Descartes define a diferença
entre as qualidades primárias e as qualidades secundárias de quaisquer objetos.
As qualidades primárias são aquelas passíveis de serem conhecidas pela
razão — isto é, aquelas que expressam a harmonia matemática por trás de
cada objeto, sendo sempre idênticas a si mesmas. As qualidades secundárias
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são aquelas que podem ser apreendidas pelos sentidos e que são mutáveis e
superficiais. O exemplo de Descartes (1973b) é o de um bloco de cera que,
quando colocado perto do fogo, muda completamente no que diz respeito a
como afeta os sentidos: modificam-se o tamanho, o cheiro, a forma, a cor,
etc. No entanto, ao esfriar, o bloco de cera volta à sua forma original. O que
permanece idêntico nesse bloco, o que faz ele “ser”, não é a sua extensão,
nem o modo como afeta os sentidos, mas as suas propriedades inteligíveis,
que somente a razão pode captar.
Na Figura 1, a seguir, você pode ver um exemplo da distinção cartesiana
entre qualidades primárias e qualidades secundárias. Não importa se são
usados corações ou números desenhados com símbolos diferentes: todas as
equações são matematicamente verdadeiras e expressam a mesma verdade.
Essa ordem ou harmonia matemática é o que constitui a qualidade primária,
o inteligível, o universalmente válido. O que muda é apenas a qualidade
secundária: o sensível, isto é, como essas imagens afetam a visão.

Figura 1. Distinção cartesiana


entre qualidades primárias e
qualidades secundárias.

Agora, considere novamente o Sol. O calor que você sente quando um


raio de Sol bate em seu corpo é uma qualidade secundária, pois você só pode
senti-lo por meio do seu corpo; já se você medir com um termômetro quanto
a temperatura do seu corpo aumentou ao ser atingido pela luz, entra em cena
uma qualidade primária do raio de Sol, medida em uma unidade matemática
chamada grau Celsius. Assim, tudo o que existe no mundo pode ser, para
Descartes, matematizado; apenas quando alguém matematiza algo é que pode
ter certeza de que os sentidos não o estão enganando.
O racionalismo cartesiano 11

Assim, também o homem não pode ser definido pelo seu corpo, que muda
na medida em que envelhece ou adoece, mas apenas pela sua alma, pelas
propriedades eternas e imutáveis de seu intelecto:

Ora, se a noção ou conhecimento da cera parece ser mais nítido e mais


distinto após ter sido descoberto não somente pela visão ou pelo tato, mas
ainda por muitas outras causas, com quão maior evidência, distinção e
nitidez não deverei eu conhecer-me posto que todas as razões que servem
para conhecer e conceber a natureza da cera, ou qualquer outro corpo,
provam muito mais fácil e evidentemente a natureza de meu espírito?
(DESCARTES, 1973b, p. 106)

Daí que a separação entre corpo e alma — ou entre res extensa (coisa
extensa) e res cogitans (coisa pensante) — seja indissociável dessa tenta-
tiva cartesiana de matematizar o mundo. A separação entre corpo e alma,
embora não questione a existência de Deus, coloca em crise o pensamento
teológico que se baseia principalmente na relação entre o homem e o divino,
o múltiplo e o uno. O que é moderno em Descartes é, justamente, essa
distinção radical entre um sujeito puramente racional e o mundo que o
circunda, cuja distância só pode ser ultrapassada a partir de um pensamento
metódico e racional.

AGAMBEN, G. Estâncias: a palavra e o fantasma na cultura ocidental. Belo Horizonte:


UFMG, 2012a.
AGAMBEN, G. Infância e história: destruição da experiência e origem da história. Belo
Horizonte: UFMG, 2012b.
BENJAMIN, W. Experiência e pobreza. In: BENJAMIN, W. Magia e técnica, arte e política:
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STRATHERN, P. Descartes em 90 minutos. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.
DESCARTES, R. Discurso do método: para bem conduzir a própria razão e procurar a ver-
dade nas ciências. In: DESCARTES, R. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1973a. v. 15.
DESCARTES, R. Meditações. In: DESCARTES, R. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural,
1973. v. 15.
Dica do Professor

Imagine viver em um mundo em que o conhecimento é sempre pensado como algo externo a você.
Agora, suponha que esse conhecimento, além de ser externo, é metafísico, isto é, ele depende de
elementos extramundanos que decidem se apresentar ou não, se fazer conhecer ou não. Foi esse
modo de conceber a realidade que René Descartes recusou. Nesse sentido, não se pode dizer que
se trata meramente de uma recusa à divindade — até mesmo porque Descartes concebe a ideia de
Deus —, mas, sim, de considerar que Deus deu a razão às pessoas para acessarem a verdade do
mundo e da própria existência. Por isso, a razão, na teoria cartesiana, assume o lugar de princípio
central na existência humana.

Nesta Dica do Professor, você vai acompanhar como se desenvolve tal argumentação na obra de
Descartes.

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Exercícios

1) A Modernidade é marcada por teorias de cunho racional que demarcam uma ruptura com o
pensamento medievo. Nesse contexto, o pensamento moderno tem a razão como
fundamento e princípio de reflexão sobre o mundo e a existência. Partindo disso, pode-se
dizer que o movimento racionalista inaugurado por Descartes tem uma posição
extremamente vertical aos seus contemporâneos.

A partir dessas afirmações, considere as alternativas a seguir em relação à relevância do


pensamento cartesiano na história da filosofia e assinale a alternativa correta.

A) Descartes considera o empirismo como doutrina fundamental.

B) Descartes aponta uma filosofia que rejeita o ceticismo.

C) Descartes desenvolve a análise dialética.

D) Descartes desenvolve o método empírico, assimilando-o com o racionalismo.

E) Descartes aprofunda os estudos sobre o ceticismo.

2) Até o Renascimento, o fundamento da filosofia era Deus, ou seja, o âmago para tudo o que
existia era tido como divino, bem como o conhecimento era visto como um resquício da
divindade no humano. Durante o Renascimento, a filosofia passou a ter como fundamento o
homem. Assim, a máxima de que “o homem é a medida de todas as coisas” é retomada
durante o chamado Renascimento Cultural. Contudo, o fundamento que norteia a
Modernidade e a inaugura é outro.

A esse respeito, assinale a alternativa correta.

A) Descartes afirma que o homem é uma "coisa pensante" devido à sua capacidade exclusiva em
aprender por meio dos sentidos.

B) Descartes afirma que o homem é uma "coisa pensante" devido ao fato de a razão ser um
elemento universal entre os homens.

C) Descartes afirma que o homem é uma "coisa pensante" devido ao fato de o conhecimento
estar voltado às sensações.
D) Descartes afirma que o homem é uma "coisa pensante" devido à relação empírica entre
verdade e conhecimento.

E) Segundo Descartes, o homem é uma "coisa pensante" porque é um ser meramente sensitivo.

3) O conhecimento, para Descartes, não é algo meramente dado, apesar de termos ideias
inatas. Nesse sentido, o ser humano busca acessar a verdade e isso só é possível por meio do
processo da dúvida metódica, que depende, essencialmente, de um princípio. É dessa forma
que Descartes chega à máxima “penso, logo existo”.

Acerca da afirmação cartesiana, analise as alternativas a seguir e marque a alternativa


correta.

A) A afirmação "penso, logo existo" designa o ceticismo cartesiano.

B) A afirmação "penso, logo existo" designa o homem como um ser estritamente sensorial.

C) A afirmação "penso, logo existo" designa o raciocínio individual por meio do qual as crenças
pessoais devem ser assumidas como verdades únicas.

D) A afirmação "penso, logo existo" designa o "pensar" como elemento central do conhecimento.

E) A afirmação "penso, logo existo" designa o conhecimento místico.

4) Ao se deparar com a realidade, o ser humano se dá conta de que, ao conhecer as coisas-em-


si, ele não participa de uma compreensão delas, ou seja, universal. Dessa forma, o
conhecimento em si pode se mostrar variável, bem como aquilo que é considerado
conhecimento. Entretanto, como demonstra Descartes, por meio do método cartesiano, é
possível chegar às verdades universais sobre a realidade e sobre o sujeito.

A respeito do método cartesiano, assinale a alternativa correta.

A) O método cartesiano está concentrado na capacidade do homem de abstrair.

B) O método cartesiano está concentrado na capacidade do homem de duvidar.

C) O método cartesiano está concentrado na capacidade do homem de se enganar.

D) O método cartesiano está concentrado na capacidade do homem de sentir.

E) O método cartesiano está concentrado na capacidade do homem de analisar.


5) Descartes não produziu uma obra voltada somente à filosofia, mas também à matemática.
Nesse sentido, o raciocínio lógico-matemático não fica meramente reservado a seus estudos
sobre o tema, mas influenciam a sua forma de pensar a filosofia. Desse modo, a sua teoria
filosófica é atravessada por métodos que seguem o rigor matemático.

A respeito dessa intersecção, assinale a alternativa correta.

A) O raciocínio filosófico, para Descartes, consiste em acreditar na intuição.

B) O raciocínio filosófico, para Descartes, consiste em acreditar nos dados dos sentidos.

C) O raciocínio filosófico, para Descartes, consiste em apontar uma verdade mutável.

D) O raciocínio filosófico, para Descartes, consiste em desenvolver um saber a posteriori.

E) O raciocínio filosófico, para Descartes, consiste em seguir etapas.


Na prática

Uma das oposições clássicas que seguem no imaginário ocidental é aquela existente entre razão e
emoção. Do mesmo modo, é possível observar a oposição hierárquica metafísica apresentada nas
dualidades corpo e espírito, material e imaterial, Deus e humano. A razão e os sentidos (em sua
ampla acepção) são colocados em oposição quando se trata de ter acesso a uma verdade, a não se
enganar, isto é, de ser objetivo.

Neste Na Prática, você vai acompanhar a história de João, que precisa se decidir se acredita no que
seus olhos pensam ter visto ou se age de forma mais racional.
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Saiba mais

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Alguns aspectos sobre a física cartesiana: do mecanicismo


dedutivo das regras às hipóteses e experiências dos princípios
Atualmente, existe um debate em torno da obra cartesiana, se haveria algum espaço à imaginação e
às sensações dentro da física cartesiana. Por isso, o deslocamento da filosofia e da matemática à
física se daria como um terceiro espaço, menos rígido, dentro da obra cartesiana. Leia este artigo e
compreenda um pouco mais sobre o assunto.

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A noção de “minha natureza” nas Meditações metafísicas de


Descartes: sobre um eu-prático no cartesianismo
Um dos temas mais intrigantes no movimento racionalista francês diz respeito à existência de Deus
em meio a critérios racionais e matemáticos. Ainda que fique clara dentro da argumentação
cartesiana a relação entre Deus e as ideias inatas, a concepção de natureza de Descartes aprofunda
um pouco mais sobre essa aproximação. Leia este artigo e compreenda um pouco mais sobre essa
temática.

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O discurso do método (1974)


A vida do filósofo René Descartes desperta muitas curiosidades. Afinal, como pôde um homem,
vivendo em um período quase medieval, defender uma tese que rejeita quase todos os valores da
doutrina religiosa? Assista ao filme de Roberto Rossellini, que narra um período da vida do filósofo
francês.

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