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Primeira avaliação

Aluno: Rafael Felipe da Silva Alves


Disciplina: Filosofia da natureza no século XVII – René Descartes e
Margaret Cavendish 
Professor: Pedro Falcão Pricladnitzky

Questão 01) O que foi a Revolução Científica dos séculos XVI e XVII?
Apresente as principais alterações na descrição filosófica do mundo e as
razões de sua proposição.
A revolução científica ocorrida entre os séculos XVI e XVII marcou uma das
mais significativas mudanças de paradigma na história do mundo ocidental;
acompanhada de eventos políticos e sociais, decretou o fim da antiga
concepção de mundo religiosa aristocrática e abriu espaço para o
desenvolvimento da ciência moderna. O mundo até então concebido era
fundamentado pela tradição religiosa e pelos criativos mitos fantásticos que
atormentavam as cabeças dos homens; a estrutura do universo era
hierarquizada e as questões fundamentais da filosofia se voltavam ao sentido
último, aos princípios metafísicos e à finalidade essencial das coisas. Para o
pensamento antigo e medieval, os objetos naturalmente tinham um lugar na
hierarquia do cosmo, justificado pela crença sobrenatural em entidades e
deuses que tudo criavam, de maneira inteligente e com finalidades claras. A
ascensão da ciência moderna provocou abalo significativo na cosmologia
humana, que a partir de então, se viu perdida e dilacerada pela eterna dúvida
do mistério, pela relativização dos valores morais (que já não possuem
validade eterna garantida por um deus) e pela angústia da perca de seu
sentido existencial. A partir do desenvolvimento da ciência, o homem perdeu
sua coroa divina e deixou de ser o centro do mundo; o planeta Terra deixou de
ser o centro do universo. As pesquisas deixaram de se queixar o porquê, o
sentido e a finalidade última das coisas e se atentaram a decifrar como
ocorrem os fenômenos, a partir da análise dos dados concretos coletados e
pela fundamentação do método científico experimental. A natureza passou
então a ser vista de forma mecanicista, cujo as causas e o efeito dessas
causas se explicam matematicamente através de leis universais e não mais a
partir da vontade e designação celestial.

Questão 02) Por que o conhecimento obtido através dos sentidos, o


conhecimento empírico, está sendo revisado durante a Revolução
Científica? Justifique.
Durante a revolução cientifica, praticamente toda a concepção de mundo
existente até então foi criticamente revisada e questionada; o pensamento
escolástico já não cumpria a função de explicar a vida, a física do mundo e
todos seus fenômenos, exigindo, naquele momento, o desenvolvimento de uma
nova concepção de mundo e novos princípios que fundamentassem o
conhecimento. Dessa exigência, surgiu o racionalismo, tendência filosófica
difundida principalmente por Descartes. As bases do racionalismo
asseguravam na razão o princípio e a sustentação de todo o conhecimento,
relegando aos sentidos a principal causa dos erros epistemológicos que
padeciam os homens; na concepção racionalista, apenas a razão e a lógica
poderiam determinar com exatidão a verdade das coisas, atribuindo aos
sentidos o principal motivo das enganações e dos equívocos do senso comum.
Com o desenvolvimento da ciência e do método experimental, a sensibilidade
não poderia simplesmente ser deixada de lado para dar lugar a um
conhecimento puramente lógico e abstrato, então, foi necessário a revisão das
propostas epistemológicas, sendo que, para o racionalismo, a experiência não
é negada durante o processo de produção do conhecimento, mas, submetida
antes aos princípios racionais da metafísica, o conhecimento empírico só
poderia ser sustentando, assim, a partir de uma sólida base racional. Os
sentidos, portanto, atuariam de forma secundaria nesse processo, sendo a
razão a fundamentação das teses sobre os fenômenos da natureza.

Questão 3) Explique a metáfora da estrutura do conhecimento como uma


árvore para Descartes. O que significa dizer que a metafísica deve
fornecer as raízes e a filosofia da natureza o tronco?
Descartes busca fundamentar um método sólido e seguro para
desenvolver o conhecimento científico, que seja válido universalmente e que
não dependa única e exclusivamente dos sentidos humanos; uma vez que,
estes podem ser falhos e confundir a verdade com a enganosa aparência
percebida pela sensibilidade. Assim, a analogia da estrutura do conhecimento
como uma árvore pode ajudar a compreender o método cartesiano, que
atribuía à metafísica a função de raiz dessa arvore. A metafísica, aqui, se trata
dos princípios racionais do qual se parte toda reflexão; esses princípios,
indubitáveis, não podem ser questionados e são a base racional no qual se
desenvolve e se justifica todo o conhecimento empírico sobre a natureza. Dado
os princípios fundamentais metafísicos sustentados por Deus, a substância
primordial, o tronco da arvore se tratava da filosofia da natureza, a aplicação na
natureza dos princípios racionais advindos dessa substância primordial, se
trata do movimento mecânico e das leis gerais da natureza que regem nossa
existência, a atividade e o movimento dos corpos; do tronco físico brotam os
galhos que correspondem a todas as demais ciências do espírito humano,
como a moral, medicina e etc; tais ciências, portanto, dependem tanto da base
racional metafísica quanto da matéria dos corpos e das leis da natureza para
serem desenvolvidas.

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