PRIMEIROS MINUTOS DE AULA: CONTEXTUALIZAÇÃO DO SÉCULO XVII
A modernidade foi um período de profundas transformações sociais, culturais e
econômicas.
O pensamento medieval foi criticamente contestado pela nova concepção de
mundo surgida com a revolução científica e pelo desenvolvimento da razão autônoma e livre de crenças e superstições.
Descartes é considerado o pai da filosofia moderna por ter sido um pensador
fundamental nesse processo de superação do velho mundo feudal e religioso para o novo mundo moderno e científico, duvidando de toda tradição e autoridade existente, priorizava a subjetividade da consciência e a razão.
Além de filósofo, Descartes foi um prolífico cientista e matemático, tendo
desenvolvido importantes estudos de álgebra e geometria. No campo da filosofia, Descartes inaugura a nova ênfase tomada pelas investigações filosóficas, deslocando o centro destas para o estudo do sujeito que conhece, em detrimento do objeto conhecido; ele toma a consciência como ponto de partida do conhecimento, sendo o precursor das teorias do conhecimento modernas, que passarão a investigar a possiblidade do conhecimento e seus limites; muda-se a pergunta “que é uma coisa?” para “Como posso conhecer a coisa?”, “Quais são os limites da minha capacidade de conhecer as coisas?”.
Estabelecendo a questão dos limites do conhecimento, Descartes é considerado o
mais importante filósofo da escola racionalista, cujo a doutrina prioriza o papel da razão e das ideias no processo de produção do conhecimento.
Para se certificar de que estava no caminho correto, Descartes, que desejava
encontrar uma forma de se alcançar a verdade, propõe um método rigoroso e seguro que o conduzisse a essa verdade. Seu método era dividido em quatro regras:
Evidência: aceitar como verdadeiro apenas o que é claro e seguro.
Análise: dividir os problemas em partes menores para facilitar sua resolução. Ordem: começar resolvendo os problemas mais simples e depois os mais complexos. Enumeração: Fazer revisão completa para se certificar de que nada foi deixado de lado.
O princípio do conhecimento é a consciência de nossa própria existência, Descartes
demonstra isso a partir do argumento Cogito (ergo sum): ao seguir a regra de seu método de questionar tudo aquilo que não é claro e seguro, o pensador inicia sua investigação de forma radical, ao questionar a validade de todo o conhecimento que tem. Descartes logo percebeu que pode duvidar de tudo, exceto de que duvida. Duvida porque pensa, tem consciência; se pensa então é algo, então existe; dessa forma: “Penso, logo existo.” Essa é a primeira verdade inquestionável descoberta pelo pensador, que serviria como fagulha para toda a tradição filosófica posterior, interessada em partir suas reflexões da consciência e questionar seus limites para o alcance da verdade.