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Ficha das leituras correspondentes à aula nº5

René Descartes: “Discurso do Método”

René Descartes, filósofo francês que viveu no século XVII, tempo em que a paisagem acadêmica
era dominada há séculos por uma escola de filosofia denominada escolástica – sistema derivado em
última instância de Aristóteles – com a qual teve que polemizar intensamente. Conforme esclarece
Cottingham (1999, p.20), o que Descartes objetava não era a estrutura lógica do razoamento aristotélico,
mas a maneira como os escolásticos usavam a lógica aristotélica como “sofismo” com o único objetivo de
ganhar os debates ao invés de ser utilizada em uma tentativa séria de aumentar o conhecimento
humano.
O “Discurso do Método” começa com uma ideia renovadora: “A capacidade de bem-julgar, e
distinguir o verdadeiro do falso, que é propriamente o que se chama o bom-senso ou a razão, é
naturalmente igual em todos os homens” (DESCARTES, 2019, p. 37). Partindo dessa afirmação de que
todas as pessoas possuem a mesma habilidade natural para analisar a informação, só é possível concluir
“que a diversidade de nossas opiniões não se deve a uns serem mais racionais que os outros, mas
apenas a que conduzimos nossos pensamentos por vias diversas e não consideramos as mesmas coisas”
(DESCARTES, 2019, p. 37).
Não é achando-se superior ao outro ou pensando que quem erra carece de uma educação
formal que estamos isentos de erro, mas sim com a incorporação de um método que possibilite “um
meio de aumentar gradualmente meu conhecimento, e de elevá-lo aos poucos ao mais alto ponto”
(DESCARTES, 2019, p. 38), com a finalidade de constituir um sujeito autônomo que providencie
“procurar reformar meus próprios pensamentos e construir num terreno que é todo meu.” (DESCARTES,
2019, p. 51).
Tal método nasce mediante uma dúvida metódica baseada nos constantes questionamentos
acerca da validade da informação que recebemos e como processá-la eficientemente para abandonar
toda credulidade, estabelecendo quatro passos que devem ser seguidos para se aceitar uma informação
como válida: desconfiar frente ao conhecimento - no sentido de evitar a precipitação para julgar uma
coisa como verdadeira; analisar a informação parte por parte até abarcar sua totalidade; começar a
verificar as ideias mais simples e, comprovadas estas, ir logo às mais complexas e, por último, revisar o
resultado para obter o maior grau de certeza possível.

John Locke “Ensaio acerca do entendimento humano” Livro I e Livro II.

John Locke foi um filósofo e médico inglês, considerado como um dos maiores pensadores do
empirismo inglês e um dos principais pilares do “liberalismo moderno”. Apresenta um modelo
pedagógico naturalista, empirista, onde o conhecimento está vinculado a experiência sensível e reflexão.
Desse modo nega o inatismo, o homem não possui ideias inatas.
No Livro I, Locke trata sobre o problema filosófico a respeito da existência das ideias inatas. O
pensador inglês entende que todas as ideias provêm da experiência e, portanto, as ideias inatas não
existem. Ao negar o inatismo rejeita que o poder seja inato ou de origem divina. Assim, estabelece a
supremacia do indivíduo e a soberania do povo em relação ao estado. A função do Estado agora é servir
ao povo.
No Livro II, o filósofo explica como o conhecimento é constituído a partir da experiência. Locke
classifica os conteúdos mentais em ideias e estabelece que todas as ideias têm uma origem na sensação
ou na reflexão. Por outra parte, as divide em simples e complexas. As simples de sensação são o gosto,
os sons, o calor, o frio, etc. E um exemplo simples de reflexão pode ser a percepção.

Referências:
DESCARTES, René. Discurso do Método. Tradução de Paulo Neves. Porto Alegre: L&PM, 2019.

COTTINGHAM, John. Descartes. Tradução Laura Benítez Grobet. Distrito Federal: Universidad Nacional
Autónoma de México, 1995

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