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Fundamentosda psicopatologia fenomenológico-gestáltica

uma introduçào leve

Copyright 2021 Artesà Editora BRASILEIRA


APRESENTAÇÃO DA EDIÇÃO

Eproibida a duplicaçåo ou reproduçào deste volume, no todoou em parte INTRODUÇÃO DA TRADUTORA


sob quaisquer formas ou por quaisquer melos (eletronico, mec anico, 11
fotocopia. distribuiç ào na Web e outros), sem permissào expressa gravacão DA VERSÃO E SPANHOLA
da Editora

BRASILEIRA
COORDENAÇÃO EDITORIAL 21 INTRODUÇÃO DA EDIÇÃO
Karol Oliveira
PRIMEIRA EDIÇÃO EM ESPANHOL
DIREÇÃO DE ARTE 31 INTRODUÇÃO DA
Tiago Rabello

REVISÃO E TRADUÇÃ 37 1 0 QUEÉA PSICOPATOLOGIA?


Débora Andreza Zacharias
PSICOPATOLOGIA?
2. PARA QUE SERVE ESTUDAR
REVISÃO TËCNICA 41
Claudia Lins Cardoso
PSICOPATOLOGIAS?
CAPA 45 3. EXISTEM DIFERENTES

Karol Oliveira
4. QUE RELAÇÃO EXISTE ENTRE A
49
DIAGRAMAÇÃO PSICOPATOLOGIA EO DIAGNÓSTICo?
Luis Otávio Ferreira

55 5. QUAISs SÃO AS ESPECIFICIDADES DA


F81S Francesetti, Gianni. PSICOPATOLOGIA FENOMENOLÓGICO0-
Fundamentos da psicopatologia fenomenológico-
gestáltica: uma introdução leve / Gianni Francesetti GESTÁLTICA?
tradução: Debora Andreza Z a c h a r i a s . - Belo Horizonte :

Artes, 2021.
160p.: 21 cm. 61 6. 0 QUE Eo sOFRIMENTO PSICOPATOLÓGIC0
ISBN: 978-65-86140-50-7.

1. Psicopatologia. 2. Gestalt-terapia. 3. Fenomenologia.I.


Zacharias, Débora Andreza. I. Titulo. 67 7. QUE RELAÇÃO EXISTE ENTREA HISTÓRIA
PESSOALEO SOFRIMENTO PSICOPATOLÓGICO?
CDU 159.97

Catalogação: Aline M. Sima CRB-6/2645 73 8. QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS


DO SOFRIMENTO NEURÓTICo,
IMPRESS NO BRASIL BORDERLINE E PSIcÓTICO?
Printed in Brazil

93 9. FAZER OUTROS sOFREREM É UMA


(31)2511-2040 (31)99403-2227 FORMA DE SOFRIMENTO?
Ewww.artesaeditora.com.br
Rua Rio Pomba 455, Carlos Prates Cep: 30720-290 Belo Horizonte - MG

/artesaeditora
divo Íses onde
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encontrei
nos

a
Carmcn
Vi- ensino.
VAzquez Bandim Um
livro, masnao ape
quais cspecal

aa cserever cste

1.
gTadecinmento
escrev

stimulado
estimulado

por
ter
me
trabal rabalhos para o cspanhol tambem
mbe
meus c,
sobretu
nas mcus

aduzido
traduzido

ter cstima,
amizade
c
sua
do. por
GIANNI FRANCESETTI
0 QUE E A
PSICOPATOLOGIA?

36
Introdução da primeira edição em
espanhol
escolha; csse radical também dá origem a paixão, passivo,
todos termos que no movimento de algo
implicam
patologia,
nao provocado deliberadamente por nós e ao qual não pode-
mos resistir lacilmente. O segundo radical é psychein, o sopro

sutil que nos inspira e nos laz sentir vivos. Coerentemente


com a etimologia de psychein, ou seja, o sopro, a psique,

como o ar, nao é neminterna nem externa, mas emerge


DISCIPLINAR VASTo
A
PSICOPATOLOGIA ÉUM CAMPO

ivem
conviven

diversas e, às ve
perspectivas
STOE MUTO habita dentro e lora de nós. A partir dessa base etimologl|
ca, podemos considerar a psicopatologia como o estudo|
no qual
debatido,
999). Em geral,
1999). Em
(Civila,
demos das experiências nas quais não nos sentimos inteiramente|
dosotrimento psíquicodizedo
contrastantes

estudo agentes e livres, em que não podemos exercitar plenamente


patologia é o
zes,

que
a
definiço que aparentasertão uma escolha e que dizem respeito a nos sentirmos vivos, ani1-
Mas essa
s, e três em particular: simples mados e em contato com o ambiente. Em uma experiência
humano.
ser t
onde
muitas
perguntas,
e
Oque éo somos, portanto, um pouco menos livres,
a psique? Como se estuda esse psicopatológica,
0 que e solri.
olri. "respirantes", menos
existentes,
sofrimento0:

menos vivos, menos menos


dependendo da maneira de
de
mento? Veremos que, c o n c e b e r várias nsic responder
ponder presentes para o que seria permitido pelos limites e poten-
essas perguntas,
e possIvel
de quais psicopatologias são construid
tologias ,e, cialidades da situação atual. Menos artistas da nossa própria
dependendo A resposta que
várias
as vida (Rank, 1932; Robine, 2006). A psicopatologia não coin-
teorias e práticasde cura. procuro delinear cide com o ter ou com o sentir limites: na verdade, é quando
disS de uma perspectiva fen
agimos com liberdade e responsabilidade dentro dos limites
nasce, como ,
neste texto
nológica e gestáltica. existenciais e situacionais que nos sentimos mais inteiros,
vivos e sãos. Ser um pouco menos vivo significa sentir que
Pcicopatologia é uma palavra composta por três radicais
não existimos plenamente e criativamente: existir pode ser,
"Dsico-", "-pato-", "-logia, que, etimologicamente, têm ectoe
de fato, um dado de registro, certificado por um passaporte
Significados: psico-, do grego psyché - psique, alma. Deriva de
no entanto, a experiència de existir (etimologicamente, de
pSychein: soprar: pato, do grego pathos: martírio, paixão, so- ex-sistere, isto é, sair de, elevar-se, emergir) não é um fato,
frimento. Deriva da paschein (indo-europeu), padecer, -logia, mas um processo experiencial que ocorre continuamente,e
do grego logos: discurso, palavra, sentido (Cortelazzo e Zolli, com resultados diversos, em nossa vida. O oposto de ex-sis-
1983). Psicopatologia é, portanto, o estudo de um tipo de tere é in-sistere: quando não pode emergir, insiste e se torna
fenomeno particular: os lenômenos pathos, que são páticos pathos As vezes, sinto estar existindo plenamente e estando
repentinos, a partir dos quais a pessoa nåo pode fazer uma plenamente vivo; algumas vezes, é como se nào existisse; ou-
tras vezes, novamente, sinto que não existo para os outros
Patico e ou que, na verdade, estou existindo muito0, ou que não quero
3
NT pática estâo exclusivamente ligados à acepção "relacio
nado pathos". Na lingua italiana, temos o verbo patire, que signinca
a existir, etc. A decadência do processo de vir à existência e à
solrer, padecer, mas esse
jogo de palavras se perde na lingua portugues.

38 1.0 que é a 1. 0 que é a psicopatologia 39


psicopatologla
ou
o menos
u nienos
plena livre, é objeto. de
plena c
mais
tologia lcnomcnol
ológico-gestáltica, estudo
unidadeContudo,
prescnça,

de uma pstcopatologia

fenomen0 cocriad
fcn c a

2.
um
existência

pstcopatologiaminaoni.
sendo
a scr-com-0-0utro
ser-com
esta
o
duo,
humano

ma
do
toco o
indi maS O
como o

enconiraindivídua
ma 3
como

ão, como Se sente


POa ode ter comose s c n t e .c se
situa
e

PARA QUE
uma
cntra
emerge
de
em contato com os outros. Ncste ponto. a psicopatolo-
" coma
psicon
fenomenológico-gestáltica. tanmbem bém oexistenci porque
basc do existencialismo, O e
gia
Sia
compartilha

a si
o
assunto

mcsnio
na ação
situaçào em que
ou
se seja,
encontra. Nao
SERVE ESTUDAR
homemfas natureza nào é
sua
definido a priori, a nem boa
c

como
um
dado

se vé em
Isscau, nem má, como se
Rousse:

através
vê em Hobbes,
limites e das
los limites.
através dos
PSICOPATOLOGIA?
Oser
humano emerge escolhas que
Neste sentido, a existência precede:
exercitar.
pode
Sartre. 1046).

40 1. O éa
que
psicopatologia
n segundo hugar permite reconhecer e distinguir s for
mas de sofrimento dos pacientes, o que e mportante para
valdar suas éxperiên ias "entende o que voce sente") para
encontrar os recursos necessarios para a terapta perceboo
que é necessarko nesta situaçao'). para avaliar os risCOs (sei
como que devo me preocupar) e para se orientaremn direção

à cura conheçoquais direçoes podemos seguir") Conhecer


SERVE PARA
ringut
O
DA
ccompreender,as
STUDO
PSICOPATOL

RECONHECER,
nas e os nprocessos do sofrimDIS
o que é sofrer de um transtorno de pånico, de um transtorno
obsessivo-compulsivo ou de uma experiëncia psicotica, quais
te humano. O sofrimento apresenta diversas form elas são são os temas envolvidos no transtorno, quais såo os riscos e
as possibilidades, quais redes ativar para a cura. quais as dire-
em suas diferenças pessoais (polo idiográfico),
inhmtas
minguem sotre como o outro; c, aO mesmo tempo, são re pois çoes e os caminhos terapéuticos e - não por ultimo - quaisos

porque modos de
os pe limites c as reverberaçÕes pessoais do terapeuta, e um apo10
titivas (polo
nomotéti
sofrer do se indispensável para uma boa pratica clinica. Naturalmente.
sao univesais, apesar de e n c o
humano tambem tudo isso vai a fundo na singularidade irrepetivel do encon-
eSpecihcidades n0S individuos e nas diversas
fnitzs

estudo da psicopatologia são


socieda- tro com o paciente, mas, para poder andar nesse fundo, é
des e culturas. No encontrados preciso ser uma tigura consciente.
Os caractensticos modos humanos de sofrimento (por exem-
plo. cada depressåo poe em jogo certa experiência caracto
lugar, o estudo da psicopatologia apoa o psico-
Em terceiro

Tistica. modos de ser e de sentir, Certos temas


terapeutana procura do sentido do sotrimento que pacien- o

existenciaise Te carrega: um dos fatores que podem aumentar o solfrimento


Telacionais, e tende a uma certa evolução característica ue do paciente é a incapacidade do psicoterapeuta para enxergar
clama por um apoio característico) e ao mesmo tempo. sn o sofrimento do paciente como uma experiencia dotada de
encontradas caracteristicas unicas, que nao se repetem com sentido, de direção e de significado. De fato, o sofrimento
aquele paciente especihco. Mas, no fundo, essa tensão entre nãoé um hm em si mesmo,mas um movimento processual
universalidade e singularidade está presente na natureza de que nasce em uma situação e tende a um desenvolvimen-
cada de nós, Lo através de fases de transformação na relação. Portanto, a
um em
qualquer tipo de experiência humana.
Compreender essas experiências através do estudo da psi- psicopatologia apoia o clinico a se aventurar nos territórios
do sofrimento com consciência e atenção, apurando a sen-
copatologia permite, em primeiro lugar, conhecer o proprio sibilidade e a capacidade de discriminar os acontecimentos
So!rimento eo soirimento do
qual nós mesmos somos porta permitindo a ele captar as metamortoses da dor e apoiar as
dores atravs das
gerações. Essa consciência é fundamenla transtormações na clinica.
para se trabalhar como
CO
psicoterapeuta, principalmente quair
uthzamos uma
abordagem relacional que nos coloca pes
Soalmente no encontro.

42 2. Pata 2. Para que serve estudar psicopatalagia 43


que serve estudar
psicopatologia
3.
EXISTEM DIFERENTES
PSICOPATOLOGIAS?
te no processo que tem
como consequência o aparecimento
de um mal-estar (patogënese). Uma psicopatologia que reduz
o sofrimento psiquico a uma alteração da bioquímica cerebral
nãoécertamente, incentivada a buscar o sentido relacional
ou existencial do sotfrimento, arriscando contribuir com
uma
cota a mais nesse sofrimento que resulta precisamente de não
encontrar seu signihcado e estar sozinho nessa busca. Essa
EXISTEM DIFERENTES PSIcOPATOLOGIAS: DEPENDENDO nA psicopatologia pode ser ütil paraa pesquisa farmacológica.
considera o ser numano, e do quanto
MA contanto que a eicacia sintomatológica eo sucesso comercial
neira como se o
elimi-
modos de conceituar o sofrimento-
nãoalaçamseesquecer dequeestá baseada em uma drástica
te, emergem variados Por reduçãodoser humano. Esquecer-se disso implica no risco
exemplo, pode-se considerar que as doenças mentais são en. de avaliara ehcácia em termos puramente sintomatológicos,
fermidades do cérebro" (Griesinger, 1861) e, então, atribuir perdendo de vista, em um sentido mais amplo, a qualidade de
sofrimento psíquico as distunçóes cerebrais e de neurotrans. vida e o impulso evolutivo do sofrimento em si. Os milhares
missão. Essa abordagem negligencia o fato de que "o homem de paciente nos quais foram feitas lobotomias frontais durante
a segunda metade do século
XX foram testemunhas das dis-
não é seu cérebro" (Noe, 2010) e tende a contundir etiologia
com patogênese". Um chaväo das últimas décadas, por exem podem ir ao encon-
torções, dos riscos éticos e da miopia que
ro do reducionismo trenológico esintomatológico.Uma psi- /
é que a depressao seja causada por uima carëncia de se- concebe o sofrimento
plo, copatologia fenomenológico-gestáltica
rotonina no nível sináptico e que os lármacos antidepressivos lenómeno que não pode ser compreendido isolan-|
como um
restabelecem o nível correto de serotonina cerebral. Além do o sofrimento nasce
do-se o cérebro e nem mesmoo individuo:
debate sobre eficácia dos antidepressivos (Kirsch, atravessa, vive e expressa.
amplo a
do campo relacional que a pessoa
sofrimento proveniente das geraçòes
2009), que revela um grave problema diagnóstico nesse âm. Compreende também o relacional e
bito (Francesetti, 2011; Frances, 2014), o ponto que qucro anteriores, cuja memória habita em nós pela via
é um sofrimento nâo apenas
mental, |
evidenciar é a lalácia lógica desse raciocinio clínico: imagine biologica. Além disso, de que
um pouco de mor mas profundamente
encarnado, estético', no sentido
que você tem dor de dente e que, tomando sentir. Essa psicopatologia
entrelaça com a raiz do nosso

fina, essa dor desapareça. Provavelmente, vocé nào concluiria se


nunca à busca por um sentido, mesmo quando
caréncia de morfinae nao renuncia
relata
que a causa da dor de dente seria uma desesperadamente
inalcançável.
Minkovski

decidiria ir ao dentista para tratar a cárie. O fato da utilização isso pareça clínica onde trabalhava,
este caso: na
Ihe contou
nelhora nao signilica que a que Jung uma mulher, já
anci , de
de um medicamento irazer uma muitos anos,
internada, havia
clinica e de
estava anamnese,
falta dessa substancia seja a causa do mal-estar (etiologia). toda a história
se tinha perdido
disso, que o medicamento interlere beneficamen- quem
mas, em vez é
a estelica
"sensação", potanto,
signihca
em grego antigo, 1750).
S Aisthesis, sentidos (Baumgarten,
estudo das causas de um transtomo dos
4 A etiologia é o ou uma doença, a
o
conhecimento
através

patogênese é o modo pelo qual o disturbio ou a doença evoluem


47
diferentes
psicopatologias
3. Existem

46 3. Existem diferentes psicopatologias


tinha dado entrada no
sabia porque ela hospital
ninguém quando era jovem; a paciente era chamada de "a sa spital psi
quiátrico
quiatr

pateira", porque

o típico gesto
movia

dos sapateiros

Em um dado
uamente oo
continuamer

quando colocam
momento, a
direi braço

m o r r o o nos
paciente
reito, como
pregos
e um pa-
4.
sapatos.
rente distante
foi ao funeral. Jung
aquela
aproximou e lhena
se
pergur
mulher tinha sido internada
mui
QUE RELAÇÃO
sabia por que
tou se

to anos
atrás. Ele respondeu:
"NaO me lembro bem, mac
ISso, parece
EXISTE ENTRE A
uma desilusao
amorosa... ane
foi
logo depois de regiào". Mesmo que
Um sapateiro da
abandonada pelo noivo.
gesto,seu aparentemente esterea PSICOPATOLOGIA E
ninguém compreendesse
sentido, e mesmo que, depois de algum tempo
pado e sem

todos tivessem
deixado de procurar algum
significado Dara O DIAGNOSTICO?
e
um
comunicava iragmento fun.
ele, a "sapateira" guardava sotrimento naquele movimento
ede seu
damental de sua vida
do paciente, encontram-
incompreensibilidade
repetitivo. Na
do proprio paciente e -
-Se as
dificuldades de comunicação
a dihculdade
do clinico para compreender
simetricamente -

48 3. Existem diferentes psicopatologias


u l ato de conhecmento (gnosi) através de um meio (dia).E
um ato complexo e importantissimo. Existem diversos tipos
de diagnósticos e una distinçâo importante para umn clínico

enomenológico e gestalticamente orientado é aquela entre


diagnóstico cxirinseco e diagnóstico intrínseco (Francesetti
r Geccle, 2009), O primeiro se realiza através de uma com-
paração cntre o sistema externo de categorias (por exemplo,
o DSM, o CID, mas também os tipos psicológicos de Jung, os
ACHATAMENTO PROGRES. caráteres da análise bioenergética, etc.) e o que se observa: se
HOUVE UM
NAS ÜLTIMAS DÉCADAS, o que observo cortesponde ao que está elencado na categoria
no diagnostico nosográfico
sivo da psicopatologia bascada Transtorno de Pânico", posso dizer que meu paciente sofre
distúrbios mentais): a
classificaçào dos
(ou seja, em relação à desse transtorno. Ë evidente que basta conhecer os 13 itens
diminuida, enquanto o segun-
primeira foi progressivamente que fazem diagnóstico de ataques de pânico para efetuar essa
evidência desse processo se mos-
do se tornou hipertrófico. A ação diagnóstica. Quando o que observo corresponde a um
e estatístico, ter
tra pelo fato do
DSM, manual diagnóstico
400 categorias
modelo do sistema, significa que fiz um diagnóstico e nada
até conter quase
crescido progressivamente mais é necessário, posso passar para a aplicação do protoco-
mais
diferentes e estar sendo progressivamente
diagnósticas lo terapêutico previsto por aquele modelo. Neste processo,
utilizado na Hoje. frequentemente, o estudo da psi-
clinica. algumas coisas importantes não são necessariamente requisi-
DSM. Trata-se
copatologia está identificado
com
o estudo do tadas: 1) uso dos elementos diagnósticos sensoriais e pré-re-
conduz a uma negligência
de equívoco disseminado que
um flexivos por parte do clínico; 2) a exploração da experiência
em psiquiatria, com o agravante dle
em psicologia clínica e
contribuindo com
subjetiva do paciente; 3) a sua história e o contexto; 4) a
tornar-se sempre mais óbvio e inegável,
finalidade
atenção para detectar o que não se enquadra na categoria de
o esquecimento de que o DSM surgiu com uma
diagnóstico, incluindo pesquisas; 5) a busca do sentido do
estatistica (e de seleção militar) e não com finalidadeclinica. sintoma; 6) o modo como emergem os elementos relacionais
O diagnóstico não coincide absolutamente com a psicopato-
no aqui e agora; 7) a contribuiço do terapeuta para o diag-
logia. mensagem pasSsada aos estudantes
O resultado é que a nóstico em si. O diagnóstico extrínseco é um instrumento
é a de que, uma vez que se estude o DSM, está conhecida a fundamental e indispensável para o clínico, mas é importante
psicopatologia. Esse é um equívoco com consequências gra- que ele conheça os limites e o modo de utilizá-lo para apoiar
ves, pois um clínico com essa tormação corre o risco de näão a terapia (Francesettie Gecele, 2009; Lingiardi, 2018). Entre
ser consciente do quanto não sabe. E se não tiver a expe- seus vários limites, é importante apontar que o diagnóstico
riencia pessoal de um percurso terapêutico, poderá utilizar extrinseco pode ser um modo para atribuir apenas ao pa-
o diagnóstico para não entrar em contato os seus
próprios ciente um fenômeno que é relacional ou mesmo social. Por
sofrimentos. No entanto., Jaspers já afirmou que o diagnósti- indicar
é última
exemplo, o diagnóstico de depressào endógena pode
co a preocupação do psicopatólogo. O diagnóstico é tanto a ausência de sentido do sofrimento do paciente, como

50 4. Que relação existe entre a psicopatologia e o diagnóstico 4. Que relação existe entre a psicopatologia e o diagnóstico 51
esse sentido, On.
clinico de apreender
incapacidade do
ansicdade c de pånico, mui
a nlo
transtorno de
lada (portanto, vivenc iada dissociada) da experiéncia
e
diagnostico de um modo de
c na adtlcscencia, pode es.
encontra emergir. Se algo no foi capaz de vir
frequcntes na pre-adolescenca uma
se trata de
cxpessåo individual atona, porque toi deixado de lado em
tar negligcnciando que
experiências passa
onde a superexposiÇaO
dos jOvcns ao das, só pode surgir com o tom
emocional daquilo que fot
de um campo social normalizada. Se a deixado ora de lugar. Essas ressonancias tém muito valor,
superexpo-
scm thltros e
mundo é invasiva, porquc como veremos mais adiante - frequentemente são o
esta normalizada, cntão o c
causa ansicdade
sição social quc nonto chave do processo
facilmente såo
como patológicos, com
cnquadrados terapéutico em curso
jovens a ina-
todas consequências que
as
isto comporta: a vergoha, pifercntemente do
diagnóstico, a psicopatologia fenome-
invalidaçåo das cxperiências cm um nologico-gcstallica e 0 estudo do sofrimento dá pëssoae de
dequação, a retração., a Ca lormação da sua história, cncarnada e contextual, da maneira como a vi-
momento crucial para o desenvovimento
vencia, das nuances especíticas e das diferenças de outras ex
personalidade.
periências semelhantes; dos temas e do sentido existencial
estético ou ntrinseco, é um
segundo tipo de diagnóstico.
O que traz à luz; da maneira pela qual o sofrimento emerge no
do que acontece no
conhecimento sensorial e pré-rctlexivo encontro, o que implica que também é o estudo da maneira
na capacidade de discri-
contato com o pacicntc. Bascia-se pela qual o clinico contribui para seu surgimento; do sentido,
acontece a partir das qualidades
minar sensorialmente o que do chamado relacional que contém e preserva, da intencio-
estéticas descritas pela psicologia
da Gestalt, sem necessidade
natidadedo contato que transmite ao terapeuta.A psicopa-
de controntá-lo com parâmetros e
classicações externas. E tologia requer cada vez uma nova viagem, nunca resumida
uma avaliação imediata,
sensorial, atmostérica, pré-reflexiva
em um rótulo, semprea se reinventar, que não cessa de se
pré-verbal. O terapeuta se orienta percebendo que
o emer-
e questionar, nunca acabada. Em psicopatologia, somos sem-
a valorizar qualquer coisa que
ge na situação e está disposto pre iniciantes(Callieri, 2001). A psicopatologia é. portanto,
sentir, isso emerge como um suporte fundamental para o diagnóstico extrínseco, e a
possa sentir. Ele não escolhe o que
pathos (Waldenfels. 2011; Francesetti, 2019a; 20196), ou psicopatologia fenomenológico-gestáltica é um suporte para
como sofrido, de uma dimensão que é pré-dualista, ali
seja, o diagnóstico intrínseco, pois treina o terapeuta para sentir e
onde os polos de subjetividade e objetividade ainda não se reconhecer as paisagens nas quais ele se encontra gradativa-
definiram nem se diferenciaram. A partir dai, podenm emergir mente com os pacientes.
experiências sintonizadas e empâticas vividas com o pacien-
te. Mas também podem emergir ressonâncias discordantes,
inesperadas, imprevistas, divergentes, incômodas, fora de lu-
gar. O terapeuta pode sentir algo que preferiria não sentir;
por exemplo, o paciente relata um fato doloroso e ele se irrita
ou fica entediado. O que foi sentido como fora de lugar, em
grego, atopòn, é uma ressonncia muito importante, porque,
frequentemente, éa maneira pela qual uma parte não formu-

52 4. Que relação existe entre a


psicopatologia e o
diagnóstico 4. Que relação existe entre a psicopatologia e o diagnóstico 53
5.
QUAIS SÃO AS
ESPECIFICIDADES
DA PSICOPATOLOGIA
FENOMENOLOGIC0
GESTALTICA?
cura, corrige, coloca em
jogo novas lormas e novas
aprendi-
entrar em contato.
zagens para
Um terceiro paradigma, presente desde a origem da
Gestalt-terapia, pode ser chamado de paradigma de campo
(Robine, 2004; 2008; Vázquez Bandín, 2014; Francesetti,|
2019b; Francesetti & Griffero, 2019; Roubal, 2019). Não é
exclusivo da Gestalt-terapia, por exemplo, teve um forte de-
senvolvimento na
psicanälise (Stern, 2013a; 2013b): porém,
ACONTECE EM UMA SESSÃO DE UMA na Gestalt-terapia, a teoria do campo é um construto teóri-
PODE-SE OBSERVAR O QUE
considerando a como um mente co central e foi amplamente desenvolvida para explorar os
perspectiva individualista,
monopessoal). Nessa pers- elementos situacionais da sessão, mas também as dimensões
atributo da pessoa (perspectiva
considerado um funcio- sociais e culturais da psicopatologia e da psicoterapia. Nessa
pectiva, o sofrimento é geralmente
deteituoso do paciente e a psicote- perspectiva, observamos o sofrimento como um fenômeno
namento mais ou menos
desse mal funcionamento através da emergente na situação terapêutica e a psicoterapia como um
rapia seria a correço processo que não é apenas cocriado pelo paciente e o psico
E a perspectiva característica do
atuação de um especialista.
terapeuta, mas também pela situação que -
no fundoe em
modelo medico. modo circular - cria ambos. Não existe um sofrimento abs-
Ou pode-se considerar que a mente seja um processO emer-
trato, maso único sotrimento que o psicoterapeuta encontra
entre duas ou mais fize- pessoas, como
gente da interação é aquele que surge na situação terapëutica, com todas as
po
ram, desde suas origens, a Gestalt-terapia
(Perls, Hefferline
tencialidades e limitações que isso engloba. Psicoterapeuta
&r Goodman, 1951) e a terapia sistèmica (Bateson, 1979); e paciente emergem da situação, o self deles emerge do id
sucessivamente, a psicanálise, a partir da psicanálise inter- eda personalidade da situação (Robine, 2004). Portanto, a
pessoal de Sullivan (1953); e, em seguida, a virada relacional mudança nåo surge da competência do terapeuta para agir
(Greenberg & Mitchell, 1983; The Boston Change Process sobre os processos do também não surge da cola-
paciente;
Study Group, 2010; Lingiardi, Amadei, Caviglia, & De Bei, boração ativa e cocriativa do paciente e do terapeuta; este,
2011). Podemos chamar essemodelo de "bipessoal", ouda na verdade, está "a serviço" das forças emergentese atuantes
cocriação, dependendo do quanto a laceta da cocriação mú- no campo, e a sua responsabilidade é apoiar essas forças, que
tua seja eníatizada. Neste caso, o sofrimento é visto como movem o paciente a produzir as transtormações para as quais

consequência do modo, mais ou menos disluncional, de inte- já está inclinado (Roubal & Francesetti, 2020).
Tagir dos sujeitos. Na psicoterapia, o psicoterapeuta está mais
Esse paradigma é baseado na lenomenologia, que nos ensi-
comprometido do que no modelo monopessoal. Ele entra em na que o sujeito e - mutuamente - o objeto, o mundo, emer
jogo, pois é da interação com o paciente que pode emergir
um novo modo distuncional de se encontrar (e, portanto, gem de um fundo indilerenciado pré-dualista,pático, atmos-
lérico, encarnado (Francesetti, 2019a; 2019b), algo que
de
lo risco de se traumatizar novamente) ou uma maneira
que Os precede e os move. E precisamente nesse "ser movido",

56 5. Quais são as
especificidades da psicopatologia fenomenológico-gestáltica 5. Quais são as especificidades da psicopatologia fenomenológico-gestáltica
57
encontrado: um sofrimenta
sotrimento é nao como um
nesse pathòs, que o
isto é, possui aqui c agora, dentro do paciente. A teo-(
evento
uma nova
torma - é
intencionado,
a sicanalítica dos enactments (Jacobs, 1986) se aproxima,
quetende a lendéncia direciona as
transforma.
lorma, dessa
intrnnsecas-eessa da Gestalh
de certa concepçào, porém, ela permanece mais
tensoes na psicologia
Também se baseia limitada aos ienomenos comportamentais e a uma espécie de
çoes em terapia. esta demonstrou que.
1995), em como
re do psicoterapeuta ao paciente, enquanto no conceito
(Metzger,1941; Ash, de um sujeito separado de
perceptivos, a hgura de atualização existe o esperado e bem-vindo "emergir"
processos a partir de uma ori
nos
elaboração através da experiencia de amboS quando houve sofrimento
o fruto de
uma
u m objeto é
se defhne com base
e contusa, que e agora há um chamado à transformação.
indiferenciada, vaga
gem estéticos. Baseia-se,
enhm, em uma
intrínsecos e
em critérios homem se taz pela si
o
existencialista, na qual
antropologia
encontra (Sartre,
1946), não há uma natu-
se
tuação em que
e a priori
boa ou má, predeterminada,
reza humana essencial,
os limites, as potencia-
com
no aqui e agora,
mas que emerge de vida. E, ent o, uma
momento
lidades e as escolhas
deste
situacional, encarnada, intencio-
psicopatologia de campo, Essa concepção de si
estética, experiencial, existencial.
nal, recentes pesquisas
na área neu-
as
está alinhada também
com

Gallese, 2006a, 2006b; Gallese,


rocientifica (Damasio, 2010;
2006), psi-
2007; Rizzolatti & Sinigaglia,
Eagle, &r Migone,
cossocial (Zimbardo, 2008),
psicopatológica (Zahavi, 2017).
uma ex-
Essa psicopatologia analisa, por
exemplo, como
no aqui e agora da situação;
ela
periência depressiva emerge
vivencia, no que o psi-
está interessada no que o paciente
entre eles e ao seu re-
no que emerge
coterapeuta vivencia,
sta os cria; ela está
criam e com0
dor; que atmostera eles
em como eles tendemn
interessada em quais temas circulam,
translormar. E uma exploração das paisa-
a se
a se repetir ou
a fim
e de como habitá-las e cultivá-las,
gens do sofrimento
e assim ser
de estar plenamente existentee presente nelas,
transformado por elas. Osofrimento não_podeser conheci-
da
do na abstração, emerge sensivelmente no aqui agora
e

atualizá-lo e
sessão, empurra terapeuta e o paciente para
colocá-lo em ação. Essa concepção da teoria de campo le fe-
nomenos psicopatológicos emergentes como atualizações no

fenomenológico-gestáltica 59
5. Quais são as especificidades da psicopatologia
58 5. Quais são as especificidades da psicopatologia femomenológico-gestáltica
6
0 QUE EO
SOFRIMENTO
PSICOPATOLÓGICO?
colocada no coração) sem que ela volte a estar presente (ou
sem ser um Jlashback). Esse processo é tào importante
seja,
estalt-terapia que loi escolhido como subtitulo do texto
na Gest.

fundador dessa abordagem: novidade, excitação, crescimento


Derls, Helferline c Goodman, 195). Para que esse proces
ca Ocorra(é necessario apoio suficiente,em todos os níveis:
a Dresença de ar que nos permite respirar e ter energia; a
rescnça de um estado de vigilia suficiente para encontrar a
presen

novidade; uma contança suhciente para se aproximar dela;


LATIM, SUFFERRE, QUE 114 Sensibilidade corporal
tal para compreender a novida-
PALAVRA QUE VEM D0
sOFRER ÉUMA soire é, portanto,
de; um fundo
suliciente para sustentá-la, assimilado por ex-
O paciente que
significalcvar sobre si. mas o que? ou presentes. Como evidenciou Laura

pessoa que
leva alguma
coisa ao terapeuta,
periencias passadas
começar com o
uma

que ele
leva, é
necessäri0
Posner Perls (1992), são necessárias funções de apoio ao
Para entender o
é um processo comple. processo de contato. Se estas não torem suficientes, a expe-
«ter uma experiência»:
que signifhica de uma conclusão. não pode ser atravessada. Quando esta não pode ser
a t r a v e s s a r até
a chegada riencia
xo de iniciar e
vem da raiz indo-europeia atravessadae, em seguida, concluída e assimilada, permanece
etimologicamente,
Experimentar
latim empeiria), que signifi- como algo aberto, espera
à de uma concluso (os famosos as-
o
per- (da qual grego
peira e o
além.
Especialista é aquele que
passou através, suntosinacabados da Gestalt-terapia). Particularmente, quan-
ca atravessar. foca-
A Gestal-terapia analisou
o processo da experiência, do não temos apoi0 suhciente para entrentar uma situação0,
contat0. Experimentar exige necessitamos de alguém que ofereça esse apoio; mas se esse
uma
lizando a sequência de
alguém não pode dá-lo, ou se for ele mesmo a causa para que
encontrado e uma nova re-
desestruturaçãodaquilo que é
o qual integra a novi- não possa ocorrer o enfrentamento da situação, não podemos
conhguração daquele que experiencia,
dade encontrada, deixando-se
transformar por ela. No final, experiência, nem mesmo assimilá-la. Permanece
atravessar a
parte do self), um quebra-cabeça de
é assimilada (isto é, tornou-se uma memória aberta, não concluída,
a experiência
torna-se parte da memória que pode
ser recuperada quando impressóessensoriais que não tëm torma nem tormulação,
ser desconstruída Podemos cha-
relevante e pertinente, ou porque deve e
nãosãonarráveis, integráveis ou acessíveis.
modihcada, posteriormente. pela "nova novidade" encontra- má-la dé protoexperiencia. Ela permanece separada da função
da, ou porque pode ser o apoio para conhecer uma nova ex- de personalidade do sel (ou seja, não é totalmente uma parte
periência. Quando assimilada, a experiência tem uma forma integrante de mim, os tragmentos permanecem não-integra-
clara e pode ser mentalizada e suficientemente verbalizada; dos) e permanece no fundo do corpo. A função é, como
uma

tensão aberta, inquieta e pouco clara. Para continuar seguin-


apesar de todas as limitações da linguagem, ela se conver-
te em "personalidade", isto é, uma memória verbalizável do do a vida sem ficar aprisionado nesse presente que não pode
selj. A experiência se torna passada: ou seja, é atravessada, sistema intervéme coloca esses tra-
se tornar passado, um
não está mais aqui e agora e pode ser recordada (ou seja, re- Não são recursOs acessí-
ços sensoriais de lado, dissocia-os.

62 6. 0 que é o sofrimento psicopatológico 6. 0 que é o sofrimento psicopatológico 63


Oontato, nmanitestanm-ce
nossa vida pnCCssO de
c. no qle Cmerge totna-a presente, portanto, a auséncia nåo está
vcis cm
A conscquência
11aessvcis.

scnsorialmente auscnte. A ausencia tem um


pontos
is movimento intrínseco, é
desses traçOs, cla não
como

a vida aproxima
a pcssoa
Ncsligaçao, é intencional: tende a tornar-se
que. quando Se desscnsibilizará presente com
prescntc, ponquc mOvimento departida. Necsse emprestar a carne para fa-
pode estar totalmente
m

desses traçOs fragmentados ou


c dar loma, a contribuição do
sentir o descontorto
or nascer terapeuta é unica
para não
quc se tornarAOprEscntes agora. per. sua presença, a sua carne, são unicas, singulares e, assim, o
cairá naqueclcs tracos situaçãO atual. Em ambos
Os casos,a modo de asSimilar a experiência também será unico.
dendo o presente da
protOCxperiËncia nào as
prescntc. Lma Essa perspectiva nos ajuda a distinguir claramente a dor
pessoa estarámenos
cxercida sobre o sclf como auscncia de existencial da psicopatologia: sentir dor nào é psicopatolo-
similável é. portanto.
menos viva, menos
contato, é um pontoem que a pessoa Csta oja, ao contrário, o nào poder sentir dor que é psicopatolo-
mcnos presenie. O sotrimento, ou oia, Podemos dizer que a
criativa. menos cxistentc. psicopatologia é a
consequência
o que nào toi
assimilado pelo self é.
Seja, a maneira de levar de experincias não atravessadas: é o modo de carregi-las
mesmo tempo, lealdade
Ausência e, ao sobre si deumamaneira menos incômoda. Muitas vezes, o
portanto, a auséncia. claro
deve hcar a par-
encontrado. Essa ausência. que não foi possivel atravessar era uma dor. A dor do luto,
ao que foi
algo.escondido que
tir dessa descrição, não é a ocultacão de por exemplo, é sinal de presença, a impossibilidade de sen-
da teoria no início
formulado.
ti-la é sinal de ausência. A perda, a morte são partes da vida e
como
já está bem formado e
(Stern, 1997). Trata-se de
da repressão do primeiro Freud levam ao sofrimento psicopatológico quando não existe um
torma. porque ela surge apenas assimilá-las.
algo que ainda não encontrou
apoio relacional e existencial para atravessá-las e
da assimilação que aqui, por det1nição,
não pôde acontecer. Certamente, às vezes uma.vida não é suficiente, mas isso faz

Ausência é, portanto, a presença de algo que ainda não tem Darte dos limites existenciais e, mais uma vez,não é psico-
se abstém de entrar
em contato porque está dis- patologia. Não são só as experiências dolorosas que podem
forma, que aBastá-lo do presente. não ser passiveis de uma travessia: a alegria, a raiva ou o pra-
chegar, poderá
sociada do contato e, se
E
E um passado que, não sendo passado. sepresentifica. zer, se näo lorem sustentadas em um relacionamento que
um os

impasse que o paciente padece (e


não escolhe)e que, poor reconheça, que os valide e que respeite limites, também não
sozinho. O que foi dissociado serão assimilados. Quando uma criança
vive em uma atmos-
definição, não pode resolver
apoio para airavessá-lo e para
evitar uma
fera de luto permanente, aprenderá a no se alegrar,
ou
seja,
porque faltava o

Ou pode acabar sentindo


desintegração do self, não pode obviamenteser percorrido seu corpo não passará pela alegria.

um outro empreste sua prôpria abusivas: esse prazer dificilmente será


por si só. E necessario que prazer em situaçðes
carne para deixar que o não constituido chegue à presença,é assimilado como tal, pois é misturado com outras vivências
não
preciso que alguém esteja presente disponível e para sentir o não formuladas em uma experiência na qual seus limites
sentir. O sofrimento
que nãoé sentido, porque não possivel
é são respeitados.
é, portanto, uma ausëncia que busca outra carne para poder
vir à luz e atravessar os vestigios da experiència nào vivida,

para assimilá-la. A presença do psicoterapeuta na auséncia

6. 0 que é o sofrimento psicopatológico 65


64 6. 0 que é o sofrimento psicopatológico

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