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1.089. “No totalitarismo, não há liberdade, nem críticas ao governo, mas não
faltam perseguições. Nos dias de hoje, devemos buscar diálogo, a compreensão
do mundo e da história e não repetir os erros do passado. E viver na diversidade,
aceitando o outro, em comunhão, como irmão” José de Sá.
A viagem é curta.
Ao ver que a idosa se mantinha em silêncio, a jovem lhe perguntou: por que a
senhora não se queixou quando eu lhe bati com os meus sacos?
A idosa respondeu com um sorriso: não é necessário ser mal educada ou discutir
sobre algo tão insignificante, já que a minha viagem ao seu lado é tão curta, pois
vou descer na próxima parada."
Essa resposta merece ser escrita em letras garrafais: Não é necessário discutir
sobre algo tão insignificante, pois a nossa viagem é muito curta."
Cada um deveria compreender que o nosso tempo neste mundo é muito curto,
que desgastes com brigas por coisas pequenas é perda de tempo e energia.
Alguém quebrou seu coração? Relaxe. A viagem é muito curta.
Algum vizinho fez um comentário no bate-papo que não foi do teu agrado?
Relaxe. Ignore. Aceita. A viagem é muito curta.
Qualquer que sejam os problemas que alguém nos traga, lembre-se que a nossa
viagem juntos é muito curta.
Ninguém sabe a duração dessa viagem. Ninguém sabe quando será a próxima
parada. A nossa viagem juntos é muito curta.
173. “[...] Este outro processo em atividade entre duas pessoas, com
características ausentes no caso da transferência, é denominado “tele”, o sentir
recíproco de um no outro. É ... mutualidade, em contraposição a ...
unilateralidade. Como um telefone tem dois terminais e facilita a comunicação
nos dois sentidos. Sabe-se que muitas relações terapêuticas entre médico e
paciente, após uma fase de grande entusiasmo de ambas as partes, esfriam e
morrem, muitas vezes, devido a razões emocionais. O motivo é, frequentemente,
uma desilusão mútua quando o encanto da transferência desaparece e a atração
tele não foi suficientemente forte para prometer benefícios terapêuticos
permanentes” (MORENO, 1983, p. 21). Transferência e Tele acontecem nas
relações terapêuticas e o terapeuta precisa saber lidar com esses conceitos na
sua prática psicoterápica. Moreno fala que a estabilidade de um relacionamento
terapêutico depende da força de coesão tele que atua entre estas duas pessoas.
Várias imperfeições vão sendo descobertas nas relações terapêuticas e nas
relações interpessoais, numa relação amorosa, por exemplo, a pessoa pode
descobrir no outro um impostor ou uma pessoa com várias imperfeições e
acontece e pode ocorrer de ambos os lados. Agora os fatores “tele” podem ser
fortalecidos pela força coesiva no sentido de proporcionar uma estabilidade no
relacionamento entre si.
1.087. “Nos serviços de compreensão, não peça para que seu vizinho suba até
você. Aprenda a descer até ele e ajude-o” Seleção de J. Ferreira.
172. “Observei que, quando o paciente está atraído pelo terapeuta, além da
transferência, está se passando uma outra forma de comportamento no paciente
[...]. O processo em questão é o desenvolvimento de fantasias (inconscientes)
que ele projeta no psiquiatra, cercando-o de um certo fascínio. Ao mesmo tempo,
acontece com ele um outro processo: aquela parte de seu ego que não está
engolfada pela auto-sugestão sente a si mesmo dentro do médico. Avalia o
homem que está por trás da mesa e intuitivamente faz uma estimativa de que
tipo de homem se trata. Estes sentimentos sobre a realidade daquele homem,
realidade física, mental ou outra, são as relações “tele”. Se o homem atrás da
mesa, por exemplo, for culto e gentil, de caráter forte e a autoridade em seu
campo profissional que o paciente o percebe ser, então esta apreciação de sua
pessoa não é transferência e, sim, um insight da verdadeira estruturação da
personalidade do psiquiatra. Podemos arriscar ainda mais. Se, ao longo de seu
primeiro encontro com o paciente, o psiquiatra tiver a sensação de sua
superioridade e de uma certa divindade, e se o paciente tiver a experiência
destas sensações através dos gestos que o médico fizer e de sua maneira de
falar, então o paciente será atraído não por um processo psicológico fictício mas
por um processo psicológico real que está se passando no interior do médico”
(MORENO, 1983, p. 20). Aqui, vê-se situações que requerem do profissional
uma constante supervisão para checar essas atrações e se conduzir de forma
profissional. É preciso desempenhar um papel profissional para não entrar no
jogo neurótico do paciente. A situação profissional vai dar um certo limite na
relação e não se permitir se envolver com a pessoa do paciente. Se permitir
reconhecer as instabilidades emocionais que ocorrem na relação e não se
precipitar. E se isso vem à tona com mais força.
“Seu encontro com a Psicanálise pode ser resumido, como o fez o próprio
Moreno, na época de encontro frustrado com Freud (sem dúvida um frustrado
encontro edipiano). Em 1912, como Freud lhe perguntasse , no final de um curso
na Clínica Psiquiátrica de Viena, o que fazia: “Começo onde você termina,
respondeu-lhe. Você coloca as pessoas em uma situação artificial em seu
consultório, eu os encontro na rua e em sua casa, em um meio natural. Você
lhes analisa os sonhos, eu tento lhes dar coragem para sonhar ainda. Ensino às
pessoas como se brinca de Deus” GENNIE e LEMOINE, 1978.
Moreno diz para o Freud que ele está começando onde Freud termina. E Moreno
toca na situação artificial que Freud coloca seus pacientes. Moreno já diz que ao
invés do consultório, seus pacientes são encontrados na rua, em sua casa, nas
praças públicas, etc. Freud analisa sonhos e Moreno tenta encorajar que sonhem
e, por fim, Mireno ensina a brincar de Deus.
Mário de Andrade
Contei meus anos e descobri que tenho menos tempo para viver a partir daqui,
do que o que eu vivi até agora.
Eu me sinto como aquela criança que ganhou um pacote de doces; O primeiro
comeu com prazer, mas quando percebeu que havia poucos, começou a
saboreá-los profundamente.
Já não tenho tempo para reuniões intermináveis em que são discutidos
estatutos, regras, procedimentos e regulamentos internos, sabendo que nada
será alcançado.
Não tenho mais tempo para apoiar pessoas absurdas que, apesar da idade
cronológica, não cresceram.
Meu tempo é muito curto para discutir títulos. Eu quero a essência, minha alma
está com pressa ... Sem muitos doces no pacote ...
Quero viver ao lado de pessoas humanas, muito humanas. Que sabem rir dos
seus erros. Que não ficam inchadas, com seus triunfos. Que não se consideram
eleitos antes do tempo. Que não ficam longe de suas responsabilidades. Que
defendem a dignidade humana. E querem andar do lado da verdade e da
honestidade.
O essencial é o que faz a vida valer a pena.
Quero cercar-me de pessoas que sabem tocar os corações das pessoas ...
Pessoas a quem os golpes da vida, ensinaram a crescer com toques suaves na
alma
Sim ... Estou com pressa ... Estou com pressa para viver com a intensidade que
só a maturidade pode dar.
Eu pretendo não desperdiçar nenhum dos doces que eu tenha ou ganhe... Tenho
certeza de que eles serão mais requintados do que os que comi até agora.
Meu objetivo é chegar ao fim satisfeito e em paz com meus entes queridos e com
a minha consciência.
Nós temos duas vidas e a segunda começa quando você percebe que você só
tem uma...
1.092. “Tudo é provisório, passageiro, ilusório, por mais difícil que seja aceitar”
Pe. Antônio Francisco Bohn.
30. “Foi no inverno de 1962 que assisti pela primeira vez, como paciente, a uma
sessão de psicoterapia psicodramática. Isso ocorreu na cidade de Buenos Aires
e a sessão era dirigida pelos doutores Rojas Bermúdez e Fiasqué.
Naquele tempo, eu estava à procura de um método didático que respondesse de
alguma forma a uma concepção fenomenológica da Educação e, de certa
maneira, as situações que presenciei, e das quais participei, deram-me a
impressão de que estava se aproximando a hora em que acharia as bases
daquela metodologia que procurava” ROMAÑA, 1985.
34. “A partir do momento em que, pela primeira vez, entro em contato com os
membros do meu grupo - com ou sem apresentação - reúno mais informações
que me ajudam a planejar. Adquiri o hábito de despender alguns minutos em um
diálogo informal com os componentes do grupo. Isto me permite estabelecer um
contato cordial e informal e também avaliar a atmosfera do grupo, quais os
membros que parecem tímidos, quais os que parecem estar interessados e
ansiosos para conhecer -me, quais os relacionamentos que existem dentro do
grupo” LEVETON, 1979.
Aqui, Moreno traz uma contribuição relevante que vai ajudar o terapeuta a se
organizar na sua relação com o cliente. Então ele coloca o termo TELE para
expressar a busca pelo encontro, na medida em que tanto o cliente quanto o
terapeuta buscam compreender a questão do encontro olho no olho em que há
uma reciprocidade nas relações interpessoais.
[06:49, 16/03/2020] Professor Parente: 178. “A vida real, com suas contingências
sociais, é apenas uma variante entre diversos modos possíveis de existência.
Mas esta dimensão criadora, que a representação dramática nos faz descobrir,
pode ser reintroduzida na vida, e o teatro terapêutico torna-se um teatro torna-
se um teatro permanente. “O verdadeiro símbolo do teatro terapêutico é o
domicílio particular”. Os nossos conflitos podem ser vividos na representação
dramática. Recriando nossos próprios papéis, no contexto de nossos conflitos
reais, deles nos libertamos. Deste modo, o “ponto de vista criador” (P.I., p. 28)
relativo à nossa própria vida, a tudo o que fizemos e a tudo o que fazemos, é
reencontrado” (WIDLÖCHER, 1970, p. 9 e 10). A dimensão criadora é que faz a
diferença. Ela pode ser reintroduzida na vida. Pela recriação simbólica se
recoloca em seu verdadeiro lugar. A questão está em reintroduzir a
representação dramática na vida do dia a dia da gente. Vamos recriando os
nossos papéis reais, encontraremos novamente a capacidade criadora.
Precisamos restaurar a unidade original.
[06:51, 16/03/2020] Professor Parente: 1.093. “A alegria é o sinal pelo qual a vida
marca seu triunfo” Alexis Carrel.
Inversão de papéis
Como o próprio nome indica o processo desta técnica é a troca de papéis.
Quando na dramatização o protagonista interage com o ego auxiliar e o director
enuncia a palavra troca o protagonista toma o papel do seu interlocutor. “Antes
de tudo é preciso salientar que a inversão ou a troca de papéis só ocorre quando
as pessoas envolvidas estão de facto presentes. Quando o protagonista «troca»
de papel, desempenhando o papel de alguém a quem está se referindo, real ou
imaginário, o que se está usando é uma variação da técnica de apresentação de
papéis, em que ele toma o papel do outro, expressando o modo pelo qual o
vê.” (Monteiro, 1998, p. 21)
[08:04, 23/03/2020] Professor Parente: 1.096. “...Que lindo sentir que a vida está
a nosso favor e que um novo dia alvorece, nos trazendo mensagens de sucesso,
de fé e de entusiasmo...” Lauro Trevisan.
[08:07, 23/03/2020] Professor Parente: 181. Inversão de Papéis - “Essa
provavelmente é uma das técnicas clássicas mais utilizadas na clínica. Propicia
além da vivência do papel do outro, o emergir de dados sobre o próprio papel
que, sem este distanciamento, não seria possível. Para Cukier (1992), no
psicodrama bipessoal, a evolução da tomada de papel à possibilidade de
realmente experimentar ser o outro, se dá através do aquecimento. A técnica da
entrevista feita pelo terapeuta, durante a fase da tomada de papel do outro e, o
fato de o terapeuta emprestar sua voz à almofada, que representa o próprio
sujeito vão criando este aquecimento e propiciando um "como se" mais
substancial, onde aquela relação parece estar ocorrendo no aqui e agora. As
informações colhidas nessa técnica se prestam a várias funções: saber melhor
como o paciente se sente visto pelo papel complementar; enxergar uma nova
verdade através da tomada do ponto de vista do outro; responder para si mesmo
as perguntas que tem por fazer ao papel complementar. Porém, a utilização
desta técnica fica prejudicada quando o paciente não tem condições de
discriminar seu mundo interno do outro ou quando perdem esta capacidade
devido à intensidade da emoção evocada. No psicodrama em grupo esta técnica
também é largamente utilizada, sendo monitorado o seu uso com a participação
de egos auxiliares, que ocupam ou encarnam os papéis dos personagens
internos do paciente, de figuras do seu mundo interno ou relacional, de seus
sentimentos, etc.” (RAMALHO, 2010, P. 29). Na inversão de papéis, o ego
auxiliar tem essa oportunidade de aprender o papel que ele vai desempenhar
com o protagonista. Este vai sacar muitas compreensões do outro que está
invertendo os papéis. Há uma representação do papel do outro e cada um vai
percebendo essa dinâmica. E ao viver o papel e o do outro aumenta a
compreensão acerca da outra pessoa. E assim o indivíduo vai compreendendo
não apenas as ações da outra pessoa, como também as suas e, assim, vai
resolvendo muitas pendências pois clareia os mal entendidos, as injustiças, vai
quebrando as barreiras do afastamento e surge momentos de aproximação.
Assim, uma vez rompendo certos preconceitos e a comunicação vai fluir
naturalmente. O indivíduo vai se libertando das amarras, das coisas reprimidas
no inconsciente e que se alojaram ao longo da vida do indivíduo. Ele vai
incorporando melhor o seu papel na medida em que toma o papel do doutro
nessa relação e, conforme Moreno, cada um vê o outro com os seus próprios
olhos e com os olhos do outro.
A criança vive o seu nascimento com o seu corpo disperso, vive numa identidade
total com o mundo não se distinguindo da mãe e dos objetos ao seu redor. Existe
muito enquanto uma função fisiológica, enquanto papel psicossomático, no dizer
de Moreno. O ato de mamar é o contato com o mundo. Não há uma unidade , é
um corpo parcial. Recebe o reconhecimento das pessoas que a cercam e isso
vai lhe ajudando a desenvolver e conquistar uma identidade própria.
Inicialmente, a criança vive seu universo como uma Matriz de Identidade
indiferenciada. A criança ainda não se reconhece como filho de uma mãe e um
pai determinados.
[07:44, 31/03/2020] Professor Parente: 185. Técnica do duplo: “Esta técnica tem
por objetivo entrar em contato com a emoção não verbalizada do paciente a fim
de ajudá-lo a expressá-la. Quanto mais o terapeuta estiver identificado com o
paciente, melhor duplo será capaz de fazer. O perigo desta técnica é de não se
integrar no papel e confrontar o paciente com sentimentos e emoções que não
são dele necessariamente, ou de integrado no papel não dar tempo para o
paciente sentir a emoção (CUKIER, 1992, apud RAMALHO, 2010, p. 28). O ego
auxiliar fará o duplo ficando de pé atrás do protagonista para representar outros
lados do protagonista para que ele possa tomar consciência da existência de
outros aspectos do seu conflito. Vai exigir que o ego auxiliar conheça bem a
realidade e tenha com o protagonista uma maior sintonia. Agora, na hora em que
o ego auxiliar está colocando outros aspectos do dilema do protagonista, é
preciso ter o cuidado para não cometer exageros e, assim, como diz a autora
confronta o paciente com sentimentos e emoções que não são deles. É bom
atentar para essas questões que, ao invés de ajudar, vão prejudicar o andamento
das reflexões do protagonista. As evidências das contradições precisam ser
explicitadas e bem.
[07:49, 31/03/2020] Professor Parente: 1.101. “A verdadeira falta é cometer erros
e deles nunca se corrigir” Francisco Barbosa Ciríaco.
[07:49, 31/03/2020] Professor Parente: 1.101. “A verdadeira falta é cometer erros
e deles nunca se corrigir” Francisco Barbosa Ciríaco.
Do livro*
O Amor nos Tempos do Cólera
Gabriel Garcia Marques.
1.104. “Você pode resistir até que, em algum momento, verá que o único
caminho é tornar-se amigo do outro, por mais difícil que isso possa ser. É fácil
amar algumas pessoas, outras é quase impossível. É fácil amar aquela pessoa
por quem você está apaixonado, mas o convite é para amar o seu ex-marido,
aquele que te traiu; amar o seu pai que te maltratou ou aquela pessoa
irresistivelmente desagradável; amar a quem não te ama e quer te matar... Esse
é o seu maior desafio: amar a todos sem distinção” Sri Prem Baba. Jornal “O
Povo”/Vida & Arte, 02.11.17, p. 5.
187. Técnica da Inversão dos Papéis - “Essa provavelmente é uma das técnicas
clássicas mais utilizadas na clínica. Propicia além da vivência do papel do outro,
o emergir de dados sobre o próprio papel que, sem este distanciamento, não
seria possível. Para Cukier (1992), no psicodrama bipessoal, a evolução da
tomada de papel à possibilidade de realmente experimentar ser o outro, se dá
através do aquecimento. A técnica da entrevista feita pelo terapeuta, durante a
fase da tomada de papel do outro e, o fato de o terapeuta emprestar sua voz à
almofada, que representa o próprio sujeito vão criando este aquecimento e
propiciando um "como se" mais substancial, onde aquela relação parece estar
ocorrendo no aqui e agora. As informações colhidas nessa técnica se prestam a
várias funções: saber melhor como o paciente se sente visto pelo papel
complementar; enxergar uma nova verdade através da tomada do ponto de vista
do outro; responder para si mesmo as perguntas que tem por fazer ao papel
complementar. Porém, a utilização desta técnica fica prejudicada quando o
paciente não tem condições de discriminar seu mundo interno do outro ou
quando perdem esta capacidade devido à intensidade da emoção evocada. No
psicodrama em grupo esta técnica também é largamente utilizada, sendo
monitorado o seu uso com a participação de egos auxiliares, que ocupam ou
encarnam os papéis dos personagens internos do paciente, de figuras do seu
mundo interno ou relacional, de seus sentimentos, etc.” (RAMALHO, 2010, p.
29). Aqui a técnica da inversão de papéis ajuda a desenvolver a empatia, o
colocar-se no lugar do outro. As pessoas vivem tanto o seu papel como o do
outro, segundo Moreno e isso permite que haja uma maior compreensão do
outro. É um exercício da percepção de si e do outro que vai se desenvolvendo.
Moreno dizia que essa técnica ajuda a libertar coisas reprimidas no inconsciente
ao longo dos tempos. Aumenta a independência nas crianças e isso facilita as
relações interpessoais.
[07:58, 08/04/2020] Professor Parente: 1.106. “A alegria faz amar a vida e amor
à vida representa metade da saúde. A tristeza, o ódio, o desprezo aceleram a
velhice” Iva Leivas Piúma.
[08:01, 08/04/2020] Professor Parente: 189. ETAPA DO COMPARTILHAMENTO
- “Moreno chama essa terceira e última etapa da sessão de participação
terapêutica do grupo, pois nela todos os participantes são solicitados a
compartilhar com o protagonista os sentimentos, as emoções e os pensamentos
eliciados pelo trabalho dramático. Esta etapa é fundamental para as elaborações
verbais dos conteúdos manifestos. No psicodrama bipessoal processual, Cukier
(1992) adverte que esse compartilhar de experiências e emoções deve ser
entendido com certa cautela. Em primeiro lugar, a relação terapêutica é, de fato,
assimétrica em muitos aspectos. Em segundo lugar, não é possível imaginar o
cotidiano de um terapeuta que compartilhe experiências em todas as sessões
dramatizadas com todos os pacientes. A autora ainda adverte que o terapeuta
tem que sempre avaliar se o seu Compartilhar está a serviço dele mesmo ou de
seu paciente e que esta avaliação não é fácil, posto que exige certa humildade
de perceber as próprias necessidades e a capacidade de direcionar a obtenção
de satisfação narcísica em outras fontes que não no paciente” (RAMALHO, 2010,
p. 34). Trata-se de uma oportunidade de clarear ainda mais os sentimentos que
ainda não estão claros. É um momento em que há uma troca de feedbacks tão
necessários para a obtenção de uma maior compreensão de si e do outro. Há
uma participação de todos no processo. Tudo vai ser compartilhado,
sentimentos, emoções, pensamentos, etc. E esse momento também deve ser
visto com muito cuidado e o terapeuta precisa estar consciente da sua
capacidade de discernir bem as suas próprias necessidades e as do outro.
O fim de uma era. A cidade mais privilegiada de Itália está na fila para o pão. A
partir de Milão, onde vive e está isolado, o escritor italiano Antonio Scurati
escreve o que vê da janela da sua casa.
Como posso convencer a minha mulher de que, enquanto olho pela janela, estou
a trabalhar? — perguntava-se Joseph Conrad no início do século passado.
Eu, em vez disso, pergunto-me: como posso explicar à minha filha que, quando
olho pela janela, vejo o fim de uma era?
A era em que ela nasceu, mas que não conhecerá, a era do mais longo e
distraído período de paz e prosperidade desfrutado na história da Humanidade.
Vivo em Milão, até ontem a mais evoluída, rica e brilhante cidade de Itália, uma
das mais desejadas do mundo. A cidade da moda, do design, da Expo.
A cidade do aperitivo, que deu ao mundo o Negroni Sbagliato e a happy hour e
que hoje é a capital mundial do Covid-19, a capital da região que, sozinha, soma
trinta mil contágios confirmados e três mil mortos.
Uma taxa de mortalidade de 10 por cento, os caixões empilhados à frente dos
pavilhões dos hospitais, uma pestilência vaporosa que paira sobre as torres da
sua catedral como sobre as cidades amaldiçoadas das antigas tragédias gregas.
As sirenes das ambulâncias tornaram-se a banda sonora dos nossos dias; as
nossas noites são atormentadas por homens adultos que choramingam no sono:
“O que é, sentes-te bem?”.
“Nada, não é nada, volta a dormir”.
Milhares de amigos, parentes e conhecidos tossem até cuspir sangue, sozinhos,
fora de todas as estatísticas e sem qualquer assistência, nas camas dos seus
estúdios decorados por arquitetos de renome.
Se, neste momento, olhar pela janela, vejo uma pobre loja de conveniência
gerida com admirável diligência por imigrantes cingaleses.
Até ontem, era uma singular anomalia neste bairro semicentral e, ao seu modo
elegante, uma nota dissonante.
Hoje é um lugar de peregrinação. Na fila para o pão em frente às suas vitrinas
despidas, vejo homens e mulheres que até ontem o desdenhavam por não ter a
sua marca preferida de farinha.
Ficam, apoiados pela disciplina do desânimo, a um metro de distância uns dos
outros, ao mesmo tempo ameaçadores e ameaçados, com máscaras
improvisadas, feitas de pedaços de tecido com os quais, até ontem, protegiam
as plantas exóticas do seu roof garden, gazes desfiadas penduradas nos seus
rostos com a melancolia mole dos restos de uma era acabada.
Vejo estes homens e estas mulheres tristes, incongruentes consigo mesmos.
Olho-os. Não tenho nenhuma intenção de os diminuir ou de troçar deles.
São homens e mulheres adultos, contudo por cima das máscaras mostram o
olhar assustado das crianças carentes.
Chegaram totalmente despreparados ao seu encontro com a história e, no
entanto, precisamente por este motivo, são homens e mulheres corajosos.
Fizeram parte do pedaço mais abastado, protegido, longevo, bem vestido,
nutrido e cuidado da Humanidade a pisar a face da Terra e, agora, na casa dos
cinquenta, estão na fila do pão.
A sua aprendizagem na vida foi uma longa aprendizagem da irrealidade
televisiva.
Tinham vinte anos quando assistiram, a partir das suas salas de estar, à primeira
guerra da história humana ao vivo na televisão, trinta quando foram alvejados
através dos televisores pelo terror midiático, quarenta quando a odisseia dos
condenados da terra aterrou nas praias das suas férias.
Todos encontros fatídicos que não poderiam perder. As grandes cenas da sua
existência foram consumidas em eventos midiáticos, foram guerreiros de sala,
banhistas nas praias dos migrantes, veteranos traumatizados pelas noites
passadas em frente à televisão. E agora estão na fila do pão.
A sua infância foi uma mangá japonesa, a sua juventude uma festa de piscina —
lembram-se? Era sábado à noite e íamos a uma festa; era sempre sábado à
noite e íamos sempre a uma festa —, a sua idade adulta é um tributo a uma
trindade insossa e feroz: o frenesi do trabalho, os verões na praia, o sublime do
spa.
Viveram bem, melhor do que qualquer outra pessoa, mas quanto mais viviam,
mais inexperientes eram na vida: nunca conheceram o terror da guerra, nunca
foram tocados pelo sentimento trágico da existência, nunca viveram uma
questão sobre o seu lugar no universo.
E agora, aos cinquenta anos, com os cabelos já brancos, o abdómen prolapso e
a ânsia que lhes incomoda os pulmões, estão na fila do pão.
Turistas compulsivos, correram o mundo sem nunca sair de casa e agora a sua
casa marca para eles os limites do mundo; sofreram quase só dramas interiores
e agora o drama da história catapulta-os para a linha de fogo de uma pandemia
global; têm uma casa na praia e um carro de última geração, mas agora estão
na fila do pão; tiveram mais cães do que filhos e agora arriscam as suas vidas
para levar o seu caniche a mijar.
Olho-os da janela do meu estúdio enquanto escrevo.
Observo-os enquanto o número de mortes sobe para quatro mil, enquanto o
contágio cresce exponencialmente, enquanto sustenho a respiração para não
inalar o ar do tempo.
Olho-os e compadeço-me deles porque foram a geração mais sortuda da história
humana, mas, depois, tocou-lhes viver o fim do seu mundo justamente quando
começaram a ficar demasiado velhos para esperar um mundo vindouro.
Porém, terão de o fazer. E o farão, estou seguro. Vão ter de imaginar o mundo
que têm sido obrigados a experimentar nestes dias: um mundo que se questiona
sobre como educar os próprios filhos, sobre como preservar um ar respirável,
sobre como cuidar de si e dos outros.
Uma era acabou, outra começará.
Amanhã.
Hoje estamos na fila para o pão. Hoje os jornais titulam: "resiste, Milão!" E Milão
resiste.
Lanço um último olhar pela janela sobre os meus contemporâneos dos cinquenta
anos, os meus concidadãos milaneses, os meus rapazes repentinamente
envelhecidos: como são grandes e patéticos com os seus ténis de corrida e as
suas máscaras cirúrgicas.
Tenho piedade, compreendo-os, compadeço-me deles. Dentro de alguns
segundos estarei na fila junto deles.