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REPÚBLICA DE ANGOLA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
INSTITUTO POLITÉCNICO DO ISPOZANGO

TRABALHO DE INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

AS ORIGENS DA EMPATIA

Grupo nº: 04
Ano: 3º
Turno: Noite
Curso: Psicologia

DOCENTE
______________________
Dr. Rufino M. Z. Ngunza

2022
Integrantes do grupo

1. Rita Quilombo
2. Noémia Abreu
3. Isabel Miguel
4. Branca Adão
5. Janete Marlene C. Magalhães
6. Palmira Coelho
7. Filomena Agostinho.
ÍNDICE

Introdução ..................................................................................................................... 1
Empatia ......................................................................................................................... 2
Pessoa Empática ........................................................................................................... 2
Empatia Na Psicologia .................................................................................................. 2
Origem .......................................................................................................................... 3
Como Se Desenvolve A Empatia ................................................................................. 5
Conceitos Científicos Em Evolução ............................................................................. 7
Bases Fisiológicas Da Empatia ..................................................................................... 8
Quanto Custa A Falta De Sintonia................................................................................ 9
Conclusão ................................................................................................................... 11
Referências Bibliográficas .......................................................................................... 12
INTRODUÇÃO

Apesar do termo estar na moda, entender a empatia não é algo simples. Segundo
o dicionário Aurélio, é “a capacidade psicológica para se identificar com o eu do outro,
conseguindo sentir o mesmo que este nas situações e circunstâncias por esse outro
vivenciadas”. Traduzindo: é o ato de se colocar no lugar de alguém. Por isso, ter empatia
não significa ajudar um velhinho a atravessar a rua, não estacionar na vaga de deficiente
ou ajudar o seu vizinho a encontrar o cachorro perdido. Na verdade, a empatia envolve
um processo de compreensão emocional do outro, de percepção das suas reais
necessidades, de como ele se sente diante de alguma situação. Até agora, os cientistas
acreditavam que a origem desse sentimento tão complexo estava ligada a uma busca por
cooperação. Ou seja, o homem evoluiu em suas relações sociais, desenvolvendo uma
maior compreensão sobre o outro, porque ele precisava da ajuda desse outro. Estes e
muitos outros aspectos abordaremos durante o desenvolvimento deste trabalho.

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EMPATIA

Empatia é a capacidade psicológica de sentir o que sentiria outra pessoa, caso


estivesse na mesma situação vivenciada por ela. É tentar compreender sentimentos e
emoções, procurando experimentar o que sente outro indivíduo. A empatia leva as
pessoas a ajudarem umas às outras. Está intimamente ligada ao altruísmo - amor e
interesse pelo próximo - e à capacidade de ajudar. A empatia também ajuda a
compreender melhor o comportamento alheio em determinadas circunstâncias e a forma
como outra pessoa toma as decisões.

Um exemplo de empatia seria o caso de racismo, por exemplo. Ao ver ou saber


que uma pessoa sofreu racismo, você pode ter empatia por ela, tentando entender o que
ela sentiu ao sofrer com o episódio. Mesmo que o caso de racismo não seja diretamente
com você, o sentimento de se colocar no lugar do outro e acolher a dor sofrida por ele são
manifestações de empatia. Sendo assim, o antônimo da empatia seria a indiferença ao que
o outro sofre.

Com origem no termo em grego empatheia, que significava "paixão", a empatia


pressupõe uma comunicação afetiva com outra pessoa e é um dos fundamentos da
identificação e compreensão psicológica de outros indivíduos.

PESSOA EMPÁTICA

Ser empático é se identificar com outra pessoa ou com a situação vivida por ela.
É saber ouvir os outros e se esforçar para compreender os seus problemas, suas
dificuldades e as suas emoções. Quando alguém diz “houve uma empatia imediata entre
nós”, isso significa que houve um grande envolvimento, uma identificação instantânea.
O contato com a outra pessoa gerou prazer, alegria, satisfação e compatibilidade. Nesse
contexto, a empatia pode ser considerada o oposto de antipatia.

EMPATIA NA PSICOLOGIA

Para a psicologia, a empatia é a capacidade que uma pessoa tem de compreender


e sentir o que uma pessoa está passando ou passou. Para a psicologia, segundo os
psicólogos norte-americanos Paul Ekman e Daniel Goleman, há três tipos de empatia:

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• Empatia emocional: conseguimos sentir e compartilhar do que o outro
sente, colocando-nos no lugar do outro.
• Empatia cognitiva: é caracterizada por se comunicar melhor e entender o
pensamento do outro e a razão desses pensamentos e até sentimentos.
• Empatia compassiva: é o tipo de empatia que ultrapassa o sentir ou
acolher o pensamento do outro, ela faz com que a pessoa empática ajude
o outro efetivamente.

ORIGEM

Na literatura psicológica a palavra inglesa Empathy foi usada em 1909 pelo


psicólogo inglês Edward Tichener apropriada do termo alemão Einfühlung cujo uso na
estética apareceu em 1903 com psicólogo alemão Theodor Lipps. Na fenomenologia a
filósofa e psicóloga alemã Edith Stein em 1916 dissertou em sua tese de doutorado sobre
a Empatia, diferenciando-a do termo Simpatia. O primeiro psicólogo a gravar sessões de
psicoterapia para estudo foi Carl Rogers, como assinala Richard Isadore Evans na sua
série de entrevistas com os principais autores da psicologia contemporânea e também
Irvin D. Yalom – o autor de “Quando Nietzsche Chorou” – ao apresentar a obra desse
autor na introdução de “A Way of Being”. Entre os resultados das pesquisas científicas
sobre empatia (apresentada num capítulo de “A Way of Being”) verificou-se que as
observações de juízes neutros, que assistiram às sessões gravadas, coincidem em maior
grau com os pacientes que com os próprios terapeutas, sobre o nível de empatia alcançado
em cada situação. Em outras palavras, as pesquisas comprovaram que os pacientes tem
melhor percepção sobre o quanto (e quando) são compreendidos, do que os seus
terapeutas.

O desenvolvimento deste conceito nas ciências psíquicas começou por Karl


Jaspers, em sua obra Psicopatologia Geral (em 1913). Nesta obra, propõe que o psiquiatra,
ao invés de interpretar, deve “apresentar de maneira viva, analisar em suas inter-relações,
delimitar, distinguir do modo mais preciso possível e designar com termos fixos os
estados psíquicos que os pacientes realmente vivenciam”. Michel Foucault registra que
“deve-se a Jaspers o mérito de ter mostrado que a compreensão pode estender-se muito
além das fronteiras do normal e que a compreensão intersubjetiva pode atingir o mundo
patológico na sua essência”.

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A empatia é alimentada pelo autoconhecimento; quanto mais consciente
estivermos acerca de nossas próprias emoções, mais facilmente poderemos entender o
sentimento alheio. Alexitímicos como Gary, que não têm idéia do que eles próprios
sentem, ficam completamente perdidos quando se trata de saber o que as pessoas à sua
volta estão sentindo. Não têm ouvido emocional. As notas e os acordes emocionais que
são entoados nas palavras e ações das pessoas — um tom revelador ou mudança de
postura, o silêncio eloqüente ou o tremor que trai — passam despercebidos.

Confusos acerca de seus próprios sentimentos, os alexitímicos ficam igualmente


perplexos quando outras pessoas falam do que estão sentindo. Essa incapacidade de
registrar os sentimentos de outrem significa que existe um grande déficit de inteligência
emocional e uma trágica falha no entendimento do que significa ser humano. Pois todo
relacionamento, que é a raiz do envolvimento, vem de uma sintonia emocional, da
capacidade de empatia.

Essa capacidade — de saber como o outro se sente — entra em jogo em vários


aspectos da vida, quer nas práticas comerciais, na administração, no namoro e na
paternidade, no sermos piedosos e na ação política. A falta de empatia é também
reveladora. Nota-se em criminosos psicopatas, estupradores e molestadores de crianças.
As emoções das pessoas raramente são postas em palavras; com muito mais freqüência,
são expressas sob outras formas. A chave para que possamos entender os sentimentos dos
outros está em nossa capacidade de interpretar canais não-verbais: o tom da voz, gestos,
expressão facial e outros sinais. Talvez a mais ampla pesquisa acerca da capacidade que
têm as pessoas de detectar mensagens não-verbais seja a de Robert Rosenthal, psicólogo
de Harvard, e seus alunos. Ele idealizou um teste de aferição de empatia, o PONS —
Profile of Nonverbal Sensitivity, que consiste na exibição de uma série de videoteipes em
que uma jovem manifesta sentimentos que vão da antipatia ao amor materno.2 As cenas
percorrem todo um espectro de emoções, desde um acesso de ciúmes até um pedido de
perdão, de uma demonstração de gratidão a uma sedução. O vídeo foi editado de forma
que, em cada um desses estados, fossem sistematicamente apagados um ou mais canais
de comunicação não-verbal; além do som, por exemplo, em algumas cenas todos os outros
sinais são bloqueados, sendo mantida apenas a expressão facial. Em outras, somente são
exibidos os movimentos do corpo, e assim por diante, passando pelos principais canais
não-verbais de comunicação, para que os espectadores possam detectar a emoção a partir
de uma ou outra indicação não-verbal.

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Em testes feitos com mais de 7 mil pessoas nos Estados Unidos e em outros 18
países, as vantagens de poder interpretar sentimentos a partir de indicações não-verbais
incluíam um melhor ajustamento emocional, maior popularidade, mais abertura e —
talvez o que seja mais surpreendente — maior sensibilidade. Em geral, as mulheres são
melhores que os homens nesse tipo de empatia. E as pessoas cujo desempenho melhorou
no decorrer do teste, que durou 45 minutos — um indicador de que aquelas pessoas têm
talento para adquirir aptidões de empatia —, também se relacionavam melhor com o sexo
oposto. A empatia, não é nenhuma surpresa, ajuda na vida romântica.

Conforme constatações sobre outros elementos de inteligência emocional, havia


apenas uma relação incidental entre as contagens nessa medição de acuidade e os
resultados do SAT, QI ou dos testes de desempenho escolares. A independência da
empatia em relação à inteligência acadêmica também foi constatada em testagens com
uma versão do PONS destinada a crianças. Em testes feitos em 1.011 crianças, aquelas
que mostraram aptidão para interpretar sentimentos não-verbalizados eram consideradas
as mais queridas na escola, eram as mais emocionalmente estáveis.3 Além disso, tinham
melhor desempenho acadêmico embora, na média, não tivessem QI superior ao de outras
crianças menos capacitadas para interpretar mensagens não-verbais — o que sugere que
o domínio dessa capacidade empática abre o caminho para a eficiência na sala de aula (ou
simplesmente faz com que os professores gostem mais delas).

Assim como a forma de expressão da mente racional é a palavra, a das emoções é


não-verbal. Na verdade, quando as palavras de alguém entram em desacordo com o que
é transmitido por seu tom de voz, gestos ou outros canais não-verbais, a verdade
emocional está mais no como ele diz alguma coisa do que no que ele diz. Uma regra
elementar usada na pesquisa de comunicações é que 90% ou mais de uma mensagem
emocional são não-verbais. E essas mensagens — ansiedade no tom de voz de alguém,
irritação na rapidez de um gesto — são quase sempre aceitas inconscientemente, sem que
se dê uma atenção especial ao conteúdo da mensagem, mas apenas recebendo-a e
respondendo-a tacitamente. As aptidões que nos permitem fazer isso bem ou mal são
também, na maioria das vezes, inferidas.

COMO SE DESENVOLVE A EMPATIA

Assim que Hope, de apenas nove meses, viu outro bebê levar um tombo, ficou com
os olhos cheios d’água e engatinhou até sua mãe, procurando consolo, embora

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não fosse ela que tivesse levado o tombo. E Michael, com um ano e três meses,
foi buscar seu ursinho de pelúcia para entregá-lo ao amigo Paul, que chorava;
como Paul continuasse chorando, Michael se agarrou no cobertorzinho “de
segurança” do amigo.

Esses pequenos atos de simpatia e solidariedade foram observados por mães


treinadas para registrar tais incidentes de demonstração de empatia. Os resultados do
estudo sugerem que as origens da empatia podem ser identificadas já na infância.
Praticamente desde o dia em que nascem, os bebês ficam perturbados quando ouvem
outro bebê chorando — uma reação que alguns encaram como o primeiro indicador da
empatia que se desenvolverá até a idade adulta.

Psicólogos do desenvolvimento infantil descobriram que os bebês são solidários


diante da angústia de outrem, mesmo antes de adquirirem a percepção de sua
individualidade. Mesmo poucos meses após o nascimento, os bebês reagem a uma
perturbação sentida por aqueles que estão em torno deles, como se esse incômodo
estivesse acontecendo neles próprios, chorando ao verem que outra criança está chorando.
Em torno de um ano, começam a compreender que o sofrimento não é deles, mas de outro,
embora ainda pareçam confusos sobre o que fazer. Numa pesquisa feita por Martin L.
Hoffmann, da Universidade de Nova York, por exemplo, uma criança de um ano trouxe
a própria mãe para consolar um amigo que chorava, ignorando que a mãe do amigo
também estava no recinto. Essa confusão se vê também quando crianças de um ano
imitam a angústia de outras, possivelmente para melhor compreender o que elas estão
sentindo; por exemplo, se outro bebê machuca os dedos, um bebê de um ano põe os seus
dedos na boca, para ver se também doem. Ao ver a mãe chorar, um bebê enxugou os
próprios olhos, embora não tivessem lágrimas.

Essa mímica motora, como é denominada, é o significado técnico original da


palavra empatia, como pela primeira vez foi usada, na década de 1920, por E. B.
Titchener, psicólogo americano. Esse sentido é um pouco diferente de sua introdução
original em inglês, do grego empátheia, “entrar no sentimento”, termo inicialmente usado
por teóricos da estética para designar a capacidade de perceber a experiência subjetiva de
outra pessoa. A tese de Titchener era de que a empatia vinha de uma espécie de imitação
física da angústia de outra pessoa, que então evoca os mesmos sentimentos em nós. Ele

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procurou uma palavra distinta de simpatia, algo que sentimos pelo que o outro está
vivenciando, sem, contudo, sentir o que esse outro está sentindo.

A mímica motora desaparece do repertório dos bebês por volta dos dois anos e
meio, quando eles percebem que o sofrimento de outra pessoa é diferente do deles, e então
podem melhor consolá-los. Um incidente típico, extraído do diário de uma mãe:

O bebê de um vizinho chora... e Jenny se aproxima e tenta dar-lhe biscoito. Segue-


o por toda parte e começa a choramingar. Então, tenta alisar os cabelos dele,
mas ele se afasta... Ele se acalma, mas Jenny continua preocupada. Continua a
trazer-lhe brinquedos e a dar-lhe tapinhas na cabeça e nos ombros.

Nessa altura de seu desenvolvimento, os bebês começam a se diferenciar na


sensibilidade geral às perturbações emocionais de outras pessoas, com alguns, como
Jenny, sendo agudamente conscientes e outros desligando-se. Uma série de estudos feitos
por Marian Radke-Yarrow e Carolyn Zahn-Waxler, do Instituto Nacional de Saúde
Mental, mostrou que grande parte dessa diferença em interesse empático tinha a ver com
a maneira como os pais educavam seus filhos. Elas constataram que as crianças eram mais
empáticas quando a educação incluía chamar fortemente a atenção para a aflição que o
mau comportamento delas causava nos outros: “Veja como você a deixou triste” em vez
de “Isso foi malfeito”. Também descobriram que a empatia das crianças é igualmente
moldada por verem como os outros reagem quando alguém mais está aflito; imitando o
que vêem, as crianças desenvolvem um repertório de reação empática, sobretudo na ajuda
a outras pessoas angustiadas.

CONCEITOS CIENTÍFICOS EM EVOLUÇÃO

A empatia é uma condição básica para que as pesquisas científicas reconheçam a


condição de sujeito das pessoas alvo de cada pesquisa, ao invés da relação sujeito-objeto
das pesquisas tradicionais, de inspiração positivista. Transdisciplinaridade e
transculturalidade, tanto quanto a empatia – e por motivos análogos – são conceitos
científicos em evolução, cujas construções também se constituem em desafios práticos a
serem enfrentados para o desenvolvimento das ciências humanas. Às pessoas em geral, a
quem deve se destinar os benefícios das descobertas científicas, interessa o conhecimento
em si e não a profissão específica do autor da descoberta, que pode ser até um leigo –
como já ocorreu em histórias verídicas retratadas em filmes, como “O Óleo de Lorenzo

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(Lorenzo's Oil)” e “Meu Filho, Meu Mundo”. A dificuldade em aceitar contribuições
científicas de leigos reflete mais uma questão da “política das profissões de ajuda”, a
mesma que dificulta a construção conjunta de conhecimentos entre profissionais de
diferentes disciplinas (Transdisciplinaridade) e culturas (Transculturalidade).

BASES FISIOLÓGICAS DA EMPATIA

Mac Lean sugere que o sistema límbico, uma das partes mais antigas do nosso
cérebro, e suas conexões com o córtex pré-frontal estariam envolvidas na empatia. Eles
proporcionariam aos homens a capacidade de se colocar no lugar dos outros. Dessa forma,
uma empatia primitiva estaria presente desde cedo na evolução humana, e com a
aquisição de novas estruturas cerebrais e circuitos neurais adicionou-se a essa empatia
uma forma de cognição, de tal forma que pôde ser experienciada em conjunto com uma
consciência social mais desenvolvida.

Estudos de neuroimagem sugerem que regiões associadas com emoções


específicas podem ser ativadas pela visão da expressão facial da mesma emoção,
fenômeno descrito como contágio emocional (Decety, 2003; Carr,2003, Wicker et al,
2003) apud Singer et al, (2004). Em um estudo comparou-se a atividade cerebral na
imitação de expressões faciais e na observação das mesmas em fotos, em outro se
comparou respostas neurais eliciadas pela visão de faces com expressões de desgosto e
prazer com respostas induzidas por odores prazerosos ou aversivos. Essas experiências
mostraram ativação em áreas relacionadas com a percepção e produção de expressões
faciais de emoção (sistemas emocionais e faciais), assim como na aspiração de odores
desagradáveis (ativação da insula).

Singer et al (2004), comprovaram que, de fato, a experiência empática tem bases


neuronais, através de uso imagens da atividade cerebral,obtidas por ressonância
magnética. As experiências nas quais voluntárias recebiam uma estimulação de dor na
mão e da comparação desses resultados com aqueles obtidos nas mesmas voluntárias
quando seus esposos recebiam o estímulo doloroso, no mesmo aposento.

Observou-se que as regiões cerebrais que sinalizam a sensação subjetiva de dor (a


aflição dolorosa) – o córtex insular anterior e o córtex cingulado anterior, por exemplo –
aumentavam sua atividade no cérebro das esposas como se o choque tivesse sido aplicado

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à mão delas mesmas. Já regiões como o córtex insular posterior, que sinaliza a dor física,
‘objetiva’, só eram acionadas quando elas realmente recebiam o estímulo de dor.

QUANTO CUSTA A FALTA DE SINTONIA

Stern afirma que, com essas repetidas sintonizações, o bebê começa a desenvolver
o sentimento de que outras pessoas podem partilhar e partilham de seus sentimentos. Esse
sentido parece surgir por volta dos 8 meses, quando os bebês começam a compreender
que não estão em simbiose com as outras pessoas, e continua a ser moldado por
relacionamentos íntimos durante toda a vida. Quando os pais não estão em sintonia com
um filho, isso é profundamente perturbador. Num experimento, Stern fez com que as
mães deliberadamente respondessem com mais e com menos intensidade a seus bebês,
em vez de se igualarem de modo sintonizado; os bebês reagiram com imediata
consternação e angústia.

Uma prolongada ausência de sintonia entre pai e filho impõe um tremendo tributo
emocional à criança. Quando um pai repetidamente não entra em empatia com uma
determinada gama de emoções da criança — alegria, lágrimas, necessidade de aconchego
—, a criança começa a evitar expressar, e talvez mesmo a sentir, esses tipos de emoção.
Dessa forma, presume-se, séries inteiras de emoção para relacionamentos íntimos podem
começar a ser apagadas do repertório, sobretudo se durante a infância esses sentimentos
continuarem a ser tácita ou expressamente desestimulados.

Da mesma forma, as crianças podem vir a preferir uma infeliz gama de emoção,
dependendo dos estados de espírito que lhes foram retribuídos. Mesmo os bebês “captam”
estados de espírito: bebês de 3 meses cujas mães estão deprimidas, por exemplo, refletiam
esse mesmo estado de espírito quando brincavam com elas, exibindo mais sentimentos de
ira e tristeza, e muito menos curiosidade e interesse espontâneos, em comparação com
bebês cujas mães não estavam deprimidas.

Uma mãe, no estudo de Stern, sempre reagia com pouca intensidade ao nível de
atividade de seu bebê; o bebê acabou aprendendo a ser passivo. — Um bebê tratado desse
modo aprende: quando eu fico excitado, minha mãe não fica igualmente excitada, logo,
talvez seja melhor nem tentar — afirma Stern. Mas há esperanças nos “relacionamentos
reparadores”. — Os relacionamentos de toda a vida — com amigos ou parentes, por
exemplo, ou na psicoterapia — remodelam continuamente nosso modo funcional de tê-

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los. Um desequilíbrio num ponto pode ser corrigido depois; é um processo contínuo, de
uma vida inteira.

Na verdade, várias teorias da psicanálise veem a relação que se estabelece entre


analista e analisando como proporcionando exatamente esse ajustamento emocional, uma
experiência reparadora de sintonização. Espelhar é o termo empregado por alguns
pensadores psicanalíticos para designar o fato de o terapeuta ser, para o paciente, o reflexo
de seu estado interior, como faz uma mãe sintonizada com o seu bebê. A sincronia
emocional é tácita e fora da consciência, embora o paciente possa extrair um grande
prazer da sensação de que está sendo profundamente reconhecido e entendido.

Os custos emocionais, para toda uma vida, decorrentes da falta de sintonização na


infância podem ser grandes — e não só para a criança. Um estudo sobre criminosos que
praticaram os crimes mais cruéis e violentos constatou que o que lhes caracterizava e os
distinguia de outros criminosos é que, na infância, tinham sido mandados de uma casa de
adoção para outra, ou criados em orfanatos — históricos de vida que sugerem abandono
emocional e pouca oportunidade de sintonização.

Enquanto o abandono emocional parece embotar a empatia, há um resultado


paradoxal quando ocorre abuso emocional intenso e constante, incluindo ameaças cruéis
e sádicas, humilhações e maldade pura e simples. As crianças que sofrem tais abusos
podem tornar-se hiperalertas para as emoções daqueles que as cercam, o que é equivalente
a uma vigilância pós-traumática para detectar indícios que anunciem ameaça. Essa
preocupação obsessiva com os sentimentos dos outros é típica de crianças
psicologicamente maltratadas e que, na idade adulta, sofrem os mercuriais altos e baixos
às vezes diagnosticados como “distúrbio limite de personalidade”. Muitas dessas pessoas
têm o dom de sentir o que sentem os que as cercam, e é muito comum relatarem que
sofreram abusos emocionais na infância.

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CONCLUSÃO

Conforme abordado ter empatia é se colocar no lugar do outro é a capacidade de você


sentir o que uma outra pessoa sente caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela,
ou seja: procurar experimentar de forma objetiva e racional o que sente o outro a fim de
tentar compreender sentimentos e emoções. No entanto, ser empático envolve saberes
diversos e mais profundos. Por mais que leituras, conversas e reflexões ajudem a
compreender o outro, a melhor maneira de ser uma pessoa empática é na vida real. Ela
pode ser exercida tanto com amigos e pessoas próximas quanto em ambiente profissional
ou no consultório médico.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Eres, R., & Molenberghs, P. (2013). The influence of group membership on the neural
correlates involved in empathy. Frontiers in Human Neuroscience, 7(176): 1-6.
doi:10.3389/fnhum.2013.00176

«Definition of Empathy». Consultado em 16 de agosto de 2016

Lipps, Theodor (1903). «Aesthetische Einfühlung». Max-Planck-Institute for the History


of Science, Berlin. ZEITSCHRIFT FÜR PSYCHOLOGIE UND PHYSIOLOGIE DER
SINNESORGANE (22): 415-450. ISSN 1866-4784. Consultado em 10 de setembro de
2020

«empatia | Origem Da Palavra». 29 de janeiro de 2011. Consultado em 16 de agosto de


2016

Hunsdahl, Jørgen B. (1967). «Concerning Einfühlung (empathy): A concept analysis of


its origin and early development». Journal of the History of the Behavioral Sciences (em
inglês) (2): 180–191. ISSN 1520-6696. doi:10.1002/1520-6696(196704)3:23.0.CO;2-G.
Consultado em 10 de setembro de 2020

Salvatore M. Aglioti, psicólogo, é professor da Universidade La Sapienza em Roma.


Alessio Avenanti é pesquisador da Faculdade de Psicologia da Universidade de Bolonha
- tradução de Doris Nátia Cavallari, para a Revista Mente e Cérebro, 179, Editora Duetto
(dezembro/2007).

Wiseman, T. (1996). A concept analysis of empathy. J Adv Nurs, 23: 1162-1167.

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