Nós somos seres diversos e que carregamos conosco uma série de
experiencias, expectativas, emoções, sensações etc. Nos constituímos enquanto seres humanos dotados de uma personalidade e identidade através das nossas reações com os outros e isso nos torna quem somos. Nesse contexto das diferenças, dois conceitos importantes e que estão interligados aparecem como um alguns dos elementos fundamentais nas interações humanas: alteridade e empatia. Muitos foram os estudos sobre alteridade e alguns conceitos foram concebidos a cerca dessa habilidade. Todavia, o termo alteridade tem sua origem no latim e se refere ao outro, ao oposto, ao diferente, à natureza ou à condição do que é distinto. (TORRES E NEIVA, 2011). De modo geral, quando nos referimos a alteridade, estamos falando do reconhecimento de que há pessoas e culturas únicas e diferentes. Cada pessoa pensa, age, reage, toma decisões, compreende o mundo e se comporta de maneira singular. O reconhecimento dessas diferenças nos permite entender e respeitar que o outros tem ações, comportamentos e emoções diferentes de nós, apenas por ser diferente de nós. Compreender essas diferenças nos permite desenvolver a habilidade da empatia que pode ser definida coma a arte de se colocar no lugar do outro por meio da imaginação, compreendendo seus sentimentos e perspectivas e usando essa compreensão para guiar as próprias ações (KRZNARIC, 2015). Em outras palavras, é a capacidade que podemos desenvolver de compreender e sentir o que alguém pensa e sente em uma situação de demanda afetiva, comunicando-lhe adequadamente tal compreensão e sentimento (DEL PRETTE e DEL PRETTE, 2001). As habilidades empáticas são exercidas como reação a demandas que se caracterizam por uma necessidade afetiva do outro. A empatia possui como elementos primordiais: a cognição que nos ajuda a adotar a perspectiva do interlocutor, interpretando e compreendendo seus sentimentos e pensamentos; a afetividade que nos proporciona a possibilidade de experienciar a emoção do outro, mantendo controle sobre ela; e por fim, o elemento comportamental, que nos permite expressar compreensão e sentimentos relacionados às dificuldades ou êxitos do interlocutor. (DEL PRETTE e DEL PRETTE, 2001). Alguém que recebe uma expressão de empatia sente-se geralmente apoiado, confortado e consolado em sua necessidade de compreensão e afeto. Deste modo, não basta o exercício de se colocar no lugar do outro, mas também saber comunicar-se de maneira verdadeiramente empática, integrando elementos verbais e não verbais, o que vai permitir ao outro se sentir realmente acolhido em sua demanda afetiva. É importante atentarmos para não confundir comunicação empática com reações pró-empáticas que podem ser definidas com respostas com conteúdo prescritivo ou aconselhativo que, embora possam consolar, na maioria das vezes, podem dificultar a análise do problema e busca da solução. (DEL PRETTE e DEL PRETTE, 2001) As reações pro-empáticas podem favorecer a percepção de incompreensão, gerar cautela ou desconfiança quanto a partilhar experiências e aumentar os sentimentos de desvalia, culpa ou vergonha. Logo, a demonstração genuína de empatia, deve integrar pensamentos e sentimentos verdadeiramente voltados para o outro, sinalizando disposição de compreensão e ajuda. Em suma, podemos considerar que a alteridade e empatia são complementares. O exercício da alteridade nos permite respeitar a diversidade cultural, social, religiosa, étnica, biológica, racial e tantas outras, compreendendo que as características de cada pessoa é única e merece respeito por si só. Já a construção de habilidades empáticas nos possibilita se colocar no lugar do outro, entendo como o outro se sente em determinadas situações. Para os profissionais de saúde o desenvolvimento dessas duas habilidades é de fundamental importância, na medida em que a atuação na área da saúde exige o respeito às diferenças e a necessidade de compreender como o outro se sente diante de cada situação de adoecimento e cuidado, acolhendo suas demandas afetivas e lhe permitindo se expressar nesse processo.
Referências DEL PRETTE, A.; DEL PRETTE, Z. A. P. Psicologia das relações interpessoais: Vivências para o trabalho em grupo. Petrópolis, RJ : Vozes, 2001.
KRZNARIC, R. O poder da empatia: a arte de se colocar no lugar do outro
para transformar o mundo. 1ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.
TORRES, C. V.; NEIVA, E. R. Psicologia social: principais temas e vertentes.