Você está na página 1de 3

Prova: Fenomenologia e Existencialismo na Clínica

Professor: Alexandre Quintela Ponte


Aluna: Lara Bianca da Silva Lima
Matricula: 01223904
Turno: Noite
Turma: PGB0120105NNA

1. Carl Rogers, ao longo de sua obra, deixa evidente seu distanciamento do campo da
psicopatologia. Quais argumentos Rogers utiliza para sustentar essa tese?
A forma de lhe dar com o adoecimento mental vem sendo observado e modificado ao
longo dos anos, na idade média eles acreditavam que a loucura seria uma espécie de
possessão demoníaca, com o passar do tempo essa visão foi mudando até chegarmos
na contemporaneidade que predominava o saber medico que a princípio ficou sobre
domínio da medicina através da psiquiatria para sem seguida fazer parte da
Psicopatologia.
A abordagem centrada na pessoa são estudos realizados por Carl Rogers nele fica
evidente preocupação com o homem, o olhar do psicoterapeuta/ facilitador, é
atribuído na pessoal que está em processo terapêutico e na relação interpessoal que é
estabelecida nas sessões, essa postura desmistifica o lugar de poder ocupado pelo
profissional dando liberdade e conforto para o cliente que está em busca de ajuda,
dessa forma o destaque é para o individuou enquanto pessoa e deixando de lado as
rotulações, Rogers questiona esse modelo classificatório e reducionista da
compreensão dos adoecimentos mentais tendo que sempre rotular e colocar o homem
em caixinhas, e trás uma alternativa distinta daquele modelo psiquiátrico, ele refuta a
importância do diagnóstico dos quadros psicopatológicos, a compreensão da
psicopatologia vai além de um diagnostico que muitas vezes serviria apenas para
rotular, ele coloca a experiencia do individuou como ponto de destaque ao invés de
um aprisionamento no sistema ou em rotulações.

2. “Em psicoterapia, se quisermos tocar o centro dinâmico da pessoa, é portanto


necessário que nos deixemos tocar. [...] Só ouço plenamente quando o outro se
torna presença atuante para mim. Aí então, sinto a necessidade da resposta”
(AMATUZZI, 2008, p.74). Comente essa afirmação tendo por base a conceituação de
escuta clínica de base fenomenológica.
Paul Ricoeur nos apresenta os níveis de distanciamento que o discurso opera em
relação ao real, o primeiro distanciamento é o distanciamento da significação quando
falo significo crio signos, na fala condessamos a realidade, a reencontro como
designada por mim, O segundo distanciamento, é aquele operado pela composição,
quando falamos arrumamos o que dizemos de acordo com nosso próprio, então o
ouvir verdadeiro leva em consideração o estilo próprio da pessoa , o terceiro
distanciamento corresponde ao discurso como texto, refere-se as proporções coletivas
daquilo que dizemos, mais também são pessoais por energizar de nós.
Ouvir é a igual a entrar em contato que é a mesma coisa que ser tocado e deixar – se
tocar, é abrir – se no encontro dos seus próprios afetos na direção de um responder
criativo, ouvir realmente significa entrar com o mundo da pessoa com aquele espaço
mental onde ela habita mesmo que muitas vezes ela não saiba o que tem ali, esse
mundo se forma de tudo que é recebido e vivenciado pela pessoa ele é sua história
pessoal, reações, sentimentos, muitas vezes isso não fica de forma clara e
representada mais ainda sim poderemos entrar em contato, é como se ao falar ele
estivesse abrindo a porta de sua casa para que possamos entrar nela como um todo, e
nessa casa vamos nos deparar com coisas que são semelhantes ao nosso próprio
mundo por isso ouvir com esse nível de profundidade lhe leva a questionar o seu
próprio mundo através dessa aproximação com o outro, esse se chama o quarto nível
de distanciamento operado pela fala, a fala deixa de ser só do outro trazendo um
questionamento pro meu próprio mundo assim me afetando e questionando fazendo
com que tome uma posição, é como se estivesse ouvindo a mim mesmo representado
através desse encontro então só ouço plenamente quando o outro se torna uma
presença atuante e consigo me ouvir através do outro ai sinto a necessidade da
resposta.

Na obra de Arthur Tatossian, encontramos um olhar sobre a psicopatologia a partir


do método fenomenológico. Neste sentido, explique como a psicopatologia
fenomenológica compreende a relação entre sintoma e fenômeno no processo de
construção do adoecimento mental.
A noção de sintoma é central principalmente na Medicina, e representa uma única
forma de compreensão de um sujeito em situação de sofrimento e referencia para um
pronto diagnostico, um sintoma, considerado somático, é um sinalizador para um
processo somático patológico ligado por uma cadeia causal com o qual é possível
deduzir a existência de uma doença ,diferentemente do somático, o sintoma
psiquiátrico não permite sair do plano descritivo, pois o vivido do paciente é o objeto
por excelência da experiência psiquiátrica, um sintoma somático pode representar
apenas uma parte da realidade a dificuldade de comunicação constitui o sintoma
psicopatológico ele pode até sinalizar, mas não define a doença sozinho, o diagnóstico
se faz a partir dos sintomas e o mais preocupante é que se apreende no sintoma mais
do que o próprio sintoma ou do que o paciente poderia verbalizar, funcionando muitas
vezes por ensaio e erro, Tatossian mostra uma saída desse modelo de diagnostico
clinico inferencial/somático para um modelo perceptivo/tipológico, nesse diagnostico
os tipos de doentes mentais são reconhecidos antes mesmo das próprias doenças, ele
assume um posicionamento crítico de questionar a rapidez e a precocidade do
diagnóstico e a postura muitas vezes estática da psiquiatria em simplesmente
diagnosticar baseado apenas no sintoma, os fenômenos de início e na maioria das
vezes se encobrem então vem a necessidade da fenomenologia que na clínica atuaria
no sentido de revelar aquilo que está encoberto, O fenômeno pode ser visto como
muito menos que o sintoma, por se encobrir e não ser visto com facilidade e clareza e
acaba não tendo o devido valor para servir como índice que permitiria inferir a
existência de uma doença, Mas por outro lado, ele é muito mais que o sintoma por
distanciar-se de tudo aquilo que está presente e que se configura como característica
interna do paciente, a psicopatologia fenomenológica de Arthur Tatossian evidencia
um fenômeno que se apresenta na clínica como uma forma de ver o sujeito em sua
totalidade, essa ênfase no fenômeno significa olhar através da experiencia que se
apresenta no contexto clinico, essa experiencia vai muito além da visão do ponto de
partida psicopatológico ele sempre esta em movimento e se transformando é a
compreensão da existência de uma liberdade que permanece ou seja não há uma
loucura integral e ele permanece sendo um sujeito é o modo de ser do indivíduo, por
trás do qual não há nada a buscar ou a supor, Tatossian aponta duas formas de
assistência ou cuidado: Assistência Substituinte-Dominante, Assistência Antecipante –
Liberante, Na substituinte-dominante, o outro é expulso do seu próprio lugar como
exemplo de sua casa para um hospital psiquiátrico e a assistência se esforça em retirar
do outro ou seja a família ou cuidador suas preocupações, pela escolha não criteriosa
da medicação e por uma terapêutica puramente biológica escolhida pelo psiquiatra
colocando o outro em sujeição e dependência. A antecipante-liberante, tem sempre
como objetivo levar o outro adiante, potencializá-lo em um trabalho, que parte da
crença na potencialidade desse outro e na liberdade que, de diferentes formas, está
sempre presente, visa colocá-lo diante de suas possibilidades e devolver o cuidado que
lhe é próprio é um modo de cuidar do outro no sentido de se colocar como
possibilidade, uma preocupação verdadeira e um modo do ser-com em que há uma
“abertura dialogante” do clínico para as possibilidades desse outro que é o paciente, o
cuidado com os doentes mentais se desenvolve entre estes dois modos, na concepção
de Tatossian, o cuidado com os doentes mentais se desenvolve entre estes dois modos
de assistência. Mas o essencial é que, minimamente, a liberdade se mantenha aberta
ao paciente, A distinção entre uma orientação para o sintoma ou uma orientação para
o fenômeno não se situa na natureza psíquica ou biológica das técnicas utilizadas, mas
sim naquilo que se refere à liberdade do paciente e correlativamente à concepção de
uma cura.

FONTES :Texto : Sistema e fenômeno na psicopatologia Fenomenológica de


Arthur Tatossian

Texto :Questão da Psicopatologia na perspectiva fa abordagem centrada na


pessoa : Dialogos com Arthur tatossian

Texto :Por uma Psicologia Humana

Você também pode gostar