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FACULDADE DO FUTURO

SERGE GINGER

ANNE GINGER

A GESTALT E A PSICANÁLISE

MANHUAÇU

2023
CAMILA SOUZA TEIXEIRA

EDUARDO BARBOSA FERREIRA

GEICER CLER PECHARA DOS SANTOS

GLÁUCIO FELIPE DUTRA

LÍLIAN GOMES HOTT

PATRÍCIA DIAS DE OLIVEIRA

SAMILY FARIA BOREL CORREA

YARA APARECIDA DIAS

A GESTALT E A PSICANÁLISE

Resumo do Capítulo 4 do livro “Gestalt –


Uma Terapia do Contato” como trabalho
avaliativo de Teorias Psicológicas de
Orientação Fenomenológico-Existencial.

Orientador: Adieliton Tavares

MANHUAÇU

2023
RESUMO

A Gestalt – terapia é uma abordagem que herdou muita coisa da psicanálise.


Mas também divergiu em vários momentos da teoria criada por Sigmund Freud (1856–
1939).

Fritz Perls (1893–1970) foi o criador da Gestalt. Fez análise por seis anos,
estudou e se formou em teoria psicanalítica e teve mais vinte e três anos de pratica
psicanalítica. Mesmo nesse contexto, Perls não teve uma psicanálise ortodoxa, e
acabou sendo influenciado por muita gente.

Fritz critica a psicanálise tradicional da época, e começa ter divergências com


Freud. Essas críticas são agravadas após o Congresso de Praga em 1936, onde
Freud, narcisicamente, critica Perls.

Perls de fato acabou por criticar uma ideia caricatural da psicanálise criada por
ele com o objetivo de obter reconhecimento para sua inovação. Como lembra Wallon,
“só nos afirmamos nos opondo”. Isso nos faz perceber que para se afirmar uma
identidade, recorre-se a dar ênfase às diferenças e ao reforço das fronteiras.

Como observação a essas divergências, Carl G. Jung (1875–1961) diz que “as
diferenças teóricas remetem, em última análise, às diferenças entre as
personalidades: cada um escolhe um modelo que corresponde à sua estrutura
psíquica”. Cada um seguia o modelo mais adequado a sua psique.

Na psicanálise mais ortodoxa, o paciente fica de costas para o analista, não


existe o contato visual durante a análise. Pelrs, critica essa técnica, dizendo que,
Freud utiliza desse método porque tem fobia de olhar as pessoas de frente; desta
forma, resolveria o seu problema de fobia. Para Perls, esse é um erro que foi copiado
por vários discípulos freudianos.

São várias as críticas de Fritz sobre as teorias de Freud. Alguns exemplos que
podemos citar:

• A existência do inconsciente não é negada por Perls, mas ele sugere um


método diferente para acessá-lo, propondo a escuta do corpo, das emoções e das
sensações, e não apenas o acesso através dos sonhos ou livre associação. O que
seria uma observação mais atenta sobre os fenômenos atuais.
• Sobre a neurose, Perls afirma que ela nasceria de um conflito entre o
organismo e o meio, revelando-o na fronteira de contato entre o indivíduo e o meio
que vive, formando Gestalten inacabadas, que são as necessidades interrompidas ou
insatisfeitas. Contrariando a psicanálise, que acredita que os desejos proibidos pela
sociedade ou recalcados pela censura do Superego, acabam criando impulsos para a
formação das neuroses.
• As necessidades fisiológicas orais e cutâneas são importantes para a
Gestalt, que diferencia da teoria psicanalítica, afirmando que, as necessidades de
fome e contato são fundamentais à sobrevivência humana, e anteriores à pulsão
sexual.
• Falando da transferência, um conceito importantíssimo na psicanálise,
que a julga como o motor principal da terapia, a Gestalt não nega que a transferência
e contratransferência existam, mas dá uma importância diferente para esse fato. Perls
critica o fato do psicanalista se manter distante e ao mesmo tempo sustentar a
transferência, fazendo com que o paciente tenha uma dependência maior do
terapeuta, prolongando o tratamento. O uso da transferência pela Gestalt se dá em
material projetivo a ser usado na terapia, existe um contato mais mobilizador, um
envolvimento controlado. Esse material transferido é usado para mostrar ao cliente a
realidade, ao invés da fuga da responsabilidade.
• O fato da psicanálise ser uma terapia individual e não em grupo, também
recebe criticas de Fritz. Ele aponta que, terapias individuais, dentro de consultórios,
onde o paciente é somente verbal e não tem contato visual com o terapeuta, pode vir
a dar margem a pensamentos mórbidos ou fantasias no momento de um delírio. Fritz
propõe que nas terapias em grupo, onde existem a interação e a fala, podem aparecer
traços bem diferentes.
• Na neutralidade benevolente, o analista tenta se manter neutro diante
das transferências e contratransferências que aparecem durante o tratamento, pode-
se dizer que a psicanálise não é neutra. Segundo a psicanalista Sacha Nacht (1901-
1977), “durante muito tempo, os analistas estiveram persuadidos de que podiam
“dominar” e até eliminar suas próprias reações de contratransferências inconscientes
com a atitude de neutralidade. Sabemos hoje que a contratransferência é tão fecunda
no trabalho analítico como a transferência”.

Diante destas diferenças, podemos observar que toda teoria tem um peso, e
suas normas também. O psicanalista é neutro, o gestaltista compartilha seus
sentimentos pessoais e ponto de vista.

Com muitas regras, por muito a psicanálise pode se parecer normativa, propondo
objetivos de socialização e adaptação. Diferente da Gestalt, que é mais liberal, que
não cria expectativas no cliente, sem normas.

A psicanálise é restrita a uma camada social, pois nem todos podem ter acesso
ao tratamento, por razões financeiras e/ou por falta de uma boa verbalização. Já na
Gestalt, além de se utilizar de linguagem mais espontânea, o uso da terapia em grupo
a torna mais acessível as classes sociais mais baixas, e o terapeuta da Gestalt pode
atender muitas pessoas durante a sua carreira, enquanto na psicanálise mais clássica
não isso não acontece, limitando o profissional a um número restrito de pacientes.

Depois de apontadas todas essas divergências, observa-se que também existem


alguns pontos de convergência entre as duas teorias, embora sejam tratadas de
modos diferentes, tais como: a compulsão de repetição, a ambivalência, o sonho, as
resistências, a catarse.

Para a Gestalt, a compulsão por repetição está ligada a Gestalten inacabadas,


necessidades insatisfeitas.

A ambivalência freudiana está ligada ao dualismo pulsional, pulsão de vida ou


pulsão de morte, é a presença simultânea e conflitante em um mesmo sujeito.

O sonho é usado na Psicanálise e na Gestalt de formas diferentes. O analista


utiliza o material latente dos sonhos para uma possível interpretação, e serve como
associações verbais livres. Em Gestalt, o material também é utilizado para
associações, normalmente acarretadas de emoções e atuações psicodramáticas.

Para Freud, as resistências devem ser contidas por uma resistência, ou seja, a
resistência tenta impedir com que o sujeito faça a transferência de forma verbal e livre,
onde suas demandas virão à luz para uma possível análise do terapeuta. O recalque,
a resistência, o benefício secundário da doença, a resistência ao inconsciente e ao
superego.
A Gestalt leva em consideração a resistência, mas com definição diferente, é
vista como um muro que não precisa ser derrubado, mas uma força criadora na
abordagem de um mundo difícil.

Em catarse por ab-reação (reação emocional e inconsciente que você tem em


resposta a algo que traz de volta uma situação dolorosa que você experimentou), na
psicanálise, a associação livre de uma lembrança trará uma emoção atual. Já em
Gestalt, a sensação corporal atual induz a uma emoção que trará a lembrança.
CONCLUSÃO

O Comportamentalismo, a Psicanálise e a Gestalt, são consideraras as três


grandes forças da psicologia, tendo abordagem os seus próprios conceitos.

Na psicanálise tradicional, o sintoma do cliente nem sempre é a causa principal


da angústia. O analista utiliza dessa queixa para abrir caminhos a autodescoberta,
sendo a visão do homem subjetiva e pessimista.

O Comportamentalismo trata apenas do sintoma trazido pelo paciente, não se


aprofunda em outras questões. Objetiva e realista, essa é a visão do homem para o
comportamentalismo, que pode ser modificado e ter aprendizado através dos
estímulos do ambiente.

Já a Gestalt, vê o sintoma do cliente como um chamado inconsciente, sendo os


sintomas corporais a porta de entrada para a intervenção da Gestalt. Tem como visão
do homem otimista e intersubjetiva, explorando o potencial de cada um.

A Gestalt é um prolongamento da psicanálise?

Sabemos que Freud expulsou alguns colaboradores da psicanálise por se


oporem as suas teorias, Fritz foi um deles, que após esse fato criou a teoria da Gestalt,
que bebeu muito da fonte psicanalítica criada por Freud, e usou essas teorias para
embasar alguns dos conceitos da Gestalt.

Uma revisão na obra de Freud foi proposta por Fritz, mas Freud não considerava
a Gestalt uma abordagem psicanalítica.

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