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Marta Castanheiras
UNIFATECIE
10.37885/210605125
RESUMO
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Psicologia: abordagens teóricas e empíricas
INTRODUÇÃO
As ideias psicológicas no Brasil tem seu início no período colonial, o qual foi marcado
pela hegemonia jesuítica, sendo os padres missionários, fundadores da ordem religiosa
Companhia de Jesus, onde seus objetivos eram dar ênfase ao conhecimento de si mesmo
e no diálogo interpessoal visando à compreensão da dinâmica interior. Acreditavam na
possibilidade de o homem fazer-se a si mesmo, além disso, tinham a convicção de que os
indivíduos eram como tábulas rasas e que estas, seriam preenchidas durante o proces-
so de desenvolvimento. Ideia esta que ainda se faz presente na formação e atuação de
psicólogos e psicólogas. Se realizarmos um salto histórico Pereira; Pereira Neto (2003) e
Borges; Cardoso (2005), afirmam que a história da Psicologia no Brasil retrata-se em três
importantes períodos:
Primeiro período – O período pré-profissional está inserido entre a criação das facul-
dades de medicina do Rio de Janeiro e Bahia, em 1833 e 1890, período este, de pouco,
ou quase nenhum conhecimento psicológico, mas sim de pessoas interessadas nas ques-
tões psicológicas.
Segundo período – Este período é denominado de profissionalização e ocorre entre os
anos de 1890 e 1975, Segundo Soares (1979), para ser legalmente habilitado, o profissional
de psicologia deveria frequentar três anos de biologia, fisiologia, antropologia ou estatística
e, em seguida buscar a conclusão dos cursos de especializados em psicologia. O mesmo
autor destaca que é neste momento que a psicologia se torna detentora de um certo mercado
de trabalho, mesmo que compartilhado com a medicina e educação.
Terceiro período – teve seu início no ano de 1975, quando a profissão de psicólogo
passa a ser organizada, tendo as atividades profissionais do psicólogo centradas no traba-
lho autônomo, clínico, individual, curativo sendo sua clientela privilegiada financeiramente.
No entanto, a partir da década de 1980 pode-se observar no contexto brasileiro im-
portantes mudanças no que tange à redemocratização do país. Verificamos avanços na
garantia de direitos sociais e na responsabilização do Estado na proteção social dos cida-
dãos, inaugurando um novo padrão nas políticas sociais do Brasil, que passou a priorizar
as famílias e os destituídos de direitos. Assim, aquele Estado imune à responsabilização e
à deflagração de direitos sociais começou a sofrer alterações, favorecendo a emergência
da Assistência Social como uma prática voltada à proteção social e à garantia de direitos
(BECK SCOTT. J. et. Al, 2019). Pode-se afirmar que tais mudanças repercutiram diretamente
na Psicologia enquanto ciência e profissão, bem como na tentativa de construção de uma
Psicologia crítica e compromissada socialmente.
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Psicologia: abordagens teóricas e empíricas
DESENVOLVIMENTO
Psicologia é uma autêntica ciência – e não uma técnica para solucionar os pro-
blemas íntimos dos privilegiados – e o benefício das soluções que ela propõe,
e das técnicas que criou, deve ser estendido ao maior número de pessoas.
Reservá-las para poucos, como tem sido feito, é desvirtuar seu valor como
um instrumento de modificação social. (...) renovar a prática da Psicologia, a
começar pela formação que os profissionais recebem, não é uma tarefa sim-
ples, mas é, sem dúvida, uma tarefa urgente (MELLO, 1975, p. 113).
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Psicologia: abordagens teóricas e empíricas
nossa formação ainda pautada no modelo clínico clássico, classista e de atendimento psi-
coterápico individualista (DIMENSTEIN & MACEDO, 2012; FERRAZZA, 2016).
Haja vista que, desde seu nascimento a Psicologia enquanto ciência e profissão, este-
ve marcada por práticas excludentes, normativas e de ajustamento de comportamentos, e
expressões consideradas como inadequadas e inconvenientes para o convívio e adaptação
de alguns indivíduos em uma sociedade pautada por normas e padrões (FERRAZZA, 2016).
Nessa perspectiva, inúmeros desafios se mostram evidentes à formação e às práticas
em psicologia, muitas vezes, ainda distante das reais necessidades da população e das pro-
postas de consolidação do SUS e da RAPS. (DIMENSTEIN & MACEDO, 2012; FERREIRA
NETO, 2017). Com isto, acreditamos que a atuação da Psicologia no contexto social, so-
bretudo, na interface da assistência social apesar de relevante e de se constituir como uma
ampliação necessária do campo profissional para um envolvimento mais direto com as ques-
tões sociais, essa realidade ainda impõe inúmeros desafios e problemas aos profissionais.
Talvez o primeiro desafio é reconhecer e visualizar que estamos imersos numa reali-
dade estruturada sob e pela desigualdade, isto é, em 2019, a taxa de desocupação (11,7%)
mostrou relativa melhora frente a 2018 (12%). A taxa de desocupação da população preta
ou parda (13,6%) foi maior que a da população branca (9,2%), padrão já observado na série.
Mesmo entre pessoas com o mesmo nível de instrução, a taxa é maior para os pretos ou
pardos em todos os níveis educacionais. No ensino fundamental completo ou médio incom-
pleto, por exemplo, a taxa de desocupação varia de 13,7% entre brancos para 18,4% entre
pretos ou pardos (IBGE, 2019).
De acordo com Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2018
quase metade da população do Brasil continua sem acesso a sistemas de esgotamento sa-
nitário, o que significa que quase 100 milhões de pessoas, ou 47% dos brasileiros, utilizam
medidas alternativas para lidar com os dejetos – seja através de uma fossa, seja jogando
o esgoto diretamente em rios. Além disso, mais de 16% da população, ou quase 35 mi-
lhões de pessoas, não têm acesso à água tratada, e apenas 46% dos esgotos gerados nos
país são tratados.
A taxa de desemprego entre mulheres negras no Brasil é de 16,6%, o dobro da veri-
ficada entre homens brancos (8,3%). A taxa entre as mulheres negras também é maior do
que entre as brancas (11%) e os homens negros (12,1%), segundo último a PNAD contínua
(Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística) de 2019.
O Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da
Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança
Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), indica que nos últimos meses do ano passado 19
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Psicologia: abordagens teóricas e empíricas
milhões de brasileiros passaram fome e mais da metade dos domicílios no país enfrentou
algum grau de insegurança alimentar. Os estudos estimam que 55,2% dos lares brasileiros,
ou o correspondente a 116,8 milhões de pessoas, conviveram com algum grau de insegu-
rança alimentar no final de 2020, e 9% deles vivenciaram insegurança alimentar grave, isto
é, passaram fome, nos três meses anteriores ao período de coleta, feita em dezembro de
2020, em 2.180 domicílios.
Podíamos apresentar outros dados e números que representam a desigualdade social
no Brasil, no entanto, este não é o nosso objetivo e também não é preciso ir longe para
visualizar essa realidade, uma vez que, ela encontra-se exposta. E em contexto de pande-
mia de COVID-19 essa realidade de desigualdades se fez e se faz presente. Por mais que
alguns setores da sociedade tente negar essa realidade, ela se faz presente escancarada,
há sangue e desigualdade no solo deste país, e aqui cabe mais uma reflexão sobre este
contexto, pois é nele que a Psicologia brasileira se encontra inserida.
Em outras palavras, em um cenário de profundas desigualdades sociais que se reve-
lam de modo contundente no cotidiano do sistema público, o trabalho dos e das psicólogas,
apesar dos esforços, confirma o quanto a psicologia, como ciência e profissão, manteve
um distanciamento histórico das questões sociais considerando as individuais como mais
centrais (MARTÍN-BARÓ, 1997).
Bock (1999) em sua tese de doutorado pontuou as contradições no desenvolvimento da
Psicologia enquanto profissão, posto que, para a autora as práxis da psicologia, bem como
a construção teórica e visões e homem e mundo se pautavam na ideia de sujeito a-histórico,
no qual o aspecto social era, na maior parte das vezes, relegado a segundo ou último plano,
convivia um conhecimento crítico que concebia o homem e o fenômeno psicológico como
indissociáveis do processo de socialização.
Deste modo, refletir sobre a prática profissional do/a psicólogo/a implica uma análise
da realidade social brasileira, bem como, a inserção da Psicologia no campo da Assistência
Social, contextualizando o momento atual de implementação do Sistema Único de Assistência
Social (SUAS) e do movimento de compromisso social emergente na Psicologia brasileira
nas últimas duas décadas.
Segundo Moreira e Paiva (2015) os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) e do
Sistema Único de Assistência Social (SUAS), atualmente, são os principais empregadores
dos/as psicólogos/as no Brasil. A Resolução nº 17, de 20 de junho de 2011 do Conselho
Nacional de Assistência Social, ratificou a NOB-RH/SUAS (2006) e afirmou, em definitivo,
a obrigatoriedade do/a psicólogo/a e do/a assistente social com profissionais da equipe de
referência dos serviços socioassistenciais do SUAS.
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Psicologia: abordagens teóricas e empíricas
O SUAS “[...] é um sistema público não contributivo, descentralizado e participativo que
tem por função a gestão do conteúdo específico da Assistência Social no campo da prote-
ção social brasileira” (BRASIL, 2005, p.15). Além disso, cabe pontuar que os usuários deste
sistema são os indivíduos, as famílias e seus membros que se encontram em situações de
risco pessoal e/ou social, que estão com os direitos ameaçados e/ou violados pelas mais
diversas circunstâncias, sem condições de gerar seu próprio sustento e sobrevivência, e/ou
que se encontram com vínculos sócio familiares fragilizados e/ou rompidos (BRASIL, 2005).
Neste sentido, segundo Senra e Guzzo (2012) a prática profissional do/a psicólogo/a
no âmbito da Política Nacional de Assistência Social configura desafios para além de uma
atuação técnica, isto é, no que se refere a abordagens e metodologias psicológicas, pois esta
inserção no campo de atuação é contraditória e muitas vezes tensa na articulação entre os
profissionais, sua prática profissional e a instituição pública. Não se resolvem as questões
sociais e a falta de acesso da população ao atendimento psicológico disponibilizando o
profissional sem uma formação adequada ou infraestrutura de trabalho.
Nesse sentido, ao profissional de Psicologia cabe a análise da ausência histórica de
investimento do Estado nessas comunidades, culminando com a inexistência e insuficiência
de espaços e equipamentos públicos, assim como a necessidade de revisitar as próprias
intervenções da Psicologia, que precisam transpor os limites de uma sala, para um outro
modelo de atendimento fundamentado em uma análise crítica da profissão (SENRA; GUZZO,
2012). De acordo com, a Nota técnica parâmetros para atuação das e dos profissionais de
psicologia no âmbito sistema único de assistência social (SUAS):
São nestes contextos que a atuação do/a psicólogo/a se torna imprescindível, pois é
fundamental que se trabalhe também o lado emocional daqueles e daquelas que de alguma
forma, sofrem de violência, sejam elas familiar e ou social. Ainda no que se refere a atuação,
Antoni; Koller (2001); Silva et al (2015) pontuam que a prática interdisciplinar e multiprofis-
sional são pilares fundamentais dentro das ações em políticas públicas, especialmente no
contexto de atuação da Psicologia nos serviços de acolhimento institucional, haja vista que o
intercâmbio dialógico entre o/a psicólogo/a, assistente social e demais integrantes da Rede,
podem contribuir, juntos, para um olhar integrativo e sistêmico a fim de somarem forças em
benefício das pessoas institucionalizadas. Desta forma, o/a psicólogo/a frente a questões
sociais deverá exercer um trabalho integrado e interdisciplinar, respeitando as habilidades
comuns e específicas de cada profissão, tendo como objetivo a garantia da proteção social.
Assim, percebe-se a necessidade de melhor conhecer a atuação profissional dos psi-
cólogos que atuam nos Serviços de Acolhimento com a finalidade de refletir sobre o contexto
de trabalho desse profissional, o qual tem importante papel na efetivação dos direitos e na
promoção de saúde e bem-estar social.
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Psicologia: abordagens teóricas e empíricas
A NECESSIDADE DE ROMPERMOS COM UM PASSADO QUE SE FAZ
ATUAL: TECENDO REFLEXÕES PARA UMA ATUAÇÃO COMPROMIS-
SADA SOCIALMENTE
As casas de acolhimento têm seu início ainda no Brasil colonial, onde os padres jesuí-
tas separando as crianças de seus familiares, as incorporavam em abrigos, denominados
na época como Casa dos Muchachos com a finalidade de educa-las (BENTO, 2014, p. 25).
Esses abrigos eram ocupados por crianças indígenas, as quais eram intérpretes das crianças
portuguesas, por órfãos e enjeitados vindos de Portugal, dando assim origem às primeiras
instituições de acolhimento.
Neste cenário, destaca-se A Roda dos Expostos ou Roda dos Enjeitados que consistia
num mecanismo em forma de tambor ou portinhola giratória, embutido numa parede utilizado
para abandonar os recém-nascidos. Esse mecanismo, era construído de tal maneira que
aquele que abandonava a criança não era visto por aquele que a recebia. Esse tipo de aco-
lhimento se difundiu por toda a Europa, a partir do século XVI (VENANCIO, 2010). Em 1867,
Portugal decreta seu fechamento, permanecendo a Casa dos Expostos, com a extinção do
anonimato expositor. A crescente urbanização e o empobrecimento de alguns setores, tem
por consequência o surgimento de novas instituições como os seminários e educandários
que recebiam crianças a partir de sete anos, com a finalidade de ensinar a ler, escrever e
contar, tendo como base o rigor da doutrina católica.
Outra forma de ingresso era a residência dos membros da Mesa, que consistia em
um grupo de pessoas responsáveis pelos envios dos enjeitados às instituições e posterior
envio aos hospitais, pois algumas dessas casas funcionavam no próprio hospital. Criada
pelo arcebispo D. Romualdo a Casa de uma só sala, à entrada do Recolhimento, com alguns
cubículos para as amas e certo número de berços para os expostos (VENÂNCIO, 1999, p.
52). O mesmo autor aponta o esforço dos irmãos de Mesa no roteiro rígido na escolha das
amas, as quais deveriam ter alguns pré-requisitos para exercer tal função. No século XVIII,
os seminários religiosos e recolhimentos de órfãos também se tornam uma opção para o
acolhimento, além da aceitação do enjeitado para o trabalho, devido força física que possuía
para os afazeres domésticos das famílias.
Com o intuito de retirar das ruas as crianças que causavam desconforto a população,
o governo cria os primeiros asilos, os quais objetivavam ministrar o ensino elementar e pro-
fissionalizante. Um exemplo é o Asilo de Meninos Desvalidos, o qual era direcionado a me-
ninos de 6 a 12 anos, os quais recebiam instruções primárias e ensino de ofícios mecânicos
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Psicologia: abordagens teóricas e empíricas
(PALATTO, 2012). O Primeiro Congresso Brasileiro de Proteção à Infância realizado em
1922, tratava dos asilos como espaços para o menor abandonado que com o passar do
tempo, seguiam à risca os exemplos das instituições militares, com muros altos, disciplina,
isolamentos e uniformes (GOHN, 1995, citado por PALATTO). Em 1927 foi criado o Código
de Menores, também chamado Código Mello Matos, o qual destacou o tratamento à criança
e ao adolescente, classificando-os como abandonados e delinquentes. Por outro lado, este
código inaugurou o atendimento à criança e ao adolescente numa política específica, de
punição e correção (BENTO, 2014).
Em 1930, a política voltou seus olhos para a família e a sociedade, declarando-as como
responsáveis por seus menores, isentando assim o Estado da responsabilidade. Os meno-
res apreendidos eram recolhidos a abrigos de triagem do Serviço Social de Menores. Com
declínio da Roda dos Expostos, surge os primeiros orfanatos com o objetivo de assistência
infantil. (VENÂNCIO, 1999, p. 169). O mesmo autor nos traz relatos de que apesar das ino-
vações e da atenção dispensada aos expostos, as Rodas, as quais foram legalmente con-
denadas a partir de 1927, só foram definitivamente extintas no Brasil em 1950. Na metade
do século XX, através das lutas e dos movimentos sociais a partir dos anos de 1980, foram
reivindicadas políticas públicas de atendimento humanizado, bem como a construção e a
efetivação de ações que promovam saúde e os direitos básicos de existência.
Ao realizarmos essa breve retomada histórica, é possível afirmarmos o quanto o passa-
do se faz presente na atualidade, sobretudo, nas lógicas institucionais e na lógica do cuidado
favorecendo então para a manutenção da desigualdade e da não efetivação de práticas de
cuidado e protenção, uma vez que, a garantia da proteção social enquanto dever do Estado
e direito a todo aquele a quem dela necessitar, conforme preconiza a Constituição Federal
(BRASIL, 1988), ainda é um desafio para as políticas sociais brasileiras. E mesmo frente a
esse contexto, sim, é possível visualizar alguns avanços, por exemplo, a inserção da psicolo-
gia nos Serviços de Acolhimento, bem como, o interesse dos profissionais de Psicologia em
desenvolve práticas mais contextualizadas com o campo de atuação, a preocupação em pro-
porcionar formações contínuas aos educadores, e uma atuação compromissada socialmente.
No entanto, muito há que ser feito. Primeiro corresponderia a valorização e a efeti-
vação dessas políticas, pois, o que verificamos na prática é a falta de recursos, uma vez
que ao não possuir recursos mínimos, muitos profissionais, e aqui em especial os/as pro-
fissionais de Psicologia precisam solucionar problemas que não competem à sua atuação
profissional, o que dificulta ainda mais o seu trabalho. Além disso, pode-se afirmar que nos
serviços de acolhimento são observados problemas funcionais, como o número inadequa-
do de funcionários, que ocasiona dificuldade no cumprimento das funções, sobrecarga das
tarefas e um atendimento pouco eficaz. Por isso, o Estado tem papel fundamental neste
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Psicologia: abordagens teóricas e empíricas
aspecto, pois o investimento em aperfeiçoamento na efetivação das políticas, bem como
destes profissionais, acarretará em um melhor atendimento aplicado diante dos serviços de
acolhimento institucional.
Além disso, conforme aponta Senra e Guzzo (2015) a inserção do/a psicólogo/a no
campo da Assistência Social requer a construção não somente de novas metodologias, mas
de uma reflexão crítica acerca da própria atuação profissional num cenário de profundas
desigualdades sociais, acerca da constituição da sociedade no sistema capitalista, das po-
líticas que prometem mudanças impossíveis de acontecerem.
Portanto, o papel do/a psicólogo/a dentro do contexto da Política de Assistência Social
se faz cada vez mais real e necessário. O sofrimento vivido por pessoas que se encontram
em situação de acolhimento institucional é um fato que exige uma atenção especial, prin-
cipalmente no que tange a atuação dos profissionais da psicologia. Desta forma, a psico-
logia torna-se imprescindível no que diz respeito ao atendimento psicossocial para que as
pessoas fragilizadas afetivamente sintam-se verdadeiramente acolhidas e protegidas. O/a
psicólogo/a deve participar ativamente da Política de Assistência Social, bem como dos
serviços de proteção social, contribuindo desta forma para que haja um acolhimento que
promova condições sociais e afetivas, visando o desenvolvimento dos sujeitos envolvidos
nestes contextos.
Cabe a nós promover o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, capacitan-
do e instrumentalizando a equipe. O/a psicólogo/a atuante dentro das casas de acolhimento
institucional deve ser o mediador entre o acolhido, a instituição e a família. Esta mediação
é de extrema relevância, pois fará a inclusão, em seus relatos e relatórios, do desejo e da
opinião dos acolhidos (BENTO, 2010).
Ainda sobre esta temática, Menegon e Coêlho (2005) ressaltam, para que haja a exis-
tência de um laço social de alguma forma, deve-se o sujeito deixar-se contar, assumindo
a identidade de um ser enumerável e classificável. É neste momento, que o/a psicólogo/a
assume o importante papel de mediador, envolvendo nesse processo, de uma forma inter-
disciplinar, toda a equipe técnica para a obtenção dos melhores resultados possíveis.
O acolhimento não é uma tarefa simples, muito pelo contrário, é uma tarefa de grande
complexidade, pois em geral aqueles que são recebidos estão em condição de intenso mar-
tírio, o que exige que toda a equipe presente na instituição, esteja preparada tecnicamente e
emocionalmente para prestar esse atendimento. Para que haja a existência deste preparo é
necessário que esses profissionais possuam os conhecimentos necessários para a execução
das ações a serem tomadas.
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Psicologia: abordagens teóricas e empíricas
Um outro ponto de extrema importância, é justamente esse preparo, o qual dá-se,
além da experiência adquirida pela vivência e da prática, também pela formação continuada
desses profissionais.
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