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Eridene Bezerra da Silva

Samuel de Carvalho Lima

SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA O


ENSINO MÉDIO INTEGRADO:

A ESCRITA DE
RESENHA A PARTIR
DA LEITURA DA
OBRA A
REVOLUÇÃO DOS
BICHOS
SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA O
ENSINO MÉDIO INTEGRADO:

A ESCRITA DE
RESENHA A PARTIR
DA LEITURA DA
OBRA A
REVOLUÇÃO DOS
BICHOS
Eridene Bezerra da Silva
Samuel de Carvalho Lima

SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA O


ENSINO MÉDIO INTEGRADO:

A ESCRITA DE
RESENHA A PARTIR
DA LEITURA DA
OBRA A
REVOLUÇÃO DOS
BICHOS

Mossoró
2021
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Internacional, sendo permitido que outros adaptem e criem derivados a partir desse
material, desde que para fins não comerciais. Aqueles que fizerem uso dessa obra
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Elison Victor Braga da Silva

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gratuita (https://www.canva.com).
Os autores

Eridene Bezerra da Silva

Professora da Escola Estadual de Educação Profissional


Avelino Magalhães (Secretaria de Educação do Estado
do Ceará). Licenciada em Letras - Língua Portuguesa e
suas respectivas literaturas pela Universidade Estadual
do Ceará (UECE). Especialista em Estudos Literários
também pela UECE. Mestra em Educação Profissional e
Tecnológica pelo Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN).

Samuel de Carvalho Lima


Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico
(EBTT) do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN). Licenciado
em Letras - Português/Inglês e suas respectivas
literaturas pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Pós-doutorado em Ciências da Educação pela
Universidade do Minho (UMINHO). Mestre e Doutor em
Linguística também pela UFC. Docente do Programa de
Pós-graduação em Educação Profissional e Tecnológica
(ProfEPT).
Resumo

A Sequência Didática para o Ensino Médio Integrado – a escrita de


resenha a partir da leitura da obra A Revolução dos Bichos é resultado da
pesquisa “Da Revolução dos Bichos à escrita de resenha fora da escola:
uma proposta de ensino para a disciplina de Língua Portuguesa no
contexto da Educação Profissional e Tecnológica (EPT)”, desenvolvida no
âmbito do curso de Mestrado Profissional do Programa de Pós-Graduação
em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT), do polo IFRN –
campus Mossoró e tem como público-alvo – inicialmente - estudantes da
3ª série do Curso Técnico de Enfermagem integrado ao Ensino Médio. A
Sequência Didática foi elaborada para ser aplicada no contexto do ensino
remoto emergencial, dispondo de uma carga horária de 28 horas para a
realização de atividades forma síncrona e assíncrona. A aludida
Sequência Didática foi desenvolvida para produzir sentidos sobre o
mundo do trabalho contemporâneo a partir da leitura da obra A
Revolução dos Bichos e para fomentar a escrita de resenhas nas aulas de
Língua Portuguesa no Ensino Médio Integrado à Educação Profissional e
Tecnológica (EPT), por acreditar que o desenvolvimento dessa prática
pedagógica poderá favorecer a promoção da consciência sobre as
condições de produção da vida no sistema neoliberal capitalista, que
projeta uma sociedade cada vez mais desigual.

PALAVRAS- CHAVES: Sequência Didática. Aprendizagem Colaborativa.


Educação Profissional.
Abstract

The Didactic Sequence for Integrated High School - the writing of


reviews from reading the work Animal Farm is the result of the research
“From the Animal Revolution to the writing of reviews outside of school: a
teaching proposal for the portuguese language discipline in the context of
Professional and Technological Education (PTE)”, developed within the
scope of the Professional Master's course of the Graduate Program in
Professional and Technological Education (ProfEPT), at the IFRN campus
Mossoró and has as its target audience - initially 3rd grade students of
the Nursing Technical Course integrated to High School. The Didactic
Sequence was designed to be applied in the context of emergency remote
education, with a workload of 28 hours to carry out activities
synchronously and asynchronously. The aforementioned Didactic
Sequence was developed to produce meanings about the world of
contemporary work through the reading of the work Animal Farm and to
encourage the writing of reviews in portuguese language classes in High
School Integrated to Professional and Technological Education (PTE), for
believing that the development of this pedagogical practice may favor
the promotion of awareness about the conditions of life production in the
neoliberal capitalist system, which projects an increasingly unequal
society.

KEYWORDS: Didactic Sequence. Collaborative Learning. Professional


Education.
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................................................... 9

BASES TEÓRICAS E CONCEITUAIS ........................................................................................................... 11


ENSINO MÉDIO INTEGRADO E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A CLASSE

TRABALHADORA ........................................................................................................................................................... 12

CONTRIBUIÇÕES DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA O EXERCÍCIO DA


ESCRITA ................................................................................................................................................................................... 15
IDENTIFICAÇÃO .............................................................................................................................................................. 19

1ª ETAPA: LEITURA DA NARRATIVA A REVOLUÇÃO DOS BICHOS .................... 21


2ª ETAPA: APRESENTAÇÃO DA SITUAÇÃO .................................................................................... 23
3ª ETAPA: PRODUÇÃO INICIAL ..................................................................................................................... 26
4ª ETAPA: OFICINA 1 – MESA-REDONDA: A REVOLUÇÃO DOS BICHOS SOB
A ÓTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA, FILOSOFIA, GEOGRAFIA, HISTÓRIA E
SOCIOLOGIA ....................................................................................................................................................................... 28
4ª ETAPA: OFICINA 2: PERSONAGENS - SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A

CONSTRUÇÃO DA NARRATIVA ................................................................................................................... 30


4ª ETAPA: OFICINA 3: PRODUÇÃO DE VÍDEO COLETIVO - UMA ANÁLISE DA
REALIDADE ATUAL A PARTIR DA LEITURA DA OBRA A REVOLUÇÃO DOS
BICHOS DE GEORGE ORWELL .......................................................................................................................... 32
4ª ETAPA: OFICINA 4: REFLETINDO SOBRE A NARRATIVA A REVOLUÇÃO
DOS BICHOS ........................................................................................................................................................................ 35
4ª ETAPA: OFICINA 5: RESENHA ORALIZADA - PARTICIPAÇÃO EM CANAL

DE BOOKTUBE ................................................................................................................................................................... 37
5ª ETAPA: PRODUÇÃO FINAL .......................................................................................................................... 39
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................................... 41
APÊNDICE A ........................................................................................................................................................................ 42
APÊNDICE B ......................................................................................................................................................................... 45
APÊNDICE C ........................................................................................................................................................................ 46
APÊNDICE D ........................................................................................................................................................................ 49

APÊNDICE E ......................................................................................................................................................................... 50
9

Apresentação

A Sequência Didática para o Ensino Médio Integrado – a escrita de


resenha a partir da leitura da obra A Revolução dos Bichos é o produto
educacional, a qual foi produzida, aplicada e validada durante o
desenvolvimento da pesquisa Da Revolução dos Bichos à escrita de
resenha fora da escola: uma proposta de ensino para a disciplina de
Língua Portuguesa no contexto da Educação Profissional e Tecnológica
(EPT).
Nesse contexto, essa Sequência Didática tem como objetivo produzir
sentidos sobre o mundo do trabalho contemporâneo a partir da leitura da
obra A Revolução dos Bichos e fomentar a escrita de resenhas nas aulas
de Língua Portuguesa no Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
e Tecnológica (EPT), por acreditar que o desenvolvimento dessa prática
pedagógica poderá favorecer a promoção da consciência sobre as
condições de produção da vida no sistema neoliberal capitalista, que
projeta uma sociedade cada vez mais desigual.
Esse procedimento didático foi inspirado na metodologia da Sequência
Didática proposta Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) que a organizam
em uma estrutura formada por quatro etapas: Apresentação da Situação,
Produção Inicial, Módulos e Produção Final. Todavia, acredita-se que a
escrita de resenhas na EPT convoca outros elementos em seu processo de
escrita, iniciando com a leitura de uma obra literária que tematiza o
mundo do trabalho e uma discussão interdisciplinar para oferecer
subsídios na prática de escrita de resenha, em que outros discursos são
ouvidos e valorizados.
Desse modo, a Sequência Didática foi elaborada, tendo como motivação
a leitura da obra a Revolução dos Bichos de George Orwell (2007) e está
organizada em cinco etapas distintas, mas complementares, a saber:
Leitura da obra, Apresentação da Situação, Produção Inicial, realização de
5 Oficinas e Produção Final.
As Oficinas são compreendidas como ações pedagógicas que foram
planejadas com a finalidade de contribuir para a formação de cidadãos
críticos e capazes de influenciar e promover mudanças, em conformidade
com a perspectiva de educação marxista defendida por Ciavatta (2014).
Baseado nesse pressuposto, as Oficinas abordam os seguintes assuntos:
10

I – Discussão interdisciplinar acerca do enredo da narrativa;


II – Ficção x Realidade: Análise dos personagens para estabelecer uma
relação com os seus equivalentes históricos;
III – Análise da narrativa para compreender a realidade atual da classe
trabalhadora;
IV- Reflexão sobre o enredo da narrativa;
V- Booktuber e a resenha oralizada.

É importante destacar também que a Sequência Didática foi aplicada


no curso Técnico de Enfermagem Integrado ao Ensino Médio, entretanto
pode ser adaptada para diferentes contextos de ensino-aprendizagem,
uma vez que não se trata de uma atividade engessada, e por conta disso,
não se pretende substituir práticas de letramento existentes, mas apenas
ofertar novas sugestões ao docente. Por conta dessa flexibilidade, essa
atividade é passível de alterações para aplicação em qualquer série do
ensino médio regular ou do ensino médio integrado.
Espera-se, portanto, que os estudantes reflitam sobre as relações de
trabalho na sociedade contemporânea, percebendo as dualidades
impulsionadas pelo modo de produção capitalista por meio da
problematização de temáticas que são relevantes para a compreensão do
mundo do trabalho. Por último, acredita-se que essas práticas de
letramento também contribuam para a formação de sujeitos autônomos,
críticos e emancipados.
BASES
TEÓRICAS
E CONCEITUAIS
12

ENSINO MÉDIO INTEGRADO E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA


A CLASSE TRABALHADORA

O ensino médio integrado, em sua essência, está diretamente


relacionado com a perspectiva de educação apresentada por Karl Marx
nos textos escritos ao longo de sua vida. No entanto, é necessário pontuar
que Marx não publicou livros e não apresentou teorias que discorressem
especificamente acerca dessa temática. Por meio da leitura dos textos
marxianos, é possível perceber que “a temática pedagógica é, de fato,
tratada de maneira ocasional em seus aspectos específicos, mas que,
acima de tudo, está colocada organicamente no contexto de uma crítica
rigorosa das relações sociais” (MANACORDA, 2007, p. 29).
O pensamento de Marx, todavia, ainda exerce, na contemporaneidade,
uma grande influência sobre as teorias pedagógicas, principalmente sobre
aquelas que defendem a educação pelo princípio da omnilateralidade -
conceito amplamente abordado na Pedagogia Marxiana, por acreditar que
o homem deve desenvolver as suas capacidades de forma completa, na
perspectiva multilateral, em que fins individuais e fins sociais, homem e
sociedade sejam completamente unificados.
A concepção de ensino apresentada por Marx ainda no século XIX
influenciou diretamente os princípios norteadores da educação no Brasil,
mais especificamente na década de 80 do século XX, período considerado
por Ramos (2008) como uma “fase rica” ao se pensar na construção de
uma educação comprometida com a classe trabalhadora. No entanto,
sabe-se que os desafios para a implantação do ensino médio integrado, da
educação unitária, politécnica e omlilateral persistem até os dias atuais.
Segundo Ramos (2008), a defesa por um projeto de escola unitária se
justifica, porque é necessário superar a dualidade educacional, reflexo de
uma dualidade social: formação para o trabalho manual e para o trabalho
intelectual. Desse modo, no Brasil, constata-se que a relação entre a
educação básica e profissional foi marcada por essa dualidade e que se
apresenta da seguinte maneira: aos filhos das classes populares era
ofertada uma educação mais instrumental, ao passo que para a formação
das elites uma educação de caráter propedêutico. Essa dualidade percorre
boa parte da trajetória da educação no Brasil e, pautada na lógica
capitalista, reflete a luta constante entre a burguesia e a classe operária.
13

Na concepção de Moura (2013), para superar essa contradição tão


latente, é necessário pensar a educação a partir da perspectiva do
materialismo histórico dialético, para que se possam extrair do capital
ações voltadas para a formação integral da classe trabalhadora. A
materialização dessa ação deve levar em consideração a realidade
socioeconômica brasileira e por esse motivo exige um posicionamento
ético-político no sentido de idealizar um ensino médio que garanta uma
base unitária para todos, amparada na concepção de formação humana
integral, tendo como princípio pedagógico: trabalho, ciência, tecnologia e
cultura.
Dessa forma, concebe-se uma nova perspectiva de escola que esteja
vinculada com a realidade dos estudantes e que, além disso, ofereça
condições materiais para que a juventude das classes populares
brasileiras possa concluir o ensino médio para só depois pensar em sua
profissionalização. Essa condição é compreendida como uma “travessia”
para uma nova realidade que exige esforços, pois é necessário o
envolvimento da sociedade para a construção de um projeto educacional
distinto do hegemônico da atualidade, em busca da superação da
sociedade burguesa.
Partindo do pressuposto que é possível desenvolver uma proposta de
educação que favoreça condições de igualdade de alcance para toda a
juventude, independentemente de sua classe social, é preciso investir em
uma concepção de educação integrada apoiada em dois pilares: escola
unitária – por permitir a superação da dualidade estrutural,
oportunizando a todos os sujeitos acesso aos conhecimentos construídos
pela humanidade; educação politécnica – por assegurar o acesso à
cultura, à ciência e ao trabalho, por meio de uma educação básica e
profissional. (RAMOS, 2008).
O Decreto 5. 154/2004 por sua vez é o documento que permite a
possibilidade de materialização dessa política educacional, porque assume
a perspectiva de integração entre a educação profissional técnica de nível
médio e o ensino médio. Apesar de todas as contradições que a assinatura
desse documento suscitou, sua promulgação significa a busca para a
construção de um ensino médio sob uma base unitária e que permita a
inclusão da diversidade étnica, cultural, linguística e outras, pertinente à
realidade brasileira.
Ciavatta (2012) compreende a formação integrada como um recurso
que possibilita ao indivíduo uma formação completa, oportunizando
condições de compreender as relações sociais implícitas em todos os
fenômenos. Essa estudiosa acredita que o princípio fundamental do ensino
14

médio integrado ao ensino técnico seja a união entre educação geral e


educação profissional, salientando o trabalho como princípio educativo
para superar a dicotomia trabalho intelectual/trabalho manual.
Nesse âmbito, o ensino médio integrado deve fomentar o
desenvolvimento de práticas educativas que possibilitem ao indivíduo a
ampliação de sua capacidade de compreender a sua realidade e de
relacioná-la com a totalidade social. Na concepção do materialismo
histórico-dialético, a totalidade pode ser compreendida como o todo que
compõe a sociedade e suas múltiplas relações. Além disso, o ensino médio
integrado também necessita incitar uma atitude humana transformadora
materializada através do compromisso político com a formação ampla dos
trabalhadores, alicerçada em um projeto ético-político de transformação
social.
Diante do exposto, compreende-se que, para proporcionar um ensino
comprometido com a classe trabalhadora, o docente necessita fazer
escolhas que dentre outras problematizações tenham o compromisso de
ampliar o conhecimento acerca do mundo do trabalho, pelo
desenvolvimento de práticas pedagógicas que despertem a criticidade e a
autonomia dos educandos.
15

CONTRIBUIÇÕES DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA O


EXERCÍCIO DA ESCRITA

De acordo com Antunes (2003), a escrita existe para cumprir


diferentes funções comunicativas para a vida em sociedade, uma vez que
a produção escrita é solicitada em múltiplas atividades realizadas pelos
sujeitos – trabalho, família, escola, vida social em geral -, além de ser
instrumento para o registro do patrimônio histórico, cultural e científico
da humanidade. Nessa perspectiva, a escrita viabiliza a interação entre os
indivíduos por meio de atividades sociocomunicativas nos diferentes
contextos sociais em que esses indivíduos estão inseridos.
No que diz respeito aos processos referentes à produção escrita,
admite-se que o ato de escrever é compreendido como uma atividade
comum e elementar na vida social, acessível a qualquer sujeito
escolarizado e não somente uma capacidade para poucos. No entanto,
para que esse pensamento seja consolidado, é primordial que as práticas
docentes sejam realizadas com ferramentas e dispositivos que organizem,
transformem e adaptem os saberes sobre a língua e as práticas
discursivas para o ensino. (DOLZ, 2016, p. 241)
Sob essa perspectiva, Dolz (2016) admite que é fundamental
desenvolver dispositivos didáticos ancorados na compreensão de que o
exercício da escrita a partir dos seguintes critérios: superação dos
obstáculos encontrados pelos estudantes no processo de produção escrita;
percepção do funcionamento discursivo da língua (utilização de recursos,
conceitos e procedimentos) e integração das aprendizagens dentro de
situações de comunicação que tenham sentido para os sujeitos.
Sob essa ótica, a engenharia didática se compromete a criar projetos
escolares, dispositivos, ferramentas, bem como desenvolver atividades e
exercícios que possam ser aplicados no contexto de sala de aula para
solucionar problemas relacionados ao ensino da língua.
Foi partindo desse pressuposto que Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004)
idealizaram um conjunto de oficinas com o intuito de criar situações de
ensino e aprendizagem para que o estudante aprenda a escrever
exemplares de gêneros discursivos. Essa proposta foi nomeada de
Sequência Didática (SD). Anterior a esse momento, Pasquier e Dolz (1996)
publicaram um texto em que apresenta de forma clara e objetiva os dez
"mandamentos" para o trabalho com a produção de textos na escola,
movimento que fez surgir as primeiras SDs.
16

De acordo com esses autores, a ideia de Sequência Didática se justifica


por duas razões: primeiro, porque a noção de “Sequência” envolve a
disposição das oficinas de aprendizagem, seguindo um critério
progressivo de exercícios e atividades, o que facilita uma compreensão
linguística dos textos estudados. Segundo, porque o termo “Didática” faz
alusão aos objetivos desse conjunto de oficinas: ensinar e aprender,
mediante intervenções que possam resolver os problemas relacionados às
línguas ensinadas (DOLZ, 2016).
É importante defender essa concepção, para que se rompa com o
conceito de que as capacidades necessárias para a produção de textos
sejam compreendidas como uma habilidade intrínseca ao ser, de modo
que não seja possível desenvolvê-las para os que não trazem consigo essa
aptidão, conceito ainda bastante disseminado pelo senso comum: escrever
é um dom, uma inspiração.
Dessa maneira, as Sequências Didáticas pressupõem que todos os
sujeitos são capazes de escrever exemplares de diferentes gêneros
discursivos, desde que sejam adotadas práticas de letramento que
assegurem contato com os instrumentos comunicativos e linguísticos
essenciais ao processo de escrita, uma vez que o ensino de produção de
textos deve valorizar um conjunto de aprendizagens singulares dos
diversos exemplares de gêneros e não somente um procedimento único e
global. Nessa perspectiva, os autores da escola de Genebra organizam a
Sequência Didática em uma estrutura formada por quatro etapas:
Apresentação da Situação, Produção Inicial, Módulos e Produção Final.
A Apresentação da Situação é a primeira etapa em que é apresentado
o projeto de comunicação oral ou escrito a ser desenvolvido. A segunda
etapa é o momento da Produção Inicial. O estudante é instigado a
elaborar o primeiro texto oral ou escrito. Essa produção funciona como
um diagnóstico em que é possível identificar as capacidades que o
discente já dispõe.
A execução dos Módulos acontece na terceira etapa em que são
trabalhados os problemas percebidos na primeira produção,
disponibilizando os recursos necessários para superá-los. Por isso, não
existe uma forma fixa, podendo a sequência das atividades sofrer
alterações em conformidade com as necessidades do estudante. A quarta
e última etapa se encerra com a Produção Final, oportunidade para que o
estudante coloque em prática as noções e instrumentos elaborados
separadamente nos Módulos.
Por tudo isso, admite-se que os autores de Genebra, ao desenvolver
uma proposta de atividades para o ensino de exemplares de gêneros,
deram a sua contribuição às práticas de letramento, mediante a apresen-
17

tação de uma nova perspectiva de ensino-aprendizagem da escrita. Por


meio de Sequências Didáticas, o estudante é estimulado a produzir textos
com referência a situações de comunicação bem definidas, precisas e
reais, fugindo, assim, do tradicional texto escolar, produção que não é
coerente com os textos que circulam fora da escola. Portanto, ao
participar de uma atividade que envolva uma Sequência Didática, o
discente estará ao mesmo tempo vivenciando uma prática social de
linguagem.
Reconhece-se, no entanto que o esquema de sequência didática
defendido por Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) não proporciona
estratégias suficientes para o desenvolvimento de uma prática
pedagógica destinada para a escrita de resenhas na Educação
Profissional e Tecnológica. Acredita-se que a escrita de resenhas na EPT
convoca outros elementos em seu processo de escrita, iniciando com a
leitura de uma obra literária que tematiza o mundo do trabalho e uma
discussão interdisciplinar para oferecer subsídios na prática de escrita de
resenha, em que outros discursos são ouvidos e valorizados.
Com base nesse pressuposto, e considerando a experiência adquirida
no exercício da docência em aulas de Língua Portuguesa na EPT,
desenvolveu-se uma proposta de ensino para a escrita de resenha para
esse campo de produção do conhecimento que pensa a educação a partir
do mundo do trabalho, conforme figura 1.

Figura 1 - Organização das etapas da Sequência Didática para o Ensino Médio


Integrado – a escrita de resenha a partir da leitura da obra A Revolução dos Bichos

Fonte: Autoria própria (2021).


18

A partir da análise dessa sequência didática, é possível identificar a


presença de algumas estratégias que estão fora do escopo do que
propõem Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), a citar: leitura de uma obra
literária, articulação do professor com outros docentes para a realização
de atividades que contribuam para a prática da escrita e divulgação dos
textos para além do espaço da sala de aula.
As estratégias incluídas nesta sequência didática estão orientadas por
uma prática pedagógica que propõe uma inter-relação entre leitura
literária e prática de escrita de resenha da obra lida. Essa relação é
amparada por uma perspectiva de ensino interdisciplinar, uma vez que a
leitura da obra – efetuada antes da produção inicial - se dá em função de
um trabalho coletivo realizado na unidade de ensino onde essa pesquisa
foi aplicada, bem como pelo desenvolvimento de uma Mesa-redonda que
proporcionou um diálogo com diferentes componentes curriculares,
relacionando, dessa maneira, outras vozes e outros discursos.
Compreende-se, portanto, que a sequência didática defendida para a
abordagem de A Revolução dos Bichos e para a reescrita da resenha
requer o desenvolvimento de atividades que não se limitem apenas à
estrutura textual, mas que problematizem temáticas que são relevantes
para a compreensão do mundo do trabalho, ancoradas em uma
perspectiva discursiva de linguagem.
É importante ressaltar também que a culminância dessa sequência
didática ocorreu com uma prática de escrita no Skoob, rede social para
leitores, compreendida como uma grande estante virtual para que os seus
usuários organizem as suas atividades de leitura, além de oportunizar a
busca de informações acerca de uma obra específica, Trata-se de um
ambiente colaborativo em que são valorizadas as opiniões, as avaliações e
as impressões sobre as leituras compartilhadas por meio de exemplares
de resenha, texto mais utilizado pelos usuários dessa plataforma.
Associada a essa perspectiva, este produto educacional também foi
orientado pelos princípios que regem o ensino integrado, uma vez que
esse campo epistêmico do conhecimento acredita que a educação tem o
compromisso de promover a transformação social, ao desenvolver
práticas pedagógicas que fomentem a autonomia e a ampliação dos
horizontes dos sujeitos envolvidos no processo ensino-aprendizagem
(ARAÚJO; FRIGOTTO, 2015).
19

Identificação

Tipo
Sequência Didática para o Ensino Médio Integrado

Forma de oferta
Ensino remoto ( via Google Meet e Google Sala de Aula)

Carga horária
28 horas

Público alvo
Estudantes da 3ª série do Curso Técnico de Enfermagem

Objetivo
Produzir sentidos sobre o mundo do trabalho
contemporâneo a partir da leitura da obra A Revolução
dos Bichos e fomentar a escrita de resenhas nas aulas de
Língua Portuguesa no Ensino Médio Integrado à
Educação Profissional e Tecnológica (EPT).

Conteúdo programático
1ª etapa: Leitura da narrativa A Revolução dos Bichos
2ª etapa: Apresentação da Situação Inicial
3ª etapa: Produção Inicial
4ª etapa: Oficinas:
- Oficina 1 – Mesa-redonda: A Revolução dos Bichos sob a
ótica da Língua Portuguesa, Filosofia, Geografia, História
e Sociologia;
20

Conteúdo programático
- Oficina 2: Personagens - sua contribuição para a
construção da narrativa;
- Oficina 3: Uma análise da realidade atual a partir da
leitura da obra A Revolução dos Bichos de George Orwell;
- Oficina 4: Refletindo sobre a narrativa a Revolução dos
Bichos;
- Oficina 5: Resenha oralizada - participação em canal de
booktube;
5ª etapa: Produção Final.
1ª ETAPA:
LEITURA DA
NARRATIVA A
REVOLUÇÃO
DOS BICHOS
22

ATIVIDADES ASSÍNCRONAS

Realizar leitura da obra A Revolução dos Bichos – proposta de


atividade desenvolvida pelo Projeto de Leitura que é executado pelos
professores de Língua Portuguesa, Filosofia, Geografia, História e
Sociologia da instituição de ensino;
Orientar e acompanhar os participantes durante o processo de leitura.
2ª ETAPA:
APRESENTAÇÃO
DA SITUAÇÃO
24

ATIVIDADES SÍNCRONAS (CARGA HORÁRIA: 1 H/A)

Contextualizar para a turma que participarão de uma experiência real


de aprendizagem para aprimorar a capacidade de escrever um
exemplar de gênero, usando para isso uma metodologia de ensino
específica: a Sequência Didática.
Apresentar alguns produtos culturais (livros, filmes, álbuns musicais,
games e outros) para promover um questionamento acerca da
viabilidade de resumir, apresentar, descrever ou avaliar tais produtos;
Incitar uma discussão com a turma, explorando a condição de
produção de exemplares do gênero resenha.
Explicar a atividade a ser realizada de forma síncrona que explora as
condições de produção da resenha. (Apêndice A);
Enviar links para que os estudantes tenham acesso a exemplares de
resenhas oralizadas, disponíveis nos seguintes canais da plataforma de
compartilhamento de vídeos YouTube: Chave de Leitura; Cabine
literária; Geek Freak; Ler antes de morrer; Lido lendo; Literature-se;
Livraria em casa; Livros e fuxico; Pam Gonçalves; Vá ler um livro;
Enviar link da resenha de filme – Para todos os garotos que eu amei 2
(http://www.adorocinema.com/filmes/filme-269977/criticas-
adorocinema/).
25

ATIVIDADES ASSÍNCRONAS (CARGA HORÁRIA: 1 H/A)

Leitura de exemplares de resenhas e análise de resenhas audiovisuais,


para exposição sobre os meios de circulação, produção e finalidade
dessas resenhas e, dessa forma, conceituar a resenha.
3ª ETAPA:
PRODUÇÃO
INICIAL
27

ATIVIDADES ASSÍNCRONAS (CARGA HORÁRIA: 4 H/A)

Produzir individualmente a primeira versão de uma resenha acerca da


obra A Revolução dos Bichos;
Solicitar que os alunos assistam ao vídeo animação
(https://www.youtube.com/watch?v=XOolmrscDvc) que expõe de forma
resumida a narrativa a Revolução dos Bichos;
Disponibilizar vídeo explicativo para contextualizar a situação de
produção: quem escreve, para quem, sobre que assunto, com que
objetivo e onde poderão publicar seus textos por meio da análise de
exemplar de resenha;
Encorajar os estudantes a produzir a primeira versão de uma resenha
acerca da obra em estudo, utilizando o Google Formulário para
postagem.
4ª ETAPA:
OFICINA 1 – MESA
REDONDA: A
REVOLUÇÃO DOS
BICHOS SOB A ÓTICA
DA LÍNGUA
PORTUGUESA,
FILOSOFIA,
GEOGRAFIA,
HISTÓRIA E
SOCIOLOGIA
29

ATIVIDADES SÍNCRONAS (CARGA HORÁRIA: 2 H/A)

Promover um debate interdisciplinar com os professores de Ciências


Humanas para estabelecer relações da obra A Revolução dos Bichos
com temáticas estudadas pelas disciplinas Língua Portuguesa,
Filosofia, Geografia, História e Sociologia;
Realizar um breve resumo sobre o enredo da narrativa, instigando os
estudantes a expor os seus pontos de vista acerca da obra, para
encontrar semelhanças entre a história lida com temáticas presentes
nas disciplinas de Língua Portuguesa, Filosofia, Geografia, História e
Sociologia;
Dar continuidade a Mesa-redonda com a apresentação dos professores
de História e Geografia que fazem uma contextualização da Revolução
Russa, estabelecendo relação desse período histórico com a narrativa
escrita por George Orwell;
Apresentar quadro (Apêndice B) que estabelece uma relação entre os
personagens do livro e os seus equivalentes históricos, analisado pelos
professores de Filosofia e Sociologia, para debater acerca de temas
que dialogam com a obra, a saber: organização política e social dos
modos de produção capitalista, socialista e comunista, luta de classes,
cidadania, verdade, política (a burguesia e a propriedade privada, a
ideia de revolução, as revoluções sociais) entre outros.
Estimular a participação dos estudantes para verificar se a suas
percepções quanto à obra sofreram alterações depois da exposição das
temáticas realizadas pelos professores;
Solicitar que os estudantes destaquem em uma palavra a temática
presente na narrativa que se tornou mais nítida depois da exposição
realizada pelos professores de Ciências Humanas, utilizando a
plataforma mentimeter (https://www.mentimeter.com/).
4ª ETAPA:
OFICINA 2 -
PERSONAGENS -
SUA
CONTRIBUIÇÃO
PARA A
CONSTRUÇÃO DA
NARRATIVA
31

ATIVIDADES ASSÍNCRONAS (CARGA HORÁRIA: 4 H/A)

Compreender a importância dos personagens para a construção da


narrativa A Revolução dos Bichos;
Disponibilizar pequeno vídeo explicativo que faz uma exposição sobre
a importância dos personagens para a construção do enredo, por meio
da análise de quadro (Apêndice B) elaborado por Vogt (2007) que
estabelece uma relação entre os personagens do livro e os seus
equivalentes históricos para materializar a linguagem ficcional da
obra em elementos do mundo real.
Orientar a turma para a formação de 08 equipes para estudo acerca
dos personagens abaixo que compõem o enredo:

Sr. Jones; O Velho Major; Bola de Neve; Napoleão; Garganta;


Sansão; As ovelhas e Benjamim.

Cada grupo assume o compromisso de estudar de forma mais


aprofundada sobre um dos personagens acima descritos;
Disponibilizar para as equipes a obra em análise para que possam
fazer uma leitura, buscando elementos que caracterizem o personagem
tanto física quanto psicologicamente, bem como estabelecer relações
com os equivalentes históricos já estudados;
Identificar nesses personagens elementos que estejam relacionados
com o mundo do trabalho (concentração de poder, a alienação do
trabalhador, exploração a mão de obra, manipulação das informações,
precarização das leis trabalhistas, as desigualdades extremas
existentes entre as classes sociais)
Escolher um dos recursos - Tik Tok, Canva, Jamboard e outras
preferências - para representar de forma sucinta esse personagem e
fazer uma exposição para a turma acerca do que foi pesquisado.
4ª ETAPA:
OFICINA 3 -
PRODUÇÃO DE
VÍDEO COLETIVO -
UMA ANÁLISE DA
REALIDADE ATUAL A
PARTIR DA LEITURA
DA OBRA A
REVOLUÇÃO DOS
BICHOS DE GEORGE
ORWELL
33

ATIVIDADES SÍNCRONAS (CARGA HORÁRIA: 1 H/A)

Produzir um vídeo coletivo para estabelecer uma relação da narrativa


com a realidade social;
Promover debate acerca de algumas problemáticas evidentes nas
relações de trabalho modernas, para estabelecer relações desses
componentes com elementos presentes no enredo de A Revolução dos
Bichos;
Dividir a turma em pequenos grupos (de 02 a 04 participantes) para
fazer uma pesquisa sobre as temáticas presentes na narrativa A
Revolução dos Bichos que têm semelhanças com a realidade social;
Propor para a turma que após esse estudo condense em forma de
vídeo as análises realizadas.
34

ATIVIDADES ASSÍNCRONAS (CARGA HORÁRIA: 5 H/A)

Orientar os grupos durante o desenvolvimento da atividade;


Acompanhar e orientar os participantes nas etapas de planejamento,
gravação e edição do vídeo.
4ª ETAPA:
OFICINA 4 -
REFLETINDO
SOBRE A
NARRATIVA A
REVOLUÇÃO DOS
BICHOS
36

ATIVIDADES ASSÍNCRONAS (CARGA HORÁRIA: 2 H/A)

Refletir acerca do enredo da narrativa A Revolução dos Bichos,


respondendo a um questionário de múltipla escolha;
Disponibilizar atividade a ser realizada individualmente (Apêndice C)
– 10 questões de múltipla escolha - disponibilizada no Google Forms;
Incentivar e acompanhar a realização da atividade.
Realizar correção após os participantes responderem, devolvendo-as
aos estudantes.
4ª ETAPA:
OFICINA 5 -
RESENHA
ORALIZADA -
PARTICIPAÇÃO
EM CANAL DE
BOOKTUBE
38

ATIVIDADES ASSÍNCRONAS (CARGA HORÁRIA: 2 H/A)

Convidar dois participantes para ser representatividade da turma em


canal de Booktube, apresentando a obra A Revolução dos Bichos.
No grupo de WhatsApp, relembrar com a turma acerca do conceito de
resenha oralizada estudada no início da Sequência Didática;
Apresentar ao grupo o canal Cabe na Estante;
Lançar proposta de participação (pelo menos dois estudantes) em
vídeo a ser publicado no canal Cabe na Estante para produzir uma
resenha oralizada da narrativa A Revolução dos Bichos
Orientar os estudantes que se voluntariarem a participar desse
momento;
Após gravação e divulgação da resenha no canal, incentivar a
interação dos demais participantes, assistindo e postando comentários
sobre o vídeo.
5ª ETAPA:
PRODUÇÃO
FINAL
40

ATIVIDADES ASSÍNCRONAS (CARGA HORÁRIA: 6 H/A)

Produzir individualmente a versão final de uma resenha acerca da


obra A Revolução dos Bichos;
Fazer uma retomada com os estudantes do percurso feito até o
momento, por meio de um uma videoaula – disponibilizada no grupo de
WhatsApp e no Google Sala de Aula - para orientá-los acerca dos
procedimentos que devem ser adotados no processo de reescrita do
texto – a Produção Final;
Produzir um texto individual – a ser devolvido no Google Formulário -
com base na leitura da obra A Revolução dos Bichos e nas discussões
realizadas durante as aulas ministradas na Sequência Didática;
Incentivar os estudantes a realizarem a revisão de seu texto, de acordo
com roteiro de correção (Apêndice D);
Recolher as produções dos estudantes;
Apresentar a rede social Skoob aos estudantes, por meio de tutorias
disponíveis na Web, e convidá-los a realizar cadastro, para divulgar as
suas resenhas nessa rede colaborativa.
Realizar atividade de avalição da Sequência Didática. (Apêndice E).
41

Referências
ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro e interação. São Paulo: Parábola Editorial,
2003.

ARAÚJO, Ronaldo Marcos de Lima; FRIGOTTO, Gaudêncio. Práticas pedagógicas e ensino


integrado. Revista Educação em Questão, Natal, v. 52, n. 38, p. 61-80, maio/ago. 2015.
Disponível em: https://doi.org/10.21680/1981-1802.2015v52n38ID7956. Acesso em 04 dez.
2020.

BRASIL. Decreto nº 5.154, de 23 de julho de 2004. Regulamenta o § 2º do art. 36 e os arts.


39 a 41 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases
da educação nacional, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23
de julho de 2004. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf1/proejadecreto 5154.pdf. Acesso em: 11 dez.
2020.

CIAVATTA, M. A formação integrada: a escola e o trabalho como lugares de memória e


de identidade. In: FRIGOTTO, G.; CIAVATTA, M.; RAMOS, M. (org.). Ensino Médio
Integrado: concepção e contradições. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2012. p. 83-106.

CIAVATTA, Maria. Ensino Integrado, a Politecnia e a Educação Omnilateral: por que


lutamos? Revista Trabalho & Educação, v. 23, n. 1, p. 187–205, 2014. Disponível em:
https://periodicos.ufmg.br/index.php/trabedu/article/view/9303. Acesso em: 27 mai. 2020.

DOLZ, J.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Sequências didáticas para o oral e a escrita:
apresentação de um procedimento. In: Bernard Schneuwly; Joaquim Dolz e colaboradores.
Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras. p. 95-128. 2004.

DOLZ, J. As atividades e os exercícios de língua: uma reflexão sobre a engenharia


didática. DELTA, vol.32, nº. 1, São Paulo jan./abr. 2016, p. 237-260.

MANACORDA, Mario Alighiero. Marx e a a pedagogia moderna. Campinas, SP: Editora


Alínea, 2007.

MOURA, D. H. Ensino médio integrado: subsunção aos interesses do capital ou travessia


para a formação humana integral? Educação Pesquisa, v. 39, n. 3, p. 705–720, 2013.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ep/v39n3/10.pdf>. Acesso em: 08 dez.2020
ORWELL, G. A Revolução dos Bichos: um conto de fadas. São Paulo. Companhia das
Letras, 2007.

RAMOS, Marise Nogueira. Concepção do Ensino Médio Integrado. In: SEMINÁRIO SOBRE
ENSINO MÉDIO, 2008. Secretaria de Educação do Pará. 08-09 maio 2008. Disponível em:
https://tecnicadmiwj.files.wordpress.com/2008/09/texto-concepcao-doensino-medio-
integrado-marise-ramos1.pdf. Acesso em: 15 nov. 2019.

VOGT, Olgário Paulo. A Revolução Russa através da Revolução dos Bichos. Ágora, Santa
Cruz do Sul, v. 13, n. 1, p. 229-249, jan./jun, 2007. Disponível em:
https://online.unisc.br/seer/index.php/agora/article/view/107. Acesso em 27 mai. 2020.
42

APÊNDICE A
A resenha em diferentes situações de produção
Leia a resenha abaixo.
43

- Agora, assista a uma das resenhas oralizadas disponíveis nos links


abaixo, leia a resenha sobre o filme Para todos os garotos que eu amei e
resolva a atividade abaixo.
- Canais das resenhas oralizadas.
Chave de Leitura; Cabine literária; Geek Freak; Ler antes de morrer; Lido
lendo; Literature-se; Livraria em casa; Livros e fuxico; Pam Gonçalves; Vá ler
um livro.
- Link para acesso a resenha do filme Para todos os garotos que eu amei.
https://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2020/02/10/para-todos-os-
garotos-2-e-melhor-que-o-primeiro-e-voce-vai-pirar.htm. Acessado em 15 ago.
2020
- Cada um dos textos foi produzido em situações de produção diferentes.
No quadro abaixo, você encontra na primeira coluna uma lista de alguns
dos elementos que sempre caracterizam a situação de produção de um
texto. Complete o quadro, especificando quais são os elementos que
caracterizam a situação de produção dos textos que você leu e da
resenha.
Texto 01 Texto 02 Texto 03
Resenha do livro O Resenha Resenha do filme Para
código da Vinci oralizada todos os garotos que
(YouTube) eu amei 2
1.Título O código da Vinci:
uma mistura de clichês
e informação
2. Autor Claudinei Vieira

3. Imagem que o Destinatário que


autor tem de seu
destinatário costuma ler livros
(público-alvo)
4. Locais e/ou Na internet, site do IG
veículo onde o
texto possivemente
circulará
5. Tema/ objeto O livro O código da Vinci

6.Imagem(ns)/ Uma foto da capa do


fotos da obra livro resenhado
resenhada

7. Objetivo do autor Dar informações centrais


Do texto sobre o livro e fazer comentários
a respeito dele.
8. Campo de Posterior (mas não muito)
produção
à publicação do livro
44

9. Marcas Predominância de verbos


linguístico-
discursivas – tempo no tempo presente e uso de
verbal adjetivos e substantivos
predominante
para expressar a opinião
do resenhista
45

APÊNDICE B
A Revolução dos Bichos e seus equivalentes históricos
A REVOLUÇÃO DOS BICHOS
EQUIVALENTES HISTÓRICOS
(2007)
O animalismo O socialismo ou o comunismo
O Solar dos Bichos União Soviética
O canto Bichos da Inglaterra A Internacional Socialista
Os porcos A burocracia soviética
Os homens A burguesia
Os animais O proletariado
Sr. Jones O Czar Nicolau II
O Velho Major Marx
Napoleão Stálin
Bola de Neve Trotsky
As ovelhas A massa alienada
Os cachorros A polícia política (KGB)
Sansão O trabalhador iludido
O corvo Moisés A Igreja Ortodoxa
O porco Garganta A propaganda
46

APÊNDICE C
As atividades abaixo foram elaboradas com o intuito de fazer uma retomada
do enredo de A Revolução dos Bichos, bem como para relembrar algumas
temáticas presentes nessa obra. Leia as questões e responda ao que se pede.
1. O livro A revolução dos bichos se inicia com uma conversa muito
profunda entre os animais que habitavam a Granja do Solar. De quem é
o discurso abaixo.“Então, camaradas, qual é a natureza da nossa vida?
Enfrentemos a realidade: nossa vida é miserável, trabalhosa e curta.
Nascemos, recebemos o mínimo de alimento necessário para continuar
respirando e os que podem trabalhar são forçados a fazê-lo até a última
parcela de suas forças".
a) Do porco Garganta
b) Do cavalo Sansão
c) Do porco Bola de Neve
d) Do porco Major

2. Na Granja do Solar, os animais unem-se e promovem uma revolução


expulsando o Sr. Jones e todos os outros seres humanos desse espaço.
Em seguida, resumem os princípios do Animalismo em Sete
Mandamentos. Qual dos ensinamentos, abaixo, não estava presentes na
lista escrita na parede da agora Granja dos Bichos?
a) Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.
b) Nenhum animal usará roupa.
c) Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros.
d) Nenhum animal matará outro animal.

3. Na atualidade, as fake news - notícias falsas publicadas por veículos de


comunicação como se fossem informações reais é cada vez mais
recorrente. Na obra em estudo, o personagem Bola de Neve é vítima de
várias fake news - manipulação das informações que vão sendo
propagadas por Garganta e Napoleão. Na narrativa são inventadas
várias histórias como se fosse de autoria de Bola de Neve, com exceção
de:

a) A destruição do moinho de vento.


b) Bola de Neve não planejou o projeto de construção do moinho.
c) O envenenamento de Napoleão
d) Bola de Neve era aliado de Sr. Jones
47

4. "Se vossas senhorias têm problemas com vossos animais inferiores, nós
os temos lá com nossas classes inferiores". Esse trecho aparece no
final da narrativa quando os porcos recebem os seres humanos na
Granja para se confraternizarem e falam sobre as semelhanças que
existem entre os animais e os seres humanos. Pela análise da narrativa,
quem são essas "classes inferiores"?
a) Os porcos
b) As ovelhas
c) Os trabalhadores
d) Os burgueses

5. "De certa forma era como se a granja tivesse ficado rica sem que
nenhum animal houvesse enriquecido - exceto, é claro, os porcos e os
cachorros". Essa frase é um fragmento da narrativa A revolução dos
bichos. Marque a opção que melhor define essa citação com o contexto
de sociedade atual.
a) A desigualdade social promovida pela sociedade capitalista promove
uma concentração de renda nas mãos de poucos sujeitos.
b) Uma sociedade igualitária em que não há propriedade privada.
c) A propriedade privada favorece a igualdade entre as pessoas.
d) Os trabalhadores acumulam riquezas vendendo a sua força de trabalho.

6. Minha vista está falhando — disse ela finalmente. — Mesmo quando eu


era moça não conseguia ler o que estava escrito aí. Mas parece-me
agora que parede está meio diferente. Os Sete Mandamentos são os
mesmos de sempre, Benjamim?. O trecho acima é um diálogo entre a
égua Quitéria e o burro Benjamim que se surpreendem ao se deparar
com as mudanças percebidas nos Mandamentos. Provavelmente, por
qual motivo os porcos alteram os Mandamentos?
a) Os porcos buscavam a igualdade entre os todos os bichos da Granja.
b) Os porcos alteraram os mandamentos para modernizar a Granja e
melhor servir a todos os animais.
c) Os porcos queriam facilitar a vida dos animais e resumiram todos os
mandamentos em um só para que todos compreendessem melhor os
seus direitos.
d) Os porcos modificaram os mandamentos em benefício próprio,
mostrando ser superior aos outros bichos.

7. "Trabalharei mais ainda" e "Napoleão tem sempre razão" são as duas


frases mais repetidas por Sansão durante toda a narrativa. Podemos
afirmar que o pensamento de Sansão é caracterizado pelo (a):
a) Alienação
b) Engajamento
c) Acumulação
48

d) Mais-valia

8. O cavalo Sansão dedica toda a sua vida ao trabalho na Granja, sempre


confiando cegamente nas orientações de Napoleão. Logo, Sansão tem
uma aposentadoria gozando de dias tranquilos, com tempo de folga para
estudar e melhorar seus conhecimentos. Responda, apenas,
VERDADEIRO ou FALSO para a afirmativa.

9. Ao fazer uma visita a Granja dos Bichos o Sr. Pilkington faz a seguinte
constação: Não apenas métodos dos mais modernos, mas uma ordem e
uma disciplina que podiam servir de exemplo. Julgava poder afirmar que
os animais inferiores da Granja dos Bichos trabalhavam mais e recebiam
menos comida do que quaisquer outros animais do condado. Para falar
a verdade, ele e seus companheiros de visita haviam visto, naquele dia,
muita coisa que pretendiam introduzir imediatamente em suas próprias
granjas. Essa afirmação é VERDADEIRA ou FALSA?

10. Durante aquele ano, os bichos trabalharam ainda mais que no ano
anterior. A reconstrução do moinho de vento, as paredes com o dobro de
espessura, sua conclusão no prazo marcado, juntamente com o trabalho
normal da granja, era tudo tremendamente laborioso. Momentos houve
em que lhes pareceu que estavam trabalhando mais do que no tempo
de Jones, sem se alimentarem melhor. Nos domingos de manhã,
Garganta, segurando uma comprida folha de papel, lia, para eles
relações de estatísticas comprobatórias de que a produção de todas as
classes de gêneros alimentícios aumentara de duzentos, trezentos ou
quinhentos por cento, conforme o caso. (ORWELL, 2007, p. 75-76).
Pode-se afirmar que o fragmento acima retirado da narrativa A
Revolução dos Bichos se relaciona diretamente com aspectos que
envolvem o mundo do trabalho na contemporaneidade. Em sua opinião,
qual charge melhor define o trecho em questão?
49

APÊNDICE D
Roteiro para correção da Produção final
1. Você encontrou um bom título para o seu texto?
2. Seu texto apresenta e avalia o livro?
3. Seu texto atingiu o objetivo de apresentar e avaliar o livro esclarecendo seus leitores
quanto às potencialidades desse produto cultural para realizar uma discussão acerca das
relações que envolvem o mundo do trabalho, por meio da exposição de algumas das
temáticas abaixo:
a) A concentração de poder;
b) A manipulação das informações;
c) As desigualdades extremas entre as classes sociais;
d) A exploração da mão de obra;
e) A alienação do trabalhador;
f) A precarização das leis trabalhistas;
g) O capitalismo como um sistema desigual e que só amplia o abismo entre
ricos e pobres;
h) O capitalismo como um sistema que prima pela produtividade e pelo lucro
4. Seu texto descreve as partes e a organização da obra ou resume seu conteúdo?
5. Seu texto faz uma avaliação da obra, por meio da qualificação e/ou análise de um ou
mais elementos?
6. Seu texto apresenta palavras e/ou expressões avaliativas que indicam sua posição mais
ou menos favorável em relação ao livro resenhado?
7. Você substituiu as palavras repetidas e eliminou as desnecessárias?
8. Você corrigiu os erros de ortografia?
9. A leitura é fluente e há coesão entre as partes do texto?
10. Seu texto usa recursos adequados para prender a atenção do leitor?
50

APÊNDICE E
Questionário de avaliação sequência didática
1. Antes da participação na sequência didática, você tinha a mesma compreensão
da obra A Revolução dos Bichos que tem agora?
2. Como as discussões realizadas durante a execução das atividades contribuíram
para alargar a sua compreensão acerca da categoria TRABALHO?
3. Considerando a categoria trabalho, que elemento presente na narrativa A
Revolução dos Bichos chamou a sua atenção durante a participação nas aulas?
4. Sobre o seu desempenho, olhando a primeira, e a última produção. Em que você
evoluiu?

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