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Administração e

Planejamento em
Serviço Social
Professor Lindolfo Alves dos Santos Júnior

EduFatecie
E D I T O R A
2021 by Editora EduFatecie
Copyright do Texto © 2021 Os autores
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S237a Santos Júnior, Lindolfo Alves dos


Administração e planejamento em serviço social / Lindolfo
Alves dos Santos Júnior. Paranavaí: EduFatecie, 2021.
128 p. : il. Color.

ISBN 978-65-87911-41-0

1. Serviço Social - Administração. 2. Serviço Social -


Planejamento. I. Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte
do Paraná - UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância.
III. Título.

CDD : 23 ed. 361.3


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André Dudatt
AUTOR

Estudante,

Sou o professor Lindolfo Alves dos Santos Junior e falarei sobre minha formação,
mas também sobre minha caminhada na EAD até hoje. Como formação, sou graduado em
Administração Mercadológica pela Faculdade Maringá (2014) e pós-graduado em Gestão
Industrial e Logística pelo Instituto Paranaense de Ensino (2015).
Minha caminhada na Educação Superior começou direto na EAD, em 2014, na insti-
tuição regional conhecida como UniCesumar, situada na cidade de Maringá, no nordeste do
Paraná. A princípio, sem qualquer experiência, iniciei como tutor administrativo, apoiando
a coordenação em tarefas documentais, como aproveitamentos de estudos, validação de
atividades complementares etc.
Nessa carreira na EAD fui Professor Tutor para cursos de Gestão desde 2014,
atuando com tutoria pedagógica, orientação, documentação, desenvolvimento de projetos
de ensino, material para disciplinas e trabalho em estúdio (aulas ao vivo). Ultimamente
tenho preenchido cargos de Coordenação de curso, Polo EAD e também sou Consultor de
Tutoria.
Estou muito feliz em participar deste momento de conhecimento com você!

CURRÍCULO LATTES: http://www.lattes.cnpq.br/9389601449833227


APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Seja muito bem-vindo(a)!

Estudante, começaremos nossa caminhada apresentando um lado inerente ao ser


humano que muitas vezes pensamos ser uma habilidade que precisa ser desenvolvida: a
habilidade de planejar. Nós humanos planejamos há centenas de anos, e tal planejamento
vem de períodos anteriores às primeiras civilizações, com os nômades. O planejamento dos
nômades representava sua capacidade de analisar o status de recursos do local ocupado e
saber quando deveria partir para outro lugar, o que levar para se manter no percurso, enfim,
algo que sem planejamento poderia custar a vida.
Na primeira unidade trataremos de planejamento e Política Social, reforçando o
conceito de que cabe ao serviço social humanizar tal planejamento, que a princípio está
num escopo mais administrativo e se fazendo valer dos aprimoramentos no processo de
tomada de decisão que um planejamento proporciona.
Os tipos e níveis de planejamento são o ponto central da Unidade II, que também
apresenta os conceitos do controle social e como tem por objetivo dar ao cidadão motivo
da política social, controle fiscalizador, o permite engajar.
Já na Unidade III a temática gira em torno da metodologia e do processo do Plane-
jamento Social, em que trataremos do Marco Referencial como processo participativo que
estabelece um snapshot ou uma fotografia das condições antes e depois, que servirão de
parâmetro de análise dos objetivos da política a ser discutida.
A Unidade IV finaliza o tema do planejamento abordando-o como instrumento
na prática da profissão do Assistente Social, em suas intervenções. Vale ressaltar que o
profissional de Serviço Social transforma sua intervenção pelas técnicas do planejamento
de forma a compreender melhor as demandas que se originam da sociedade, das desigual-
dades promovidas pela abertura econômica e da globalização, e de como transformar tais
desigualdades em qualidade de vida.

Muito obrigado por estar aqui e bom estudo!


SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 6
Planejamento e Política Social

UNIDADE II.................................................................................................... 37
Tipos e Níveis de Planejamento

UNIDADE III................................................................................................... 67
Metodologia e Processo do Planejamento Social

UNIDADE IV................................................................................................... 95
O Planejamento como Instrumental na Prática do Assistente Social
UNIDADE I
Planejamento e Política Social
Professor Lindolfo Alves dos Santos Júnior

Plano de Estudo:
● Natureza e determinações históricas do planejamento social.
● Desenvolvimento social e política social.
● Planejamento tecnocrático e gestão social.
● Avaliação de políticas sociais.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar a evolução, o desenvolvimento do
Planejamento Social e sua importância.
● Compreender o Planejamento Tecnocrático e a
● Gestão Social dentro das Políticas Sociais.
● Estabelecer a importância da avaliação das Políticas Sociais.

3
INTRODUÇÃO

Estudante, nesta unidade vamos descobrir a forte ligação entre planejar e se pro-
duzir bem estar social pelas políticas sociais. Começaremos tratando de conceitos de pla-
nejamento na esfera do Serviço Social, trabalhando com o fato de que planejar é inerente
ao homem.
Desde os primeiros indícios de civilização que o homem vem desenvolvendo sua
habilidade de planejar, pois em dado momento de sua evolução passou a se organizar
em grupos que logo viraram famílias, tribos etc. Avançando a humanidade para os dias
atuais temos o planejamento como conceito bastante amadurecido e incorporado em toda
atividade humana, como a construção de um conjunto de ações intencionais cujo objetivo é
o de aprimorar o tratamento de dados e informações que facilitem a tomada de decisão em
projetos de qualquer nível de complexidade.
O planejamento é a base para os projetos que têm por objetivo o desenvolvimento
social e este, por sua vez, sempre esteve ligado ao progresso da economia e da tecnologia,
seja como forma de combater os problemas sociais causados pelos dois, ou como forma de
lhes dar apoio e fomentar seu crescimento.
Quando tratarmos do desenvolvimento social, estudante, vamos falar mais sobre
a influência do capitalismo e da expansão industrial pelo mundo como principais compo-
nentes para a atuação dos projetos e políticas sociais, tendo em vista que essa onda que
o capitalismo e a industrialização promoveram deixou marcas profundas na sociedade, na
forma de uma maior exploração dos que forneciam mão de obra naquele momento.
Na esfera pública, o planejamento é um instrumento político e decisório que, em
certo momento, assumiu um caráter mais técnico e pouco ou nada participativo, conhecido
por tecnocracia ou planejamento tecnocrático, que seria conduzido por especialistas, cien-
tistas e técnicos, eximindo a necessidade de uma participação popular.
Dentro do escopo do planejamento existe um componente quase tão importante
quanto sua criação e trata-se da avaliação de políticas sociais. A todo e qualquer planejamento
se faz necessário um ritual constante de avaliação, de escolha e acompanhamento de certos
indicadores e, no caso de projetos sociais não é diferente, embora seja mais complexo ao
incorporar a avaliação do objeto do planejamento, as pessoas e suas necessidades.

UNIDADE I Planejamento e Política Social 4


1. NATUREZA E DETERMINAÇÕES HISTÓRICAS DO PLANEJAMENTO SOCIAL

De forma geral, planejamento é importante em todo e qualquer ramo do conhecimen-


to e área de atividade humana. Planejar aumenta o sucesso do que se tem como objetivo e
reduz os riscos inerentes ao que se pretende planejar. Obviamente que existem centenas de
metodologias, cada uma desenhada com alguma realidade específica em mente.
O profissional de serviço social deve ter em mente que planejar é um dos mais
importantes componentes de sua intervenção e representa se antecipar estruturando as
ações que necessita tomar para que tal intervenção se concretize satisfatoriamente. Mas a
variedade de modelos de planejamento pode dificultar sua conceituação, tal como determi-
nam Vanderley e Biajone (2019, p. 3): “Trazer à tona o início da utilização do planejamento
não é tarefa fácil, pois existem muitas linhas sobre o tema. Mas explicitaremos algumas
possibilidades”.
Estudante, pense que planejar é algo inerente ao ser humano e, embora essa
afirmativa soe um tanto pretensiosa, fica fácil de se compreender, pois em um nível de
simplicidade se pode compreender a antecipação de alguma ação como planejamento, tal
como quando nos preparamos para sair de casa e checamos a previsão do tempo.
O ato de planejar nasceu com os seres humanos mais antigos, aqueles anteriores
às primeiras civilizações, podemos citar os nômades. Agora você pode estar se questio-
nando sobre o fato dos nômades terem esse conceito de se instalar numa localidade e

UNIDADE I Planejamento e Política Social 5


mudar quando os recursos do local estivessem dilapidados como algo desorganizado e
sem planejamento, mas fato é que não se sobrevive sem um mínimo de planejamento.
Os nômades tinham que planejar os parâmetros do local seguro para instalar
acampamento, eles tinham também que planejar o momento ideal de partir para uma nova
localidade e, para isso, teriam que agrupar provimentos para tal viagem, enfim, até mesmo
os nômades tinham seus planos. Avançando para as primeiras civilizações temos que:
Há indícios que desde os primórdios da civilização já se utilizava do plane-
jamento, pois o homem se organizava em grupo, seja em família ou tribos,
e ao passo que vivia em grupo, era necessário uma organização, pois cada
indivíduo possui anseios, objetivos diferentes e para manter a harmonia nas
relações era indispensável pensar formas de convivência. Esse pensar que
orientava as ações humanas, para alguns autores nada mais é do que um
processo de planejamento (VANDERLEY; BIAJONE, 2019, p. 3)

Podemos colocar como racional o ato de se planejar, pois passou a exigir ao homem
uma análise menos subjetiva de suas circunstâncias, recursos e desafios a serem supera-
dos, tal como apresenta Baptista (2007, p. 14): “Já no início dos tempos, o homem refletia
sobre as questões que o desafiavam, estudava as diferentes alternativas para solucioná-las
e organizava sua ação de maneira lógica. Enquanto assim fazia, estava efetivando uma
prática de planejamento”.
Estudante, de forma geral, quando nos deparamos com um problema, invariavel-
mente, o primeiro pensamento que surge é de que tal problema é insuperável. Mas basta
uma breve análise objetiva da situação, considerar quais recursos existem para resolver ou,
ao menos, amenizar o problema, que a situação ganha nova perspectiva, e isso também é
uma qualidade inerente ao ser humano.
Neste sentido, Vanderley e Biajone (2019, p. 3) consideram que “Os desafios e
obstáculos encontrados diariamente tornam necessário encontrar novos meios para
transpô-los e o planejamento é uma importante ferramenta de prevenir e superar essas
situações”. Outra qualidade inerente ao homem é sua elevada capacidade de se adaptar ao
meio, embora o faça modificando as condições de seu meio ambiente, mas quando preciso
se condiciona a uma condição mais agressiva.
Fato é que o homem sempre busca uma melhor forma de viver e, com isso, po-
demos observar planejamento como uma ação cotidiana deste homem moderno. Com o
passar do tempo e da entrada do homem em sua era moderna, sua habilidade de planejar
adquire novas possibilidades, passando a estudar os atos que antes eram apenas senso
comum, ele os pesquisa cientificamente de forma a aprimorar o alcance de seus objetivos
(VANDERLEY; BIAJONE, 2019).

UNIDADE I Planejamento e Política Social 6


Portanto, para o homem moderno planejar é habilidade básica e diária, e em diversos
aspectos nem percebemos que estamos planejando algo. Uma boa forma de se compreender
isso é pensar no ato de se pilotar um veículo: usamos de habilidade e conhecimento de sua
operação para o conduzir pelas ruas da cidade, mas temos que planejar as trocas de marcha
e na eventualidade de alguma situação diferente promover as devidas ações. Quando o
motorista se depara com um trecho de seu percurso em congestionamento, seu planeja-
mento pode o fazer tomar rotas alternativas ou entrar em contato com alguém e cancelar um
compromisso, por exemplo. Fato é que o ser humano sabe planejar quando necessita.
De acordo com Sampaio (2008 apud VANDERLEY; BIAJONE, 2019, p. 4),
Planejamento é um processo contínuo e dinâmico que consiste em um con-
junto de ações intencionais, integradas, coordenadas e orientadas para tornar
realidade um objetivo futuro, de forma a possibilitar a tomada de decisões an-
tecipadamente. Essas ações devem ser identificadas de modo a permitir que
elas sejam executadas de forma adequada e considerando aspectos como o
prazo, custos, qualidade, segurança, desempenho e outras condicionantes.

Dentre os desafios que o homem enfrenta e para os quais precisa planejar para se-
rem superados, a cada ano que a humanidade caminha em sua modernidade tais desafios
se tornam maiores, mais desafiadores e, com isso, exigem mais planejamento. Ao profis-
sional do Serviço Social planejar não deve ser encarado como habilidade subconsciente,
pois, para se superar os desafios da vida moderna, tal planejamento precisa ser robusto,
assim como afirma Almeida (2020, p. 8) ao tratar que “Para o serviço social, planejar a ação
profissional é um instrumento fundamental no enfrentamento das questões sociais postas
pelo capitalismo contemporâneo”.
Agora daremos uma pausa no progresso dos argumentos para conceituar o plane-
jamento na ótica do Serviço Social através de um breve apanhado histórico a começar com
os dizeres de Giovanella (1991 apud CARVALHO, 2016, p. 17):
[...] as primeiras elaborações teóricas sobre planejamento, apresentadas de
forma sistematizada referem-se à organização da produção industrial, coloca a
previsão como um dos elementos da administração. Previsão é entendida aqui
enquanto projeção, cálculo de futuro e a programação que objetiva facilitar a
utilização de recursos e a escolha dos melhores meios a empregar para atingir
o objetivo desejado de máxima eficiência, máximo lucro. Posicionamento forte-
mente marcado pelo liberalismo da ideologia dominante, neste período.

Um marco que representa a relevância do planejamento como mola mestra da


mudança social foi a Revolução Soviética de 1917, que promoveu um processo de cálculos
e previsões nunca visto, e de forma a criar um planejamento de cunho social que permitiu
uma alternativa de futuro (CARVALHO, 2016, p. 17). Esse novo aspecto do planejamento
serviu para promover uma maior racionalidade para as necessárias transformações que a
sociedade precisaria passar nos anos seguintes:

UNIDADE I Planejamento e Política Social 7


Deste modo, a primeira proposta de planejamento social surge na forma de
um plano setorial na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas quando,
em 1918, é declarado o primeiro Plano Nacional de Eletrificação. Porém, so-
mente após uma década de governo socialista é elaborado o primeiro plano
global: 1º Plano Quinquenal (1928 a 1932) (CARVALHO, 2016, p. 17).

Podemos elencar o capitalismo como um dos maiores e mais constantes desafios a


serem enfrentados pelo planejamento social para a humanidade, embora seja sua criação.
Mas a expansão do capitalismo colocou muito peso sobre os estudos sociais e com isso
exigiu, tal como ainda exige, um planejamento cada vez mais robusto, e de acordo com
Carvalho (2016, p. 18) onde o mundo era capitalista “[...] liberal ou concorrencial, predomi-
nava a doutrina de Adam Smith (1723 – 1790), segundo a qual o mercado deve ser regido
pela livre concorrência, baseada na lei da oferta e da procura: quando a oferta é maior que
a procura, os preços baixam”.
O que a soma do capitalismo com a evolução do planejamento representa é que
a evolução de um força uma evolução ainda maior do outro, como se disséssemos que o
remédio deve ser mais forte que a enfermidade que necessita tratar. Portanto os momentos
capitalistas se mostraram sempre marcos nas formas de planejamento:
Era o momento chamado laissez faire. Somente após a crise mundial de 1929,
o mercado auto-ajustável, que equilibraria oferta e demanda, simplesmente
não funcionou, deflagrando uma crise responsável pelo desemprego de mi-
lhões de pessoas, e pelo alastramento da miséria e da criminalidade, que se
espalhou dos Estados Unidos para o mundo todo (CARVALHO, 2016, p. 18).

A princípio, o emprego do planejamento no Serviço Social representava muito mais


um instrumento institucional como uma eficaz e eficiente forma de se alcançar determi-
nado objetivo, tal como defendem Bonin e Krüger (2015 apud ALMEIDA, 2020, p. 9) “Até
a década de 50, o serviço social aplicava o planejamento tradicional, de forma restrita e
com orientações funcionalistas, sendo um documento estático e fechado às demandas da
população cliente”.
Neste cenário, as ações resultantes de tal metodologia institucional de planeja-
mento social surtiam mais efeito no embate de classes e, na sequência, na década de 60 o
agravamento dos níveis de pobreza, em parte produzidos pela industrialização, e de acordo
com Bonin e Krüger (2015 apud ALMEIDA, 2020, p. 9), “Esse quadro provoca a incorpora-
ção de novas atribuições profissionais pelos assistentes sociais, relativas à coordenação,
planejamento e administração de programas sociais. Contudo, o exercício profissional se
mantém dentro dos mesmos moldes”.
Ainda de acordo com Bonin e Krüger (2015 apud ALMEIDA, 2020, p. 9),

UNIDADE I Planejamento e Política Social 8


Até aproximadamente 1980, a ação planejada do serviço social pode ser per-
cebida em dois momentos:
a) Antes da reconceituação, quando a ação profissional tinha uma perspecti-
va de ajuste do homem ao meio;
b) Durante o processo de reconceituação, quando o serviço social questiona
a realidade social e procura novos caminhos para intervir.

Se aproximando aos dias da modernidade, fica mais reconhecível o emprego


do planejamento, principalmente no contexto social e como seus conceitos modificaram
profundamente a forma de atuação do profissional de Serviço Social, tal como defende
Almeida (2020, p. 9): “O Código de Ética do Serviço Social de 1986 busca o rompimento
com esse conservadorismo por meio da aproximação com a teoria marxista e propõe que
o profissional tenha um conhecimento crítico da realidade e condições de elaborar, decidir
e gerir a respeito das políticas sociais e programas institucionais”.
Pelo movimento de reconceituação, o Serviço Social passou por extensa mudança,
saindo de uma situação de extrema burocracia e tradicionalismo, partindo para uma identi-
dade mais próxima da classe trabalhadora e não mais do Estado. De acordo com Almeida
(2020), por esse movimento o Serviço Social passou a englobar o planejamento como
chave para a sua maior efetividade.
Neste sentido, Baptista (2015, p. 15 apud ALMEIDA, 2020, p. 9) afirma que “Como
um processo que envolve reflexão, exigindo uma análise sobre as intencionalidades, a
dimensão político-decisória que dá suporte ético político à ação técnico-administrativa”.
Temos aqui, um cenário de adoção técnica dos conceitos de planejamento, tal como
apresentam Schmitz e Schappo (2017, p. 1):
As discussões teóricas sobre o planejamento no Serviço Social remetem-nos
a textos e autores que abordam a temática enfocando diferentes aspectos
sobre o trabalho do Assistente Social com este instrumental. Seguindo as
diferentes perspectivas históricas predominantes na profissão, os profissio-
nais, inicialmente, adotavam o planejamento a partir dos pressupostos fun-
cionalistas e tecnicistas, sendo que após a Reconceituação adotou-se uma
perspectiva mais crítica. Nesta, especialmente após a Constituição de 1988,
o planejamento é compreendido como um instrumento fundamental para dar
vazão as demandas e necessidades da população.

A evolução do capitalismo não foi isolada, e sim acompanhada da evolução popula-


cional e da formação dos grandes centros urbanos. Com isso, o planejamento empregado
pelo serviço social tornou-se um instrumento poderoso e o único capaz de fornecer a coor-
denação necessária para atender a demandas sociais de larga escala.
Tendo em vista que tais demandas envolviam interesses de grupos distintos e
visões divergentes de necessidades, Schmitz e Schappo (2017, p. 2) afirmam que “Estas
muitas vezes dificultam processos democráticos ou que atendam os interesses dos usuá-
rios no âmbito institucional e na gestão das políticas públicas”. Perceba que, com esses

UNIDADE I Planejamento e Política Social 9


embates, ficou evidente a necessidade de um profissional do Serviço Social posicionado no
planejamento de forma a contribuir para o atendimento das demandas da sociedade.
Teixeira (2009, p. 2) afere que “Cabe, entretanto, a gestores e técnicos, processar
teórica, política e eticamente as demandas sociais, dando-lhes vazão e conteúdo no pro-
cesso de planejamento e gestão, orientando a sua formatação e execução”.
Para o serviço social, o planejamento se constitui como a soma das prioridades a serem
tratadas e de componentes que facilitem o processo de tomada de decisões de acordo com a
realidade tida como problemática, tendo em vista uma realidade desejada. (SCHMITZ; SCHAP-
PO, 2017). Assim como o planejamento em qualquer outra instância preconiza o planejamento,
para o serviço social, tende a promover melhores resultados, reduzir riscos e aproveitar melhor
os recursos disponíveis, tal como complementam Schmitz e Schappo (2017, p. 2):
Ele busca orientar um trabalho que não se restringe à improvisação, antecipa
resultados, reduz incertezas, riscos, partindo sempre de determinadas inten-
cionalidades, não se constituindo apenas em um processo técnico-adminis-
trativo, mas também ético-político, envolvendo tomada de decisões.

Portanto, o planejamento, quando considerado dentro do contexto das políticas


sociais, passa a levar em conta elementos que as teorias tradicionais e empresariais de
planejamento não permitem considerar, como os desejos e necessidades coletivas como
parâmetro de grande relevância.

UNIDADE I Planejamento e Política Social 10


SAIBA MAIS

Participação Social e sua importância:


A participação da sociedade nas políticas sociais sempre se provou o caminho certo
na efetividade de tais políticas, a Constituição Federal de 1988 deu legitimação a este
aspecto e a sociedade brasileira pode observar uma evolução de sua importância nos
anos seguintes. Neste sentido, Silva, Jaccoud e Beghin (201~, p. 374) apresentam que:

O texto constitucional de 1988 é um marco na democratização e no reconhecimento


dos direitos sociais. Articulada com tais princípios, a Constituição alargou o projeto de
democracia, compatibilizando princípios da democracia representativa e da democracia
participativa, e reconhecendo a participação social como um dos elementos-chave na
organização das políticas públicas.

E ainda de acordo com Silva, Jaccoud e Beghin (201~, p. 374) a participação popular se
apresenta em 3 aspectos:
a) a participação social promove transparência na deliberação e visibilidade das ações,
democratizando o sistema decisório;
b) a participação social permite maior expressão e visibilidade das demandas sociais,
provocando um avanço na promoção da igualdade e da equidade nas políticas públicas;
e
c) a sociedade, por meio de inúmeros movimentos e formas de associativismo, permeia
as ações estatais na defesa e alargamento de direitos, demanda ações e é capaz de
executá-las no interesse público.

UNIDADE I Planejamento e Política Social 11


REFLITA

A respeito da busca pelo planejamento, seria este aspecto das Políticas Sociais negli-
genciado pelas ações em campo, mais diretas e interessantes?
Leia o trecho a seguir e reflita:

A experiência mostra que é difícil dar o primeiro passo, porque a maior parte dos em-
preendedores sociais têm uma tendência natural de concentrarem seus esforços na
prestação de serviços e acabam não conseguindo dedicar-se às tarefas administrativas
que, normalmente, são vistas como enfadonhas. Na maioria das vezes percebemos o
descaso com que esses profissionais tratam a análise do planejamento das ações

(VIANA, 2006, apud RIBEIRO; RAPOSO, 2013, p. 10).

UNIDADE I Planejamento e Política Social 12


2. DESENVOLVIMENTO SOCIAL E POLÍTICA SOCIAL

A década de 1990 viu o mundo se transformar pelo comércio, pelo capitalismo


e pela globalização. Mas não foi vista apenas evolução, o mundo assistiu o aumento da
desigualdade social oriundo do poder econômico em ascensão, tal como assistiu a reação
do Poder Público, muitas vezes lenta e ineficiente.
Todo Governo necessita do desenvolvimento econômico, a década de 1990 foi
muito boa para demonstrar isso ao se observar o que cada país fez em prol de um destaque
econômico internacional, pois sem ele, sem desenvolvimento econômico, se torna penoso
promover qualquer política social.
O Estado deve fomentar a economia, mas jamais pode tirar de perspectiva que
quanto maior for sua indústria, maiores serão suas desigualdades sociais a serem tratadas
no desenvolvimento social pelas políticas sociais. Castro (2014 apud ROSSINI; ROTTA;
BORKOVSKI, 2017, p. 8) define as políticas sociais como
[...]a composição de um conjunto de programas e ações, caracterizadas pela
garantia da oferta de bens e serviços, transferências de renda e regulação
de elementos do mercado, buscando realizar dois objetivos conjuntos, sendo
eles a proteção social e a promoção social.

Em se tratando de discussões e estudos a respeito do tema desenvolvimento, a


herança da década de 1990 é de uma discussão mais focada na economia, na infraes-
trutura, na indústria do país, deixando de lado o tratamento de temas que passaram a

UNIDADE I Planejamento e Política Social 13


ser emergentes, como a sustentabilidade. Mas palavras de Demo (1995, apud ROSSINI;
ROTTA; BORKOVSKI, 2017, p. 8):
Por muito tempo o conceito desenvolvimento esteve vinculado ao progresso
econômico e tecnológico, mas a partir de 1990, passou-se a incorporar os
adjetivos humano e sustentável, reconhecendo-se que o desenvolvimento
econômico por mais indispensável e estratégico que seja, precisa estar vin-
culado a finalidades sociais, preocupações estas, trazidas ao debate, pelo
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Claro que pouco tempo após se adentrar em uma onda de dominância capitalista,
como a de 1990, o Estado passou a dar mais atenção a questões sociais pois perceberá
que o desenvolvimento econômico não se resumia a infraestrutura e falta de perspectiva, tal
como afirma Fagnani (2016, on-line): “A política social brasileira tem papel estratégico como
força motriz do crescimento. Os direitos introduzidos pela Constituição Federal de 1988 e
as políticas sociais posteriores exigiram grande esforço para mobilização de recursos”.
Existe um ciclo ou círculo bastante coerente que coloca o desenvolvimento econômico
como indutor do desenvolvimento social, pois, embora grande parte dos problemas a serem
tratados pelas políticas sociais se originem da expansão e desenvolvimento econômico, dele
surge o recurso que o Poder Público emprega para dar mais qualidade de vida à população.
Portanto, a economia tanto demanda desenvolvimento social quanto fomenta e apre-
senta sua necessidade de aprimoramento, e a cada ano os recursos demandados para se
manter o desenvolvimento econômico crescem junto com o desenvolvimento econômico e do
aumento das mazelas sociais. De acordo com Fagnani (2016, on-line) “Atualmente, o gasto
social (três esferas de governo) representa 25% do PIB. Em função dessa dimensão, a política
social pode contribuir em duas poderosas frentes, para incentivar o crescimento econômico”.
Um grande problema para o desenvolvimento social é lidar com algo que, de fato,
não nasceu com a abertura econômica brasileira de 1990, mas que, no frigir dos ovos,
possui a mesma dinâmica: as movimentações de população entre estados. Nesse sentido
temos um elevado contingente de pessoas à procura de emprego nos grandes centros,
amarradas a uma mão de obra de pouco conhecimento técnico.
Como efeito do desenvolvimento econômico, o contingente oriundo do campo ou
de estados menos desenvolvidos promoveu um aumento na demanda por serviços públi-
cos, com isso, um desgaste no já fragilizado serviço público. Ressalta-se aqui que nessa
situação reside o dilema do capitalismo: ao induzir desenvolvimento da mesma forma
que induz desigualdade e, de acordo com Fagnani (2016, on-line), “Nesse caso, há reais
possibilidades de se enfrentarem deficiências estruturais na oferta de serviços públicos de

UNIDADE I Planejamento e Política Social 14


boa qualidade. Como se sabe, apesar dos progressos, as marcas da crônica desigualdade
social brasileira não foram apagadas”.
De maneira prática, temos que o Poder Público não pode apenas se preocupar
em estruturar a indústria e deixar à míngua a sociedade que lhe prestará mão de obra, por
exemplo. É preciso cuidar de dar condições de vida digna aos que trocarão sua mão de
obra por um salário. Neste sentido, Assunção (2020, p. 9) afirma que em 1988 foi dado um
passo vital para se construir um precedente melhor: “No nosso país, o primeiro arremedo
de proteção de direitos veio a ocorrer muito recentemente, por meio da Constituição de
1988 e da criação da Seguridade social, a qual tem como pilares a saúde, a assistência
social e a previdência”.
A Constituição Federal de 1988 representou um melhor posicionamento sobre as
atribuições do Estado para com sua sociedade, seus cidadãos, assim como determina
Assunção (2020, p. 9):
Depois de muitas mobilizações pós-ditadura e com o processo de redemo-
cratização do país, a aprovação da Constituição Cidadã de 1988 foi o grande
passo em direção à delimitação dos deveres do estado e dos direitos dos
cidadãos, porém, ainda convivemos com a fragilidade das políticas sociais no
Brasil e a necessária luta diária para que ela seja considerada um motor de
desenvolvimento da nossa sociedade.

Perceba, estudante, que sempre existirá uma problemática a ser resolvida quando
o assunto for o desenvolvimento social ou o desenvolvimento econômico. Os recursos
financeiros são sempre limitados, o que força o Estado a decidir se aquece melhor a
economia ou se alimenta de seus programas sociais. Assim, Souza (2019, on-line) afirma
que “O ordenamento jurídico que sustenta a política de assistência social como direito
constitucional subsiste dentro de um contexto de avanços do ideário neoliberal que reduz
gastos na área social em prol do desenvolvimento econômico”.
Então, quando o Estado promove a economia, ele está condicionando suas
prioridades neste panorama em detrimento das políticas sociais, embora a Constituição
Federal de 1988 a estabeleça como direito fundamental. Assim, de acordo com Souza
(2019, on-line), “A Constituição Federal de 1988 reconheceu a assistência social como um
direito fundamental. O artigo 203 determina que “a assistência social será prestada a quem
dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social”. As diretrizes da
política de assistência social estão abrigadas no art. 204 da Constituição Federal e abordam
a descentralização, política e administrativa, bem como o controle social e a participação
popular.

UNIDADE I Planejamento e Política Social 15


Para compreender corretamente a construção dos direitos humanos, se faz ne-
cessário passar pelos principais momentos históricos, tal como afirma Assunção (2020, p.
9) “Na história das políticas sociais temos de, obrigatoriamente, fazer uma digressão com
relação ao momento na história da humanidade onde as sociedades começaram a aventar
a ideia de direitos.” Fazendo essa incursão retomamos momentos históricos singulares de
constituição dos direitos humanos.
Pelo histórico brasileiro, temos que vieram dos trabalhadores a maioria dos direi-
tos que temos hoje e dos “[...] marcos relacionados ao que se aventou, inicialmente, ser
tratado como momentos introdutórios de concretização de direitos. Por isso, relataremos a
importância da perspectiva Keynesiana e o chamado Welfare State ou Estado de bem-estar
social” (ASSUNÇÃO, 2020, p. 9).
De forma geral, uma política social representa um planejamento institucional que
visa corrigir um problema social, uma desigualdade, e seu desenvolvimento sempre será
condicionado pelos acontecimentos do momento de sua criação:
A constituição de políticas sociais, ainda que esteja vinculada a momentos
e fatos históricos que as influenciaram, se dá de modo particular em cada
contexto e realidade social. Como veremos, no caso do Brasil, isso ocorrerá
de modo paulatino e posteriormente aos demais países europeus. Isso tem
relação, dentre outros fatores, com a nossa realidade colonialista e escravo-
crata e com a predominância de uma elite agrária que por longo tempo foi
obstáculo para o desenvolvimento do país (ASSUNÇÃO, 2020, p. 9).

Os grandes embates históricos, como a disputa entre o proletariado e a burguesia,


formam os precursores das políticas públicas e, dentre estes grandes momentos, temos o desen-
volvimento e expansão do capitalismo, em destaque, tal como afirma Azevedo et al. (2018, p. 14),
Através da expansão do capitalismo no período industrial, ocorreu disputa en-
tre a burguesia e o proletariado, pois a burguesia, para obter maiores lucros,
explorava o trabalhador exigindo longas jornadas de trabalho em condições
precárias e salários miseráveis, o que não possibilitava condições mínimas
de subsistência ao indivíduo.

Em cada grande evento histórico, como a Revolução Industrial, sempre ocorreu


uma ebulição social colocando a população para lutar mais por seus direitos, assim como
defende Azevedo et al. (2018, p. 8):
Somado a este cenário, houve o alto índice de demissões com o advento da
primeira Revolução Industrial, no final do século XVIII e início do século XIX,
na Inglaterra. Em resposta, em diversos países, os trabalhadores fizeram gre-
ve em busca de melhores condições não somente de trabalho, mas também
de vida. As políticas sociais surgiram, nesse cenário, como um meio de am-
pliar os direitos ou riquezas dos trabalhadores; em contrapartida, também era
um instrumento de manutenção da força de trabalho e moeda de troca pela
elite dominante.

UNIDADE I Planejamento e Política Social 16


Portanto, se eventos históricos e sociais condicionam o surgimento das políticas
sociais, em cada país deverá ter um pacote de leis e políticas sociais específico, desenhado
para os propósitos que atendam a sua norma e promovam qualidade de vida, tal como
defende Azevedo et al. (2018, p. 8):
Por meio da pressão dos trabalhadores, o Estado passou a intervir e, para
isso, utilizou-se de um papel de “neutralidade” entre burguesia e proletariado
em prol da sociedade como um todo, que também tinha por objetivo a manu-
tenção e o avanço da política econômica capitalista. O ápice desse processo
ocorreu no período da década 1930, após a crise de 1929 em países como
Estados Unidos, Inglaterra e na Europa e foi chamado de Welfare State ou
Estado Bern-Estar Social, no qual ocorreu a maior aplicação dos direitos dos
trabalhadores, como educação, saúde, habitação, lazer e vida privada, além
de assegurar proteção no cotidiano das relações de trabalho.

De certa forma, o Estado sempre acompanhou as evoluções da sociedade, embora


venha fazendo isso muitas vezes no passo lento, muitas vezes tomando decisões e criando
políticas na base da pressão popular, mas nas últimas décadas muitas políticas vêm sendo
desenvolvidas. Neste sentido, Azevedo et al. (2018, p. 8) afirma que
Nessa realidade, o Estado amplia suas funções econômicas e sociais e passa
a controlar parcialmente e a assumir as despesas sociais, e políticas sociais
podem ser compreendidas como contenção e também como ampliação dos
direitos da classe trabalhadora, potencializando o controle da pobreza, mas
nenhum governo as projeta para superar as desigualdades sociais geradas
pelo sistema. Mas como foi referido, isso não ocorreu da mesma maneira em
todos os países.

O berço do Bem-Estar foi Europa e Estados Unidos da América, e nestes pode se


desenvolver pelo pleno emprego e concedendo acesso amplo a políticas sociais de forma
igualitária, mas na América Latina o cenário não foi tão promissor:
Na América Latina, especialmente no Brasil, nunca ocorreu de fato o acesso
universal às políticas sociais, o que ocorreu foi a criação de políticas focaliza-
das, isto é, destinadas a camadas específicas da população, por exemplo, a
lei trabalhista para os trabalhadores, alimentação e vacinas para a infância,
contra doenças específicas da população, como a tuberculose. Esses pro-
gramas eram criados a cada novo governo de maneira diferente, segundo
critérios burocráticos, eleitoreiros e assistencialistas, enquanto políticas de
favor e não de direito (AZEVEDO et al., 2018, p. 8)

O grande problema que países como o Brasil enfrentaram, no desenvolvimento ágil


e assertivo das políticas sociais, foi o de encontrar um ambiente de interesses e burocracia
elevada que desvirtuava os objetivos dessas políticas. Imagine, estudante, que a cada novo
governo sempre vão ser lançados novos programas sociais que levam tempo para serem
desenvolvidos e mais tempo para mostrar alguma efetividade e quando isso ocorre, entra
novo governo e começa do zero.
A mentalidade eleitoreira muitas vezes imposta no desenvolvimento dos programas
sociais e políticas públicas deixa de compreender a necessidade de continuidade e aprimo-

UNIDADE I Planejamento e Política Social 17


ramento em detrimento da arbitrária descontinuidade de programas e políticas que ainda
não alcançaram qualquer resultado, o que também demonstra desapego pela gestão dos
recursos dos contribuintes.

SAIBA MAIS

Existe uma secretaria de governo somente para tratar do Desenvolvimento Social e que
recebe o mesmo nome. De acordo com BRASIL (2020, on-line):

A Secretaria Especial do Desenvolvimento Social integra a estrutura do Ministério da


Cidadania, órgão responsável por políticas executadas pelos extintos ministérios do De-
senvolvimento Social e do Esporte e instituído por meio do Decreto nº 9.674/2019, no
dia 2 de janeiro de 2019 e Decreto nº 10.357/2020, no dia 20 de maio de 2020.
Compete à secretaria assessorar o Ministro da Cidadania na formulação e coordena-
ção de políticas, programas e ações voltados à renda de cidadania, assistência social,
inclusão social e produtiva nos âmbitos rural e urbano, atenção à primeira infância e
cuidados e prevenção às drogas.

REFLITA

Estudante, falamos sempre que cabe ao Estado interceder pela população, principal-
mente pelos que são menos favorecidos ou que sofrem com suas condições de vida.
Próximo a 1930, o Estado passou a atuar de forma neutra em relação ao embate
entre proletariado e burguesia, mas seria a neutralidade uma forma de não se compro-
meter efetivamente com a sociedade proletária? Pense nisso!

Fonte: o autor.

UNIDADE I Planejamento e Política Social 18


3. PLANEJAMENTO TECNOCRÁTICO E GESTÃO SOCIAL

Estudante, mesmo que planejar soe como uma tarefa que, em sua execução, se-
gue preceitos e normas, não pense que é algo como um gabarito ou uma ficha cadastral
em que se preenche lacunas e o resto é previamente programado. Existem sim diferentes
abordagens para o planejamento, assim como existe para a gestão de empresas e até
mesmo na construção de uma política pública.
Recapitulando o que significa planejamento, temos Ferreira (2010, p. 590 apud
SILVEIRA, 2016, p. 36) tratando como um conceito mais aberto: “[...] é mais do que uma
mera previsão ou projeção de um determinado trabalho, ou ainda, mais do que a resolução
de problemas, ou até mesmo da elaboração de planos. Planejar envolve um processo de
tomada de decisões”.
Façamos a seguinte analogia: imagine que duas pessoas receberam os mesmos
ingredientes e a mesma receita para fazer um bolo de chocolate. Seria lógico pensar que,
com o mesmo tipo de forno, mesmos ingredientes e mesma receita, o resultado, o bolo
pronto, apresenta sabor idêntico, correto? Mas também é possível que cada bolo tenha
seu próprio sabor, textura e até a cor. O mesmo princípio vale para o planejamento, em
que gestores podem operar sob as mesmas condições e, mesmo assim, com as mesmas
ferramentas e capacidade técnica, produzir com desempenho distinto.
Bolo de chocolate ou planejamento dependem tanto de habilidades quanto da
vontade, da bagagem de quem o faz para se ter o resultado. Um gestor de formação mais

UNIDADE I Planejamento e Política Social 19


conceitual produzirá um planejamento mais compreensivo, complexo, ao passo que um
gestor de formação mais voltada à prática, à técnica, produzirá um planejamento técnico
e minuciosamente descrito. Neste sentido, segundo Oliveira (2001, p. 33 apud SILVEIRA,
2016, p. 39), “O processo de planejar envolve, portanto, um “modo de pensar”; e um salutar
modo de pensar envolve indagações; e indagações envolvem questionamentos sobre o
que será feito, como, quando, quanto, para quem, por quê, por quem e onde será feito”.
Se aplicarmos as diferenças no modo de se planejar ao Governo teremos que
considerar a ideologia partidária de quem planeja, assim como seu viés político, se conser-
vador, se moderado etc., pois esses fatores vão condicionar seu estilo de planejamento,
Assim, Avancini e Cordeiro (2004 apud SILVEIRA, 2016, p. 37) afirmam que:
O planejamento é, antes de tudo, um instrumento político que vincula e concre-
tiza as decisões de uma organização. É condição fundamental compatibilizar
um método de racionalidade, um processo político decisório vinculado à toma-
da de decisão e benefício de uma maioria, lembrando-se que o método cons-
truído nem sempre consegue dar conta do que se deseja em termos políticos.

Claro que o planejamento, quando dentro da esfera pública, não é o mesmo que aquele
estudado e conceituado para o meio empresarial, pois no Governo existem leis e normas que
vão impactar a atuação de quem desenha um projeto, tal como defende Theodoro (2014, p. 5):
O planejamento no ambiente organizacional ou na implantação de políticas
públicas parte dos mesmos princípios já conhecidos e praticados por todos, en-
tretanto está submetido a um conjunto de leis, decretos, portarias, normas e có-
digos exatamente por tratar de questões que transcendem a decisão particular.

Se a discussão é sobre o Termo planejamento apenas, existe uma grande am-


plitude de aplicações, pois planejar pode ser dentro da empresa ou como um conjunto
de parâmetros que vai guiar as ações de um profissional autônomo, como o de Serviço
social. Assim, de acordo com Avancini e Cordeiro (2004 apud SILVEIRA, 2016, p. 37), “A
história do processo de planejamento como instrumento do agir profissional para provocar
a mudança desejada, o planejamento começou a ser alvo de atenção em decorrência do
desenvolvimento científico e da acentuada industrialização ocorrida no final do século XVIII
e no desenrolar do século XIX”.
O termo tecnocracia começou a ser utilizado na década de 1930 e se apresentou
bem intuitivo ao dar representatividade a um momento em que o desenvolvimento social se
muniu de cientistas. De acordo com Betoni (2020, on-line),
Entende-se como tecnocracia um sistema social em que o poder político e
a gestão da sociedade, em seus diversos aspectos, encontra-se na mão de
especialistas, técnicos e cientistas. [...] Mais adiante, o termo foi também sen-
do apropriado para designar o protagonismo de outras categorias de espe-
cialistas – incluindo engenheiros, economistas, cientistas e militares – nas
decisões públicas e instituições políticas. Nas Ciências Sociais, o termo tec-
nocracia é bastante ambíguo, ganhando interpretações e sentidos variados.

UNIDADE I Planejamento e Política Social 20


Agora o Planejamento Tecnocrático, embora tenha buscado forte embasamento
para garantir um desenvolvimento social robusto, toda essa confiança na técnica, no conhe-
cimento promoveu a centralização, ou seja, uma menor ou inexistente participação popular
em sua composição. De acordo com Theodoro (2014, p. 6), “O Planejamento tecnocrático
é assumido por um técnico ou grupo de técnicos vinculados a uma instituição pública ou
privada, para a realização de ações voltadas a uma problemática específica”.
Construir desenvolvimento social, políticas públicas pela ótica do planejamento
tecnocrático, ao menos em teoria, sempre foi uma excelente ideia, pois preconiza em sua
estrutura a informação de qualidade na composição de seus indicadores etc.:
Com base em indicadores quantitativos e objetivos, intenciona operar sobre a
estrutura social, econômica e política ou na estrutura institucional com ações
puramente racionais e sob a perspectiva funcionalista de sociedade isto é,
estruturada e na qual todos têm que se ajustar e os conflitos existentes de-
vem ser amenizados e trabalhados de tal forma que não ofereçam ameaças
estrutura instituída (COSTA, 2013 apud THEODORO, 2014, p. 6).

A voz mais ouvida nesse planejamento é a voz da razão, sem ela, preção nenhuma
da população se converte em desejo ou conquistas, com isso, temos aqui um modelo verti-
cal descendente, que, de acordo com Theodoro (2014, p. 6), “[...] parte do princípio de que
as decisões sobre a forma de organizar a sociedade ou uma instituição é de alçada e teor
dos tecnocratas e não de todos os sujeitos envolvidos”.
Quando o tema da discussão é desenvolvimento social, políticas públicas para o
desenvolvimento social o que se espera é incluir a sociedade nas conversas e delibera-
ções, pois dela vem os anseios, desejos e problemas que se pretende aliviar ou corrigir.
Portanto, no planejamento tecnocrático a participação popular é sempre requerida, mas
não é substituída pelo embasamento técnico/científico à disposição.
O ideal seria usar de planejamento democrático e, com isso, ouvir mais e melhor a
população. Comparando o planejamento democrático com o tecnocrático temos que o pri-
meiro, aqui nomeado PD (Planejamento Democrático), tende a promover melhor os desejos
e carências da população, enquanto o segundo, chamado aqui de PT (Planejamento Tecno-
crático), busca seu embasamento em pesquisa científica e sem que a população participe.
Portanto, no planejamento tecnocrático existe a noção de que a população não
consegue contribuir de forma efetiva com os estudos realizados, pelo fato de que geralmen-
te tem pouca aptidão científica. Segundo Goytisolo (1981, p. 741 apud NEVES, 2016, p.
85), “[...] tecnocracia é uma forma de governo conduzida por especialistas (ou tecnocratas)
baseada em uma concepção ideológica de mundo que opera a racionalização quantitativa
de todas as atividades, dando primazia às econômicas e, em geral, às utilitárias”.

UNIDADE I Planejamento e Política Social 21


Outro ponto que a tecnocracia exclui a participação popular é na crença que existe
ali, na sociedade, uma baixa aderência ao racional, algo extremamente valorizado, central
a essa forma de planejamento, e neste sentido:
[...]a racionalidade tecnocrática pressupõe a efetividade da cisão cartesiana
entre res cogitans (mundo do pensamento) e res extensa (mundo inerte da
matéria, no qual se incluem homens e sociedades humanas enquanto objeto
de experimentação e racionalização). Caracterizando-se pela “tendência a
centralizar toda a res cogitans em umas poucas mentes de especialistas, os
tecnocratas, que assumem o comando do mecanismo construído para racio-
nalizar a res extensa” (GOYTISOLO, 1981, p.741 apud NEVES, 2017, p. 85).

A tecnocracia representa a forma sistêmica com que a sociedade e o Estado se


apropriam do Poder Público e como uma forma de se substituir a figura do político em
detrimento do técnico, tanto no condicionamento quanto no processo de tomada de decisão
(NEVES, 2017).
Em um primeiro momento podemos perceber a gestão social como precursora de
temas como o da responsabilidade social. Em ambos os casos suas conceituações e or-
denamentos buscam colocar a empresa. Agora, do ponto de vista social, governamental a
gestão social é representada por todos os processos gerenciais desenhados com o objetivo
de se administrar projetos sociais.
De maneira geral, se existe recurso limitado, necessidade de ser eficiente, eficaz,
seja público ou privado, deve existir uma forma de gestão e, neste sentido, Silveira (2016)
afirma que são diversas as áreas em que a gestão se faz presente, instrumental e seu
emprego promove ações completas, organizadas, dinâmicas.
Agora para situações de projetos e planejamento social, a gestão deve ser bem
mais específica, pois trata de situações e problemas sociais e não de concorrência, fatias
de mercado, embora dentro de sua estrutura, residem todos os componentes da gestão
empresarial. Neste sentido, Brant Carvalho (2013 apud AFFONSO 2018, p. 103) apresenta
o seguinte panorama da Gestão Social:
[..] gestão social se refere à gestão de políticas e programas sociais públicos.
Seu significado é amplo e, de acordo com alguns estudiosos, seu conceito
ainda está em processos de construção. Além de estar relacionado à go-
vernança das políticas e programas sociais, refere-se também à gerência
técnico-administrativa desses serviços e programas sociais, intervindo na
qualidade de bem estar que o Estado oferece, na cultura política do fazer
social; nas prioridades que constam na agenda política e programas sociais;
nos processos de participação dos sujeitos sociais.

A gestão social se aproxima muito do que se preconiza no planejamento demo-


crático ao buscar criar um ambiente onde todos possíveis atores interajam na busca por
construir algo de maior valor para com a população. Esses atores são o próprio poder
público, a sociedade civil e a econômica.

UNIDADE I Planejamento e Política Social 22


Assim como nas empresas, no mundo empresarial, a gestão social está no topo
da pirâmide, mas se, para o mundo empresarial, o objetivo é coordenar recursos a serem
aplicados em projetos e planejamentos que visam lucro, a Gestão Social tem seu enfoque
em uma contínua busca por uma melhor qualidade de vida da população. Assim, de acordo
com Kauchakje (2007 apud AFFONSO, 2018, p. 104), “É a gestão de ações sociais públicas
que visam atender às necessidades e demandas dos cidadãos, garantindo seus direitos por
meio de políticas, programas e serviços sociais”.
Pela gestão social, um movimento originado na década de 1980, o Poder Público
e a sociedade passam a ter maior sinergia, afinal, as demandas ecoam das necessidades
e carências da população, portanto tê-la como parte da composição das políticas aumenta
e muito suas chances de sucesso, de efetividade. De acordo com Maciel e Bordin (2015,
p. 2), “Essa constatação decorre da dinâmica que se processa entre as iniciativas públicas
estatais e a crescente incidência da sociedade civil organizada nas instâncias de participa-
ção e trato das demandas sociais”.
Ao contrário da Tecnocracia, a Gestão Social tratava o processo decisório, a criação
dos projetos de forma descentralizada e compartilhada. Esse cenário mantinha a intenção
de um Estado mínimo, tal como afirmam Maciel e Bordin (2015, p. 2): “Concomitantemente,
na esteira destas iniciativas, se identificam os movimentos contra reformistas que defen-
diam a minimização do Estado e a crescente participação da sociedade civil nas demandas
e necessidades sociais”.
Embora ter a participação da sociedade seja algo que conceitua a gestão social,
sua ocorrência verdadeira veio apenas com muita luta, muito protesto, muita exigência da
sociedade civil, que teve seu momento alto na década de 1990:
E, dialeticamente, os movimentos pela defesa da participação democrática e
participativa da causa pública. Essas iniciativas foram acompanhadas, igual-
mente, pela comunidade científica que passou, a partir da década de 90 do
século XX, a tomar esta realidade como objeto de estudos e pesquisas, fazen-
do avançar a apropriação teórica da mesma (MACIEL; BORDIN, 2015, p. 2).

A tão benéfica participação de diversos atores na gestão social é considerada, na


verdade, uma exigência para que produza políticas sociais de qualidade, para que sua produ-
ção seja fonte de satisfação pela população e que entregue aquilo que a Constituição Federal
de 1988 garante. Com isso, gestão social é sinônimo de gestão participativa, de diálogo entre
os diferentes atores, cujo objetivo é atender o interesse de todos (AFFONSO, 2018).
Para Fischer (2002 apud AFFONSO, 2018, p. 104), a gestão social é caracterizada
pela múltipla articulação dos níveis de poder. A gestão social faz a mediação, a articulação
entre os diversos atores, negocia e prioriza o que deve ser feito, e ao contrário do universo

UNIDADE I Planejamento e Política Social 23


corporativo, não representa uma função, um cargo a ser ocupado por uma pessoa, e sim
por um coletivo misto. Se tratando de um sistema cujo lucro representa o bem estar da
população, é fundamental que seja construído e gerido de maneira participativa, sinérgica
e o Estado participa como regulador e a sociedade assume o controle social.

SAIBA MAIS

A inovação na Gestão Social depende de continuidade


Estudante, é possível que muitos programas sociais já extintos pudessem ter encon-
trado seu tempo, seu sucesso se tivesse perdurado no tempo, ou passado ao governo
seguinte. Médio e longo prazo são características comuns de projetos sociais que pro-
metem profundas mudanças, existem exemplos no mundo todo desta perspectiva:
Bogotá trabalhou por uma década e três governos para obter resultados
em relação aos números da violência. Chicago, desde 1992, vem insistindo
no projeto Imagine Chicago. Novas práticas precisam de tempo para ser
experimentadas, criticadas, até que estejam aptas para fazer o diálogo com
os conceitos estabelecidos e criar novos saberes (INOJOSA; JUNQUEIRA,
2008, p. 177).

REFLITA

Estudante, o governo brasileiro faz a gestão social, mas para quem? Para si mesmo,
ou para a sociedade? O que o governo realmente prioriza em suas políticas sociais?
Reflita!

Fonte: o autor.

UNIDADE I Planejamento e Política Social 24


4. AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS SOCIAIS

Estudante, em nossa caminhada alinhamos alguns conceitos de planejamento,


dentro e fora da esfera pública, e agora trataremos de um ponto do planejamento que é até
um pouco mais relevante dentro das políticas públicas: a sua avaliação.
Com isso já podemos dizer que o motivo da grande importância da avaliação
das políticas públicas é ligeiramente distinto da avaliação de um projeto corporativo, pois
aqui a necessidade não é de se enxergar o bom uso dos recursos (isso fica na esfera da
transparência e prestação de contas), mas sim de se averiguar qual o nível dos resultados
encontrados em relação às metas propostas.
As políticas sociais são um importante instrumento de efetivação de propostas de
bem estar que, mesmo asseguradas em Constituição, nem sempre são efetivas ou funcio-
nais e com isso, não apresentam resultados satisfatórios, ou seja, não geram bem estar. De
acordo com Assunção (2020, p. 105),
Os direitos de cidadania que não se concretizam na realidade dos sujeitos
vêm a ser assegurados mediante a criação de políticas sociais direcionadas
para os cidadãos e às suas demandas mais fundamentais. Essas demandas
são diversas e os públicos a que elas se dirigem são igualmente diversifica-
dos: crianças, adultos, idosos, pessoas com deficiência, mulheres e famílias
no seu conjunto.

Políticas sociais são mecanismos utilizados pelo Poder Público a fim de se pro-
porcionar o atendimento das necessidades sociais da população, seus objetivos coletivos.
Assim, de acordo com Barros e Lima (2017, p. 14), temos que “A definição de objetivos

UNIDADE I Planejamento e Política Social 25


coletivos não é uma tarefa fácil, já que as escolhas coletivas são agregações de escolhas
individuais. Escolhas individuais conscientes tipicamente requerem um acúmulo considerá-
vel de informação e bastante reflexão”.
O grande elemento de complexidade na construção das Políticas Sociais é exa-
tamente o volume de feedback que se obtém em projetos coletivos e do fato de que nem
sempre existe uma unanimidade. Assim,
Além de todos os requisitos informacionais e de racionalidade comuns à es-
colha individual, a escolha coletiva requer certa simultaneidade na formula-
ção das opiniões individuais e ainda a existência de um processo para con-
sulta e agregação dessas opiniões (BARROS; LIMA, 2017, p.14).

Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que, juntos, somam 169 metas,


provam esse conceito, pois foram construídos em mais de 4 décadas, e, de acordo com
Barros e Lima (2017, p. 14), “Uma vez definidos, objetivos coletivos, invariavelmente, são
traduzidos em alguma forma de legislação, algum tipo de contrato social, que estabelece
formalmente o compromisso com os objetivos escolhidos”.
A sociedade está sempre em mutação, seus desejos, sua criatividade, suas ne-
cessidades latentes e sua curiosidade, o que configura um dos motivos de sua constante
avaliação. A exemplo das empresas, que fazem todo planejamento para um lançamento de
produto e que no percurso promovem mudanças devido a fatores como novos entrantes
ou empresas falindo, mudança de comportamento, as políticas públicas sociais devem
considerar um robusto pacote de indicadores que lhe mostrarão se o que foi desenhado
está promovendo qualidade de vida e satisfação, ou se mudanças precisam ser feitas.
Estudante, imagine se em uma pequena cidade o município cria um programa de
aleitamento materno que visa distribuir leite em pó a famílias com certa faixa de renda per
capita e, devido ao empenho dos gestores, este município deseja tornar vitalício o progra-
ma. O que pode ocorrer? E se a população da cidade envelhecer e com isso o número de
nascimentos for, a cada ano, menor?
Portanto, avaliar uma política social significa avaliar se o valor dos indicadores está
mais próximo do objetivo ou não. Quando a avaliação revela que os indicadores estão piores
do que antes da implementação da política social é um grande indicativo da necessidade
de sua extinção em detrimento da criação de uma outra. Neste sentido, Assunção (2020, p.
105) afirma que “Também é importante que haja avaliação e monitoramento das políticas
sociais concomitantemente ao seu funcionamento, para que assim possam ser detectadas
as suas fragilidades e os seus pontos fortes”.

UNIDADE I Planejamento e Política Social 26


Importante ressaltar que a métrica e forma de avaliação das políticas sociais será
desenhada com a própria política em si e de acordo com Assunção (2020) esta avaliação,
junto com seu monitoramento é um processo feito tanto por quem coloca a política em
prática, quanto os seus gestores, pois é importante o estabelecimento do diálogo para que
o feedback seja mais bem aproveitado.
Assim como em outros aspectos culturais, políticos e econômicos, o processo de
avaliação das políticas públicas brasileiro tomou por modelo o trabalho realizado pelos nor-
te-americanos. De acordo com Silva e Barros (2004, p. 1), mesmo assim não representou
ter no Brasil um “Estado de Bem-Estar Social” autêntico, mas que com a
[...] redemocratização da vida política, ainda que formal no país, implicou no
país o desenvolvimento de concepções e práticas de avaliação, em função,
por um lado, da necessidade de controle social dos gastos públicos e, por
outro, da imposição feita pelas agências de financiamento internacionais.

A avaliação é um processo empregado em toda atividade humana e no universo


das políticas públicas apresenta peculiaridades. Segundo Silva e Barros (2004, p. 1), “[...]
efetiva-se no momento em que se aplicam técnicas e métodos para verificar, a partir dos
critérios de efetividade, eficácia e eficiência, as reais mudanças que determinada política ou
programa social provocou numa realidade específica”. Portanto existe um tripé das avalia-
ções de políticas públicas: Avaliação Política da Política; Avaliação de Processo e Avaliação
de Impactos, descritos no quadro a seguir:

QUADRO 01 - TIPOS DE AVALIAÇÃO SOCIAL

Tem seu foco de análise no desenho de uma dada política ou programa, considerando-se
tanto a proposta da política em si como o arcabouço institucional que deverá dar suporte
Avaliação
a seu desenvolvimento. Pode-se afirmar que esse tipo de avaliação discute os princípios
Política da
e a viabilidade de uma política ou programa ainda não implementado. [...] trata-se de uma
Política
avaliação ex-ante cuja finalidade é “proporcionar critérios racionais para uma decisão qua-
litativa crucial: se o projeto deve ou não ser implementado”.
Está voltada para analisar o processo de implementação de uma dada política, tendo por
referência as diretrizes e metas estabelecidas inicialmente e os resultados já alcançados.
Avaliação
Desta forma, esse modelo de avaliação objetiva, sobretudo, aferir a eficácia de um progra-
de Proces-
ma. Essa avaliação analisa, pois, o funcionamento de um determinado programa, por isso
so
é realizada durante sua implementação, possibilitando inclusive seu redimensionamento,
uma vez constatada a ocorrência de falhas, omissões ou equívocos.
[...]provavelmente é a modalidade de avaliação mais adotada na atualidade, uma vez que
analisa as efetivas mudanças ocorridas em uma realidade especifica a partir da implemen-
Avaliação
tação de um programa, ou seja, analisa os impactos do programa. Considerando-se a di-
de Impacto
mensão temporal, esse tipo de avaliação pode ser realizado tanto durante como depois
(Avaliação ex-post) da implementação de uma política ou programa.

Fonte: adaptado de Silva e Barros (2004, p. 4)

UNIDADE I Planejamento e Política Social 27


Arretche (2001 apud SILVA; BARROS, 2004, p. 6) apresenta uma visão mais prá-
tica da avaliação das políticas públicas, considerando como critério: eficiência, eficácia e
efetividade. Começando pela avaliação da eficiência de um programa, temos que é feita a
relação entre os custos das ações necessárias e os resultados alcançados.
Avaliar a eficácia de uma política pública significa comparar os objetivos e os instru-
mentos com os resultados aferidos. Para Silva e Barros (2004), avaliar a efetividade repre-
senta avaliar o impacto direto e indireto dos serviços que a política se dispõe a oferecer. Tal
impacto é medido na vida da população destinada a receber o programa, portanto, trata-se
das mudanças efetivas na realidade destas pessoas.

SAIBA MAIS

Avaliação das Políticas Públicas pelo ponto de vista Político


Em geral as avaliações das políticas públicas, como o próprio nome indica, são centra-
das em se confirmar eficácia, efetividade e eficiência com relação ao seu objetivo, ou
seja, avalia o direto impacto na população que pretende atender. Mas existe a análise
que desconstrói a política de forma a se comprovar, dentre outros parâmetros, a pro-
porção entre o que se é investido financeiramente, em estrutura física e humana em
comparação com o impacto que gera e, de acordo com Boschetti (2009, p. 9).

Do ponto de vista político, é importante que a análise contemple o papel do Estado em


sua relação com os interesses das classes sociais, sobretudo na condução das políticas
econômica e social, no sentido de identificar se atribui maior ênfase nos investimentos
sociais ou prioriza políticas econômicas; se atua na formulação, regulação e ampliação
(ou não) de direitos sociais; se possui autonomia nacional na definição das modalidades
e abrangência das políticas sociais ou segue imperativos dos organismos internacio-
nais; se investe em políticas estruturantes de geração de emprego e renda; se fortalece
e respeita a autonomia dos movimentos sociais; se a formulação e implementação de
direitos favorece os trabalhadores ou os empregadores. Enfim, deve-se avaliar o caráter
e as tendências da ação estatal e identificar os interesses que se beneficiam de suas
decisões e ações.

UNIDADE I Planejamento e Política Social 28


REFLITA

O planejamento não leva nenhuma política social ao sucesso, quem a leva é quem tem
o poder de decidir seguir o caminho que o projeto indica, se este foi feito de maneira
adequada. Reflita!

Fonte: o autor.

UNIDADE I Planejamento e Política Social 29


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estudante, uma consideração que podemos fazer sobre o que estudamos e com-
preendemos nesta unidade é que, embora o planejamento seja tão natural ao ser humano
quanto seu senso de coletividade, sua necessidade de estar em grupo, socializar, quando
se trata de algo que evoluiu ao ponto de se institucionalizar, deixa de ser algo enraizado e
passa a ser muito mais instituído.
A questão do planejamento social está muito evoluída no Brasil, mas ainda carece
de maior penetração de seu sentido principalmente no que diz respeito à esfera pública e sua
falta de senso de continuidade, pois a cada novo governo projetos são cancelados ou dras-
ticamente modificados sem terem alcançado sua etapa de desenvolvimento ideal para tal,
apenas porque novo governo entra com noções distintas de como se conduzir tais questões.
Mas fato é que, com planejamento, o desenvolvimento social no Brasil sempre
avançou muito e contribuiu principalmente para a construção de políticas sociais, cada vez
mais robustas e efetivas. Do lado da gestão social ainda podemos perceber a influência do
que preconizam os conceitos de planejamento ao se tornar uma ferramenta de controle e
efetivação das políticas propostas.
Por fim, o ponto importante que registro sobre a avaliação das políticas sociais está no
lado do Poder Público, pois embora seja obrigatório que cada política tenha sua efetividade,
eficácia e eficiência sempre avaliadas e validadas para com os objetivos propostos, é preciso
que dentro do governo o processo esteja sendo conduzido de maneira coerente pois se for
negligenciado não terá os recursos necessários para ser efetiva e corre até mesmo o risco de
que uma política social seja encerrada e deixe de promover o bem estar social.

UNIDADE I Planejamento e Política Social 30


LEITURA COMPLEMENTAR

Definindo Política Social, se possível!


Estudante, em nosso material trabalhamos diversos conceitos em torno do tema
Política Social, mas definir o que significa o termo não é a tarefa mais simples pois quem
a estuda, quem a executa e quem a gerencia, frequentemente apresentam significados
distintos, com isso recomendo a leitura do artigo de Maria Lucia Teixeira Werneck Vianna
com o tema: “em torno do conceito de Política Social: notas introdutórias”.
Disponível em: http://antigo.enap.gov.br/downloads/ec43ea4fMariaLucia1.pdf

Boa leitura.

UNIDADE I Planejamento e Política Social 31


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Gestão e Planejamento em Serviço Social
Autores: Silvia Santiago Martins, Klauze Silva, Andreia da Silva
Lima, Gessika Mayara dos Santos.
Editora: Sagah
Sinopse: Este livro traz os conhecimentos necessários à in-
corporação dessas habilidades gerenciais e de planejamento,
fundamentados na teoria social crítica e saudável ao cotidiano
profissional, inclusive para aqueles que trabalham prioritariamente
como executores terminais das políticas sociais.
Link: disponível em: <https://amzn.to/2Ux4XD2>

FILME/VÍDEO
Título: Cidade de Deus
Ano: 2002
Sinopse: Buscapé (Alexandre Rodrigues) é um jovem pobre,
negro e muito sensível, que cresce em um universo de muita vio-
lência. Buscapé vive na Cidade de Deus, favela carioca conhecida
por ser um dos locais mais violentos da cidade. Amedrontado com
a possibilidade de se tornar um bandido, Buscapé acaba sendo
salvo de seu destino por causa de seu talento como fotógrafo, o
qual permite que siga carreira na profissão. É através de seu olhar
atrás da câmera que Buscapé analisa o dia a dia da favela onde
vive, onde a violência aparenta ser infinita.
Link do vídeo: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-45264

UNIDADE I Planejamento e Política Social 32


WEB

● Avaliação de políticas públicas em saúde:


A Fundação Fiocruz sempre investe pesado em pesquisa e produção científica e
com isso decidiu estudar de forma profunda o impacto das políticas públicas em saúde nos
jovens entre 15 e 29 anos com o objetivo de se conhecer os principais problemas de saúde
nesta amostra. Saiba mais sobre a pesquisa no link a seguir:
● http://www.observatorio.fiocruz.br/noticias/pesquisa-investiga-como-politicas-
-publicas-em-saude-afetam-juventude-brasileira

UNIDADE I Planejamento e Política Social 33


UNIDADE II
Tipos e Níveis de Planejamento
Professor Lindolfo Alves dos Santos Júnior

Plano de Estudo:
● Planejamento para o controle social e para o processo de mudança.
● Aproximações e diferenciações do planejamento participativo e estratégico.
● Reflexos dos diferentes tipos de planejamento no contexto das políticas sociais.
● Método Trevo.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar o controle social e o processo de mudança
● Compreender os tipos de planejamento dentro do contexto social
● Estabelecer a importância do planejamento estratégico situacional

34
INTRODUÇÃO

Estudante, podemos estabelecer Planejamento como a palavra de ordem nesta


unidade e vamos trabalhar seu significado dentro da esfera do Serviço Social em diversos
aspectos, a começar pelo planejamento para o controle social e para o processo de mudan-
ça, quando discutiremos conceitos e metodologias que, mesmo derivadas da Administração,
encontraram seu formato específico nas políticas públicas.
Assim, com esse embasamento, poderemos compreender melhor as relações e
aproximações do planejamento participativo e estratégico e, com isso, seu objetivo maior
de que somente com estratégia e participação que se pode vencer a injustiça da realidade
social brasileira.
Dentro do escopo dos reflexos dos diferentes tipos de planejamento no contexto
das políticas sociais abordaremos a implementação das políticas públicas e como sua
produção teórica e prática cresceu no Brasil, em parte motivadas pelo aumento nos progra-
mas sociais. Por fim, tratemos para a discussão o Terceiro Setor e o Método Trevo e sua
construção administrativa sustentável dentro das instituições sem fins lucrativos.

UNIDADE II Tipos e Níveis de Planejamento 35


1. PLANEJAMENTO PARA O CONTROLE SOCIAL E PARA O PROCESSO DE
MUDANÇA

Antes de partir para aspectos mais peculiares do planejamento dentro da esfera da


assistência social devemos resgatar o conceito de planejamento e como entra, inalterado
em sua base no universo do Serviço Social. Muitos consideram o planejamento como uma
estratégia que visa minimizar problemas, utilizar melhor os recursos disponíveis, o que não
se distancia dos conceitos acadêmicos e administrativos.
Mas dentro do ambiente público, das políticas públicas e sociais, existe sim uma
diferenciação, digamos, um aporte de regras e conceitos que tornam o planejamento algo
mais institucionalizado, normatizado. Neste sentido, Ferreira (2017, on-line) afirma que o
planejamento é um conceito já existente no subconsciente:
[...] ao discutir os conceitos e metodologias de planejamento, deve-se consi-
derar inicialmente que esse é um tema com o qual todos já têm afinidade. O
planejamento no ambiente organizacional ou na implementação de políticas
públicas parte dos mesmos princípios já conhecidos e praticados por todos, en-
tretanto está submetido a um conjunto de leis, decretos, portarias, normas e có-
digos exatamente por tratar de questões que transcendem a decisão particular.

Não cabe, neste momento, julgar ou afirmar se o processo de planejamento, quan-


do influenciado, dirigido por leis e normas, terá sua constituição mais ou menos robusta
que um planejamento organizacional comum, mas fato é que a exigência de se seguir leis e
normativas fará com que as expectativas sejam outras, mais travadas em algum indicador.
De acordo com Ferreira (2017, on-line),

UNIDADE II Tipos e Níveis de Planejamento 36


Em via de regra envolve um conjunto de atores com visões e expectativas
diversas e uma infinidade de fatores políticos-institucionais que norteiam o
processo de tomada de decisão e regulam a prática cotidiana comum, cuja
responsabilidade por seu êxito, passa a ser de uma coletividade, e não mais
do indivíduo em seu universo pessoal.

Claro que a existência das leis e indicadores faz com que planejar uma política social,
por exemplo, seja mais complexo, pois tal política é construída em volta de uma realidade
existente que lhe fornece números. Com esses números a equipe encarregada de desenhar
o projeto tem que ajustar os demais parâmetros de forma que seja atendido o objetivo, então
os recursos são distribuídos dentro do objetivo de se mudar a realidade encontrada.
Agora, quando os projetos são feitos dentro de uma empresa, existe a possibilidade
de se ajustar os objetivos se o cenário dos recursos for menos favorecedor, digamos que
existe ali a aceitação da realidade, ao passo que, no setor público, aceitar a condição não
é algo viável, é preciso mudar essa realidade através dos recursos disponíveis.
Por esse motivo a ferramenta do planejamento é tão importante na atuação do
profissional de serviço social, tal como defende Ferreira (2017, online): “Neste contexto,
o planejamento caracteriza-se como ferramenta de trabalho utilizada por um conjunto de
atores envolvidos para tomar decisões e organizar ações de modo a promover as transfor-
mações desejadas na realidade da organização ou da sociedade”.
Podemos perceber uma evolução desse formato de planejamento praticamente
situacional no que tange o Serviço Social, de acordo com Carvalho e Santos (2018), no
período entre 1960 e 1970, mas que
Na década de 1980, porém, uma nova perspectiva de planejamento gover-
namental surge a partir dos trabalhos de Carlos Matus, economista chileno,
ministro de Salvador Allende e exilado após o golpe militar que se abateu
sobre o Chile em 1973. Carlos Matus trouxe para o planejamento uma nova
lógica na qual está presente uma perspectiva política desconsiderada pelos
modelos normativos.

Um importante aspecto da evolução do formato de planejamento para as políticas


sociais foi o de permitir a flexibilização construindo projetos situacionais, sendo aqueles
construídos diante da realidade da situação, com impacto na sua efetividade, mas com
base em um cenário mais preciso. Neste sentido, Carvalho e Santos (2018, p. 16) afirma
que a flexibilidade está presente:
Além da perspectiva política também estão presentes no planejamento tal
como proposto por Carlos Matus, a “flexibilidade referenciada” e a “perspec-
tiva situacional” que, ao contrário dos antigos “diagnósticos”, considera a
dinâmica da realidade. Tais elementos fazem do planejamento estratégico
situacional uma ferramenta importante para o planejamento social, principal-
mente o planejamento de governo, mas, também para diversos setores onde
o componente político possui relevância.

UNIDADE II Tipos e Níveis de Planejamento 37


Por situacional entende-se que o planejamento foi ou será realizado tendo como
base de dados, de informações uma situação específica em seu ambiente de construção,
o ambiente público, somado a situação na qual pretende promover mudança, portanto tem
uma maior capacidade de se adaptar ao momento político social do país. Para Carvalho e
Santos (2018, p. 16), a política tem sufocado o planejamento social:
Esta visão que reduz o planejamento a mero instrumental está relacionada
à prática voltada para uma espécie de racionalização econômica e a lógica
do mercado capitalista. Esta concepção é intensificada com o início da rees-
truturação produtiva, que a partir de 1990, teve como um de seus pilares a
redução e o enfraquecimento do Estado.

Mas, relevante na esfera pública é, de acordo com Ferreira (2017, on-line), a com-
preensão de que existe “Um elemento fundamental na conceituação do planejamento é a sua
compreensão enquanto processo. O produto de um processo de planejamento é o plano”.
Processos são bastante frequentes na Administração Pública e fazem com que
se tenha um conceito positivo de burocracia, pois para que seja executada uma política
social, que obviamente se origina do Poder Público, tenha sido construída em uma série de
processos, procedimentos, normas e leis. E nesta realidade o planejamento entra como um
instrumento que organiza e fornece a sequência certa dos eventos:
O plano é um instrumento de orientação que reúne as conclusões do pro-
cesso de planejamento. É um composto de várias declarações. Declarações
estas que buscam definir com a maior precisão possível o que se pretende
exatamente e como alcançar o proposto. O processo de planejamento pro-
porciona a participação e a aprendizagem a todos os envolvidos e promove
a pactuação de um projeto coletivo mediante a tomada conjunta de decisão
(FERREIRA, 2017, on-line).

A evolução do modelo de planejamento no setor público passou por um processo


diferente de mudança do que no setor privado e, de acordo com Neto (2018, on-line), “Ao
longo do tempo, os modelos teóricos de administração pública passaram por um processo
de evolução, em que o formato seguinte procurou corrigir as falhas do anterior”. Essa evo-
lução do planejamento apresentou a seguinte sequência:
● Administração pública patrimonialista;
● Administração pública burocrática
● Administração pública gerencial ou nova gestão pública.

Para Eduardo Neto (2018), os primeiros modelos não prezavam pela participação
do cidadão no processo de tomada de decisão e, neste sentido, o modelo Gerencial apre-
sentou mudança drástica, pois para o modelo patrimonialista, esse cidadão seria apenas o
financiador.

UNIDADE II Tipos e Níveis de Planejamento 38


A grande mudança, então, foi transformar o cidadão financiador em um cliente-u-
suário, que hoje também é um agente fiscalizador. Esse processo de evolução paralela do
modelo público de planejamento culminou no que chamamos de controle social, tal como
define Eduardo Neto (2018, on-line):
O controle social adquiriu força jurídica no Brasil com a publicação da Cons-
tituição Federal de 1988, também conhecida como Constituição Cidadã, que,
elaborada sob grande influência da sociedade civil através de emendas po-
pulares, estabeleceu a descentralização e a participação popular como mar-
cos no processo de elaboração das políticas públicas, particularmente nos
campos das políticas sociais e urbanas, consagrando, assim, uma conjuntura
favorável à participação da sociedade nos processos de tomada das deci-
sões políticas fundamentais ao bem-estar da população.

Embora a nomenclatura não deixe explícito, o controle é de fora para dentro, o


que significa que quem controla é quem é alvo dos programas e políticas sociais, tal como
afirmam Carvalho e Santos (2018, p. 706): “O Controle Social é o controle que é exercido
pela sociedade sobre o governo, atuando como uma instância de fiscalização de Políticas
Públicas em que a sociedade é engajada no exercício das discussões e reflexões acerca
das problemáticas que afetam a vida coletiva”.
Ter o cidadão mais ativo e relevante dentro de projetos desenhados para lhe atender,
não somente proporcionou toda uma nova forma de abordagem das questões sociais brasi-
leiras, mas também permitiu uma melhor avaliação da eficácia das políticas produzidas:
Assim, este mecanismo fomenta a cooperação e a avaliação, tendo como
peça fundamental o interesse coletivo. No controle social, o Estado com a
participação da sociedade civil organizada, sendo esta representada por
usuários, pelas entidades não governamentais e por trabalhadores em geral,
estabelecendo uma composição plural e paritária, de modo a exercer o papel
de formular normativas e controlar a execução das políticas públicas setoriais
(CARVALHO; SANTOS, 2018, p. 706).

Neste cenário o profissional de Serviço Social se apresenta como desenvolvedor


de soluções, de projetos, mas acaba agindo também como mediador entre o cliente-usuário
e o gestor público que controla os recursos necessários para que o projeto entre em vigor e
lhe produza bem estar. De acordo com Paz, Santos e Silva (2017, p. 4), dentro do escopo
da atuação dos Assistentes Sociais, bem como de seu Código de Ética:
[...] o profissional é levado a uma gama de possibilidades de atuação pro-
fissional. O exercício profissional do Assistente Social tem como principal
objeto de atuação as Expressões da Questão Social. Estas, por sua vez,
configuram-se na sociedade de maneira múltipla, complexa e heterogênea.
As expressões da questão social são produto das contradições entre o capital
e o trabalho. Agravadas pelo processo de livre mercado e as ideologias da
doutrina neoliberal. (CFESS, 1993 apud PAZ; SANTOS; SILVA, 2017, p. 4)

Para que a evolução e o fomento ao comércio não produzam grande desigualdade


social, problemas sociais diversos, se faz necessário sempre a figura do profissional de

UNIDADE II Tipos e Níveis de Planejamento 39


Serviço Social: “[...] a profissão do Serviço Social sempre é necessária no sistema capitalis-
ta de produção. O Assistente Social é convidado e desafiado pelo seu próprio processo de
formação a atualizar-se e enfrentar constantemente as mudanças que o sistema econômico
gera e legítima.” (PAZ; SANTOS; SILVA, 2017, p. 5)
Portanto o profissional assistente social é instrumental dentro da atuação do con-
trole social, bem como no exercício da cidadania, tal como afirmam Paz, Santos e Silva
(2017, p. 4): “O exercício da Cidadania, por sua vez, é um dos focos do Serviço Social,
empoderar e potencializar os usuários e grupos da sociedade a tomaram parte decisória no
modo de organização da cidade. Isso é exercer a cidadania”.
E como o próprio nome diz, Controle Social nada mais é do que uma forma mais
incisiva e efetiva de se acompanhar e interferir nas decisões do governo e, com isso, temos
a notória atuação do profissional assistente social legitimada pelo projeto que representa
o Serviço Social no Brasil, bem como levanta em destaque a bandeira anticorrupção, desi-
gualdade, injustiça, iniquidade etc.
O assistente social faz um importante trabalho ao fomentar a participação popular
em muitas questões que lhe dizem respeito, ou que seu poder de decisão seja capaz de
produzir uma política social mais efetiva e eficaz, algo defendido na própria Constituição
Federal de 1988, em seu artigo 204, “[...] estabelece em seu inciso II que uma das suas
diretrizes é a “participação da população, por meio de organizações representativas, na
formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis” (apud MEDEIROS,
2018, on-line).
A participação social ganhou mais um incentivo, um reforço na promulgação da Lei
nº 8.742/93 – Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), que não somente institucionalizou
a participação social, como ressaltou sua importância e atuação indispensável na distribui-
ção de recursos. Nesse sentido entram em cena também os conselhos:
Com a criação dos conselhos de políticas públicas a partir da década de
1990, os movimentos sociais puderam direcionar ações para a construção
e defesa das políticas públicas universais e garantidoras de direito, fazendo
uso de sistemas descentralizados e participativos nestes espaços (MEDEI-
ROS, 2018, on-line).

Esta participação social passa a promover uma humanização das políticas sociais,
mas não consegue interferir com os rituais básicos estruturas que esse desenvolvimento
apresenta: o ciclo de planejamento.
Neste sentido, o Ciclo do Planejamento, de acordo com Ferreira (2017, on-line),
representa “[...] inúmeras as metodologias e ferramentas à disposição das organizações.
Mas, quase sem exceção, todas elas orientam-se para que perguntas e respostas essen-

UNIDADE II Tipos e Níveis de Planejamento 40


ciais sejam estabelecidas na forma de plano”. Embora simplista, o processo de perguntas
e respostas dá ao planejamento social uma robustez que lhe permite ter total consciência
da realidade na qual pretende promover o bem estar. Mas não atua apenas desta forma,
Também sobre as perspectivas e projeções para o futuro desejado. E, final-
mente, sobre os meios disponíveis e/ou a providenciar para que todo o pro-
jetado seja possível. Na visão esquemática que se apresenta estas etapas
estão em interação num processo cíclico e ininterrupto de planejamento onde
a realidade desejada se converte em realidade atual a cada renovação de
ciclo (FERREIRA, 2017, on-line).

Na imagem a seguir, está representado o ciclo do planejamento para políticas sociais:

FIGURA 1 - TRIÂNGULO INTERATIVO DE PLANEJAMENTO

Fonte: SEDAS (2017).

Essa imagem deixa claro que os principais aspectos norteadores do processo de


composição e reavaliação das políticas sociais são os que fornecem as informações dire-
tas a respeito do objeto do projeto, das pessoas e da situação que se pretende modificar
positivamente.
Portanto, mudança é o termo a ser usado para definir o que deve promover uma
política social, afinal, não se espera que ao final de uma ação pública de melhoria do bem
estar, nada tenha mudado, pelo contrário, geralmente o tamanho da desigualdade a ser tra-
tada é considerável. Com isso a mudança deve ser dramática para almejar ser referenciada
como efetiva, eficaz e eficiente.
Neste sentido, Ferreira (2017, on-line) afirma que
É importante considerar que, no âmbito das organizações e das políticas,
um processo de planejamento se dá sempre num contexto de mudança. Ob-
viamente de uma situação original para uma situação melhorada mediante o
enfrentamento de problemas e aproveitamento de oportunidades.

A imagem a seguir ilustra bem a mudança de situação desejada pelas políticas sociais.

UNIDADE II Tipos e Níveis de Planejamento 41


FIGURA 2 - PLANEJAMENTO NO CONTEXTO DE MUDANÇA

Situação A Situação B
Problema Problema
Problema Problema
Problema Problema
Problema Problema Problema Problema
Problema Problema Problema Problema
Problema Problema Problema Problema
Problema Problema Problema Problema
Problema Problema
Problema Problema

Fonte: adaptado de SEDAS (2017).

Analisando a imagem percebemos que somente com a participação social uma


política pode ser efetiva e provocar bem estar na sociedade, pois da sociedade é que são
coletadas as informações que direcionam corretamente os esforços dos gestores públicos,
tal como defende Ferreira (2017, on-line) e como podemos perceber pelo ciclo das políticas
sociais: “Sendo assim, conhecer a situação original, realizar um diagnóstico preciso e claro
da realidade atual sobre a qual se planeja uma ação interventiva, é o ponto de partida para
a deflagração do processo de planejamento.” Se o cenário compreende condições ambien-
tais, econômicas e sociais, são destes aspectos que se originam as políticas sociais.
Ao se concluir a etapa de diagnóstico, avança-se no ciclo rumo à definição
da realidade desejada por meio da formulação de objetivos. É comum a uti-
lização dos termos objetivo geral e objetivos específicos. Para alcançar os
objetivos propostos rumo à realidade desejada, apontam-se um conjunto de
meios, tais como: resultados esperados, estratégias, metas, ações, ativida-
des, indicadores de desempenho e monitoramento e avaliação (FERREIRA,
2017, on-line).

Analisando essa forma de se produzir bem-estar analisando o cenário e fomentan-


do a participação popular, é de se estranhar que uma política que não tenha considerado
esses fatores tenha produzido alguma efetividade, algum bem estar se quer.

UNIDADE II Tipos e Níveis de Planejamento 42


SAIBA MAIS

Ferramentas de Controle Social


Diferentes mecanismos podem auxiliar nessa tarefa, seja no planejamento ou na execu-
ção das ações de governo. Veja no quadro a seguir algumas destas ferramentas:

QUADRO - FERRAMENTAS DE CONTROLE SOCIAL


Audiência Pública Refere-se a um espaço institucional para
todos aqueles que tenham interesse ou
sejam afetados pelas ações do governo
possam participar do processo de tomada
de decisão da autoridade. A audiência
pública pode ser opcional, obrigatória ou
solicitada pelo própria população. Nesse
ambiente, cidadãs e cidadãos têm a
oportunidade de expressar sua opinião
sobre as questões discutidas.

Orçamento Participativo Trata-se de uma técnica em que a


alocação de alguns recursos contidos
no Orçamento Público é decidida com a
participação direta da população, ou por
meio de grupos organizados da sociedade
civil, como a associação de moradores.
O orçamento é aberto aos cidadãos no
processo de tomada de decisão pública.
Isso permite que o povo analise e opine
sobre a aplicação dos recursos públicos.
Nesse Nesse processo, o cidadão deixa
de ser um simples coadjuvante e passa a
ser protagonista ativo da gestão pública.
Aqui, a autorregulação é uma marca
fundamental da mencionada técnica
orçamentária, pois as regras podem ser
de inidas e modi icadas pelos participantes.
Lei da Responsabilidade Fiscal Outra importante ferramenta de controle
social, a Lei nº 101, de 04/05/2000, tem
como principal foco o equilíbrio entre as
receitas e despesas públicas. A Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF) busca
também fortalecer o planejamento das
ações do poder público e incentivar
a participação popular nos atos que
envolvam a utilização e prestação de
contas dos recursos públicos.

Conselhos de Políticas Públicas Representam um importante instrumento


para o exercício do controle social. Os
conselhos são locais de exercício da
cidadania, que abrem espaço para a
participação popular na gestão pública,
sendo classificados de acordo com a
função que exercem. Quanto à função
fiscalizadora, os conselhos cumprem o
papel de acompanhamento e controle
dos atos praticados pelos governantes. A
legislação prevê a existência de inúmeros
conselhos de políticas públicas – alguns
com abrangência nacional e outros cuja
atuação é restrita a estados e municípios.
Fonte: adaptado de Neto (2018).

UNIDADE II Tipos e Níveis de Planejamento 43


REFLITA

“[...] a participação dos cidadãos no controle das ações da administração pública é de


extrema relevância, pois é um meio de prevenção contra a corrupção e desperdício de
dinheiro público, além de ser um instrumento de fortalecimento da cidadania e de busca
por transparência e qualidade na aplicação dos recursos públicos”

(PAZ; SANTOS; SILVA, 2017, p. 5).

UNIDADE II Tipos e Níveis de Planejamento 44


2. APROXIMAÇÕES E DIFERENCIAÇÕES DO PLANEJAMENTO
PARTICIPATIVO E ESTRATÉGICO

Estudante, pense no seguinte argumento e leve ele durante essa unidade: promo-
ver o planejamento é ser estratégico e fomentar a participação social também é estratégico,
portanto, ao se buscar um planejamento participativo o gestor público está sendo efetivo,
eficiente e eficaz, algo bastante estratégico no mundo das políticas sociais.
Segundo Silva e Mangini (2018, p. 8), em uma realidade social carregada de
desigualdades, mazelas, ampliados pelo impacto da abertura econômica, apenas com a
utilização de um robusto planejamento seria possível construir políticas sociais adequadas
à população a ser atendida e juridicamente coerentes, financeiramente justificáveis.
Neste sentido, uma metodologia de planejamento relevante: “[...] de ser identificada
e analisada no âmbito do Serviço Social é o planejamento participativo”, abordado por
autores do Serviço Social, como Bertollo (2006, apud SILVA; MARGINI, 2018, p. 8):
Este enfoque de planejamento é decorrente de uma visão de mundo que se
ampara na ideia de que nossa realidade é injusta e de que essa injustiça se deve
à falta de participação em todos os níveis e aspectos da atividade humana. A
instauração da justiça social passa pela participação de todos no poder. Nesse
sentido, o planejamento participativo, é orientado por uma lógica de garantir a
ampla participação dos diferentes atores sociais nos processos decisórios.

Resgatando uma afirmação interessante e importante, devemos lembrar que a


humanidade sempre planejou, mesmo que de forma subconsciente a princípio, e que após

UNIDADE II Tipos e Níveis de Planejamento 45


a industrialização, a primeira Revolução Industrial (no século XVIII) passou a compreender
que para o mundo dos negócios não seria viável ser competitivo sem planejamento.
Porém, o planejamento, como área do conhecimento passou a ser estudado ape-
nas mais tardiamente no século XX, principalmente dentro do contexto da Administração e
com o surgimento de diferentes abordagens como o planejamento participativo, estratégico
etc. (MARTINS et al., 2018).
Dentro da esfera do serviço social, o planejamento participativo é o modelo mais
defendido devido ao seu objetivo central de ser conduzido de forma a englobar todos atores,
dando maior relevância aos cidadãos alvo das ações a serem desenvolvidas.
A ideia de se ter o objeto do projeto, o cidadão, fazendo parte de seu desenvolvi-
mento tem um efeito ainda maior do que apenas lhe conceder seu merecido espaço e lhe
dar ouvido e importância; funciona como um motivador para que as ações sejam melhor
recebidas quando prontas para aplicação. Essa perspectiva ajuda e muito na efetividade
dos projetos, pois se são feitos de forma integrada, com a sociedade, a chance maior é de
se tornar um projeto efetivo, eficiente e eficaz, o objetivo maior de sua idealização.
Neste sentido, segundo Gandin (2001, p 87 apud MARTINS et al., 2018, p. 44) “O
planejamento Participativo tem uma visão própria de participação. Ele nasce da análise
situacional que vê uma sociedade organizada de uma forma injusta, injustiça esta que se
caracteriza pela falta de participação”. Significa que, por participação, não devemos consi-
derar apenas a presença ou até mesmo uma opinião eventual, e sim ter a real capacidade
de se tomar decisão, de controlar o destino do projeto, moldar sua cara, seus parâmetros,
e, quando pronto o projeto, fazer bom uso, se beneficiar das melhorias.
Segundo Gandin (2001 apud MARTINS et al., 2018), participação pode ser com-
preendida, no contexto do planejamento social, como uma forma de distribuição de poder,
pois [...] inclui possibilidade de decidir na construção não apenas do ‘como’ ou do ‘com que’
fazer, mas também do ‘o que’ e do “para que’ fazer, além disto, o Planejamento Participativo
contém técnicas e instrumentos para realizar esta participação.
Passando por esses conceitos, percebemos o quão está ligada a questão do planeja-
mento participativo com o objetivo da atuação do serviço social, pois seus projetos sociais ten-
dem a fornecer melhor resultado, melhor bem estar, e a questão da participação contribui para
uma sociedade consciente de seus direitos e deveres. Assim, Bertollo (2016, p. 338) afirma que
O planejamento participativo dá por entender que esta metodologia possui
estreita ligação com o projeto ético-político que o Serviço Social assumiu
e defende desde a ‘intenção de ruptura/movimento de reconceituação’; e
a modalidade de planejamento estratégico, dando ênfase ao planejamento
estratégico situacional, haja vista que se tornou rotineira a utilização desta
denominação nas práticas de gestão nos mais variados âmbitos e, conse-
quentemente, envolvendo o assistente social na sua operacionalização.

Agora, tratando de uma proposta para um modelo de planejamento participativo,


temos o proposto por Gandin (2010 apud SILVA; MANGINI, 2018, p. 8). Nesta proposta

UNIDADE II Tipos e Níveis de Planejamento 46


e no que diz respeito à construção da proposta metodológica que respeite a participação
da sociedade e previna desvios de conduta “por exemplo, para alguns grupos sociais, até
mesmo para aqueles que promovem o planejamento participativo, pode haver interesse de
que o processo participativo ocorra de forma rasa, ilusória ou superficial”.
Como todo modelo de planejamento é constituído por etapas sequenciais, no caso
desse modelo de planejamento participativo possui suas próprias etapas, começando pela
elaboração do marco referencial, partindo para o diagnóstico situacional seguido da progra-
mação. E para garantir maior clareza dessas ações, Gandin (2010 apud SILVA; MANGINI,
2018), apresenta um roteiro metodológico de como estimular a participação no processo
de planejamento. O roteiro desenvolvido pelo autor é dividido em quatro etapas, como
podemos constatar pelo quadro a seguir:

QUADRO 1 - ROTEIRO METODOLÓGICO DE COMO

ESTIMULAR A PARTICIPAÇÃO NO PROCESSO DE PLANEJAMENTO

Consiste no estudo referente aos fundamentos e as etapas que compõem o processo de


planejamento. Esse estudo pode ser realizado através de palestras, plenárias ou leitura
A etapa da de textos, todos os participantes devem a partir dessa etapa compreender quais são os
preparação procedimentos do planejamento no que se refere aos seus níveis, e ao seu papel en-
quanto ferramenta de transformação da realidade e quanto ao esquema básico de como
é realizado o planejamento
É feita a partir da realização de um questionário com todos os participantes, estes de-
A elaboração vem responder individualmente ao questionário, para no momento posterior realizarem
do plano a leitura conjunta das respostas em subgrupos, para que depois sejam levados em
global de plenária. Essa etapa é voltada para a definição do marco referencial, que consiste no
médio prazo estabelecimento de um diagnóstico quanto à realidade vigente e as definições quanto à
realidade desejada.
Está relacionada à operacionalização do que foi anteriormente definido nos planos de
Já a médio prazo, essa etapa é voltada para períodos mais curtos de ação (um ano), nessa
elaboração etapa as ações podem ser mais flexíveis pois estão voltadas diretamente para os planos
de planos de longo prazo que são mais restritos a determinação dos rumos desejados. Essa etapa
globais de de operacionalização pode ser realizada por uma equipe técnica responsável, mas sem-
curto prazo pre levando em consideração as deliberações das plenárias e as decisões conjuntas,
sem priorizar o pronunciamento de alguns em detrimento da discussão coletiva.
Elaboração Está orientada para definição das ações em setores específicos de determinada institui-
de Planos ção na qual as ações estão sendo realizadas.
Setoriais.

Fonte: adaptado de Silva e Mangini (2018).

Embora o termo planejamento estratégico tenha sido criado e seja aplicado em um


contexto empresarial, na maioria das vezes, seu aspecto interventor o torna extremamente
apto a questões sociais, bem como questões políticas nas diferentes esferas. Neste sentido,
Bertollo (2016, p. 338) afirma que

UNIDADE II Tipos e Níveis de Planejamento 47


[...] o planejamento estratégico foi inicialmente desenvolvido para o setor pri-
vado, no entanto passa a ser incorporado e operacionalizado no setor público
também. Sendo assim é importante evidenciar o adjetivo que o qualifica: es-
tratégico, já que este assume conceituação distinta em cada esfera de poder.

Mas, evidentemente, o setor público sempre carece de boa estratégia e que muitas
vezes, a situação que a política pública deseja mudar, modificar, requer boa dose de estra-
tégia. Por este motivo, Martins et al. (2018, p. 45) afirmam que o planejamento estratégico
representa uma nova maneira de se conceber planejamento, “Ele é muito utilizado na área
empresarial, porém pode ser utilizada também na área social, pois tem como função auxiliar
na definição dos objetivos, das estratégias e das metas a serem alcançadas.”.
A origem do PES ou Planejamento Estratégico Situacional vem da década de
1960, sendo desenvolvido pelo chileno Carlos Matus, quando ocupava o posto de Ministro
da Economia durante o mandato de Salvador Allende (pelo período de 1965 a 1970). A
contribuição dos trabalhos de Matus, dentro do escopo do planejamento governamental,
foi mundialmente conhecida, tendo grande influência na Administração Pública brasileira
(BERTOLLO, 2016). A respeito dessa metodologia desenvolvida por Matus, temos uma
divisão em quatro momentos, como segue:

● O momento explicativo: onde se busca explicar a realidade de interven-


ção situacionalmente, respondendo a questões como: (o que foi, o que é,
e o que tende a ser);
● o segundo momento é denominado normativo: em que são detalhadas as
propostas em função dos cenários previstos e dos possíveis resultados
do plano, o que deve ser é o questionamento que orienta esta etapa;
● já o terceiro momento é o estratégico, que responde ao questionamen-
to: o que pode ser. Nesta etapa a viabilidade do plano é examinada e
definem-se os momentos de ação perante os movimentos dos sujeitos
envolvidos no mesmo;
● por fim, o quarto momento é o tático-operacional, cuja pergunta respon-
dida é o que fazer. Este momento é o de definição das estratégias, das
responsabilidades de cada envolvido na implementação do plano (OSÓ-
RIO, 2002 apud BERTOLLO, 2016, p. 340).

O aprendizado deixado por Matus à administração pública brasileira e ao contexto do


planejamento em geral, é de que se pode exprimir da palavra estratégia um sentido quase
que lúdico ao permitir a criação de uma jogada, como em uma partida de xadrez, pois nela
são medidas forças, obstáculos são contornados. Nesse jogo também encontramos elemen-
tos como disputas, ameaças e respostas e os atores são dispostos em posições de conflito.

UNIDADE II Tipos e Níveis de Planejamento 48


SAIBA MAIS

A grande afinidade entre planejamento e o assistente social

A metodologia do planejamento estratégico possui afinidade com a bagagem formativa


do Assistente Social. Da leitura crítica da realidade, o Assistente Social constrói o mo-
mento explicativo, amparado no referencial marxista-dialético, que demanda a aborda-
gem histórica dos fenômenos, apreensão de suas determinações essenciais, causalida-
des e contradições. Do momento normativo decorre o estabelecimento de objetivos que
garantam as necessidades e os interesses dos usuários

(SILVA; MANGINI, 2018, p. 7).

REFLITA

“O potencial de transformação social do enfoque estratégico é maior do que no planeja-


mento tradicional, pois garante maior governabilidade nas ações e permitindo identificar
possíveis parcerias”.

(SILVA; MANGINI, 2018, p. 7).

UNIDADE II Tipos e Níveis de Planejamento 49


3. REFLEXOS DOS DIFERENTES TIPOS DE PLANEJAMENTO NO CONTEXTO
DAS POLÍTICAS SOCIAIS

Estudante, muitas vezes quando se faz alguma comparação o objetivo é de se


compreender as diferenças, os prós e contras de cada modelo e, se possível, derivar um
modelo que use o melhor de cada um. Aqui funciona a mesma regra que na gastronomia,
em que é possível fazer um bolo de chocolate, por exemplo, com ingredientes diferentes,
processos diferentes, tempos de forno diferentes e, mesmo assim, ser um bolo de chocolate.
O importante é compreender que no caso das políticas públicas o bolo de cho-
colate, por assim dizer, tem processos mais fechados, portanto deve se diferenciar nos
ingredientes, ou seja: na atuação de seus atores. Para Papi, Rosa e Hamerski (2017, p.
348), esse tema está crescendo dentro das políticas públicas.
O tema implementação de políticas públicas tem registrado um crescimento im-
portante de produção teórica nas últimas décadas no Brasil, em parte motivado
pela multiplicação de programas e projetos inaugurados pelo governo federal
nos últimos dez anos, em parte porque a sociedade tem pressionado os gover-
nantes cada vez mais por entrega de políticas públicas qualificadas e eficazes.

Nesse movimento, os estudos, cada vez mais, têm se dedicado a entender os


fatores que interferem no momento da implementação e, sobretudo, na execução dessas
políticas públicas, que é quando ela se materializa em uma entrega à população.
Tratando-se de planejamento que envolva problemas sociais, desigualdades sociais
e principalmente pessoas, os estudos estão se dirigindo a temas mais dentro do universo
humano e de como isso pode interferir na implementação das políticas sociais. De acordo

UNIDADE II Tipos e Níveis de Planejamento 50


com Martins et al. (2018, p. 59), “o planejamento é um ato iminente humano, mesmo que a
divisão do trabalho na sociedade capitalista nos apresenta a separação entre elaboração e
execução, essa segregação é impossível”.
Para compreender melhor essa questão da interferência humana nas políticas so-
ciais, vamos voltar aos argumentos do universo corporativo, mais especificamente ao para-
digma da mudança. Sempre que uma empresa desenvolve um novo projeto que necessite
fazer mudanças estruturais, hierárquicas, deve estudar a fundo o impacto de tais mudanças
nos seus colaboradores, pois deles virá alguma resistência (seja muita ou pouca).
No caso das políticas sociais, é preciso compreender como o cidadão alvo pode
receber tal política, como ele vai interagir com as ações planejadas e, desta forma, antever
problemas e até o sucesso da política:
Todo ser humano antevê suas ações antes de concretizá-las, das mais sim-
ples às mais complexas. Assim, nenhuma ação humana é apenas executada
sem crítica ou possibilidade de interferência. Essa perspectiva também acon-
tece no planejamento das políticas sociais. Mesmo que muitas vezes elas ve-
nham pré-determinadas, na relação que se estabelece na execução entre o
profissional e o usuário que se dá a perspectiva democrática dessa situação
(MARTINS et al., 2018, p. 59)

Portanto, o lado humano de quem pretende promover bem estar deve estar de
acordo com o que lhe for oferecido, mas não é só isso, o planejamento deve levar em
conta como será conduzido o processo democrático (participativo), incluindo a forma de se
efetivar as decisões, nesta perspectiva.
Outro ponto importante desse processo é que se faz necessário foco no objetivo,
foco no que se deseja melhorar na vida das pessoas e, com isso, de acordo com Martins
et al. (2018, p. 62), “Todos os profissionais devem estar cientes dos objetivos a serem
alcançados em cada ação realizada, pois quem está na execução tem como planejar a
melhor forma de atuação para o alcance das metas propostas”.
Quando se considera o processo participativo de criação das políticas públicas,
à primeira vista, como deriva de conceitos administrativos, privados, tem-se a impressão
de se tratar de um processo de diretoria, ou seja, de cima para baixo, mas, embora pos-
sa acontecer dessa maneira, o processo para uma produção de política social de cunho
participativo não deve seguir esse ritual burocrático e sim dar voz a todos atores, tal como
afirmam Martins et al. (2018, p. 62):
Quando as ações são determinadas de cima para baixo, sem comunicação
entre planejamento e execução, a tendência é o prejuízo à eficácia e eficiên-
cia do projeto. Reuniões sistemáticas com a equipe de trabalho são funda-
mentais para que se possa realinhar ações, metas e objetivos em conjunto.

Com uma política pública criada pela perspectiva da diretoria, de cima para baixo,
o que se encontra é uma política seca, sem tempero, promovida como instrumento político

UNIDADE II Tipos e Níveis de Planejamento 51


com poucas chances de ser promotora de bem estar público, pois está contaminada pela
perspectiva centralizadora. Assim, algo que não pode faltar a uma política social, indepen-
dentemente de sua metodologia de planejamento, é sua avaliação, que de acordo com
Martins et al. (2018, p. 62),
A avaliação é a parte final do planejamento, portanto, se há problemas na
metodologia, por consequência haverá problemas de avaliação. O processo
avaliativo deve contemplar todas as ações, e não apenas no final. É impor-
tante estabelecer instrumentos que meçam de forma qualitativa e quantitativa
as ações realizadas a partir das metas propostas e que esses instrumentos
contemplem, além dos trabalhadores que participam do projeto, a população
que é beneficiária das ações.

São várias as formas e momentos de se avaliar uma política pública, mas os mo-
mentos cruciais são: durante sua construção, durante sua implementação e certo tempo
após ter sido implementada. Para Martins et al. (2018, p. 63), “A avaliação por parte da
população é uma premissa que está em qualquer planejamento que se proponha democrá-
tico. Os usuários são a parte interessada, e a eles se deve dar vez e voz, não apenas na
avaliação, mas também no planejamento”.
Embora tenha um aspecto mais burocrático, praticamente toda etapa do ciclo de
vida de uma política social deve passar por avaliação, afinal de contas o que está em jogo
é o bem estar da população e o correto uso dos escassos recursos financeiros públicos.
Neste sentido, Martins et al. (2018, p. 63) afirmam
Assim, reuniões de consulta pública que apresentem as ações, as metas e
os objetivos devem fazer parte do planejamento e esse instrumento deve
subsidiar a avaliação. A cada ação, devemos saber como o público enten-
deu a proposta levada, independentemente da idade, seja criança ou idoso,
ou de grau de instrução, seja graduado ou analfabeto. É a sua obrigação a
organização de instrumentos de avaliação que possa exprimir a avaliação do
usuário. Nesse momento, é importante que usem recursos dos mais varia-
dos, desde escritos até mesmo lúdicos.

Com essas discussões e argumentações sobre planejamento na esfera pública,


inevitavelmente que tal tema, cedo ou tarde, acabaria de certa forma contaminando outros
aspectos da Administração Pública, pois o sistema que se emprega no planejamento de
qualquer projeto (aqui estão inclusas as políticas públicas) é, por si só, um sistema de
gestão bastante eficiente.
Por conta desse sistema de gestão do planejamento das políticas sociais, Papi,
Rosa e Hamerski (2017, p. 355) consideram necessário resgatar a contribuição de Carlos
Matus, para
[...] refletir sobre o papel do planejamento na construção de um estado ca-
paz é um ponto fundamental para se avançar na implementação de políti-
cas públicas no contexto atual. Reconhecendo que o planejamento foi uma
ferramenta central dos estados desenvolvimentistas, responsáveis por levar
adiante o projeto de modernização econômica e burocrática dos Estados la-
tino-americanos, o autor, todavia, tece críticas ao modelo de planejamento
construído nesse período – ao qual ele intitulou de planejamento tradicional.

UNIDADE II Tipos e Níveis de Planejamento 52


Não é preciso ir muito longe com os argumentos para se ter boa ideia do porquê
do bom casamento entre Administração Pública e as metodologias de planejamento. Com
isso, Papi, Rosa e Hamerski (2017, p. 355) afirmam:
[...] o modelo tradicional de planejamento desenvolvido nessas décadas, em
geral de conteúdo econômico, formulado por uma elite burocrática centraliza-
da, detentora dos saberes técnicos e, supostamente, “neutros”, capazes de
predizer as necessidades sociais, levou a baixa aderência/aplicabilidade social
dos planos e por consequência ao seu descrédito no cotidiano da ação pública.

Mas sempre existiram forças contrárias aos ideais impostos pelos que defendiam
o planejamento, como escola de gestão pública. A visão que se tinha, pelos opositores, era
de que tal sistemática agia como uma camisa de força:
Isso levou, muitas vezes, aos executores de políticas públicas a pensar que os
planos não dão certo, que estão descolados da realidade e, portanto, podem
ser preteridos frente à necessidade de ação cotidiana nos serviços públicos.
Diante disso, vigorou muitas vezes no dia-a-dia a improvisação na implemen-
tação dos serviços e nos seus processos de gestão, tornando mais distante o
alcance de objetivos traçados (PAPI; ROSA; HAMERSKI, 2017, p. 355).

Da luta entre os que defendiam o planejamento contra os que se opuseram e com


isso criaram políticas sociais ineficientes, contribuiu para a disseminação da metodologia
PES – Planejamento Estratégico Situacional, desenvolvida por Matus. Esse planejamento
prático/teórico tinha por objetivo o tratamento de problemas sociais via ações pré-definidas:
“[...] além de considerar os agentes que atuam por vezes em cooperação ou em conflito”
(MATUS, 1996, p. 22 apud SANTOS, 2017, p. 28).
Assim, para Papi, Rosa e Hamerski (2017, p. 355), “Com a finalidade de contribuir
concretamente com o avanço desta peça técnico-política – o planejamento- e viabilizá-lo na
prática, o autor elaborou a metodologia dos quatro momentos do PES que chegou ao Brasil
nos anos 1990, mas, sobretudo, nos anos 2000”. Com isso, o PEs foi dividido em quatro
momentos.

UNIDADE II Tipos e Níveis de Planejamento 53


QUADRO 2 - OS QUATRO MOMENTOS DO PES – PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO SITUACIONAL

Diz respeito ao diagnóstico da situação encontrada. Neste momento, são selecionados


O primeiro
os principais problemas e discutidas as suas causas, pois ao compreender a realidade,
momento
podem ser verificadas as origens e as causas da situação atual, identificando também
(momento
as consequências. Posteriormente, podem-se selecionar os nós críticos, que são as
explicativo)
causas sobre as quais é possível atuar para resolver os problemas).
O segundo É quando se estabelecem as metas e as linhas de ação para cada objetivo específico
momento identificado. Neste momento, são identificados e quantificados os recursos necessários
(momento à realização das ações. É onde atuam diferentes atores presentes no jogo social,
normativo) orientando o plano para a mudança que se quer obter.
O terceiro É quando deve ser verificado se os objetivos, recursos, tecnologia e organização que
momento estão disponíveis se contradizem entre si e se é possível contornar os obstáculos
(momento políticos. Essas conclusões visam dar viabilidade para as propostas de solução já
estratégico) elaboradas.
O quarto
momento É o momento de monitorar as operações e avaliar continuamente. É quando
(momento se executa o plano sob uma gerência, com prestação de contas, supervisão,
tático- acompanhamento e avaliação.
operacional)

Fonte: Huertas (1996 apud PAPI; ROSA; HAMERSKI, 2017, p. 356).

Com isso, o bom planejamento leva em conta total cooperação de todos os atores
cuja participação se faz necessária em cada política social, mas para ter sucesso esse
planejamento necessita contar com uma boa articulação entre estes atores pelo Estado.

SAIBA MAIS

Um pouco mais sobre política social

A política social é uma modalidade interventiva do Estado utilizada estrategicamente,


como uma forma de diminuir os conflitos e contradições pelo processo de acumulação
do capital, na medida em que procura atender determinadas necessidades sociais da
população diante de questões geradas pelo conjunto de desigualdades sociais econô-
micas e políticas

(HORA, 2014 apud SANTOS, 2016, p. 5).

UNIDADE II Tipos e Níveis de Planejamento 54


REFLITA

“[...] o planejamento constitui-se em um ato técnico e político. Técnico porque pressupõe


a racionalidade das ações ponderando uma série de condicionantes, dentre eles: prazos
e recursos existentes. Político porque se inscreve no contexto de tomada de decisões
onde a correlação de forças e de interesses distintos evidenciam-se entre os sujeitos”

(BERTOLLO, 2016, p. 337).

UNIDADE II Tipos e Níveis de Planejamento 55


4. MÉTODO TREVO

Estudante, antes de mergulhar no Método Trevo se faz necessário conceituar o


Terceiro Setor. Se o Estado é o primeiro setor, e o mercado o segundo, terceiro setor seria
aquele que não é privado, mas se relaciona com ele, e não é público e também se relaciona
com ele. Trocando em miúdos, o Terceiro Setor é privado, mas não visa lucro e, em muitas
ocasiões, é financiado com dinheiro público.
O terceiro setor é comumente representado pelas organizações sem fins lucrativos
e não governamentais, as ONGs, são independentes e seu objetivo maior geral é o bem
estar coletivo. Para Castro (2017, on-line), “A expressão terceiro setor é resultado de uma
divisão criada pelos Estados Unidos, em que o primeiro setor é constituído pelo Estado, o
segundo setor pelos entes privados que buscam fins lucrativos”.
Portanto o terceiro setor almeja tudo que for de interesse público, ou seja, “[...] em
favor da sociedade, por organizações privadas não governamentais e sem o objetivo de
lucro, independentemente dos demais setores (Estado e mercado) – embora com eles pos-
sa firmar parcerias e deles possa receber investimentos (públicos e privados)” (CASTRO,
2017, on-line).
Um termo que surge, dentro dessa temática e devido a tantos projetos de escala
global que mudam a realidade da sociedade, é o do empreendedor social, capaz de con-
gregar recursos no desenvolvimento e implementação de projetos sociais audaciosos e
efetivos. Na perspectiva de Schindler e Naigeborin (2004, p. 45 apud ERMEL, 2018, p. 4),

UNIDADE II Tipos e Níveis de Planejamento 56


[...] o protagonismo dos empreendedores sociais é capaz de produzir desen-
volvimento sustentado, qualidade de vida e mudanças de paradigmas”. Refe-
re-se a atividades sociais que favorecem as populações menos beneficiadas,
promovendo possibilidades reais de modificação de categorias na prática são
cortadas nos planejamentos nacionais. A fim de que as instituições do Ter-
ceiro Setor intensifiquem sua capacidade, seja analisando suas finalidades,
seja pela verificação do ambiente e de suas capacidades, além disso, pela
estruturação de uma perspectiva do porvir que consiga gerar fundos, pelo en-
tendimento de suas finalidades ou pelo envolvimento e inclusão de atividades
criadas na procura de sustentabilidade, que o cumprimento dessas ações se
evidencie por meio de elaboração de instrumentos de controle e gestão.

A motivação por trás do terceiro setor é a de se criar projetos efetivos e duradouros,


pois as perspectivas e problemas que visam modificar e mitigar tendem a se renovar com o
tempo e com a evolução do capitalismo. Com isso, Oliveira et al. (2018, p. 39) afirma que “Os
empreendimentos sociais possibilitam aos empreendedores atuarem como agentes trans-
formadores de realidades, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos
bem como para o desenvolvimento socioeconômico de comunidades como um todo”.
Embora não seja a descrição mais apta, muitos defendem que o terceiro setor faz
projetos onde o setor público não consegue chegar com eficiência, o que, de certa forma,
se repete dentro das ações empresariais sob a Responsabilidade Social. Segundo Pereira
(2006 apud ERMEL, 2018, p. 7), o Terceiro Setor
[...] não é privado e nem público, no qual agrupa muitas organizações que
cumprem papéis que exercem funções do Estado na sociedade. Porém a
maior dificuldade está na administração dessas instituições, como não visam
lucros comuns, dependem de doações, devem estipular sua missão especí-
fica e atividade, de forma que tenham um retorno equivalentes ao esperado,
com o capital produzido pela empresa e trabalhos que realizam dentro da ins-
tituição. Por essa razão e pelas características próprias dessas instituições,
procuram, no setor público e no setor privado, incentivos para sua renovação
e melhora na administração.

As entidades do terceiro setor buscam, na sociedade, identificar problemas para


propor formas de se agir e resolver tais problemas e, com isso, conseguem demonstrar o
cenário real do que pesquisam, do que projetam e planejam, apresentando tais projetos ao
Poder Público (BITENCOURT, 2015). Ainda de acordo com Bitencourt (2015, p. 50),
Dentro do terceiro setor podemos encontrar diversos tipos de entidades or-
ganizadas entre elas: Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público
– OSCIP‟s; Organizações não-governamentais – ONG‟s; associações; fun-
dações entre outras, que acabam assumindo o papel de prestação de serviço
para suprir a deficiência do Estado em diversas áreas de atuação: educação,
saúde, segurança, ambiental entre outras. O terceiro setor conseguiu lugar
de destaque na nossa sociedade ao estabelecer parceria com o Estado, arti-
culando-se com as entidades.

Dentro das políticas sociais e da Gestão Pública podemos considerar que o Terceiro
Setor é parte de um sistema nomeado Gestão Social e segundo Bitencourt (2015, p. 55), a
gestão social é compreendida como “[...] a construção de inúmeros espaços para interação

UNIDADE II Tipos e Níveis de Planejamento 57


social. Implica na integração/articulação dos governantes, empresas, organizações civis e
dos cidadãos (munícipes)”.
A gestão social busca a participação coletiva livre de coerção em que todos
possam se manifestar, ou seja, constitui um campo de informação científica
com embasamentos teórico-metodológicos, em que a participação dos agen-
tes sociais torna-se imprescindível para o bom êxito dos processos, especial-
mente nos municípios, que localmente podem ser resolvidos (BITENCOURT,
2015, p. 55).

Para Ermel (2018, p. 12),


Dessa maneira, tendo em conta o comprometimento dos agentes sociais no
incentivo de uma transformação social e na preservação da sustentabilida-
de das instituições sociais, criou um sistema que demonstra a definição de
vínculo de alguns inclusos na gestão de instituições sem fins lucrativos, para
assegurar o desenvolvimento sustentável das atuações associadas entre os
elementos.

Desta associação surge o Modelo Trevo:

FIGURA 4 - MODELO TREVO

Fonte: adaptado de Silva (2002 apud ERMEL, 2018, p. 12).

Esse modelo é nomeado Trevo devido ao seu formato similar ao da famosa planta
que produz as folhas em formato específico e que supostamente dá sorte a quem a encon-
tra com quatro folhas.
Com o formato em trevo, o escritor nomeou “Modelo Trevo” a administração
de uma instituição sem fins lucrativos, visto que sem interrupção, prática, di-
ferente, complicada e pouco comum. A imagem mostra-se por meio de cinco
vínculos: “Informação, comunicação e relações internas”, definida e denomi-
nada como Pessoas; “Relações com a sociedade”, no qual a sociedade des-
fruirá com a administração; Recursos, classificados fundamentais para pre-
servação da iniciativa social; Processos e Serviços, que definiram o caminho
para se atingir o preço identificado pela instituição, e Grupo gestor, executado
pelos responsáveis da instituição (ERMEL, 2018, p. 13)

UNIDADE II Tipos e Níveis de Planejamento 58


Para Ermel (2018), existe direcionamento entre os serviços e a sociedade, mas
com foco absoluto e sempre buscando resolver as dificuldades encontradas na população.
Com a missão ou visão organizacional, é possível estabelecer essa direção, pois tais com-
ponentes promovem a precisão necessária para seu sucesso, assim como “A ligação entre
serviços e pessoas localiza-se na qualificação da organização social, no qual o método de
administração dos serviços será a diferença em seu gerenciamento.” (ERMEL, 2018, p. 13)

SAIBA MAIS

Relação do assistente social com o terceiro setor

Em alguns momentos Terceiro Setor e Serviço Social estão paralelos e em outros mo-
mentos até juntos, mas fato é que a mistura dos dois não é coisa simples, tal como se
observa pelos argumentos de Mota e Fernandes (2017, p. 1):
O termo Terceiro Setor, vem sendo utilizado de modo crescente, porém,
quando inserido no contexto do Serviço Social, foi recebido com ressal-
vas, devido a expressão econômica e política que este “setor” apresenta.
O Terceiro Setor se caracterizou diante de um cenário social, econômico
e político como um setor complexo, incerto, instável e de mudanças ace-
leradas. Entretanto, ressalva-se que este campo tem se construído como
um terreno fértil para profissionais de ciências humanas e sociais, onde,
estão incluídos os profissionais de serviço social. Mediante a realidade
social do Brasil, é inevitável não pensar em uma atuação do assistente
social em organizações do terceiro setor com o intuito de promover estabi-
lidade social em decorrência de ações interdisciplinares (educação, lazer,
meio-ambiente).

REFLITA

A gestão social se concretiza, perseguindo uma missão institucional e articulando, for-


mal e informalmente, os públicos constituintes, envolvidos na representação da questão
social e moldando o terceiro setor reconhecendo nele um conjunto de dualidades que
dizem respeito aos níveis de formalidade, informalidade, racionalidade, qualidade, con-
trole e universalidade

(JADON 2005, p. 6 apud ERMEL 2018, p. 13).

UNIDADE II Tipos e Níveis de Planejamento 59


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estudante, podemos concluir que o planejamento surge no Serviço Social e no


controle social como uma onda, uma força da natureza modificando processos, criando
outros processos e, com isso, desenvolvendo um ecossistema produtivo para as políticas
sociais com repercussão em toda a Administração Pública.
Outro ponto de forte impacto está no enfoque que foi dado ao planejamento par-
ticipativo, dentro da perspectiva da mudança e que abriu caminho a outras conquistas
como o que hoje chamamos de transparência do Poder Público. A administração pública se
desenvolveu em torno dos diferentes tipos de planejamento que foram sendo agregados
aos processos de construção das políticas públicas.
Em especial, podemos citar o planejamento estratégico participativo, o PES de
Matus, como sendo o modelo de planejamento que mais foi capaz de produzir políticas
sociais relevantes e efetivas, bem como também foi o que mais influenciou as mudanças
nas práticas governamentais.

UNIDADE II Tipos e Níveis de Planejamento 60


LEITURA COMPLEMENTAR

Quem foi Carlos Matus?


Dentre as discussões do artigo intitulado “Rumo à Pós-Modernidade em Políticas
Públicas: A Epistemologia Situacional de Carlos Matus” está trabalhada sua breve biografia
e com isso podemos compreender um pouco mais do que influenciou a criação do PES
(Planejamento Estratégico Situacional):

Carlos Matus não foi apenas o formulador do planejamento estratégico situa-


cional. Dotado de espírito inquieto e contestador, o economista chileno nota-
bilizou-se pela construção de um pensamento profundo e complexo, materia-
lizado em vasta produção teórica. Criticando o viés economicista e a ênfase
normativa dos métodos tradicionais de planejamento, Matus descortinou ino-
vadora perspectiva teórica que tem repercutido fortemente nas práticas gover-
namentais de diversos países latino-americanos.
Nascido em Santiago do Chile em 1931, Carlos Matus Romo graduou-se em
Engenharia e obteve o diploma de mestrado em Economia pela Universidade
Harvard, com foco em financiamento de projetos. No início da década de 1960,
exerceu prestigiadas funções governamentais e acadêmicas, tendo sido as-
sessor do Ministério da Fazenda, professor universitário no Chile e no México,
além de consultor da Comissão Econômica para América Latina (Cepal) e do
Instituto Latino-Americano de Planejamento Econômico e Social (Ilpes).

Leia o artigo completo em:


https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-56482010000200009

UNIDADE II Tipos e Níveis de Planejamento 61


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Conselhos gestores e participação Sociopolítica.
Autor: Maria da Glória Gohn Cortez
Sinopse: Trata do planejamento como processo técnico-político,
abordando seus elementos constitutivos - construção do objeto,
estudo de situação, identificação de prioridades, definição de ob-
jetivos, estabelecimento de alternativas, planificação, implemen-
tação, implantação, controle, avaliação e retomada do processo.
Nesse contexto, analisa a trajetória para tomada de decisões, suas
técnicas e instrumentos, oferecendo conteúdos subsidiários a uma
prática metodologicamente conduzida e tecnicamente consistente.

FILME/VÍDEO
Título: Quem se importa?
Ano: 2012.
Sinopse: Quem se Importa? É um documentário longa-metragem
sobre empreendedores sociais no Brasil e ao redor do mundo.
Pessoas brilhantes, que criaram, cada qual, uma organização
inovadora capaz de não só mudar a sociedade ao seu redor, mas
também causar impacto social suficiente para que estas ideias
possam virar políticas públicas aplicadas em várias partes do
mundo. Um filme que, através de cada um de seus personagens,
vasculha o mundo atrás de pessoas magníficas que oferecem
soluções simples para as mais graves questões que nos afetam
profundamente.

UNIDADE II Tipos e Níveis de Planejamento 62


WEB

● O enfrentamento das diversas questões que envolvem o profissional de serviço


social, faz parte de uma série de etapas de planejamento. Uma importante ferramenta para
auxiliar neste processo de planejamento é a realização de um Estudo Social como forma de
conhecer melhor a realidade que será trabalhada. Para compreender melhor o tema, faço
a recomendação da leitura do artigo: “Como fazer um Estudo Social?”
● Disponível em: https://www.gesuas.com.br/blog/estudo-social/

UNIDADE II Tipos e Níveis de Planejamento 63


UNIDADE III
Metodologia e Processo do
Planejamento Social
Professor Lindolfo Alves dos Santos Júnior

Plano de Estudo:
● Marco referencial, diagnóstico, formulação, indicadores avaliativos
(destaque aos indicadores sociais), monitoramento, controle e avaliação
de resultados.
● Utilizando os instrumentos básicos: Planos, Programas e Projetos.
● Avaliação de projetos e programas sociais.
● Método FOFA.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar:1.Marco referencial, diagnóstico, formulação, indicadores
avaliativos, monitoramento, controle e avaliação de resultados.
● Compreender os tipos de Planos, Programas e Projetos.
● Estabelecer a importância da Matriz FOFA na construção
dos cenários base das políticas sociais.

64
INTRODUÇÃO

Estudante, nesta unidade vamos tratar de componentes da construção das polí-


ticas e programas sociais que os permitam ser eficientes, eficazes e efetivos. Para isso,
começaremos tratando da importância de se estabelecer o Marco referencial, e também de
se promover o diagnóstico do cenário a ser atingido pela política ou programa.
Da estrutura das políticas e programas sociais trataremos de sua formulação, do
uso e acompanhamento dos indicadores avaliativos, dentro da perspectiva social, do mo-
nitoramento, controle e avaliação de resultados. Na sequência, conceituaremos melhor os
instrumentos básicos: Planos, Programas e Projetos, sua integração e sinergia e de que
forma se complementam na solução de problemas sociais.
Aprofundaremos nos conceitos de avaliação de projetos e programas sociais e de
como são importantes para o sucesso desses programas e de sua efetivação perante o
cenário que pretendem modificar, melhorar. Por fim, faremos uma apresentação de um mé-
todo mais conhecido pelo seu uso no ambiente corporativo, mas que, dentro do escopo dos
problemas sociais e da criação das políticas e programas, faz toda a diferença, o Método
FOFA.

UNIDADE III Metodologia e Processo do Planejamento Social 65


1. MARCO REFERENCIAL, DIAGNÓSTICO, FORMULAÇÃO, INDICADORES AVA-
LIATIVOS (DESTAQUE AOS INDICADORES SOCIAIS), MONITORAMENTO, CONTRO-
LE E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS

Em alguns ramos da atividade profissional existem ferramentas que garantem


que algo seja feito em total conformidade com algum parâmetro, alguma medida e são
as especificações técnicas. Tais especificações podem ser obtidas na construção de um
objeto, com o uso de um gabarito, uma espécie de molde que contém as medidas do que
se pretende obter ao final do processo.
Em atividades que não são necessariamente técnicas, principalmente quando são
em nível de gestão, o planejamento tende a promover efeito semelhante ao de um gabarito,
induzindo as atividades para que o resultado seja o mais próximo possível do que estabe-
lecem as especificações do projeto, portanto algo bastante lógico e racional.
Sobre essa racionalidade e lógica, Gandin (2010, p. 24 apud SILVA; MANGINI,
2018, p. 4) afirma que “O planejamento e gestão tradicional, sendo mais associado às
etapas e processos que compõem a gerência, é centrado de maneira mais forte nas di-
mensões lógico-racionais e operacionais, podendo ser comparado ao ‘Gerenciamento da
Qualidade Total’”.
Mas para os projetos sociais a lógica tende a ser voltada ao humano, ao social
e, com isso, os projetos tendem a ser mais conservadores, embora o próprio conceito
de projeto tende a levar ao entendimento de que se busca um conjunto de parâmetros e

UNIDADE III Metodologia e Processo do Planejamento Social 66


ações seguras e embasadas, ações já experimentadas em algum momento e, por este
motivo, bastante conservadoras. De acordo com Silva e Mangini (2018, p. 4) “Trata-se de
uma prática de caráter conservador, pois seus objetivos não estão centrados na busca por
alterações da realidade no âmbito social, tampouco há uma preocupação societária a partir
dessa abordagem.”
Comparar uma peça bruta com a peça final, lapidada e trabalhada com o uso de
um gabarito, é algo bastante fácil pois as medidas são diferentes, o aspecto do produto
também é diferente, mas em situações sociais, como as que os planejamentos sociais tem
o objetivo de mudar a realidade, não é possível obter um parâmetro descritivo tão preciso.
O que se faz, no caso das questões sociais, é estabelecer um ponto no espaço e
tempo com o qual serão feitas todas as comparações, este ponto é denominado de marco
referencial e, segundo Silva e Mangini (2018, p. 8), o marco referencial
[...] consiste no estabelecimento de um diagnóstico quanto à realidade vigen-
te e as definições quanto à realidade desejada. É importante ressaltar que o
enfoque participativo deve contar com a participação de todos os indivíduos
[...] não pode haver planejamento participativo sem momentos em que cada
pessoa possa pronunciar-se por si mesma, sem a tomada de posição pessoal
antecedendo à reunião do grupo.

Em um planejamento tido como tradicional ou corporativo não se fala em ser parti-


cipativo, embora seja, até certo ponto. Mas no caso corporativo só participa quem precisa
e não se estimula participação fora do círculo de competências necessárias ao sucesso do
projeto. No caso de um planejamento social, a participação da sociedade é tão importante
quanto qualquer participante que agregue competência técnica ao projeto.
O objeto da participação popular nos projetos sociais é devido a sua necessidade de
encontrar um caminho único para a solução do problema. Embora situações sociais sejam
altamente distintas umas das outras, problemas corporativos costumam ser diferentes nos
detalhes, mas a sua constituição, invariavelmente apresenta componentes comuns com
outras situações, com isso, nos projetos sociais, de acordo com Tura e Macedo (2019, p. 7)
“o que está em foco é a busca de caminhos para o agir. Um agir que procura as melhores
maneiras para se alcançar o esperado e que vai estar ligado a uma série de estratégias
elaboradas em função do objetivo do planejamento [...]”.
Com isso, para Tura e Macedo (2019), esse importante elemento, o marco refe-
rencial, apresenta três aspectos integrados que são: o marco situacional, que apresenta a
realidade global; o marco doutrinal, que apresenta o objetivo; e, por fim, o marco operativo,
que demonstra quais ações devem ser aplicadas na busca pelo cenário desejado. Para ser

UNIDADE III Metodologia e Processo do Planejamento Social 67


efetivo, o marco referencial sempre será acompanhado por um robusto diagnóstico com o
objetivo de se promover a comparação do resultado esperado com a realidade do momento.
Assim como em projetos corporativos, o marco referencial deve contribuir para que
seja mais clara a identificação dos melhores caminhos a se seguir na busca pelo cenário
desejado. De acordo com Tura e Macedo (2019, p. 7),
A par disso, há as propostas de ação ou os modos de agir que estão rela-
cionados ao que se pretende com essas políticas. Nesse sentido, pode-se
pensar em um grupo de pessoas realizando atividades que estão de acordo
com atitudes (estratégias) que tornam reais as políticas propostas.

Ainda sobre o diagnóstico, Gandin (1995, p. 90 apud TURA; MACEDO, 2019, p. 7)


afirma que “[...] não há instituição que tenha sentido, em termos de eficiência e eficácia, sem
que faça um diagnóstico continuado, dentro de um processo de planejamento”. Se tem algo que
diferencia e muito projetos sociais é a abordagem, que no ambiente corporativo é algo trivial,
não é o foco. Em projetos sociais é tão importante quanto as demais ferramentas que podem
ser implementadas e representa a diferença entre um projeto efetivo e outro nada efetivo.
Então podemos conceber o diagnóstico dentro dos programas e das políticas sociais,
de acordo com Sant’anna e Maximiano (2017, p. 8), como “[...] um processo metodológico
que fornece as bases para a abordagem e intervenção em relação aos problemas sociais”.
A função do diagnóstico social é tanto fornecer as informações básicas para desen-
volvimento de ações concretas quanto viabilizar a construção de um cenário situacional que
subsidiará o processo decisório, essas informações se ampliam ou focalizam de acordo
com a abordagem adotada (Plano, Programa ou Projeto) (ILDAÑEZ; ANDER-EGG, 2007
apud SANT’ANNA; MAXIMIANO, 2017).
Os indicadores são ferramentas essenciais na produção, acompanhamento e aper-
feiçoamento de todo e qualquer programa ou política social. De forma geral, podemos ter o
indicador exatamente como seu nome revela: aquilo que indica algo. Os veículos automoto-
res possuem uma série de indicadores, como o de velocidade, o de temperatura do motor,
o de quilometragem percorrida etc., sem deixar de lado os indicadores que eventualmente
surgem no painel e indicam que algo pode estar avariado.
Com esta descrição geral de indicador podemos perceber que sua principal utilidade
é a de apoiar a tomada de decisão. No automóvel, se o condutor observa que o indicador de
velocidade apresenta um número elevado e incompatível com a via, usa desta informação
para decidir reduzir a pressão que faz no acelerador e com isso reduz a velocidade a um
parâmetro aceitável e seguro.

UNIDADE III Metodologia e Processo do Planejamento Social 68


Claro que os indicadores não são utilizados somente como quantificadores de
algum parâmetro, mas, no caso dos projetos de planos, os indicadores são acionados até
mesmo antes de se ter um projeto, como motivadores, como construtores de cenários em
que se possa encontrar algum problema a ser resolvido. Portanto são
[...] fonte de obtenção de dados diagnósticos é possível considerar os índices
e indicadores sociais, dados populacionais, Zonas Especiais de Interesse So-
cial (ZEIS), áreas de alta incidência de violação de direitos humanos, região
de fronteira, quilombos, território indígena (ILDAÑEZ; ANDER-EGG, 2007
apud SANT’ANNA; MAXIMIANO, 2017, p. 8).

Aqui, no caso dos projetos e políticas sociais, os indicadores se comportam de for-


ma semelhante do que os indicadores que o universo corporativo utiliza, como indicadores
de produção, de desempenho logístico, financeiro etc. Esses indicadores fornecem o status
absoluto de um parâmetro, como número de nascimentos, falecimentos, cidadãos com ou
sem emprego etc. De acordo com Sant’anna e Maximiano (2017, p. 8):
É possível estabelecer uma análise comparativa entre os índices e indica-
dores presentes no diagnóstico e os avanços dos projetos uma vez que se
estabelece o perfil do grupo e realizar uma análise comparativa entre os da-
dos de origem e os resultados alcançados ao longo do projeto e, a partir daí
analisar os impactos da evasão, aprendizagem, trabalho, saúde, não alcance
dos índices necessários para a aprovação.

Fazer um diagnóstico (algo facilitado pelos indicadores) faz parte do fluxo dos
trabalhos, antes, durante e depois de implementado um projeto social; seu objetivo princi-
pal é responder a diversas perguntas. Neste sentido, o diagnóstico social contribui para a
ampliação das coberturas e da qualidade das ações tomadas.
Dentro do que preconiza a formulação, etapa em que são construídos os objetivos,
metodologia e ferramentas a serem utilizadas no projeto, Sant’anna e Maximiano (2017,
p. 4) afirmam que se faz necessário uma boa leitura do contexto social que permita uma
melhor tomada de decisão “[...] cuja origem é determinada pela análise dos problemas,
causas, objetivos estratégicos, viabilidade e alinhamento de todos esses entes em uma
perspectiva que permita o melhor desenho do projeto e em consequência o melhor monito-
ramento, controle e avaliação de seus resultados”.
Ainda sobre a formulação, é importante frisar que somente se permite conquistar os
objetivos propostos se for cumprido com todo seu ritual institucional que inclui, além de uma
compreensiva elaboração, seu monitoramento e avaliação de sua efetividade.
Os projetos sociais são reiterativos, por isso é importante desenvolver uma
cultura voltada para a elaboração, monitoramento e a avaliação onde estas
não sejam tratadas como fases subsequentes, mas como “práticas adequa-
das ao aperfeiçoamento de tomada de decisão na gestão de projetos, em
especial na área social” (CAMPOS et al., 2002, p. 1 apud SANT’ANNA; MA-
XIMIANO, 2017, p. 4).

UNIDADE III Metodologia e Processo do Planejamento Social 69


Portanto, para Schmitz e Schappo (2017), dentro do planejamento são executadas
diversas atividades e prioridades com a tomada de decisão sendo conduzida e orientada
pelas realidades, problemáticas em mãos e com a realidade desejada em perspectiva.
Esse planejamento visa promover muito mais que o improviso, ele visa antecipar resultados
e, com isso, reduzir as incertezas, riscos. Mas não deve ser constituído apenas por um
processo administrativo e técnico, e conter um teor técnico-político.
Nesse sentido, Fritsch (1996 apud SCHMITZ; SCHAPPO 2017, p. 2) destacam a
importância da participação da população neste processo, socializando o poder de decisão
no direcionamento das políticas públicas. De fato, os indicadores são componentes impor-
tantes do processo decisório da construção de uma política social e, de acordo com Ducati
(2018, p. 23), “[...] expressam ou quantificam um insumo, um resultado, uma característica
ou o desempenho de um processo, serviço, produto ou organização”.
De forma bruta, cada indicador representa um compreensivo pacote de informações
relevantes sobre determinado atributo e, dentro das políticas sociais, apresentam informa-
ções suficientes para a construção do cenário social a ser enfrentado. “Os indicadores
não são simplesmente números, são atribuições de valor a objetivos, acontecimentos ou
situações, de acordo com os marcadores para se chegar ao resultado final pretendido”
(DISTRITO FEDERAL, 2017 apud DUCATI, 2018, p. 23). Os indicadores servem para:

● Embasar a análise crítica dos resultados obtidos e do processo de toma-


da de decisão;
● Contribuir para a melhoria contínua dos processos; Analisar comparativa-
mente o desempenho.
● Todo indicador terá um método de cálculo que descreve como mensurar,
de forma precisa e prática, seguindo um padrão universal (DISTRITO
FEDERAL, 2017 apud DUCATI, 2018, p. 23).

Medeiros (2018, on-line) afirma que “Na assistência social, têm-se os indicadores
sociais, utilizados como recurso metodológico, que indica os aspectos da realidade social
ou as mudanças ocasionadas pelos determinantes dos diferentes fenômenos sociais”.
Os indicadores sociais são subsídios que contribuem para o planejamento e
formulação de políticas sociais nas diferentes esferas governamentais, possibilitando o
monitoramento das condições de vida e bem-estar da população por parte do poder público
e da sociedade civil.
De acordo com Medeiros (2018, on-line), existe uma grande distinção dos indica-
dores que são funcionais dentro da realidade dos projetos sociais e, com isso, conceitua
que “Os indicadores sociais representam determinados aspectos da realidade, ou seja,
de uma situação ou problema social, de maneira a tornar operacional a sua observação e
apreensão”.

UNIDADE III Metodologia e Processo do Planejamento Social 70


Podemos perceber, com essa afirmação, que os indicadores sociais são muito mais
qualitativos que quantitativos. Por qualitativo entendemos ser algo que apresenta caracterís-
ticas e não somente sua quantidade, principalmente ao descrever algum fenômeno social ou
condição de uma parcela da população e pela qual seja necessário construir uma política.

SAIBA MAIS

Os indicadores sociais surgiram da necessidade de informações específicas para que


houvesse de forma efetiva planejamentos que promovessem a equidade social, uma
vez que o desenvolvimento econômico por si só não era capaz de realizar esta promo-
ção. Para saber mais sobre indicadores sociais, suas origens e sua importância para a
evolução da sociedade, faço a recomendação do vídeo: “Indicadores Sociais: passado,
presente e futuro”.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=xBakGBWCH9g

De maneira resumida, podemos tratar da construção de um indicador social como


sendo o processo de se definir qual o objetivo, o que ele deve quantificar e qualificar e, com
isso, se torna possível a coleta de dados, seu tratamento e a exibição em canais oficiais,
como o próprio portal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo
com Medeiros (2018, on-line), indicadores são dados e podem ser lapidados de forma
diferente, de acordo com a necessidade e com o tipo de projeto em mãos.
Os indicadores sociais também podem ser utilizados para subsidiar o diag-
nóstico social de modo a contribuir para intervenção do Sistema Único de
Assistência Social (SUAS). Graças a padronização dos atendimentos ofer-
tados pelo SUAS mediante o fortalecimento e favorecimento da coleta de
informações, foi possível a organização do Senso SUAS, que por sua vez,
contribui significativamente para a avaliação e o monitoramento das ações
desenvolvidas em todo o território nacional.

Para Ducati (2018), monitoramento e avaliação possuem grande ligação dentro de


um mesmo processo e do lado do monitoramento existe o acompanhamento do desenvol-
vimento das atividades formulando hipóteses, já a avaliação,
[...] aprofunda a compreensão sobre esse desenvolvimento, por meio da in-
vestigação das hipóteses geradas pelo monitoramento. Logo, a avaliação
amplia a compreensão sobre o avaliado, por meio de instrumental qualita-
tivo ou quantitativo, o qual depende da questão levantada. O foco dessas
atividades é o acompanhamento sistemático e rotineiro de ações, metas e
procedimentos relacionados ao alcance de objetivos macro, considerada sua
temporalidade rotineira. Monitorar continuamente permite ajustar as medidas
a fim de se aproximar do alcance dos objetivos (OLIVEIRA; REIS, 2016, p. 13
apud DUCATI, 2018, p. 21).

UNIDADE III Metodologia e Processo do Planejamento Social 71


A condução de um veículo exige monitorar constantemente a direção, as condições
da via, sinalização horizontal e vertical, semáforos, outros carros e pedestres, enfim, uma
série de elementos são monitorados de forma a permitir que o veículo alcance seu objetivo
e, no caso de projetos e políticas sociais, temos a mesma implicação. Com isso, o monito-
ramento é de grande importância.

REFLITA

“A necessidade de realizar um diagnóstico social reside na ideia de que é necessário


conhecer a realidade para poder agir com eficácia, a investigação sobre as condições
sociais serve de apoio ao mesmo, mas o diagnóstico é essencial para oferecer maiores
detalhamentos sobre as demandas reais da população”

(ANDER EGG; IDÁÑEZ, 2008 apud NOGUEIRA, 2019, p.137).

A importância do monitoramento de programas e políticas sociais se baseia na neces-


sidade de constante aprimoramento das ações de forma a se promover um melhor resultado.
Esse resultado é transmitido em diversas esferas: além da efetividade do programa, para com
a população alvo, existe a necessidade de se demonstrar que não somente foi desenvolvido,
mas que também foi implementado de acordo com a normativa e a legislação vigente:
Nesse sentido, monitoramento consiste no acompanhamento rotineiro de in-
formações relevantes. Propõe-se a verificar a existência de mudanças, mas
não suas razões a fundo. É um processo sistemático e contínuo de acom-
panhamento de indicadores [...], que visa a obtenção de informações, em
tempo oportuno, para subsidiar a tomada de decisão, redução de problema
e correção de rumos. Em suma, o monitoramento verifica a realização das
atividades e o alcance dos efeitos da intervenção (OLIVEIRA; REIS, 2016, p.
12 apud DUCATI, 2018, p. 21).

A avaliação, por sua vez, se diferencia do monitoramento pela complexidade de


suas análises, uma vez que requer maior rigor no uso de procedimentos metodológicos,
na busca de evidências para se fazer um julgamento da intervenção, de modo a permitir
expandir as medidas e a verificação do monitoramento que determinam valores e méritos
de programas e políticas (OLIVEIRA; REIS, 2016, p. 12 apud DUCATI, 2018, p. 21).
De acordo com Carvalho (2016), as avaliações corporativas têm o objetivo de
quantificar e qualificar a resposta e influência da organização, e também tem como foco
avaliar os serviços prestados à população interessada e após a implementação do sistema
de planejamento. Por fim, as avaliações também tratam do desempenho profissional, forne-

UNIDADE III Metodologia e Processo do Planejamento Social 72


cendo dados como a necessidade de capacitações adicionais, atualizações e reciclagens.
Com isso as avaliações se tornam tão importantes quanto a boa construção do projeto e
possibilitam ao profissional
[...] apreciar os fatores que são decorrentes de fragilidade de sua ação ou de
fatores à mesma. Esse procedimento tem duas dimensões significativas: de
um lado contribui para o aperfeiçoamento profissional individual e de outro
para o da categoria, na medida em que relato da experiência pode ser parti-
lhado e apreciado pelos demais profissionais (CARVALHO, 2016, p. 37)

A avaliação de um projeto social tem muito mais componentes se for feita dentro do
escopo de um problema social e dentro do Poder Público, pois não leva em conta apenas o
efeito produzido, e sim a sua aderência às normativas da administração pública.

UNIDADE III Metodologia e Processo do Planejamento Social 73


2. UTILIZANDO OS INSTRUMENTOS BÁSICOS: PLANOS, PROGRAMAS E PROJETOS

A gestão social representa um conjunto de ações sociais desenvolvidas pelo Poder


Público que visa gerir as demandas de cunho social, o que a população aclama como
necessário para uma melhor qualidade de vida e tal chamamento, ao recair no poder públi-
co, tende a promover como resposta o desenvolvimento de políticas sociais, programas e
projetos. De acordo com Carvalho (1991, p. 19 apud BERTOLLO, 2016, p. 336),
[...] o planejamento, a execução e a avaliação das ações realizadas são mo-
mentos que constituem – ou deveriam – uma unidade no contexto denomi-
nado de gestão social. É neste âmbito de reconhecimento das mais variadas
expressões da “questão social” que o planejamento aparece como ferramen-
ta de acesso aos direitos por meio de planos, programas e projetos.

Portanto, existe este tripé de maior relevância gerencial e social que com as ações
de planejar, executar e avaliar, garante ao cidadão que necessita, acesso a uma gama de
programas e políticas sociais.
Dentro da Gestão Social, temos a planificação que, de acordo com Baptista (2002,
p. 97 apud BERTOLLO, 2016, p. 336), denomina o:
[...] processo de planejamento, é realizada no momento em que, após a to-
mada de um conjunto de decisões, definidas em face de uma realidade de-
terminada, inicia-se o trabalho de sistematização das atividades e dos proce-
dimentos necessários para o alcance dos resultados previstos.

Temos, portanto, a planificação como o pontapé inicial, o momento em que a mo-


tivação por trás de uma política pública passa a se concretizar na forma de um plano,
programa ou política. Assim, nas palavras de Baptista (2002 apud BERTOLLO, 2016, p.

UNIDADE III Metodologia e Processo do Planejamento Social 74


336), a planificação promove a realização do planejamento e que dentro deste, o plano é
definido, delineando ações mais amplas e considerando/propondo ações relacionadas à
estrutura organizacional.
Por fim, o planejamento faz com que o planejamento seja capaz de orientar todos
os níveis de detalhamento das ações:
Um programa podemos dizer que é o momento/documento de setorização
do plano e de referência para o projeto, que por sua vez pode ser entendido
como o instrumento de maior nível de detalhamento das ações e de menor
âmbito de abrangência (BAPTISTA, 2002 apud BERTOLLO, 2016, p. 336).

Os planos, conforme Cury (2001 apud MACIEL, 2015, p. 10),


[...] fornecem um referencial teórico e político, bem como as estratégias que
permitirão a elaboração dos programas e projetos. No plano, os problemas
são selecionados e concentrados em áreas de interesses, para as quais se-
rão elaborados posteriormente os programas e projetos.

SAIBA MAIS

A importância conhecimento acerca de conceitos e estratégias de como se desenvolve


um projeto social nos torna aptos a entender este universo de promoção e desenvol-
vimento social, porém observar exemplos destes projetos na prática e no cotidiano da
sociedade nos dá uma visão humanizada de cada projeto e de como a sociedade está
se desenvolvendo através destes projetos. Para saber mais sobre os projetos sociais
na prática, faço a recomendação de leitura do artigo: Conheça 5 Projetos Sociais que
fazem a diferença para o mundo!.

Disponível em: https://blog.risu.com.br/projetos-sociais/

Os planos têm um peso muito maior na esfera político/social do que na corporativa


e são mais densos, tendo em vista a necessidade maior de serem embasados para poder
competir pelos recursos necessários. Para Cohen e Franco (2000 apud MACIEL, 2015, p.
11), “um plano concentra a soma de programas que buscam objetivos comuns, dispondo
as ações programáticas em uma sequência temporal conforme sua racionalidade técnica e
suas prioridades de atendimento”.
Neste sentido, estes planos atacam o problema de uma forma genérica, geral e com
isso as decisões por ele tomadas também apresentam este generalismo, assim, de acordo
com Silveira (2016), esses planos, projetos e programas devem estar embasados de acordo

UNIDADE III Metodologia e Processo do Planejamento Social 75


com princípios éticos e valores humanizados e sua execução sempre deve ser acompanhada
e avaliada de forma a estar sempre próximos da realidade social que visam modificar.
Para Mello et al. (2020) e historicamente falando, o planejamento vem sendo cons-
truído de forma linear, dentro do que se compreende como gestão social, até a década
de 1980, mas que devido a mudanças político/econômicas e pelo fim da ditadura militar
somados ao avanço deste tema nas pesquisas das instituições de ensino, sofreu avanços
e ampliações em seu sentido e aplicabilidades.
Nas últimas décadas, o ato de planejar passou a representar efetivamente o ato de
se elaborar um plano, de sistematizar quais objetivos e metas se deseja alcançar e de que
forma serão alcançados para mudar uma realidade de A para B:
Deste modo, o plano é a definição das abordagens, das metas, do como será
feito, de quais objetivos seguir para a melhor realização das propostas que
contemplem os programas e projetos sociais. É importante ressaltar que pla-
nejamento, programas e projetos sociais não podem ser confundidos entre
si, embora eles se entrelaçam constantemente (MELLO et al., 2020, p. 51).

É de fundamental importância planejar as ações a serem realizadas, respeitando prá-


ticas pautadas nas dimensões teórico-metodológica, técnico-operativa e ético-política, bem
como o fortalecimento do projeto ético político e da lei que regulamenta a profissão. De acordo
com Mello et al. (2020, p. 55), existe grande sinergia entre as partes de um planejamento:
O planejamento deve dialogar constantemente com o projeto ético-político do
serviço social, pois, como sujeitos políticos pensantes em uma sociedade de
classes que requer análise de conjuntura constante, comprometidos como o
código de ética, bem como a garantia de direitos sociais, faz-se imperativo
que tenham profissionais que se posicionem politicamente nas mais distintas
áreas de atuação, a fim de efetivar tais direitos.

Se planejar for agir de maneira racional e lógica, tomando decisões baseadas em


reflexão, também se faz necessário levar em conta a realidade social em questão e que tal
realidade jamais está isolada.

REFLITA

“[...] os projetos sociais nascem do desejo de mudar uma determinada realidade, consti-
tuindo-se como pontes entre a realidade vivida e a desejada. Mais que isso: os projetos
também constituem a possibilidade de expressão e participação no que é público e co-
letivo, e esse fato se dá em um momento de profundas e marcantes transformações das
relações entre o público e o privado, passando a constituir uma importante ferramenta
de gestão utilizada tanto pelo Estado quanto pela sociedade civil organizada”

(MACIEL, 2015, p. 12).

UNIDADE III Metodologia e Processo do Planejamento Social 76


Por realidades isoladas consideramos que as diversas situações alvo de programas
e políticas sociais, mesmo atingidas por projetos diferentes, possuem grande inter-relacio-
namento entre elas e, nesse sentido, quando nos referimos aos programas, de acordo com
Cohen e Franco (2000 apud MACIEL, 2015, p. 11), estamos falando de
[...] um conjunto de projetos que buscam o mesmo objetivo. Segundo os au-
tores, o programa estabelece as prioridades de intervenção, identificando e
ordenando os projetos, definindo o âmbito institucional e alocando os recur-
sos que serão necessários.

Os programas são agrupamentos de projetos cujo objetivo, e provavelmente o público-al-


vo, é o mesmo, portanto são complementares. Para Baptista (2002 apud MACIEL, 2015, p. 11):
[...] o programa é basicamente um desdobramento do plano, com projeções
mais detalhadas a partir de informações mais específicas com relação aos dife-
rentes níveis e modalidades de intervenção. [...] não se trata apenas de junção
de vários projetos, pois pressupõe a coerência e a vinculação entre esses.

Portanto, programas são conjuntos de projetos que buscam os mesmos objetivos,


são aprofundamentos dos planos, detalhamentos em setores de políticas e diretrizes e onde
se estabelece as prioridades nas intervenções e se aloca recursos setoriais. (CURY, 2001,
apud MACIEL, 2015, p. 11). Além de formarem uma composição maior, planos e programas
sistematizam as ações que estabelecem e com isso sua linha de tempo pode ser extensa:
Os planos e os programas organizam e sistematizam as ações, de forma que,
em relação ao tempo, os planos são elaborados para execução entre 1 a 20
anos, e os programas entre 1 a 5 anos. Quanto à abrangência, os planos são
definidos no nível das estratégias; já os programas, partindo das estratégias que
definem as linhas programáticas para a ação, portanto, são demarcados no nível
tático. Dentro dessa cadeia de tomada de decisão, chegamos, finalmente, aos
projetos, os quais passamos a estudar agora (MACIEL, 2015, p. 11).

De acordo com Justo (2018, on-line) e baseado no que preconiza o PMBOK, um


guia de gestão de projetos, “Um projeto é um esforço temporário que tem como finalidade
um resultado único e possui recursos delimitados. Um projeto pode ser social, pessoal, cultu-
ral, empresarial ou de pesquisa. Abordaremos cada um desses tipos mais à frente”. E ainda
segundo Justo (2018, on-line) para entender melhor a definição de projeto vamos por partes:

● Um projeto é temporário pois deve ter datas de início e fim definidas. Por
exemplo: se você for construir um site, uma data para iniciar e concluir
esse projeto será pré-determinada, certo?
● Na maioria das vezes, um projeto é iniciado com a intenção de criar um
novo produto ou serviço, ou apenas aprimorar algo já existente. Por esse
motivo, deve haver um escopo inicial, isto é, a descrição (mesmo que
parcial) do trabalho que precisa ser feito. Isso ajudará a tornar o resultado
final exclusivo e facilitará o processo de desenvolvimento desse projeto
pois, mesmo que possuam características similares, um projeto nunca
será igual a outro.
● Estipular custos e recursos no início do projeto como força de trabalho,
materiais que serão utilizados, infraestrutura, verbas e prazos, colaboram
para que não falte mão de obra para concluir o projeto ou que ele exceda
a verba disponível.

UNIDADE III Metodologia e Processo do Planejamento Social 77


Estudante, para perceber a utilidade de se constituir programas, de separar as
temáticas daquilo que se pretende mudar, melhorar qualidade de vida, devemos com-
preender que existem muitos atores na política brasileira e que, devido à prerrogativa dos
recursos escassos, não se pode correr o risco de se criar projetos que lidem com o mesmo
cenário, em aspectos diferentes e que sejam desenvolvidos completamente separados um
do outro e com isso utilizem muito mais recursos que um projeto tematizado, programado.
De acordo com Armani (2004, p. 18 apud MACIEL, 2015, p. 12),
[...] a grande utilidade dos projetos está no fato de eles possibilitarem a práti-
ca de planos e programas sob a forma de unidades de intervenção concreta.
Complementa o autor: “os projetos ainda são a melhor solução para organi-
zar ações sociais uma vez que eles “capturam” a realidade complexa em pe-
quenas partes, tornando-as mais compreensíveis, planejáveis e manejáveis”.

São diversas as fontes de motivação por trás do desenvolvimento de um projeto


social: pode ser um pedido de um grupo em particular, da sociedade; pode ser originado de
um estudo independente; pode ser incentivado por uma organização do Terceiro Setor. De
acordo com Stephanou (2003, p. 11 apud MACIEL, 2015, p. 12),
Os projetos sociais nascem do desejo de mudar uma realidade. Os projetos
são pontes entre o desejo e a realidade. São ações estruturadas e intencio-
nais, de um grupo ou organização social, que partem da reflexão e do diag-
nóstico sobre uma determinada problemática e buscam contribuir, em alguma
medida, para “um outro mundo possível”.

Dentro desse pensamento, Stephanou (2003 apud MACIEL, 2015, p. 12) afirma que
[...] os projetos sociais não são realizações isoladas; dessa forma, não mu-
dam a realidade sozinhos, pois estão sempre em interação por meio de di-
ferentes modalidades de relação com planos e programas, numa visão mais
abrangente da questão social, seja no âmbito público ou no terceiro setor.

Nos projetos sociais a sinergia ocorre até mesmo nos elementos motivadores de sua
criação, seu desenvolvimento, “projetos sociais não existem a partir de si mesmos. Em geral,
são construídos a partir de organizações que têm intervenções sociais de maior amplitude do
que os próprios projetos” (STEPHANOU, 2003, p. 25 apud MACIEL, 2015, p. 12).

UNIDADE III Metodologia e Processo do Planejamento Social 78


3. AVALIAÇÃO DE PROJETOS E PROGRAMAS SOCIAIS

Estudante, fazendo uma analogia simples, mas bastante apta, podemos dizer que
a avaliação de uma política pública tem um efeito muito semelhante ao que é feito pelo
motorista de um veículo quando usa seu volante para corrigir o curso e, com isso, se manter
em linha reta, por exemplo.
Um projeto social aponta recursos financeiros, estruturais, maquinário e humano
na direção do problema que objetiva tratar de alguma forma, e o volante, neste caso a
avaliação, entra em cena para mostrar se tal projeto está no destino ou se extraviou. De
acordo com Jannuzzi (2020, on-line),
A avaliação de políticas e programas sociais tem se fortalecido no Brasil nas
últimas décadas, como consequência da ampliação do escopo e da escala
das políticas públicas. Como mostrou a experiência histórica dos países eu-
ropeus, há mais de 70 anos, a institucionalização do Estado de bem-estar foi
um determinante-chave dos avanços teóricos e metodológicos no campo da
avaliação de políticas e programas públicos.

Para Jannuzzi (2020), assim como a Constituição Federal de 1988 instituiu um


compreensivo conjunto de direitos sociais, nos últimos 30 anos se faz valer de uma série de
mecanismos de avaliação “[...] como diagnósticos sobre públicos-alvo de programas, painéis
de indicadores de monitoramento, avaliações de implementação e análises de resultados
e impactos de iniciativas do governo federal, de alguns estados e de municípios de maior
porte”. Completando este pensamento, Jannuzzi (2020) afirma que tal avanço institucional
andou paralelo com um grande aumento nas perspectivas analíticas e metodológicas,

UNIDADE III Metodologia e Processo do Planejamento Social 79


que, como efeito, passaram a atender melhor uma grande diversidade e complexidade de
intervenções.
Seja na esfera pública ou privada, pelos conceitos de planejamento se faz comple-
tamente desnecessário justificar a necessidade de se monitorar aquilo que se implementa,
é um processo básico e lógico, tal como a própria criação de seu projeto. A Avaliação, de
acordo com Chianca, Marino e Schiesari (2001, p. 16 apud PIERITZ, 2016, p. 179), pode
ser compreendida como
A coleta sistemática de informações sobre as ações, as características e os
resultados de um programa, e a identificação, esclarecimento e aplicação de
critérios, passíveis de serem defendidos publicamente, para determinar o va-
lor (mérito e relevância), a qualidade, utilidade, efetividade ou importância do
programa sendo avaliado em relação aos critérios estabelecidos, gerando re-
comendações para melhorar o programa e as informações para prestar con-
tas aos públicos internos e externos ao programa do trabalho desenvolvido.

SAIBA MAIS

A avaliação de programas e projetos ocorre no momento em que são necessárias respos-


tas quanto ao impacto dos esforços e os recursos envolvidos. Para entendermos melhor
esta prática e saber mais sobre Avaliação de projetos e programas sociais de uma forma
prática, faço a indicação do vídeo: “Monitoramento e Avaliação” do Itaú Social.

Disponível em: https://www.itausocial.org.br/programas/formacao-de-profissionais-da-educacao/monito-

ramento-e-avaliacao/

Pensando ainda em nossa analogia do motorista, devemos acrescentar que avaliar


uma política social não representa apenas verificar se o volante dos recursos, do projeto,
está apontado para a direção dos objetivos propostos, pois em projetos e políticas sociais
se deve avaliar a sua concepção, assim como a metodologia de sua aplicação, ou seja,
não se enxerga apenas a direção do volante, mas também o porquê está apontado a esta
direção. De acordo com Pieritz (2016, p. 179),
O Caráter De Aprendizagem numa avaliação é muito grande, pois, quando ava-
liamos, observamos o que deu certo ou errado no que foi planejado, além de
apontar pontos a melhorar ou simplesmente eliminar algumas estratégias do
processo que não surtirão efeito nenhum para o alcance dos objetivos e metas.

Em outra perspectiva importante e oriunda do fato de que temos mais de 500


anos de Brasil, é o fato de que dezenas, e às vezes milhares de projetos apresentando
de maneira geral o mesmo objetivo já foram desenvolvidos, implementados, avaliados e

UNIDADE III Metodologia e Processo do Planejamento Social 80


descontinuados. Por esse motivo, a avaliação tem que ser muito maior do que tratar do
presente, pois, de acordo com Mello et al. (2020, p. 185),
A avaliação enquanto método cuja finalidade é de analisar e avaliar ações
desenvolvidas no âmbito de serviços, programas e projetos socias tanto go-
vernamentais quanto não governamentais tem grande relevância no cerne da
gestão social, pois seu objetivo é estabelecer elementos para julgar e aprovar
decisões, ações e resultados. Também se compromete com o desenvolvi-
mento e com o melhoramento das táticas de intervenção no fato, isto é, a
avaliação tem que ser capaz de sugerir algo à referência da política que está
sendo analisada.

Nos processos de avaliação também deve ser incorporada a participação popular


de forma a lhe conceder empoderamento, relevância, e validar as ações perpetradas, de
se promover ajustes mais precisos e relevantes em seus planos e, tal como defende Cotta
(1998, p. 107 apud SOUZA, 2015, p. 14),
[...] a avaliação desempenha um papel central no esforço de racionalização
dos programas e projetos sociais”. Não bastasse isso, Cotta (1998 apud Sou-
za 2015, p. 13) reforça que “a ausência de controles e de metodologias de
avaliação geralmente leva a um gasto social ineficiente e, consequentemen-
te, ao desperdício dos recursos disponíveis”. Logo, a avaliação do impacto
não tem apenas o condão de mensurar um número que demonstre o alcance
do projeto, mas apurar a efetividade dos recursos dispendidos pelos Estado.

Relembrando que para as políticas públicas sociais se faz necessário avaliar muito
mais do que a efetividade das ações propostas, mas o impacto que promovem na realidade
que visam atuar bem como efeitos colaterais, paralelos, mas relevantes. Nesse sentido
Souza (2015, p. 14) afirma que
O processo de construção da avaliação do impacto social do projeto deve
ser absorvido por todos os atores envolvidos no projeto. É muito importante
a incorporação da visão daqueles que serão os beneficiários dos projetos,
dessa forma, será possível construir uma avaliação com indicadores mensu-
ráveis e que reflitam os objetivos reais do projeto. É um processo colaborativo
permanente. Ou seja, todos os atores fazem sua contribuição durante toda a
execução do projeto, participando ativamente de questões que envolvam os
critérios apuração da eficácia na avaliação do impacto do projeto

Pelo desejo do desenvolvedor do projeto, apenas deve-se obter resultados positi-


vos, mesmo que discretos ou abaixo do esperado, mas podendo o projeto ser construído
com informações insuficientes, recursos insuficientes ou outros pormenores problemáticos,
devem ser observados problemas e impactos negativos, assim, Lima (2005 apud SOU-
ZA, 2015, p. 14) explica que “A avaliação de impactos procura identificar, então, além das
atividades apoiadas e como os recursos foram investidos, que resultados foram sendo
alcançados e que mudanças eles geraram”.
Nos dizeres de Santos, Serrano e Neto (2015 apud ROSSI; SANTOS, 2016, p.
156), “[...] a avaliação empírica das políticas públicas se dá pela apreciação do seguinte
processo: aplicação de recursos financeiros; implementação e execução de uma política ou

UNIDADE III Metodologia e Processo do Planejamento Social 81


programa; geração de seus resultados ou efeitos para sociedade”. O modelo de avaliação
da efetividade proposto por Santos (2010, p. 142 apud ROSSI; SANTOS, 2016, p. 156) é
“[...] caracterizado por respostas às demandas existentes que resultaram nas conquistas,
ou nos desafios não superados, em relação às políticas públicas e aos programas orça-
mentários pesquisados”.
Com o quadro a seguir são conceituadas a eficiência, eficácia e efetividade, instru-
mentais nas avaliações de políticas sociais:

QUADRO 1 - EFICIÊNCIA, EFICÁCIA E EFETIVIDADE

Indicador Descrição
Eficiência Refere-se à boa gestão dos recursos em relação às atividades e resultados atingidos. De-
monstra a competência para se produzir resultados com dispêndio mínimo necessário de
recursos e esforços, ou seja, os investimentos que foram mobilizados devem produzir os
efeitos desejados.
Eficácia Verifica se as ações do projeto ajudaram a alcançar os resultados previstos, remetendo
às condições controladas e aos resultados desejados de experimentos. Projetos sociais
balizam-se por objetivos de eficácia, esperando-se que produzam os efeitos desejados jus-
tificando os investimentos.
Efetividade Refere-se à capacidade de se promover resultados pretendidos. Tratando-se de programas
sociais, mede a proporção do projeto em relação a sua implementação e ao aprimoramento
de objetivos, incorporado, de modo permanente, à realidade da população atingida.

Fonte: adaptado de Valarelli (1999 apud ROSSI; SANTOS 2016, p. 156) e Marinho e Façanha (2001 apud

ROSSI; SANTOS, 2016, p. 156).

Para Costa e Castanhar (2003, apud ROSSI; SANTOS 2016, p. 156), no setor
público sempre foi importante avaliar o desempenho, tendo em vista que, diferente do setor
privado, não existe competição no setor público e, com isso, faltam os elementos autorre-
guladores, muito menos questões de demanda e seu comportamento.

REFLITA

“Não há uma única forma para produzir conhecimento sobre um programa social e o pes-
quisador deve ter clareza de que cada escolha implica inevitavelmente posicionamento
ético-político. Fazer uma opção metodológica é também fazer uma opção política”

(FINKLER; DELL’AGLIO, 2013, p. 139).

UNIDADE III Metodologia e Processo do Planejamento Social 82


A avaliação vai se basear nos indicadores que, para o setor público, possuem algu-
mas vertentes dentro do escopo das ações sociais como a efetividade e a eficiência, em que
“Os indicadores de efetividade e eficiência, quando relacionados, funcionam como insumos
imprescindíveis para o alcance da eficácia e do conhecimento dos resultados almejados”
(MARINHO; FAÇANHA, 2001 apud ROSSI; SANTOS, 2016, p. 156).

UNIDADE III Metodologia e Processo do Planejamento Social 83


4. MÉTODO FOFA

Dentro do universo do Serviço Social a matriz FOFA entra como uma ferramenta
que permite um levantamento que revela informações diferentes das obtidas pelos indica-
dores e indispensáveis, tanto na construção das políticas sociais quanto em sua aprovação
diante de seus comitês e secretarias.
Assim, Tavares (2005, p. 3 apud SILVA, 2016, p. 2) conceitua o termo SWOT da
seguinte forma:
[...] o conceito de SWOT – forças (Strengths), fraquezas (Weakness), oportu-
nidades (Opportunities), ameaças (Threats), ou em sua tradução FOFA, rela-
cionando em ordem diferente os mesmos significados, [...]. Nesse enfoque,
o planejamento contempla a relação entre as condições externas e internas.

De acordo com Silva (2016), essa metodologia SWOT/FOFA tem como objetivo
direcionar estrategicamente a organização, de acordo com seu ambiente interno e externo.
Por ambiente interno são representadas:
[...] instalações, treinamentos, pessoal, maquinário, layout, propaganda, lo-
calização, pontos de venda, benefícios e salários (dentro dos limites da lei),
clima organizacional, valores, planejamento etc. Ambiente externo: tudo que
está fora da “jurisdição” e do alcance da empresa e que, portanto, ela não
pode controlar. São fatores naturais, como o clima, catástrofes, aquecimento
global, escassez de água etc., e fatores conjunturais e institucionais, como
taxa de juros, variações cambiais, decisões do governo, alíquotas de impos-
tos, crise política, instabilidade institucional, legislações trabalhistas, ambien-
tas ou de exportação, entre outros (SILVA, 2016, p. 2).

De forma estrutural, o levantamento feito com o uso da matriz FOFA é parte vital
do processo de construção e elaboração do planejamento de uma política social. Segundo

UNIDADE III Metodologia e Processo do Planejamento Social 84


Teixeira e Alonso (2014 apud CRUZ et al. 2018, p. 144), “[...] o planejamento estratégico é
visto como uma ferramenta da gestão que pode ser usada para apontar possíveis oportu-
nidades e ameaças presentes no ambiente em que a empresa exerce suas atividades”. A
seguir, temos um exemplo de aplicação do método FOFA:

QUADRO 2 - MATRIZ FOFA – CRAS ARROZAL

Oportunidades Ameaças
O conhecimento do coordenador associado às
capacidades e dedicação dos servidores devem
O conhecimento Técnico do Coordenador deve ser
ser direcionados à realização de campanhas de
utilizado, aproveitado da capacidade intelectual dos
divulgação do verdadeiro conceito de Assistência
demais profissionais, para conscientizá-los da exis-
Social. Isso pode ajudar a evitar a utilização dos
tência das leis e da Assistência Social e da parti-
serviços como moeda de troca ou como marke-
cipação do Município de Piraí no SUAS; A grande
ting institucional. Os projetos devem prever os
demanda pelos serviços do CRAS Arrozal; Relativa
recursos necessários e promover a integração
acessibilidade ao prefeito possibilita que a equipe
com as Secretarias de Saúde, de Educação e de
encaminhe projetos plenamente fundamentados.
Transportes, para viabilizar o acesso às políticas
públicas.
Visão distorcida do conceito de Assistência So-
cial; Necessidade de recursos; Falta de integra-
O ambiente externo, com a grande demanda por
ção entre secretarias, deficiências do transporte
serviços, existência de leis específicas, participação
público; Utilização dos serviços de forma leviana
no SUAS; razoável facilidade de comunicação com
tendem a potencializar os pontos fracos. Para
os gestores municipais, pode utilizado para sanar a
oferecer resistências a esse fenômeno, faz-se
carência de educadores sociais no CRAS Arrozal e
necessário que a equipe esteja completa e que
promover a distribuição de tarefas.
seja feita a distribuição das tarefas para os reais
responsáveis.

Fonte: adaptado de Monteze (2016, p. 13).

Como resultado disso, o planejamento auxilia no processo de análise dos fatores


que possuem uma alta influência nas atividades desenvolvidas pela organização. Através
de ferramentas como a análise SWOT (Strengths = forças, Weaknesses = fragilidades,
Opportunities = oportunidades e Threats = ameaças), a empresa identifica os principais
entraves que afetam os resultados e objetivos dos colaboradores. (TEIXEIRA; ALONSO,
2014 apud CRUZ et al., 2018, p. 144).

SAIBA MAIS

Embora seja um forte componente corporativo, a análise da Matriz FOFA pode fornecer
parâmetros, cenários refinados que permitem um melhor processo de tomada de deci-
são na construção e aplicação de políticas públicas sociais. O Artigo Matriz SWOT em
organizações de Terceiro Setor traz uma perspectiva intrigante sobre o uso da FOFA
(SWOT) em uma perspectiva social aplicada ao Terceiro Setor.

Disponível em: https://nossacausa.com/matriz-swot-em-organizacoes-de-terceiro-setor/

UNIDADE III Metodologia e Processo do Planejamento Social 85


Se a SWOT corporativa é uma excelente ferramenta de construção de cenários, e
a construção de políticas sociais depende da melhor visualização possível do cenário a ser
atingido por suas ações, cabe, então, o uso deste recurso, pois
A análise SWOT é uma ferramenta utilizada para diagnóstico de cenário,
sendo muito empregada no PE, informando aos gestores os pontos fortes e
fracos de uma organização e evidenciando fraquezas e ameaças, possibili-
tando melhorias internas e externas (SILVEIRA, 2001, p. 209 apud Cruz et al.
2018, p. 144). A sustentação da matriz SWOT, de acordo com Chiavenato e
Sapiro (2009 apud Cruz et al. 2018, p. 144), se dá pela intersecção das opor-
tunidades e ameaças externas que vão contra os propósitos da organização,
levando em consideração sua missão, visão e valores (TEIXEIRA; ALONSO,
2014 apud CRUZ et al. 2017, p. 144).

De acordo com Fagundes (2010 apud TRINDADE; SILVA; OLIVEIRA 2018, p. 201)
“[..] o modelo da ‘Matriz SWOT’, surgiu na década de 1960, em discussões na escola de
administração, que começaram a focar a compatibilização entre as ‘Forças’ e ‘Fraquezas’
de uma organização, sua competência distintiva, e as ‘Oportunidades’ e as ‘Ameaças’”.

QUADRO 3 - ESTRUTURA DA ANÁLISE SWOT

Análise Interna
Predominância de:
Pontos fracos Pontos Fortes

Ameaças Sobrevivência Manutenção


Predomi-
Análise
nância
Extrema:
de:
Oportunida-
Crescimento Desenvolvimento
des

Fonte: Oliveira (2010 apud TRINDADE; SILVA; OLIVEIRA, 2018, p. 201).

Utilizar a matriz FOFA como ferramenta de investigação social faz total sentido,
uma vez que permite enxergar melhor o cenário alvo além de contribuir para a elaboração
de diagnósticos e planos:
No entanto, a utilização, nem sempre se traduz em contributos efetivos para
os processos, sendo que, muitas vezes, ela surge mais como um ritual ou
uma tentativa desprovida de conteúdo real, de sermos mais científicos ou téc-
nicos nos processos de planejamento e/ou avaliação. Na realidade, devido
a aparente simplicidade esta técnica emergiu como uma das preferidas por
técnicos de todas as áreas (ULRICH, 2002 apud TRINDADE; SILVA; OLIVEI-
RA, 2018, p. 201).

UNIDADE III Metodologia e Processo do Planejamento Social 86


REFLITA

É vital para a construção de uma política social, a construção do cenário que esta políti-
ca pretende realizar a mudança, a melhoria da qualidade de vida. E o mecanismo para
esta construção é a Matriz FOFA.

Fonte: o autor.

Kotler e Keller (2006 apud TRINDADE; SILVA; OLIVEIRA, 2018, p. 2012) afirmam que
[...] os principais objetivos da avaliação ambiental são: reconhecer novas
oportunidades e pontos fortes, para poder desenvolver e lucrar por meio des-
tes. Usando esta análise é possível determinar a atratividade, a probabilidade
de sucesso de uma oportunidade, a identificação das ameaças e os pontos
fracos, que podem afetar a capacidade de obter lucros por ser uma tendência
desfavorável à organização que podem ser classificadas pela gravidade e
probabilidade de ocorrência.

Para Serra, Torres e Torres (2004 apud TRINDADE; SILVA; OLIVEIRA, 2018, p.
202) “a função primordial da SWOT é possibilitar a escolha de uma estratégia adequada
– para que se alcancem determinados objetivos – a partir de uma avaliação crítica dos
ambientes internos e externos”. Assim, segundo Gomide et al. (2015, p. 225), a Matriz
FOFA pode ser qualificada como um
[...] instrumento, muito utilizado no campo do planejamento e gestão, facilita
a sistematização e a visualização dos pontos fortes (Fortalezas e Oportu-
nidades) e das fragilidades (Fraquezas e Ameaças) de um coletivo social,
permitindo a avaliação de sua estrutura, desempenhos e/ou contextos, uma
vez que distingue o que é próprio (Fortalezas e Fraquezas), sobre o qual se
tem governabilidade, do que é externo (Oportunidades e Ameaças), cujas
características e particularidades precisam ser (re)conhecidas.

Em uma comparação direta da FOFA corporativa com a sua irmã gêmea do Serviço
Social e do Setor Público, encontramos o mesmo sentido para o ambiente interno, seja
empresa ou poder público e também como ambiente externo, que, de forma geral, repre-
senta a sociedade, talvez não de forma estruturada, como se pode observar nos mercados
consumidores, mas nas pessoas em si e em suas comunidades.

UNIDADE III Metodologia e Processo do Planejamento Social 87


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estudante, nesta unidade pudemos notar o quão importante é a construção e com-


preensão do cenário social no qual pretende atuar o projeto desenhado e como diversas fer-
ramentas corporativas podem ser portadas ao universo público para que tais projetos sejam
criados, desenvolvidos e aplicados de maneira eficiente e eficaz para, por fim, serem efetivos.
Outro ponto de grande importância, dentro dos conceitos e argumentos que foram
feitos nesta unidade é a avaliação como uma das mais importantes e complexas partes
do processo, do ciclo de vida de um programa ou de uma política social, pois com sua
realização, é possível compreender se as ações projetadas estão conduzindo o projeto a
seu objetivo ou se necessita de algum ajuste.
Por fim, complementando a construção do cenário e o processo avaliativo, outra ferra-
menta do setor privado, portada pelo setor público, é o Método FOFA e sua forma simplificada
de se demonstrar um completo cenário socioeconômico, que permite aos desenvolvedores
das políticas compreender se construíram algo que possa ser minimamente efetivo.

UNIDADE III Metodologia e Processo do Planejamento Social 88


LEITURA COMPLEMENTAR

Para complementar os estudos sobre a construção e efetivação das políticas


sociais recomendo a leitura do artigo que apresenta mais detalhadamente o conceito de
Diagnóstico Social com o título de Diagnóstico Social: Um Instrumento de Pesquisa Sobre
Populações e Territórios, escrito por Renata Oliveira de Siqueira.

Disponível em: https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/17825/


Disserta%C3%A7%C3%A3o%20Renata%20Siqueira_19_09_2016.pdf?sequence=1&i-
sAllowed=y

UNIDADE III Metodologia e Processo do Planejamento Social 89


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Indicadores Sociais no Brasil. Conceitos, Fontes de Dados
e Aplicações
Autor: Paulo de Martino Jannuzzi
Editora: Alínea
Sinopse: Desde a primeira edição deste livro, em 2001, o Brasil
e o mundo passaram por intensas mudanças. Novas agendas de
políticas e programas sociais foram propostas, expandiram-se,
consolidaram-se.
Fonte: https://amzn.to/2Vd7qDg

FILME/VÍDEO
Título: Carandiru
Ano: 2003
Sinopse: Um médico se oferece para realizar o trabalho de
prevenção ao vírus HIV no Carandiru, maior presídio da América
Latina, durante os anos 90. Convivendo diariamente com a dura
realidade dos encarcerados, ele presencia a violência agravada
pela superlotação, a precariedade dos serviços prestados e a
animalização dos presos. Paradoxalmente, também conhece o
sistema de organização interna e o lado frágil e sonhador de cada
um deles.
Fonte: https://www.guiadasemana.com.br/cinema/galeria/filmes-
-que-fazem-duras-criticas-sociais

UNIDADE III Metodologia e Processo do Planejamento Social 90


WEB

● O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) é a melhor fonte para


dados demográficos e estatísticos essenciais para se compor os mais diversos cenários
sociais e com isso promover a construção das melhores políticas sociais.
● Link do site: https://www.ibge.gov.br/

UNIDADE III Metodologia e Processo do Planejamento Social 91


UNIDADE IV
O Planejamento como Instrumental na
Prática do Assistente Social
Professor Lindolfo Alves dos Santos Júnior

Plano de Estudo:
● Processo de formação e análise de planos, programas, projetos
de intervenção em Serviço Social.
● Planejamento como instrumento de gestão de serviços públicos.
● Como elaborar projetos?
● Método Marco Lógico.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar a estrutura de formação e análise de projetos, planos e
programas de intervenção no Serviço Social.
● Compreender como o planejamento pode e deve ser utilizado como instrumento de
gestão para o aprimoramento das intervenções do Serviço Social.
● Estabelecer a importância da elaboração de projetos de do
uso metodológico do Marco Lógico.

92
INTRODUÇÃO

Estudante, as ações dos profissionais de Serviço Social, embora vitais para uma
sociedade cada vez mais à margem de uma vida digna, não são suficientes neste mundo
acelerado, burocrático, onde os recursos são cada vez mais escassos.
Por esse motivo, vamos começar esta unidade tratando da dinâmica dos processos
que visam complementar as ações e intervenções desse profissional, lhe permitindo atuar e
construir processos de formação e análise de planos, programas e intervenções em Serviço
Social.
Em seguida vamos contextualizar para compreender melhor sobre a importância
do planejamento como um poderoso instrumento de gestão de serviços públicos e de como
esse planejamento ajuda a tornar projetos, planos e programas mais assertivos e capazes
de produzir maiores e melhores externalidades positivas.
No terceiro tópico aprofundaremos nos processos que envolvem a elaboração dos
projetos voltados ao Serviço Social e de como tal construção modificou permanentemente
a atuação do profissional de Serviço Social. E, por fim, apresentaremos os conceitos e
contextualizaremos a ferramenta do Marco Lógico e sua importância para que os projetos
sociais sejam construídos tendo por base um melhor panorama da situação que desejam
corrigir, melhorar, bem como das pessoas que serão os objetivos.

UNIDADE IV O Planejamento como Instrumental na Prática do Assistente Social 93


1. PROCESSO DE FORMAÇÃO E ANÁLISE DE PLANOS, PROGRAMAS, PROJE-
TOS DE INTERVENÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

Um grande problema que sempre afeta os projetos sociais é o contingenciamento


de recursos ou sua priorização para outras áreas, mesmo que não seja por completo. Um
projeto social acaba severamente prejudicado quando seus recursos financeiros são priori-
zados, mesmo que sejam levados a outro projeto de cunho emergencial e isso faz com que
sua composição, da formação a avaliação pós implementação sejam processos críticos e
bem estudados e que antevejam tais situações.
Com isso, fica claro o papel estrutural e estratégico do profissional de Serviço So-
cial e como ele deve promover e facilitar todo o processo, do nascimento do projeto dentro
da administração pública, até a intervenção social ou até que os efeitos do projeto. Com
isso, para Carvalho (2016, p. 13), “Sendo o Serviço Social uma profissão de intervenção na
realidade social, logo sua lógica está voltada essencialmente para a sua operacionalização.
Deste modo, é na prática profissional que se processa uma constante organização e reor-
ganização de conhecimentos com vistas a uma imediata transformação em ação”.
De forma geral, o que o profissional de Serviço Social deve buscar com suas ações
está concentrado no que representam os 3 Es: Eficácia, Eficiência e Efetividade. Por eficá-
cia, em projetos sociais temos que se trata de produzir o efeito desenhado no projeto; já em
relação à eficiência, temos um significado mais geral, em que o projeto deve ser conduzido
sempre com a melhor utilização dos recursos disponíveis; e, por fim, a efetividade, algo mais

UNIDADE IV O Planejamento como Instrumental na Prática do Assistente Social 94


relevante nos projetos sociais, representa a promoção de efeitos positivos e permanentes
nos cidadãos objetivo do projeto.
Com isso, podemos dizer que a atuação primorosa do Serviço Social e seus pro-
fissionais deve se pautar por metodologia, pois apenas desta forma será possível garantir
“[...] conhecimento e a transformação de um dado objeto construído idealizado através de
técnicas e instrumentos, de forma a oferecer uma visão que permita uma ação sobre o
objeto. Assim não deveria, em tese, haver esta dissociação entre método, teoria e objeto”
(CARVALHO, 2016, p. 13).
Portanto devemos conceber que uma atuação precisa do Serviço Social vai ser
conduzida pela sensibilidade de seus profissionais, sem, em nenhum momento, abandonar
a perícia, a técnica e a ciência, de forma a não somente desejar resultados positivos, mas
construir tais resultados. E complementando esse argumento, Costa e Pinheiro (2015,
p. 2) afirmam que “A dinâmica contemporânea perpassada pela divisão sociotécnica do
trabalho apresenta a necessidade de se refletir e problematizar o exercício profissional do
serviço social, pautando nas análises as novas competências e demandas postas aos/às
profissionais”.
Uma realidade inegável é a invariável necessidade de os projetos sociais terem
como base de investimento o capital, e se tratando de níveis de escassez de recursos, seja
qual for o setor da economia ou do próprio poder público, este é o recurso mais sensível a
flutuações de escassez.
Tendo em mente a sensibilidade financeira dos projetos, cabe ao profissional de
Serviço Social construir projeto robusto o suficiente que seja permitido sua implementação
em diversos níveis de disponibilidade de recursos e que mesmo assim, mesmo que grada-
tivamente possa produzir resultados positivos, mudar a realidade na qual foi desenhado.
Assim, de acordo com Costa e Pinheiro (2015, p. 2),
Diante de um contexto tão adverso imposto pela lógica do capital, requer pen-
sar e repensar a realidade brasileira, na qual o/a profissional realiza sua atua-
ção, fazendo a mediação com as condições e relações de trabalho, para então
pensar em seu exercício profissional cotidiano e as possibilidades de atuação.

De acordo com Salvador (2018, p. 1) “O Serviço Social é uma profissão que ocupa
espaço privilegiado nos equipamentos que planejam, executam e avaliam políticas sociais
cujo compromisso ético-político está consolidado no Código de Ética de 1993 e na lei
8662/93, que regulamenta a profissão”. Fica evidente a importância da atuação sistemática
do profissional de serviço social como parte do ritual político em que está inserido e como
uma questão de consolidação de suas ações, do sucesso de seus projetos.

UNIDADE IV O Planejamento como Instrumental na Prática do Assistente Social 95


Embora seja explícita a importância da sistematização da atuação do profissional
de Serviço Social, ainda se encontra como temática pouco trabalhada na produção científi-
ca e acadêmica, em parte se justifica pelo maior olhar na intervenção, mas sem projetos a
intervenção não se realiza e com isso temos que:
A discussão da sistematização do trabalho profissional ainda é tratada ti-
midamente na produção acadêmica do Serviço Social, mesmo alertado por
autores sobre os poucos textos na literatura da profissão relacionados ao
eixo dimensão operativa, quando comparados à rica produção nos textos que
trazem o debate sobre as dimensões ético política e teórico metodológica.
Quando a discussão recai nos instrumentais de sistematização, em especial
sobre a elaboração de projetos, essa questão se assevera pela exiguidade
de textos sobre o assunto (SALVADOR, 2018, p. 1).

Corroborando com essa afirmativa de que o foco acadêmico científico da base


teórica dos projetos sociais, Salvador (2018, p. 2) afirma que tal visão se justifica pelo
próprio caráter interventivo da atuação deste profissional “[...] o seu trabalho materializado
nas diferentes instituições contratantes com informações que garantam o acesso a bens e
serviços por elas prestados, os quais responderiam às necessidades da população que os
demanda, às finalidades e aos objetivos institucionais”.
Embora o componente estrutural do trabalho no serviço social não seja mais visto
como alienígena ao processo, agregado tardiamente, sua integração ainda carece de maior
sinergia e, até mesmo, melhor conscientização de sua relevância para com a efetividade
dos resultados esperados. De acordo com Grah e Santos (2015, p. 4) “Em síntese, reitera-
-se que o cotidiano profissional é permeado por dimensões (subjetivas, de poder, culturais)
que não foram propósito de análise no âmbito da economia política”. Sobre tais dimensões,
Grah e Santos (2015, p. 4) complementam serem constantes elementos externados por
todo cidadão que demanda alguma assistência social:
Diante das demandas que lhes são apresentadas, e na falta de elementos
teóricos que subsidiem a intervenção, o assistente social lança mão, por ve-
zes, de recursos pessoais, religiosos, ou de experiências de vida no intento
de responder ao complexo presente na intervenção profissional externaliza-
dos pelos sujeitos que o procuram.

Existe certo desequilíbrio entre o lado intervencionista e o lado profissional do agen-


te do Serviço Social, em parte devido a uma maior busca pelo conhecimento da intervenção
em si, em detrimento das práticas mais estratégicas e estruturadas, benéficas à profissão.
Dentro da práxis do profissional de Serviço Social e de acordo com Silva (2005, p. 1 apud
PIERITZ, 2016. p. 106), temos as seguintes aplicações estratégicas:

UNIDADE IV O Planejamento como Instrumental na Prática do Assistente Social 96


● [como] Intervenção na sociedade: [...] através de tomadas de posição
sobre os problemas sociais mais diversos.
● [como] Intervenção nas políticas: Através da primeira, consolidar o lugar
do Serviço Social como auditor e promotor de políticas sociais públicas,
influenciando os órgãos do Poder Executivo e Poder Legislativo.
● [como] Intervenção no mercado: Desenvolvimento de estratégias, obser-
vatórios, que perspectivem as mudanças sociais, também no campo do
mercado de inserção laboral do assistente social.

Assim, de acordo com Pieritz (2016), a atuação do assistente social junto à socie-
dade deve ser estratégica com relação a sua intervenção nos problemas sociais. Mas tal
intervenção dentro da esfera das políticas públicas deve ser em todas as instâncias, atuan-
do em todo o processo decisório e com isso influenciando tais processos. Já no mercado
de trabalho sua atuação é a de dar atenção às transformações
[...] e no mercado de trabalho, os assistentes sociais buscam desenvolver
estratégias que possibilitem transpor as transformações e mudanças da rea-
lidade cotidiana de sua atuação profissional, estando sempre atualizados e
capacitados para o enfrentamento das questões sociais que lhes são apre-
sentadas (PIERITZ, 2016. p. 106).

Existe um lado do planejamento que permite a sua constante busca pelo aperfeiçoa-
mento e facilita futuros processos de tomada de decisão e se trata do processo de registro. O
registro do planejamento é um arcabouço histórico de outras ações, tendo em vista que existem
situações problema que não se resolvem dentro de um ciclo de uma política social e, com isso,
uma nova é desenhada, revisitar os arquivos, compreender o que proporcionou as decisões
tomadas ajuda a construir um novo projeto que evite algumas das situações já visitadas.
Neste sentido, Pieritz (2016. p. 106) corrobora com a questão dos registros ao afirmar que
O processo de planejamento, independente da linha adotada, expressa-se
em documentos, reproduzindo as decisões tomadas, a sistematização das
atividades e as informações referentes aos procedimentos; prazos e recur-
sos. Esses documentos são denominados plano; programa e projeto.

Com o plano, o programa e o projeto temos todo o histórico das ações feitas em
determinada ação do poder público e, com isso, podemos identificar, em cada um dos três
componentes, em que ponto no tempo e espaço estão em relação com a ação desejada,
projetada. Por plano temos: “[...] instrumento normativo-político, onde são definidas e descri-
tas diretrizes, estratégias e responsabilidades fundamentadas em análises que identificam
os aspectos primordiais a serem enfrentados” (PIERITZ, 2016, p. 106).
De acordo com Pieritz (2016), o programa seria uma descrição detalhada do plano
com a definição dos objetivos setoriais e com a exposição do conjunto de projetos, soma-
tória das atividades que são aplicadas a situação problema em um determinado espaço e
tempo. Agora o projeto pode ser definido com instrumento executivo técnico/administrativo,

UNIDADE IV O Planejamento como Instrumental na Prática do Assistente Social 97


com seu caráter operacional fornecendo consistência às ações desenhadas pelo plano e
descritas no programa.
É no projeto que mostra como será realizado o serviço pretendido e que busca sanar
alguma dificuldade social e apresenta, dentre as diversas informações e detalhamentos, quais
serão as atividades a serem realizadas, quais os recursos e materiais que serão utilizados,
o cronograma das atividades e do uso dos materiais. E tal estrutura dos projetos nos leva
a conclusão de que independentemente da ação social pensada, a sua base precisa ser
estruturada, um projeto precisa estar na base de toda ação social consistente e coerente.
Neste sentido, Salvador (2018, p. 5) contribui ao afirmar que “O projeto de interven-
ção como instrumental do Serviço Social não pode ser pensado sem o resgate da discussão
sobre Planejamento e sua importância na contemporaneidade”. O que se conclui desse
pensamento é que os projetos sociais dependem muito mais de serem racionais e lógicos
do que subjetivos, tal como apresenta Baptista (2000, p. 13 apud SALVADOR, 2018, p.
5) ao afirmar que o planejamento “[...] refere-se ao processo permanente e metódico de
abordagem racional e científica de questões que se colocam no mundo social. Enquanto
processo permanente supõe ação contínua sobre um conjunto dinâmico de situações em
um determinado momento histórico”.
Provavelmente a porção legislativa, normativa dos projetos sociais não dá muita
margem que permita que sua construção, implementação e avaliação sejam menos racio-
nais, lógicas e científicas. Sua construção deve ser invariavelmente embasada para um
processo decisório preciso, ordenado e fomentado por esse arcabouço técnico e teórico.
Neste sentido, Salvador (2018, p. 7) afirma que
Essa exposição, associada aos aspectos jurídicos legais organizativos da
categoria, descritos nos conteúdos dos seus diferentes documentos, ressal-
ta a elaboração de projetos como via para a concretização de práticas pro-
fissionais que se vinculem a propostas com um grau de consistência para
produzir resultados, cujo conteúdo não seja só otimizar ações institucionais,
mas proporcionar aos sujeitos envolvidos o acesso a serviços de qualidade,
priorizando a sua participação e dessa forma demonstrando que a adoção do
planejamento amplia as possibilidades ao que a profissão tem de mais caro,
a luta pela ampliação do acesso aos direitos sociais nos diferentes espaços
em que a profissão se insere.

A disponibilidade de recursos para os projetos sociais costuma variar para menos,


principalmente diante de momentos econômicos nacionais de crise e, com isso, pode-se
observar impactos indesejados nos cenários, efetivados pelos projetos construídos com
outra realidade financeira em mente. Portanto, existe atualmente uma enorme necessidade
de aprimoramento dos projetos sociais, então o peso recai sobre o profissional de Serviço
Social, que precisa aprimorar sua intervenção, principalmente do lado do poder público.

UNIDADE IV O Planejamento como Instrumental na Prática do Assistente Social 98


Dentro desta temática, Forti e Guerra (2013 apud GRAH; SANTOS, 2015, p. 5)
colocam, em parte, na formação, a origem desse necessário aprimoramento, ao afirmarem
que “[...] a formação e atuação do serviço social estão demarcadas pelos variados dilemas
presentes contemporaneamente. A complexidade que envolve a profissão requer interven-
ções e ações de qualidade, fundamentadas intelectualmente”.
Obviamente que tal argumentação não promove demérito no desejo por maior
proximidade dos processos de intervenção em detrimento de seu próprio planejamento,
mas fica evidente que o profissional de Serviço Social precisa carregar como aliados os
procedimentos e projetos, sem deixar de lado seu contato com o cidadão alvo de sua
intervenção. De acordo com Forti e Guerra (2013 apud GRAH; SANTOS, 2015, p. 5), “O
profissional deve ter acesso a um arsenal teórico que lhe possibilite a leitura da realidade e
oriente sua atuação no cotidiano da prática. É necessário que sua cultura teórica abarque
um leque de conhecimentos que o/a auxilie nas estratégias interventivas”.
Portanto o embasamento teórico e técnico do profissional do serviço social deve
englobar um profundo conhecimento das dinâmicas do sistema econômico, que, por sinal,
promovem grande parte dos problemas alvo de suas intervenções. Esse profissional deve
estar integrado com as questões políticas e administrativas/normativas e também “Precisa
dominar conhecimentos que lhe possibilitem a leitura do real de maneira histórica, proces-
sual e dialética”. (FORTI; GUERRA, 2013 apud GRAH; SANTOS 2015, p. 5).

SAIBA MAIS

Uma das importantes atribuições do assistente social é a intervenção na realidade so-


cial. Através da elaboração de planos, programas, projetos buscam reunir informações
e sistematizar operações de transformação desta realidade. A área de cuidados à saúde
se integra a este contexto e demanda dos assistentes sociais uma visão sistêmica da
situação, desde a situação do doente no momento da alta, até se existe, de fato, um
suporte familiar para acolher este paciente. Para saber mais sobre a dinâmica do assis-
tente social na área da saúde, faço a indicação do artigo: A intervenção do assistente
social na saúde: um fator preponderante.

Fonte: ESPÍRITO SANTO, Maria Inês. A intervenção do assistente social na saúde: um fator pre-

ponderante. Disponível em: https://justnews.pt/artigos/a-intervencao-do-assistente-social-na-saude-um-

-fator-preponderante#.X8WeM2hKiM8. Acesso em: 26 nov. 2020.

UNIDADE IV O Planejamento como Instrumental na Prática do Assistente Social 99


Reforçando a dualidade da perspectiva do profissional do serviço social, de acordo
com Mota (2013 apud GRAH; SANTOS 2015, p. 5), temos que “[...] o serviço social apre-
senta-se em duas dimensões: como uma profissão e uma área do conhecimento. Essa
última supera os imperativos da imediaticidade da intervenção, o que contribuiu para a
gestação e o fortalecimento de uma massa crítica”.
É comum vislumbrar, na atuação do profissional do serviço social, que o planejamento
tem um aspecto intuitivo, corriqueiro e menos explícito do que se preconiza, mas o projeto
profissional sempre está lá, em seu cotidiano. Assim, de acordo com Grah e Santos (2015, p. 5),
O projeto profissional é o instrumento mais utilizado pelos Assistentes Sociais
em sua prática, pois inúmeras vezes o processo de planejamento está implí-
cito no cotidiano institucional, sem uma expressão formal. Deve-se recordar
que o projeto concretiza as decisões, sinaliza para ações que operacionali-
zam as intenções e objetivos contidos nos planos. Por essa razão é ressal-
tada a importância de o projeto profissional estar vinculado ao planejamento,
de modo que não se realize apenas ações pontuais e imediatas.

Outro aspecto que pode ser percebido do cotidiano do assistente social está rela-
cionado com os sistemas de avaliação e controle. Tanto na avaliação quanto no controle
se faz necessário o uso da coerência para com os objetivos traçados. Em um primeiro
momento é identificada a avaliação da instituição de forma a construir alguns indicadores,
como a pertinência social do projeto e de forma a apreciar sua capacidade de resposta e
influência desta organização (GRAH; SANTOS, 2015).
Podemos afirmar que o objetivo geral do profissional de serviço social é de amparar
o cidadão em sua busca por melhores condições de vida, de renda, de emprego, educa-
ção, saúde, lazer e cultura e que a perseguição desse profissional carece de medição.
Portanto a atuação desse profissional deve passar por avaliação e esta avaliação ocorre
em diversos panoramas, ou focos. De acordo com Grah e Santos (2015, p. 5) um destes
focos de avaliação “[...] incide sobre os serviços prestados aos seus usuários, a partir da
implementação de um sistema de planejamento”.
Outro foco de importante avaliação está no desempenho do profissional e deve
promover uma escrutinação de seu desempenho registrado, de ações passadas, de forma
a validar seu nível padrão de efetividade e estudar formas de aprimorar tal efetividade,
formalizando uma proposta de evolução de sua intervenção, seja diante o cidadão que
necessita ou do poder público, ao influenciar no processo decisório de construção das polí-
ticas, planos e programas. Neste sentido, Grah e Santos (2015, p. 5) corroboram ao afirmar
que “A avaliação possibilitará ao profissional apreciar os fatores que são decorrentes de
fragilidade de sua ação ou de fatores à mesma”.

UNIDADE IV O Planejamento como Instrumental na Prática do Assistente Social 100


REFLITA

É importante compreender que as ações do Serviço Social, no que diz respeito ao ci-
dadão, devem produzir efeito positivo, mas como essa ação parte do poder público, é
imprescindível que também produza eficácia, eficiência e o mais importante efetividade.

Fonte: o autor.

Dentro da formação do profissional de serviço social, e de acordo com Grah e San-


tos (2015) se faz necessário e vital um conhecimento bem embasado das teorias sociais
que vão orientar as ações desse profissional, ou esse profissional pode sofrer ao construir
uma base teórica, demasiadamente eclética e contraditória.
Embora estar próximo da comunidade, dos que carecem de alguma assistência,
seja uma boa forma de se ter a real perspectiva do que a política social deve ter como
objetivo, o ambiente acadêmico ainda fornece a base sólida de conhecimento e inspiração
que o profissional de serviço social necessita para objetivar suas ações, ações precisas e
efetivas. De acordo com Sarmento (2014, p. 171 apud GRAH; SANTOS, 2015, p. 6):
Neste sentido, afirma-se que essa ‘responsabilidade’ de um conhecimento
denso dos fundamentos da intervenção não compete estritamente aos profis-
sionais em seus espaços sócio ocupacionais. Esse exercício de apreensão
e busca de novos conhecimentos deve ser propiciado no espaço acadêmico,
de modo a fornecer subsídios teóricos nas diferentes perspectivas no mo-
mento da formação profissional do assistente social.

Podemos perceber que a formação do profissional de serviço social o vai levar a


ser um construtor de projetos sociais robustos e efetivos, mas que com sua proximidade
para com o cidadão alvo de suas ações deve agregar o humanismo necessário para que
tais projetos sejam sensíveis o suficiente para promover a real mudança, aquela que faz a
diferença na vida das pessoas.

UNIDADE IV O Planejamento como Instrumental na Prática do Assistente Social 101


2. PLANEJAMENTO COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS

Estudante, dentro da administração pública o planejamento não pode ser visto


somente como ferramenta, pois devido a uma atuação regrada a normativas e legislação,
com indicadores acompanhados a olhos de água, o ato de planejar se faz tão orgânico
como hoje é a transparência das atividades públicas.
Portanto planejar é inerente a qualquer aspecto do serviço que oferece o Estado
a seu cidadão. Com isso, há de se pensar na interação que tem o profissional de serviço
social nessa esfera e como deve balancear entre o que preconiza o Poder Público e seus
métodos, com o que anseia a sociedade e neste sentido temos que:
Assim, a atuação na esfera estatal é determinada pela dinâmica contraditória
que envolve as relações sociais do Estado com a sociedade civil, e o impe-
le a agir propositivamente na formulação e realização de políticas sociais
para responder às sequelas da questão social (RAICHELIS, 2006, p. 3 apud
QUINTANA, 2016, p. 27).

Essas sequelas sociais são vivenciadas no dia a dia da administração pública e na


lida do profissional de serviço social e são “Expressas na cotidianidade da administração
pública, pelas repercussões da reforma conservadora do Estado e da economia a desen-
cadear um crescente e persistente processo de sucateamento dos serviços públicos e de
destituição de direitos” (RAICHELIS, 2006, p. 5 apud QUINTANA, 2016, p. 27).

UNIDADE IV O Planejamento como Instrumental na Prática do Assistente Social 102


SAIBA MAIS

A área de atuação do Assistente social nos serviços públicos, vai muito além de atua-
ção na saúde pública, centros de referência especializados, ou previdência social. A
educação pública e suas demandas também encontram terreno fértil para a atuação do
Assistente Social. Para saber mais sobre a importância do serviço social na educação
pública, faço a indicação de leitura do artigo: O Assistente Social a Serviço da Educação
Pública: Possibilidades e Desafios.

Fonte: FLORENTINO, Bruno Ricardo Bérgamo; FLORENTINO, Angra dos Reis. O Assistente Social a

Serviço da Educação Pública: Possibilidades e Desafios. Educação, Gestão e Sociedade, ano 5, n. 17,

fev. 2015. Disponível em: http://uniesp.edu.br/sites/_biblioteca/revistas/20170509161233.pdf. Acesso em:

27 nov. 2020.

O profissional de serviço social deve compreender a extrema importância de seu


papel de articulador, dentro do poder público e, com isso, compreender qual o melhor ca-
minho a seguir de forma a transcender todo contraditório expresso dessa relação entre sua
atividade e o próprio poder público, assim,
Diante disso, o exercício profissional, referenciado pelos princípios e funda-
mentos ético-políticos do projeto profissional, compreende “decifrar no cotidia-
no as contradições, singularidades, as dimensões universais e particulares que
se manifestam no contexto de trabalho, com o propósito de fundamentar a
ação interventiva [...] (LEWGOY, 2010, p. 152 apud QUINTANA, 2016, p. 27).

Essa dualidade da integração do assistente social, com o Estado e com o povo, não
representa a existência de dois universos separados, distintos, embora sejam contraditórios em
seus objetivos. Agora, tendo como perspectiva uma análise global das ações sociais nas quais
estão inseridos os profissionais de Serviço Social, temos que “A compreensão das atribuições
profissionais do Serviço social no processo de gestão e avaliação das políticas e programas
sociais, considerando a três áreas de políticas públicas [...] toma por base o entendimento de
gestão social”, tal como defende Carvalho (2014, p. 33 apud SILVA, 2018, p. 563).
Nota-se que o assistente social não necessariamente representa a sociedade na
construção das políticas públicas sociais, mas atua em seu desenvolvimento, ouvindo o que
sua sociedade necessita e promovendo sua participação, bem como a gestão de todo o pro-
cesso em conjunto com os atores públicos, assim, conforme corrobora Silva (2018, p. 563),

UNIDADE IV O Planejamento como Instrumental na Prática do Assistente Social 103


As reflexões sobre a atuação do Serviço Social no processo de gestão e ava-
liação de políticas públicas, pretende apreender o cotidiano do fazer profis-
sional no cumprimento de atribuições relativas ao desenho e desenvolvimen-
to das políticas, tendo como contexto a vigência de um Estado democrático
de direito, respaldado por uma Constituição que reconhece a primazia do
Estado na condução das políticas públicas com a participação da sociedade.

Em geral, para Mello et al. (2020), planejar é constituir um ato pensado, refletido
e analisado, e no escopo do serviço social deve-se conhecer ao máximo a realidade do
objetivo de cada projeto. Com isso, o ato de planejar é um ato político em sua natureza ao
demandar uma crítica visão dessa realidade.
Novamente afirmamos que planejar é inerente ao ser humano e que no caso do
assistente social, tal planejamento, mais orgânico, faz parte de seu cotidiano e de acordo
com Oliveira (2018a, on-line), “Serviço público é ‘atividade administrativa ou de prestação
direta ou indireta de bens ou serviços à população, exercida por órgão ou entidade da
administração pública’”.

REFLITA

“A saúde pública é uma das áreas que mais concentra profissionais do Serviço Social.
Isso se deve especialmente ao conceito de saúde, que extrapola a questão da doença e
engloba aspectos relacionados ao bem-estar físico, social e mental. Assim, o assistente
social atua diretamente nas questões sociais que interferem na saúde e nos aspectos
relacionados a ela”

(TEIXEIRA, 2019, p. 227).

Temos que o assistente social vê na Administração Pública um amplo mercado de


trabalho para sua atuação e onde pode promover sua intervenção, se integra às políticas
existentes e desenvolve novas. De acordo com Oliveira (2018a, on-line):
O setor público é um dos espaços sócio-ocupacionais que mais absorvem as-
sistentes sociais no Brasil. Inserido nas diversas políticas públicas - em es-
pecial nas de saúde, assistência social, previdência, educação e habitação,
o profissional de Serviço Social busca atender as demandas resultantes das
expressões da Questão Social. Para isso, considera a multiplicidade de fatores
envolvidos nessas expressões e sua relação com suas políticas existentes.

O assistente social tem, no exercício de sua profissão, a capacidade de interagir


com o poder público e promover a mudança, o desenvolvimento de projetos e atualmente
possui “[...] novos espaços ocupacionais e competências profissionais que convivem com
os tradicionais, revelando significativas alterações no mercado de trabalho, nas demandas

UNIDADE IV O Planejamento como Instrumental na Prática do Assistente Social 104


e nos conteúdos das ações dos assistentes sociais [...]” (MOTA, 2014, p. 695 apud TEIXEI-
RA, 2019, p. 226).
Com a Constituição Federal de 1988 o termo cidadania ganhou diversos incremen-
tos, tanto que pode ser chamada de Constituição Cidadã, e onde tais incrementos esta-
beleceram diversas garantias e uma nova perspectiva de assistencialismo. Neste sentido,
Teixeira (2019, p. 226) afirma que
A Constituição também estabelece que a seguridade social é integrada pe-
las políticas de saúde, assistência e previdência social, que contribui para
ampliar os espaços de trabalho da assistente social. Na área da assistência
social, algumas legislações aprovadas nas últimas décadas redefiniram a
atuação profissional. A Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) estabelece
a assistência social corno política não contributiva da seguridade social„ que
deve ser prestada a quem dela necessitar, além de estabelecer o comando
único em cada esfera de governo por meio da descentralização político-admi-
nistrativa (BRASIL, 1993 apud Teixeira 2019, p.226). Com a implementação
da Política Nacional de Assistência Social (PNAS) e a criação do Sistema
Único de Assistência Social (SUAS), ampliou-se o espaço de atuação dos
assistentes sociais.

Podemos constatar que com a Constituição de 1988 e uma nova perspectiva de as-
sistencialismo, criou-se um maior campo de atuação para o assistente social, começaram a
ser implementados os Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) e sua proposta
de proteção social, bem como os Centros de Referência Especializados de Assistência
Social (CREAS).
Esse desenvolvimento de cidadania e assistencialismo mostrou que existia uma
latente necessidade por políticas públicas sociais no Brasil do período pré 1988 e que se
fez necessário promover uma estruturação dessa perspectiva, uma vez que se tratava de
uma época de elevada incerteza econômica. Com isso, Teixeira (2019, p. 226) resgata
que “Quando se deseja cumprir os objetivos e funções da política de assistência social é
obrigatório ter um roteiro que mostre quais são as decisões, instrumentos e ações neces-
sárias para atendimento e intervenção nas demandas sociais apresentadas;” Tal objetivo é
possível apenas quando ocorre a elaboração do planejamento.
Da perspectiva governamental, e de acordo com Teixeira (2019), é no planejamen-
to que se encontra um mecanismo eficiente que permite definir antecipadamente diversas
ações que serão implementadas nas políticas sociais e que são baseadas em diagnóstico.
Além disso, pelo planejamento são coordenados os recursos e determinados os objetivos
e metas destas ações, de forma a conquistar os objetivos propostos. Ainda de acordo com
Teixeira (2019, p. 226), o planejamento permite à equipe de trabalho:

UNIDADE IV O Planejamento como Instrumental na Prática do Assistente Social 105


● Refletir sobre a situação que se deseja alcançar;
● Decidir sobre o estabelecimento de prazos, objetivos, instrumentos a se-
rem utilizados;
● Definir quais serão as ações necessárias.

Dentro do escopo do serviço social pelo Poder Público, o planejamento é operaciona-


lizado e materializado por meio da construção do Plano de Ação Anual, derivado e orientado
pelo Plano Municipal de Assistência Social e os recursos necessários para que tais atividades
sejam concretizadas se originam na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS/ nº 8.742), em
seu artigo 30 que condiciona o repasse de recursos aos Municípios, aos Estados e ao Distrito
Federal (TEIXEIRA, 2019). Os recursos dessa lei se destinam ao funcionamento de:
● Conselho de Assistência Social, de composição paritária entre governo e
sociedade civil;
● Fundo de Assistência Social, com orientação e controle dos respectivos
Conselhos de Assistência Social.
● Plano de Assistência Social.”
● Além de ser uma exigência em lei, o Plano de Assistência Social orienta o
planejamento anual, permitindo a tomada de decisões e organização das
ações, com vistas a promover as transformações desejadas na realidade
de vida da população alvo. (TEIXEIRA, 2019, p. 226)

UNIDADE IV O Planejamento como Instrumental na Prática do Assistente Social 106


3. COMO ELABORAR PROJETOS?

Estudante, atualmente e progressivamente, o mundo todo se torna cada vez


mais populoso e com isso a disputa por recursos quaisquer fica a cada dia mais intensa e
complexa, o que significa que em projetos sociais a criatividade demanda a produção de
soluções que demandem poucos recursos e com isso não se pode escapar da prerrogativa
de que não existe ação pública social sem um forte projeto embasando cada ato.
Embora os conceitos e disciplinas que tratam de projetos os apresentem como
complexos e repletos de etapas e requisitos, funções e avaliações, fato é que não é difícil
seguir a cartilha de produção de projetos, inclusive para o Serviço Social. Recapitulando,
de acordo com FORGEP (2016, p. 7) projetos são planos
[...] para a realização de um ato e também pode significar desígnio, intenção,
esboço. Esta é uma palavra oriunda do termo em latim projectus que significa
“algo lançado à frente”. Por esse motivo, o projeto também pode ser uma
redação provisória de uma medida qualquer que vai ser realizada no futuro.
Projeto social - um projeto social é um plano ou um esforço solidário que
tem como objetivo melhorar um ou mais aspectos de uma sociedade. Estas
iniciativas potenciam a cidadania e consciência social dos indivíduos, envol-
vendo-os na construção de um futuro melhor.

REFLITA

“[...] elaborar um projeto é antes de qualquer coisa prover recursos no sentido de forne-
cer soluções, transformando ideias em algo concreto”

RAMOS (2009, on-line).

UNIDADE IV O Planejamento como Instrumental na Prática do Assistente Social 107


Tal como argumentado, os projetos são um agregado de componentes, fases e
objetivos que tem por meta permitir que outro objetivo seja alcançado. Assim, de acordo
com FORGEP (2016, p. 7), “Um Projeto está relacionado à consecução de objetivos, ou a
frações de objetivos maiores, que se relacionam com o planejamento estratégico da insti-
tuição ou a determinada área do poder público”.
A origem de um projeto social é uma demanda da sociedade, daqueles, que, de
alguma forma, sentem os efeitos da globalização, de um investimento desbalanceado pri-
vilegiando o lado econômico em detrimento do lado social, humano da vida em sociedade,
com isso, “Esses projetos são relacionados a uma visão de mundo e existem para propor
uma intervenção social, fazendo uma articulação entre essas causas e as políticas públicas”
(PIMENTA, 2017, on-line).
Neste sentido, o profissional do serviço social atua agindo em prol de outras pessoas,
das que, por algum motivo, não conseguem acesso à totalidade da cidadania, conforme
consta e garante a Constituição Federal de 1988. Mas além da atuação do assistente social
existe o terceiro setor, composto por entidades ou Organizações Não Governamentais que
se unem com esses menos favorecidos criando projetos que buscam lhes fornecer aquilo
que empresas e Estado não estão fornecendo eficientemente. De acordo com Pimenta
(2017, on-line),
Organizações Não Governamentais (ONGs) e demais projetos que se enqua-
dram como entidades do terceiro setor têm base legal na Lei 9790/1999, que
regulamenta a formação e funcionamento das entidades da sociedade civil
de interesse público. Mais do que a prestação de serviço assistencial, um
projeto social se configura pela afirmação de direitos e cidadania, com ênfase
na justiça social e na transformação coletiva.

Podemos conceituar um projeto como um agregado de considerações institucio-


nalizadas em ações, recursos, prazo e o mais importante: as métricas de desempenho.
Com isso, “O projeto é o documento importantíssimo, que sistematiza, ordena e funda os
objetivos traçados anteriormente num plano ou programa para a execução de uma ação”
(BAPTISTA, 2007 apud PIERITZ, 2016, p. 76).

SAIBA MAIS

Os projetos sociais representam para determinados grupos sociais a possibilidade de


resgate e transformação da realidade. Sua elaboração depende de diversos fatores e
metodologias, além de muita empatia e percepção de uma realidade que precisa ser
remodelada por parte de seus idealizadores. Dessa forma, para uma melhor compreen-
são da importância de um projeto social para a sociedade, faço a indicação do vídeo:
“Projetos sociais no sertão nordestino.”

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=5Ut_831Xsis

UNIDADE IV O Planejamento como Instrumental na Prática do Assistente Social 108


Cercado de lógica e racionalismo, um projeto contém todo o direcionamento de
ações por ele desenvolvidas, de forma a conduzir a execução daquilo que nele está de-
senhado de forma eficiente e objetiva, e com isso representa também “[...] um processo
sistêmico e metódico de racionalização de todas as decisões preestabelecidas pelo grupo
de trabalho (PIERITZ, 2016, p. 76).
Embora a produção de projetos corporativos ou públicos tenham seus modelos a
seguir, as peculiaridades das situações que são tratadas os colocam como únicos, algo fácil
de se observar dentro do poder público, uma vez que os alvos dos projetos sociais tendem
a mudar com o tempo, com a evolução da sociedade. Mas, de forma geral, Pieritz (2016,
p. 76) afirma que
A elaboração de projetos, em geral, denota diretamente o acompanhamen-
to de uma metodologia pré-selecionada pelos gestores organizacionais para
que a organização possa desenvolver um roteiro prático que possibilite a
coleta de informações necessárias para ser levado para os processos de
tomada de decisões, em que são delimitadas estratégias de enfrentamento
das questões e problemas que se está trabalhando. Mas, sempre sobre a
realidade cotidiana da expressão da questão social que se deseja trabalhar
(intervir).

Diferente de projetos corporativos, os projetos sociais, de políticas sociais, tendem a


apresentar uma maior quantidade de variáveis relevantes que precisam ser compreendidas,
embora a integração com estas variáveis, sociais, está no escopo de trabalho do assistente
social em seu contato com o cidadão objetivo dos projetos que desenha, implementa. Nes-
se sentido, Santos (2004, p. 15 apud PIERITZ, 2016, p. 76) afirma que “um projeto social
é planejado para solucionar um problema ou responder a uma carência social”. Em que o
projeto social é composto primordialmente para preencher ou responder a uma demanda
social específica”.
Então, é nesta demanda específica que o assistente social e outros profissionais
levantam todas as informações necessárias, para depois analisá-las e determinar qual o
melhor projeto estratégico que possam desenvolver para solucionar aquela questão social/
problema.
Outro ponto que denota essa grande distinção entre projetos privados e públicos,
está no fato de que existirão, além de métodos distintos, abordagens distintas dentro dos
métodos e tais abordagens nascem conforme se apresentam as situações a serem aten-
didas. Neste sentido, Alves (2013, p. 2 apud PIERITZ, 2016, p. 76) complementa expondo
que o
Projeto é também um documento produto do planejamento, porque nele são
registradas as decisões mais concretas de propostas futuristas. Trata-se de
uma tendência natural e intencional do ser humano. Como o próprio nome
indica, projetar é lançar para a frente, dando sempre a ideia de mudança, de
movimento. O projeto representa o laço entre o presente e o futuro, sendo ele
a marca da passagem do presente para o futuro.

UNIDADE IV O Planejamento como Instrumental na Prática do Assistente Social 109


Corroborando com os diferentes caminhos e abordagens que os projetos sociais
podem apresentar, FORGEP (2016, p. 9) afirma que “Encontra-se diferentes caminhos para
elaboração de projetos, nota-se que sugerimos um caminho que se aplica àquelas institui-
ções (públicas ou privadas) cujos valores estejam relacionados aos princípios democráticos
populares”.
Agora, dentro dos projetos sociais a dinâmica dos eventos que os coordenam apre-
senta um ponto específico em que se estabelece o parâmetro situacional, e se fixa o cenário
da questão social a se tratar. A esse ponto no tempo e espaço se dá o nome de Marco Lógico,
[...] pois é uma primeira tomada de contato com as demandas do trabalho, e
um método de análise, que possibilita apresentar de forma sistemática os ob-
jetivos do projeto e suas relações de causalidade, dependência, condiciona-
mentos e requisitos. Serve ainda para indicar o alcance dos objetivos e definir
as hipóteses e suposições externas à intervenção. Sendo assim o processo
de levantamento do “marco lógico” resulta em uma matriz que descreve os
aspectos mais importantes do planejamento (FORGEP, 2016, p. 9).

Para os projetos sociais, elaborar o marco lógico é de grande importância, pois


permite uma avaliação do reflexo das ações no mundo real, e com isso, “Tendo como
pressuposto de que um projeto que responda às necessidades reais de um grupo de des-
tinatários deve basear-se em uma análise situacional, é necessário realizar esta análise ou
‘leitura do mundo’” (FORGEP, 2016, p. 9).
De acordo com FORGEP (2016, p. 10), “Pode-se afirmar que os grupos em inte-
ração para a elaboração de um projeto apresentam diversidade de opiniões, sendo assim
indica-se um mediador para encaminhar as atividades”. É importante que o mediador leve
em conta que trabalhar três etapas:
● Análise com o grupo do problema que se deseja enfrentar, ou da situação para
que se deseja implementar alguma melhoria. (Imagem real)
● Análise com o grupo da situação futura ou dos objetivos que se deseja alcançar.
● Análise das estratégias que se utilizará para lograr os objetivos.

Em projetos voltados a questões sociais existe uma leitura diferente das variáveis
a se tomar ação, como mostra a figura a seguir:

UNIDADE IV O Planejamento como Instrumental na Prática do Assistente Social 110


FIGURA 1 - ETAPAS DA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

Fonte: o autor.

Embora projetos tenham, eventualmente, um fim, tal prerrogativa não deve orientar
as ações e muito menos retirar de seu conceito a ideia de que, na realidade, cada projeto
apresenta um ciclo, assim FORGEP (2016, p. 12) conceitua que “A ideia de que um pro-
jeto é um plano ou planejamento para consecução de objetivos ainda persiste, porém é
importante avançar na percepção de que um projeto em suas fases compõem um ciclo
completo”. As fases do ciclo de um projeto podem ser descritas como sendo:

QUADRO 1 - PRINCIPAIS FASES DE UM PROJETO

A identificação levantamento dos problemas ou desafios a serem trabalhados.


A negociação e formulação – negociação com os envolvidos, sobre as prioridades
A negociação e face aos problemas identificados; levantamento dos objetivos gerais e específicos;
formulação estratégias de trabalho; planificação da obtenção dos recursos e meios; atividades,
e avaliação.
A execução e acompanhamento – elaboração de cronograma de ação, indicação dos
A execução e responsáveis em cada uma das atividades; orçamento detalhado. Execução, plano
acompanhamento de acompanhamento da execução, avaliações periódicas para realinhamento das
ações e para composição da avaliação final.
Encerramento do projeto – Atividades de avaliação final com a participação de todas
Encerramento do
e todos os envolvidos, compilação dos registros obtidos no transcorrer do projeto e a
projeto sistematização das novas aprendizagens obtidas durante a experiência.

Fonte: adaptado de FORGEP (2016, p. 12).

Uma situação social negativa dificilmente tem solução com um projeto isolado, o
que ocorre na verdade é que cada projeto promove uma onda de mudanças, mas isso não
basta, e ignorar esse pressuposto é perigoso e ignora a possibilidade de que esse projeto
possa sofrer com manipulações políticas perversas (CAMPOS; ABEGÃO; DELAMARO,
2002, p. 17 apud PIERITZ, 2016, p. 76).

UNIDADE IV O Planejamento como Instrumental na Prática do Assistente Social 111


4. MÉTODO MARCO LÓGICO

Em outro momento, tratamos de que os projetos públicos e privados apresentam


diferentes metodologias e dentro das metodologias de projetos sociais públicos temos uma
que visa não somente a elaboração em si, mas o seu acompanhamento e avaliação. Esta-
mos tratando aqui do Marco Lógico ou Matriz Lógica.
De acordo com Leite (2017, on-line) o Marco Lógico “Foi desenvolvido pela Agência
dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e utilizado pelo Banco
Mundial, além de outros órgãos internacionais, na avaliação de programas sociais”.
Portanto, o Marco Lógico tem sua metodologia pautada em objetivos e, de acordo com
Pereira et al. (2009 apud SANT’ANNA; MAXIMIANO, 2017, p. 4), trata-se de uma metodologia
[...] de formulação de programas e projetos em que, por meio de parâmetros
científicos, é possível desenvolver atividades desde o seu planejamento até
sua avaliação utilizando-se de ações voltadas para o desenvolvimento regional
sustentável entendido como ampliação permanente da incorporação de valor
sobre a produção e também do aumento na capacidade da região absorvê-lo.

Para Brandão et al. (2014 apud SANT’ANNA; MAXIMIANO, 2017, p. 4), o Mar-
co Lógico foi desenvolvido como sistema de apoio na gestão de projetos de cooperação
internacional dentro de um cenário de difícil avaliação de organismos internacionais e
da disparidade entre resultados e objetivos, bem como seu complexo gerenciamento. E,
embora seja uma metodologia bastante objetiva, apresenta muitos opositores que alegam:

UNIDADE IV O Planejamento como Instrumental na Prática do Assistente Social 112


[...] ele não dá conta da complexidade do cenário em que se estabelecem
esses investimentos; a ferramenta havia perdido a sua perspectiva política ao
não contemplar análises participativas; e as análises referenciadas no Mar-
co Lógico deixaram de realizar ponderações consistentes (BRANDÃO et al.,
2014 apud SANT’ANNA; MAXIMIANO 2017, p. 4).

De acordo com Conceição (2017), podemos ampliar o conceito do método do Marco


Lógico, como sendo uma metodologia que também serve para a preparação e avaliação de
políticas públicas, no que diz respeito a sua estrutura, estabelecimento de categorias de inter-
venção de acordo com a amplitude e complexidade e de acordo com suas metas e objetivos.

SAIBA MAIS

Os planos, programas e projetos sociais assumiram um papel de absoluta importância


para o desenvolvimento de uma sociedade igualitária e mais justa. Pela sua importância,
surgiu a necessidade de ferramentas que viabilizassem seus processos operacionais,
desde o planejamento até sua avaliação. Uma dessas ferramentas, que se destaca por
sua funcionalidade, é o Marco lógico, ou Matriz lógica.
Para saber mais sobre esta importante ferramenta de gestão de projetos, faço a indica-
ção de leitura do artigo: Marco lógico.

Fonte: RODRIGUES, Maria Cecília Prates. Marco Lógico. 2015 Disponível em: https://ideiasustentavel.

com.br/marco-logico/. Acesso em: 27 nov. 2020.

Camacho (2001 apud PEREIRA, 2015, p. 328,) aponta que “para se ter a visão
a mais precisa possível da realidade que se pretende intervir e para garantir uma melhor
comunicação da equipe, deve-se ter em mente que, a cada passo de construção realizado,
deve ser feita a formalização de acordos”. Com isso, se faz necessária a participação de
todos interessados na questão social em destaque:
O ideal é que representantes do público-alvo, ou beneficiários do projeto,
toda a equipe envolvida e os representantes dos financiadores participem.
“Cada passo do método se constrói sobre as bases dos acordos alcançados
no passo anterior,” (CAMACHO, 2001, p. 22 apud PEREIRA, 2015, p. 328).

Para Pereira (2015, p. 328), portanto, com a construção participativa desse projeto
é possível produzir um quadro que apresente 4x4 em número de linhas e colunas “em que
a primeira coluna aponta os objetivos, resultados e atividades, a segunda, os indicadores,
a terceira os meios de verificação dos indicadores e a quarta os riscos ou pressupostos”.

UNIDADE IV O Planejamento como Instrumental na Prática do Assistente Social 113


IMAGEM 2 - MATRIZ LÓGICA

Fonte: Pfeiffer (2000 apud PEREIRA, 2015, p. 329).

REFLITA

“A Matriz Lógica, [...] é utilizada tanto para desenhar projetos por meio de um processo
estruturado de maneira participativa quanto como um instrumento de apresentação, ge-
renciamento e avaliação de projetos”

(PEREIRA, 2015, p. 339).

Com a matriz lógica é possível desenhar um projeto social de cunho participativo


estruturado e que permite seu gerenciamento e avaliação. A seguir, Pereira (2015, p. 330)
apresenta um exemplo de um projeto apresentado ao Ministério da Saúde que tinha por
objetivo a captação de recursos via Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da
Pessoa com Deficiência (Pronas/PcD):
O projeto propõe a ampliação da atuação da instituição com a rede do SUS de
Contagem e outros cinco municípios (municípios que já apresentam demanda
à instituição, através da busca espontânea de usuários), desenvolvendo ações
de saúde complementares e ações preventivas através do follow up de bebês
e intervenção precoce para usuários com deficiência ou autismo, ou com risco
de desenvolvê-las. Prestar serviços de apoio à saúde, vinculados à adapta-
ção, inserção e reinserção para jovens/adultos com deficiência e ou autismo.
Executar curso de educação permanente e aperfeiçoamento de profissionais
das maternidades e profissionais afins da rede de saúde de Contagem e mu-
nicípios vizinhos para ampliar a atuação preventiva. Realizar pesquisa: uma
socioantropológica sobre o impacto preventivo, na inclusão social e relações
familiares de crianças que realizaram o acompanhamento (follow up); uma se-
gunda pesquisa sobre inovação na metodologia da reabilitação de pessoas
com deficiência intelectual e autismo com o atendimento clínico compartilhado
e transdisciplinar e outra socioantropológica sobre o impacto do atendimento
aos pais e sua influência na reabilitação e inclusão de seus filhos.

UNIDADE IV O Planejamento como Instrumental na Prática do Assistente Social 114


Pelas métricas e métodos da Matriz Lógica e de acordo com o exemplo apresentado
por Pereira (2015, p. 333) podemos listar as seguintes linhas de intervenção:

1. Acompanhamento (follow up) de bebês;


2. Continuidade de atendimento na intervenção precoce para os bebês
indicados;
3. Prestação de serviços de apoio à saúde, vinculados à adaptação,
inserção e reinserção para jovens/adultos com deficiência ou autismo;
4. Execução de curso de educação permanente e aperfeiçoamento de
profissionais das maternidades e profissionais afins da rede de saúde de
Contagem e municípios vizinhos para ampliar a atuação preventiva;
5. Efetivação de uma pesquisa socioantropológica sobre o impacto
preventivo na inclusão social e relações familiares de crianças que
realizam o acompanhamento (follow up);
6. Efetivação de uma segunda pesquisa sobre inovação na metodologia
da reabilitação de pessoas com deficiência intelectual e autismo com o
atendimento clínico compartilhado e transdisciplinar;
7. Efetivação de uma terceira pesquisa socioantropológica sobre o impacto
do atendimento aos pais e sua influência na reabilitação e inclusão de
seus filhos.

Assim, temos que, com o uso da metodologia do Marco Lógico, o resultado é um


projeto mais robusto e objetivo, de visualização rápida e fácil do que se pretende realizar.
Desta forma, as etapas ficam claras de serem seguidas, o que, por consequência, favorece
o monitoramento no desenvolvimento e na avaliação final (LEITE, 2017, on-line).

UNIDADE IV O Planejamento como Instrumental na Prática do Assistente Social 115


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos perceber, com o decorrer desta unidade, que o planejamento não é fer-
ramenta e sim parte integrante da atuação do profissional de Serviço Social, bem como de
todos os atores envolvidos e atua como uma forma de viabilizador que permite o sucesso
dos projetos e intervenções.
Existirão diversos benefícios que poderão ser percebidos pelo uso de uma boa
metodologia de projeto e podemos concluir que o profissional de Serviço Social só tem a
ganhar em sua atuação. De fato, as intervenções sempre serão de maior qualidade quando
feitas de forma organizada, embasada e com metodologia aperfeiçoada.
O elemento complicante nesse processo de se criar um projeto que atenda alguma
demanda social, e o que o difere de outros projetos administrativos, está no fato de lidar com
seres humanos como sendo o objetivo de suas ações. Claro que esse componente também
possui suas ferramentas, como a análise FOFA e se destaca com o uso do Marco lógico.
Em um projeto social, o Marco Lógico permitirá mais coração em algo que outrora
seria apenas frio e analítico, focado nos números e incapaz de perceber toda a realidade
na qual deve promover mudanças.

UNIDADE IV O Planejamento como Instrumental na Prática do Assistente Social 116


LEITURA COMPLEMENTAR

A elaboração dos projetos sociais pautados em leis e políticas públicas que ampa-
ram o setor de assistência social, são essenciais para sua viabilidade e continuidade no meio
social em que estará inserido. Dessa forma torna-se primordial um prévio conhecimento
sobre suas etapas de elaboração e construção. Para tanto, faço a indicação de leitura do
livro: Projetos Sociais em Pauta: Um Roteiro de Construção Coletiva de Rosana Kisil.
KISIL, Rosana. Projetos sociais em pauta: um roteiro de construção coletiva. São
Paulo: SENAC, 2020.

UNIDADE IV O Planejamento como Instrumental na Prática do Assistente Social 117


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Gestão de projetos sociais: Compartilhando experiências
Autor: César Ricardo Aragão Barreto
Editora: Viseu
Sinopse: “Projetos Mudam o Mundo... e você como sonha em mu-
dar o mundo? Projetos Sociais, ou de desenvolvimento, impactam
a vida de centenas de milhares de pessoas por todo o mundo, neste
livro compartilho minha experiência no gerenciamento de projetos
sociais, alguns conceitos que criei e ferramentas que tenho usado
e experimentado em minha jornada.” Amazon.

FILME/VÍDEO
Título: Garapa
Ano: 2009
Sinopse: “O documentário mostra a dura realidade de uma família
do interior do Ceará em sua severa insegurança alimentar. A obra
foi dirigida pelo cineasta José Padilha, lançada em 2009, e tem
como tema a fome no mundo. O documentário é resultado de mais
de 45 horas de gravações da equipe, que acompanhou o cotidiano
de três famílias.” Fonte: http://www.joaquimnabuco.edu.br/noticias/
confira-7-filmes-que-todo-assistente-social-precisa-ver

UNIDADE IV O Planejamento como Instrumental na Prática do Assistente Social 118


WEB

● Existem diversos observatórios onde a sociedade civil busca acompanhar e fis-


calizar a atuação do governo, e no Serviço Social não poderia ser diferente. Como exemplo
apresentamos a Coordenação do Observatório da Vigilância Socioassistencial, ou COVS.
● Link do site: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/assistencia_so-
cial/observatorio_social/index.php?p=2011

UNIDADE IV O Planejamento como Instrumental na Prática do Assistente Social 119


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UNIDADE IV O Planejamento como Instrumental na Prática do Assistente Social 127


CONCLUSÃO GERAL

Estudante, o que podemos ter de destaque nesta caminhada que fizemos é que
estamos distantes daquele planejamento orgânico, quase inconsciente que os nômades
desenvolveram para se manterem vivos, talvez por estarmos tratando do planejamento que
promove o bem a outro. Mas é fato que compreender melhor o planejamento ajuda o Assis-
tente Social a entrar mais fundo na problemática que deseja construir uma sólida intervenção.
Embora os conceitos e estudos de planejamento se originem das ciências adminis-
trativas, sua aplicação na construção, gestão e avaliação das políticas sociais se mostra a
cada dia primordial ao seu sucesso, a sua efetiva e duradoura modificação da realidade dos
membros de nossa sociedade com maiores carências.
Paralelo ao conceito e emprego do planejamento nas políticas sociais, fica claro
que se precisa também trabalhar com a participação popular, ampliando o que preconiza
o controle social e mostrando que uma política que não ouve aquele que pretende ajudar,
pode não ajudar efetivamente.
Finalizando, temos que o processo de construção do bem estar é altamente buro-
crático, pois está imerso em leis e regulamentos, portanto, cabe ao profissional de Serviço
Social, o Assistente Social, construir suas competências de gestor de projetos para atuar
melhor como intermediador dos interesses da sociedade perante o Poder Público.

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