Você está na página 1de 76

Prototipagem

Professor Me. Joner de Lima Dias


2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade
exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi-
tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem
a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

D541p Dias, Joner de Lima


Prototipagem / Joner de Lima Dias. Paranavaí:
EduFatecie, 2022.
72 p.: il. Color.

1. Desenho (projeto). 2. Projeto de produtos. I. Centro


Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância.
III. Título.

CDD: 23 ed. 658.5752


Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577

UNIFATECIE Unidade 1
Reitor Rua Getúlio Vargas, 333
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
Centro, Paranavaí, PR
Diretor de Ensino (44) 3045-9898
Prof. Ms. Daniel de Lima

Diretor Financeiro
Prof. Eduardo Luiz
Campano Santini UNIFATECIE Unidade 2
Rua Cândido Bertier
Diretor Administrativo
Prof. Ms. Renato Valença Correia Fortes, 2178, Centro,
Paranavaí, PR
Secretário Acadêmico (44) 3045-9898
Tiago Pereira da Silva

Coord. de Ensino, Pesquisa e


Extensão - CONPEX
Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza
UNIFATECIE Unidade 3
Coordenação Adjunta de Ensino Rodovia BR - 376, KM
Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman 102, nº 1000 - Chácara
de Araújo
Jaraguá , Paranavaí, PR
Coordenação Adjunta de Pesquisa (44) 3045-9898
Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme

Coordenação Adjunta de Extensão


Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves
www.unifatecie.edu.br/site
Coordenador NEAD - Núcleo de
Educação à Distância
Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
As imagens utilizadas neste
Web Designer livro foram obtidas a partir
Thiago Azenha do site Shutterstock.

Revisão Textual
Beatriz Longen Rohling
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Geovane Vinícius da Broi Maciel
Kauê Berto

Projeto Gráfico, Design e


Diagramação
André Dudatt
AUTOR

Professor Me. Joner de Lima Dias

● Mestre em Sustentabilidade – Universidade Estadual de Maringá;


● Especialista em Marketing, Comunicação e Mercado – Unicesumar;
● Bacharel em Design – Universidade Estadual de Maringá.

Já atuou como designer em diversos segmentos da área como embarcações na-


vais, embalagens, utilidades domésticas em polímero, mobiliário e design de sinalização. É
diretor de Novos Negócios em um escritório de Design e ministra disciplinas em cursos de
graduação e pós graduação em Design e Tecnologias.

CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/1176380907460893


APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Prezado aluno (a),

Seja muito bem-vindo à disciplina de Prototipagem. Esta área de conhecimento é


parte fundamental no trabalho do designer de produto. Um bom profissional deve saber sobre
a parte conceitual e de criação, mas também deve dominar as etapas de prototipagem. Expe-
rimentar os métodos de prototipagem, os materiais e formatos de acabamentos contribui para
o aprendizado e consequente sucesso no mercado de trabalho. Vamos a eles?
Na Unidade I, iremos conhecer o que é a prototipagem. Veremos conceitos impor-
tantes, em que etapa é usada na fase projetual do design, as características e objetivos
dos protótipos. A fim de esclarecer dúvidas, também apresentaremos as diferenças entre
Prototipagem, Modelo, Protótipo, Mock-up e Maquete.
Já na Unidade II você saberá mais sobre modelagem volumétrica, com abordagem
mais prática e manual. Apresentaremos os tipos de equipamentos e ferramentas, principais
materiais usados para prototipagem, organização do projeto e espaço de trabalho para a
construção de um protótipo. Também mostraremos na prática a aplicação da modelagem
volumétrica no design de um produto.
Na sequência, na Unidade III, falaremos a respeito da fabricação digital e prototipa-
gem rápida. Seus conceitos serão abordados, bem como vantagens e desvantagens desse
método. Vamos conhecer os tipos, tecnologias e processos da prototipagem rápida e saber,
na prática, as aplicações de fabricação digital em projetos de produtos.
Em nossa Unidade IV, finalizaremos o conteúdo dessa disciplina com o planeja-
mento de trabalho na Prototipagem Automatizada (PA). Falaremos sobre os princípios da
PA, quais etapas envolvem seu planejamento, apresentaremos o pós processamento e
acabamento e, por fim, iremos explanar sobre os desafios e perspectivas futuras. Te con-
vido então a puxar uma cadeira e entrar para a nossa roda de conversa para que, juntos,
possamos explorar e dominar esse rico universo da Prototipagem.

Muito obrigado e bons estudos!


SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 3
Introdução à Prototipagem

UNIDADE II.................................................................................................... 20
Modelagem Volumétrica

UNIDADE III................................................................................................... 36
Fabricação Digital (FD) e Prototipagem Rápida (RP): Conceitos e
Fundamentação

UNIDADE IV................................................................................................... 55
O Planejamento de Trabalho na Prototipagem Automatizada (PA)
UNIDADE I
Introdução à Prototipagem
Professor Me. Joner de Lima Dias

Plano de Estudo:
● Os princípios da prototipagem;
● Características e objetivos da prototipagem em projetos de Design;
● Como os protótipos são utilizados?
● Tipos de modelos de representação física no Design de Produtos.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar a prototipagem e contextualizar sua etapa na fase projetual do design;
● Compreender as características e objetivos da prototipagem;
● Entender como os protótipos podem ser usados no design de produtos;
● Conhecer as principais nomenclaturas dos modelos e suas diferenças.

3
INTRODUÇÃO

Prototipagem? Modelo? Protótipo? Mock-up? Maquete?

Faz parte do trabalho do designer dominar as diversas etapas que compõem o pro-
jeto de um produto. Assim, a prototipagem, nesse contexto, é essencial, pois por intermédio
dela transformamos o que até então eram ideias em realidade, possibilitando então validar
as soluções propostas e a viabilidade das mesmas.
Como saber se a luminária que você está esboçando possui o tamanho adequado
para caber os componentes internos que irão fazer com que ela acenda? Qual a proporção
ideal para o encaixe milimétrico do acento da poltrona? E a estética, será que está de
acordo com o que você imaginou? Esses e tantos outros questionamentos são normais ao
longo do projeto e um modelo pode ser usado como recurso para saná-los.
Nesta unidade, caro estudante, você verá o que de fato é a prototipagem, seus
conceitos chave, em qual etapa do projeto é usada, quais são os objetivos de se fazer um
protótipo e suas funções.
E, afinal, o nome correto é modelo, protótipo, mock-up ou maquete? A fim de sanar
de uma vez por todas essas dúvidas, você encontrará nesse material a definição dessas
nomenclaturas para aprender a se comunicar com clareza e explicar, com profissionalismo
a toda a equipe que compõe o projeto, o que você pretende desenvolver e/ou validar.

Aproveite esse material para aprofundar os conhecimentos


sobre prototipagem e bons estudos!

UNIDADE I Introdução à Prototipagem 4


1. OS PRINCÍPIOS DA PROTOTIPAGEM

É chamada de prototipagem a etapa de transformar a ideia de um produto em rea-


lidade. O protótipo é o primeiro produto desenvolvido, normalmente com materiais de baixo
custo, a fim de serem realizados os testes e aperfeiçoamentos necessários ao projeto,
antes de sua produção em escala.
De acordo com Schneider (2010), o processo de industrialização que começou no fim
do século XVIII e perdurou ao longo do século XIX foi responsável pela transformação ocor-
rida na sociedade e impulsionou o crescimento econômico. O aceleramento proporcionado
pelas máquinas a vapor elevou a produção industrial de bens e consumo e atingiu cada vez
mais campos de atividade. Sobre a mecanização e divisão do trabalho, o autor salienta que:
A industrialização mecanizou muitas das atividades que até então eram rea-
lizadas manualmente. A mecanização foi acompanhada por uma radical divi-
são do trabalho [...]. A criação dos objetos (trabalho mental) e a sua produção
(trabalho das máquinas) tornaram-se atividades distintas. Aqui, na divisão
industrial do trabalho, surgiu a moderna atividade de projeto de produtos,
surgiu o design industrial. Já não eram os artesãos que produziam a maioria
dos objetos e lhes davam forma (SCHNEIDER, 2010, p. 16).

De lá para cá, os processos de design se modernizaram e a prototipagem ocupa um


papel fundamental na criação dos produtos, isso porque os testes de viabilidade são reali-
zados não apenas para detectar possíveis falhas nos projetos, mas também para que sejam
analisados os aspectos de usabilidade/experiência sob a ótica dos consumidores. Então, com
todos os ajustes necessários, o protótipo se torna um padrão para ser repetido na produção.

UNIDADE I Introdução à Prototipagem 5


1.1 A prototipagem na fase projetual de design
Várias são as etapas projetuais necessárias para que um produto possa existir, e
em cada etapa, existem métodos capazes de nos guiar para a realização do projeto. Pazmi-
no (2015, p. 11) diz que “os métodos devem ser entendidos como todos os procedimentos,
técnicas, ajudas ou ferramentas para projetar”.
Pode ser encontrada uma vasta bibliografia sobre projeto de produtos, onde os
autores listam uma série de ferramentas e métodos parecidos, mas que possuem nomen-
claturas distintas propostas por cada autor. Tudo isso é para auxiliar o designer no percurso
do processo com o intuito de tornar-se de modo mais simples sua execução.
Neste material, será apresentado uma divisão das etapas conforme Hsuan-An
(2017). Para o autor, o processo de projeto passa por onze etapas, conforme segue:
● Problematização e contextualização: Objetivos a atingir com o projeto a partir
da resolução de um problema. A problematização, como o próprio nome sugere, consiste
em levantar questionamentos, indagações, procurar contradições a fim de se obter respos-
tas e informações.
● Definição e estruturação do problema: Para definir o problema, o autor su-
gere que seja feito uma análise de situação real para que se possa verificar e avaliar as
necessidades do público a fim de detectá-las e estabelecê-las. O problema deve então ser
definido e estruturado. Nesta etapa, devem ser esclarecidos os requisitos, as restrições, os
objetivos e metas.
● O estudo, a análise e a pesquisa: Essa etapa de pesquisa é importante para
que os dados sejam coletados e, assim, se possa ter clareza sobre a proposta de solução do
problema. É preparatória para a geração de ideias, portanto é importante ativar o raciocínio
quanto aos fatores específicos relacionados a exigências, parâmetros, critérios e limitações.
● Os dados e fatores condicionantes conhecidos: Nesta etapa, o usuário, as
necessidades, os fatores ergonômicos, psicológicos, sociais, econômicos, ambientais,
climáticos, culturais são conhecidos graças à pesquisa realizada anteriormente. Com base
nesses dados é que se deve estabelecer os contornos do projeto, o que não se pode alterar
e o que se deve seguir para atingir os objetivos e não caminhar às cegas.
● As características e qualidades pensadas: Inclui a escrita das funções, ca-
racterísticas e qualidades pretendidas, como material, peso, espaço, requisitos de uso,
qualidades estético-visuais e comunicativas pensadas para o projeto.
● Do resumo das necessidades ao conceito: Nessa etapa é realizado o briefing,
ou seja, um documento que reúne os dados importantes do projeto, como características
da solução, critérios de avaliação e servem como consulta ao designer no decorrer das
próximas etapas.

UNIDADE I Introdução à Prototipagem 6


● Comparação das soluções existentes: Observar os produtos e soluções
existentes a fim de compreender o sucesso e possíveis erros em produtos disponíveis no
mercado. Podem ser reunidos desenhos ou fotos a fim de se fazer uma comparação entre
eles, para buscar diferenças, estruturais, tecnológicas e visuais e identificar vantagens e
desvantagens, de acordo com o briefing.
● A geração e a representação de ideias: Desenhar estimula a criatividade,
então nesta etapa os esboços - desenhos rápidos - são iniciados e quanto maior a quan-
tidade, melhor.
● Os métodos criativos eurísticos: Aqui, a falta de ideias deve ser solucionada
com a aplicação de métodos conhecidos para ajudar na geração de alternativas. Dentre eles
está o mais conhecido, o brainstorming (tempestade de ideias). Esse método, que pode ser
realizado individual ou em grupo, consiste em deixar fluir as ideias, sem julgamentos, para
que se possa encontrar uma solução criativa ao problema.
● Desenho e modelagem: Nesta etapa, o autor salienta a importância da geração
de ideias, o qual deve ser examinada, inclusive a combinação delas, alterando e adaptan-
do, num processo evolutivo. É necessário a verificação das vantagens e desvantagens,
pontos negativos e positivos, para que se possa então escolher a opção mais promissora.
Com essa definição, são elaborados os desenhos técnicos, que devem incluir todas as
informações necessárias, incluindo dimensões, vistas, perspectivas para que possa ser
usado por outros profissionais envolvidos no projeto, como técnicos ou engenheiros. Então
é realizado o protótipo, com o propósito de identificar alguma falha ou deficiência no projeto
e possibilita a visualização clara da proposta.
● Texto explicativo e justificativo: É elaborado um texto para deixar claro ao
público as soluções encontradas, incluindo o conceito proposto, as qualidades e caracterís-
ticas do produto, a fim de convencê-los do valor do próprio design, não somente do produto.

Nesse sentido, percebe-se que a prototipagem ocorre na penúltima etapa do pro-


jeto. Um longo caminho de pesquisa, coleta de dados e ideação é percorrido antes, e
a construção de protótipo é realizada após a definição da alternativa mais viável para a
solução do problema proposto. Normalmente, o protótipo é construído em escala 1:1, ou
seja, em tamanho real do produto.

UNIDADE I Introdução à Prototipagem 7


1.2 Porque prototipar?
Por trás de cada produto de sucesso, existem inúmeros refinamentos e muito traba-
lho pesado. É importante ter em mente que transformar um desenho, seja no computador
ou manual, em produto, requer a interação com pessoas, setores e diferentes saberes.
Hallgrimsson afirma que a prototipagem é a chave para a resolução de problemas,
para o autor, dada a complexidade do produto a ser desenvolvido, “é fundamental retirar
o máximo possível do trabalho de projeto do processo de design e evitar que surpresas
apareçam posteriormente” (HALLGRIMSSON, 2016, p. 07, tradução nossa).
É mais barato resolver um problema durante a prototipagem, que depois, já com
a produção em série iniciada. Detalhes como engenharia interna do produto, sistemas de
furação/encaixe e projetar avaliando o desmolde da peça são critérios importantes a serem
resolvidos na fase de prototipagem.

UNIDADE I Introdução à Prototipagem 8


2. CARACTERÍSTICAS E OBJETIVOS DA PROTOTIPAGEM EM
PROJETOS DE DESIGN

Para se ter sucesso na prototipagem, é importante destacar que existem diferenças


entre protótipo e fabricação, isto porque o protótipo não é o produto final. Nesse sentido, an-
tes do detalhamento e das especificidades no trabalho com os materiais, serão apontadas
características relevantes da prototipagem.

2.1 Características da prototipagem


Como dito, prototipagem e fabricação são atividades distintas e de acordo com
Hallgrimsson (2016), a fabricação de produtos em massa requer a aplicação de enorme
capital, cujas vendas precisam somar grandes quantias antes que se pague o investimento.
Portanto, os protótipos servem para diminuir os riscos associados à alta quantia investida
para o início do processo de fabricação.
Para o autor, desde que os protótipos sejam construídos em pequenas quantida-
des, normalmente não precisam de ferramentas específicas e podem ser produzidos de
maneiras diferentes.
Uma outra característica a se destacar é que os protótipos, inicialmente, podem
nem ter sua construção focado na fabricação, mas pode ser usado como instrumento
de descoberta de detalhes básicos ou em como o produto futuramente será usado, por
exemplo. Quanto mais próximo do fim o projeto for se aproximando, aí sim necessita de
se prototipar todas as partes do produto antes de se dar prosseguimento à fabricação
(HALLGRIMSSON, 2016).

UNIDADE I Introdução à Prototipagem 9


2.2 Objetivos da prototipagem
O processo de prototipagem pode ser usado para se chegar a diferentes objeti-
vos, que incluem a substituição de material, a interação, adequação da mão de obra local
disponível para a fabricação, ao público e também de acordo com a semelhança e a fun-
cionalidade do protótipo.
A substituição de material diz respeito ao uso, nos estágios iniciais do projeto na
construção de protótipos, de materiais mais macios, pois são mais eficientes com relação
ao tempo e custo que os materiais de produção. Nos protótipos, grandes problemas devem
ser resolvidos antes que se pense nos mínimos detalhes. Como exemplo pode ser citada
a espuma de poliuretano, frequentemente usada para esculpir as formas de produtos que
possuem partes de plástico injetadas, ou a utilização de superfícies plásticas ao serem pin-
tadas com pigmentos de tintas metálicas para simular metais. Questões de funcionalidade
também podem ser testadas rapidamente com protótipos simples, principalmente quando
o produto possui cavidades internas que comportam componentes, peças ou engenharia e
que precisam ser desenhadas para caibam eficientemente (HALLGRIMSSON, 2016).
Com relação ao aspecto interativo da prototipagem, existe um detalhe muito rele-
vante e que deve ser destacado. É impossível que haja sucesso em um produto tentando
acertar tudo já no primeiro protótipo. Os erros, inclusive, contribuem para o aprendizado e
para se chegar à melhor a solução do problema. Protótipos não precisam ser caros, mas
podem ser usados para, a título de estudo e de comparação de soluções, trazer inúmeros
benefícios ao projeto (HALLGRIMSSON, 2016).
Quanto à adequação de mão de obra e ao público, é preciso pensar na habilidade
e no tempo investido. Mesmo quando se trabalha com baixa similaridade ao produto, pode
ser executada uma modelagem de protótipo limpa. Para esclarecer melhor esse aspecto,
Hallgrimsson (2016, p. 13, tradução nossa), afirma que:
Frequentemente, isso é uma questão de público. Se a modelagem está
apoiando uma prototipagem muito rápida e suja para que seja feita a fim de
estudar as opções da maneira mais eficaz possível, então o acabamento não
é tão importante. Ao apresentar o resultado dessa exploração a um público
que não é bem versado em precessão de design, ele se torna, no entanto,
mais importante. Nesse caso, o nível de detalhe ainda pode ser baixo, mas
o modelo precisará ser construído com mais cuidado para transmitir o profis-
sionalismo adequado.

No que diz respeito à semelhança e funcionalidade, é preciso entender como as


pessoas interagem com o produto, para adequar o design e também definir o objetivo do
protótipo, mas é preciso cautela para que os aspectos de usabilidade não limitem a inova-
ção, por questões técnicas. Também deve ser considerado que, as qualidades dos materiais
escolhidos para o protótipo mudam de acordo com a forma versus função, pois elas são di-
ferentes. Um protótipo pode ter a necessidade de ser construído em material duro, por uma
questão de resistência, mas também um material macio facilita a visualização escultural.
Nesse sentido, muitas vezes é melhor construir protótipos separados, e, portanto, qualquer
modificação necessária se torna mais fácil de implementar (HALLGRIMSSON, 2016).

UNIDADE I Introdução à Prototipagem 10


3. COMO OS PROTÓTIPOS SÃO UTILIZADOS?

Os protótipos são usados de inúmeros modos no desenvolvimento de produtos.


Eficazes para resolver problemas, também promovem uma melhor compreensão dos re-
quisitos do projeto por todos os envolvidos. Sendo assim, iremos nos aprofundar em alguns
quesitos que, juntamente com os desenhos e outros métodos, auxiliam na exploração de
ideias, testes de uso, na comunicação e verificação de projeto.

3.1 Uso de protótipos para explorar ideias


Assim como o brainstorming e os desenhos, os protótipos são fundamentais para
se desenvolverem as ideias. Visualizar o projeto na mão, com suas formas e dimensões, é
diferente de ver um desenho em duas dimensões.
De acordo com Hallgrimsson (2016), prototipagem exploratória envolve o desenvol-
vimento rápido e sequencial de modelos para suplementar esboços. Logo, os protótipos são
capazes de auxiliar a etapa de ideação. Por intermédio desses experimentos, os protótipos
podem oferecer insights para a resolução do problema. Exploração tem tudo a ver com
o despertar da curiosidade e descobertas. Testar novos materiais e tecnologias é muito
importante para explorar forma e função. A Figura 1 demonstra o uso de protótipos para
exploração de formas e ideias no desenvolvimento de cadeiras.

UNIDADE I Introdução à Prototipagem 11


FIGURA 1 - USO DE PROTÓTIPOS PARA EXPLORAÇÃO DE IDEIAS

Designers profissionais constroem muitos protótipos iniciais para gerar e explorar


ideias em conjunto com os desenhos manuais e modelos de computadores. Quando você
for usar esse método em suas criações, fique atento a essas dicas: a) A princípio, mantenha
o protótipo simples e livre de muitos detalhes; b) Construa com materiais apropriados e
teste materiais para experimentar; c) Se lembre que os protótipos são experimentos para
oferecer respostas para as suas perguntas, então aproveite para aprender com eles (HALL-
GRIMSSON, 2016).

3.2 Protótipos para realizar testes de uso


Segundo Hallgrimsson (2016), o design moderno está atento em como os usuários
interagem com um novo produto, assim, os designers usam os protótipos para observar
como as pessoas querem e irão utilizar o produto, ao invés de simplesmente imaginar o
comportamento e preferências do público. Os protótipos são desenvolvidos para avaliar
e validar a interface física (ergonomia), a interação do usuário e uso de seus sentidos
cognitivos (visão, tato, paladar, olfato e audição).
Assim, o ciclo de testes consiste em fazer os esboços, construir o protótipo, testar
com o usuário, observar e identificar melhorias, mas como fazer isso na prática? A escolha
os participantes certos é o primeiro passo. Isso porque testes com o público alvo permitirá
fazer observações corretas. Também é importante ser claro sobre os testes e promover in-
clusão, ao abranger pessoas com necessidades especiais. Sobre os testes de interação em
si, observe a partir de um contexto geral para algum uso específico, observe e documente
as interações. Obtenha aprovação pelo comitê de ética caso haja necessidade e nunca
exponha os participantes a situações de perigo (HALLGRIMSSON, 2016).

UNIDADE I Introdução à Prototipagem 12


3.3 Uso de protótipos na comunicação
Os designers de produtos precisam, com frequência, comunicar suas ideias a
engenheiros e profissionais de marketing, isso ocorre porque a área é interdisciplinar, e
os profissionais envolvidos no desenvolvimento de produtos não necessariamente terão o
mesmo ponto de vista de quem os criou.
Portanto, disponibilizar a essa vasta equipe as imagens obtidas durante a reali-
zação dos testes de uso dos protótipos são muito importantes para mostrar a eles como
esses produtos serão usados e as interações do produto com o ambiente. A comunicação
interdisciplinar, nesse sentido, é essencial, para que não ocorra erros de interpretação por
parte da equipe que integra o lançamento de um novo produto (HALLGRIMSSON, 2016).
Após os testes com usuários terem sido analisados e as melhorias terem sido
inseridas no projeto, um novo protótipo com alta semelhança ao produto final deve ser
desenvolvido. Este modelo, que contém a aparência final do produto, deve ser validado e,
após sua aprovação, pode ser exibido em feiras ou ser fotografado/filmado para a realização
de anúncios de lançamento por parte da equipe de marketing (HALLGRIMSSON, 2016).
Ao usar um protótipo para a comunicação, pense o que está sendo comunicado, se
é apenas para exibição ou para mostrar o propósito para a equipe interna ou consumidor
final. Também leve em consideração a identidade visual da marca, suas cores e texturas
(HALLGRIMSSON, 2016).

3.4 Uso de protótipos para a verificação do projeto


Muitos aspectos de um produto precisam ser testados e otimizados antes de sua
produção em série. Simulações digitais em sistema CAD são partes essenciais para que se
verifique se há problemas em relação à aparência, fabricação ou desempenho. Alguns recursos
comuns desses sistemas CAD podem ser usados para simular a fim de verificar se as peças se
encaixam corretamente e renderizar o objeto para se observar se está com a aparência dese-
jada. Além disso, em âmbito mais avançado, protótipos podem ser impressos em impressoras
3D. Isso auxilia na criação de protótipos funcionais (HALLGRIMSSON, 2016).
Podem ser verificados diversos aspectos em um protótipo e todos eles podem ser
realizados tanto físico quanto por simulação digital. Inclusive, um modelo não exclui o outro,
pelo contrário, se complementam e existem vantagens em cada um deles. Como por exem-
plo, podemos citar, em modelos físicos, a verificação ergonômica e de conforto e, no caso
de simulações gráficas, a facilidade de alteração dos projetos (HALLGRIMSSON, 2016).

UNIDADE I Introdução à Prototipagem 13


4. TIPOS DE MODELOS DE REPRESENTAÇÃO FÍSICA NO DESIGN DE PRODUTOS

São diversas as nomenclaturas existentes quando se trata de modelos. Quando o


estudante de design se depara com elas, pode não saber ao certo do que se trata e gerar
confusão. Portanto, para eliminar as possíveis dúvidas, este capítulo é dedicado a definir e
conceituar cada uma delas.
Ao projetar um produto, principalmente a partir da etapa de geração de ideias, é
necessário avaliar as soluções para minimizar possíveis erros e, em decorrência, prejuízos
na fabricação. Os modelos podem ser categorizados tanto quanto à execução e quanto à
utilização (LIMA, 2013).
O quadro abaixo mostra as diferentes nomenclaturas dos modelos quanto à execu-
ção e suas definições.

QUADRO 1 – NOMENCLATURA DE MOLDES QUANTO À EXECUÇÃO

QUANTO À EXECUÇÃO
Protótipo Modelo em escala natural (1:1), com material igual ou semelhante ao espe-
cificado no projeto
Mock-up Modelo em escala natural (1:1), com material diferente ao especificado no
projeto
Maquete Modelo em escala reduzida, com qualquer material
Modelo Ampliado Modelo em escala ampliada, com qualquer material

Fonte: Lima (2013, p. 29).

UNIDADE I Introdução à Prototipagem 14


Sabemos que os modelos podem ser desenvolvidos para testar diferentes soluções
– sejam aspectos relacionados à fabricação, ergonômicos, funcionais ou estéticos, dentre
outros. Também é importante relembrar que vimos no capítulo 03 que os modelos podem
ser físicos ou tridimensionais (desenvolvidos em computadores, usando sistemas CAD). Na
Figura 2 pode ser visto um exemplo esquemático de um protótipo.

FIGURA 2 - PROTÓTIPO DE EMBALAGEM PARA TRANSPORTE DE GARRAFA

O quadro a seguir mostra as diferentes nomenclaturas quando nos referimos à


utilização dos modelos e para que serve cada um deles.

QUADRO 2 – NOMENCLATURA DE MOLDES QUANTO À UTILIZAÇÃO

QUANTO À UTILIZAÇÃO
Teste Modelo direcionado à avaliação do comportamento do produto ou compo-
nente a esforços estáticos ou dinâmicos.
Funcional Modelo direcionado à avaliação de aspectos funcionais de sistemas ou
subsistemas.
Ergonômico Modelo direcionado à avaliação de fatores ergonômicos.
Volume ou Estético Modelo direcionado à avaliação de aspectos morfológicos e/ou semânticos.
Produção Modelo direcionado à avaliação de processos de fabricação e/ou produção.
Apresentação Modelo direcionado à apresentação pública.
Promocional Modelo direcionado à apreciação do cliente (comprador) quanto à indica-
ção dos atributos do produto final.
Arranjo Modelo direcionado à avaliação do layout (fábricas, mobiliário etc.).
Eletrônico Modelo em imagem digitalizada para avaliação.

Fonte: Lima (2013, p. 30).

Cabe destacar que a classificação apresentada por Lima (2013) diz respeito aos
modelos que auxiliam o desenvolvimento do projeto, mas também podem ser usados no
processo de fabricação para obtenção das matrizes.

UNIDADE I Introdução à Prototipagem 15


SAIBA MAIS

Você sabia que a NASA é considerada um dos maiores centros de prototipagem do


mundo? Para validarem as pesquisas de exploração espacial, os profissionais desen-
volvem estudos volumétricos e protótipos funcionais como veículos, robôs, objetos e
layouts de habitações espaciais. Tudo isso usando também materiais alternativos nos
mock-ups e maquetes antes de desenvolverem o produto final. Para saber mais, assista
o documentário sobre as megaconstruções da NASA e veja como elas são criadas.

Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=E6MB0PFNv7I

Fonte: PLANETA DOS DOCUMENTÁRIOS. Megaconstruções NASA Dublado Documentário Discovery

Channel. Youtube, 06 mar. 2016. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=E6MB0PFNv7I Aces-

so em: 20 ago. 2021.

REFLITA

“Toda ideia é resultado da solução de um material” (Andrew H. Dent e Leslie Sherr.)

Quais são seus principais critérios de seleção e escolha de materiais em um projeto de


design?

Fonte: O autor (2021).

UNIDADE I Introdução à Prototipagem 16


CONSIDERAÇÕES FINAIS

A prototipagem é uma fase muito importante em um projeto de desenvolvimento de


design. Por isso, vimos o quanto é necessário entender e aprender todos os requisitos e as
possibilidades de incluir essa etapa em um projeto de produto.
Inicialmente foram apresentados os conceitos de prototipagem e contextualizamos
cada aspecto dentro de uma etapa do desenvolvimento de um produto. Neles, entendemos que
os protótipos são os primeiros volumes que começam a viabilizar e tangibilizar uma ideia de um
produto, pois são eles que entregam os requisitos volumétricos, ergonômicos e funcionais. Por
isso, o próximo passo foi exatamente a compreensão dos protótipos, suas principais caracterís-
ticas e quais os principais objetivos dentro do desenvolvimento de um projeto.
A usabilidade e funcionalidade de um protótipo foram também critérios essenciais
apresentados nesse conteúdo. Vimos como eles podem ser usados no design de produtos
e quais são os resultados que podem – e devem – ser considerados para a validação do
produto junto ao usuário e da sequência do projeto como um todo.
E para que possamos entender o conceito de prototipagem com a finalidade de
inseris os métodos nas fases de um desenvolvimento de produto, foi necessário o conheci-
mento sobre os principais tipos de protótipos, suas nomenclaturas, definições técnicas e a
finalidade de cada tipo dentro de um projeto.
Todos nós sabemos que existem diferentes tipos de produtos no mercado e,
consequentemente muitos métodos de desenvolvimento. Portanto, para a validação das
ideias, seja pelo caráter estético ou funcional, os diferentes tipos de protótipos e estudos
volumétricos são selecionados e escolhidos de acordo com suas finalidades, eficiência e
resultados finais.

UNIDADE I Introdução à Prototipagem 17


LEITURA COMPLEMENTAR

Quer conhecer um pouco mais sobre prototipagem manual? Convido você a ler
esse artigo, em que os autores exploram diferentes tipos de técnicas de prototipagem ma-
nual e realizaram uma comparação entre custo, tempo de execução e nível de dificuldade.
Vamos lá?

Texto: Comparação de técnicas de prototipagem tradicional manual e sua impor-


tância para o design.

Fonte: PEREIRA, D.; LANUTTI, J.; PASCHOARELLI, L. C.; PINHEIRO, O. Comparação de téc-

nicas de prototipagem tradicional manual e sua importância para o design. São Paulo: DATJournal,

v. 02, n. 02, 2017.

UNIDADE I Introdução à Prototipagem 18


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Prototipagem Rápida.
Autor: Emanuel Campos.
Editora: Delearte Emcampos.
Sinopse: Neste livro há a definição sobre o que é Prototipagem
Rápida e as técnicas convencionais, apresentando sobre cada
uma das técnicas e prós e contras sobre cada tecnologia, com
um comparativo entre materiais e processos. O livro acrescenta
ainda ferramentas e técnicas para o desenvolvimento de produtos,
abrangendo o Ciclo de Desenvolvimento de Produto, PLM, Gestão
da Documentação, MESCRAI, Análise Morfológica, Pensamento
Lateral e Biassociação.

FILME / VÍDEO
Título: Abstract: The Art of Design
Ano: 2017.
Sinopse: Descubra como pensam os designers mais inovadores
em diferentes áreas e saiba como seu trabalho influencia todos os
aspectos da nossa vida.

UNIDADE I Introdução à Prototipagem 19


UNIDADE II
Modelagem Volumétrica
Professor Me. Joner de Lima Dias

Plano de Estudo:
● Objetivos da Modelagem Volumétrica no Design de Produtos;
● Tipos de Equipamentos e Ferramentas;
● Principais Materiais, Espaço de trabalho e organização do projeto;
● Aplicação básica da modelagem volumétrica no Design de produtos.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar objetivos da construção de modelos volumétricos;
● Apresentar tipos de equipamentos e ferramentas;
● Ensinar quais são os principais materiais para prototipagem,
espaço de trabalho e organização do projeto;
● Mostrar na prática a aplicação da modelagem volumétrica.

20
INTRODUÇÃO

A modelagem volumétrica envolve muita prática. Tão importante quanto o processo


criativo, está a habilidade de operar ferramentas e equipamentos para o desenvolvimento
de um protótipo.
Sendo assim, ao longo desta Unidade, você encontrará páginas recheadas com
um conteúdo direcionado à prática do desenvolvimento de modelos volumétricos. Logo de
início, serão apresentados alguns conceitos expostos por autores que explicam a relevância
do estudante de Design aprender a modelagem manual a título de experimentação, pois
isso é o que deixará o profissional pronto para o mercado de trabalho.
Também serão abordadas as ferramentas manuais básicas e equipamentos que o
designer precisa operar para construir seus modelos volumétricos, mas então será preciso
uma oficina cheia de equipamentos complexos? Não se preocupe, ao longo do texto você
compreenderá que a quantidade de ferramentas, o tamanho do espaço e a organização do
trabalho é mais simples do que se imagina.
Um modelo volumétrico que seja suficiente para a validação, de acordo com o
objetivo, pode ser construído com inúmeros materiais, inclusive combinados entre si. Mas,
para decidir o mais adequado, é preciso conhecimento. Na sequência, você conhecerá os
materiais mais usados, bem como suas principais aplicações na prototipagem.
E por último, será apresentado a modelagem volumétrica na prática, com aplicação
do Clay em um modelo automobilístico, para estudos de forma em protótipos.
Chegou a hora de vestir o equipamento de segurança e colocar a mão na massa!

Vamos lá?

UNIDADE II
I Modelagem
Introdução àVolumétrica
Prototipagem 21
1. OBJETIVOS DA MODELAGEM VOLUMÉTRICA NO DESIGN DE PRODUTOS

A modelagem manual volumétrica se constitui numa etapa importante no projeto


de design, pois é capaz de viabilizar ou inviabilizar uma ideia. Penna (2002) afirma que a
construção de protótipos, que podem ser confeccionados em diferentes materiais e técni-
cas, dão vida a projetos bidimensionais e ajuda os designers a verificar formas, dimensões,
cores, aceitação no mercado, etc.
Barbosa (2009) destaca a importância das experiências para os estudantes de design,
visto que as experimentações plásticas, bem como o ato de manipular diferentes materiais,
ampliam o conhecimento, o que prepara o profissional para o mercado de trabalho.
Também Pereira et al. (2017) discorre sobre a relevância quanto ao conhecimento
e uso de técnicas de modelagem tradicionais e seus respectivos materiais por parte dos
designers, para que possam desenvolver produtos mais coerentes.

1.1 Considerações para a construção de modelos volumétricos


Com base nas afirmações dos autores apresentados, está claro que o domínio das
técnicas de modelagem manual volumétrica faz parte das atribuições do designer para que
possa testar e validar suas ideias antes de iniciar a sequência produtiva. Sendo assim, os
princípios de modelagem apresentados por Hallgrimsson (2016, p. 43-44) deverão servir de
guia na construção de todos os modelos, bem como na escolha dos materiais e processos
para fabricação dos mesmos. Vamos ao que diz o autor:

UNIDADE II
I Modelagem
Introdução àVolumétrica
Prototipagem 22
● Saúde e segurança: Nunca opere nenhuma máquina sem o devido treinamento
e supervisão. Sempre use equipamentos de segurança / vestuários apropriados
e leia as instruções técnicas de uso dos materiais, pois a segurança deve vir
em primeiro plano. A Figura 1 mostra um profissional usando equipamentos de
segurança na manipulação de madeira.

FIGURA 1 – EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO PARA MANIPULAÇÃO DE MADEIRA

● Propósito: A construção de protótipos para validar a aparência geralmente são


confeccionados em formas sólidas, isso significa que não terão peças em seu
interior. Para esse propósito, é mais rápido e suficiente para a validação. De
mesmo modo, um protótipo construído para testar funções mecânicas não pre-
cisa se atentar ao rigor da aparência. Inclusive, é mais barato construir modelos
separados para examinar a aparência versus função. Esteja atento ao propósito.
● Eficácia: Para o modelo ser construído de forma eficaz, faça algumas perguntas
a si mesmo. O quão preciso o modelo precisa ser? Quanto mais baixo o nível
de precisão, mais barato e mais rápido para atender a finalidade pretendida.
O modelo pode servir para vários usos, ou será mais rápido e barato construir
diversos modelos para observar diferentes questões? O que é fácil de mudar?
● Adequação: Existe diferença entre um modelo construído para ser explorado e
outro para convencer clientes ou investidores quanto ao valor de um conceito. O
primeiro pode ser grosseiro e proposital em virtude de seu conteúdo, enquanto
o último precisa ser visto sob uma luz formal. Ambos os modelos podem ser
construídos com um baixo nível de fidelidade, mas o acabamento de um modelo

UNIDADE II
I Modelagem
Introdução àVolumétrica
Prototipagem 23
para apresentação a não designers geralmente precisa ser perfeito. Para uma
pessoa de fora, um modelo com marcas de cola expostas e acabamento ruim
pode criar uma impressão de falta de profissionalismo e credibilidade. Por outro
lado, um modelo construído para apresentação não necessariamente precisa
ser pintado e acabado ao nível do produto final, pois isso pode criar a impressão
de que o design está mais à frente do que o pretendido. O público e o local são,
portanto, fatores importantes a serem considerados.

1.2 Escolhas para considerar


Ao construir um modelo, sempre haverá opções quanto ao uso de materiais e pro-
cessos de fabricação. Não existe uma resposta simples ou única, mas é importante pensar
nos objetivos e basear suas decisões nas orientações propostas por Hallgrimsson (2016, p.
44), conforme vemos na sequência:

Materiais: Em protótipos, materiais de produção em massa são substituídos


por materiais simples e fáceis de manusear e de processar. É preciso levar em
consideração os aspectos funcionais e visuais, mas materiais simples como
espuma ou papel podem ser adequados para criar, inicialmente, modelos com
segurança e rapidez. Conforme ocorre progresso, podem ser substituídos por
materiais mais resistentes e parecidos com o produto projetado. Isso não signi-
fica que são usados materiais idênticos ao de fabricação; uma peça sólida feita
com espuma de poliuretano de alta densidade pode ser finalizada e pintada
para parecer com uma peça moldada por injeção. Outro aspecto da seleção de
materiais é a experimentação. Para realizar outras possibilidades no design, é
preciso tentar coisas novas, incluindo materiais. Basear as criações somente
em materiais conhecidos, pode te limitar. Fique atento a lançamentos do mer-
cado, incluindo materiais sustentáveis.
Ferramentas: Alguns materiais podem ser trabalhados facilmente com ferra-
mentas manuais, outros necessitam de maquinários específicos. Não se es-
queça que, para operar máquinas, é preciso treinamento ou supervisão. É nor-
mal que algumas empresas e profissionais não tenham tanta facilidade para
manuseá-las. Portanto, não é incomum que a confecção de determinadas pe-
ças seja terceirizada, ou que sejam substituídas por impressão 3D, que é uma
alternativa cada vez mais usada tanto em escolas quanto em empresas.

UNIDADE II
I Modelagem
Introdução àVolumétrica
Prototipagem 24
2. TIPOS DE EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS

Os equipamentos e ferramentas usados para a prototipagem são divididas em


categorias: ferramentas manuais básicas, ferramentas elétricas e ferramentas de oficinas.
Neste tópico, serão apresentadas essas ferramentas. Vamos lá?

2.1 Ferramentas manuais básicas


Logo de início, é importante esclarecer que não é preciso uma oficina totalmente
equipada e cheia de ferramentas para se fazer protótipos. Com poucas, já é possível cons-
truir modelos em diferentes materiais.
Assim, no Quadro 1, você encontrará as principais ferramentas manuais, que são
básicas para o desenvolvimento de um projeto.

QUADRO 1 – FERRAMENTAS MANUAIS BÁSICAS

CATEGORIA FERRAMENTAS
CONJUNTO DE FERRAMENTAS BÁSICAS Alicates e chaves variadas, martelo, colas e
equipamento de proteção individual (luva, avental,
óculos e máscaras)
LAYOUT E MEDIÇÃO Régua de aço, paquímetro e esquadro de aço
FERRAMENTAS DE CORTE Estiletes, serras e cortadores circulares
FERRAMENTAS PARA DESBASTAR Limas planas e grosas
PEQUENAS FERRAMENTAS Limas de agulha e alicates pequenos
LIXAS Diversas gramaturas: 100, 240-320 e 400-600

Fonte: Hallgrimsson (2016).

UNIDADE II
I Modelagem
Introdução àVolumétrica
Prototipagem 25
2.2 Ferramentas elétricas e de oficinas
Para operar equipamentos elétricos maiores, como serras, furadeiras, parafusadei-
ras e outros, é preciso treinamento para que não haja nenhum tipo de acidente. Dica: após
usar essas ferramentas, crie o hábito de mantê-las limpas e organizadas. Desta forma,
você prolonga o tempo útil de vida do seu equipamento e evita gastos desnecessários com
a substituição de peças.
No Quadro 2 estão relacionadas as ferramentas elétricas portáteis e estacionárias.

QUADRO 2 – FERRAMENTAS ELÉTRICAS PORTÁTEIS E ESTACIONÁRIAS

FERRAMENTAS ELÉTRICAS FERRAMENTAS ESTACIONÁRIAS


PORTÁTEIS
Furadeira Serra de fita
Parafusadeira Serra de pergaminho
Serra circular e serra tico-tico Lixadeira de disco

Fonte: Hallgrimsson (2016).

Além das ferramentas manuais e elétricas, existem as já mencionadas ferramentas


de oficina, como torno e fresa. O torno é usado para desenvolver, principalmente, sólidos em
revolução (formatos cilíndricos) e com detalhes em circunferências variadas. Já a fresa se uti-
liza para fazer detalhes no material, como chanfros, arredondamentos, furações e encaixes.

FIGURA 2 – FERRAMENTAS MANUAIS E ELÉTRICAS

Essas ferramentas citadas não são as únicas, mas as mais usadas no trabalho do
designer para a construção de diversos tipos de modelos. Você ou a empresa em que tra-
balha pode comprar aos poucos e, uma vez adquiridas, duram muitos anos, basta manter
alguns cuidados básicos de organização, uso e manutenção.

UNIDADE II
I Modelagem
Introdução àVolumétrica
Prototipagem 26
3. PRINCIPAIS MATERIAIS, ESPAÇO DE TRABALHO E ORGANIZAÇÃO ]
DO PROJETO

Alguns materiais são simples, por isso, precisam de pouco espaço e ferramentas
para manuseá-los, outros, por sua vez, são mais complexos e exigem condições adequadas.
Veremos, portanto, neste tópico quais são os principais materiais, ferramentas e espaços
de trabalho adequados para uma boa prototipagem.

3.1 Principais materiais


Existe uma imensidão de materiais que podem ser usados para desenvolver
modelos, inclusive, usados conjuntamente. Além desses, outros muitos são lançados no
mercado a cada ano.
Para iniciar esse assunto, serão listados os principais materiais, ou seja, os que
mais são empregados para construir protótipos atualmente. Porém, para ser um bom de-
signer de produtos você deve estar atento a novos materiais e pesquisar sempre para se
manter atualizado.
No Quadro 3 você encontrará discriminado os principais materiais e suas aplicações.

UNIDADE II
I Modelagem
Introdução àVolumétrica
Prototipagem 27
QUADRO 3 – PRINCIPAIS MATERIAIS E APLICAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE MODELOS

PRINCIPAIS MATERIAIS APLICAÇÕES


Cola A colagem é uma solução rápida e fácil para a mon-
tagem de modelos. Existem diversos tipos de co-
las, que devem ser selecionadas de acordo com
o uso e material. Exemplos: Cola quente, branca,
bastão, de madeira, de couro, em spray...
Fitas adesivas Utilizados para vários objetivos, que incluem a deli-
mitação de áreas para a pintura, para segurar par-
tes temporária ou permanentemente, substituindo
a cola para não deixar marcas, etc. Exemplos: Fita
crepe, transparente, dupla face...
Massas de acabamento São usados para preencher espaços entre duas
partes, corrigir erros, amassados ou irregularida-
des na superfície do material. Exemplos: Massa
plástica, acrílica, de madeira, à base de água e/ou
à base de solvente...
Papel O papel é um material fácil de manusear, econômi-
co e provém de fontes renováveis. É muito usado
para a construção de modelos para se observar ta-
manho e proporção. Simula muito bem uma folha
de metal. São encontrados em diversas gramatu-
ras e tamanhos, escolha a melhor opção de acordo
com o objetivo do modelo.
Espuma de poliestireno (Isopor) Usado principalmente para explorar formas e vi-
sualizar proporções, pois não é um material forte.
Por ser de baixo custo, protótipos são construídos
com ele antes de outros mais caros. Disponível em
vários tamanhos e gramaturas.
Clay (Argila sintética) Muito utilizado para reproduzir formas complexas e
orgânicas devido à sua facilidade de manipulação.
Placa de modelagem de poliuretano Ótimo para explorar formas e para a construção de
protótipo de aparência altamente refinado.
Madeira Boa resistência, facilidade no manuseio e imensa
variedade de aplicações em prototipagem de bai-
xa e alta fidelidade. Pode ser usado para explorar
formas ou para construir protótipos voltados à co-
municação.

Fonte: Hallgrimsson (2016).

3.2 Espaço de trabalho e organização do projeto


Existem muitos caminhos para a construção de modelos, isso porque podem ser
afetados pelas condições de espaço disponíveis. Muitos estúdios de design detêm em suas
empresas um espaço simples para prototipagem, com poucas ferramentas e, caso precisem
construir protótipos mais elaborados, terceirizam em locais especializados. Outros, preferem
ter disponível todos os equipamentos necessários à disposição da equipe de criação.

UNIDADE II
I Modelagem
Introdução àVolumétrica
Prototipagem 28
Já é realidade em muitos escritórios de design a impressora 3D, ela é uma alterna-
tiva tecnológica muito útil para validar diversos tipos de modelos, sejam eles em tamanhos
reais ou em escala.
Quanto à superfície de trabalho, uma boa mesa, estável, com tamanho adequado
e superfície limpa, é chave para o desenvolvimento. Tornos são simples e necessários para
as etapas de trabalhos manuais de teste de forma, que incluem a utilização de materiais
duros como madeira, espumas de alta densidade e metais (HALLGRIMSSON, 2016).
A iluminação do espaço não pode ser esquecida, pois é ela que determina a clareza
com que a equipe irá enxergar os detalhes do projeto. A fonte de luz pode vir de vários
pontos, mas se o projeto exigir a visualização de pequenos detalhes, opte por uma lupa
com iluminação (HALLGRIMSSON, 2016).
Dependendo do material que se usa, pode gerar poeira e outros resíduos que, por
vezes, podem ser tóxicos às pessoas/meio ambiente. Portanto, materiais insalubres neces-
sitam de coleta e descarte adequados. É de suma importância estar atento às condições
sanitárias e leis vigentes para não causar dano à sociedade e/ou desequilíbrio ambiental.
O fluxo de trabalho é um passo a passo para a criação, o modo de organizar os
projetos precisa ser aprendido, mas com o passar do tempo se torna um processo natural
para o designer. No Quadro 4 é apresentado o fluxo de trabalho básico de modelagem,
considere essa abordagem como ponto de partida para a realização das etapas de trabalho.

QUADRO 4 - FLUXO DE TRABALHO BÁSICO DE MODELAGEM

PLANEJAMENTO PREPARAÇÃO EXECUÇÃO MONTAGEM


Rever objetivos Modelos 2D Adição de materiais Finalizar
Esboço e layout Arquivos 3D Subtração de materiais Pintar

Fonte: Hallgrimsson (2016).

Para desenvolver um bom trabalho, adquira hábitos simples, mas que fazem toda
a diferença no dia a dia, por isso, limpe os equipamentos depois de usar, preste atenção à
segurança e respeite as pessoas que dividem o espaço de trabalho com você!

UNIDADE II
I Modelagem
Introdução àVolumétrica
Prototipagem 29
4. APLICAÇÃO BÁSICA DA MODELAGEM VOLUMÉTRICA NO
DESIGN DE PRODUTOS

Nos capítulos anteriores, vimos os objetivos da prototipagem, os principais mate-


riais usados para a construção de modelos e as ferramentas necessárias para o manuseio,
espaço e organização do trabalho. Para melhor compreensão, veremos agora um exemplo
prático de aplicação básica da modelagem volumétrica no design automotivo, utilizando o
Clay como matéria prima.
O Clay é uma argila sintética produzida por meio de óleos e resinas. Esse material
é muito utilizado para a produção de protótipos e estudos volumétricos para a validação de
formas, detalhes e outros requisitos funcionais e estéticos de um produto.
As áreas de desenvolvimento de produtos como o design de joias, brinquedos, em-
balagens complexas e a indústria do automobilismo, utilizam o clay como material essencial
na modelagem volumétrica de produtos e acessórios para a validação de design.
A Figura 3 mostra o designer utilizando o Clay para construir um modelo volumétrico
de design automotivo, veja:

UNIDADE II
I Modelagem
Introdução àVolumétrica
Prototipagem 30
FIGURA 3 - CONSTRUÇÃO DE MODELO VOLUMÉTRICO

AUTOMOTIVO UTILIZANDO O CLAY

O Clay é utilizado nas fases iniciais do projeto para validar linhas e detalhes do
design de um automóvel, por exemplo (Figura 4).

FIGURA 4 - CONSTRUÇÃO DE MODELO VOLUMÉTRICO

AUTOMOTIVO UTILIZANDO O CLAY

Os acessórios como retrovisores, para-choques, faróis e vários outros detalhes são


reproduzidos em argila Clay que permite a riqueza de detalhes e acabamento, essenciais
para a percepção e validação da forma e da estética de um novo produto. Na Figura 5,
vemos uma ilustração 3D de modelo volumétrico automotivo construído em Clay no túnel
de vento para realização de testes de aerodinâmica.

UNIDADE II
I Modelagem
Introdução àVolumétrica
Prototipagem 31
FIGURA 5 – TESTE DE AERODINÂMICA USANDO CLAY

O Clay, quando aquecido, fica maleável e pode ser reprocessado inúmeras vezes,
podendo ser utilizado em diversas outras aplicações mesmo após o protótipo ser descartado.

SAIBA MAIS

Já ouviu falar em Design Thinking? É o método que envolve uma proposta de resolução
de problemas, focada nos usuários, que estimula o pensamento criativo. Para saber
mais, te convido a assistir o Ted Talk de Tim Brown, que conclama os designers a pen-
sarem grande. Vale o click!

Link do vídeo: https://www.ted.com/talks/tim_brown_designers_think_big?language=pt-br

Fonte: TED. Tim Brown conclama os designers a pensar grande. Jul. 2009. Disponível em: https://www.

ted.com/talks/tim_brown_designers_think_big?language=pt-br Acesso em: 12 set. 2021.

REFLITA

“Design é o processo de adaptação do ambiente ‘artificial’ às necessidades físicas e


psíquicas dos homens na sociedade” (Bernd Löbach).

Você considera a experiência do usuário na validação de produtos de design?

Fonte: O autor (2021)

UNIDADE II
I Modelagem
Introdução àVolumétrica
Prototipagem 32
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta Unidade, foram abordados os conceitos de Modelagem Volumétrica de modo


prático, ao longo do texto, foi possível observar que realizar experimentações na construção
de protótipos traz inúmeras possibilidades e aprendizado ao designer.
As ferramentas básicas de uso manual e em oficinas foram listadas, assim como
os principais materiais para a construção de modelos volumétricos manuais. Cabe ressaltar
que, quanto mais protótipos o designer realiza, mais apto estará para desenvolver protóti-
pos avançados.
No texto apresentado, desmistificamos a ideia de que é preciso uma oficina reple-
ta com ferramentas de toda ordem para a realização de modelos. Ficou claro que, com
algumas ferramentas básicas e mesmo em um espaço de trabalho limitado, é possível
desenvolver o trabalho de modo satisfatório.
Também foi discutido no texto que não necessariamente todas as etapas da cons-
trução de modelos precisam ser realizadas pelo designer e que, inclusive, é muito comum
que empresas terceirizem a fabricação dos mais complexos ou recorram à impressão 3D.
No campo prático do estudo volumétrico, foi mostrado a construção de um modelo auto-
mobilístico em Clay e apontado as vantagens desse material devido à sua alta capacidade
para a observação e validação de detalhes.
No decorrer dos tópicos, foram inseridas algumas dicas simples para facilitar e or-
ganizar o trabalho, assim, percebe-se que a construção de modelos volumétricos manuais
envolve muita prática e mão na massa. Portanto, aproveite os conhecimentos adquiridos
para dar vida às suas criações!

UNIDADE II
I Modelagem
Introdução àVolumétrica
Prototipagem 33
LEITURA COMPLEMENTAR

Você sabe como funciona o mercado automobilístico? Demanda muito tempo para o
lançamento de um veículo? E o investimento? Existe algum modelo desenvolvido inte-
gralmente no Brasil? Para quem é curioso e gosta de saber sobre grandes projetos, o
Portal UOL fez um especial com cinco reportagens que aborda o tema “Como nasce um
carro”. Vale a leitura!

Texto: Especial como nasce um carro.

Fonte: FELIX, L. Especial - como nasce um carro, capítulo 1: criar um carro não custa pouco, nem é fácil.

São Paulo, 2017. Disponível em: https://www.uol.com.br/carros/noticias/redacao/2017/11/13/fazer-carro-

-e-tao-caro-que-ate-google-e-apple-desistiram-uol-carros-conta.htm. Acesso em: 05 out. 2021.

UNIDADE II
I Modelagem
Introdução àVolumétrica
Prototipagem 34
MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Como se faz: 92 Técnicas de Fabricação Para Design de
Produtos
Autor: Chris Lefteri
Editora: Blucher
Sinopse: Para os designers, o mundo da manufatura pode ser
um território desafiador e impenetrável, muitos só conhecem, em
detalhes, algumas poucas técnicas de fabricação. Parte do de-
sign contemporâneo para descrever 92 técnicas - inovadoras ou
tradicionais - de fabricação de design de produtos, revelando os
mistérios de seus processos para alunos e profissionais da área.
“Como se faz” inova também ao ser o primeiro livro a abordar o
assunto a partir do ponto de vista do designer. Chris Lefteri agrupa
os processos de acordo com as formas e dimensões físicas do pro-
duto acabado e cada processo é apresentado e descrito individual-
mente; boxes informativos orientam sobre volumes de produção
adequados, custos envolvidos, velocidade de produção, materiais
relevantes e muito mais. Põe por terra a opinião equivocada de
que os processos de manufatura restringem a liberdade do de-
signer, encorajando a experimentação ao transmitir o potencial da
manufatura como uma valiosa ferramenta nas mãos do designer.

FILME / VÍDEO
Título: Joy: O nome do sucesso
Ano: 2015.
Sinopse: Joy é uma jovem brilhante, mas sua vida pessoal é ex-
tremamente complicada, divorciada e mãe de dois filhos, ela vive
com seus pais e ex-marido, que mora no porão. Sua mãe, que
vive no andar de cima e passa o dia todo assistindo a novelas,
compartilha o espaço com seu pai, apesar de terem se divorciado
há 17 anos. Criativa desde a infância, Joy inventa um esfregão de
limpeza milagroso que se transforma em um fenômeno de vendas
e faz dela uma das empreendedoras de maior sucesso dos Esta-
dos Unidos.

UNIDADE II
I Modelagem
Introdução àVolumétrica
Prototipagem 35
UNIDADE III
Fabricação Digital (FD) e Prototipagem
Rápida (RP): Conceitos e Fundamentação
Professor Me. Joner de Lima Dias

Plano de Estudo:
● Princípios e Objetivos da Fabricação Digital;
● As vantagens e limitações da Prototipagem Rápida como processo de fabricação;
● Tipos, Tecnologias e Processos de Prototipagem Rápida;
● Aplicações de Fabricação Digital em projetos de Design de Produto.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar o que é a prototipagem rápida;
● Compreender as vantagens e desvantagens da prototipagem rápida;
● Conhecer os tipos, tecnologias e processos da prototipagem rápida;
● Saber na prática as aplicações de fabricação digital
em projetos de produtos.

36
INTRODUÇÃO

Cada ano que passa, vemos mais produtos serem lançados no mercado. A demanda
por consumo é alta e as empresas precisam se adaptar a todo momento para continuarem
sendo competitivas e, principalmente, para saírem à frente da concorrência.
Um bom exemplo dessa urgência foi a pandemia mundial de COVID-19. Inespera-
damente, houve uma grande demanda por máscaras e produtos para esterilizar as mãos
e superfícies. Sendo assim, vimos surgir no mercado um boom de produtos que até então
não faziam parte do nosso cotidiano. Prateleiras abarrotadas com produtos diversos, capa-
zes de atender essa necessidade da população.
Mas você deve estar se perguntando, o que a fabricação digital e prototipagem
rápida, tema dessa unidade, tem a ver com essa questão? A resposta é: tudo! Isso porque
são os avanços tecnológicos que permitem que se acelere os processos produtivos.
Nesta unidade, você entenderá o que é a prototipagem rápida, as vantagens e
limitações da Prototipagem Rápida como processo de fabricação, conhecerá os tipos,
tecnologias e processos da prototipagem rápida e verá exemplos práticos de aplicações de
fabricação digital em projetos de produtos.
Além disso, será capaz de identificar as tecnologias existentes e terá conhecimento
suficiente para escolher a mais adequada para o desenvolvimento de seus protótipos. O
fato de estudarmos a fabricação digital não significa ser um processo melhor que as práticas
manuais. Conhecer os dois processos possibilita trabalhar com os dois juntos para se obter
agilidade no desenvolvimento.
Ao final desta unidade, você estará por dentro do conhecimento que se exige no
mercado de trabalho. Bons estudos!

UNIDADE III Fabricação Digital (FD) e Prototipagem Rápida (RP): Conceitos e Fundamentação 37
1. PRINCÍPIOS E OBJETIVOS DA FABRICAÇÃO DIGITAL

Como é sabido, o desenvolvimento de projetos envolve muito conhecimento e vali-


dação para que, ao ser liberado para a fabricação, o produto esteja em perfeitas condições,
tanto do ponto de vista fabril quanto para seu uso.
Mas, devido à alta competitividade e demanda de consumo, as empresas tiveram
que acelerar o seu processo produtivo para se manterem no mercado. Carvalho e Volpa-
to (2006) destacam que essas alterações envolvem aspectos de agilidade na gestão do
desenvolvimento e também a inclusão de novas técnicas e ferramentas computacionais.
Segundo os autores, os softwares podem ser empregados para uso no projeto, na análise,
validação e otimização das peças fabricadas.
Quanto ao sucesso comercial e velocidade do mercado, os autores afirmam:
Muitas vezes, a garantia de sucesso comercial de um produto está associa-
da à habilidade da empresa em identificar as necessidades dos clientes e
imediatamente desenvolver produtos que atendam satisfatoriamente a essas
necessidades. Dentre todas as atividades envolvidas no PDP, a utilização de
protótipo físico é essencial para melhorar a comunicação entre os envolvidos
no processo, bem como a possibilidade de reduzir falhas e melhorar a quali-
dade do produto (CARVALHO e VOLPATO, 2006, p. 01).

O processo de prototipagem manual (mecânico) envolve a adição de material


para, posteriormente, serem subtraídos, ou moldados, conforme a necessidade. E assim
que funcionou por anos, mas no final da década de 1980 surgiu um novo modelo de de-
senvolvimento, que consiste também na adição de material para a produção de modelos
volumétricos. A diferença é que essa adição passou a ser em camadas planas (ALCALDE
e WILTGEN, 2018; CARVALHO e VOLPATO, 2006).

UNIDADE III Fabricação Digital (FD) e Prototipagem Rápida (RP): Conceitos e Fundamentação 38
Os autores explicam ainda que:
Um grande diferencial deste em relação aos demais processos de adição é
a facilidade de sua automatização, dispensando moldes e ferramentas, mini-
mizando consideravelmente a intervenção do operador durante o processo.
Isto foi alcançado, pois o mesmo utiliza as informações geométricas da peça
a ser fabricada diretamente no sistema CAD (Computer Aid Design) para o
planejamento do processo, que ocorre de forma bastante automatizada. As
informações geradas são enviadas diretamente à máquina que, uma vez pre-
parada, executa o trabalho sem assistência de um operador (CARVALHO e
VOLPATO, 2006, p. 02).

Segundo os autores citados, isso foi possível devido à utilização de computadores


no Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP). Pela concepção desse processo de
fabricação ter sido usado primeiramente para a fabricação de protótipos, sem muito rigor
de resistência ou precisão, ficou denominado como Prototipagem Rápida (ou RP, do inglês
Rapid Prototyping).
A prototipagem rápida consiste num processo de fabricação que adiciona sucessi-
vas camadas planas de material para construir a artefato desejado. O modelo 3D da peça,
construída no CAD, é “fatiado” digitalmente. Deste modo, cada “fatia” contém a forma e
quantidade de material que lhe cabe. Assim, essas camadas são processadas em sequên-
cia, empilhadas (da base ao topo) e juntadas para formar a peça física (CARVALHO e
VOLPATO, 2006).
Para melhor compreensão, observe a Figura 1, em que podemos ver claramente
o objeto, em formato de leão, mas construído em camadas planas, adicionadas sucessi-
vamente.

FIGURA 1 – EXEMPLO DE FATIAMENTO E ADIÇÃO DE

CAMADAS PLANAS PARA FABRICAÇÃO

UNIDADE III Fabricação Digital (FD) e Prototipagem Rápida (RP): Conceitos e Fundamentação 39
Implementações práticas da fabricação por camadas para as necessidades
atuais de manufatura tornaram-se possíveis, devido à integração de proces-
sos tradicionais de manufatura, tais como a metalúrgica do pó, extrusão, sol-
da e usinagem CNC, a diversas outras tecnologias acessórias mais recentes,
tais como controles de movimento de alta precisão, novos materiais, sistemas
de impressão a jato de tinta, tecnologias laser, entre outras. Tal interação é a
base dos diversos sistemas de RP atualmente disponíveis no mercado (CAR-
VALHO e VOLPATO, 2006, p. 04).

Nos próximos capítulos, aprofundaremos os conhecimentos sobre prototipagem


rápida e as tecnologias usadas nesse processo de fabricação.

UNIDADE III Fabricação Digital (FD) e Prototipagem Rápida (RP): Conceitos e Fundamentação 40
2. AS VANTAGENS E LIMITAÇÕES DA PROTOTIPAGEM RÁPIDA COMO
PROCESSO DE FABRICAÇÃO

Este tópico tem o objetivo de demonstrar as vantagens e desvantagens do uso


da prototipagem rápida para construir modelos volumétricos. Cabe ressaltar que a pro-
totipagem rápida é dividida em processo subtrativo comum e o processo aditivo. Sobre o
assunto, os autores explicam:
A prototipagem rápida hoje é dividida em dois processos. O mais antigo, e
primeiro a surgir, o processo subtrativo comum em máquinas tradicionais,
mesmo que automatizadas (CNC), como um torno ou fresa, e o segundo pro-
cesso a surgir, o processo aditivo, que é utilizado com frequência em técnicas
de impressão 3D (ALCALDE e WILTGEN, 2018, p. 14).

Ao comparar os métodos subtrativos e prototipagem tradicional manual, com méto-


dos aditivos, é possível identificar vantagens e desvantagens.
Com relação às vantagens, os autores Carvalho e Volpato (2006, p. 10) destacam:
● Peças com alta complexidade geométrica são mais fáceis de serem obtidas por RP;
● Não é necessário o uso de qualquer tipo de ferramenta para fixação. Geralmen-
te, a própria tecnologia oferece soluções para fixar as peças;
● O componente é fabricado em um único equipamento e etapa de processo;
● Dispensa cálculos complexos, já que o planejamento é simplificado e realizado
de forma praticamente automático por sistemas;
● Redução de tempo de obtenção de protótipos, principalmente os mais complexos.

UNIDADE III Fabricação Digital (FD) e Prototipagem Rápida (RP): Conceitos e Fundamentação 41
Também os autores Alcalde e Wiltgen (2018) destacam como vantagem a redução
do custo de energia e material, visto que reduzir o desperdício é consequência do processo
e salientam o ganho ambiental justamente por essa diminuição de resíduos.
Por exemplo, a Figura 2 mostra a impressão 3D de um componente com design
que apresenta textura na superfície. Nesse caso, a impressora adiciona camada a camada,
depositando o material da base ao topo, para a obtenção da peça.

FIGURA 2 – EXEMPLO DE RP EM PROCESSO ADITIVO

Já imaginou o processo de obtenção desse mesmo protótipo sendo realizado pelo


método subtrativo? Um material sólido seria usado e seriam necessárias várias ferramentas
e habilidades para reproduzir a mesma textura. Além disso, para subtrair o material neces-
sário para se chegar à forma desejada, provavelmente a quantidade de resíduo gerado
seria muito grande. Veja o exemplo na Figura 2.

FIGURA 3 – EXEMPLO DE RP EM PROCESSO SUBTRATIVO

UNIDADE III Fabricação Digital (FD) e Prototipagem Rápida (RP): Conceitos e Fundamentação 42
Agora que estão claras as vantagens do método aditivo em relação aos subtrativos,
veremos suas desvantagens. Os autores Carvalho e Volpato (2006, p. 11-12) listam como
restrições ou deficiências:
● Como o processo de obtenção envolve adição de camadas e os materiais
geralmente são diferentes do produto final, ocorre a distribuição diferente das
propriedades, características e direções do material no corpo da peça. Esse
termo é denominado anisotropia. A mesma peça final produzida em escala, por
exemplo, permitirá uma distribuição homogênea do material, seja pelo processo
de injeção, fundição ou extrusão;
● O acabamento e a precisão são inferiores às peças obtidas por usinagem.
Como o processo envolve a adição de camadas planas, ocorre um serrilhado
na superfície, que é inerente ao processo de RP (no caso da impressão 3D);
● Não é indicado para a produção de grandes quantidades de um mesmo protó-
tipo devido ao custo.

Alcade e Wiltgen (2018) acrescentam à essa lista uma desvantagem em relação ao


tamanho dos protótipos. Se forem muito grandes em dimensões e exigirem alta precisão, a
melhor escolha para obtenção ainda é a usinagem.

UNIDADE III Fabricação Digital (FD) e Prototipagem Rápida (RP): Conceitos e Fundamentação 43
3. TIPOS, TECNOLOGIAS E PROCESSOS DE PROTOTIPAGEM RÁPIDA

Existem muitos tipos de sistemas de RP (Prototipagem Rápida) que usam tecno-


logias de adição de material. Mas todos são baseados no princípio de manufatura por
camadas planas (CARVALHO e VOLPATO, 2006).
Dentre essas tecnologias de RP, destacam-se três, que veremos nesse tópico:
Estereolitografia (SLA), Sinterização a Laser (SLS) e Deposição por Fusão (FDM).

3.1 Estereolitografia (Stereolithography - SLA)


De acordo com Alcade e Wiltgen (2018), a SLA foi a primeira tecnologia de impres-
são 3D que surgiu no mercado, em 1984, e é um dos métodos utilizados até hoje. Consiste
da utilização de uma fonte de laser direcionado para solidificar a resina fotopolimérica.

Esta técnica consiste de uma fonte de laser que envia raios ultravioleta para
solidificar a resina polimérica, o feixe é direcionado sobre o polímero na forma
líquida, que se solidifica nas regiões atingidas pelo feixe de laser que forma
uma das camadas do objeto.
Após a conclusão de cada camada a plataforma ou mesa se desloca (para
cima ou para baixo) possibilitando assim a formação de uma nova camada.
O processo se repete nas camadas seguintes até que o objeto seja concluído
(ALCALDE; WILTGEN, 2018, p.15).

A Figura 4 mostra o conceito de tecnologia de impressão 3D, Estereolitografia


(SLA), usando um laser UV para curar seletivamente a resina de fotopolímero.

UNIDADE III Fabricação Digital (FD) e Prototipagem Rápida (RP): Conceitos e Fundamentação 44
FIGURA 4 – TECNOLOGIA SLA

3.2 Sinterização a Laser (Selective Laser Sintering - SLS)


O método SLS, também criado na década de 1980, consiste no uso de um feixe de
laser para criar as peças em 3D. A diferença é que nesse método se utiliza um polímero em
pó (ALCALDE e WILTGEN, 2018).
Sobre essa tecnologia, os autores explicam como ela funciona:
O feixe de laser solidifica o pó que está na superfície da máquina conforme o
mesmo é projetado imprimindo uma imagem [...]. Após a conclusão desta ca-
mada a mesa desce e uma nova camada de pó armazenada nas laterais da
máquina é colocada por sobre a camada anterior e novamente atingida pelo
feixe de laser. Este processo se repete camada a camada, até que o objeto
seja finalizado (GEBHARDT, 2011 apud ALCALDE e WILTGEN, 2018, p. 15).

A figura 5 traz o conceito de tecnologia de impressão 3D, Sinterização seletiva a


laser (SLS), usando um laser UV para fundir uma base de pó.

FIGURA 5 – TECNOLOGIA SLS

UNIDADE III Fabricação Digital (FD) e Prototipagem Rápida (RP): Conceitos e Fundamentação 45
3.3 Deposição por Fusão (Fused Deposition Modeling - FDM)
Por ser uma tecnologia de baixo custo e mais simples, essa técnica difundiu o uso
da impressão 3D. O acesso das pessoas à tecnologia se tornou mais acessível à medida
que foram surgindo as impressoras não profissionais, chamadas de desktop ou impressoras
de mesa (ALCALDE e WILTGEN, 2018).
Quanto ao método FDM, os autores explicam em que consiste essa tecnologia e
seu modo de funcionamento:

Este modelo consiste em derreter o filamento de um termoplástico que é pu-


xado por uma engrenagem e empurrado pelo bico extrusor.
Nesta tecnologia tanto a extrusora quanto a mesa se movimentam, para cima
e para baixo (eixo Z) ou para os lados (eixos X e Y). Deste modo o filamento
fica praticamente líquido. De tal forma que o filamento derretido possa ser
depositado na mesa de construção da impressora, camada por camada para
que o objeto seja construído (ALCALDE e WILTGEN, 2018, p.16).

A Figura 6 ilustra o conceito de tecnologia de impressão 3D Fused Deposition Mo-


deling (FDM).

FIGURA 6 – TECNOLOGIA FDM

3.4 Comparação entre SLA, SLS, FDM e processos de RP


Agora que você já sabe quais são as tecnologias mais usadas para construção de
modelos usando RP, é importante conhecer as características de cada uma delas para que
se possa comparar os benefícios de uma em detrimento à outra. Nesse sentido, os autores
Alcade e Wiltgen (2018) oferecem uma descrição muito completa sobre vários aspectos a
título de comparar as tecnologias SLA, SLS e FDM.

UNIDADE III Fabricação Digital (FD) e Prototipagem Rápida (RP): Conceitos e Fundamentação 46
QUADRO 1 - COMPARAÇÕES SLA, SLS E FDM

DESCRIÇÃO SLA SLS FDM


Custo do Equipamento Pior Mediano Melhor
Custo de Manutenção Pior Mediano Melhor
Custo de Material Pior Mediano Melhor
Disponibilidade de Materiais Mediano Pior Melhor
Resolução de Impressão Melhor Mediano Pior
Precisão de Impressão Melhor Mediano Pior
Acabamento Superficial Melhor Mediano Pior
Tolerância Melhor Mediano Pior
Tempo de Processamento Melhor Pior Mediano
Resistência ao Calor (peça) Pior Melhor Mediano
Resistência Mecânica (peça) Pior Melhor Mediano
Resistência em altas Temperaturas Pior Melhor Mediano
(peça)
Durabilidade (peça) Pior Melhor Mediano
Impressão de Peças Funcionais Pior Melhor Mediano
Fonte: Alcade e Wiltgen (2018, p. 07).

Quanto aos processos de RP, os autores Carvalho e Volpato (2006, p. 10) destacam
que as tecnologias apresentadas possuem etapas muito similares, e normalmente seguem
a seguinte ordem de execução:

a modelagem tridimensional da peça em um sistema CAD;


a geração da geometria 3D da peça no padrão STL (StereoLithography –
aproximação da superfície da peça usando malha de triângulos);
a verificação do arquivo de dados;
o planejamento do processo para a fabricação por camada (fatiamento e de-
finição do suporte e estratégias de deposição de material);
a fabricação, e
o pós-processamento, geralmente limpeza e acabamento da peça.

UNIDADE III Fabricação Digital (FD) e Prototipagem Rápida (RP): Conceitos e Fundamentação 47
4. APLICAÇÕES DE FABRICAÇÃO DIGITAL EM PROJETOS DE DESIGN
DE PRODUTO

A prototipagem rápida pode ser utilizada em muitos segmentos, que envolvem


desde a modelagem de produtos até áreas específicas. Sobre a prática da RP, os autores
Ferreira, Santos e Silva (2006, p. 195) explanam:
As aplicações da Prototipagem Rápida (RP, de Rapid Prototyping) são as
mais diversas e em vários campos da ciência, desde as mais convencionais,
auxiliando no desenvolvimento de produtos em geral, passando pela área de
saúde, até sua utilização em áreas mais especiais, tais como na modelagem
de cadeias de proteínas, estruturas de vírus e uma miríade de outras.

Com base na afirmação dos autores e objetivando explorar a prática, na sequência


serão mostrados alguns exemplos de produtos e áreas que podem ser beneficiados com a
utilização da RP.
Cada vez mais as indústrias precisam se adaptar à velocidade da colocação de produ-
tos no mercado. Esse fato pode ser atribuído à globalização. Devido à essa demanda, vários
setores da economia têm aproveitado de novas tecnologias para acelerar o desenvolvimento
de produtos, entre elas está a utilização de sistemas CAD (FERREIRA; SANTOS; SILVA, 2006).
Como exemplo, podemos citar o setor joalheiro. Esse mercado inclui tanto as peças
únicas e exclusivas, quanto as de produção em escala industrial. Independente da aplica-
ção, os protótipos devem ser minuciosamente pensados. Ferreira, Santos e Silva (2006, p.
201) comentam sobre o uso de tecnologias de fabricação digital nesse setor:

UNIDADE III Fabricação Digital (FD) e Prototipagem Rápida (RP): Conceitos e Fundamentação 48
O setor joalheiro nacional incorporou recentemente algumas tecnologias que
agilizam o processo de construção de protótipos e detalhamento de projetos,
tais como fresadoras de alta velocidade, sistemas de prototipagem rápida e
softwares 3D, objetivando otimizar o processo de confecção e desenho de
seus produtos. [...] O uso recente dessas novas tecnologias na construção de
protótipos deverá e/ou poderá contribuir para o aumento da produtividade do
segmento, principalmente se forem utilizadas de forma complementar ao sis-
tema atual de fabricação. É importante estabelecer uma harmonia de ativida-
des, onde o uso de tecnologias não tenha um caráter meramente substitutivo
e sim complementar com as atividades existentes.

Ao se referir ao atual modelo e atividades, os autores chamam atenção ao fato de


os ourives/designers se utilizarem de conhecimento tradicional e fabricação artesanal que
são repassados entre eles.
Na Figura 7, é possível observar a sequência de etapas do projeto de um anel de
ouro com diamantes, que utiliza a fabricação digital para obtenção do modelo volumétrico. A
imagem mostra o projeto no CAD, o anel em resina e, posteriormente, o produto finalizado,
em dois ângulos.

FIGURA 7 – UTILIZAÇÃO DA FABRICAÇÃO DIGITAL NO PROJETO DE ANEL

A indústria de brinquedos também é um outro bom exemplo da utilização da fabri-


cação digital para obtenção dos produtos. Entre os inúmeros motivos que justificam seu
uso, pode ser citada a velocidade das demandas para datas específicas, ou de acordo
com novos personagens que fazem sucesso instantâneo entre os pequenos, o que torna
urgente que novas linhas de brinquedos sejam lançadas no mercado.
Sobre esse segmento de mercado e o potencial para aplicação de RP, os autores
justificam:

UNIDADE III Fabricação Digital (FD) e Prototipagem Rápida (RP): Conceitos e Fundamentação 49
A indústria de brinquedos também se constitui num grande campo de apli-
cação de protótipos de produtos, devido às suas características de sazona-
lidade que não podem ser adiadas, como o Natal e dia das crianças, bem
como a competitividade por preços, brinquedos seguros e funcionais. Em
uma fase inicial de desenvolvimento, é possível utilizar modelos volumétricos
com o objetivo de facilitar o entendimento inicial do problema de projeto e
definir informações principais do produto (cotas, formas básicas e restrições,
entre outras). [...] Em outros casos, devido à complexidade dos brinquedos,
é necessárias a construção de protótipos funcionais, visando a realização
de testes de desempenho, montagem, ergonomia, entre outros (FERREIRA;
SANTOS; SILVA, 2006, p. 209).

Na Figura 8, podemos observar o uso da tecnologia de impressão 3D para a obten-


ção de modelo volumétrico.

FIGURA 8 – FABRICAÇÃO DIGITAL DE BRINQUEDO

Além dos exemplos citados, que envolvem os setores joalheiro e de brinquedos, a


fabricação digital pode ser usada para o desenvolvimento de projetos diversos em muitas
outras áreas, como na medicina (como talas ortopédicas e próteses odontológicas), arqui-
tetura, agronomia, alimentos (em embalagens), etc.

UNIDADE III Fabricação Digital (FD) e Prototipagem Rápida (RP): Conceitos e Fundamentação 50
SAIBA MAIS

A tecnologia de impressão 3D trouxe tantos avanços que não é difícil encontrar notícias
de Startup desenvolvendo bifes impressos em 3D, ou próteses humanas com sensores
e outras inovações. Nesta Unidade, te convido a ler mais sobre uma Startup americana
que está construindo casas com impressora 3D em apenas sete dias.

Link do texto: https://exame.com/inovacao/startup-americana-constroi-casas-com-im-


pressora-3d-em-sete-dias-veja-video/

Fonte: PANCINI, L. Startup americana constrói casas com impressora 3D em sete dias. Revista Exame.

12 mar. 2021, online. Disponível em: https://exame.com/inovacao/startup-americana-constroi-casas-com-

-impressora-3d-em-sete-dias-veja-video/ Acesso em: 03 out. 2021.

REFLITA

A esperança é que daqui a não muitos anos, cérebros humanos e computadores estarão
tão bem casados uns com os outros, e que a resultante parceria pensará como nenhum
cérebro humano jamais pensou (J. C. R. Licklider).

Você acredita ser possível uma interação simbiótica entre pessoas e tecnologia?

Fonte: NORMAN, D. A. O design do futuro. Tradução: Talita Rodrigues. Rio de Janeiro: Rocco, 2010. p. 22

UNIDADE III Fabricação Digital (FD) e Prototipagem Rápida (RP): Conceitos e Fundamentação 51
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, vimos os conceitos de fabricação digital e prototipagem rápida. De


acordo com os autores apresentados, os softwares são muito úteis para uso no projeto, na
análise, validação e otimização das peças fabricadas.
Foi possível compreender as diferenças entre os sistemas de subtração e adição de
material para se obter protótipos: enquanto o primeiro diz respeito à prototipagem manual
(mecânica), que envolve a adição de material para, posteriormente, serem subtraídos (mol-
dados), o segundo consiste na adição de material em camadas planas, e assim, objetos
são construídos do fundo ao topo.
As vantagens e desvantagens do uso da técnica aditiva, em relação aos métodos
subtrativos e prototipagem tradicional manual também foram apresentadas. Isso porque,
para que se opte por um processo ou se exclua outro, é muito importante conhecer seus
benefícios e limitações.
Quanto à construção de modelos usando RP, foram indicadas as tecnologias mais
usadas, conhecidas como SLA, SLS, FDM. Cada uma com sua especificidade, o que
as difere é o material: a Estereolitografia (Stereolithography - SLA) funciona com resina
fotopolimérica, o método Sinterização a Laser (Selective Laser Sintering - SLS) utiliza um
polímero em pó e, por último, a Deposição por Fusão (Fused Deposition Modeling - FDM)
usa um filamento termoplástico, o que torna o mais acessível de todos.
Importa destacar que a fabricação digital e RP possibilita seu emprego em uma
imensa variedade de setores da economia, pois todos podem ser beneficiados e acelerar o
desenvolvimento de produtos.
Ao frisarmos sobre os benefícios da utilização da fabricação digital, é importante
ressaltar que nenhuma das práticas manuais, que envolvem desde o esboço do produto até
protótipos manuais de seus componentes, devem ser descartados.
Desenhos manuais, após a aprovação, devem ser digitalizados (modelagem 3D)
para que se possa obter a impressão usando RP. A inclusão de modelos 3d e prototipagem
rápida, pode e deve ser utilizada em conjunto com métodos manuais, tendo em vista a
agilidade do desenvolvimento.

UNIDADE III Fabricação Digital (FD) e Prototipagem Rápida (RP): Conceitos e Fundamentação 52
LEITURA COMPLEMENTAR

A Indústria 4.0, ou quarta revolução industrial, é baseada na automação. Ou seja,


incorpora a digitalização nos processos produtivos e mistura o mundo real com o virtual.
Um dos nove pilares dessa revolução é a manufatura aditiva, técnica automatizada para
transformar dados CAD 3D em objetos físicos. Se você quer entender mais sobre o assun-
to, te convido a ler o texto indicado e ficar por dentro desse mercado que já faz parte das
indústrias brasileiras.

Texto: PRINCIPAIS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS DA INDÚSTRIA 4.0 E SUAS


APLICAÇÕES E IMPLICAÇÕES NA MANUFATURA

Fonte: ARAGÃO JUNIOR, D. P. et al. Principais inovações tecnológicas da indústria 4.0 e suas

aplicações e implicações na manufatura. In: XXIV SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 2017,

Bauru. Anais... Bauru: 2017, p. 1-13. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Dmontier-Jr/pu-

blication/321682376_PRINCIPAIS_INOVACOES_TECNOLOGICAS_DA_INDUSTRIA_40_E_SUAS_APLI-

CACOES_E_IMPLICACOES_NA_MANUFATURA/links/5a2ab3a10f7e9b63e538ae47/PRINCIPAIS-INOVA-

COES-TECNOLOGICAS-DA-INDUSTRIA-40-E-SUAS-APLICACOES-E-IMPLICACOES-NA-MANUFATURA.

pdf. Acesso em: 02 out. 2021.

UNIDADE III Fabricação Digital (FD) e Prototipagem Rápida (RP): Conceitos e Fundamentação 53
MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Como se Cria: 40 Métodos Para Design de Produtos
Autor: Ana Veronica Pazmino.
Editora: Blucher.
Sinopse: O designer trabalha a nível pluri e multidisciplinar inte-
grando métodos, teorias de diversas disciplinas. Durante um pro-
jeto de design, os métodos de projeto advindos de diversas áreas
do saber tentam exteriorizar o pensamento da equipe de projeto.
Esta exteriorização é um auxiliar significativo quando se trabalham
problemas complexos, já que proporcionam meios pelos quais to-
dos os participantes da equipe possam visualizar o andamento do
projeto e contribuir de forma objetiva no processo. Dessa forma,
este livro foi pensado e elaborado para alunos e professores de
design de produtos, trata-se de um guia de técnicas e ferramentas
de projeto que visa ser um auxílio no desenvolvimento de proje-
tos. Está configurado com explicações de 40 métodos de projeto
por meio de textos, infográficos e exemplos como um conjunto
de práticas organizadas não apenas para transmitir informações
sobre métodos de projeto, mas para ensinar a aplicar os mesmos
de forma eficiente nas diversas fases projetuais. Dessa forma, é
um material adequado para Planejar, Analisar, Sintetizar e Criar,
atividades que são articuladas nos eventos que caracterizam o
processo de design.

FILME / VÍDEO
Título: Broken (Desserviço ao consumidor, Episódio 3)
Ano: 2019.
Sinopse: Por mais que a série toda seja muito interessante, o
episódio 3 mostra a importância de testar os protótipos antes de
estarem disponíveis para o consumo. Trata da indústria de móveis
descartáveis que se utiliza de uma fachada de sustentabilidade
para esconder danos ao meio ambiente e produtos tão frágeis que
podem até matar.

UNIDADE III Fabricação Digital (FD) e Prototipagem Rápida (RP): Conceitos e Fundamentação 54
UNIDADE IV
O Planejamento de Trabalho na
Prototipagem Automatizada (PA)
Professor Me. Joner de Lima Dias

Plano de Estudo:
● Princípios e Objetivos de processos na Prototipagem Automatizada;
● Etapas de planejamento de Prototipagem Automatizada;
● Pós-processamento e acabamento;
● Desafios e Perspectivas da Prototipagem Automatizada no Design de Produtos.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar os princípios da Prototipagem rápida;
● Mostrar as etapas de planejamento de Prototipagem Automatizada;
● Compreender em que consiste o pós processamento e acabamento;
● Saber sobre os desafios e perspectivas da prototipagem rápida.

55
INTRODUÇÃO

Assim como a prototipagem manual requer o uso de ferramentas, escolha de ma-


teriais e organização do espaço físico, a prototipagem automatizada também precisa de
planejamento para que as ações avancem nas etapas, de acordo com seus objetivos.
Portanto, na unidade IV você verá os princípios da prototipagem rápida, o ciclo
do desenvolvimento de produtos usando RP e os tipos de arquivos úteis e universais ao
processo de fabricação digital.
O sucesso do modelo construído em prototipagem automatizada depende de um
modelo 3D bem feito, mas também de outros fatores que são determinantes, ao longo de
todo o planejamento. Essa imensidão de requisitos e funções depende de cada tecnologia
usada nos processos, mas nas próximas páginas você encontrará um resumo das mais
usadas para facilitar o seu trabalho ao desenvolver um protótipo.
Com o objetivo de explicar o que pode vir após o processo de transformação de um
modelo 3D em produto físico, explicaremos as etapas de pós processamento e acabamen-
to. Um guia que apresenta os principais materiais e processos de acabamento a que podem
ser submetidos foi incluído, para que você possa consultar sempre que tiver dúvidas.
Por fim, você saberá quais são os principais desafios da prototipagem automatizada
e a perspectiva do mercado para a expansão do setor no design de produtos.
Estar atento à evolução nesse segmento é importante. Isso porque vemos diversas
startups usando a tecnologia da prototipagem automatizada para viabilizar seus modelos
de negócios. A possibilidade de utilização dessa tecnologia é muito ampla e perpassa por
diversos segmentos da economia, facilitando a vida de pessoas e empresas.

Aproveite essa unidade para aprofundar os


conhecimentos em Prototipagem e bons estudos!

UNIDADE IV O Planejamento de Trabalho na Prototipagem Automatizada (PA) 56


1. PRINCÍPIOS E OBJETIVOS DE PROCESSOS NA PROTOTIPAGEM AUTOMATIZADA

Tão relevante quanto conhecer as tecnologias de prototipagem rápida é saber


os processos necessários e planejá-los adequadamente para obtenção de um protótipo.
Portanto, este tópico será dedicado a esclarecer os processos que o modelo digital precisa
passar até chegar em seu estado físico.
Silva (2006) descreve, como o próprio autor denomina, o ciclo da Prototipagem
Rápida (RP, de Rapid Prototyping). Para o ele, esse ciclo se inicia no desenvolvimento de
produtos com a criação de um modelo 3D, seguida do planejamento do processo e, só
então, a fabricação do protótipo por RP.
Após a obtenção do protótipo, este pode ser submetido a algum tipo de pós-
-processamento como limpeza, pós cura e acabamento superficial. O pro-
tótipo e as informações dele obtidas retornam ao processo de modelagem
3D até que o ciclo esteja completado de forma satisfatória, com o protótipo
atendendo os requisitos de projeto (SILVA, 2006, p. 101).

Para melhor compreensão desses processos, o autor ilustra essas etapas, por
intermédio do ciclo apresentado na Figura 1. O mesmo salienta que este ciclo pode ser
repetido quantas vezes forem necessários, até que todos os ajustes tenham sido efetuados
no projeto.

UNIDADE IV O Planejamento de Trabalho na Prototipagem Automatizada (PA) 57


FIGURA 1 – CICLO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS UTILIZANDO RP

Fonte: Adaptado com dados de: Silva (2006, p. 102).

Independente dos processos serem automatizados, a qualidade dos protótipos de-


pende de um bom planejamento realizado por pessoas que tenham conhecimento técnico.
Por isso, alguns processos podem exigir treinamento adequado, dependendo do tipo de
tecnologia RP que se utiliza, pois umas podem ser mais complexas que outras (SILVA, 2006).
Para obtenção de protótipos usando RP, o planejamento do processo é parecido em
todos. Isto porque a tecnologia RP é baseada no princípio de adição de material, camada a
camada. Portanto, inicialmente deve-se exportar o arquivo do modelo que será produzido a
partir de um sistema CAD para o formato STL (SILVA, 2006). Assim:
Os dados transferidos passam por uma verificação da consistência e, se ne-
cessário, de retrabalho. Neste pré-processamento pode-se utilizar ferramen-
tas específicas para reparos e montagem do volume de construção com o
posicionamento de uma ou mais peças a serem produzidas. Numa terceira
etapa, os dados trabalhados são transferidos ao equipamento específico de
RP onde serão levados em consideração os parâmetros de processo e a
configuração do equipamento de prototipagem, como temperaturas, potência
de laser quando houver, espessura de camada, definição do material, entre
vários outros específicos para cada tecnologia projeto (SILVA, 2006, p. 103).

É por isso que a etapa de planejamento do processo se mostra tão importante, pois
é ela que determina o custo, tempo de produção e a qualidade do protótipo.
Existem algumas formas de obtenção de modelo geométrico 3D. Uma delas pode
ser por intermédio de sistemas CAD (modeladores geométricos). Esta modelagem fornece
modelos volumétrico ou de superfícies fechadas como objetos únicos e consistentes. A
atenção deve ser redobrada para não haver quebras ou falhas e apresentar intersecções
bem definidas (SILVA, 2006).

UNIDADE IV O Planejamento de Trabalho na Prototipagem Automatizada (PA) 58


Resumidamente, as etapas para a RP incluem a modelagem CAD 3D de um mo-
delo sólido, na sequência é exportado para o arquivo STL e enviado para o sistema de
prototipagem rápida para obtenção do protótipo (SILVA, 2006).
Outro modo de se obter modelos 3D é por intermédio da utilização de scanners
industriais (a laser ou branca), que copiam a geometria de um objeto físico, geram pontos
que representam as superfícies, o que origina os modelos de engenharia reversa. Esta
tecnologia pode ser aplicada, por exemplo, para digitalizar desenhos 2D ou objetos que
foram feitos manualmente (SILVA, 2006).
Também podem ser usados scanners médicos para se obter modelos 3D. Os equi-
pamentos de Tomografia Computadorizada (TC) e Ressonância Magnética (RM) permitem
que as informações referentes à anatomia interna de uma pessoa sejam reconstruídas em
3D. Desta forma, esse arquivo pode ser transformado em um model 3D, o que permite o
planejamento de cirurgias complexas, por exemplo (SILVA, 2006).
Falamos muito sobre o arquivo em formato STL, portanto cabe uma explicação
mais aprofundada sobre o que é. Portanto, Silva (2006, p. 106) define:
Este formato se caracteriza por ser uma forma simples e robusta de represen-
tar modelos tridimensionais através de uma lista não coordenada de triângu-
los irregulares que formam uma malha recobrindo todas as superfícies de um
objeto. O Formato STL é hoje considerado um padrão de facto da indústria de
equipamentos de RP e implementado na quase totalidade, senão em todos
os sistemas CAD, mesmo os mais simples.
O arquivo STL guarda a representação numérica em ponto flutuante das
coordenadas cartesianas (x, y, z) dos vértices de cada triângulo.

Portanto, o arquivo STL é um arquivo universal e pode ser usado independente do


sistema operacional. A Figura 2 mostra a representação de malha STL.

FIGURA 2 – REPRESENTAÇÃO DO SISTEMA DE COORDENADAS CARTESIANAS

UNIDADE IV O Planejamento de Trabalho na Prototipagem Automatizada (PA) 59


2. ETAPAS DE PLANEJAMENTO DE PROTOTIPAGEM AUTOMATIZADA

As etapas de planejamento para o processo de RP dependem da qualidade dos arqui-


vos STL e da modelagem 3D, mas vão além deles. Silva (2006) explica que a configuração dos
parâmetros de processo depende de cada sistema de RP, pois são específicos de cada um.
O Quadro 1 apresenta os requisitos das ferramentas para planejamento de proces-
sos em RP.
QUADRO 1 - REQUISITOS DAS FERRAMENTAS PARA

PLANEJAMENTO DE PROCESSOS EM RP

Requisitos Funções
Importação e exportação de dados Formatos Neutros (padrões): IGES, STEP, VDA-FS
Formatos Neutros (de facto): STL, (ASCII), STL (Bi-
nário, STL (Cores), DXF (AutoCAD), VRML (Virtual
Reality Markup Language)
Núcleos Gráficos: ACIS, PARASOLID
Formatos Nativos: SolidWorks, SolidEdge, Me-
chanical Desktop, Pro-Engineer, Unigraphics, Catia
(diferentes versões)
Formatos 2D e Texto: HPGL, GIF, TIFF, JPG, TXT
(arquivo de texto)
Outros: Nuvens de Pontos
*Alguns destes módulos de conversão são adquiridos
separadamente com custo adicional
** Algumas destas ferramentas possuem formatos
específicos otimizados e consistentes para comunica-
ção de dados. Entre usuários da mesma ferramenta a
comunicação e o intercâmbio ficam facilitados, permi-
tindo anotações.

UNIDADE IV O Planejamento de Trabalho na Prototipagem Automatizada (PA) 60


Configuração de unidades Milímetros e polegadas
Visualização Visualização tridimensional, Wireframe, configura-
ção de fonte de luz, transparência, zoom, visuali-
zação de triângulos, visualização de superfícies,
visualização de planos, configuração de cores dos
objetos e fundos de tela.
Movimentação Rotação, translação.
Edição Duplicação de objetos, espelhamento de modelos,
edição de triângulos e superfícies, agrupamento de
objetos, edição de modelos STL coloridos.
Sistemas de coordenadas Visualizar sistemas de coordenadas do objeto e do
mundo
Medidas Volumes
Áreas de superfícies
Ângulos (formados por três pontos ou duas linhas)
Distâncias (ponto e centro de arco, centro de arco e
linha, entre pontos, linha e ponto, centro de dois arcos)
Anotações Anotações de figuras geométricas planas, texto,
setas, etc.
Cortes e seções Visualização de seções nos eixos X, Y e Z, visuali-
zação de seções e modelo, visualização de seções
e parte do modelo (frente e fundo da seção).
Configuração sistema RP Possibilidade de configurar para a maioria dos sis-
temas comerciais disponíveis (volume de constru-
ção, geração de suportes, formatos 2D de fatias
específicos destes sistemas de RP), detecção de
colisão entre peças no volume de construção.
Simulação fatiamento no sistema de RP Simulação do fatiamento previsto no sistema de
RP, com possibilidade de visualização das seções
de deposição de material.
Estimadores Estimadores de tempo de construção do(s) mode-
lo(s) (normalmente baseados em base de dados de
modelos já realizados)
Estimadores de custo do modelo (baseado em pla-
nilha configurável)
Criação de objetos sólidos Biblioteca de modelos sólidos que podem ser edi-
tados (prismas, pirâmides, esferas, cilindros, para-
lelepípedos, etc.)
Edição de objetos sólidos Operações booleanas de soma e subtração de só-
lidos em STL.
Edição de características nos modelos STL Extrusão de superfícies e triângulos, inserção de
furos, separação de partes do modelo através de
corte, criação de peças ocas de sólidos compactos,
offset de paredes e modelos
Detecção de problemas e reparos em malha STL Detecção:
Detecção de superfícies duplas, detecção de nor-
mais invertidas ou inconsistentes, detecção de su-
perfícies não conectadas, detecção de arestas irre-
gulares.
Reparos:
Inversão de normais em triângulos e superfícies
(automática e não automática)
Fechamento de superfícies não conectadas (auto-
mática e não automática)
Criação e supressão de triângulos e superfícies
Otimização de malha STL Otimização de malha STL através de parâmetros
de controle como maior distância da corda e do ân-
gulo.

Fonte: Silva (2006, p. 122-123).

UNIDADE IV O Planejamento de Trabalho na Prototipagem Automatizada (PA) 61


3. PÓS-PROCESSAMENTO E ACABAMENTO

Após a obtenção dos modelos, os mesmos passam por uma etapa adicional,
chamada de pós-processamento. Isso ocorre para que cada peça receba o tratamento ne-
cessário para melhorar a sua qualidade. Os processos variam de acordo com a tecnologia
empregada na sua obtenção e também para atender aos objetivos do protótipo.
O pós-processamento pode envolver desde ações manuais, bastante de-
pendentes de um operador, até a passagem por equipamentos e processos
adicionais, como fornos, usinagem, tamboreamento, tratamento superficial,
prensagem isostática, entre outros (VOLPATO e SILVA, 2017, p. 123).

De acordo com Silva (2006), o pós-processamento é responsável por: a) termi-


nar um ou mais processos começados na prototipagem; b) limpar e eliminar excesso de
materiais aderidos no protótipo; c) acrescentar mais resistência, como, por exemplo, por
infiltração de resina especial ao modelo.
Já o acabamento é uma etapa que ocorre depois do pós-processamento e visa
adequar o protótipo ao seu destino final. São usados processos convencionais como pintu-
ra, texturização, polimento, usinagem, entre outros (SILVA, 2006).
O acabamento é importante para alterar características dos protótipos, impossíveis
de serem obtidas no processo de RP, para torná-lo mais próximo às condições de aplicação.
Por exemplo, os protótipos que serão expostos em feiras ou explorados em campanhas de
marketing devem ter a aparência muito semelhante à do produto final. Assim como protóti-
pos usados como modelo mestre para moldes devem ter cuidado especial com dimensões
e superfície, para não transmitir ao ferramental imperfeições decorrentes do processo de
RP (SILVA, 2006).

UNIDADE IV O Planejamento de Trabalho na Prototipagem Automatizada (PA) 62


Ainda quanto aos processos de acabamento, Lima (2013) explica que o aprimora-
mento do aspecto visual ou tátil, além do protótipo em RP, pode ser usado em uma peça,
conjunto ou produto pronto. O autor apresenta um guia dos processos de melhorias mais
conhecidos e os relaciona, de acordo com os materiais, como pode ser visto no Quadro 2.

QUADRO 2 – GUIA DE PROCESSOS DE ACABAMENTO (MELHORIA)

PINTURA/REVESTIMENTO
Metais Pintura tinta líquida, pintura em pó, filme e
esmaltação
Cerâmicas/Vidros Vitrificação e pintura tinta líquida
Madeira Pintura tinta líquida e verniz
Polímeros Hot Stamping, flexografia, offset, silkscreen,
pintura, metalização a vácuo
ABRASIVO
Metais Jateamento de areia, perfuração, polimento e
escovamento
Cerâmicas/Vidros Polimento e esmerilhamento
MOLDADO
Metais Texturização e gravação
Polímeros Texturização e gravação

Fonte: Lima (2013, p. 23).

UNIDADE IV O Planejamento de Trabalho na Prototipagem Automatizada (PA) 63


4. DESAFIOS E PERSPECTIVAS DA PROTOTIPAGEM AUTOMATIZADA
NO DESIGN DE PRODUTOS

No Brasil, se até muito recentemente a RP era observada como uma maravilha


tecnológica, hoje já é vista com mais naturalidade. Isso porque já faz parte da realidade de
muitas empresas. Embora seu uso já tenha sido um pouco mais difundido, ainda há muito
espaço para crescimento (PETRUSCH et al., 2006).
O nosso país possui um vasto mercado para utilização de RP devido a várias ques-
tões, apontadas por Petrusch et al. (2006, p. 231). A saber:
[...] tamanho, liderança regional, grande número de montadoras e suas em-
presas de base, tendência de expansão de escritórios de design e desenvol-
vimento de produtos e ações estaduais e nacionais em design e no desenvol-
vimento de produtos, com a criação de alguns centros regionais.

Sendo assim, pode ser observado que o desenvolvimento das tecnologias é rápido,
os processos tem sido melhorados e materiais novos vem sendo usados, tudo isso para tornar
cada vez mais as peças obtidas por RP semelhantes às peças finais (PETRUSCH et al., 2006).
Os preços dos equipamentos para obtenção de protótipos físicos vêm se tornando
mais acessíveis, para que mais escritórios de design possam ter acesso a impressoras 3D,
o que reduz o tempo e custo de um protótipo (PETRUSCH et al., 2006).
O que se espera do futuro é poder gerar peças direto para o uso, já com o material
final, sem necessidade de pós-processamento e com custo competitivo com o da produção
em série. Mas isso se mostra um grande desafio do ponto de vista tecnológico e de produ-
ção em escala (PETRUSCH et al., 2006).

UNIDADE IV O Planejamento de Trabalho na Prototipagem Automatizada (PA) 64


Vemos cada dia mais o uso da prototipagem automatizada em diversos segmen-
tos, como pode ser visto nas imagens abaixo. A Figura 3 ilustra o desenvolvimento de um
sapato em modelagem automatizada com a sequência de seu protótipo sendo obtido na
impressora 3D para validação.

FIGURA 3 – DESENVOLVIMENTO DE SAPATO EM MODELAGEM E IMPRESSÃO 3D

De mesmo modo, também a Figura 4 mostra o desenvolvimento de um headphone,


ou fone de ouvido, em modelagem automatizada com a sequência de seu protótipo sendo
obtido na impressora 3D.

FIGURA 4 - DESENVOLVIMENTO DE HEADPHONE EM MODELAGEM E IMPRESSÃO 3D

Os autores Petrusch et al. (2006) corroboram com essa informação ao afirmarem que
novas aplicações da RP estarão mais presentes em diversas áreas do conhecimento. Anteci-
pam que essas mudanças farão parte do nosso futuro e que inovações tecnológicas em RP
não devem parar, portanto, devemos estar preparados para as surpresas que nos aguardam.

UNIDADE IV O Planejamento de Trabalho na Prototipagem Automatizada (PA) 65


SAIBA MAIS

Próteses de custo acessível, réplica de órgãos para estudos pré-cirúrgicos, impressão


de cartilagens... Cada dia mais a tecnologia de impressão 3D está presente na medi-
cina. Esse mercado está em plena expansão e possui uma vasta área para atuação.
Sendo assim, te convido a assistir o vídeo indicado, que mostra as aplicações atuais e
projeções para o futuro. Vale o clique!

Link de acesso: Impressão 3D na Medicina: Aplicações atuais e projeções para o futuro.

Fonte: WISHBOX. Impressão 3D na Medicina: Aplicações atuais e projeções para o futuro. Youtube,

14 abr. 2020. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=frZr5Yi2e9Q Acesso em: 07 out. 2021.

REFLITA

“A área de RP pode trazer grandes benefícios à humanidade com relação à produção


de órgãos artificiais”.

Como a impressão 3D pode evoluir de forma ética e revolucionar o futuro?

Fonte: Günther Petrusch et al., 2006.

UNIDADE IV O Planejamento de Trabalho na Prototipagem Automatizada (PA) 66


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na unidade IV, foram abordados os conceitos de Prototipagem Automatizada (PA)


e aspectos do planejamento do trabalho. Também foram mostradas as etapas necessárias
que envolvem desde a modelagem 3D até a obtenção do produto em seu estado físico.
Um guia incluindo as etapas de planejamento, tipos de arquivos úteis e suas exten-
sões foi mostrado. Esses arquivos são entendidos como sendo de linguagem universal à
maioria dos sistemas de prototipagem automatizada.
Abordando uma etapa posterior à obtenção do protótipo físico, também foi apre-
sentado um guia, que inclui os processos de melhorias mais conhecidos e os relaciona, de
acordo com os materiais utilizados no projeto. Cabe ressaltar a mais valia deste guia, que é
um material rico, podendo ser consultado toda vez que houver dúvidas sobre qual processo
de acabamento é pertinente a cada material.
Avançando ao final do material, os desafios da prototipagem automatizada foram
listados, bem como as perspectivas futuras para o setor, que envolve cada vez mais seg-
mentos da economia se beneficiando desta tecnologia.
Como exemplo, podemos citar a área médica, que já utiliza a impressão 3D, a To-
mografia Computadorizada (TC) e Ressonância Magnética (RM) para obterem informações
quanto à anatomia interna de um paciente. Deste modo, conseguem indicar um tratamento
mais específico ou até mesmo permite o desenvolvimento de um plano para a realização
de cirurgias complexas.
Saber os conceitos é parte fundamental do processo de aprendizado, mas é funda-
mental exercitá-los. Aproveite os conhecimentos adquiridos ao longo dessas páginas para
colocá-los em prática!

UNIDADE IV O Planejamento de Trabalho na Prototipagem Automatizada (PA) 67


LEITURA COMPLEMENTAR

Quer saber mais sobre o avanço da impressão 3D e o mercado que ela movimenta?
Então leia a matéria, em que o autor explica um pouco mais sobre o conceito, aprofunda a
discussão sobre manufatura aditiva e mostra exemplos de aplicação na indústria.

Texto: O avanço da impressão 3D

Fonte: ZAPAROLLI, D. O avanço da impressão 3D: Aplicações na área da saúde e na indústria

impulsionam crescimento de 25% ao ano dessa técnica de manufatura aditiva. Revista Pesquisa Fapesp.

ed. 276, São Paulo, 2019.

UNIDADE IV O Planejamento de Trabalho na Prototipagem Automatizada (PA) 68


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Futuro presente: O mundo movido à tecnologia
Autor: Guy Perelmuter.
Editora: Companhia Editora Nacional.
Sinopse: Inteligência artificial, robótica, internet das coisas, nano-
tecnologia, biotecnologia, veículos autônomos, impressão 3D, rea-
lidade virtual - o mundo está passando, mais uma vez, por mudan-
ças importantes em praticamente todos os setores da economia e
da sociedade. Este livro explica o conjunto de tecnologias que vão
definir as próximas décadas do mundo moderno. O autor apresenta
os temas de forma descomplicada, focando nos impactos gerados
na civilização e nos negócios e ainda apresentando os princi-
pais personagens por trás destes avanços ao longo da História.
Se você deseja:
Entendimento da origem das principais tecnologias que estão
transformando o mundo moderno;
Contato com os principais personagens responsáveis pelos avan-
ços técnicos-científicos discutidos, bem como o contexto histórico
e social de suas inovações;
Explicações coloquiais sobre o que são, como funcionam e quais
as perspectivas das novas tecnologias;
Análise dos impactos dessas tecnologias na sociedade, na eco-
nomia e no meio ambiente e uma discussão dos grandes desafios
que as novas tecnologias impõem a todos nós;
Então “Futuro Presente – o mundo movido à Tecnologia” foi escrito
para você.

FILME / VÍDEO
Título: Print the Legend
Ano:2014
Sinopse: “Print the Legend”, documentário original Netflix, é uma
história de inovação e tecnologia, de controvérsia e mudanças.
Pela primeira vez na história, a criação de uma indústria e seu
inevitável impacto social foram filmados. O resultado é “Print the
Legend”, um registro da corrida ao acesso popular à impressão
3D. É um olhar fascinante sobre uma indústria que atravessa seu
“momento Macintosh” e que explora o potencial ilimitado da im-
pressão 3D... inclusive as possibilidades questionáveis que estão
atreladas a esta revolucionária tecnologia.

UNIDADE IV O Planejamento de Trabalho na Prototipagem Automatizada (PA) 69


REFERÊNCIAS

ALCALDE, E.; WILTGEN, F. Estudos das tecnologias em prototipagem rápida: passado,


presente e futuro. Revista Ciências Exatas, v. 24, n. 2, p. 12-20, 2018.

BARBOSA, R. T. Design & Prototipagem: Conhecimento e uso da prototipagem rápida no


Design Brasileiro. 2009. Dissertação (Mestrado). Bauru, UNESP, 2009, 198p.

CARVALHO, J.; VOLPATO, N. Prototipagem rápida como processo de fabricação. In: VOL-
PATO, N. (org.). Prototipagem rápida: Tecnologias e aplicações. São Paulo: Blucher, 2006.

FERREIRA, C. V.; SANTOS, J. R. L.; SILVA, J. V. L. Exemplos de aplicações da prototipa-


gem rápida. In: VOLPATO, N. (org.). Prototipagem rápida: Tecnologias e aplicações. São
Paulo: Blucher, 2006.

HALLGRIMSSON, Bjarki. Prototyping and Modelmaking for Product Design. London: Lau-
rence King, 2016.

HSUAN-AN, Tai. Design: Conceitos e métodos. São Paulo: Blucher, 2017.

LIMA, M. A. M. Introdução aos Materiais e Processos para Designers. Rio de Janeiro: Edi-
tora Ciência Moderna, 2013.

PAZMINO, Ana V. Como se cria: 40 métodos para design de produtos. São Paulo: Blucher,
2015.

PENNA, E. Modelagem, modelos em design. São Paulo: Catálise, 2002.

PEREIRA, D.; LANUTTI, J.; PASCHOARELLI, L. C.; PINHEIRO, O. Comparação de técni-


cas de prototipagem tradicional manual e sua importância para o design. DATJournal, v. 02,
n. 02. São Paulo, 2017.

PETRUSCH, G. et al. Realidade, desafios e perspectivas. In: VOLPATO, N. (org.). Prototi-


pagem rápida: Tecnologias e aplicações. São Paulo: Blucher, 2006.

SCHNEIDER, Beat. Design – Uma introdução: o Design no Contexto Social, Cultural e


Econômico. São Paulo: Blucher, 2010.

70
SILVA, J. V. L. Planejamento de processo para prototipagem rápida. In: VOLPATO, N. (org.).
Prototipagem rápida: Tecnologias e aplicações. São Paulo: Blucher, 2006.

VOLPATO, N.; SILVA, J. V. L. Planejamento de processo para tecnologias de AM. In: VOL-
PATO, N. (org.). Manufatura Aditiva: Tecnologias e aplicações da impressão 3D. São Paulo:
Blucher, 2017.

71
CONCLUSÃO GERAL

Caro aluno (a),

Para este material, procuramos trazer os principais conceitos, materiais e méto-


dos de trabalho da área de Prototipagem. Para tanto, abordamos questões importantes e
principais características da prototipagem manual, fabricação digital, prototipagem rápida e
prototipagem automatizada.
Sabemos que são muitas as nomenclaturas usadas na área, portanto procuramos
esclarecer as diferenças entre os nomes que designam os protótipos, além de termos
explorado os diversos propósitos a que um protótipo pode servir. Destacamos também
aspectos da modelagem volumétrica, passando pelas principais ferramentas e materiais
usados para sua construção, bem como detalhes da organização de um projeto e o espaço
de trabalho necessário para desenvolvê-lo.
A fabricação digital e a prototipagem rápida foram abordadas de forma a explicar o
que são, quando usá-las e as principais tecnologias encontradas nos equipamentos de im-
pressão 3D. Abordamos sobre o planejamento do trabalho da prototipagem automatizada,
os tipos de arquivos úteis ao processo de fabricação digital, seus prós e contras, desafios e
perspectivas futuras. Além de conceitos, procuramos inserir ao máximo exemplos práticos
de aplicação da prototipagem em projetos de design.
Com isso, o objetivo desta disciplina foi apresentar a prototipagem e os diversos
métodos disponíveis para prototipar. Porém, é importante ressaltar que não existe um
método melhor que o outro, mas apresentamos seus conceitos e características para que
você possa selecionar o mais adequado dependendo do tipo de projeto a ser desenvolvido,
inclusive, podendo serem usados em conjunto.
Esperamos ter contribuído para seu crescimento profissional e que ao longo desta
disciplina, você tenha percebido que tão importante quanto um bom design é desenvolver
um protótipo eficaz e de acordo com seu propósito.

Muito obrigado!

72
+55 (44) 3045 9898
Rua Getúlio Vargas, 333 - Centro
CEP 87.702-200 - Paranavaí - PR
www.unifatecie.edu.br

Você também pode gostar