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Ergonomia e Design

Profª Espª. Analice Greff Gonçalves Dias


2021 by Editora Edufatecie
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D541e Dias, Analice Greff Gonçalves


Ergonomia e design / Analice Greff Gonçalves Dias.
Paranavaí: EduFatecie, 2022.
75 p. : il. Color.

1. Ergonomia. 2. Conforto humano. 3. Antropometria I. Centro


Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a
Distância. III. Título.

CDD : 23 ed. 620.82


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Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal do site Shutterstock.

Web Designer
Thiago Azenha

Revisão Textual
Kauê Berto

Projeto Gráfico, Design e


Diagramação
Carlos Eduardo Firmino de Oliveira
AUTOR

Professora Esp. Analice Greff Gonçalves Dias

● Experiência no ramo acadêmico desde 2019.


● Projetista de interiores em uma empresa privada.
● Arquitetura e Urbanista (UNIPAR – UNIVERSIDADE PARANAENSE).
● Especialista em Projeto Arquitetônico: Tecnologia e Composição do Ambiente
Construído (UEL – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA).
● Mestranda em Engenharia Urbana (UEM – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE
MARINGÁ)
● Tutora Acadêmica no Ensino Semi Presencial UNIPAR.

CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/2844879974293912


APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Seja muito bem-vindo (a)!

Prezado (a) aluno (a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, isso
já é o início de um grande passo no caminho que vamos trilhar juntos a partir de agora.
Proponho, junto com você construir nosso conhecimento sobre os conceitos, fundamentos
e princípios do Design e da Ergonomia. Além de conhecer seus principais conceitos
e definições vamos explorar o dimensionamento humano, sua importância dentro da
ergonomia. Aplicações básicas em espaços residenciais e as adequações de um ambiente
que possui acessibilidade.
Na Unidade I começaremos a nossa caminhada pela definição de Design e
Ergonomia. Seu conceito, onde surgiu, quais suas aplicações e seus princípios.
Já na Unidade ll, daremos um passo a mais, e englobaremos a Antropometria e
Biomecânica, que nada mais é que o estudo das dimensões e proporções humanas.
Na unidade lll, vamos nos aprofundar mais e ver como essas dimensões humanas
se enquadram dentro do espaço residencial. Estudaremos áreas de estar, banheiros,
cozinhas e dormitórios.
E por fim, na unidade IV, vamos falar de um ponto muito importante: Acessibilidade.
Seus conceitos, definições e suas aplicações dentro do espaço.
Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer este caminho
e multiplicar seus conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em nosso material.
Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional.

Muito obrigado e bom estudo!


SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 4
Introdução, Conceitos e Princípios do Design e da Ergonomia

UNIDADE II.................................................................................................... 23
Estudo da Antropometria e Biomecânica

UNIDADE III................................................................................................... 37
Dimensionamento Básico dos Espaços Residenciais

UNIDADE IV................................................................................................... 59
Acessibilidade
UNIDADE I
Introdução, Conceitos e Princípios
do Design e da Ergonomia
Profª Espª. Analice Greff Gonçalves Dias

Plano de Estudo:
● Definições do Design e da Ergonomia;
● Conceitos de Design e Ergonomia;
● Princípios de Design e Ergonomia;
● Design Ergonômico.
.

Objetivos da Aprendizagem:
● Contextualizar e conceituar o Design e a Ergonomia;
● Compreender seus princípios;
● Estabelecer a ligação entre Design e Ergonomia.

4
INTRODUÇÃO

Prezado aluno (a), finalmente vamos dar início a nossa caminhada juntos!

Antes de iniciar a disciplina, gostaria de explicar para vocês a origem da palavra


Design e Ergonomia.
O termo Design vem de “designare”, verbo latim que significa desenhar, modelar,
projetar. E a palavra Ergonomia tem origem grega que se divide em “ergon” que significa
trabalho e “normos” que significa normas. Então, ergonomia se define como um conjunto de
normas que estuda a organização e interação do ser humano dentro do ambiente.
Qual a importância da Ergonomia e do Design no nosso cotidiano?
Qual a influência destes na hora de projetar?
Gostaria de lembrá-los (as), que os conteúdos são contínuos. Fixar o conteúdo
inicial, os conceitos, princípios e diretrizes, irá deixar o conteúdo mais prazeroso de
acordo com o tempo! E também, irá facilitar no momento em que vocês forem projetar. O
teórico é o início do prático.
Espero que gostem da disciplina e consigam ter clareza em todo o conteúdo.
Principalmente: consigam visualizar a ergonomia e o design dentro de suas próprias casas!

Vamos juntos?!

UNIDADE I Introdução, Conceitos e Princípios do Design e da Ergonomia 5


1. DEFINIÇÕES DO DESIGN E DA ERGONOMIA

FIGURA 1 – PAVILHÃO DE BARCELONA

Fonte: FLICKR. Disponível em: https://www.flickr.com/photos/112128976@N05/11486287886/in/set-


72157638892204436/ Acesso em: 21 fev. 2022.

Iniciaremos essa unidade já com uma imagem que reflete muito o conteúdo:
Harmonia e proporção. O croqui feito por Mies van der Rohe, que aliás, para quem não
conhece, Mies foi um arquiteto alemão muito renomado, considerado um dos nomes mais
famosos na arquitetura do século XX. Seu croqui demonstra como as dimensões humanas
estão proporcionais ao ambiente, assunto que trataremos nessa unidade.

UNIDADE I Introdução, Conceitos e Princípios do Design e da Ergonomia 6


Para começar, o que é Design? Qual a função de um Designer de interiores? O que
é Ergonomia? O que ela agrega dentro de um projeto?
A palavra Design, está atrelada diretamente a projetar. Tanto que, atualmente
existem diversas profissões com o termo, como: Design de Interiores, Design de Produto,
Design de sobrancelhas, Design de moda, entre outras tantas. Todas essas profissões,
remetem a projetar, modelar, criar.
Sendo assim, qual a função do Designer de Interiores?
Melhorar e adequar a função e a estética de espaços internos. O maior objetivo do
designer é propor ao usuário uma melhor qualidade de vida e manter seu bem-estar.
E para o designer de interiores alcançar seu objetivo, ele precisa realizar um amplo
estudo do ambiente, analisar as necessidades do cliente e visualizar seu estilo de vida.
O designer de interiores é apto a realizar projetos e especificações de elementos
construtivos não estruturais, tais como: mobiliário, revestimentos, layouts, instalações de
equipamentos elétricos, e no auxílio de elementos decorativos.
No contexto de conhecimento, um designer de interiores precisa possuir qualidades
necessárias fundamentais, tais como: criatividade, tempo, dedicação, noções do espaço e
proporção, e sempre estar acompanhando as atualizações do Design.
O projeto de um ambiente deve atender as características solicitadas, em relação
à ambiente – comportamento humano, a fim de melhorar a qualidade de vida do usuário
dentro do ambiente construído.
Como dito na introdução, a ergonomia se define como o estudo de organização
e interação do ser humano dentro do ambiente. Pode-se dizer que a ergonomia é uma
disciplina que tem como objetivo adaptar as dimensões e características do ser humano
dentro do seu trabalho.
Então, a ergonomia busca projetar/ adaptar situações de trabalho respeitando os
limites do ser humano.
O Design de Interiores projeta exclusivamente para ambientes internos, os quais o
homem trabalha, tem seus momentos de lazer, enfim, habita.

UNIDADE I Introdução, Conceitos e Princípios do Design e da Ergonomia 7


2. CONCEITOS DE DESIGN E ERGONOMIA

Conceitua-se o Design como a concretização de uma ideia, um plano, em forma de


projeto ou modelo, resultando em um produto final.
Além de partir de uma estética, o design precisa ser funcional. Durante o processo
de criação do produto final, o Designer precisa entender sua função, a sensação que ele
deseja passar para o cliente.
Dentro do Design de Interiores, a palavra conceito está relacionada a ideia do
projeto, ou seja, qual a intenção que você deseja passar com sua obra/produto final.
Junto com o conceito, vocês provavelmente vão ver a palavra “partido”, que nada
mais é que as técnicas usadas para concretizar seu projeto.
Quando falamos de Ergonomia, de forma geral, ela pode ser entendida como uma
disciplina que tem como objetivo transformar o trabalho, se adequando as características do
ser humano. Ela busca projetar as situações de trabalho compatíveis com as capacidades
e limites do ser humano (ABRAHÃO et al., 2009).
A ergonomia aborda:
● Bem-Estar;
● Segurança;
● Produtividade e Qualidade.

UNIDADE I Introdução, Conceitos e Princípios do Design e da Ergonomia 8


Vale ressaltar, que a Associação Internacional de Ergonomia (International
Ergonomics Association – IEA) (1959, apud ORSELLI, 2016) apresenta a ergonomia em
três áreas diferentes, sendo elas:
1. Ergonomia Física: tem como foco a anatomia humana, antropometria, fisiologia,
biomecânica e sua relação com a atividade física. O estudo da postura humana
dentro do ambiente de trabalho
2. Ergonomia Cognitiva: se refere aos processos mentais, como memória, percepção,
raciocínio lógico, resposta motora e seus efeitos nas interações humanas.
3. Ergonomia Organizacional: visa a otimização de fatores sócio técnico,
incluindo estruturas organizacionais, regras e processos. Seu objetivo é adaptar
as condições oferecidas proporcionando bem-estar e conforto ao usuário.

UNIDADE I Introdução, Conceitos e Princípios do Design e da Ergonomia 9


3. PRINCÍPIOS DE DESIGN E ERGONOMIA

Dividiremos os princípios do Design em cinco tópicos:


● Dimensionamento humano;
● Escala e proporção;
● Ordens clássicas;
● A seção Áurea e a Sequência de Fibonacci;
● O Modulor.

No primeiro ponto, dimensionamento humano, nada mais é que poder compreender


os diferentes tipos físicos, principalmente dentro do ambiente de trabalho. Para esse tipo de
estudo, existem algumas ciências que estudam o dimensionamento humano, sendo elas:
Antropometria, Biomecânica e a Ergonomia.
As medidas, a funcionalidade do corpo humano, seu alcance e seus movimentos,
são fatores necessários para a elaboração de um projeto de interiores.
A imagem abaixo demonstra o que seria o dimensionamento humano no ambiente
da cozinha:

UNIDADE I Introdução, Conceitos e Princípios do Design e da Ergonomia 10


FIGURA 2 - BALCÃO COZINHA

Fonte: RAPINI, R. Ergonomia na Cozinha. Ôh de Casaa, 2014. Disponível em: https://www.ohdecasaa.


com/2018/02/ergonomia-na-cozinha.html. Acesso em: 10 jan. 2022.

A escala, segundo Gibbs (2009), refere-se ao tamanho real do objeto. E a proporção


se refere a relação entre as partes da composição.
A escala, tem um sentido de relação. Enquanto a proporção contém um sentido
matemático, onde há uma relação de igualdade e razões.
Por exemplo: as medidas de um edifício em relação a outras partes do mesmo.
Inicialmente, as ideias de escala e proporção se basearam em sistemas de
proporção clássicos.
Explicando o termo clássico: se refere a classe burguesa romana.
Para Gibbs (2009), o estilo clássico sempre foi relacionado com a lei e a ordem,
evocando a Roma antiga.
De maneira geral, escala e proporção possuem uma relação direta, pois através
dessa ferramenta, o Designer encontra os meios para lidar com o modo pelo qual as
pessoas farão uso e se apropriarão dos espaços construídos.
Conseguem visualizar essa escala e proporção no Coliseu?

UNIDADE I Introdução, Conceitos e Princípios do Design e da Ergonomia 11


FIGURA 3 - COLISEU

Seguindo o conceito da Roma antiga, nosso próximo ponto são as ordens clássicas,
que surgiram no início do renascimento, e possuem duas vertentes.
1. Vitrúvio: (Arquiteto Romano), que estabeleceu parâmetros para as proporções
dos desenhos dos templos.
2. Sebastiano Serlio: (Arquiteto Italiano), que visava a restauração dos padrões,
e Andrea Palladio, também arquiteto Italiano, que, além de propor a ordem
clássica nas fachadas, trouxe a simetria e proporção nas plantas baixas dos
edifícios, na parte estrutural.

Estipularam-se três ordens gregas, sendo elas:


1. Dórica;
2. Jônica;
3. Coríntia.

UNIDADE I Introdução, Conceitos e Princípios do Design e da Ergonomia 12


FIGURA 4 - ORDENS GREGAS

Fonte: LOURENÇO, T. As Ordens Clássicas. Arquitetura em Passos, 2017. Disponível em: https://arquitetu-
raempassos.wordpress.com/2017/02/09/as-ordens-classicas/as-3/. Acesso em: 10 de jan.2022.

A ordem dórica, é a mais antiga entre elas, sua coluna não possui base. Também é
a mais simples, sem nenhum tipo de ornamento.
Na ordem jônica, sua coluna já é mais alta que a dórica, possui uma base, e seu
corpo é canelado, tendo linhas esculpidas de cima para baixo, e possui um capitel.
A terceira ordem, coríntia, é uma evolução da ordem jônica e possui um capitel
ornamentado.
Em sequência, temos a Seção Áurea e a Sequência de Fibonacci.
Também chamada de proporção áurea, ela representa a razão mais agradável entre
duas medidas. Os gregos antigos a denominavam como “divisão de um segmento em média
e extrema razão” ou, de “seção”. No início do século XXI identificaram essa seção pela
letra grega a Φ (Phi maiúsculo) (lê-se: Fi), em homenagem ao arquiteto e escultor Phídias,
responsável pelo templo grego Parthenon. O valor de Φ é 1.618..., um número irracional
encontrado através de sequências continuas infinitas, deduções algébricas ou geométricas.
O que é considerado belo? Beleza, é uma percepção individual. Mesmo por diversas
variações de beleza, existe um alto grau de concordância entre culturas, que o belo contém
proporção harmônica e perfeição de formas.

UNIDADE I Introdução, Conceitos e Princípios do Design e da Ergonomia 13


Segundo Tomás de Aquino: “a beleza é aquilo que agrada à mera contemplação”.
Muitas coisas que são consideradas belas apresentam a proporção áurea.
Desenvolvido pelo matemático Leonardo Pisano, semelhante a seção áurea, tem-se a
sequência de Fibonacci, que é a proporção entre os números adjacentes da série. Por exemplo:
● 1+1=2
● 2+1=3
● 3+2=5
● 5+3=8
● 8+5=13
● 13+8=21
● 21+13=34

FIGURA 5 - SEQUÊNCIA DE FIBONACCI

Observem a leitura da sequência e sua proporção dentro de obras arquitetônicas:

UNIDADE I Introdução, Conceitos e Princípios do Design e da Ergonomia 14


FIGURA 06 - TAJ MAHAL

Fonte: SOUZA, M.A.O et al. Um estudo sobre o valor da perfeição: a divina proporção. XII Encontro Na-
cional de Educação Matemática. São Paulo, 2016. Disponível em: http://www.sbembrasil.org.br/enem2016/
anais/pdf/5540_3334_ID.pdf. Acesso em: 25 fev.2022.

FIGURA 7 - PARTENON

Fonte: WELLS, C. Como usar a Proporção Áurea na Composição e Design de Arte. Art Ignition. 2021.
Disponível em: https://artignition.com/golden-ratio-in-art/ Acesso em: 21 fev. 2022.

UNIDADE I Introdução, Conceitos e Princípios do Design e da Ergonomia 15


Conseguiram observar que a escala e proporção sempre esteve presente? E não
somente em edifícios, mas também na natureza, como por exemplo:

FIGURA 8 – PLANTA

Além de encontrar a sequência em obras arquitetônicas e na natureza, ela também


se encontra no corpo humano, como demonstra o Modulor, uma escala humana criada pelo
arquiteto suíço-francês Le Corbusier (1887-1965).
O modulor é um modelo de dimensões harmônicas a escala humana, aplicável
na arquitetura e no desenho industrial. Seu sistema de medida era próximo ao sistema
métrico da Alemanha, França e o sistema inglês de polegadas, usado na Inglaterra e nos
Estados Unidos. Sendo assim, o Modulor passou a ser adotado por diversos Arquitetos e
desenhistas de todo mundo, pois a partir do seu dimensionamento, largura e altura, era
determinado seu desempenho dentro de ambientes projetados.
Sua proporção se dá a partir de duas séries numéricas, considerada as alturas do
ser humano e de seu braço erguido. A altura inicial adotada era 1,76m, mas em 1946 foi
alterada para 1,83m.

UNIDADE I Introdução, Conceitos e Princípios do Design e da Ergonomia 16


FIGURA 9 – MODULOR

Fonte: MÓDULO de Le Corbusier – Procurando a proporção perfeita: Le Modulor 1,83 metros série azul +
vermelho. Art Chist. Disponível em: https://artchist.blogspot.com/2015/05/el-modulor-de-le-corbusier.html.
Acesso em: 16 fev. 2022.

O modulor é um grande avanço dentro da arquitetura, pois demonstra a desarticulação


corporal humana e enfatiza a importância da escala e proporção dentro do ambiente.

UNIDADE I Introdução, Conceitos e Princípios do Design e da Ergonomia 17


4. DESIGN ERGONÔMICO

Conclui-se, neste último tópico, que no Design, a Ergonomia é fundamental para


se projetar. Design e Ergonomia se completam. Proporção, harmonia e escala, sempre
estiveram presentes no Design. Saber unir o funcional com o estético, é saber que o design
e a ergonomia caminham juntas, visto que, o dimensionamento e conforto humano dentro
do ambiente, é de extrema importância.
Para Silva e Paschoarelli (2010), o maior princípio do design ergonômico é alcançar
um ambiente seguro, confortável, funcional e efetivo para o usuário.
Além disso, a ergonomia dentro do design de interiores também pode se enquadrar
em diversas áreas, tais como:
● A posição dos objetos, sendo a relação móvel com o ambiente que está inserido.
Uma mesa com altura inadequada por exemplo, podendo causar desconforto no
usuário;
● Limpeza e organização, que interfere diretamente no desempenho do usuário;
● Cores e iluminação do ambiente, que tem total influência sobre o estado emocional
do usuário. O visual do ambiente tem muita importância na ergonomia, aplicada ao
design de interiores.

Portanto, gostaria que dessa unidade em diante vocês pensassem em design e


ergonomia de uma forma única e necessária. Observem o espaço em que vocês estudam,
trabalham, vivem e apliquem esse conhecimento no dia a dia de vocês, que claramente
ajudará em seu desenvolvimento profissional.

UNIDADE I Introdução, Conceitos e Princípios do Design e da Ergonomia 18


SAIBA MAIS

Vocês sabiam que até mesmo o quadro “Mona Lisa”, de Leonardo da Vinci apresenta
a sequência de Fibonacci? Existe uma razão entre o tronco e sua cabeça, e entre os
elementos do seu rosto, observem:

FIGURA - MONA LISA

Fonte: O QUE é Fibonacci? Aprenda a retração de Fibonacci e a extensão de Fibonacci. Blogtienao.


2020. Disponível em: https://pt.blogtienao.com/fibonacci/. Acesso em: 16 fev. 2022

REFLITA

No vocabulário da maioria das pessoas, design significa aparência. É decoração de


interiores. É o tecido de cortinas, do sofá. Mas para mim, nada poderia estar tão longe
do significado de design. Design é a alma fundamental de uma criação humana.

Fonte: Steve Jobs, 1987.

UNIDADE I Introdução, Conceitos e Princípios do Design e da Ergonomia 19


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Prezado (a) aluno (a),

Nesta unidade, busquei trazer os principais conceitos e definições de Design e


Ergonomia separadamente, e depois, elas de uma forma conjunta.
Abordamos definições teóricas, de ambas, ressaltando a importância do Design
Ergonômico, e como ele sempre esteve presente no dia a dia.
Acreditamos que agora vocês olharão para os ambientes de uma maneira mais
delicada e com um olhar mais clínico.

UNIDADE I Introdução, Conceitos e Princípios do Design e da Ergonomia 20


LEITURA COMPLEMENTAR

Artigo 1: A escala humana no desenho de arquitetura: do Modulor


à desconstrução do corpo
Embora existam muitas abordagens diferentes para criar um espaço arquitetônico, a
maioria dos arquitetos concorda que priorizar o ser humano é fundamental para um projeto
bem-sucedido. Percebemos a arquitetura através de nossos sentidos, interpretamos sua escala
em comparação ao nosso corpo, e, é claro, exigimos que a arquitetura nos proteja contra a
força da natureza. Por estas razões, os arquitetos frequentemente incluem figuras humanas em
seus desenhos, dando, assim, um sentido melhor de escala e atmosfera para o projeto.

Fonte: STOTT, R. A escala humana no desenho de arquitetura: do Modulor à


desconstrução do corpo. Artigo – Archdaily,2016. Disponível em: https://www.archdaily.com.
br/br/784336/a-escala-humana-no-desenho-de-arquitetura-do-modulor-a-desconstrucao-
do-corpo?ad_source=search&ad_medium=projects_tab&ad_source=search&ad_
medium=search_result_all. Acesso em: 10 fev. 2022.

Artigo 2: O que é Ergonomia?


O termo ergonomia foi utilizado pela primeira vez no ano de 1857, pelo polonês
Wojciech Jarstembowsky, e tem como origem a junção das palavras gregas ergon (trabalho)
e nomos (lei ou regra). Apesar de estar inicialmente relacionado ao conforto físico do
trabalhador, hoje em dia, o termo pode ser aplicado nas mais diversas atividades, desde
esportivas até as relacionadas ao lazer, como um conjunto de regras e procedimentos que
foca no bem-estar – físico e mental – durante a realização de determinada tarefa.

Fonte: GHISLENI, C. O que é Ergonomia? Artigo – Archdaily, 2021. Disponível em: https://
www.archdaily.com.br/br/959434/o-que-e-ergonomia?ad_source=search&ad_medium=projec-
ts_tab&ad_source=search&ad_medium=search_result_all. Acesso em: 10 fev. 2022.

UNIDADE I Introdução, Conceitos e Princípios do Design e da Ergonomia 21


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Introdução à Ergonomia – da prática à teoria
Autores: Julia Abrahão, Laerte Sznelwar , Alexandre Silvino ,
Maurício Sarmet, Diana Pinho.
Editora: Blucher, 2009.
Sinopse: Vocês poderão navegar no mundo da Ergonomia por meio
deste livro. Esperamos que ele contribua para a aprendizagem de
conceitos e de método. Pretendemos também, promover uma reflexão
sobre o seu trabalho. Ele é apenas o início da viagem. É possível ir
mais longe a partir da vasta literatura nacional e internacional sobre o
tema. Entretanto, de nada servirá esta obra se não ajudar a transformar
efetivamente o trabalho de homens e mulheres. Transformar significa
promover a saúde, permitir o desenvolvimento profissional e atingir
objetivos de produção. Boa Viagem!

FILME/VÍDEO
Título: Pato Donald - Proporção Áurea
Ano: 2008.
Sinopse: Entenda a Proporção Áurea, Grécia antiga, Fibonacci e
o Renascimento de uma maneira descontraída.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=yfiYXdIy_Lo

WEB
Sobre o deslocamento do corpo na arquitetura: o Modulor de Le
Corbusier
Link do site: https://www.archdaily.com.br/br/911962/sobre-o-
-deslocamento-do-corpo-na-arquitetura-o-modulor-de-le-corbu-
sier?ad_source=search&ad_medium=projects_tab&ad_source=-
search&ad_medium=search_result_all

UNIDADE I Introdução, Conceitos e Princípios do Design e da Ergonomia 22


UNIDADE II
Estudo da Antropometria
e Biomecânica
Profª Espª. Analice Greff Gonçalves Dias

Plano de Estudo:
● Conceitos e Definições da Antropometria;
● Parâmetros, critérios e aplicações da Antropometria no Design;
● Conceitos e Definições da Biomecânica;
● Parâmetros, critérios e aplicações da Biomecânica no Design.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar a Antropometria e a Biomecânica;
● Compreender suas definições e conceitos;
● Estabelecer a importância da Antropometria e da Biomecânica.

23
INTRODUÇÃO

Prezado aluno (a), nesta segunda unidade, vamos dar continuidade a nossa
caminhada juntos.
A partir da conceituação de Design e Ergonomia na unidade anterior, venho explicar
para vocês a origem da palavra Antropometria e Biomecânica.
Antropometria é uma palavra grega, em que: Antropo, significa Homem e Metria,
significa medida, portanto, se define como o estudo das medidas do homem. E o termo
Biomecânica se refere a uma ciência que estuda o movimento dos organismos vivos, seu
principal objetivo é analisar, descrever e avaliar o movimento humano.
Nessa unidade, iremos entender um pouco mais sobre a movimentação do corpo
humano e suas medidas, e qual a influência da Antropometria e Biomecânica na hora de projetar.
Gostaria de lembrá-los (as), que os conteúdos são contínuos. Fixar o conteúdo
inicial, os conceitos, princípios e diretrizes, irá deixar o conteúdo mais prazeroso de acordo
com o tempo! E também, irá facilitar no momento em que vocês forem projetar. O teórico é
o início do prático.
Espero que gostem da unidade e consigam ter clareza em todo o conteúdo.
Vamos juntos para mais uma unidade?!

UNIDADE III Estudo


Introdução,
da Antropometria
Conceitos e Princípios
e Biomecânica
do Design e da Ergonomia 24
1. CONCEITOS E DEFINIÇÕES DA ANTROPOMETRIA

FIGURA 1 – ANTROPOMETRIA E BIOMECÂNICA

Fonte: ABRAHÃO; SZNELWAR; SILVINO; SARMET; PINHO, 2009.

A antropometria surgiu no Egito, 3000 anos a.C, a fim de descrever o corpo humano
por meio das medidas. Considerado os percursos da antropometria, Adolfhe J. Quetelet
(1796-1874), foi o primeiro a utilizar a antropometria com seres humanos.
O ponto de partida correto para o dimensionamento de produtos, postos e ambientes
de trabalho, são as medidas antropométricas.

UNIDADE III Estudo


Introdução,
da Antropometria
Conceitos e Princípios
e Biomecânica
do Design e da Ergonomia 25
Mas afinal, para que de fato é utilizada a antropometria?
● Para definir os espaços livres em torno do corpo humano;
● Para identificar objetos ou obstáculos que atrapalhem a movimentação do ser humano;
● Verificar medidas, distancias e postura do ser humano em alcance com os objetos;

Se vocês repararem, a antropometria nada mais é que a continuidade dos estudos


citados na unidade anterior, visto que, seu desenvolvimento se iniciou estudando as proporções
do corpo humano, que incluem: seção áurea, vitruvius, o desenvolvimento do Modulor.
Porém, o maior impulso do estudo da antropometria se deu durante a Segunda
Guerra Mundial, devido ao surgimento de novos equipamentos dentro da indústria bélica
e a evolução social econômica, a qual exigiu uma maior integração entre o espaço e
as atividades humanas. Como a necessidade de conciliar as atividades humanas com
armamento bélico, o índice de erro deveria ser praticamente nulo. Logo, os estudos
antropométricos começaram a se aprofundar.
Vinculando a antropometria com a arquitetura, surgem duas teorias, uma delas de
Teodoro Rosso e a outra de Nuno Portas.
Rosso criou o módulo objeto, que se trata de uma figura geométrica repetitiva,
destinada a definir, a quantificar o espaço e otimizar o desenvolvimento das atividades e
caracterizar o objeto arquitetônico.
Enquanto isso, Nuno Portas estudou como se aplicar a antropometria em unidades
habitacionais, buscando atender as exigências humanas funcionais. Pensando dessa
forma, Portas enfatiza a importância do arquiteto ao conhecer o usuário e suas exigências
para utilizá-las na concepção do espaço.
Portando, para se projetar, é necessário conhecer o perfil dos usuários, ligadas as
funções que cada um exerça dentro do lar, e poder prever futuras alterações ao longo do tempo.
O estudo detalhado da antropometria leva em consideração diversas variáveis,
como: o sexo, a idade, o peso, aspectos socioculturais.

UNIDADE III Estudo


Introdução,
da Antropometria
Conceitos e Princípios
e Biomecânica
do Design e da Ergonomia 26
FIGURA 2 – ANTROPOMETRIA HUMANA

Fonte: FERNANDES, L. Biotipo: Quais são os fatores fisiológicos e antropométricos determinantes no desempe-
nho de escaladores? Blogdescalada, 2020. Disponível em: https://blogdescalada.com/biotipo-quais-sao-os-fato-
res-fisiologicos-e-antropometricos-determinantes-no-desempenho-de-escaladores/ Acesso em: 22 fev. 2022.

Além dela auxiliar no dimensionamento, ela se completa com os conhecimentos da


biomecânica, que veremos no decorrer desta unidade.

UNIDADE III Estudo


Introdução,
da Antropometria
Conceitos e Princípios
e Biomecânica
do Design e da Ergonomia 27
2. PARÂMETROS, CRITÉRIOS E APLICAÇÕES DA ANTROPOMETRIA NO DESIGN

As medidas na antropometria se classificam em duas maneiras, sendo elas:


antropometria estática ou estrutural e antropometria dinâmica ou funcional. A primeira
classificação se baseia nas medidas do ser humano em repouso e a segunda do ser humano
em movimento, independentemente do tamanho de seus membros corporais.
Em um ambiente independente, as medidas serão variadas, pois tudo depende
da natureza e das exigências da tarefa. Como por exemplo, realizar um trabalho em pé ou
sentado, deslocar objetos.
Imaginem uma cozinha por exemplo, onde vocês comem sentados na mesa, mas
para pegar um prato que está guardado no armário aéreo, levantamos e esticamos o braço,
ou para pegar a panela, no balcão da pia, abaixamos para pega-la. Toda essa movimentação,
deslocamento de objetos e a realização de tarefas, é denominada, antropometria. Portanto,
dentro da execução de um projeto de interiores, a antropometria, é essencial, pois o usuário
principal dentro do ambiente, é o ser humano. Veja os exemplos a seguir:

UNIDADE III Estudo


Introdução,
da Antropometria
Conceitos e Princípios
e Biomecânica
do Design e da Ergonomia 28
FIGURA 3 – MOVIMENTAÇÃO HUMANA EM UMA COZINHA

Fonte: TAMANHOS padrão de móveis. Drawing, 2016. Disponível em: https://chertezh.by/standartnye-


razmery-mebeli/ Acesso em: 25 fev. 2022.

Como dito na unidade anterior, a ergonomia se preocupa com a postura ideal do


usuário, dentro do ambiente, para a realização das atividades de forma correta e que não
seja danoso à saúde.

FIGURA 4 – POSTURA SENTADA ERRADA E CORRETA

Aliás, o sentar não é considerado um movimento estático, pois há o esforço de


sentar e levantar.
Conseguem visualizar como a ergonomia e a antropometria caminham juntas e são
importantes para a realização de projetos?!
O estudo das medidas, movimentação humana e suas necessidades interferem
diretamente na concepção projetual.

UNIDADE III Estudo


Introdução,
da Antropometria
Conceitos e Princípios
e Biomecânica
do Design e da Ergonomia 29
3. CONCEITOS E DEFINIÇÕES DA BIOMECÂNICA

Após as definições e conceitos da antropometria, agora iremos estudar seu


complemento, a biomecânica.
A biomecânica é uma ciência do ramo da Bioengenharia e da Engenharia Biomédica
que estuda os movimentos humanos, a partir da anatomia, fisiologia e mecânica, que tem
como propósito investigar e analisar o sistema biológico, para compreender as forças e
movimentos realizados pelo corpo humano, seja movimentos diários, como o caminhar,
movimentos de trabalho ou até mesmo de esporte.
Sendo assim, o principal objetivo da biomecânica, é estudar o movimento do homem.
Na estática, por exemplo, a biomecânica é aplicada para analisar as forças
envolvidas na estrutura do sistema músculo esquelético, sendo elas: as articulações,
músculos, tendões e ossos. Compreender a postura que adotamos para exigir as tarefas do
dia a dia, passa pelo entendimento que nosso sistema músculo esquelético está submetido
a um conjunto de forças diversas, que envolvem nossos ossos, as articulações, tendões,
músculos e ligamentos.
Toda atividade profissional realizada, necessita de um trabalho muscular,
necessário tanto para uma manutenção simples de postura ou até mesmo uma execução
de gestos e movimentos de trabalho.
Todas as forças usadas devem possibilitar um arranjo harmônico entre os ligamentos,
levando em consideração os esforços musculares e movimentação.

UNIDADE III Estudo


Introdução,
da Antropometria
Conceitos e Princípios
e Biomecânica
do Design e da Ergonomia 30
4. PARÂMETROS, CRITÉRIOS E APLICAÇÕES DA BIOMECÂNICA NO DESIGN

Mesmo em seu estado natural, as pessoas sempre estão em movimento, sendo


acordadas ou dormindo, pois, suas juntas, que são pontos de articulação no corpo humano,
continuam em movimento. O estudo da postura e dos movimentos do corpo humano,
apresenta um conjunto de dados antropométricos, relacionando as pessoas com o espaço
que ocupam e com as atividades que estão realizando. Portanto, a dinâmica do espaço
interage com a dinâmica do corpo humano.
Quando o ser humano precisa realizar uma atividade, é necessário a execução
de inúmeros movimentos, quando os músculos e os pontos de articulações concordam
entre si e apresentam uma notável complexidade, visando atingir a posição ideal, para que
seja harmônica e compatível com o equilíbrio geral do corpo. Ou seja, para cada atividade
realizada é necessária uma postura correta.
Para se estudar os movimentos do homem, é necessário estudar também seu
esforço muscular consumido para a realização de uma atividade, a partir de uma postura
inicial, da precisão da tarefa, das exigências de agilidade e da natureza das forças passíveis
que intervém na execução do movimento.

UNIDADE III Estudo


Introdução,
da Antropometria
Conceitos e Princípios
e Biomecânica
do Design e da Ergonomia 31
FIGURA 5 – DIMENSÕES E ESPAÇOS NECESSÁRIOS

Fonte: NEUFERT, E. A arte de Projetar em Arquitetura. 13º Ed. Editorial Gustavo Gili, S.A. São Paulo,
1998. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5696284/mod_resource/content/0/
NEUFERT.pdf. Acesso em: 23 fev. 2022.

A posição do corpo e seu impulso gerado pelos movimentos decorrentes de


certas atividades afetam o alcance do usuário. Por exemplo, as passadas do homem e
seu modo de andar afetam as amplitudes a serem consideradas entre as pessoas, tal
como o dimensionamento dos passeios públicos (calçadas) ou escadas, que possuem
um tamanho mínimo a ser seguido.
Existem muitas variáveis em dimensionamento e medidas.
Dentro do conceito da biomecânica, existe diversas áreas a serem estudadas, uma
delas que se considera importante para o design é a biomecânica ocupacional.

4.1 Biomecânica Ocupacional


Para Vanícola et al. (2022) a biomecânica ocupacional é uma área de atuação
que está relacionada ao estudo da postura do homem no trabalho. Possui uma ligação
direta com a Ergonomia e que propor soluções para problemas de adaptação do homem
no ambiente de trabalho e vice-versa.

UNIDADE III Estudo


Introdução,
da Antropometria
Conceitos e Princípios
e Biomecânica
do Design e da Ergonomia 32
As propriedades biomecânicas do aparelho locomotor, como: posturas dinâmicas,
mobilidade articular e força muscular são alguns métodos usados pela biomecânica
ocupacional para definir as capacidades humanas para a realização de tarefas sem o risco
de lesões, que muitas vezes ocorrem por esforços realizados de forma inadequada. A maior
queixa entre os trabalhadores de diversas áreas é em relação a lombar, principalmente
aqueles que realizam levantamentos ou transportes de cargas. E também pela postura
incorreta em frente ao computador.
O arquiteto não precisa ter um conhecimento especializado na anatomia do corpo
humano, mas deve ter noções de movimento, das juntas e articulações, referentes as
atividades desenvolvidas no espaço edificado, como uma habitação unifamiliar, ou no
espaço urbano, como em parques públicos.
Conseguem visualizar o quanto é necessário o estudo do movimento, anatomia
humana, noções de espaço e de mobiliário para se projetar?! Todos esses princípios
estudados de forma correta resultam em um projeto funcional.

SAIBA MAIS

Vocês sabiam que têm como realizar uma avaliação antropométrica? Como explicado
nessa unidade, a antropometria se resume em dimensões humanas. A avaliação é
realizada com esses valores, incluindo peso, circunferência abdominal, altura, índice de
massa corporal, percentual de gordura e índice de padrão de crescimento.
Usado na medicina e na nutrição, essa avaliação tem como objetivo analisar o estado de
saúde geral do paciente, monitorar um tratamento e reconhecer patologias que estejam
relacionadas a nutrição do paciente.

Fonte: A autora (2022).

REFLITA

Nenhum trabalho será tão urgente ou importante que não possa ser planejado e
executado com segurança.

Fonte: Petróleo Brasileiro SA - Petrobrás.

UNIDADE III Estudo


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Conceitos e Princípios
e Biomecânica
do Design e da Ergonomia 33
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Prezado (a) aluno (a),

Nesta unidade, busquei mostrar a vocês como o nosso corpo afeta diretamente na
realização de um projeto.
Abordamos definições teóricas, de ambas, ressaltando a importância das dimensões
e movimentação do ser humano, e principalmente, como esses fatores estão diretamente
ligados com a Ergonomia.
E como dito no início da disciplina, o conteúdo é sequencial, esperamos que vocês
percebam esse ponto.
Acreditamos que além de vocês observarem os ambientes de uma forma mais
delicada, irão perceber mais a própria movimentação em suas habitações e em ambientes
de trabalho, isso inclui... corrigir a postura!

UNIDADE III Estudo


Introdução,
da Antropometria
Conceitos e Princípios
e Biomecânica
do Design e da Ergonomia 34
LEITURA COMPLEMENTAR

Artigo 1: A importância de entender o corpo humano: Projetando para


todo o tipo de pessoas
É um simples senso comum: um bom design é baseado nas pessoas e no que elas
realmente precisam. Como arquitetos, estamos nos aprofundando o suficiente para dar as
respostas corretas aos requisitos que enfrentamos em cada projeto?

Fonte: FRANCO, J. A importância de entender o corpo humano: Projetando para


todo o tipo de pessoas. Artigo – Archdaily, 2019. Disponível em: https://www.archdaily.
com.br/br/909661/a-importancia-de-entender-o-corpo-humano-projetando-para-todo-o-
tipo-de-pessoas?ad_source=search&ad_medium=projects_tab&ad_source=search&ad_
medium=search_result_all Acesso em: 24 fev. 2022.

Artigo 2: Mobiliário corporativo: 6 cadeiras que melhoram sua postura ao trabalhar


Há mais de 100 anos inovando em mobiliários com design, a multinacional norte-
americana Herman Miller acredita que sentar-se é sempre o meio para um fim. É sentado que
estamos quando precisamos lançar uma ideia nova, resolver um problema ou compartilhar
uma história. Por isso, a empresa Herman Miller projeta cadeiras que apoiam as pessoas,
que ajudam em seus movimentos, com superfícies que se ajustam à forma de cada um e
com suporte que possibilita manter o corpo na melhor postura.

Fonte: MATERIALS. Mobiliário corporativo: 6 cadeiras que melhoram sua postura ao


trabalhar. Artigo – Archdaily, 2016 Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/780471/mobi-
liario-corporativo-6-cadeiras-que-melhoram-sua-postura-ao-trabalhar Acesso em: 24 fev. 2022.

UNIDADE III Estudo


Introdução,
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Conceitos e Princípios
e Biomecânica
do Design e da Ergonomia 35
MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Antropometria aplicada à arquitetura, urbanismo e desenho
industrial
Autor: Jorge Boueri.
Editora: Estação das Letras e Cores.
Sinopse: A aplicação da Antropometria no projeto da habitação
é um instrumento que ajuda no processo de decisão do projeto,
principalmente quanto às questões dimensionais, e aprimora
a qualidade da habitação. O conteúdo deste livro é o resultado
de estudos sobre as implicações das dimensões humanas na
habitação, desde a sua concepção até a construção, considerando
os aspectos funcionais, simbólicos, culturais e étnicos que influem
na ocupação do espaço da moradia.

FILME/VÍDEO
Título: Movimento Tiny House
Ano: 2019.
Sinopse: O apresentador John Wisbarth e o especialista Zack
Giffin percorrem os EUA ajudando famílias na troca de uma grande
casa por um espaço bem menor - e totalmente personalizado.
Link: https://www.netflix.com/br/title/81016914

WEB
Antropometria + Ergonomia
Link:https://www.facebook.com/44arquitetura/
videos/434819651292295/

UNIDADE III Estudo


Introdução,
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Conceitos e Princípios
e Biomecânica
do Design e da Ergonomia 36
UNIDADE III
Dimensionamento Básico dos
Espaços Residenciais
Profª Espª. Analice Greff Gonçalves Dias

Plano de Estudo:
● Áreas de estar;
● Banheiros;
● Cozinhas;
● Dormitórios.

Objetivos da Aprendizagem:
● Compreender as definições e dimensionamentos
dos espaços residenciais básicos;
● Estabelecer a importância das dimensões
dos espaços dentro de um projeto;
● Entender a necessidade ergonômica
em um projeto de interiores.

37
INTRODUÇÃO

Prezado aluno (a),

nesta terceira unidade, vamos dar continuidade a nossa caminhada juntos.


Iniciamos nossos estudos conceituando o Design e a Ergonomia. Em seguida,
aprendemos sobre a Antropometria e a Biomecânica. Nessas duas unidades, pudemos
perceber a importância desses tópicos dentro de um projeto, e o quanto estes influenciam
diretamente o usuário.
Após perceberem estes pontos e notarem que o assunto é de continuidade, iremos
aplicar o que aprendemos dentro dos espaços residenciais.
Nessa unidade, vocês irão compreender a influência da movimentação do corpo
humano e suas dimensões dentro de um espaço residencial. A variedade de atividades que
ocorrem dentro da residência é vasta. São espaços em que as pessoas dormem, acordam,
se alimentam, trabalham, descansam, até mesmo nascem e morrem.
Com o decorrer dos anos, devido ao aumento no valor de um terreno ou residência,
as habitações acabaram se diminuindo, sendo assim, os espaços tiveram que se adaptar
ao homem de uma maneira funcional.
Iniciaremos a unidade falando sobre as áreas de estar, depois sobre os banheiros,
em seguida sobre cozinhas, que é considerada a área mais usada em uma habitação
unifamiliar e para finalizar, os dormitórios.
A unidade apresentará diversas imagens para que fique claro as dimensões
humanas dentro de um espaço residencial e as funções a serem atendidas.
Espero que gostem e consigam ter clareza em todo o conteúdo.

Vamos juntos para mais uma unidade?!

UNIDADE III Dimensionamento Básico dos Espaços Residenciais 38


1. ÁREAS DE ESTAR

Dentro das áreas de estar, o mais utilizado pelo usuário é o sofá e poltrona/cadeira.
Deve ser levada em consideração sua altura, profundidade e circulação mínima em torno
destes. As imagens a seguir demonstrarão medidas mínimas para o usuário do sexo
masculino e feminino no sofá, lembrando que existem variantes, já que o usuário pode se
movimentar ou mudar de posição.
Para o sexo masculino sugere-se 71,1cm no sofá de dois lugares e no feminino
sugere-se uma largura de 66,0 cm.

FIGURA 1 – DIMENSIONAMENTO HUMANO EM UM SOFÁ DE DOIS LUGARES

Fonte: PENERO e ZELNIK, 2008.

UNIDADE III Dimensionamento Básico dos Espaços Residenciais 39


Com relação a poltronas, a análise é similar ao do sofá, examina-se a relação das
dimensões corporais em relação a poltrona. Tem-se, para o sexo feminino, uma largura
mínima de 66,1cm e para o masculino 71,1cm. Para uma área de estar de canto como na
imagem ao lado, é necessária uma zona de circulação de 1,21m até 1,52m.

FIGURA 2 – DIMENSIONAMENTO HUMANO EM POLTRONAS

Fonte: PENERO e ZELNIK, 2008.

Os próximos dois desenham são os que mais representam áreas de estar, basean-
do-se em uma disposição de poltrona, mesa de centro e convívio do usuário.

FIGURA 3 – ERGONOMIA EM UMA ÁREA DE ESTAR

Fonte: PENERO e ZELNIK, 2008.

UNIDADE III Dimensionamento Básico dos Espaços Residenciais 40


Para o nível de alcance do usuário até a mesa de centro sugere-se de 40,6cm
até 45,7cm. A distância mínima para a comunicação entre os usuários, recomenda-se no
mínimo de 1,47m até 2,03m, levando sempre em consideração a linha dos olhos.

FIGURA 4 – ERGONOMIA EM UMA ÁREA DE ESTAR COM CIRCULAÇÃO

Fonte: PENERO e ZELNIK, 2008.

No desenho acima, tem-se praticamente o mesmo layout, porém com um espaço


de circulação, recomendado no valor de 76,2cm até 91,4cm.

UNIDADE III Dimensionamento Básico dos Espaços Residenciais 41


2. BANHEIROS

Em um banheiro temos dois elementos pontuais: o lavatório e o vaso sanitário. A


análise das dimensões se baseia no sexo masculino, feminino e infantis.

FIGURA 5 – ANTROPOMETRIA GERAL DO USUÁRIO

Fonte: PENERO e ZELNIK, 2008.

UNIDADE III Dimensionamento Básico dos Espaços Residenciais 42


Na antropometria masculina, sugere-se um lavatório de 94cm a 1,09m de altura para
acomodar os usuários, e para locar o espelho, deve-se levar em conta a altura dos olhos.
Já na antropometria feminina e infantil, a altura do lavatório feminino seria de 81,3cm
a 91,4cm e do infantil de 66cm a 81,3cm.

FIGURA 6 – ANTROPOMETRIA MASCULINA EM LAVATÓRIOS

Fonte: PENERO e ZELNIK, 2008.

FIGURA 7 – ANTROPOMETRIA FEMININA E INFANTIL EM LAVATÓRIOS

Fonte: PENERO e ZELNIK, 2008.

UNIDADE III Dimensionamento Básico dos Espaços Residenciais 43


Para vasos sanitários, sugere-se 61 cm para a zona de atividade, entre a frente do
vaso a parede. Os acessórios utilizados pelo usuário devem estar no seu alcance, na sua
frente ou lateral.

FIGURA 8 – DIMENSÕES NO VASO SANITÁRIO

Fonte: PENERO e ZELNIK, 2008.

O tamanho do box e do chuveiro pode variar dependendo da solicitação do usuá-


rio, mas a segurança deve ser mantida. Segundo o desenho abaixo, a área de circulação
mínima deve ser de 1,37m.

FIGURA 9 – DIMENSÕES NO BOX

Fonte: PENERO e ZELNIK, 2008.

UNIDADE III Dimensionamento Básico dos Espaços Residenciais 44


Em dimensões antropométricas verticais, recomenda-se de 1,01m a 1,27m de
altura do chão até o registro do chuveiro.

FIGURA 10 – DIMENSÕES NO BOX

Fonte: PENERO e ZELNIK, 2008.

UNIDADE III Dimensionamento Básico dos Espaços Residenciais 45


3. COZINHAS

A cozinha, é o ambiente da casa onde mais realizamos tarefas. Cozinhar, comer,


limpar, lavar, e se reunir com o toda a família. Sua circulação, a altura das bancadas e seus
acessos aos armários e aos eletrodomésticos devem ser pensadas com cautela.
Para Penero e Zelnik (2008), as pias de cozinha são padronizadas no valor de 91,4cm.
Os desenhos abaixo vão demonstrar pequenas situações do cotidiano em uma
cozinha. Para duas bancadas apoiadas em armários recomenda-se uma distância de
1,52m até 1,67m, lembrando que, é necessário pensar na zona de trabalho juntamente
com a circulação. Já na imagem ao lado, seria somente uma zona de trabalho, sendo
recomendado 1,21m.

FIGURA 11 – DIMENSIONAMENTO EM COZINHA

Fonte: PENERO e ZELNIK, 2008.

UNIDADE III Dimensionamento Básico dos Espaços Residenciais 46


Na imagem seguinte, vemos a relação das alturas do usuário feminino e masculino
em uma bancada com armários altos.

FIGURA 12 – DIMENSIONAMENTO EM COZINHA

Fonte: PENER e ZELNIK, 2008.

Já em relação a zona de trabalho em uma bancada com pia, tem-se as seguintes


recomendações: 47,5cm para realizar tarefas de alcance na pia, e uma zona ideal de
trabalho de 106,7cm.

FIGURA 13 – ERGONOMIA EM ÁREA DE PREPARO

Fonte: PENERO e ZELNIK, 2008.

UNIDADE III Dimensionamento Básico dos Espaços Residenciais 47


A Figura 13 nos mostra as dimensões verticais ideias mínimas, como já dito, a bancada
com altura de 88,9 a 91,4cm. E a altura mínima entre a bancada da pia e o armário suspenso
deve ser de 55,9cm, menos que isso, o usuário pode acabar batendo a cabeça no armário.

FIGURA 14 – ERGONOMIA NA ÁREA DA PIA

Fonte: PENERO, ZELNIK, 2008.

Quando falamos de geladeira, sendo ela baixa ou do tamanho padrão, tem-se as


seguintes recomendações:

FIGURA 15 – ERGONOMIA NO ESPAÇO DA GELADEIRA

Fonte: PENERO e ZELNIK, 2008.

UNIDADE III Dimensionamento Básico dos Espaços Residenciais 48


E por último, temos as dimensões ideais para áreas de forno. Em paredes opostas,
em que ambas possuem eletrodomésticos, recomenda-se 1,21m para realização de tarefas.
Para o forno embutido, 1,01m, para poder abrir o forno sem preocupação. Em relação a
dimensões verticais, a distância mínima entre o fogão e a coifa, deve ser de 0,61cm.

FIGURA 16 – ERGONOMIA NA ÁREA DE FORNO E FOGÃO

Fonte: PENERO e ZELNIK, 2008.

UNIDADE III Dimensionamento Básico dos Espaços Residenciais 49


4. DORMITÓRIOS

Os principais elementos dentro de um dormitório são: roupeiro e cama. Antigamente,


as pessoas executavam móveis fixos (planejados) somente em casa própria, em moradias
de aluguéis se utilizavam móveis flexíveis. Mas hoje, a concepção vem mudado, visto que
muitas vezes em ambientes menores o móvel planejado tem sido a melhor solução.
Sendo assim, para um melhor funcionamento do dormitório, é definido medidas
mínimas ideias para melhor locomoção do usuário dentro do quarto, e também para
utilização dos móveis de uma maneira funcional.
O primeiro elemento que trataremos aqui é a cama, sendo na forma convencional
ou na forma beliche a fim de otimizar o espaço.
Para Penero e Zelnik (2008), existem diversas preocupações antropométricas em
relação a locação da cama no dormitório, como por exemplo: Há espaço o suficiente em
volta da cama, não só para circulação, mas também para arrumá-la? Ou para poder limpar
a sua volta, com um aspirador de pó por exemplo? Existe uma circulação adequada entre
cama, roupeiro e mesa lateral?! E se a mesa de cabeceira estiver com uma gaveta aberta,
o usuário consegue realizar suas funções?

UNIDADE III Dimensionamento Básico dos Espaços Residenciais 50


Os desenhos abaixo mostram situações como essas citadas.

FIGURA 17 – ANTROPOMETRIA HUMANA EM CAMA DE SOLTEIRO E CASAL

Fonte: PENERO e ZELNIK, 2008.

No desenho acima vemos a ilustração da cama de solteiro e de casal. As imagens


não devem ser entendidas literalmente, visto que, nós nos movimentamos durante o sono,
então podemos também ocupar um maior espaço, aqui tratamos de medidas mínimas.
Já na ilustração abaixo, se tem a relação de visibilidade do usuário em relação a
janela, com ele sentado na cama, de pé e deitado.

UNIDADE III Dimensionamento Básico dos Espaços Residenciais 51


FIGURA 18 – VISIBILIDADE E ÂNGULOS NA CAMA

Fonte: PENERO e ZELNIK, 2008.

Agora, vamos imaginar que o dormitório pertence a dois irmãos, como seria a
disposição das camas uma ao lado da outra? Ou, uma cama de solteiro, com mesas de
cabeceira e gavetas abaixo da cama para otimizar o espaço? Veja na imagem abaixo:

FIGURA 19– ANTROPOMETRIA HUMANA EM DORMITÓRIO

Fonte: PENERO e ZELNIK, 2008.

UNIDADE III Dimensionamento Básico dos Espaços Residenciais 52


Segundo a legenda, as medidas recomendadas entre as duas camas de solteiro
é 91,4 cm. E para o usuário abrir a gaveta da mesa de cabeceira, de joelhos, a medida
mínima deve ser 116,8 cm a 157,5 cm.
Abaixo, temos mais desenhos que demonstram a realização de atividades. Na
primeira ilustração, para uma pessoa realizar uma atividade de joelhos, o ideal seria no
mínimo de 93 a 99 cm. Na imagem ao lado, em que se têm uma mesa de cabeceira, o
tamanho mínimo seria de 66cm até 76,2cm.

FIGURA 20 – ANTROPOMETRIA HUMANA EM CAMA DE SOLTEIRO

Fonte: PENERO e ZELNIK, 2008.

Como dito anteriormente, essas imagens têm o objetivo de retratar o dia-a-dia do


usuário em seu dormitório, realizando tarefas cotidianas. Na imagem abaixo, tem-se o
exemplo do aspirador de pó, no qual se sugere um espaço para realizar a tarefa de 1,21 m
a 1,37m para tal atividade:

FIGURA 21 – ANTROPOMETRIA HUMANA DESEMPENHANDO TRABALHO

Fonte: PENERO e ZELNIK, 2008.

UNIDADE III Dimensionamento Básico dos Espaços Residenciais 53


Agora iremos citar o segundo elemento de grande importância no dormitório: o
guarda roupa. Quais as dimensões ideais para que o usuário se vista confortavelmente?
Qual o espaço entre os cabides, ou a altura ideal de uma prateleira? Lembrando que, na
ergonomia, o sexo dos usuários faz toda a diferença, então, serão mostrados um roupeiro
masculino e um feminino.

FIGURA 22 – ANTROPOMETRIA HUMANA EM UM GUARDA-ROUPA

Fonte: PENERO e ZELNIK, 2008.

Os dois desenhos acima, mostram o espaço vertical mínimo para o guarda roupa
masculino e feminino, e as prateleiras devem estar sempre ao alcance humano. A altura
para a prateleira do guarda roupa masculino pode ser de 1,82m até 1,93m. Já o feminino,
de 1,75m até 1,82m.
Na imagem seguinte, veremos as dimensões mínimas de um closet. Sendo o
espaçamento ideal de 86,4cm até 91,4cm.

UNIDADE III Dimensionamento Básico dos Espaços Residenciais 54


FIGURA 23 – ANTROPOMETRIA HUMANA EM CLOSET

Fonte: PENERO e ZELNIK, 2008.

SAIBA MAIS

No decorrer do texto, no tópico dormitórios, foi citado “mesa de cabeceira”, mas muitos
ainda chamam de “criado mudo”. Porém, o termo “criado mudo” é considerado um termo
racista, pois os escravos, em 1820, que faziam serviços domésticos, eram chamados
de criados, os quais, muitas vezes ficavam imóveis e em silêncio ao lado da cama
dos seus senhores, segurando um copo d’água, roupas, objetos pessoais. Somente um
tempo depois, surgiram as mesinhas ao lado da cama, que hoje chamamos de mesa de
cabeceira ou mesa lateral.

Fonte: A autora (2022).

REFLITA

“A arquitetura é sempre uma modificação temporária do espaço, da cidade, da paisagem.


Achamos que é permanente. Mas nós nunca sabemos.”

Fonte: Jean Nouvel em The New York Times.

UNIDADE III Dimensionamento Básico dos Espaços Residenciais 55


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Prezado (a) aluno (a),

Nesta unidade, busquei mostrar a vocês na prática como funciona a ergonomia e a


antropometria no nosso dia-a-dia com situações simples e tarefas usuais.
Conceituamos os ambientes residenciais básicos e foi possível visualizar a
movimentação do ser humano e as dimensões mínimas dos pontos principais dentro de
cada ambiente.
Agora, mais do que nunca, vocês poderão observar o cotidiano de vocês dentro de
suas casas e saber o que está dentro da ergonomia e funcionando corretamente, e o que
não se enquadra, e quem sabe, até mesmo melhorar a própria residência de vocês.

UNIDADE III Dimensionamento Básico dos Espaços Residenciais 56


LEITURA COMPLEMENTAR

ARTIGO 1: Um ensaio fotográfico sobre a reificação dos corpos na


ergonomia de Neufert

A relação entre o corpo humano e a arquitetura sempre foi um elemento-chave no


projeto e na prática arquitetônica, no entanto, a conexão entre os dois não foi documentada
ou mesmo aceita até o surgimento da ergonomia há alguns anos. Atualmente, a questão
é como o corpo é percebido na modernidade? Como essa percepção influencia a maneira
como projetamos os edifícios e espaços que habitamos? Muitas vezes, a ergonomia é
vista como uma disciplina que enfatiza a separação entre corpo e objeto; no entanto, não é
apenas a conexão entre eles, é também o plano pré-estabelecido que maximiza e sincro-
niza sua produtividade. Em seu nível mais básico, é um discurso técnico sobre a habitação
humana cada vez mais mecanizada.

Fonte: ARELLANO, M. Um ensaio fotográfico sobre a reitificação dos corpos na


ergonomia de Neufert. Artigo – Archdaily, 2019. Disponível em: https://www.archdaily.
com/920097/a-photographic-essay-on-the-reification-of-bodies-in-neuferts-ergonomi-
cs?ad_source=search&ad_medium=search_result_articles . Acesso em: 09 mar. 2022.

UNIDADE III Dimensionamento Básico dos Espaços Residenciais 57


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Dimensionamento humano para espaços de interiores
Autor: Julius Penero e Martin Zelnik.
Editora: Editorial Gustavo Gili, SL.
Sinopse: O estudo das medidas do corpo humano em base
comparativa é conhecido como antropometria. Sua aplicação ao
projeto se dá através da interface, ou adequação física, entre o
corpo humano e os vários elementos que compõem os espaços
interiores. Dimensionamento Humano para Espaços Interiores
é o primeiro e mais completo livro de referência, baseado na
antropometria, para padrões de projeto e design, dirigido a todos
profissionais envolvidos com o planejamento físico e detalhamento
de interiores, incluindo designers de interiores, arquitetos,
desenhistas industriais e de móveis, construtores e estudantes de
design ou arquitetura. O uso dos dados antropométricos, embora
não substitua um bom projeto ou uma análise crítica por parte do
profissional, deve ser visto como uma das muitas ferramentas do
processo de projeto.

FILME/VÍDEO
Título: The Human Scale
Ano: 2012.
Sinopse: Hoje em dia 50% da população mundial vive em zonas
urbanas e no ano 2050 esta porcentagem aumentará para 80%.
A vida nas grandes cidades é atrativa e problemática ao mesmo
tempo. Hoje enfrentamos o auge do petróleo, o câmbio climático,
a solidão e graves problemas de saúde devido ao nosso estilo de
vida. Mas por que isso acontece? Jan Gehl, arquiteto e professor
dinamarquês, estudou o comportamento humano nas cidades
durante 40 anos. Documentou como as cidades modernas
repelem a interação humana e garante que podemos começar a
construir cidades de uma maneira que as necessidades humanas
da inclusão e intimidade sejam levadas em conta.
Link de acesso: https://www.primevideo.com/gp/video/detail/
L a - E s c a l a - H u m a n a - T h e - H u m a n S c a l e / 0 H S U X B D LV V G -
CPI6BP7LW374IFO/ref=atv_nb_lcl_pt_PT?persistLangua-
ge=1&language=pt_PT&token=g9%2Btp5MksF4neRXbJ91m-
gQS3dwY%2BhWiLW0xwPwn3LddfAAAADAAAAABejviK-
cmF3AAAAABVX8CwXqz4nuL9RKX%2F%2F%2Fw%3D%-
3D&ie=UTF8

UNIDADE III Dimensionamento Básico dos Espaços Residenciais 58


UNIDADE IV
Acessibilidade
Profª. Espª. Analice Greff Gonçalves Dias

Plano de Estudo:
● Conceitos e Definições de Acessibilidade;
● Adequações dos espaços;
● Adequações das tarefas;
● Aplicações da Acessibilidade.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e definir a acessibilidade;
● Compreender a influência dos espaços acessíveis
para o portador de necessidades;
● Entender a importância de ambientes acessíveis para todos.

59
INTRODUÇÃO

Prezado aluno (a), nesta quarta e última unidade, vamos dar continuidade a nossa
caminhada juntos.
Em primeiro momento, iniciamos nossos estudos conceituando Design e a
Ergonomia. Aprendemos também sobre a Antropometria e a Biomecânica, que se referem
ao estudo do corpo humano. Na unidade anterior, aplicamos tudo o que aprendemos dentro
dos espaços residências em que mais vivemos. E por fim, nessa última, iremos dar ênfase
a acessibilidade humana e como a ergonomia pode contribuir na vida do usuário.
Iniciaremos a unidade com um breve histórico sobre acessibilidade no Brasil, em
seguida falaremos sobre as adequações dos espaços, mostrando os equipamentos que
mais são usados e suas dimensões mínimas. E por fim, falaremos sobre a aplicação da
acessibilidade no cotidiano de forma geral, apresentando a vocês a normativa NBR 9050,
que é de extrema importância, principalmente para profissionais da nossa área. Aliás,
recomendo a vocês que se aprofundem na norma, pois além de ser necessário em um
âmbito geral, ela é essencial na hora de se projetar
A unidade apresentará algumas imagens para que fique claro as dimensões
humanas em seus equipamentos necessários para locomoção e atender suas funções.
Espero que gostem e consigam ter clareza em todo o conteúdo.

Vamos juntos para mais a última unidade?!

UNIDADE IV Acessibilidade 60
1. CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE ACESSIBILIDADE

Em 1988, a Constituição Federal do Brasil destacou que é de total responsabilidade


do estado a formação da pessoa com deficiência, sendo promover ações que possibilitem
as dificuldades desse público, através de serviços de apoio especializados. Em seguida,
em 1993, foi lançado um artigo dando direito ao ingresso do mercado de trabalho para
pessoas com deficiência.
Ainda nos dias de hoje, muitas dessas pessoas sentem dificuldade ao exercerem
seus respectivos empregos, pois muitas vezes, as empresas ainda não estão aptas a suprir
suas necessidades, como a inadequada estrutura física das empresas ou equipamentos
sem adaptação correta de uso.
Segundo Silva (2016), essa falta de estrutura e correção de equipamentos podem
causar diversos danos à saúde do trabalhador com deficiência ou não, destacando-se:
esforços repetitivos, sobrecarga de trabalho, má postura, atividade estática, ritmos intensos
de trabalho, trabalho executado em pé, entre outros.
Nesse contexto, sendo importante para pessoas com deficiência física ou não, é
necessário se empregar soluções ergonômicas nos ambientes, principalmente de trabalho,
evitando assim, mais problemas causados por condições inadequadas de trabalho.
Mas afinal, o que significa o termo acessibilidade?
Nada mais é, do que incluir pessoas com deficiência na participação de atividades
do cotidiano, no ambiente e em espaços sociais. Sendo assim, o objetivo principal, é
aumentar a qualidade de vida, promovendo inclusão social, reduzindo as desigualdades e
removendo os obstáculos de locomoção.

UNIDADE IV Acessibilidade 61
O arquiteto ou designer, deve saber como incluir todas as pessoas em seus projetos,
já que: A arquitetura é de todos!

FIGURA 1 – INCLUSÃO SOCIAL

UNIDADE IV Acessibilidade 62
2. ADEQUAÇÕES DOS ESPAÇOS

No início, a ergonomia não chegava a todos. Mas, com o passar do tempo, ela foi
se adentrando em diversas áreas por atender diversas demandas diferentes, contribuindo
assim para a adequação do sistema técnico e trazendo vantagens econômicas.
A partir dessas contribuições, se tornou necessário de projetar para pessoas com
deficiência ou não. Ajustando assim, principalmente, os meios de circulação.
Pessoas com cadeira de rodas, ou com muletas, devem ser observadas por inteiro,
pois o usuário + cadeira se tornam uma pessoa só.
Segue na imagem abaixo, as dimensões recomendadas para o usuário com cadeira
de rodas, de muletas e também, o usuário com deficiência visual com seu cão de guarda:

FIGURA 2 – DIMENSIONAMENTO DA CADEIRA DE RODAS

UNIDADE IV Acessibilidade 63
Fonte: LITTLEFIELD, 2011.

FIGURA 3 – DIMENSIONAMENTO HUMANO EM PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL/


COM MULETA/COM ANDADOR

Fonte: LITTLEFIELD, 2011.

UNIDADE IV Acessibilidade 64
FIGURA 4 – DIMENSIONAMENTO HUMANO E SEUS ALCANCES

Fonte: LITTLEFIELD, 2011.

Todos esses equipamentos de auxílio tornam-se uma parte funcional do corpo do


indivíduo. Logo, em qualquer circunstância, o indivíduo e o equipamento devem ser vistos
como uma entidade única. Logo, é necessário ter conhecimento da antropometria envolvida
e das análises espaciais.
Portanto, é sempre importante levar em consideração o usuário e suas necessidades,
para assim, haver uma melhor adequação dos espaços.

UNIDADE IV Acessibilidade 65
3. ADEQUAÇÕES DAS TAREFAS

A partir das contribuições da ergonomia, atualmente, algumas empresas se


preocupam com as condições de trabalho e a influência destas no usuário, já que, qualquer
alteração, reflete diretamente no desempenho de trabalho, e automaticamente, no produto
final que será vendido.
Segundo Villar (2018), A ergonomia pode ser aplicada em diversos segmentos
de atividade, como por exemplo: escolar, hospitalar, transportes, industrial, sistemas
informatizados, entre outros.
Vale ressaltar, que a adequação do ambiente também inclui as condições mínimas
de conforto para o trabalhador, como fatores ambientais, iluminação, ruídos, temperatura,
entre outros.
Para Ilda (2010), existem três pontos para melhorar a ergonomia dentro do trabalho,
sendo elas:
● Aperfeiçoamento do homem-máquina;
● Organização de trabalho;
● Melhorias nas condições de trabalho.

Mas para melhorar esses aspectos, no primeiro momento, é necessário identificar


onde estão os problemas ergonômicos.

UNIDADE IV Acessibilidade 66
Entretanto, quando se fala em pessoas com deficiência, ainda se torna difícil a
adaptação do usuário no mercado de trabalho, pois além dos obstáculos do espaço físico,
das adequações de serviços, ainda existe, infelizmente, a falta de conhecimento e respeito
das necessidades desses trabalhadores.
O principal objetivo da ergonomia, é adaptar as características de todos os
trabalhadores em seu ambiente de trabalho.
A ergonomia é uma relação entre o trabalho e capacidade funcional do trabalhador
com deficiência, a fim de averiguar se os trabalhadores estão de acordo com suas condições
(PASSOS et al., 2019, apud GARCIA, 2014).
Para a NBR-9050/2004, ao incluir um trabalhador com deficiência em um posto de
trabalho, é necessário a adequação de sua função às suas potencialidades.

FIGURA 5 – BANHEIRO ADAPTADO

Lembrando que, as necessidades de um trabalhador portador de deficiência, não se


limita somente ao seu posto de trabalho, mas sim, em todo o espaço que ele estiver dentro
da empresa. Ou seja, suas adaptações devem estar em todos os ambientes. Isso, é inclusão.

UNIDADE IV Acessibilidade 67
4. APLICAÇÕES DA ACESSIBILIDADE

Para Bergo (2012), aquele que necessita de cadeira de rodas ou muleta para
se locomover, não deve se pensar somente nas estruturas físicas de locomoção, como
rampas ou barras de apoio, é necessário a mudança de comportamento. Sendo assim, é
necessário a adoção de um comportamento acessível para toda a empresa e de todos os
outros trabalhadores.
Para Freitas (2020), existiu um avanço no conceito de acessibilidade de uns anos para
cá. Ele definiu 7 tipos de acessibilidade para tornar nossa sociedade mais inclusiva, sendo elas:
1. Acessibilidade atitudinal: se diz respeito ao comportamento das pessoas em
relação a pessoa com deficiência, ou seja, sem preconceitos, estereótipos,
estigmas e discriminações.
2. Acessibilidade Arquitetônica: Se refere a adequação de espaços e a extinção de
barreiras físicas e ambientais dentro das residências, espaços públicos, privados,
edificações, e equipamentos urbanos. Como por exemplo: rampas, calçada com
piso tátil, elevadores e banheiros adaptados, barras de apoio, piso tátil, etc.
3. Acessibilidade metodológica: Também é conhecida como acessibilidade
pedagógica, aonde os métodos de ensino quebram barreiras, a fim de incluir
todos no ensino. Como por exemplo: Quando professores dão textos em escrita
e em braile para seus alunos, a fim de incluir todos.

UNIDADE IV Acessibilidade 68
4. Acessibilidade instrumental: Tem o objetivo de superar barreiras com utensílios,
ferramentas e instrumentos de estudo dentro das escolas e também em
atividades profissionais, de lazer e recreação. Por exemplo: uma pessoa cega
que tem acesso a um software de leitor de tela no computador.
5. Acessibilidade programática: Essa está relaciona a normas e leis que respeitam
e atendem as necessidades das pessoas com deficiência, como por exemplo a
Lei 13.146/2015, conhecida como a Lei Brasileira da inclusão.
6. Acessibilidade nas comunicações: Se diz respeito ao acesso da comunicação
interpessoal (como a língua de sinais). Por exemplo, a presença de uma
intérprete em eventos.
7. Acessibilidade natural: Se refere as extinções das barreiras da própria natureza.
Como por exemplo, espaços públicos que oferecem cadeiras de rodas em
lugares com irregularidades naturais, como a praia.

A acessibilidade deve ser aplicada em diversos aspectos do nosso cotidiano, como:


● Mobiliário urbano;
● Espaços públicos;
● Edificações;
● Meios de transporte;
● Sistemas de comunicação;
● Em locais privados.

FIGURA 6 – RAMPA DE ACESSO

Para se aplicar arquitetonicamente, a Associação Brasileira de Normas Técnicas,


criou a NBR 9050, referente a acessibilidade a edificações, mobiliários, espaços e
equipamentos urbanos. A norma serve para instruir arquitetos, construtores, engenheiros e
outros profissionais da área.

UNIDADE IV Acessibilidade 69
A acessibilidade vai muito além de proporcionar maior conforto, segurança e
dignidade a deficientes físicos, como a maioria da população imagina. Existe um público
enorme que se beneficia com a NBR 9050, e não somente cadeirantes. Pensem no todo:
Deficiente físico, visual, idosos, gestantes, pessoas recém-operadas e também obesos.
Todas as pessoas com algum tipo de deficiência são diretamente impactadas, e
com a NBR 9050 sendo utilizada, o seu dia se torna mais fácil. As melhores práticas e o
conceito universal devem ser aplicados em espaços físicos, no transporte, na comunicação,
na informação, em instalações de uso público e também em ambiente urbano e rural.
Aconselho vocês, a estudarem a NBR 9050, para na hora de projetar, poder aplicar
suas soluções práticas de uma maneira inclusiva.
Após a adoção da norma, a variedade de condições de mobilidade e percepção do
ambiente se deu uma maior atenção. Antes, a explicação era somente arquitetônica, agora
se enfatiza o ver, o ver e o ouvir, ou seja, a sensibilidade do viver.

SAIBA MAIS

Mais da metade dos cadeirantes não encontram banheiros acessíveis. Estudo mostra
que 23% dos deficientes físicos já foram impedidos de entrar no transporte público.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que 45,6 milhões
de pessoas têm algum tipo de deficiência, o que corresponde a 23,91% da população
brasileira. Tornar todos os espaços acessíveis é urgente e necessário para que essa
população seja bem-vinda em todos os ambientes.

Fonte: 5 curiosidades sobre barras de apoio para PNE. Disponível em: https://bit.ly/3QOEzR1 Acesso em:
23 mar. 2022.

REFLITA

“A inclusão acontece quando se aprende com as diferenças e não com as igualdades.”

Fonte: Paulo Freire

UNIDADE IV Acessibilidade 70
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Prezado (a) aluno (a),

Nesta unidade, busquei mostrar a vocês como a ergonomia se aplica a acessibilidade,


e como é importante ter um olhar sensível para o mundo.
Abordamos sobre as definições e conceitos teóricos sobre a acessibilidade, vimos
também que o seu maior objetivo é ser inclusiva. E, também, vimos como toda essa
normativa é recente, ou seja, por muito tempo, pessoas com deficiência em geral não tinha
uma condição de vida adaptável.
Aprendemos sobre os equipamentos mais usados, sendo eles: cadeira de rodas,
bengala, andador e muleta. Vimos como todos esses equipamentos possuem uma dimensão
mínima, para assim, na hora de se projetar, nós, como arquitetos e designers, aplicarmos
as dimensões ideais a fim de suprir as necessidades do usuário.
Como dito no início da disciplina, ela é contínua. E sempre será. O ser humano vive
em constante evolução, e nós, vamos adaptando todas as necessidades ideias para se
melhor viver. Ou seja, não parem de buscar a evolução!
E além de sermos técnicos, precisamos ter um olhar sensível sobre tudo.

UNIDADE IV Acessibilidade 71
LEITURA COMPLEMENTAR

NBR 9050/2015: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços


e equipamentos urbanos

Esta Norma estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados quanto


ao projeto, construção, instalação e adaptação do meio urbano e rural, e de edificações às
condições de acessibilidade. No estabelecimento desses critérios e parâmetros técnicos
foram consideradas diversas condições de mobilidade e de percepção do ambiente, com
ou sem a ajuda de aparelhos específicos, como próteses, aparelhos de apoio, cadeiras de
rodas, bengalas de rastreamento, sistemas assistivos de audição ou qualquer outro que
venha a complementar necessidades individuais.
Esta Norma visa proporcionar a utilização de maneira autônoma, independente e
segura do ambiente, edificações, mobiliário, equipamentos urbanos e elementos à maior
quantidade possível de pessoas, independentemente de idade, estatura ou limitação de
mobilidade ou percepção. As áreas técnicas de serviço ou de acesso restrito, como casas
de máquinas, barriletes, passagem de uso técnico etc., não necessitam ser acessíveis. As
edificações residenciais multifamiliares, condomínios e conjuntos habitacionais necessitam
ser acessíveis em suas áreas de uso comum. As unidades autônomas acessíveis são
localizadas em rota acessível.
NOTA: Para serem considerados acessíveis, todos os espaços, edificações,
mobiliários e equipamentos urbanos que vierem a ser projetados, construídos, montados ou
implantados, bem como as reformas e ampliações de edificações e equipamentos urbanos,
atendem ao disposto nesta Norma.

Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS: Acessibilidade e


edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. 2020. Disponível em:https://
www.caurn.gov.br/wp-content/uploads/2020/08/ABNT-NBR-9050-15-Acessibilidade-
emenda-1_-03-08-2020.pdf Acesso em: 24 mar. 2020.

UNIDADE IV Acessibilidade 72
MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Manual do Arquiteto: Planejamento, Dimensionamento e
Projeto
Autor: David Littlefield.
Editora: ARTMED Editora S.A.
Sinopse: Ponto de partida ideal para qualquer projeto de
arquitetura, este livro trata de aspectos específicos do projeto,
como materiais, acústica e iluminação, de dados gerais de projeto
sobre as dimensões humanas (ergonomia e ergometria) e de
necessidades espaciais. A obra fornece as exigências básicas para
projetos considerando as mudanças de comportamento, climáticas
e necessidades da sociedade, como projetar para áreas sujeitas a
enchentes, inclusão de práticas de projeto sustentável, etc.

FILME/VÍDEO
Título: Intocáveis
Ano: 2012.
Sinopse: Em Intocáveis, Philippe (François Cluzet) é um aristocrata
rico que, após sofrer um grave acidente, fica tetraplégico.
Precisando de um assistente, ele decide contratar Driss (Omar
Sy), um jovem problemático que não tem a menor experiência em
cuidar de pessoas no seu estado. Aos poucos, Driss aprende a
função, apesar das diversas gafes que comete. Philippe, por sua
vez, se afeiçoa cada vez mais ao jovem por ele não o tratar como
um pobre coitado. De pouco em pouco a amizade entre ambos vai
se estabelecendo, conhecendo melhor um o mundo do outro.

UNIDADE IV Acessibilidade 73
REFERÊNCIAS

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS: Acessibilidade e edifica-


ções, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. 2020. Disponível em: https://www.
caurn.gov.br/wp-content/uploads/2020/08/ABNT-NBR-9050-15-Acessibilidade-emen-
da-1_-03-08-2020.pdf. Acesso em: 24 mar. 2022.

ABRAHÃO, J.; SZNELWAR, L.; SILVINO, A.; SARMET, M.; PINHO, D. Introdução à Ergo-
nomia – da prática à teoria. São Paulo: Blucher, 2009.

BERGO, T. R. Inserção da pessoa com deficiência na sociedade com ênfase no mercado


de trabalho. Encontro de Iniciação Cientifica. Faculdades Integradas Antônio Eufrásio de
Toledo Presidente Prudente, SP. 2012.

FERNANDES, L. Biotipo: Quais são os fatores fisiológicos e antropométricos determi-


nantes no desempenho de escaladores? Blogdescalada, 2020. Disponível em: https://
blogdescalada.com/biotipo-quais-sao-os-fatores-fisiologicos-e-antropometricos-determi-
nantes-no-desempenho-de-escaladores/ Acesso em 22 fev. 2022.

FREITAS, F. 7 tipos de acessibilidade para tornar nossa sociedade mais inclusiva. 2020.
Disponível em: http://fundacaodorina.org.br/blog/sete-tipos-de-acessibilidade/. Acesso em:
23 mar. 2022.

GARCIA. Panorama da inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho no


brasil. 12 edição. Rev. Trab. Educ. Saúde, 2014.

GIBBS, J. Design de Interiores – Guia Útil para Estudantes e Profissionais. Editora Gusta-
vao Gilli. Barcelona, 2009.

IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher, 2010.

LITTLEFIELD. Manual do Arquiteto: Planejamento, Dimensionamento e Projeto. São


Paulo: ARTMED Editora S.A. 2011.

NEUFERT, E. A arte de Projetar em Arquitetura. 13º Ed. Editorial Gustavo Gili, S.A. São
Paulo, 1998. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5696284/mod_re-
source/content/0/NEUFERT.pdf. Acesso em: 23 fev. 2022.

74
ORSELLI, O. Conceito da Ergonomia do IEA – International Ergonomics Society. 2016.
Disponível em: https://mundoergonomia.com.br/16-03-2016-conceito-de-ergonomia-do-
-iea-international-ergonomics-society/ Acesso em: 17 fev. 2022.

PASSOS; GUSMÃO. A contribuição da ergonomia na acessibilidade do trabalhador com


deficiência no ambiente corporativo. 2019. Disponível em: https://periodicos.set.edu.br/
ideiaseinovacao/article/view/7916/3566. Acesso em: 24 mar. 2022.

PENERO, J.; ZELNIK, M. Dimensionamento humano para espaços interiores. Barcelona:


Editorial Gustavo Gili, 2008.

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA: Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência


(Estatuto da Pessoa com Deficiência). 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em: 10 mar. 2022.

SILVA, L. Ergonomia e acessibilidade como meio de inserção de pessoas com deficiência


no mercado de trabalho. Área temática: Gestão da Saúde e Segurança Ocupacional e
Ergonomia. XII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO, 29 e 30 de
setembro de 2016. Disponível em: http://www.inovarse.org/. Acesso em: 10 mar. 2022.

SILVA, P.; SILVA, F.; PASCHOARELLI, L. Design Ergonômico: estudos e aplicações. São
Paulo, 2010.

TAMANHOS padrão de móveis. Drawing, 2016. Disponível em: https://chertezh.by/stan-


dartnye-razmery-mebeli/ Acesso em: 25 fev.2022.

VANÍCOLA, M.; MASSETTO, S.; MENDES, E. Biomecânica Ocupacional – uma revisão


de literatura. 2004. Disponível em: https://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_cien-
cias_saude/article/view/480/329 Acesso em: 24 fev. 2022.

VILLAR, M. T. Ergonomia no trabalho. São Paulo: Editora Best Seller, 2018.

75
CONCLUSÃO GERAL

Prezado (a) aluno (a),

Neste material, busquei trazer para você os principais conceitos do Design e da


Ergonomia. Abordamos suas definições, aplicações e seus princípios. Acreditamos que
tenha ficado claro para você o quanto é importante para a área do Designer compreender a
importância desses fatores na hora de se projetar. Em primeiro momento, destacamos fatos
históricos que estão presentes até hoje.
Destacamos também o estudo da Antropometria e da Biomecânica aplicados no
Design, visto que, são estudos relacionados ao homem e suas dimensões corporais. Que,
para o Designer, é de grande necessidade conhecer seu principal usuário: o homem.
Após entendermos sobre as proporções humanas e a influência destas, levantamos
dimensões mínimas necessárias para o homem habitar sua residência. Então, colocamos
em “prática” toda a teoria que vimos no início do conteúdo. Dissertamos sobre áreas de estar,
banheiros, cozinhas e dormitórios. Sobre a movimentação do usuário em seus espaços,
sobre os móveis necessários e como essa logística funciona de uma maneira ergonômica.
Na última unidade, abordamos de uma forma geral a aplicação do Design na
acessibilidade. A importância de possuir um olhar sensível e produzir uma arquitetura
inclusiva. Destacamos normas e parâmetros necessários para atender todos os usuários.
Ao pensarmos em Design e Ergonomia, precisamos lembrar do ponto principal: o
ser humano. O estudo primordial dessa disciplina se resume nas relações antropométricas
(homem) com o habitar, viver, morar.
A partir de agora acreditamos que você já está preparado para seguir em frente,
estudando ainda mais o usuário, para assim aperfeiçoar suas habilidades projetuais e
futuramente realizar projetos funcionais, inclusivo e sensíveis.

Até uma próxima oportunidade. Muito obrigado!

76
+55 (44) 3045 9898
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CEP 87.702-200 - Paranavaí - PR
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