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Topografia e

Georreferenciamento
Professor Especialista Orlando Donini Filho
2022 by Editora Edufatecie
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D683t Donini Filho, Orlando

Topografia e georreferenciamento / orlando Donini Filho.


Paranavaí: EduFatecie, 2022.
136 p.: il. Color.

1. Topografia. 2. Medição de superfícies. 3. Geodésia.


I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a
Distância. III. Título.

CDD: 23 ed. 526.9


Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577

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Caroline da Silva Marques
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Geovane Vinícius da Broi Maciel
Jéssica Eugênio Azevedo
Kauê Berto

Projeto Gráfico, Design e


Diagramação
André Dudatt
Carlos Firmino de Oliveira
AUTOR

Professor Esp. Orlando Donini Filho


● Graduação em Licenciatura (2011).
● Bacharelado (2015) em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá.
● Pós-Graduação em Georreferenciamento de Imóveis Rurais pelo Departamento
de Engenharia Civil na Universidade Estadual de Maringá (2014).
● Atualmente é docente na instituição: Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte
do Paraná - UniFatecie ministra as disciplinas de Topografia e Geoprocessamento;
● Docente na UNINGÁ ministra as disciplinas de Topografia, Geoprocessamento e
Georreferenciamento.
● Diretor Técnico da Empresa ImageAgro Monitoramentos, profissional na área de
Meio Ambiente e Geotecnologias.
● Experiência na área de Geociências, com ênfase em Geocartografia, Topografia,
Geomorfologia, Geoprocessamento, Sensoriamento Remoto e Hidrologia.

CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/6252381357517520


APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Seja muito bem-vindo (a)!

Prezado (a) aluno (a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, isso
já é o início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora. Proponho,
junto com você construir nosso conhecimento sobre a topografia e o georreferenciamento,
ou seja, o conjunto de princípios, métodos, aparelhos e convenções utilizados para a
determinação dos contornos, dimensões e da posição relativa de uma faixa da superfície
terrestre. Além de conhecer seus principais conceitos e definições vamos explorar as mais
diversas aplicações de utilizar a topografia e o georreferenciamento dentro da engenharia.
Em cada unidade, você conhecerá um pouco da topografia e georreferenciamento,
sendo os seguintes temas:
● Na unidade I vamos conhecer Introdução a Topografia e ao Sistemas de
Referências, sendo os mesmos estudados a geodésia e a cartografia.
● Já na unidade II você irá saber mais sobre Planimetria e Altimetria.
● Na sequência, na unidade III falaremos a respeito Geoprocessamento, Sistema
de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto.
● Em nossa unidade IV, vamos finalizar o conteúdo dessa disciplina com Sistema
Global de Navegação por Satélite (GNSS) e Georreferenciamento.

Nos encontramos durante as unidades da apostila, bons estudos.


SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 3
Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências

UNIDADE II.................................................................................................... 28
Planimetria e Altimetria

UNIDADE III................................................................................................... 54
Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica e
Sensoriamento Remoto

UNIDADE IV................................................................................................... 86
Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) e
Georreferenciamento
UNIDADE I
Introdução a Topografia e
ao Sistema de Referências
Professor Esp. Orlando Donini Filho

Plano de Estudo:
● Introdução a Topografia;
● Geodésia;
● Cartografia.

Objetivos da Aprendizagem:
● Estabelecer a importância dos levantamentos topográficos
e como eles podem ser realizados;
● Conceituar as dimensões da Terra, a posição de pontos da terra
sobre sua superfície e a modelagem no campo de gravidade;
● Conceituar e analisar a produção mapas, plantas, gráficos
e tabelas de uma determinada localidade.

3
INTRODUÇÃO

Olá acadêmicos (as).

A Topografia é a base de todo projeto de engenharia. Ela é responsável por mensurar


uma porção da área de estudos para projetos de engenharia (civil, agrícola, urbanística e
ambiental), no qual obtém informações sobre a dimensão (área e perímetro) e a forma de
relevo (altimetria).
Nesta unidade iremos conhecer os conceitos de Topografia e suas aplicações nas
áreas de engenharia. Após os conceitos básicos, aprofundaremos no estudo da Geodésia
(estudo da forma e dimensões da Terra), e da Cartografia (confecção de plantas, cartas ou
mapas). Assuntos fundamentais para estudo da localização geográfica e de referência para
todo o conteúdo das unidades.

A todos, um excelente estudo!

UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 4


1. INTRODUÇÃO A TOPOGRAFIA

A Topografia (do grego topos (lugar) e graphein (descrever), é a ciência aplicada


com o objetivo de representar uma porção do terreno numa folha. A Topografia permite a
representação da forma, posição e suas dimensões (figura 1):
● A representação da forma do terreno, refere-se sobre o relevo, em que aparecerão
os contornos, elevações e depressões do terreno;
● Na posição, será registrado a sua localização (local da porção do terreno) e das
benfeitorias existentes e dos detalhes que estão em seu interior (cercas, postes,
bueiros, árvores, rios, vales, etc.);
● Das dimensões, refere-se dos limites da propriedade e as suas dimensões
(área e perímetro).

UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 5


FIGURA 1 - PLANTA TOPOGRÁFICA

Fonte: O autor (2022).

1.1 Divisão da Topografia


A figura 2, mostra a divisão da Topografia.

FIGURA 2 - DIVISÕES DA TOPOGRAFIA

Fonte: O autor (2022).

UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 6


● Topometria: estuda os processos clássicos de medição de distâncias, ângulos
e desníveis, cujo objetivo é a determinação de posições relativas de pontos. A
topometria é dividida em planimetria e altimetria.
● Topologia: estudo e representação das formas do relevo.
● Planimetria: as informações advêm do levantamento planimétrico, cujo determina
a posição planimétrica dos pontos levantados, ou seja, suas coordenadas planas
(X e Y ou Latitude e Longitude).
● Altimetria: as informações advêm do levantamento altimétrico, onde determina
a posição altimétrica dos pontos levantados, ou seja, a sua altitude ou cota
(coordenada Z).

1.2 História da Topografia


FIGURA 3 - DOIS AGRIMENSORES MEDINDO O CAMPO COM A TRENA ENROLADA NO
BRAÇO, PARA ESTIMAR A COLHEITA E CALCULAR A PARTE QUE CABE AO FARAÓ.

Fonte: APAIXONADOS POR HISTÓRIA. Empregos no Egito Antigo – Parte I. 2018. Disponível em: https://
apaixonadosporhistoria.com.br/artigo/96/empregos-no-egito-antigo-parte-1. Acesso em: 06 out. 2022.

Na Idade Antiga (de 4.000 a.C a 476 d.C), obtém registros históricos de que a
agrimensura é umas das velhas artes praticadas pelo homem. Os mais antigos vestígios
da aplicação da agrimensura, remonta ao Antigo Egito. Heródoto (1.400 a.C.), descreve em
seus apontamentos, os trabalhos de demarcação de terra às margens do rio NiloS. A figura
3 representa o trabalho do agrimensor, um funcionário nomeado pelo faraó com a tarefa de
avaliar os prejuízos das cheias e restabelecer as fronteiras entres as diversas propriedades,
como também estivar a colheita e calcular a parte que cabe ao faraó.
Essas civilizações desenvolveram técnicas de agrimensura, não apenas na
preocupação com o posicionamento e registro do ambiente, mas também com a implantação
de um projeto, ou seja, a locação de uma obra já planejada, como nas grandes construções
de aquedutos, açudes, diques e canais de irrigação (TULER e SARAIVA, 2013).

UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 7


FIGURA 4 - PONTE DO AQUEDUTO DE SEGÓVIA

Fonte: Tuler e Saraiva (2014).

Para diversas aplicações topográficas, os romanos utilizavam três instrumentos


de medida, a groma, dioptra e o chorobate (figura 5). “A groma é um esquadro óptico ou
esquadro de agrimensor que divide o espaço em quatro quadrantes e serve para o traçado
de linhas retas e ângulos retos”. A dioptra é um instrumento de medida angular através de
operações de visadas goniométricas horizontais servindo para nivelamentos de terrenos,
agrimensura, aqueodutos, entre outros e o chorobate é um equipamento que permite a
medida de diferença de nível entre pontos”.

FIGURA 5 - (A) - GROMA; (B) - DIOPTRA; (C) - CHOROBATE

Figura (A)

Fonte: KAPPA, F. La Groma. 2020. Disponível em https://www.giornalelavoce.it/la-groma-383233. Acesso


em: 11 out. 2022.

UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 8


Figura (B)

Fonte: A) Venturi, 1814 e Vincent, 18586. B) Schöne, 18992.

Figura (C)

Fonte: O Chorobate. Disponível em https://arenes-webdoc.nimes.fr/en/construction/build/in-all-its-splen-


dor/a-surveyor-s-tools/the-chorobate/. Acesso em: 11 out. 2022.

Nesta época a prática de medição e representação do ambiente foi denominado


pelos gregos de Topografia (topo = lugar ou ambiente; grafia = desenho ou representação
gráfica), utilizando esta ciência para o posicionamento, registro do ambiente, implantação
e locação de uma obra. Como também surgiu a Geodésia, ciência que estuda e objetiva
determinar a forma e dimensões da Terra.
A Cartografia, ciência que trata da representação cartográfica de uma extensa área
terrestre, em um plano horizontal, ou seja, a confecção de mapas para registrar as conquistas
obtidas e estudar estratégias de combate obtendo um grande avanço nesta ciência.
A partir da época da Idade Média (476 d.C a 1453 d.C) ao mundo contemporâneo (dias
atuais), ocorreu o surgimento de novos equipamentos e uma nova era referente a Topografia.

UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 9


Primeiramente a expansão marítima europeia, ocorrido no século XV, foi um
passo inicial para a revolução comercial entre as nações e na transposição dos mares. Os
navegadores para não perder a orientação, utilizaram o Astrolábio (figura 6), utilizado para
medir a posição das estrelas, determinando o seu posicionamento. Isto ocorreu devido aos
avanços na Cartografia e Astronomia.

FIGURA 6 - ASTROLÁBIO

A partir da Revolução Industrial, século XVIII e XIX, os instrumentos topográficos


passaram por modernizações. O italiano Ignazio Porro inventou o taqueômetro, utilizado
para a medida de ângulos e distâncias horizontais e verticais de um terreno. Outro fator
importante que ocorreu, foi o estudo da fotogrametria, criado pelo por Aimé Laussedat, que
obtém medidas de distâncias e dimensões do terreno através da fotografia, extraindo o
levantamento da topografia e altimetria do ambiente (TULER e SARAIVA, 2013).
No século XX, pelo aparecimento da informática e da eletrônica, os equipamentos
mecânicos foram substituídos pelos eletrônicos. O aparecimento do medidor eletrônico de
distância (MED), aumentou a precisão das distâncias, de centímetros para milímetros.
Atualmente os equipamentos utilizados pelos engenheiros agrimensores para
a extração de informações tridimensionais do ambiente são: Estação Total, Sistema de
Navegação Global de Satélites (GNSS), Nível Digital, Laser Scanner e Drones (figura 7).

UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 10


FIGURA 7

(A) Teodolito Eletrônico

(B) Nível

(C) Estação Total

UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 11


(D) Receptor Geodésico

(E) Drone

1.3 Equipamentos Topográficos


Neste capítulo, discutiremos os principais equipamentos utilizados pelo topógrafo
para a coleta e processamento dos dados coletados.

1.3.1 Teodolito Eletrônico


Teodolito é um equipamento topográfico utilizado na Topografia, Geodésia e
Agrimensura, que destina fundamentalmente a medir ângulos horizontais e verticais, porém
pode obter distâncias horizontais e verticais por meio da taqueometria.

UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 12


Os teodolitos possuem dois modelos, um ótico-mecânico e o eletrônico. A diferença
entre estes teodolitos consiste na substituição do leitor ótico de um círculo graduado por um
sistema de captores eletrônicos, os ângulos aparecem no display do equipamento.
A norma NBR 13133 (ABNT, 1994), classifica os teodolitos de acordo com o desvio
padrão da precisão angular. Conforme a tabela abaixo:

TABELA 1 - CLASSIFICAÇÃO DOS TEODOLITOS

DESVIO PADRÃO DA
CLASSE DOS TEODOLITOS
PRECISÃO ANGULAR
Precisão baixa ≤ ± 30”
Precisão média ≤ ± 07” Precisão alta
Precisão alta ≤ ± 02”

Fonte: NBR 13133 (ABNT, 1994).

Na realização de um levantamento topográfico (descrição de um lugar), necessitamos


da medição dos ângulos e distâncias horizontais e verticais para determinar sua área total
e forma do relevo (planície, montanhoso, planalto, relevo ondulado).

1.3.2 Estação Total


A estação total, trata-se da combinação dos recursos do teodolito eletrônico, um
distanciômetro eletrônico, um microprocessador e um sistema de armazenamento dos
dados (TULER e SARAIVA, 2014), ou seja, os ângulos e distâncias horizontais e verticais
são obtidas no momento da medição e armazenados no sistema.
Os dados obtidos no levantamento são armazenados no sistema e são descarregados
no computador (usb ou bluetooth) e manuseados em softwares específicos de Topografia.
Atualmente as estações totais é o equipamento mais frequentes nas obras, de
fato substituindo o teodolito, por realizar os trabalhos de levantamentos topográficos mais
rápidos, confiáveis e precisos. Utilizado nas obras civis, monitoramento de estruturas,
topografia, terraplenagem, locação, mineração, entre outros.
A norma NBR 13133 (ABNT, 1994), classifica as estações totais de acordo com o
desvio padrão da precisão angular e linear. Conforme a tabela abaixo:

UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 13


TABELA 2 - CLASSIFICAÇÃO DAS ESTAÇÕES TOTAIS
CLASSE DAS DESVIO PADRÃO DESVIO PADRÃO
ESTAÇÕES TOTAIS PRECISÃO ANGULAR PRECISÃO LINEAR
Precisão baixa ≤ ± 30” ± (5mm + 10 ppm x D)
Precisão média ≤ ± 07” ± (5mm + 5 ppm x D)
Precisão alta ≤ ± 02” ± (3mm + 3 ppm x D)

Fonte: NBR 13133 (ABNT, 1994, p. 06)

1.3.3 Nível
O nível é um equipamento utilizado na topografia, na demarcação de terraços,
nivelamento de terrenos, entre outros. O objetivo deste equipamento é determinar a diferença de
nível entre dois pontos a partir de leituras em miras topográficas (réguas de 4 metros graduada
de centímetro em centímetro). As principais partes de um nível são: luneta, nível de bolha,
sistemas de compensação (para equipamentos automáticos) e dispositivos de calagem, mais
os acessórios como tripé (base de sustentação ao equipamento) e a mira topográfica.

FIGURA 8 - NÍVEL ÓPTICO E A MIRA TOPOGRÁFICA EM FORMA


DE RÉGUA GRADUADA;

Quanto ao funcionamento, os equipamentos podem ser classificados em ópticos,


digitais e a laser. Nos digitais, a leitura na mira é efetuada automaticamente empregando
miras em código de barra. Nos níveis lasers, o equipamento lança um feixe de raios laser
no plano horizontal, invisível ou visível, e em 360°. Este feixe pode ser captado por um
sensor acoplado, ou a uma mira, ou a alguma máquina de terraplanagem. Se visível, o feixe
pode ser visto diretamente sobre a mira.

UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 14


A operação topográfica para a determinação da diferença de nível entre dois pontos
é denominada de nivelamento geométrico, a norma NBR 13133 define como:
Nivelamento que realiza a medida da diferença de nível entre pontos do
terreno por intermédio de leituras correspondentes a visadas horizontais,
obtidas com um nível, em miras colocadas verticalmente nos referidos pontos
NBR 13133 (ABNT, 1994).

A norma NBR 13133 (ABNT, 1994), classifica os níveis com o desvio padrão de 1
km de duplo nivelamento. Conforme a tabela abaixo:

TABELA 3 - CLASSIFICAÇÃO DOS NÍVEIS


CLASSE DE NÍVEIS DESVIO – PADRÃO
Precisão baixa > ± 10 mm/km
Precisão média ≤ ± 10 mm/km
Precisão alta ≤ ± 3 mm/km
Precisão muito alta ≤ ± 1 mm/km
Fonte: NBR 13133 (ABNT, 1994, p. 06).

1.3.4 Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS)


O Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS), nome concebido em 1991,
durante a 10ª conferência de Navegação Aérea. O GNSS é um sistema de constelação de
satélites que orbitam a Terra a grande altitude que emitem continuamente sinais de rádio, onde
o receptor é um equipamento capaz de ler as informações emitidas pelos satélites em órbita,
determinando sua posição tridimensional, ou seja, sua latitude, longitude e altitude em qualquer
superfície terrestre e independentemente do estado atmosférico (ALVES e MONICO, 2011).
Para o melhor entendimento da utilização desta tecnologia, utilizaremos como
exemplo o sistema criado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, o pioneiro
a implementar um sistema de posicionamento e navegação à escala global, designado de
NAVSTAR/GPS (NAVgation System with Time And Ranging/ Global Positioning System).

FIGURA 9 - SISTEMA DE NAVEGAÇÃO GLOBAL POR SATÉLITES (GNSS)

UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 15


O sistema GPS, implementado na década de 70, a sua utilização inicial foi para fins
de uso militar (navegação e geodésia) e, consequentemente, para o uso da comunidade
civil (Topografia). Este sistema é constituído por três componentes ou segmentos que são:
o segmento espacial, de controle e o terrestre (ou usuário).
O segmento espacial, formado pelos vários satélites operacionais. Estão numa
altitude de 20.200 km, dispostos em seis planos orbitais diferentes, com uma inclinação de
55° relativamente ao plano do equador com quatro a cinco satélites por plano orbital. Cada
satélite completa uma órbita em cerca de 12 horas. Os sinais enviados pelos satélites, são
ondas em duas frequências de rádio. A onda portado L1 com uma frequência de 1575,42
MHz modulados com o código C/A (coarse acquisition), e a onda portadora L2 com uma
frequência de 1227,60 MHz (MCCOMARK, 2016).
O Segmento de controle são estações terrestres, responsáveis pelo fornecimento
de informação aos satélites e seu monitoramento. O segmento terrestre (ou do utilizador),
formado pelos diferentes tipos de receptores de uso civil e militar, sendo o equipamento
responsável pela captação das ondas de rádio e da descodificação das mensagens emitidas
pelos satélites, determinando a sua posição. (MONICO, 2008).
O sistema GPS é agora parte do Sistema de Posicionamento Global por Satélites
(GNSS), o GNSS russo é denominado GLONASS (Global Naya Navigatsionnaya Sputnikova
System). O GALILEO é o GNSS construído pela União Europeia (UE), a China o sistema
COMPASS. Como explica Mccomark (2016, p. 251), “A União Europeia, assim como a
Rússia, decidiu desenvolver seu próprio sistema de posicionamento independente, de
modo que ela não tenha que confiar em um sistema que não esteja em seu controle”.
O topógrafo utiliza esta tecnologia para levantamentos topográficos,
georreferenciamento, construção e rodovias. Sendo a principal ferramenta para obter pontos
geodésico de alta precisão para o referenciamento do levantamento ao sistema de referência
vigente do país. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística é o órgão responsável pela
especificação e normas gerais para levantamentos geodésicos no território brasileiro.

1.3.5 Fotogrametria com Drones ou Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs)


A fotogrametria, ASP apud Tempa (2000, p. 02) “é a arte, ciência e tecnologia de obter
informações de confiança sobre objetos e do meio ambiente com o uso de processos de registro,
medições e interpretações das imagens fotográficas e padrões de energias eletromagnética
registrados”. Já a fotogrametria digital é uma tecnologia com objetivo de aquisição de
informações geométricas, radiométricas e semânticas de objetos no espaço tridimensional, a
partir de imagens digitais bidimensionais (HEIPKE, 1995 apud PREOSCK, 2006).

UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 16


A aplicação da fotogrametria pode ser dividida em fotogrametria métrica e/
ou interpretativa. A fotogrametria interpretativa está relacionada ao reconhecimento e
identificação de objetos e o julgamento do seu significado, como o estudo da localização,
condições de estradas, rios, natureza do uso do solo, vegetação, hidrografia, agricultura,
entre outras aplicações. A fotogrametria métrica, consiste em determinar o posicionamento
relativo de pontos (coordenadas geodésicas), sendo possível determinar (em razão das
técnicas de processamento da fotogrametria), as distâncias, ângulos, áreas, volumes,
elevações, tamanho real do objeto, como também a elaboração de cartas planialtimétricas,
mosaicos e ortofotos (TEMBA, 2000).
Na fotogrametria, possui um estudo relacionado a Fotogrametria aérea (ou
aerofotogrametria), na qual as fotografias do terreno são tomadas por uma câmara de
precisão montada em uma aeronave ou Drone.
Drone é um veículo aéreo não tripulado e controlado remotamente, sendo utilizados
pelas empresas atualmente para mapeamento interpretativa e/ou métrica. São equipamentos
de médio a baixo custo, sendo mais acessível aos profissionais e empresas que utilizam a
fotogrametria aérea para a realização dos serviços técnicos da agrimensura e engenharia.

FIGURA 10 – AEROFOTOGRAMETRIA

UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 17


2. GEODÉSIA

Os sistemas de referência, são utilizados para descrever as posições de objetos.


Quando é necessário identificar a posição de uma determinada informação na superfície
da Terra são utilizados os Sistemas de Referência Terrestres ou Geodésicos. Estes por sua
vez, estão associados a uma superfície que mais se aproxima da forma da Terra.

2.1 Formas da Terra


Já é sólido o conhecimento de que a Terra possui um formato arredondado, mais
precisamente possui a forma de um geoide, forma arredondada com diversas irregularidades
em sua superfície. Os mapas são, em sua grande maioria, representações de elementos da
superfície terrestre confeccionados sobre uma superfície plana. Mas como se representa
algo redondo em uma superfície plana? É nesse contexto que surgem as projeções
cartográficas, as quais serão apresentadas no próximo item.
Há séculos, sabe-se que a Terra não é uma superfície plana, mas sim um corpo
esférico não perfeito, de forma arredondada, um geoide. Por ser esférica, a representação
de elementos distribuídos por sua superfície em um plano resulta em distorções inevitáveis.
Para melhor trabalhar essas distorções adotou-se uma figura mais próxima do formato da
Terra e mais fácil de ser trabalhada matematicamente, o elipsoide de revolução (IBGE).

UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 18


FIGURA 11 - COMPARAÇÃO ENTRE O GEOIDE, ESFERA PERFEITA
O ELIPSOIDE DE REVOLUÇÃO

Fonte: ESPECIFICAÇÕES PARA PRODUÇÃO DE DADOS GEOGRÁFICOS. Sistema geodésico de


referência e Datum. 2018. Disponível em: https://bit.ly/3s9sVVL. Acesso em: 29 de abril de 2022.

A figura 11, mostra três formas de representação da Terra, para o trabalho do


geoprocessamento diz respeito ao uso de sistemas de referência, tema a ser discutido no
próximo tópico.

UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 19


3. CARTOGRAFIA

Primeiramente, cabe-nos definir o conceito de cartografia. No sentido etimológico


da palavra, cartografia deriva do grego (carta+o+gr gráphō), vem a ser o registro das
cartas, dos mapas. A palavra mapa (mappa) tem origem na civilização cartaginesa, que
denominava “toalha de mesa”, em que eram feitos os registros de rotas de comerciantes
dessa civilização. Já a denominação carta, tem origem egípcia, e tem como referência
o papel (ROSA, 2004). Alguns autores tratam os termos mapa e carta como sinônimos,
porém veremos adiante as diferenças entre esses tipos de representação cartográfica.
Ainda, a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, conceitua as cartas
e mapas como:
Representação gráfica sobre uma superfície plana, dos detalhes físicos,
naturais e artificiais, de parte ou de toda a superfície terrestre - mediante
símbolos ou convenções e meios de orientação indicados, que permitem
a avaliação das distâncias, a orientação das direções e a localização
geográfica de pontos, áreas e detalhes -, podendo ser subdividida em folhas,
de forma sistemática, obedecido um plano nacional ou internacional. Esta
representação em escalas médias e pequenas leva em consideração a
curvatura da Terra, dentro da mais rigorosa localização possível relacionada
a um sistema de referência de coordenadas (ABNT, 1994, p. 02).

UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 20


REFLITA

O objetivo da cartografia é representar de forma gráfica (símbolos) elementos espaciais, que


se manifestam no espaço geográfico (elementos físicos, sociais ou econômicos), com o intuito
de fornecer ao leitor informações mais próximas à realidade espacial, com determinado grau
de generalização estabelecido (escala), o qual possa fornecer aos usuários informações
quanto a localização, distâncias e dimensão dos atributos apresentados.

Fonte: O autor (2022).

3.1 Projeção cartográfica


Com o intuito de possibilitar a representação da superfície terrestre em um plano,
desenvolveu-se as projeções cartográficas, que podem ser conceituadas como um conjunto
de técnicas e formas que possibilitam a representação da superfície terrestre em mapas,
de forma a diminuir ao máximo as distorções. As projeções cartográficas são um conjunto
de linhas (paralelos e meridianos) que formam uma grade sobre a qual são representados
os atributos espaciais.
As projeções cartográficas estão baseadas em cálculos matemáticos complexos,
que possibilitam a transferência de pontos notáveis da superfície terrestre utilizando figuras
geométricas como superfícies de projeção (FITZ, 2008).
Em relação à superfície de projeção, as projeções cartográficas podem ser
classificadas como cilíndricas, azimutal (ou plana) e cônica.

FIGURA 12 - TIPO DE SUPERFÍCIES DE PROJEÇÃO

UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 21


As projeções também podem ser classificadas em relação às distorções que
apresentam, nesse sentido dividem-se em conformes (ou isogonais), equidistantes,
equivalentes (ou isométricas) e afiláticas (ou arbitrárias). As projeções também podem
ser classificadas em relação à posição da superfície de projeção, podendo ser equatoriais
(normais ou diretas), polares, transversas e oblíquas.

REFLITA

As projeções cartográficas mostram uma faceta poderosa da cartografia. Ao escolher a


projeção cartográfica a ser utilizada, o produtor do mapa pode realçar atributos que seja
de seu interesse, ou até mesmo esconder ou diminuir elementos, assim, influenciando
os leitores dos mapas. Com isso, percebe-se o poder da cartografia.

Fonte: O autor (2022).

3.2 Sistema UTM


O sistema UTM segue as características de uma projeção conforme, cilíndrica,
trans- versa e secante. O sistema UTM segue as características de uma projeção conforme,
cilíndrica, transversa e secante.
O sistema de UTM permite o posicionamento de qualquer ponto na superfície terrestre.
A figura 13 demonstra a divisão do sistema, o mundo está́ dividido em 60 fusos, e cada um
se estende por 6° de longitude com um meridiano central se dividindo em duas partes de 3°
de amplitude, numerados de 1 a 60 a partir do antimeridiano de Greenwich. No sentido Norte-
Sul, a divisão é feita em segmentos de 8° de amplitude da latitude, adotando-se letras de “C”
a “X”, excluindo-se “I” e “O” (zonas). O uso da projeção UTM é verificado entre os paralelos
84° N e 80° S, pois a distorção nos polos é muito grande (TULLER e SARAIVA, 2016).

UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 22


FIGURE 13 - FUSOS E ZONAS UTM

Fonte: COMMONS WIKIMEDIA. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/w/index.


php?curid=1601744. Acesso em: 10 out. 2022.

A unidade das coordenadas é o metro tendo como origem o Equador e o Meridiano


Central. No hemisfério Sul, o sistema possui o valor 10.000.000,00 m no Equador para a
coordenada Norte, decrescendo para o Sul. E o valor 500.000,00 m no Meridiano Central
para a coordenada Leste, decrescendo para Oeste e crescendo para Leste.
No hemisfério Norte, o sistema difere apenas na coordenada Norte, possuindo o
valor de 0,00 m no Equador, crescendo para o Norte.
As Coordenadas UTM definem posições bidimensionais e horizontais. A figura 15
mostra as coordenadas representadas em cada fuso.

UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 23


FIGURA 14 - COORDENADAS UTM

Fonte: Tuller e Saraiva (2014).

No Brasil, possui 8 fusos do sistema UTM. Os fusos variam do 18 ao fuso 25. O


que isto quer dizer para o mapeamento? Quando você estiver realizando um levantamento
topográfico utilizando o receptor geodésico, você configura o equipamento para registrar
as coordenadas no sistema UTM. Por isso, a região que estiver mapeando, deve estar
configurado no fuso que a representa. Por exemplo, em Paranavaí – Pr, o fuso utilizado é o
22, já em Cuiabá – MT usa-se o fuso 21.

UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 24


FIGURA 15 - FUSOS E ZONAS UTM NO BRASIL

Fonte: Tuller e Saraiva (2013).

UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 25


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, apresentamos os principais conceitos da Topografia e sua


importância nos projetos de engenharia. Você já sabe a diferença dos levantamentos
planimétricos e altimétricos, também como os equipamentos utilizados para a obtenção
de dados da área de estudo.
As informações levantadas, são pontos coletados com os equipamentos topográficos
para obtenção de suas coordenadas, no qual apresentamos nesta unidade os conceitos e
formas da representação da Terra.
Como o produto final de um levantamento topográfico é a planta topográfica, e para
gerar a planta, foram discutidos as projeções cartográficas e o sistema UTM.
Estes são os principais temas, para aprender a topografia e ser um profissional da
área de agrimensura. Um campo técnico em expansão e utilizadas em diversos trabalhos.
Já imaginou o potencial deste serviço?

UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 26


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Fundamentos de Geodésia e Cartografia
Autor: Marcelo Tuler
Editora: Bookman.
Sinopse: O livro apresenta os conceitos de sistemas de referência
e cartografia de forma simples e didática.

LIVRO
Título: Fundamentos de Topografia
Autor: Marcelo Tuler.
Editora: Bookman.
Sinopse: Livro didático demonstrando os principais aplicações e
métodos da Topografia

FILME/VÍDEO
Título: Topografia do Futuro: Técnicas, Processos e Desafios
Ano: 2016.
Sinopse: Este vídeo mostra a evolução dos equipamentos topo-
gráficos e as novas técnicas de levantamento.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=XV3fgbZmGGU

UNIDADE I Introdução a Topografia e ao Sistema de Referências 27


UNIDADE II
Planimetria e Altimetria
Professor Esp. Orlando Donini Filho

Plano de Estudo:
● Planimetria;
● Altimetria;
● Representação do Relevo.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar os conceitos e aplicações
dos levantamentos planialtimétricos;
● Compreender os tipos de levantamentos executados;
● Estabelecer a importância dos levantamentos
topográficos aos projetos de engenharia.

28
INTRODUÇÃO

As obras e projetos de engenharia que são executas como a construção de casas,


pontes, estradas, edifícios, loteamentos, túneis, redes de saneamentos entre outras, tem
que se conhecer a superfície (terreno) que será realizado o projeto. O conhecer o terreno,
queremos dizer, conhecer a topografia do terreno. Iremos aprender os métodos e processos
para realizar o levantamento topográfico e obter as informações das dimensões do terreno
(planimetria) e da sua forma do relevo (altimetria).
Será discutido e apresentado os métodos para realizar as medições de distâncias
horizontais e verticais, ângulos horizontais e verticais e orientação para determinar as
coordenadas topográficas da área de estudo para a elaboração da planta topográfica.

Desejo a você um excelente estudo!

UNIDADE III Planimetria


Introdução ae Topografia
Altimetria e ao Sistema de Referências 29
1. PLANIMETRIA

A topografia tem como o objetivo a determinação das dimensões e posição relativa


como também a forma do relevo referente a uma porção limitada do relevo.

UNIDADE III Planimetria


Introdução ae Topografia
Altimetria e ao Sistema de Referências 30
Neste tópico conheceremos as técnicas e processos relacionados ao estudo da
planimetria, ou seja, a determinação da posição planimétrica através do levantamento
planimétrico, conforme a NBR 13133 define:
Levantamento dos limites e confrontações de uma propriedade, pela
determinação do seu perímetro, incluindo, quando houver, o alinhamento da
via ou logradouro com o qual faça frente, bem como a sua orientação e a sua
amarração a pontos materializados no terreno de uma rede de referência
cadastral, ou, no caso de sua inexistência, a pontos notáveis e estáveis nas
suas imediações. Quando este levantamento se destinar à identificação
dominial do imóvel, são necessários outros elementos complementares, tais
como: perícia técnico-judicial, memorial descritivo, etc (NBR 13133, p. 03).

Analisando o conceito do levantamento planimétrico, nesta unidade iremos


descrever os principais conceitos da planimetria que são:
● Métodos de medições de distâncias horizontais;
● Métodos de medições de ângulos horizontais;
● Orientação;
● Memorial descritivo.

A partir destes conhecimentos, saberemos como realizar o mapeamento da área em


estudo para a determinação das suas dimensões como a sua orientação, elaborando como
produto final a planta topográfica planimétrica. No qual é utilizada para fins de aplicação de
usucapião, memorial descritivo, loteamentos, perícia técnico judicial, entre outros.

1.1 Métodos de medições de distâncias horizontais


A determinação das distâncias horizontais possui dois métodos, o método direto
e o indireto. Iniciaremos os conceitos pelo método direto e em seguida o método indireto.

1.1.1 Método direto


As distâncias são determinadas percorrendo-se o alinhamento, o equipamento
utilizado para a sua determinação é denominado diastímetro, conhecido como trena (figura 1).

UNIDADE III Planimetria


Introdução ae Topografia
Altimetria e ao Sistema de Referências 31
FIGURA 1 – TRENA

Na operação das medições das distâncias horizontais, deve-se mensurar e de ter-se o


cuidado de avaliar a projeção horizontal dos pontos considerados. Este cuidado das distâncias
horizontais se deve ao fato os alinhamentos são representados em um plano horizontal, para
que isso ocorra são utilizados a baliza para manter-se o alinhamento (figura 2).

FIGURA 2 - BALIZA TOPOGRÁFICA COM NÍVEL DE CANTONEIRA

Fonte: UFSC (2016).

A figura 3 e 4 mostra os cuidados e a forma correta a se mensurar a distância entre


o alinhamento. A partir desta boa prática evita erros de mensurações para a determinação
das distâncias entre dois pontos.

UNIDADE III Planimetria


Introdução ae Topografia
Altimetria e ao Sistema de Referências 32
FIGURA 3 - MÉTODO DE MEDIÇÃO DIRETA - LANCE ÚNICO

Fonte: UFPR (2012).

FIGURA 4 - MÉTODO DE MEDIÇÃO DIRETA, UTILIZANDO VÁRIOS LANCES

Fonte: UFPR (2012).

Os erros mais comuns das medições diretas são:


● Erro da verticalidade da baliza – refere-se à ocorrência de inclinar a baliza
para frente ou para trás. Para evitar este erro, utiliza-se o nível de bola acoplado
na baliza (figura 2)
● Erro de catenária – erro relacionado ao estender a trena com comprimento
nominal maior que 20 metros, ocasionado pelo peso da trena (figura 5).

UNIDADE III Planimetria


Introdução ae Topografia
Altimetria e ao Sistema de Referências 33
FIGURA 5 - ERRO DE CATENÁRIA

Fonte: Tuler (2014).

● Erro do comprimento nominal da trena;


● Erro da horizontalidade do diastímetro.

FIGURA 6 - ERRO DA HORIZONTALIDADE

Fonte: Tuler (2014).

Estas são os erros e a metodologia para a realização da medição de distâncias


horizontais pelo método direto.

UNIDADE III Planimetria


Introdução ae Topografia
Altimetria e ao Sistema de Referências 34
1.1.2 Método Indireto
A determinação das distâncias horizontais, são obtidas por meio de visadas
utilizando equipamentos no qual são determinadas sem percorrer o alinhamento. As
técnicas utilizadas são:
● Taqueometria;
● Medição eletrônica de distâncias;
● Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS).

1.1.2.1 Taqueometria
Os equipamentos utilizados para esta técnica são o teodolito e a mira topográfica,
que além de medir ângulos, acumula, também, a função de medir oticamente as distâncias
horizontais e verticais. São feitas as leituras processadas na mira com auxílio dos fios
estadimétricos, bem como o ângulo de inclinação do terreno, lido no limbo vertical do
aparelho (Dicionário inFormal)

FIGURA 7 – TEODOLITO E MIRA TOPOGRÁFICA.

A determinação da distância horizontal pela taqueometria utiliza as informações do


ângulo zenital e das leituras estadimétricas obtidas na mira topográfica.

UNIDADE III Planimetria


Introdução ae Topografia
Altimetria e ao Sistema de Referências 35
FIGURA 8 - CORRESPONDÊNCIA VISUAL

Fonte: Taqueometria (2016).

A fórmula da determinação da distância horizontal é a seguinte:


Dh = 100 × (Fs-Fi) × sen²Z , em que:
● Dh=Distância horizontal
● Fs e Fi = Fio superior e Fio inferior
● Z = ângulo zenital

1.1.2.2 Medição Eletrônica de Distâncias (MED)


A medição eletrônica de distâncias ou distânciometro eletrônico, baseia-se no
tempo que leva a onda eletromagnética para percorrer a distância de ida e volta, entre o
equipamento de medição e o refletor. O equipamento utilizado para esta metodologia é a
Estação Total e a baliza com o prisma.

FIGURA 8 – ESTAÇÃO TOTAL E PRISMA

UNIDADE III Planimetria


Introdução ae Topografia
Altimetria e ao Sistema de Referências 36
1.1.2.3 Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS)
O GNSS tem como objetivo, determinar sua posição, ou seja, as suas coordenadas
geográficas. A partir de pontos levantados com o GNSS, o alinhamento entre dois pontos
levantados, se obtém a informação da distância horizontal entre os pontos.

FIGURA 9 - GNSS

1.2 Método de medições de ângulos horizontais


Em relação aos ângulos medidos em Topografia, são classificados em:

1.2.1 Ângulos horizontais


Os ângulos horizontais são medidos em ângulos internos, externos e deflexão.

FIGURA 10 - 1. ÂNGULO INTERNO; 2. ÂNGULO EXTERNO; 3. DEFLEXÃO

2)
1)

3)

Fonte: Brandalize (2001).

UNIDADE III Planimetria


Introdução ae Topografia
Altimetria e ao Sistema de Referências 37
1.2.2 Ângulos verticais
Os ângulos verticais estão relacionados ao movimento da luneta do equipamento.
Os ângulos podem ser:
● Com origem no horizonte, no qual recebe o nome de ângulo vertical variando de
0° a 90° ascendente ou descendente.
● Com origem no Zênite, no qual recebe o nome de ângulo zenital, variando de
0° a 360°

FIGURA 11 - ÂNGULOS VERTICAIS OU ZENITAL

Fonte: UFPR (2012).

1.2.3 Ângulos de orientação


Os ângulos de orientação, está relacionado ao alinhamento da área mapeada
em relação ao Norte. Sabe-se que possuímos o Norte Geográfico e o Norte Magnético,
então deve-se saber qual dos sistemas está sendo utilizado no mapeamento, que tem
como referência a geração de informações de alinhamento para a geração de matrículas
de imóveis, faixas de servidão, entre outros.
A partir da orientação pelo Norte Magnético ou Norte Geográfico, assista o vídeo
Norte Verdadeiro, Norte Magnético e a Declinação Magnética (link: https://www.youtube.
com/watch?v=pT7Iu_S7Mxg) para sanar dúvidas sobre este conteúdo.

UNIDADE III Planimetria


Introdução ae Topografia
Altimetria e ao Sistema de Referências 38
Na Topografia, os ângulos de orientação são utilizados os Rumos e Azimutes. Os
Rumos são contados a partir da direção norte (N) ou sul (S) do meridiano (verdadeiro ou
magnético), no sentido horário ou anti-horário, variando de 0° a 90° e sempre acompanhados
da direção ou quadrante em que se encontram (NE, SE, SO, NO).
O Azimute (verdadeiro ou magnético) são contados a partir da direção norte (N) ou
sul (S) do meridiano, no sentido horário - azimutes à direita, ou, no sentido anti-horário -
azimutes à esquerda, variando sempre de 0° a 360°.
O vídeo intitulado ENGENHARIA TOPOGRAFIA (SURVEYING) - Tutorial Azimute
e Rumo (Azimuth and Bearing), link: https://www.youtube.com/watch?v=AWe5DdTCE8s,
explica sobre a conversão do Rumo e Azimute e os conceitos gerais. Não deixa de assistir
essas videoaulas.

FIGURA 12 - AZIMUTE E RUMO

Fonte: UFPR (2012).

1.3 Memorial descritivo


Documento necessário para descrever uma propriedade de terra, deve possuir dados
mínimos específicos como: nome do proprietário, localização e nome da propriedade (se existir).
No memorial deve-se haver um método de escrita mínimo elaborado por um
profissional técnico, no qual cita-se as dimensões do lote, através do perímetro, distâncias
e ângulos entre os alinhamentos, nome dos confrontantes de cada trecho e área total.
O vídeo “Memorial descritivo para topografia?” do autor Adenilson Giovanini
(link: https://www.youtube.com/watch?v=w3qJcbj8rfs) explica a importância do Memorial
descritivo na topografia, não deixa de assistir!!

UNIDADE III Planimetria


Introdução ae Topografia
Altimetria e ao Sistema de Referências 39
1.4 Métodos de levantamento planimétrico
Os tópicos anteriores, conhecemos os métodos para a determinação de medições
de ângulos e distâncias horizontais. A partir deste conhecimento, iniciaremos o conhecimento
do levantamento planimétrico, no qual representa o conjunto de processos e operações
para obter as informações da área de estudo e ser representado numa planta topográfica.
Para que um levantamento topográfico, ocorra com eficiência a sua execução, deve
ter no mínimo, as seguintes fases (ABNT, 2021):
● Planejamento e seleção de métodos e aparelhagem;
● Apoio Topográfico;
● Levantamento de detalhes;
● Cálculo e ajustes;
● Original Topográfico;
● Desenho Topográfico;
● Relatório Técnico.

Essas fases citadas acima são importantes para uma ótima execução do trabalho
e uma entrega de produto com qualidade. A seguir, iremos mostrar o método mais
empregado no levantamento topográfico planimétrico conhecido como poligonação
(caminhamento). Uma poligonal consiste em uma série de linhas consecutivas em que
são conhecidos os comprimentos e direções, obtidos através de medições em campo.
O levantamento de uma poligonal é realizado através do método de caminhamento,
percorrendo-se o contorno de um itinerário definido por uma série de pontos, medindo-se
todos os ângulos, lados e uma orientação inicial.
De acordo com a NBR 13133, a poligonal é classificada em poligonal fechada, aberta
e enquadrada. A poligonal fechada, parte de um ponto com coordenadas conhecidas e
retorna ao mesmo ponto (figura 13). Sua principal vantagem é permitir a verificação de erro de
fechamento angular e linear. Este tipo de levantamento é utilizado para medições de médias a
grandes áreas, sendo utilizado para determinar a planta perimétrica, usucapião, entre outros.

FIGURA 13 - POLIGONAL FECHADA

UNIDADE III Planimetria


Introdução ae Topografia
Altimetria e ao Sistema de Referências 40
A poligonal enquadrada parte de dois pontos com coordenadas conhecidas e acaba
em outros dois pontos com coordenadas conhecidas (figura 14). Permite a verificação do
erro de fechamento angular e linear. Utilizado para aplicações de túneis e ferrovias.

FIGURA 14 - POLIGONAL ENQUADRADA

A poligonal aberta parte de um ponto com coordenadas conhecidas e acaba em um


ponto cujas coordenadas deseja-se determinar (figura 15). Não é possível determinar erros de
fechamento, portanto, devem-se tomar todos os cuidados necessários durante o levantamento
de campo para evitá-los. Utilizado para aplicações de rodovias, saneamento entre outros.

FIGURA 15 - POLIGONAL ABERTA

Como também um método muito utilizado, definido como secundário, é a irradiação,


no qual os pontos irradiados são determinados por um ângulo e uma distância a partir de
um ponto da poligonal principal (aberta, fechada ou enquadrada).

FIGURA 16 – IRRADIAÇÃO

UNIDADE III Planimetria


Introdução ae Topografia
Altimetria e ao Sistema de Referências 41
2. ALTIMETRIA

A altimetria se destaca em obras de terraplenagem, projetos de rede de esgoto,


projeto de estradas, planejamento e diversas aplicações, no qual seu princípio fundamental
é a determinação da altimetria do relevo como também a materialização de superfícies de
referências de nível.
A altimetria é a parte da Topografia que trata dos métodos e instrumentos empregados
no estudo e na representação do relevo. Na altimetria, possui dois conceitos de cota e ou
altitude. A cota é a distância medida ao longo da vertical de um ponto até um plano de
referência qualquer e altitude ortométrica: é a distância medida na vertical entre um ponto
da superfície física da Terra e a superfície de referência altimétrica (nível médio dos mares).

FIGURA 17 - COTA E ALTITUDE

Fonte: UFPR (2012).

UNIDADE III Planimetria


Introdução ae Topografia
Altimetria e ao Sistema de Referências 42
O objetivo é determinar a diferença de nível entre dois pontos, conforme mostra a
figura 17. Para a determinação da diferença de nível, realiza-se o levantamento altimétrico.
São quatro métodos que são empregados para a determinação das altitudes ou
cotas dos pontos levantados, que são: nivelamento geométrico, nivelamento trigonométrico,
nivelamento taqueométrico, barométrico e por GNSS. Agora iremos ver os dois processos
de execução de levantamento altimétrico mais utilizados na Topografia.

2.1 Nivelamento Geométrico


É um dos métodos mais aplicados na execução de terraplenagem e estradas. O
equipamento utilizado para esta operação são o nível e a mira topográfica.

FIGURA 18 – NÍVEL E MIRA TOPOGRÁFICA

O nível é um aparelho que consta de uma luneta telescópica com um ou dois níveis
de bolha, sendo este conjunto instalado sobre um tripé. A característica principal do nível é
o fato do mesmo possuir movimento de giro somente em torno de seu eixo principal. A mira
topográfica é uma peça com 4,00 metros de altura, graduada de centímetro em centímetro,
destinada a ser lida através da luneta do aparelho.
O vídeo intitulado “ENGENHARIA TOPOGRAFIA AGRIMENSURA - Leitura da
Régua Graduada ou Mira - Nivelamento Geométrico” explica como realizar a leitura da
mira topográfica para a realização do nivelamento geométrico (https://www.youtube.com/
watch?v=wappYkcQjuk).
Como sabe-se, o objetivo principal do nivelamento geométrico é a determinação da
cota ou altitude dos pontos de interesse. Portanto, se desejarmos determinar a cota de um
ponto “RN - 2” qualquer, basta fazermos duas leituras sobre a mira. Uma leitura (RN - 1)
estado a mira colocada sobre o ponto de cota conhecida ou adotada (o qual, chamamos de
Referência de Nível - RN); e uma outra leitura tomada na mira estacionada agora sobre o
ponto (RN - 2), do qual se deseja determinar a cota.

UNIDADE III Planimetria


Introdução ae Topografia
Altimetria e ao Sistema de Referências 43
FIGURA 19 - NIVELAMENTO

Supondo-se que a leitura do fio médio realizado no RN-1 foi de 1,545 m (no qual se
chama-se na topografia de visada a ré, que está relacionado ao primeiro ponto a ser lido e
ser como referência para o levantamento), e a leitura no ponto RN – 2 foi de 0,875 metros
(conhecido como visada a vante), obtém-se a diferença de nível (DN) entre os dois pontos
realizando a subtração dos valores medidos.
DN = 1,545 - 0,875 = 0,67 metros.
O exemplo acima, denomina-se nivelamento geométrico simples, no qual o
equipamento é instalado em uma posição, e a partir desta posição visualiza-se todos os
pontos a serem medidos. Caso não seja possível medir todos os pontos, é necessário
realizar a mudança de posição do equipamento, no qual teremos o nome de nivelamento
geométrico composto. A seguir mostraremos um exemplo.
Analisando a figura 20, vemos que o equipamento possui duas posições a “I” e
a “II”, e temos que determinar as cotas/altitudes dos pontos A, B, C, D, E, F e G. Neste
exemplo temos a informação que a Cota do ponto “A” é de 100,00 metros (lembre-se que
sempre temos que ter uma cota/altitude de um ponto, para que ele seja referência de nível
do levantamento). Então, seguimos a seguintes etapas para o levantamento:

FIGURA 20 - NIVELAMENTO GEOMÉTRICO COMPOSTO

Fonte: Pastana (2010).

UNIDADE III Planimetria


Introdução ae Topografia
Altimetria e ao Sistema de Referências 44
Instala-se o equipamento numa posição que possa visualizar o máximo de pontos
possível. Neste exemplo foi instalado e nivelado na posição “I”
I. Após a instalação, deve-se colocar a mira topográfica e realizar a leitura do fio
médio no ponto de referência altimétrica, ou seja, o ponto que possui o valor de
cota/altitude, no qual denominamos de “ré”, sendo então o ponto “A”. No exemplo,
fez se a leitura do ponto “A” de 1,820 m.
II. Após feita a leitura da ré, iremos realizar a leitura das vantes (ponto B e C),
devido ser os pontos que são visualizados na posição “I” em que está instalado o
equipamento.
III. Para dar continuidade no levantamento, devemos realizar as leituras dos pontos
D ao G, como não foi possível realizar a leitura destes pontos, na posição “I” do
equipamento instalado, modificou-se a posição do equipamento no ponto “II”. Após
instalado e nivelado na sua nova posição, deve-se realizar a primeira leitura, que
será a sua Ré em relação a posição “II”. No exemplo sendo o ponto “C”.
IV. Após a ré da posição “II”, realiza-se a leitura das vantes, sendo os pontos D ao
G, finalizando as leituras, finaliza-se o levantamento.

Lembre-se toda vez que mudar a posição do equipamento, deve-se dar a ré em


qualquer ponto que já foi feita a medição. Para a anotação dos dados levantados, utilizamos
a caderneta de campo para realizarmos os cálculos. As fórmulas utilizadas são:
I. PR = Altitude/CotaRÉ + Leitura do fio médioRÉ, em que “PR”, significa plano de
referência.
II. Altitude/CotaVANTE = PR- Leitura do fio médioVANTE

TABELA 1 – NIVELAMENTO GEOMÉTRICO - LEITURA


PONTO PLANO DE LEITURA DA
COTAS/ALTITUDES OBSERVAÇÕES
VISADO REFERÊNCIA (PR) MIRA
Ré Vante
A 101,82 1,820 100
B 3,725 8,095
C 8,904 0,833 3,749 8,071
D 2,501 6,403
E 2,034 6,870

Fonte: Pastana (2010), adaptado pelo autor.

UNIDADE III Planimetria


Introdução ae Topografia
Altimetria e ao Sistema de Referências 45
Cálculo do nivelamento.

1) Aparelho estacionado na posição (I):


PR1 = 10,000 + 1,820 = 11,820 m, que é a cota do Plano de Referência (PR) na
posição (I),
CotaB = 11,820 - 3,725 = 8,095m;
CotaC = 11,820 - 3,749 = 8,071m. Após a leitura à vante ao ponto “C”, mudou-se o
aparelho para a posição (II)

2) Aparelho estacionado na posição (II):


PRII = 8,071 + 0,833 = 8,904 m;
CotaD = 8,904 − 2,501 = 6,403;
CotaE = 8,904 − 2,034 = 6,870;
CotaF = 8,904 − 3,686 = 5,218;
CotaG = 8,904−3,990 = 4,914, onde conclui-se o nivelamento.

O nivelamento geométrico é o levantamento mais preciso em relação a altimetria.


Para complementar o conhecimento teórico e prática não deixe de assistir o vídeo
Nivelamento Geométrico? do autor Adenilson Giovanini (https://www.youtube.com/
watch?v=W4KwNRi7k3Y), e como também para conhecer os outros métodos utilizados
assistir o vídeo “Os 4 Métodos de Nivelamento Topográfico existentes” que se encontra
neste link (https://www.youtube.com/watch?v=7DSCaRwlbDo). Não deixem de assistir
estes vídeos, pois eles são complementares a sua formação.

UNIDADE III Planimetria


Introdução ae Topografia
Altimetria e ao Sistema de Referências 46
3. REPRESENTAÇÃO DO RELEVO

O relevo da superfície terrestre é uma feição contínua e tridimensional. Existem


diversas maneiras para representar o mesmo, sendo as mais usuais as curvas de nível,
os pontos cotados e perfil. Independentemente do processo de representação do relevo,
ele deve satisfazer as seguintes condições: realçar da forma mais expressiva possível as
formas do relevo; permitir determinar com precisão a cota ou altitude de qualquer ponto no
terreno e permitir elaborar projetos geométricos a partir da representação.
O perfil longitudinal e/ou transversal são utilizados em projetos de rodovias,
ferrovias, vias urbanas, pois o traçado do perfil, permite ter a escolha do melhor traçado
das vias, estudo da drenagem, volumes de jazidas, estudo e definição do greide de projeto,
inclinação de taludes e terraplenagem.

3.1 Perfil
O perfil é a representação gráfica das diferenças de nível, cota ou altitude obtidas num
nivelamento. A representação é feita por meio do eixo das coordenadas, onde colocamos no
eixo X (abscissas) as distâncias entre os pontos e no eixo Y (ordenadas) as cotas ou altitudes.

UNIDADE III Planimetria


Introdução ae Topografia
Altimetria e ao Sistema de Referências 47
FIGURA 21 - PERFIL LONGITUDINAL, A PARTIR DAS CURVAS DE NÍVEL

Fonte: Tuler (2014).

3.2 Ponto Cotado


É a forma mais simples de representação do relevo; as projeções dos pontos
no terreno têm representado ao seu lado as suas cotas ou altitudes. Normalmente são
empregados em cruzamentos de vias, picos de morros, etc.

UNIDADE III Planimetria


Introdução ae Topografia
Altimetria e ao Sistema de Referências 48
FIGURA 22 - PONTOS COTADOS

Fonte: O autor (2022).

3.3 Curvas de nível


A forma mais utilizada para a representação do relevo. Podem ser definidas como
linhas que unem pontos com a mesma cota ou altitude. A distância vertical ou equidistância
vertical entre as curvas de nível é definida pela escala do desenho.

FIGURA 23 - RELAÇÃO ESCALA E EQUIDISTÂNCIA VERTICAL ENTRE AS


CURVAS DE NÍVEL

Fonte: UFPR (2012).

As curvas de nível devem ser numeradas para que seja possível sua leitura. Para isso
tem-se as curvas mestras e as auxiliares. As curvas mestras são obrigatórias ser representadas
o valor de sua altitude e ter uma tonalidade mais forte ou linha mais grossa. A cada cinco curvas
aparece uma mestra. As curvas auxiliares são linhas mais finas e tonalidade mais fraca.

UNIDADE III Planimetria


Introdução ae Topografia
Altimetria e ao Sistema de Referências 49
FIGURA 24 - PLANTA TOPOGRÁFICA COM CURVAS DE NÍVEL

Fonte: O autor (2022).

O vídeo “Engenharia topografia (surveying) altimetria – Relevo – Curva de nível”


–(https://www.youtube.com/watch?v=wN_hju1IMZ0&list=PLrN4WrTg3wmoHhxphLGdLjrt-
MSA6dym8p&index=4), mostra visualmente os processos de elaboração das curvas de
nível manualmente como as formas de relevo existentes. Lembre-se, não deixe de assistir
as aulas citadas aqui. Elas complementam seu conhecimento.

UNIDADE III Planimetria


Introdução ae Topografia
Altimetria e ao Sistema de Referências 50
SAIBA MAIS

A planimetria e altimetria são essenciais para que possamos conhecer a superfície de


um terreno. Este conhecimento auxiliar a desenvolver bons projetos de engenharia.
A área de infraestrutura rodoviária utiliza os levantamentos planialtimétricos de forma
regular, ficando aqui um bom nicho de trabalho ao futuro engenheiro.
Outra área interessante para atuar com o domínio das ferramentas topográficas, é o
saneamento básico, pois as redes de água e redes de esgoto são na maioria do tipo
subterrâneas, tendo assim temos a necessidade de conhecer muito bem o solo e onde
serão aplicadas as redes.

Fonte: O autor (2022).

REFLITA

Como estamos na quantidade e qualidade dos serviços de água e esgoto no Brasil?


Acesse o link do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento e faça uma boa
leitura do Diagnóstico de 2019:

Fonte:http://www.snis.gov.br/downloads/diagnosticos/ae/2019/Diagnostico_AE2019.pdf

UNIDADE III Planimetria


Introdução ae Topografia
Altimetria e ao Sistema de Referências 51
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Encerramos esta unidade do estudo da planimetria e altimetria. Com isso você


aprendeu os principais métodos para realizar o levantamento topográfico e suas formas de
representação. Estes levantamentos citados, são a base para os projetos de engenharia e
sua execução.
É importante buscar a prática destes conceitos em campo, através do envolvimento
na elaboração de projetos e execução de obras, visto que a topografia fica muito mais fácil
quando estamos nas atividades em campo.
A leitura de projetos que utilizam a estrutura do planialtimétrico é essencial para
o profissional de engenharia, lembrando que muitas vezes somos líderes de equipe e
precisamos ter o conhecimento necessário para executar as tarefas apresentadas, com
confiança e qualidade.
Nós veremos na próxima unidade. Bons estudos.

UNIDADE III Planimetria


Introdução ae Topografia
Altimetria e ao Sistema de Referências 52
MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Fundamentos de Topografia
Autor: Marcelo Tuler.
Editora: Bookman.
Sinopse: Livro didático demonstrando os principais aplicações e
métodos da Topografia.

FILME/VÍDEO
Título: Levantamento topográfico planialtimétrico
Ano: 2021.
Sinopse: Resumo de aplicação de conceitos de planialtimetria
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=jonsCB-
lHXEM&ab_channel=AdenilsonGiovanini

UNIDADE III Planimetria


Introdução ae Topografia
Altimetria e ao Sistema de Referências 53
UNIDADE III
Geoprocessamento, Sistema
de Informação Geográfica e
Sensoriamento Remoto
Professor Esp. Orlando Donini Filho

Plano de Estudo:
● Geoprocessamento;
● Sistema de Informação Geográfica – SIG;
● Dados Geográficos.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar o uso de geoprocessamento
e sistema de informação geográfica;
● Compreender os tipos de aplicações do geoprocessamento e
do sistema de informação geográfica na atualidade;
● Estabelecer a importância da do sistema de informação geográfica e do
geoprocessamento nas áreas de civil, agronomia e arquitetura.

54
INTRODUÇÃO

Em novembro do ano de 2015, uma tragédia ambiental ocorreu pelo rompimento


da barragem de rejeitos da mineradora Samarco, localizado em Mariana, região central de
Minas Gerais. Para o conhecimento do impacto ambiental da área atingida pelos rejeitos,
o uso da tecnologia geoprocessamento, foi de fundamental importância devido ao rápido
acesso e compartilhamento das informações espaciais.
Como no caso de Mariana, como outros relacionados aos recursos terrestres, o
geoprocessamento (ciência que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para a
análise de informações geográficas), trouxe significativos avanços no monitoramento e
desenvolvimento de pesquisas, ações de planejamento, gestão, manejo e ação imediata,
mensurando o impacto e tomando medidas de ação imediata relacionados a estrutura do
espaço geográfico. O geoprocessamento, integra as etapas de levantamentos (topográficos,
sensores remotos e sistema de navegação por satélite), tratamento e análise dos dados
levantados, produção (produção de mapeamentos, laudos e memoriais) e implantação. das
informações espaciais.
Os mapas elaborados desta ocorrência, serviu como base para determinar áreas
em que foram mais afetadas e locais em que poderiam encontrar vítimas. Estes mapas
estão diretamente ligados ao estudo da Cartografia, pois os mapas foram as primeiras
formas de comunicação gráfica da humanidade, com o intuito de registrar a localização dos
atributos essenciais à sua sobrevivência.
Nesta unidade, o acadêmico será capaz de definir e conhecer os conceitos de
geoprocessamento e de sistema de informação geográfica, suas aplicações e sua relação
com a sociedade.

UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica 55


e Sensoriamento Remoto
1. GEOPROCESSAMENTO

1.1 Definição
O geoprocessamento, etimologicamente quer dizer “Geo” (terra; superfície ou
espaço) e processamento (de processar informações). Rocha (2000, p. 210) define
geoprocessamento como:
Uma tecnologia transdisciplinar, que, através da axiomática da localização
e do processamento de dados geográficos, integra várias disciplinas,
equipamentos, programas, processos, entidades, dados, metodologias e
pessoas para a coleta, tratamento, análise e apresentação de informações
associadas a mapas digitais georreferenciados.

Neste contexto, o geoprocessamento utiliza técnicas matemáticas e computacionais


para o tratamento da informação geográfica e que vem influenciando de maneira crescente as
áreas de cartografia, recursos naturais, transportes, comunicação, planejamento urbano e rural.
Assista o vídeo Geoprocessamento do programa ação e meio ambiente disponível no
link (https://www.youtube.com/watch?v=m5LLDaYsXhY) explicando a importância
desta ferramenta nos dias de hoje.

Portanto, o sistema de geoprocessamento é o destinado ao processamento de


dados referenciados geograficamente (ou georreferenciados), desde a sua coleta até a
geração de saídas na forma de mapas convencionais, relatórios, arquivos digitais, etc.,
devendo prever recursos para sua estocagem, gerenciamento, manipulação e análise.

UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica 56


e Sensoriamento Remoto
1.2 Principais componentes do geoprocessamento
O geoprocessamento, como uma ferramenta multidisciplinar, ela agrega diversas
ferramentas, a figura 1 mostra os principais componentes do geoprocessamento, em que
cada componente terá uma breve explicação para o melhor entendimento do acadêmico.

FIGURA 1 - PRINCIPAIS COMPONENTES DO GEOPROCESSAMENTO

Fonte: O autor (2022).

1.2.1 Cartografia
A Associação Cartográfica Internacional define a cartografia como:
conjunto de estudos e operações científicas, técnicas e artísticas que, tendo
por base o resultado de observações diretas ou da análise da documentação,
se voltam para a elaboração de mapas, cartas e outras formas de expressão e
representação de objetos, fenômenos e ambientes físicos e socioeconômicos,
bem como sua utilização (ACI, 1966, p. 25).

A relação da cartografia com o geoprocessamento está relacionada com o espaço


geográfico, pois ela preocupa-se em apresentar um modelo de representação de dados
para os processos que ocorrem no espaço geográfico. O estudo da cartografia será melhor
detalhado no item 1.5 desta unidade

UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica 57


e Sensoriamento Remoto
1.2.2 Geodésia
Geodésia é o estudo da forma e dimensões da Terra, o seu estudo é necessário para
construir mapas acurados. De acordo com a definição de Friedrich Robert Helmert (1880),
Geodésia é a ciência de medida e mapeamento da superfície da Terra, e das variações temporais
da superfície da Terra e sua gravidade (ZANETTI, 2007). A geodésia atualmente se divide em:
● Geodésia Geométrica: realiza operações geométricas sobre a superfície
terrestre (medidas angulares e de distâncias);
● Geodésia Física: realiza medidas gravimétricas que conduzem ao conhecimento
detalhado do campo da gravidade;
● Geodésia Celeste: utiliza técnicas espaciais de posicionamento, como satélite
artificiais.

A Geodésia se relaciona com o geoprocessamento devido os modelos da forma da


Terra, utilizado atualmente os modelos de elipsoide de revolução.

1.2.3 Informática
Antigamente a elaboração de mapas, de produtos cartográficos ou de cartas
topográficas e também na produção de relatórios através de sobreposição de informações
eram feitos a manualmente. Com o avanço da informática (softwares e hardwares) surgiu a
possibilidade de se integrar vários dados e mapas e analisá-los em conjunto, possibilitando
análises complexas e a criação de bancos de dados.
O acadêmico deve possuir conhecimentos básicos de informática para a o
entendimento das ferramentas a serem utilizadas nos softwares de geoprocessamento,
sendo indispensável nos dias de hoje.

1.2.4 Sistema de Informação Geográfica (SIG)


Sistema de Informação Geográfica é um poderoso conjunto de ferramentas para
coleta, armazenamento, recuperação, transformação e visualização de dados espaciais
do mundo real para um conjunto de propósitos específicos (BURROUGH e MCDONNELL,
1998), ou seja, é um sistema que processa dados gráficos e não gráficos (alfanuméricos)
com ênfase a análises espaciais e modelagens de superfícies.
As ferramentas de geoprocessamento estão incluídas dentro dos softwares de
SIGs, onde será discutido na Unidade II.

UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica 58


e Sensoriamento Remoto
1.2.5 Sensoriamento Remoto
Sensoriamento Remoto é a ciência e a arte de obter informações sobre um objeto
(alvo), área ou fenômeno através da análise de dados adquiridos por um dispositivo (sensor)
que não está em contato direto com o objeto, área ou fenômeno sob investigação.

FIGURA 2 - PRINCÍPIO BÁSICO DO SENSORIAMENTO REMOTO

Fonte: Matheus (2013).

Através deste conceito, podemos exemplificar que através de uma imagem de


satélite e das técnicas de geoprocessamento, pode delimitar-se a dimensão de uma área
que sofre desmatamento, ou análise do crescimento urbano, entre outros.

1.2.6 Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS)


São sistemas que estabelecem o posicionamento geoespacial através do uso de
satélites artificiais. Estes sistemas permitem que receptores sobre a superfície terrestre
possam determinar a sua localização em comparação com os sinais dos satélites, adquirindo
sua posição, ou seja, suas coordenadas geográficas (latitude, longitude e altitude). Existe
uma gama de aplicações do sistema GNSS, alguns deles como levantamentos topográficos,
georreferenciamento, agricultura de precisão, entre outros. A figura 3 demonstra o princípio
de funcionamento do GNSS para a determinação de sua posição.

UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica 59


e Sensoriamento Remoto
FIGURA 3 - DETERMINAÇÃO DO POSICIONAMENTO ATRAVÉS DO SISTEMA GNSS

Fonte: Giovanini (2020).

1.2.7 Topografia e levantamento de campo


A topografia significa a descrição do lugar, que tem a finalidade de determinar o contorno,
dimensão e posição relativa de uma porção limitada da superfície terrestre, desconsiderando
a curvatura da esfericidade da Terra. A topografia é a base de qualquer projeto de engenharia,
como obras viárias, edifícios, planejamento urbano e rural, irrigação, entre outros.

1.3 Aplicações do geoprocessamento


As aplicações do geoprocessamento, está relacionada com as áreas técnicas
ligadas as informações espaciais, como a Topografia, Sensoriamento Remoto, Cartografia,
Sistema de Informação Geográfica e Sistema de Navegação Global por Satélites (GNSS).

1.3.1 Políticas Públicas


Para as ações do planejamento urbano, as identificações das características e
dos recursos naturais e culturais, de cada parcela de um município, ou seja, o cadastro
geoambiental, do uso do solo, rede viária, rede de serviços, entre outros. Por exemplo, para a
construção de um novo posto de saúde, verifica-se a densidade demográfica, a renda média
e a área de abrangência dos postos existentes, em que com a geomática pode manipular as
informações, podendo identificar determinadas características de acordo com seu objetivo.

UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica 60


e Sensoriamento Remoto
A figura 4 representa um estudo realizado no Uruguai na gestão de trabalho de
campo consistindo na implementação anual de aproximadamente 40.000 visitas a agregados
familiares socialmente vulneráveis em todo o país. O objetivo era conformar um banco de
dados georreferenciado completo de domicílios-alvo, a fim de melhorar a implementação
de políticas sociais .

FIGURA 4 - QGIS NO TRABALHO: IDENTIFICANDO CASAS EM ASSENTAMENTOS


INFORMAIS PARA IMPLEMENTAR O TRABALHO DE CAMPO

Fonte: D´Angelo, Detomasi e Hahn (2017).

1.3.2 Planejamento e Monitoramento Ambiental


A expansão agropecuária que ocorre no Brasil, especificamente na região
Amazônica, tem um impacto ambiental devido ao desmatamento da floresta. Para o
monitoramento e planejamento de ações para controlar o desmatamento ilegal, o uso de
imagens de satélites, fotografias aéreas com seu estudo permite acompanhar a evolução
do desmatamento numa análise temporal das imagens.

UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica 61


e Sensoriamento Remoto
FIGURA 5 - AVANÇO DO DESMATAMENTO EM RONDÔNIA

Fonte: Ministério do Meio Ambiente. Governo Federal.


Disponível em:http://www.mma.gov.br/estruturas/ascom_boletins/_arquivos/V_seminario_semsipam.pdf.
Acesso em: 23 jun. 2022.

1.3.3 Agricultura
A utilização do geoprocessamento na agricultura, foi o passo inicial para o estudo
da Agricultura de Precisão. Por exemplo, em sua propriedade, o proprietário produz soja,
para obter maior rendimento na sua produção em sua área, coleta informações como a
amostragem do solo e mapa da área. Após a coleta, na análise das informações, ou seja,
no processamento das informações são gerados laudos e mapas de aplicação das regiões
cujo necessitam maior aplicação de insumos agrícolas para a correção do solo e plantio.
Após o plantio, o uso de imagens áreas e das técnicas de sensoriamento remoto, são
utilizadas como ferramenta de monitoramento da evolução do plantio, intervindo nas áreas
onde tem maior déficit, aplicando adubos e pulverização.
1.3.4 Obras Civis
Na construção ou ampliação de uma rodovia em um determinado local, o uso do
geoprocessamento possibilita aos planejadores as diferentes informações geográficas na
área a ser analisadas como a vegetação, rios, construções e relevo. Essas informações são
apresentadas em formas de mapas, aumentando na sua qualidade e confiabilidade. A figura
6 representa uma análise de áreas instáveis que podem ocorrer deslizamento de terra.

UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica 62


e Sensoriamento Remoto
FIGURA 6 - MAPA DE ÁREAS ALTAMENTE INSTÁVEIS (VERMELHO) PROPENSAS A
DESLIZAMENTOS DE TERRA

Fonte: Cosentino e Penninca (2015).

1.4 Softwares
Os softwares são programas de computador com a finalidade de difundir os conceitos
e procedimentos metodológicos voltados para a criação, visualização, gerenciamento,
elaboração e análise das informações geográficas. Os principais softwares utilizados no
Brasil atualmente são:

TABELA 1 - PRINCIPAIS SOFTWARES DE GEOMÁTICA UTILIZADOS NO BRASIL.

SOFTWARE DESCRIÇÃO
Utilizados para criar, importar, editar, buscar, mapear,
analisar e publicar informações geográficas. Um
ArcGis dos softwares mais utilizados atualmente na gestão
pública municipal. Para mais informações sobre o
software consultar https://www.img.com.br/pt-br/home
Utilizado para a criação e gerenciamento de dados
espaciais, possibilita criar, gerir e produzir mapas,
AutoCad Map
integrar dados e efetuar análises de Sistema de
Informação Geográfica (SIG).
É um software de processamento de imagens
desenvolvido com língua de IDL (Interactive Data
Language). Tem funções exclusivas como visualizador
ENVI n-dimensional, funções de ortorretificação, elaboração
de mosaicos e carta imagem, sofisticadas ferramentas
de processamento de imagens, visualização e análises
de Modelos Digitais de Terreno, entre outras.

UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica 63


e Sensoriamento Remoto
O QGIS é um Sistema de Informação Geográfica
(SIG) de Código Aberto licenciado segundo a Licença
Pública Geral GNU. Junto com o QGIS, possuem
o GRASS (Geographical Resources Analysis
Support System) um sistema de código aberto para
processamento de imagens. É um software baseado
em formato de vetor e rastear, com funções voltadas
para processamento de imagens, análise estatística,
QuantumGis
análise e modelagem espacial, produção de mapas
e gráficos e boa interface com banco de dados. Para
mais informações visite o site https://qgis.org/pt_BR/
site/index.html.

Esse é o software que será utilizado nas práticas


no decorrer da disciplina. Entrar no site e baixar a
versão 2.18.
O SPRING é um SIG (Sistema de Informações
Geográficas) no estado-da-arte com funções de
processamento de imagens, análise espacial,
modelagem numérica de terreno e consulta a
bancos de dados espaciais. Os objetivos do projeto
SPRING são construir um sistema de informações
SPRING geográficas para aplicações em Agricultura,
Floresta, Gestão Ambiental, Geografia, Geologia,
Planejamento Urbano e Regional. Fornecer um
ambiente unificado de Geoprocessamento e
Sensoriamento Remoto para aplicações urbanas e
ambientais. Para mais informações acesse: http://
www.dpi.inpe.br/spring/portugues/index.html

Fonte: Rosa (2014).

UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica 64


e Sensoriamento Remoto
2. SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA – SIG

2.1 Definição
Analisando o conceito de Sistemas de Informação Geográfica (SIG), extraímos que
a informação é um conjunto de registros e dados interpretados e dotados de significado
lógico. O sistema define-se como um conjunto integrado de elementos interdependentes,
estruturado de tal forma que estes possam relacionar-se para a execução de uma
determinada função (FITZ, 2008). E com relação a geográfica, refere-se à superfície da
Terra e ao que está próximo da superfície.
No contexto apresentado, define-se SIG como:
é de um conjunto organizado de hardware, software e, dados geográficos e
pessoal capacitado, desenvolvido para capturar, armazenar, atualizar, manipular
e apresentar, por meio de um produto final cartográfico, a espacialização das
informações referentes geograficamente (CÂMARA et al., 1997, p. 197)

O objetivo principal do SIG é permitir a análise de informações georreferenciadas


do modo mais eficiente, dinâmico e rápido, auxiliando na tomada de decisões. Câmara e
Ortiz apud Garcia (2014), apresenta três características sobre os SIG que são:
● Sistemas que possibilitam a integração, numa única base de dados, de diferentes
informações geográficas, oriundas de diferentes fontes (dados climatológicos,
geomorfológicos, imagens de satélite, censo demográficos, etc.)
● Mecanismos que possibilitam a recuperação, a manipulação e a visualização dos
dados, por meio de um conjunto de algoritmos de manipulação e análise;
● Oferecem variadas ferramentas que permitem a combinação de diversas
informações para a elaboração de mapeamentos derivados.

UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica 65


e Sensoriamento Remoto
SAIBA MAIS

Um exemplo de aplicação de SIG, como ferramenta de solução de problemas e auxilio


na tomada de decisões, podemos avaliar o risco de desmoronamento junto as rodovias
(informação espacial), se conhecermos a forma com que a estabilidade de uma encosta
é impactada por fatores como características subsuperficiais rasas , porosidade, solo,
estrutura entre outros, e quanto o lugar que se encontra os riscos de desmoronamento.
O SIG é uma ferramenta para solucionar esse problema, conteria conhecimento sobre as
encostas na forma de mapas digitais, e os programas executados pelo SIG expressariam
o conhecimento geral de como com condições de tempo extremas influenciariam a
probabilidade de movimentos de massa das encostas.

Fonte: O Autor (2022).

O SIG se torna uma grande ferramenta pois se relaciona com os programas


assistidos por computador (CAD), cartografia computadorizada, sistema de gerenciamento
de dados e sistemas de informação de sensoriamento remoto. O SIG ele pode ser utilizado
para realizar pesquisas e superposições espaciais que geram novas informações devido a
essas relações com essas tecnologias.

FIGURA 7 - O SIG E RELAÇÃO COM OUTROS SISTEMAS

Fonte: McComark et al. (2019).

UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica 66


e Sensoriamento Remoto
2.2 Breve Histórico do SIG
Em 1854, o Dr. John Snow, conhecido como o pai da epidemiologia, superpôs o
mapa da cidade de Londres com a localização de poços de água da cidade e as áreas onde
as mortes por cólera eram particularmente prevalecentes (figura 8). Isso permitiu à cidade
encontrar e fechar os poços perigosos (MCCOMARCK et al., 2019).

FIGURA 8 - MAPA ELABORADO PELO DR. JOHN SNOW PARA REMEDIAR


O SURTO DE CÓLERA

Fonte: Barros (2013).

Este exemplo mostra a sobreposição de dados, como o mapa de Londres, relacionando


com a localização dos poços e as áreas em que as mortes por cólera prevaleciam. Isto é
uma característica básica da utilização do SIG, realizada de forma manualmente.
Atualmente, com o avanço da tecnologia, o primeiro desenvolvimento do SIG foi o
Sistema de Informação Geográfica do Canadá na década de 1960, criado como um sistema
computadorizado de mensuração de mapas relacionados a identificação dos recursos
naturais da nação e seus potenciais (LONGLEY et al., 2013).
O SIG se difundiu mais quando se adaptou a necessidade de realizar a criação
de mapas automaticamente por computadores, suprindo as necessidades de cartógrafos
e geógrafos reduzindo o tempo e os custos para a elaboração. O sensoriamento remoto
também teve parte no desenvolvimento do SIG, como uma fonte de tecnologia e de dados,
como a série do satélite Landsat, fornecendo imagens para identificação e monitoramento
dos recursos naturais.

UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica 67


e Sensoriamento Remoto
A partir da década de 1980, devido ao barateamento dos computadores e dos
softwares, se caracterizou pela ampliação da integração entre usuários e SIGs, no qual são
utilizados por diversas empresas que utilizam informações espaciais, têm departamentos
dedicados ao SIG como a agricultura, exploração de petróleo, controle dos recursos
naturais, socioeconômicos e controle do uso da terra (FILHO e IOCHPE, 1996).

2.3 Componentes do SIG


A aplicação real do SIG, integra equipamentos (hardware), dados, programas
computacionais (software), recursos humanos e métodos (figura 9).

FIGURA 9 - COMPONENTES DO SIG

Fonte: Longley et al. (2013).

Os equipamentos (hardware) utilizados em SIG, são os computadores, notebooks,


impressoras, scanners, entre outros produtos de hardware. O software é programa de
computador que possa a ser utilizado, através dele é possível manipular as ferramentas e
funções para a geração da informação geográfica.
Há diversos softwares no mercado, como softwares livres e privados, para conhecer
os principais softwares gratuitos atualmente utilizados acesse: https://www.geoaplicada.
com/blog/softwares-sig-gratuitos/.

As pessoas, são compostas pelos desenvolvedores, operadores e administradores


do sistema, como também desenvolvem novas ferramentas para a soluções de casos reais.
Elas devem possuir um conhecimento técnico para operar o sistema.

UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica 68


e Sensoriamento Remoto
Os procedimentos (metodologia), são os processos realizados através do software
SIG para a geração de novas informações espaciais. Os dados são as informações
espaciais, no qual é dividido em dados espaciais e dados de atributos.

As ferramentas utilizadas no Sistema de Informação Geográfica, algumas são mais avançadas


e outras mais básicas. Destas ferramentas deve-se conhecer as utilizadas como frequência
que são o buffer, clipe, merge, dissolve, union, extract by mask.

Para saber mais acesse: https://forest-gis.com/2020/03/as-10-ferramentas-de-geoprocessamento-que-


-todo-analista-gis-precisa-conhecer.html/

Afigura 10, representa a arquitetura do SIG, citamos um exemplo para facilitar o entendimento
sobre esta arquitetura. Imaginamos que devemos elaborar um mapa de implementação de uma
empresa. Com base neste exemplo, a interface será a interação do software SIG com o usuário.
Com relação a integração e entrada dos dados, o profissional deve conhecer onde buscar as
informações necessárias para o seu projeto, como censo censitário, renda per capita, regiões
estratégicas, entre outros e como levantamento de campo. As funções e processamento, refere-
se à manipulação, edição dos dados para obter novas informações ou ajustá-lo de acordo com
sua necessidade de acordo com as ferramentas de geoprocessamento disponíveis. Os dados
adquiridos e os novos gerados, ficam armazenados num sistema de banco de dados geográficos,
sendo possível a sua recuperação, no qual o profissional visualiza e realiza a impressão (plotagem)
das informações espaciais que cabe ser necessária a representar no mapa.
FIGURA 10 - ARQUITETURA DO SIG

UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica 69


e Sensoriamento Remoto
2.4 Aplicações do sistema de informação geográfica
Os sistemas de informações geográficas, são utilizadas em órgãos públicos, nos
níveis federal, estadual e municipal, em instituto de pesquisa, empresas de prestação
de serviços (como água, energia, recursos naturais) e em empresas privadas. Segundo
Ramirez apud Filho e Iochope (1996) divide-se em cinco grupos obtendo diversas aplicações
conforme a tabela abaixo.

TABELA 2 - APLICAÇÕES DO SIG FONTE: FILHO E IOCHPE, 1996.

GRUPO ÁREA DE APLICAÇÃO


Planejamento e gerenciamento urbano
Ocupação Humana Saúde e educação
Transporte
Segurança

FIGURA 11 - MAPA DE FLUXO ATENDIMENTO PARA QUIMIOTERAPIA

Fonte: Ribeiro (2017).

UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica 70


e Sensoriamento Remoto
GRUPO ÁREA DE APLICAÇÃO
Agricultura
Classificação de solos e vegetação
Gerenciamento de bacias hidrográficas
Uso da Terra Planejamento de barragens
Cadastramento de propriedades rurais
Levantamentos planialtimétricos
Mapeamento do uso da terra

FIGURA 12 - MAPA DE USO E COBERTURA DA TERRA

Fonte: Barros (2018).

UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica 71


e Sensoriamento Remoto
GRUPO ÁREA DE APLICAÇÃO
Controle do extrativismo vegetal e mineral
Classificação de poços petrolíferos
Uso dos recursos naturais Planejamento de oleodutos e gasodutos
Distribuição de energia elétrica
Identificação de mananciais
Gerenciamento costeiro e marítimo

FIGURA 13 - MAPA DE UNIDADES GEOMORFOLÓGICOS

Fonte: MundoGeo, (2016).

UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica 72


e Sensoriamento Remoto
GRUPO ÁREA DE APLICAÇÃO
Meio ambiente Controle de queimadas
Estudos de modificações climáticas
Acompanhamento de emissão e ação dos poluentes
Gerenciamento florestal se desmatamento e
reflorestamento

FIGURA 14 - MAPA DE CONCENTRAÇÃO DE ÁREA DESMATADA NO ESTADO


DE MATO GROSSO, BR

Fonte: ICV (2018).

GRUPO ÁREA DE APLICAÇÃO


Planejamento de marketing
Pesquisas sócio-econômicas
Atividades econômicas
Distribuição de produtos e serviços
Transporte de máteria prima e produtos;

REFLITA

O SIG, é uma ferramenta de apoio para uso das entidades pública e privada, na qual se
utiliza para o auxílio na tomada de decisões em seus projetos.

Fonte: O Autor (2022).

UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica 73


e Sensoriamento Remoto
3. DADOS GEOGRÁFICOS

Para a produção de informações geoespaciais no sistema de informação geográfica,


é necessário nutrir o sistema com os dados sobre o mundo real. Neste tópico, veremos as
características gerais dos dados geográficos a partir de três componentes fundamentais
conforme a tabela abaixo.

TABELA 3 - COMPONENTES FUNDAMENTAIS DE BANCO DE DADOS


COMPONENTES CARACTERÍSTICAS
Descreve o fenômeno sendo estudado, tais como o
Dados não-espaciais
nome e o tipo da variável
Informando a localização espacial do fenômeno,
Dados espaciais ou seja, seu georreferenciamento, associada a
propriedades geométricas e topológicas
Identificando o tempo para o qual tais dados são
Dados temporais considerados, isto é, quando foram coletados e sua
validade

Fonte: Câmara et al. (1997).

Os dados espaciais descrevem a localização geográfica de várias entidades tais


como as áreas de código de endereçamento postal, limites municipais e estradas em termos
de latitude e longitude ou outro sistema de coordenadas. Um dado não-espacial é uma
propriedade ou característica que pode ser usada para descrever certa coisa ou feição. Ele
pode ser numérico (censo populacional, unidades habitacionais etc.) ou pode ser textual (o
nome de uma zona postal, da unidade residencial etc.) (MCCOMARK et al., 2019).

UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica 74


e Sensoriamento Remoto
3.1 Dados espaciais
A estrutura dos dados espaciais pode ser representada no modelo matricial ou
vetorial, a ser discutida nos tópicos seguintes.

3.1.1 Estrutura vetorial


Fitz (2008), especifica que a estrutura vetorial é composta por três elementos
gráficos, sendo ponto, linha e polígonos e utiliza um sistema de coordenadas para sua
representação. Nesta estrutura, os dados não espaciais estão relacionados com a estrutura
vetorial representando suas informações, como exemplo a consulta do valor do IPTU de cada
propriedade urbana, sendo que as informações referentes ao IPTU são dadas não espaciais
composto na tabela de atributos composta dos elementos representativos da estrutura vetorial.

3.1.2 Ponto
São representados por um vértice, ou seja, por apenas um par de coordenadas que
define a localização de objetos que não apresentam área nem comprimento.

FIGURA 15 - MAPEAMENTO DE DADOS TABULARES DAS TAXAS DE ROUBOS EM


EXETER, INGLATERRA

Fonte: Longley et al. (2013).

3.1.2.1 Linha
Representados pelo menos por dois vértices ligados que geram polígonos abertos
e expressam elementos que tem comprimento, como estradas, rios, avenidas, pontes etc.

UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica 75


e Sensoriamento Remoto
A figura 16 representa o mapeamento da distribuição de água, representado pelas
linhas vermelhas e azuis, identificando sua ligação com as propriedades e como também realizar
o gerenciamento e monitoramento de alguma ocorrência e futuras ampliações do sistema. As
linhas são utilizadas juntamente com os pontos para representar as estruturas das redes.

FIGURA 16 - GERENCIAMENTO DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA

Fonte: Longley et al. (2013).

As geometrias das linhas são determinadas por uma série de pares de coordenadas.
Para uma única linha reta são necessários apenas dois pares de coordenadas para a sua
descrição (figura 17):

FIGURA 17 - REPRESENTAÇÃO DA LINHA COM AS COORDENADAS

Fonte: McComarck et al. (2019).

UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica 76


e Sensoriamento Remoto
3.1.2.2 Polígono
São utilizadas para representar elementos do mundo real, que possuem área e
perímetro e podem ser representados graficamente, são representados por pelo menos três
vértices conectados, sendo que o primeiro vértice possui uma coordenada idêntica à do último
(figura 18). São itens contínuos bidimensionais (2D), utilizados para a definição de limites,
como uso e cobertura do solo, limites político-administrativos dos municípios e estados etc.

FIGURA 18 - REPRESENTAÇÃO DE POLÍGONO NA ESTRUTURA VETORIAL

Fonte: McComarck et al. (2019).

3.1.3 Estrutura matricial ou raster


Essa estrutura de dados matricial é representada por uma matriz bidimensional,
composta por linhas e colunas, onde cada elemento desta estrutura é contém um
número inteiro ou real, podendo ser negativo ou positivo. Na qual cada elemento (célula),
denominada pixel (picture element).

FIGURA 19 - REPRESENTAÇÃO MATRICIAL OU RASTER

Fonte: ESRI (2019).

UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica 77


e Sensoriamento Remoto
Cada pixel representa uma área no terreno e apresenta um valor, objeto ou condição
que é encontrado na localização, bem como valores que definem o número da coluna e o
número da linha, correspondendo as coordenadas x e y, como também apresenta um valor
z que pode indicar, por exemplo, uma cor ou tom de cinza a ele atribuído (IBRAHIN, 2014).
Um fator importante neste modelo é referente a resolução espacial, que corresponde
à dimensão linear mínima da menor unidade do espaço geográfico (pixel), ou seja, quanto
menor a dimensão dos pixels, maior a resolução da área e, consequentemente, maior a
quantidade de memória necessária para armazená-las (FILHO e IOCHPE, 1996).

FIGURA 20 - RESOLUÇÃO ESPACIAL DE IMAGENS DE SATÉLITE E FOTOGRAFIA


ÁREA REPRESENTANDO O TAMANHO DO PIXEL

Fonte: CEPSRM (2019).

Analisando a figura 20, cada pixel, possui sua dimensão bidimensional, ilustrando
o contraste visual e a distinção dos elementos urbanos. Na imagem, Ikonos II consegue
distinguir os elementos como ruas, áreas residenciais e industrial, entre outros.

UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica 78


e Sensoriamento Remoto
Já há imagem Landsat, que possui a resolução de 30 metros (que cada pixel tem a
dimensão de 30 x 30 metros, ou seja, 900 m²), fica difícil identificar quais tipos de elementos
que possui na imagem, dificultando a sua interpretação.
Os dados matriciais ou raster são oriundos do sensoriamento remoto, imagens de
satélite, fotografias áreas digitais, mapas digitalizados (escaneados).

3.1.4 Comparação entre a estrutura de dados matricial x vetorial


Nenhuma das duas classes de representação de dados é melhor em todas as
condições ou para todos os dados, depende do objetivo do estudo para saber qual será o
melhor dado a ser utilizado. A tabela abaixo mostra as características dos dados raster e vetor.

TABELA 4 - COMPARAÇÃO DE RASTER E VETOR


CARACTERÍSTICAS RASTER VETOR
Estrutura dos dados Simples Complexa
Topologia Baixa definição Boa definição
Requisito de armazenagem Grande para a maioria dos dados Pequena para a maior parte dos
sem compressão dados
Saída gráfica Baixa definição Boa definição
Conversão do sistema de Pode ser lenta, devido ao volume, Simples
coordenadas e requer reamostragem
Manipulação de dados Não possível Fácil
Precisão posicional Degraus contornando células. Limitado somente pela qualidade
Depende da resolução adotada. posicional de levantamento.
Visualização Lenta Rápida
Relações espaciais entre objetos Relacionamentos espaciais Relacionamentos topológicos
devem ser inferidos entre objetos disponíveis
Análise e modelagem Superposição e modelagem mais Álgebra de mapas é limitada.
fáceis
Fronteiras (figura 21) As fronteiras das imagens são Fronteiras das imagens são
descontínuas (efeito serrilhado) contínuas (feições regulares)
Aplicação Zoneamento, gestão ambiental, Redes, concessionárias de água,
diagnósticos, manejo, etc. esgoto, energia, telefone, etc.

Fonte: IBRAHIN (2014).

UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica 79


e Sensoriamento Remoto
FIGURA 21 - ESTRUTURA VETORIAL E RASTER

Fonte: FITZ (2008).

3.2 Dados não espaciais


Os dados não espaciais, ajudam a descrever as características do objeto espacial,
que estão ligados ao objeto espacial através de identificadores, fornecendo informações
qualitativas ou quantitativas. Seu armazenamento se dá através das tabelas de atributos.

FIGURA 22 - INFORMAÇÃO DE DADOS NÃO ESPACIAIS

Fonte: Lino e Ferreira (2021).

UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica 80


e Sensoriamento Remoto
3.3 Principais dados geográficos

3.3.1 Mapas temáticos e cadastrais


Os mapas temáticos podem ser representados na forma matricial ou vetorial, em
que sua região geográfica é representada por um polígono (vetorial) segundo ao seu tema,
como por exemplo, uso do solo, aptidão agrícola, entre outros. Em relação ao raster o
polígono é representado pelas células (pixel) de tamanho fixo.
Os mapas temáticos e cadastrais eles possuem uma diferença, como explica
Câmara et al. (1997, p.120):
Em mapas temáticos, os polígonos apresentados são resultado de funções
de análise e classificação de dados e não correspondem a elementos
identicáveis do mundo real. Mapas cadastrais, ao contrário, apresentam
objetos identicáveis (por exemplo, lotes de terreno). Por exemplo, os lotes
de uma cidade são elementos do espaço geográfico que possuem atributos
(por exemplo, proprietário, valor venal, IPTU devido). Os dados são em geral
armazenados usando uma representação topológica.

3.3.2 Redes
Em Geoprocessamento, o conceito de rede denota as informações associadas
a serviços de utilidade pública, como água, luz e telefone; redes relativas a bacias
hidrográficas; e rodovias.

3.3.3 Modelos numéricos de terreno


Os modelos numéricos de terreno (MNT), são comumente associados a altimetria.
Os MNT são utilizados para trabalhos com bacias hidrográficas, estabelecimento de perfis
topográficos (na área de rodovias e barragens), elaboração de mapas de orientação de
vertentes, confecção de zoneamentos climáticos, entre outros (CÂMARA et al., 1997).
Para a geração do MNT de acordo com Fitz (2008):
● Realizar um levantamento dos dados disponíveis e procurar caracterizar
espacialmente. Normalmente, trabalha-se com dados pontuais (altitudes, pluviosidade,
temperaturas, etc.) ou com isolinhas (linhas de mesmo valor: isoietas, isotermas, etc.);
● Introduzir os dados no sistema (digitalização/vetorização);
● Traçar as respectivas isolinhas a partir dos dados pontuais (dispostos em tabela);
● Estabelecer as configurações de interpolação dos pontos;
● Aplicar o módulo do respectivo software para a geração do modelo.

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e Sensoriamento Remoto
FIGURA 23

A) MNT Imagem - Extraída da (B) MNT na representação de


imagem do satélite SRTM curvas de nível

(C) MNT gerado através da


interpolação dos dados altimétricos

Fonte: (A)Felgueiras (2001); (B e C) Neto (2016).

UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica 82


e Sensoriamento Remoto
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O uso do sistema de informações geográficas e do geoprocessamento, está em


crescente utilização na realidade, pois as atividades humanas sempre são desenvolvidas
em alguma localidade geográfica. A utilização desta ferramenta, tem como grande potencial
nas análises e definições dos problemas geográficos, como também na interpretação,
apresentação dos resultados obtidos como auxilio na tomada de decisões.
Concluindo, nesta unidade você adquiriu os conhecimentos básicos da utilização
do geoprocessamento e do sistema de informação geográfica, sabendo identificar o uso
desta ferramenta.

UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica 83


e Sensoriamento Remoto
LEITURA COMPLEMENTAR

O livro Anatomia de Sistemas de Informações Geográficas de Gilberto Câmara,


disponível em: http://www.dpi.inpe.br/geopro/livros/anatomia.pdf, enfatiza as principais
aplicações e conceitos do sistema de informação geográfica. Esta leitura complementa
informações processamento de dados, arquitetura do SIG, o sistema SPRING, entre outros.

UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica 84


e Sensoriamento Remoto
MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Aplicação do Sistema de Informações Geográficas em
Estudos Ambientais
Autor: Monika Christina Portella Garcia.
Editora: InterSaberes.
Sinopse: O uso de mapas, imagens de satélite e informações
georreferenciadas é cada vez mais frequente em nosso cotidiano.
Considerando isso, a presente obra trata de elementos importantes
para a compreensão da cartografia, dos Sistemas de Informações
Geográficas (SIGs) e da espacialização de informações. O objetivo
é proporcionar ao leitor o aprofundamento de seus estudos
sobre o assunto, além de estimulá-lo a realizar novas pesquisas
envolvendo a cartografia e o geoprocessamento.

FILME/VÍDEO
Título. Velozes e Furiosos 8
Ano: 2017.
Sinopse: Dom e Letty estão curtindo a lua de mel em Havana,
mas a súbita aparição de Cipher atrapalha os planos do casal.
Ela logo arma um plano para chantagear Dom, de forma que ele
traia seus amigos e passe a ajudá-la a obter ogivas nucleares. Tal
situação faz com Letty reúna os velhos amigos, que agora precisam
enfrentar Cipher e, consequentemente, Dom. E como fio condutor
da trama é utilizado um software de SIG chamado Olho de Deus
para encontrar qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo.

UNIDADE III Geoprocessamento, Sistema de Informação Geográfica 85


e Sensoriamento Remoto
UNIDADE IV
Sistema Global de Navegação por
Satélites (GNSS) e Georreferenciamento
Professor Esp. Orlando Donini Filho

Plano de Estudo:
● Princípios do Sensoriamento Remoto;
● Espectro Eletromagnético;
● Comportamento Espectral;
● Programas Espaciais dos Alvos;
● Aerofotogrametria.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar o uso do sensoriamento remoto;
● Compreender a importância do espectro eletromagnético
no sensoriamento remoto;
● Aprender sobre o impacto do comportamento
dos espectros no sensoriamento remoto.

86
INTRODUÇÃO

Com o desenvolvimento da urbanização e do crescimento demográfico, acarretou


em um processo de degradação ambiental acelerada em processo foi intensificado para a
construção da cidade, principalmente nas regiões tropicais. O desmatamento das florestas
para a obtenção de madeiras para o carvão vegetal ou para a expansão agropecuária tem
sido umas das causas da degradação ambiental nos dias de hoje.
A cobertura vegetal garante a proteção dos solos contra a erosão e recarga dos
lençóis freáticos, sendo que seu uso irracional, devido ao aumento populacional e a
crescente demanda por alimentos, tem levado a comunidade científica a buscar soluções
para um uso mais eficiente do solo.
Esses fatores, juntamente com as necessidades de planejamento de cada região
do país levaram a um aprimoramento de técnicas e equipamentos ligados a essa finalidade
e nesse contexto surge o sensoriamento remoto e o georreferenciamento. Essas técnicas
são usadas no apoio à tomada de decisão na gestão de recursos naturais, meteorologia,
agricultura e gestão florestal de precisão e ordenamento do território.
O grande potencial de utilização destas tecnologias se dá ao grande número de
imagens captadas pelo numeroso conjunto de satélites para a observação da Terra que orbitam
o nosso planeta, onde muitas estão liberadas gratuitamente, sendo uma ferramenta de baixo
custo para o planejamento do território e em conjunto com as técnicas de georreferenciamento
(a utilização de Sistema Global de Navegação por Satélite - Global Navigation Satelitte
System – GNSS), obtém-se melhor aplicação de monitoramento e demarcação.
O Sistema GNSS, vem sendo muito utilizado para a realização de levantamentos
de estabelecimento e densificação de redes geodésicas, locação e monitoramento de obras
de engenharia, levantamentos cadastrais, entre outros serviços. Devido a sua precisão
e acurácia, o levantamento por GNSS passou a ser muito utilizada para levantamentos
topográficos cadastrais para áreas urbanas e rurais.

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 87


e Georreferenciamento
Como também a crescente utilização de drones para mapeamento, a utilização de
técnicas de aerofotogrametria no qual é a ciência de obter medidas através das fotografias
aéreas, no qual pode-se aplicar nos estudos de projetos de estradas, inventário florestal
e mineral, arqueologia, geologia, planejamento e cadastro urbano e rural. Nesta ciência,
pode-se extrair produtos como cartas topográficas, feições planimétricas e altimétricas,
modelos digitais do terreno, mapas temáticos, fotografias aéreas, mosaico, entre outros.
A utilização de imagens orbitais, a aerofotogrametria e técnicas de
georreferenciamento, vem em crescente demanda nas análises ambientais, no qual a cada
ano se tornando uma prática cada vez mais frequente nas análises de processos como a
fiscalização e a degradação da vegetação natural, de florestas e outros fatores que podem
modificar a vegetação natural. Pois tem a capacidade de fazer o registro de dados da
superfície e também da dinâmica da paisagem.
Contudo nesta unidade, o estudante aprenderá os conhecimentos básicos do
sensoriamento remoto, GNSS, aerofotogrametria e suas aplicações, componentes do
sensor e aquisição de imagens orbitais em relação ao projeto de estudo.

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 88


e Georreferenciamento
1. PRINCÍPIOS DO SENSORIAMENTO REMOTO

1.1 Histórico
Sensoriamento Remoto (SR) pode ser entendido como a medição e a coleta de
informações sobre um objeto ou área geográfica por um dispositivo de registro (sensor) que
não esteja em contato físico ou íntimo com o objeto ou fenômeno em estudo, tendo como o
produto final uma imagem ou fotografia (COLWELL, 1960).
Inicialmente, as coletas de informações sobre uma área geográfica eram realizadas
através da Fotogrametria, e o seu início deu-se com a invenção da câmera fotográfica, sendo
utilizada em aeronaves suborbitais, definida como, “a arte ou ciência de obter medidas
confiáveis por meio da fotografia” (AMERICAN SOCIETY OF PHOTOGRAMMETRY, 1952;
1966 apud JENSEN, 2009, p. 03).
Colwell (1960) define a Interpretação Fotográfica como: “o ato de examinar imagens
fotográficas para fins de identificar objetos e julgar sua significância”. As primeiras aplicações
de Fotogrametria foram extremamente de uso militar, com as fotos obtidas consistiam em
um valioso material informativo, reconhecendo as posições inimigas e sua infraestrutura.
A origem do termo sensoriamento remoto, remonta a um artigo no começo dos anos
de 1960 por Evelyn L. Pruitt e seus colaboradores (JENSEN, 2009). Devido à ocorrência
da corrida espacial, estavam iniciando os primeiros lançamentos de satélite na plataforma
orbital sendo instalados câmeras ou sensores a bordo para a observação da Terra.

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 89


e Georreferenciamento
Rudorff (2004, p. 01) cita que:
um sensor a bordo do satélite gera um produto de sensoriamento remoto
denominado de imagem ao passo que uma câmara aerofotográfica, a bordo
de uma aeronave, gera um produto de sensoriamento remoto denominado de
fotografia aérea.

Em 1960, foi a época da corrida espacial que pela primeira vez o homem pode ir ao
espaço e observar a Terra e tomar as primeiras fotos da superfície terrestre usando câmeras
fotográficas manuais. A Missão GT-4 do programa Gemini que teve como objetivo específico
de mapeamento geológico, obtendo fotografias em preto e branco na escala de 1:350.000
descobrindo novas feições geológicas que não demonstravam nas escalas de 1:250.000.
Essas foram as primeiras experiências realizadas, alavancando o aperfeiçoamento e estudo
do sensoriamento remoto. Portanto eram utilizadas câmeras especiais como a Hasselblad,
cada uma com filmes pancromáticos com filtros vermelho e verde e filmes infravermelhos
(MENESES e ALMEIDA, 2012)
No final da década de 60, foram testados os sensores imageadores, equipamentos
com capacidade de recobrir a superfície terrestre e de armazenar ou transmitir para a Terra
os dados coletados. Um dos fatores importantes dos sensores, foi a capacidade de obterem
imagens simultânea em várias faixas do espectro eletromagnético. A vantagem do sensor
imageador por satélites foi como cita Meneses e Almeida (2012, p. 02):
[...] sua capacidade de imagear em curto espaço de tempo toda a superfície
do planeta e de uma maneira sistemática, dado que um satélite fica
continuamente orbitando à Terra. Essa forma de cobertura repetitiva, obtendo
imagens periódicas de qualquer área do planeta, propicia detectar e monitorar
mudanças que acontecem na superfície terrestre.

No ano de 1970 foi lançado o primeiro satélite denominado Earth Resources


Technology Satellite (ERTS-1), posteriormente batizado como Landsat, lançado pela NASA,
com o objetivo de obter imagem dos recursos naturais da Terra, para análise ambientais de
diversos ecossistemas terrestres. Destes programas espaciais realizados surgiram outros,
como o SPOT (satélite francês), European Space Agency – ERS – 1 (União Europeia),
RADARSAT (Canadá), e muitos outros, procurando atender as suas necessidades
específicas para aplicação de monitoramento de suas áreas geográficas de interesse.
No Brasil, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE é o órgão responsável
pela difusão da ciência do Sensoriamento Remoto, sendo o pioneiro a utilizar estas
tecnologias, projetando o Brasil como a nação pioneira no hemisfério sul a dominar esta
tecnologia. Meneses e Almeida (2012), cita que em 1972 o INPE investiu em pesquisas
de sensoriamento remoto, como a Missão 96, com parceria com a NASA, que realizou um
levantamento aerotransportado com diversos tipos de sensores imageadores na região do
Quadrilátero Ferrífero em Minas Gerais.

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 90


e Georreferenciamento
O Brasil, em conjunto com a China, entra no seleto grupo de países com domínio
da tecnologia de sensoriamento remoto de recursos terrestres, com o lançamento dos
satélites CBERS (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres). O satélite CBERS 1 foi
lançado em 14 de outubro de 1999, e o CBERS 2 foi lançado em 21 de outubro de 2003 e
o CBERS-2B lançado em 19 de setembro de 2007. Em 9 de dezembro de 2013, foi lançado
o CBERS 3, porém não entrou em funcionamento devido uma falha no satélite. Contudo,
em 7 de dezembro de 2014, foi lançado o CBERS 4. Os lançamentos da série de satélites
CBERS trouxe significativos avanços científicos ao país, devido a utilização das imagens
para o uso ao meio ambiente e recursos naturais (INPE, 2018).

1.2 Definições

1.2.1 Sensoriamento remoto


Sensoriamento Remoto é uma ciência aplicada na obtenção de imagens sobre
um objeto sem tocá-lo, sendo uma definição mais globalizada sobre a utilização do
Sensoriamento Remoto. Uma definição mais específica como cita Jensen (2009, p. 04):
Sensoriamento Remoto é o registro de informações das regiões do
ultravioleta, visível, infravermelho e micro-ondas do espectro eletromagnético,
sem contato, por meio de instrumentos como câmeras, escâneres, lasers,
dispositivos lineares e/ou matriciais localizados em plataformas tais como
aeronaves ou satélites, e a análise da informação adquirida por meio visual
ou processamento digital de imagens.

Esta definição explica em afirmar que o objeto imageado é registrado pelo sensor por
meio de medições da radiação eletromagnética. Meneses e Almeida (2012) cita que senso-
res que obtém imagens, mas que não seja pela detecção de radiação eletromagnética não
deve ser classificado como sensoriamento remoto. Estas atividades envolvem a detecção,
aquisição e análise, interpretação e extração de informações da energia eletromagnética
emitida ou refletida pelos objetos terrestres e registradas pelos sensores remotos.

1.3 Radiação Eletromagnética


A REM foi concebida por James Clerk Maxwell (1831-1879), como sendo uma onda
eletromagnética que se desloca no espaço à velocidade da luz (300.000 km/s). Todos os
objetos acima do zero absoluto (-273°C) emitem energia eletromagnética, sendo o Sol a
fonte inicial da energia eletromagnética, ou seja, a energia emitida por um objeto como o
Sol ou a Terra é uma função de sua temperatura, quanto maior sua temperatura maior a
quantidade de energia que emana do objeto (MENESES e ALMEIDA, 2012).

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 91


e Georreferenciamento
Para o estudo e aplicação das técnicas de Sensoriamento Remoto, o principal
componente de fonte de energia eletromagnética é o Sol, que ilumina ou fornece energia ao
objeto de interesse, em seu percurso até a Terra, atravessa e interage com a atmosfera e depois
com os objetos na superfície terrestre (Figura 1). A radiação refletida dos objetos (vegetação,
geologia, cidade, etc.) depende de suas características estabelecendo uma distinção entre
os objetos. Essa distinção será visível quando o sensor do satélite a bordo recolhe e grava a
radiação refletida dos objetos e da atmosfera (GARCIA; BRONDO e PÉREZ, 2012).

FIGURA 1 - PROCESSO DE EMISSÃO DA REM E CAPTAÇÃO DA MESMA POR PARTE


DO SATÉLITE ORBITAL

Fonte: Antunes (2012).

A energia captada pelo sensor é transmitida a uma estação recepção e


processamento na qual os dados fornecidos são convertidos em imagem. A imagem
convertida é distribuída gratuitamente ou particularmente aos usuários onde consiste em
integrar e aplicar a informação extraída da imagem em procedimentos de caracterização e
avaliação da zona de estudo.

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 92


e Georreferenciamento
2. ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO

Espectro Eletromagnético são as regiões da REM conhecidas pelo homem. Isaac


Newton provou que a radiação solar poderia ser separada em um espectro colorido como
uma arco-íris, realizando um experimento da decomposição da luz branca através de
um prisma (Figura 2). Experiências comprovaram que determinada cor é constituída de
várias energias de comprimento de ondas diferentes. Por exemplo, todas as energias
do espectro eletromagnético, com comprimentos de onda entre 446 a 490 nanómetros
(nm, 10-9), provocam no sistema visual humano a sensação de cor azul. A partir desta
experiência o homem propôs a divisão do espectro eletromagnético (Figura 2).

FIGURA 2 - DISPERSÃO DA LUZ BRANCA EM SEIS CORES ESPECTRAIS AO


ATRAVESSAR O PRISMA E SEUS RESPECTIVOS COMPRIMENTOS DE ONDA

Fonte: Meneses e Almeida (2012).

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 93


e Georreferenciamento
O espectro eletromagnético varia desde as radiações gama de comprimentos de
onda de ordem de 10-6 micrómetros (mn), até ondas de rádio da ordem de 100 m. O conjunto
de todas essas radiações forma o espectro eletromagnético (Figura 3).
Na pesquisa em sensoriamento remoto especificamos uma região particular
do espectro eletromagnético, por exemplo a luz azul, identificando um comprimento de
onda. Este comprimento de onda no espectro eletromagnético é chamado de banda,
canal ou região. As faixas espectrais mais utilizadas em sensoriamento remoto são a da
luz visível, infravermelho próximo, infravermelho de ondas curtas, infravermelho médio,
infravermelho termal e do micro-ondas.
Meneses e Almeida (2012) explica que a radiação eletromagnética de cada
comprimento de onda interage de forma distinta com os objetos terrestres, isto porque, os
objetos apresentam diferentes características estruturais e de composição física. Estes como
sendo fatores responsáveis na escolha do sensor remoto, pois os sensores são capazes de
detectar e registrar radiações das regiões não visíveis do espectro eletromagnético, desde
o ultravioleta às micro-ondas.

FIGURA 3 - DIVISÃO DO ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO

Fonte: Souza et al. (2018).

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 94


e Georreferenciamento
Através do conhecimento da divisão do espectro eletromagnético é possível
compreender a interação destas faixas com os objetos, apresentando suas características
espectrais. A Tabela 1 demonstra a divisão do espectro eletromagnético.

TABELA 1 - DIVISÃO DO ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO NA FAIXA DO VISÍVEL


COMPRIMENTO DE ONDA (ΜM) COR DA LUZ REFLETIDA
O,380 – 0,455 Violeta
0,455 – 0,482 Azul
0,482 – 0,487 Azul – esverdeado
0,487 – 0,493 Azul – verde
0,493 – 0,498 Verde – azulado
0,498 – 0,530 Verde
0,530 – 0,559 Verde – amarelado
0,559 – 0,571 Amarelo – verde
0,571 – 0,576 Amarelo – esverdeado
0,576 – 0,580 Amarelo
0,580 – 0,587 Laranja – amarelado
0,587 – 0,597 Laranja
0,597 – 0,617 Laranja – avermelhado
0,617 – 0,760 Vermelho

Fonte: Meneses e Almeida (2012).

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 95


e Georreferenciamento
3. COMPORTAMENTO ESPECTRAL

A radiação solar incidente na superfície terrestre interage e sofre alterações com


o material que compõe o objeto, sendo parcialmente refletido, absorvido e transmitido.
Esses fatores fazem com que cada alvo terrestre tenha a sua própria assinatura espectral.
Para Moraes (2002, p. 16):
Os objetos interagem de maneira diferenciada espectralmente com a
energia eletromagnética incidente, pois os objetos apresentam diferentes
propriedades físico-químicas e biológicas. Estas diferentes interações é que
possibilitam a distinção e o reconhecimento dos diversos objetos terrestres
sensoriados remotamente, pois são reconhecidos devido a variação da
porcentagem de energia refletida em cada comprimento de onda.

O conhecimento dos comportamentos espectral dos objetos é muito importante


para a escolha da região do espectro sobre a qual pretende-se adquirir dados para a
determinada aplicação, como no estudo da vegetação, de solos, rochas e água.
Ao melhor entendimento dos comportamentos espectral dos objetos, está
relacionado à sua fonte de radiação neste caso o Sol, assim a radiação solar que incide
no topo da atmosfera, sendo parte desta radiação espalhada e/ou refletida pelas partículas
das atmosferas, outra parte atravessa e atinge o objeto (ROSENDO, 2005). Entretanto,
como acontece com qualquer objeto sobre qual incida certa quantidade de radiação
eletromagnética, três fenômenos que descrevem os processos de interação que são de
reflectância, transmitância e absorção (ROSA, 2003).

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 96


e Georreferenciamento
Quando se trata de Sensoriamento Remoto orbital, para obter informações sobre o
objeto em estudo, a variável em estudo é geralmente estimada pela quantificação da parte
refletida que registram somente a radiação refletida ou emitida pelos alvos da superfície.
Ponzoni e Shimabukuro (2009, p. 17) explica que reflectância “é uma propriedade de um
determinado objeto em refletir a radiação eletromagnética sobre ele incidente e é expressa
através dos chamados de Fatores de Reflectância (ρ)”, conclui-se que o Fator de Reflectância
ou Reflectância Espectral representa a quantidade de energia eletromagnética refletida por
um dado objeto, utilizado para avaliar as propriedades de reflexão da radiação de um objeto,
independentemente das intensidades da radiação incidente em uma dada região espectral.
Para se obter os valores de Fator de Reflectância, deve-se realizar um cálculo
mediante a aplicação da equação 1 (ROSA, 2003).

=LE
Em que:
● = é o Fator de Reflectância
● L = é a intensidade média do fluxo radiante refletido.
● E = é o fluxo de radiação incidente

A Figura 4, demonstra um gráfico que ilustra a relação entre a reflectância espectral


e o comprimento de onda dos objetos em estudo se dá o nome de assinatura espectral.

FIGURA 4 - REFLECTÂNCIA ESPECTRAL DE DIFERENTES MATERIAIS

Fonte: Jensen (2009).

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 97


e Georreferenciamento
Analisando a Figura 4, temos a grama Centipede e a Turfa artificial, para podermos
diferenciá-los, analisando as porcentagens de reflectância, a porção ideal para discriminar,
seria a utilização do espectro da região do infravermelho próximo (700 a 900 nm), pois a
turfa reflete apenas 5 por cento de energia incidente no infravermelho próximo, quanto a
grama Centipede reflete 35 por cento nesta mesma região do infravermelho próximo. Na
imagem infravermelho preto e branco mostrasse a grama Centipede em tons brilhantes e a
turfa artificial em tons mais escuros, segundo Jensen (2009).
Segundo Moraes (2002), muitos pesquisadores com o intuito de melhor interpretar
as imagens de satélite, fazem análise de medidas de reflectância dos objetos terrestres
em experimento de campo e laboratório, obtendo uma melhor compreensão da relação
existente entre o comportamento espectral dos objetos e suas propriedades.

3.1 Aplicações do sensoriamento remoto


A utilização da ciência do Sensoriamento Remoto, está cada vez mais difundida no
Brasil, para a extração de informação sobre os recursos da Terra, ou seja, qualquer informação
concernente à vegetação, solos, minerais, rochas, água e infraestrutura urbana, bem como
certas características atmosféricas. Tais informações podem ser úteis para a modelagem do
ciclo global do carbono, da biologia e bioquímica dos ecossistemas, de aspectos dos ciclos
globais da água e da energia, da variabilidade e precisão do clima, da química atmosférica, das
características da Terra sólida, das estimativas populacionais, e do monitoramento da mudança
de uso da terra e desastres naturais (JENSEN, 2009). A figura 5 mostra a transformação da
paisagem do Mar de Aral utilizando imagem produzida pelo satélite Landsat.

FIGURA 5 - MAPA DA TRANSFORMAÇÃO DA PAISAGEM DO MAR DE ARAL EM 1971


(LANDSAT 1 -À ESQUERDA) E EM 2009 (LANDSAT 5 - À DIREITA)

Fonte: Matheus (2017).

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 98


e Georreferenciamento
3.2 Sensores remotos
Os sensores remotos são equipamentos capazes de detectar e registrar a energia
eletromagnética refletida ou emitida (em determinadas faixas do espectro eletromagnético)
pelos elementos da superfície terrestre, ou seja, transformá-la em um sinal elétrico e
registrá-las, de tal forma que este possa ser armazenado ou transmitido em tempo real
para posteriormente ser convertido em informações que descrevem as feições dos objetos
que compõem a superfície terrestre.
As variações de energia eletromagnética da área observada podem ser coletadas
por sistemas sensores imageadores ou não-imageadores (MAIO et al., 2008).
Sensores imageadores fornecem como produto uma imagem, ou uma cena da região,
ou um alvo de interesse. Nesses casos, evidentemente, teremos um sensor imageador, isto
é, seus dados são diretamente convertidos numa imagem onde fornecem informações sobre
a variação espacial da resposta espectral da superfície observada. Por exemplo, temos os
scanners e as câmeras fotográficas como equipamentos imageadores (Figura 6).

FIGURA 6 - (A) - FOTOGRAFIA AÉREA; (B) - IMAGEM SATÉLITE

Fonte: Bosquilia (2017).

Já os sensores não imageado não geram imagem da superfície sensoriado, como


exemplo o espectrorradiômetros (assinatura espectral) e radiômetros (saída em dígitos
ou gráficos). Essenciais para aquisição de informações precisas sobre o comportamento
espectral dos objetos (LORENZZETTI, 2015).

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e Georreferenciamento
FIGURA 7 - (A) ESPECTRORRADIÔMETRO. (B) - ASSINATURA ESPECTRAL

Fonte: Pedrali et al. (2016).

Os sensores também são classificados em função da fonte de energia (figura 8),


sendo passivos (não possuem fonte própria de radiação, ou seja, mede a radiação solar
refletida ou radiação emitida pelos alvos), e ativos (possuem sua própria fonte de radiação
eletromagnética, trabalhando em faixas restritas do espectro).

FIGURA 8 - (A) SISTEMA PASSIVO. (B) SISTEMA ATIVO - RADAR

Fonte: Alves (2016).

E como são os sistemas sensores? A figura 9, representa as principais partes de


um sensor, que são, o coletor (recebe a energia através de uma lente, espelho, antenas,
etc), filtro (é o componente responsável pela seleção da faixa espectral da energia a
ser medida), detetor (capta a energia coletada de uma determinada faixa do espectro),
processador (processa o sinal registrado através do qual se obtém o produto) e produto ou
saída (contém a informação necessária ao usuário).

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 100


e Georreferenciamento
FIGURA 9 - COMPONENTES DO SENSOR

Fonte: Maio et al. (2008).

A escolha do tipo de sensor remoto a ser utilizado e dos dados a serem coletados por
eles é fundamentalmente dependente do tipo de informação que estamos interessados em obter,
como também a qualidade de um sensor geralmente é especificada pela sua capacidade de
obter medidas detalhadas da energia eletromagnética, ou seja, as características dos sensores
estão relacionadas com a resolução espacial, espectral, radiométrica e temporal.
A resolução espacial (figura 10) representa a capacidade do sensor distinguir objetos.
Ela indica o tamanho do menor elemento (pixel) da superfície individualizado pelo sensor.
A resolução espacial depende principalmente do detector, da altura do posicionamento do
sensor em relação ao objeto.

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 101


e Georreferenciamento
FIGURA 10 - RESOLUÇÃO ESPACIAL

Fonte: Santos e Souza (2014).

A resolução espectral (figura 11) refere-se à largura espectral em que opera o sensor.
Portanto, ela define o intervalo espectral no qual são realizadas as medidas, e consequentemente
a composição espectral do fluxo de energia que atinge o detector. Quanto maior for a medida
num determinado intervalo de comprimento de onda melhor será a resolução espectral.

FIGURA 11- RESOLUÇÃO ESPECTRAL

Fonte: Agrosmart (2016).

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e Georreferenciamento
A resolução radiométrica (figura 12) que se refere à capacidade do sensor discriminar
intensidade da energia refletida ou emitida pelos objetos (rochas, solos, vegetação, água,
etc.). Ela determina o intervalo de valores (associados a níveis de cinzas) que é possível
para representar uma imagem digital.

FIGURA 12 - RESOLUÇÃO RADIOMÉTRICA FONTE: MELO (2002).

A resolução temporal está relacionada com a receptividade com que o sistema


sensor pode adquirir informações referente ao objeto. A tabela abaixo exemplifica o sistema
sensor TM do satélite LANDSAT-5 representando as suas respectivas resoluções.

TABELA 2 - RESOLUÇÃO TEMPORAL, ESPACIAL, RADIOMÉTRICA E ESPECTRAL DO


SATÉLITE LANDSAT 5 SENSOR TM

RESOLUÇÃO TEMPORAL 16 dias


RESOLUÇÃO ESPACIAL 30 m -120 m (banda 6)
RESOLUÇÃO RADIOMÉTRICA 8 bits (256 níveis de cinza)
Banda 1 -0,45 - 0,52
Banda 2 - 0,52 - 060
Banda 3 - 0,63 - 0,69
RESOLUÇÃO ESPECTRAL
Banda 4 - 0,76 - 0,90
Banda 5 - 1,55 - 1,75
Banda 6 - 10,74 - 12,5
Banda 7 - 2,08 - 2,35
Fonte: O autor (2022).

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 103


e Georreferenciamento
Para a melhor interpretação dos dados, o profissional deve ter o conhecimento
das condições experimentais como: fonte de radiação, efeitos atmosféricos, características
do sensor, geometria e aquisição de dados, tipos de processamento e o estado do objeto.
No próximo tópico, o estudante conhecerá os principais satélites a bordo e suas principais
características para seu uso.
Outro fator importante a ser observado é o nível de aquisição dos dados, o sensor pode
ser mantido em nível orbital (satélites) ou suborbital (acoplados em aeronaves ou mantidos
em nível do solo). Sendo que ao nível do solo, a aquisição de dados é realizada através dos
radiômetros ou espectrorradiômetros. No nível da aeronave, os dados podem ser adquiridos
por sistemas fotográficos ou radar e do sistema de varredura óptico-eletrônico. E ao nível
orbital é realizada por meio de sensores acoplados em satélites artificiais (MAIO et al., 2008).

FIGURA 13 - NÍVEIS DE AQUISIÇÃO DE DADOS

Fonte: Maio (2008).

Ao nível orbital, permite a repetitividade (resolução temporal) das informações,


bem como um melhor monitoramento dos recursos naturais para grandes áreas da
superfície terrestre.

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 104


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SAIBA MAIS

O site http://stuffin.space/ cataloga todos os objetos que estiverem girando em órbita


da Terra. O mapa demostra os objetos em torno da Terra são representados por pontos
azuis (corpos de foguetes), vermelhos (satélites) e cinzas (detritos em geral). Também é
possível visualizar apenas certos grupos de dispositivos, como os que nos enviam sinal
de GPS, do GLONASS (o sistema de posicionamento global russo), da Iridium (uma
empresa de telefonia por satélite), entre outros.

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 105


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4. PROGRAMAS ESPACIAIS DOS ALVOS

Neste tópico será apresentado os principais satélites em órbita utilizados em


sensoriamento remoto.

4.1 Satélites Artificiais


Um satélite é um objeto que se desloca em círculos, em torno de outro objeto.
Existem satélites naturais como a Lua, que gira em torno da Terra, e existe os satélites
artificiais, construídos pelo homem, que se deslocam-se na órbita da Terra ou em outro
corpo celeste com o propósito de coletar e transmitir informações dos astros, os quais estão
orbitando (MOREIRA, 2011).

FIGURA 14 - ÓRBITA DE SATÉLITES ARTIFICIAIS

Fonte: Florenzano (2011).

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 106


e Georreferenciamento
SAIBA MAIS
No livro Iniciação em Sensoriamento Remoto de Tereza Gallotti Florenzano, o capítulo
2, explica sobre os satélites artificiais e suas principais características.

Os desenvolvimentos dos satélites artificiais tiveram no início da década de 50,


sendo que o primeiro satélite artificial a ser lançado foi o SPUTINIK I, lançado no dia 4 de
outubro de 1957 pela União Soviética. Em fevereiro de 1958, o Estados Unidos lançou
o EXPLORER I. Após essa conquista tecnológica, diversos satélites foram construídos
para diferentes finalidades como: telecomunicações, espionagem, experimentos científicos
(Astronomia e Astrofísica, Planetologia, Ciências da Terra, Atmosfera e Clima), meteorologia,
observação da Terra e os satélites de posicionamento, como por exemplo, o Sistema de
Posição Global - GPS (FLORENZANI, 2011).

4.2 Categorias de satélites


Os satélites artificiais são agrupados em categorias, de acordo com os objetivos
para quais foram criados. Existem os satélites militares, científicos, os de comunicação, os
meteorológicos e os de recursos naturais.

4.2.1 Satélites militares


Os satélites militares se iniciaram na década de 1950, com o objetivo de obter
fotografias para o reconhecimento do território do inimigo (SPUTINIK e EXPLORER I). Como
também os satélites de posicionamento, na qual tinha a finalidade de saber a localização
dos seus aviões, navios e tropas, no caso do Sistema de Posicionamento Global (GPS).
4.2.2 Satélites recursos naturais
Os satélites de recursos naturais foram desenvolvidos para auxiliar o homem na
busca de informações científicas, voltados a coleta de dados sobre a Terra (atmosfera,
oceano e parte sólida). Os principais satélites de observação da Terra, são os satélites
Terra, Aqua, Landsat, Ikonos, SPOT e CBERS.

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 107


e Georreferenciamento
SAIBA MAIS
O livro Iniciação em Sensoriamento Remoto de Tereza Galotti Florenzano, o capítulo 2
descreve os principais programas de satélites artificiais e do programa espacial brasileiro,
explicando suas principais características (resolução espacial, espectral, radiométrica e
temporal) e aplicações desses satélites no monitoramento dos recursos naturais.

SAIBA MAIS

Os governos do Brasil e da China assinaram em 06 de Julho de 1988 um acordo de


parceria envolvendo o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e a CAST
(Academia Chinesa de Tecnologia Espacial) para o desenvolvimento de um programa
de construção de dois satélites avançados de sensoriamento remoto, denominado
Programa CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite, Satélite Sino-Brasileiro
de Recursos Terrestres).

Acesse o site: http://www.cbers.inpe.br/sobre/index.php e conheça sobre o CBERS e


sua aplicação no monitoramento dos recursos naturais.

4.2.3 Satélite meteorológico


Dos satélites meteorológicos é possível obter imagens da cobertura das nuvens sobre a
Terra, por meio das quais observamos fenômenos meteorológicos como por exemplo, frentes frias,
geadas, furacões e ciclones. Esses têm grande importâncias para prevenção desses fenômenos
naturais evitando perdas humanas, como também está associado às mudanças climáticas.
Os principais satélites meteorológicos são o Goes e Noaa (norte americanos),
Meteosat (europeu), Elektro (russo), GMS (japonês e Fengyun (chinês). No Brasil são
utilizados os satélites norte-americanos (Goes e Noaa) e o europeu (Meteosat) para o
mapeamento das condições climáticas.

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 108


e Georreferenciamento
SAIBA MAIS
Mais informações sobre os satélites meteorológicos e suas aplicações podem ser
encontradas no Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos

Fonte: https://www.cptec.inpe.br/

4.3 GNSS
Para melhor entendimento do Sistema de Navegação Global por Satélites (GNSS),
será utilizado como exemplo o Sistema de Posição Global (GPS), no qual foi pioneiro na
determinação da geolocalização em tempo real.

Assista o vídeo Múltiplos uso do GNSS do programa Ciência Sem Limites


https://www.youtube.com/watch?v=pqybZ_q9ILE, em que há a entrevista de um dos
mais renomeados pesquisadores no estudo do GNSS, João Francisco Galera Monico
explicando sobre o uso do GNSS.

4.3.1 Histórico e introdução ao GPS


O Sistema de Posicionamento Global (GPS), surgiu através de dois projetos norte-
americano, da marinha (U.S. Navy) e da força aérea (U.S. Air Force), sendo um sistema de
navegação por sinais de rádio, desenvolvido pelo Departamento de Defesas do Estados
Unidos (DoD) com o objetivo de fornecer a posição tridimensionalmente, de navegação e
informações sobre o tempo atendendo toda a porção do globo terrestre em qualquer condição
meteorológica a qualquer horário o ano inteiro. Os satélites transmitem sinais continuamente
em duas frequências da banda L1 (1575,42 MHz) e L2 (1227,60 MHz), sobre as frequências
são moduladas a mensagem de navegação sendo eles o código C/A modulado na onda L1
e o código P modulado nas duas ondas portadoras (SEGANTINE, 2005).
No GPS há dois tipos de serviços, o SPS - Serviço de Posicionamento Padrão
(Standard Positioning Service) e PPS - Serviço de Posicionamento Preciso (Precise
Positioning Service). O SPS é um serviço de posicionamento e tempo padrão que está
disponível a todos os usuários do globo, sem cobrança de qualquer taxa. Já o PPS é restrito
ao uso militar e a usuários autorizados dos EUA (SEEBER, 2003).

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 109


e Georreferenciamento
4.3.2 Características gerais do GPS
O sistema GPS consiste de três segmentos principais, o espacial, controle e de usuários.

4.3.2.1 Segmento espacial


O segmento espacial está relacionado aos satélites que estão na órbita da Terra. O
sistema GPS consiste de 24 satélites distribuídos em seis planos orbitais igualmente espaçados
(inclinação de 55° em relação ao Equador, e circulando a Terra aproximadamente a cada
doze horas - figura), com quatro satélites em cada plano, numa altitude aproximadamente
de 20.200 km. Esta configuração garante no mínimo que seja visualizado no mínimo quatro
satélites em qualquer local da superfície física da Terra (MONICO, 2000).

FIGURA 15 - (A) CONSTELAÇÃO DOS SATÉLITES; (B) PRINCÍPIO BÁSICO DE


POSICIONAMENTO PELO GPS; (C) CONSTELAÇÃO DE LINHA DE BASE DOS SATÉLITES

Fonte: SEEBER (2003).

O sistema de satélites GPS, usa para a transmissão dos sinais de posicionamento por
parte dos satélites, utiliza duas frequências de portadora, que são a frequência L1 (1.575,42 MHz
de frequência e 19 cm de comprimento de onda) a frequência L2 (1.227,60 MHz de frequência
e 24 cm de comprimento de onda). Os satélites GPS transmitem dois códigos conhecidos
como coarse acquisition (C/A code) e de precisão (P-code). O código C/A é modulado só sobre
a onda portadora L1, mas o código P é modulado em ambas portadoras (TIMBÓ, 2000).
4.3.3.2 Segmento de controle
O segmento de controle tem a função de monitorar e controlar continuamente o
sistema de satélites, determinar o sistema de tempo GPS, predizer as efemérides dos
satélites, calcular as correções dos relógios dos satélites e atualizar periodicamente as
mensagens de navegação de cada satélite (MONICO, 2000).

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e Georreferenciamento
FIGURA 16 - ESTAÇÕES DE SEGMENTO DE CONTROLE GPS

Fonte: SEEBER (2003).

A figura 16 representa as estações de monitoramento que são a Estação de


Controle Mestre (MCS), estações monitoradas (MS) localizadas em todo o mundo e
antenas terrestres (GA) para o upload de dados para os satélites. O Segmento de Controle
Operacional (OCS) para GPS consiste em o MCS perto de Colorado Springs (EUA), quatro
estações monitoras e terra co-localizadas antenas na Ilha de Ascensão, Cabo Canaveral,
Diego Garcia e Kwajalein, e dois estações de monitor em Colorado Springs e Havaí (Fig.
16). As estações de monitor e antenas de terra são operadas remotamente a partir da
Estação de Controle Mestre (MONICO, 2000).
A figura 17 mostra o processo da realização do controle dos satélites, em que
as estações de monitoramento recebem as informações sobre o satélite, onde enviam os
dados para a Estação de Controle Mestre, realizando as correções das efemérides e do
relógio. Após a correção, às antenas terrestres encaminham as mensagens para o satélite.

FIGURA 17 - ESTAÇÕES DE MONITORAMENTO E CONTROLE DOS SATÉLITES

Fonte: SEEBER (2003).

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 111


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4.3.2.3 Segmento dos usuários
O segmento dos usuários são necessários receptores de satélites para usar os sinais
do GPS para fins de navegação e posicionamento geodésico. Um receptor GPS detecta os
sinais transmitidos de um satélite GPS e converte os sinais em medições úteis (observáveis),
sendo utilizados na aplicação de levantamentos topográficos, geodésia, SIG e navegação.
Os receptores de navegação (figura 18) são utilizados para recreação (esportes,
caminhada, navegação), navegação geral, vigilância, gerenciamento de frota e aplicações
de SIG com requisitos de precisão moderada. Os receptores de navegação fazem
a gravação das coordenadas obtidas, usualmente utilizam o código C/A tem precisão
aproximadamente de 10 metros.

FIGURA 18 - RECEPTOR DE NAVEGAÇÃO

Fonte: Geomaster (2019).

Os receptores geodésicos ou topográficos (figura 19) gravam os dados brutos das


observáveis. As principais são as fases L1 e L2, sendo que sua precisão é centimétrica quando
realizado o pós-processamento de dados. Às aplicações são voltadas para mapeamento
(SIG), saneamento, cadastramento de feições de interesse, cadastramento urbano, cadastro
elétrico, Cadastro Ambiental Rural (CAR), obras (grandes construções), levantamentos
topográficos, georreferenciamento de Imóveis Rurais e posicionamento de alta precisão.

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 112


e Georreferenciamento
FIGURA 19 - RECEPTOR GEODÉSICO

Fonte: Milan Topografia (2019).

SAIBA MAIS

Os receptores GNSS, possuem diversas marcas no mercado atual. A MUNDOGEO,


empresa voltado a disseminar conhecimentos na área de geotecnologias.

Acesse o site: https://mundogeo.com/ e desfrute das principais informações sobre os


receptores geodésicos da atualidade.

4.4 Erros de Posicionamento em levantamento com o GPS


As técnicas de levantamento realizadas com o Sistema GPS estão sujeitas a
algumas fontes de erros. Segundo Monico (2000), as fontes causadoras dos erros são os
satélites, a propagação do sinal, receptor/antena e estação. A tabela 1 mostra a relação
entre as fontes causadoras e o erro.

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 113


e Georreferenciamento
TABELA 1 – FONTE CAUSADORAS E O ERRO DO SISTEMA GPS
FONTE ERRO
Atraso entre as duas portadoras no
hardware do satélite;
Satélite
Erro de órbita;
Erro do relógio.
Refração troposférica;
Refração ionosférica;
Propagação do Sinal
Perdas de ciclo;
Multicaminho
Erro de relógio;
Receptor/antena Erro entre os canais;
Variação do centro de fase da antena.
Erro nas coordenadas;
Estação
Multicaminho

Fonte: Monico (2000).

4.4.1 Métodos de posicionamento com o sistema GPS


Segundo Segantine (2005, p. 300):
O termo posicionamento diz respeito à posição de objetos relativos a um
dado referencial. Quando o referencial é o centro de massa da Terra
(geocentro), diz-se que o posicionamento é absoluto. Quando o referencial é
um ponto materializado de coordenadas previamente conhecidas, diz-se que
o posicionamento é relativo ou diferencial. Quando o objeto a ser posicionado
está em repouso, diz-se que o posicionamento é estático e quando o objeto
está em movimento diz-se que o posicionamento é cinemático.

O posicionamento relativo, segundo Recomendações para Levantamentos


Relativos Estáticos – GPS (IBGE, 2008) e o Manual Técnico de Posicionamento (INCRA,
2013, p. 70), “as coordenadas são determinadas em relação a um referencial materializado
através de uma ou mais estações conhecidas”.
O posicionamento relativo tem como objetivo determinar as coordenadas de um
ponto desconhecido com o pós-processamento em relação a um ponto de coordenadas
conhecidas. Sendo necessário que pelo menos dois receptores coletem dados
simultaneamente em que um dos receptores ocupa uma estação de coordenadas conhecidas
denominada estação de referência ou base. O outro receptor realiza as coletas de pontos
onde se deseja determinar as coordenadas permanecendo estacionário num certo período
de tempo, a Figura 20 mostra o método de posicionamento relativo (IBGE, 2008).

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 114


e Georreferenciamento
FIGURA 20 - MÉTODO DE POSICIONAMENTO RELATIVO. ILUSTRAÇÃO DA LINHA DE BASE

Fonte: INCRA (2013).

No posicionamento relativo estático, tanto o receptor da estação de referência


quanto a estação a determinar permanecem estacionários durante o levantamento. O
período do tempo de rastreamento/observação é referente ao comprimento da linha de base
que varia de 20 minutos até várias horas. Segundo o Manual Técnico de Posicionamento
(INCRA, 2013), para levantamentos realizados com linha de base até 10 km, um período
de 20 minutos é suficiente para resolver a solução de ambiguidades. Com o aumento da
linha de base o período do tempo da permanência também aumenta. A Tabela 2 mostra as
características técnicas para o posicionamento relativo estático.

TABELA 2 - CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS PARA POSICIONAMENTO


RELATIVO ESTÁTICO

LINHA DE BASE TEMPO MÍNIMO SOLUÇÃO DE


OBSERVÁVEIS EFEMÉRIDES
(KM) (MINUTOS) AMBIGUIDADE
Transmitidas ou
0 – 10 20 L1 ou L1/l2 Fixa
Precisas
Transmitidas ou
10 – 20 30 L1/L2 Fixa
Precisas
Transmitidas ou
10 – 20 60 L1 Fixa
Precisas
Transmitidas ou
20 – 100 120 L1/L2 Fixa ou Flutuante
Precisas
100 – 500 240 L1/L2 Fixa ou Flutuante Precisas
500 – 1000 480 L1/L2 Fixa ou Flutuante Precisas

Fonte: Manual Técnico de Posicionamento (INCRA, 2013).

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 115


e Georreferenciamento
Existem outras técnicas para a realização dos levantamentos como o método relativo
estático rápido, posicionamento relativo stop-and-go, posicionamento relativo cinemático,
entre outros, sendo o relativo estático o mais utilizado para o georreferenciamento.
O Posicionamento por Ponto Preciso (PPP), disponibilizado pelo IBGE a partir do site
(www.ibge.gov.br/home/geociencias/geodesia/ppp), as coordenadas do vértice de interesse
são determinadas de forma absoluta, portanto dispensa o uso de receptor base, como
utilizado no método relativo. O serviço online disponibiliza os processamentos de dados no
modo estático e cinemático. Permite aos usuários a obtenção de coordenadas com precisão
centimétrica no Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas (SEGANTINE, 2005).
Segundo o Manual do Usuário – Aplicativo Online IBGE-PPP (2013, p. 09), cita-se:
No posicionamento com GNSS, o termo Posicionamento por Ponto Preciso
normalmente refere-se à obtenção da posição de um ponto utilizando as
observáveis da fase da onda portadora, coletadas por receptores de duas
frequências e em conjunto com os produtos precisos (órbitas e erro dos
relógios dos satélites), como por exemplo, aqueles disponíveis no IGS
(International GNSS Service) ou NRCan.

LEITURA COMPLEMENTAR

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e o INCRA (Instituto Nacional de


Colonização e Reforma Agrária) são os principais órgãos responsáveis sobre as informações,
normas e procedimentos de realizar levantamentos utilizando o sistema GNSS.
Acesse o documento técnico Recomendações para levantamento estático – GPS:
https://bit.ly/3SlUTZf

E o Manual Técnico de Posicionamento para Georreferenciamento de Imóveis


Rurais Disponível em: https://sigef.incra.gov.br/static/documentos/manual_tecnico_
posicionamento_1ed.pdf. Para conhecer os principais métodos de levantamento em
vigor no Brasil.

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 116


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5. AEROFOTOGRAMETRIA

5.1 Definição
Aerofotogrametria é a arte ou ciência de realizar medições precisas por meio
de fotografias aéreas (JENSEN, 2009). A ASP (1966), define como é a arte, ciência e
tecnologia de obter informações de confiança sobre objetos e do meio ambiente com o uso
de processos de registro, medições e interpretações das imagens fotográficas e padrões de
energia eletromagnética registrados.
O objetivo da aerofotogrametria é a medição sobre fotografias aéreas para a elaboração
de cartas topográficas, cartográficas, geológicas, geomorfológicas, geográfico, entre outras.

SAIBA MAIS

A aerofotogrametria é uma subdivisão da fotogrametria, sendo que a câmara fotográfica


(analógica ou digital) está acoplada na aeronave ou drone para a realização das fotografias.

Para saber mais acesse: http://www.faed.udesc.br/arquivos/id_submenu/891/introducao_a_fotogrametria.pdf

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 117


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5.2 Breve Histórico da fotogrametria
A tabela abaixo apresenta as principais ocorrências na história da fotogrametria.

TABELA 3 - PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS DA HISTÓRIA DA FOTOGRAMETRIA


ANO OCORRÊNCIA
O francês Aimé Laussedat (1819-1907) empregava
1848 o princípio da câmera clara para desenhar vistas
geometricamente exatas de áreas levantadas.
1855 O termo Fotogrametria foi criado pelo geógrafo Kersten
Gaspard Feliz Tournachon patenteou a ideia de
1855
usar fotografias áereas para mapeamento
Primeira fotografia aérea usando um balão de 80
1858
metros de altura próxima a Paris.
O francês Edouard Gaston Deville (1849-1924)
desenvolveu serviços de mapeamento com
a aplicação da fotogrametria nas Montanhas
1881 Rochosas. O primeiro mapeamento de grande área
foi cerca de 3300 km², numa escala de 1:40.000
e intervalo de curvas de nível de 33 metros.
Realizado por fotogrametria terrestre
Criada a Comissão da Carta Geral, posteriormente
Serviço Geográfico do Exército e atualmente
Diretoria do Serviço Geográfico Brasileiro (DSG),
1890 instituição responsável dos principais trabalhos de
fotogrametria no Brasil, na qual é responsável pelo
mapeamento sistemático do Brasil na escala de
1:25000 a 1/250000
Albrecht Meydenbauer (1834-1921) introduziu na
1893 literatura internacional ao fotografar edificações de
grande valor arquitetônico na Alemanha
Criação da Austrian Society of Photogrammetry
1907 International Archives of Phtogrammetry por
Eduardo Dolezal em Viena
Criação da International Society of Photogrammetry
1909 (atual ISPRS - International Society of
Photogrammetry and Remote Sensing)
Capitão Cesare Tardivo (1870-1953) foi que obteve
os primeiros resultados práticos por fotogrametria
1911
aérea tirada de um balão para a geração de um
mosaico em Veneza.

FIGURA 21 - MOSAICO DE FOTOGRAMETRIA COM BALÃO

Fonte: Guerra e Pilot apud Silva (2015).

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 118


e Georreferenciamento
ANO OCORRÊNCIA
Primeiras fotografias aéreas de avião tomadas pela
1912
Royal Flyin Corps
Primeiro congresso internacional de fotogrametria
1913
em Viena
Na primeira Guerra Mundial, as fotografias aéreas
1914-1918 passaram a serem usadas intensamente para
reconhecimento do campo inimigo.
1934 Criada a American Society of Photogrammetry
Nos anos seguintes a aerofotogrametria se
consolidou como método ideal para grandes
1934 - 1960 áreas até os dias atuais, incorporando os avanços
tecnológicos na fabricação das câmeras, filmes,
aeronaves e recursos computacionais
Fotogrametria analítica com a introdução dos
1960
computadores.
Fotografias começaram a ser digitalizadas e apareceram
1990
as primeiras aplicações da fotogrametria digital.

Fonte: Silva (2015).

SAIBA MAIS

No Brasil, os órgãos responsáveis pelo mapeamento utilizando a aerofotogrametria, são


a Diretoria do Serviço Geográfico Brasileiro (DSG), o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) e a Comissão Nacional de Cartografia (CONCAR).

Para saber mais sobre as informações e mapeamentos realizados, acesse o site do banco de dados do
DSG (https://bdgex.eb.mil.br/mediador/#).

5.3 Conceitos básicos


No estudo da fotogrametria ela se divide em fotogrametria métrica ou interpretativa.

5.3.1 Fotogrametria interpretativa


A fotografia interpretativa consiste em obter dados qualitativos a partir de análise
da fotografia aérea ou terrestre, e imagens de satélite, ou seja, objetiva o reconhecimento e
identificação de objetos e determinar sua significância. (TOMASSELLI, 2004).

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 119


e Georreferenciamento
1. Métodos de fotointerpretação
A foto-leitura, foto-análise e foto-dedução são as técnicas de fotointerpretação
utilizadas. A foto-leitura é o reconhecimento direto de objetos feitos pelo homem e
características do meio ambiente. Refere-se a visão vertical de construções, campos
cultivados, rios, florestas, área urbana, entre outros, no qual é a técnica mais simples.
A foto-análise é o ato de examinar o objeto através da separação e distinção de
suas partes componentes. Um exemplo é a classificação da terra, no qual o objetivo
principal é o de identificar estereoscopicamente as várias unidades do terreno e
delinear todas as áreas homogêneas que indicam diferenças nas condições do
solo. Cada área homogênea é analisada e comparada as outras, onde as áreas
similares recebem símbolos iguais (TEMBA, 2000).
A foto-dedução inclui todas as características da foto leitura e uma avaliação da
estrutura geomorfológica (estudo das formas da superfície terrestre) da área.

5.3.2 Fotogrametria métrica


A fotogrametria métrica consiste na leitura de medições de fotos e outras fontes de
informação para determinar, de um modo geral, o posicionamento relativo de pontos, ou seja,
informações quantitativas. Através das técnicas de processamento é possível determinar
distâncias, ângulos, áreas, volumes, elevações, tamanho dos objetos, coordenadas, cartas
planimétricas e altimétricas, mosaicos, ortofotos, entre outros (TEMBA, 2000).
Na fotogrametria métrica a restituição é o conjunto de procedimentos para obter
feições planimétricas e/ou altimétricas de uma determinada localidade, expressas na
projeção ortogonal por meio de fotografias aéreas ou terrestres, após estabelecer uma
equivalência geométrica entre o objeto e a imagem (RICIERI, 2016).

5.4 Fatores básicos da interpretação


Para uma boa interpretação dos elementos presentes nas fotografias aéreas, segue-
se algumas formas para interpretação como a forma, tamanho, padrão, textura e tonalidade.
A forma é a identificação visual das fotografias aérea vertical para a distinção dos
elementos.

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 120


e Georreferenciamento
FIGURA 22 - FOTOGRAFIA ÁREA OBTIDA DE UMA AERONAVE REPRESENTANDO AS
FORMAS DOS ELEMENTOS CONSTRUTIVOS

Fonte: Florenzano (2011).

O tamanho dos objetos pode ser distinguido pelo tamanho relativo como mostra
a figura 8. O padrão (figura 9) refere-se à combinação, de detalhes ou à forma que são
características de muitos grupos de objetos, tanto natural como construídos pelo homem.

FIGURA 23 - PADRÃO DE IMAGEM, COMO NA FIGURA OS PADRÕES


DAS FORMAS DOS RIOS

Fonte: FLORENZANO (2011).

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 121


e Georreferenciamento
A textura (figura 10) refere-se ao aspecto liso (e uniforme) ou rugoso dos objetos
da imagem. Ela contém informações quantos às variações de tons de cinza /cor de uma
imagem, sendo importante na identificação de unidades de relevo. A tonalidade é uma
medida de quantidade relativa de luz refletida por um objeto e realmente registrada numa
fotografia em preto e branco, princípio básico utilizado no sensoriamento remoto.

FIGURA 24 - IMAGEM DE SATÉLITE (LANDSAT 7 BANDAS 3) DO MUNICÍPIO


DE UBATUBA. PERCEBE-SE QUE A ÁREA URBANA REFLETE MAIS ENERGIA
(TONALIDADE CLARA) DO QUE O OCEANO E A VEGETAÇÃO (TONALIDADE ESCURA)

Fonte: Florenzano (2011).

5.5 Estereoscopia
Duas perspectivas do mesmo objeto, vistas de posições diferentes, guardam,
entre si, uma certa relação geométrica. Esta relação geométrica gerada por estas duas
perspectivas de um mesmo objeto, é que possibilita as análises e geração de produtos
cartográficos. Mesma situação geométrica que o cérebro fundirá as imagens sendo
possível visualizar o espaço tridimensional.
É a reprodução artificial da visão binocular natural. É a observação em 3ª dimensão
de objetos fotografados em ângulos distintos (visto de centros perspectivos diferentes),
por intermédio de instrumentos óticos dotados de lentes especiais como, por exemplo, o
estereoscópio (IBGE, 1999).
O estereoscópio é o Instrumento ótico capaz de permitir artificialmente a observação
em 3ª dimensão das imagens que diante das lentes parecem estar situadas no infinito.
Dessa forma, o observador recebe duas imagens homólogas de um mesmo objeto, um em
cada olho, e o cérebro as funde em uma única imagem, estereoscopicamente.

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 122


e Georreferenciamento
FIGURA 25 - ESTEREOSCÓPIO DE ESPELHOS

Fonte: GEOLOGIABR (2019).

5.6 Projeto fotogramétrico e mapeamento


Para entender o processo de mapeamento através de fotografias aéreas individuais
são adquiridas nas várias tomadas ao longo de uma linha de voo, representando a cobertura
fotográfica ao longo da direção do voo (figura 12).

FIGURA 26 - LINHA DE VOO PARA TOMADAS DAS FOTOGRAFIAS

Fonte: USP (2019).

A linhas de voo são locadas no mapa de tal maneira que faixas vizinhas tenham
uma região comum de superposição denominados de lateral e longitudinal. A superposição
lateral, geralmente é de 25 a 30 % da cobertura da foto. A superposição longitudinal
refere-se a linha de voo que cobre uma área que se superpõe com as fotos anteriores em
aproximadamente no mínimo 60% (TOMASSELLI, 2004). O recobrimento de 60%, tem
como objetivo evitar a ocorrência de área sem fotografar na cobertura, que podem ocorrer
devido às oscilações de altura de voo e da ação do vento (IBGE, 1999).

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 123


e Georreferenciamento
As finalidades básicas das superposições longitudinais e laterais de acordo com
Tommaselli (2004) são: a primeira permitir a cobertura do terreno de dois pontos de vista distintos,
o que permite a produção de estéreo pares para a observação e medição estereoscópica. A
segunda finalidade é a construção de mosaicos e a terceira finalidade é a geração de pontos
de apoio por métodos fotogramétricos, a fototriangulação (ou aerotriangulação).

FIGURA 27 - (A) SUPERPOSIÇÃO LONGITUDINAL DA LINHA DE VOO. (B)


SUPERPOSIÇÃO LATERAL DA LINHA DE VOO

Fonte: IBGE (1999).

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 124


e Georreferenciamento
5.6.1 Etapas do projeto fotogramétrico
Tommaselli (2004) expõe as etapas para a realização de um bom planejamento
para o mapeamento. As etapas são:
● Projeto fotogramétrico e plano de voo - nesta etapa, o profissional deverá
saber qual equipamento será utilizado (aeronave ou drone), câmera fotográfica,
horário, localização, orientação do voo, as superposições lateral e longitudinal (de
acordo a finalidade do mapeamento);
● Pré-sinalização dos alvos - pontos demarcados na área de voo, servindo como
apoio para a realização da aerotriangulação;
● Voo e tomadas dos fotogramas;
● Levantamento de campo - realizar o levantamento pela poligonação eletrônica
(estação total), nivelamento geométrico ou trigonométrico ou por GNSS (receptor
geodésico);
● Aerotriangulação - método fotogramétrico utilizado para determinação de
pontos fotogramétricos, visando estabelecer controle horizontal e vertical através
das relações geométricas entre fotografias adjacentes a partir de uma quantidade
reduzida de pontos determinados pelo apoio suplementar, com a finalidade de
densificar o apoio necessário aos trabalhos de restituição, após ajustamento.
● Restituição - É a elaboração de um novo mapa ou carta, ou parte dele, a partir de
fotografias aéreas e levantamentos de controle. Através de um conjunto de operações
denominado orientação, reconstitui-se, no aparelho restituidor, as condições
geométricas do instante da tomada das fotografias aéreas, formando-se um modelo
tridimensional do terreno, nivelado e em escala - modelo estereoscópico. Obtendo
as informações de feições planimétricas, modelo digital do terreno (MDT), edição dos
dados, ortofotos e exportação dos dados em diferentes formatos (IBGE, 1999).

5.7 Medição da escala de uma fotografia vertical


A escala (E) é a razão entre o tamanho do objeto medido na fotografia aérea, ab, e
o verdadeiro comprimento do objeto no mundo real, AB:

Um exemplo refere-se a largura da calçada lateral da via, a qual foi medida e possui
1,8288 metros de largura no mundo real e 0,03048 cm na fotografia aérea. Aplicando na
equação 1, obtém-se o valor de 1:6.000

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 125


e Georreferenciamento
A escala também pode ser determinada através da relação entre distância focal (f)
e altitude acima do nível do solo (H), conforme mostra a figura 14.

FIGURA 28 - GEOMETRIA DE UMA FOTOGRAFIA AÉREA VERTICAL ADQUIRIDA SOBRE


TERRENO RELATIVAMENTE PLANO

Fonte: Jensen (2009).

A escala pode ser expressa por:

Como exemplo, uma fotografia aérea vertical é adquirida sobre terreno plano com
uma câmera com distância focal de 30,48 cm e situada numa altitude de 18.288 m acima
do nível do solo. Substituindo na equação (eq.2) o valor da escala é de 1:60000
Devemos considerar também a escala da fotografia aérea vertical adquirida sobre
um terreno acidentado (figura 15)

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 126


e Georreferenciamento
FIGURA 29 - GEOMETRIA DE UMA FOTOGRAFIA AÉREA SOBRE UM RELEVO ACIDENTADO

Fonte: Jensen (2009).

Devido o relevo ser acidentado, a escala da foto vai ter variação, ou será menor ou
maior. A fórmula utilizada é pela relação de triângulos, obtendo a equação 3, em que f é a
distância focal, H altitude do voo e h é a altitude do ponto.

Por exemplo a altitude do ponto C é de 1.828,8 metros, do ponto B (elevação


média) é de 2.438,4 metros e a do ponto D (maior elevação) é de 3.048,0 metros. A
distância focal da câmara e de 152,4 mm e a altitude do voo é de6.096 metros. As escalas
máxima, média e mínima são:

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 127


e Georreferenciamento
REFLITA

A aerofotogrametria e o GNSS são ferramentas que podem ser utilizadas em conjunto


envolvendo projetos de mapeamento, como também podem ser utilizados separados
dependendo do projeto a ser executado.

Fonte: FERREIRA, N. C. Apostila de Sistema de Informações Geográficas. 2006. Disponível em: http://
www.faed.udesc.br/arquivos/id_submenu/1414/apostila_sig.pdf. Acesso em 01 out. 2022.

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 128


e Georreferenciamento
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os produtos gerados pelo sensoriamento remoto possuem grandes aplicações nas


áreas de monitoramento ambiental, climatologia, solos, geologia, planejamento urbano e
rural, entre outras aplicações. O conhecimento de qual satélite e sensor a ser utilizado é de
fundamental importância para a aplicação dos estudos do meio ambiente. Como também a
utilização do uso do GNSS e da Aerofotogrametria, no qual vem obtendo um crescimento devido
a evolução tecnológica, enfatizando na agilidade do levantamento com elevada precisão.
Discutiu os principais métodos de levantamento por GNSS e suas principais
aplicações no geoprocessamento. Com relação a aerofotogrametria, conheceu os principais
produtos a ser elaborados por esta ciência e os metodologia para o projeto fotogramétrico.
Devido a sua agilidade e eficácia, os órgãos públicos e empresas privadas, estão
utilizando estas ferramentas para o monitoramento, levantamentos planialtimétricos,
mosaicos, modelo digital do terreno, cadastro multifinalitário entre outros produtos gerados
pelo uso de sensoriamento remoto, GNSS e Aerofogrametria.

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 129


e Georreferenciamento
LEITURA COMPLEMENTAR

O Global Positioning System (GPS) conhecido no Brasil como Sistema Global


de Posicionamento, foi desenvolvido na década de 70 pelo departamento de defesa dos
Estados Unidos da América, com propósito militar. Posteriormente, com a alta acurácia
e tecnologia dos receptores, o GPS passou a ser utilizado nos mais variados segmentos
civis, como navegação, aviação, topografia, controle de frotas e também na agricultura,
como, por exemplo, na agricultura de precisão. Apesar dessa grande tecnologia, alguns
erros fazem parte do sistema e variam em função do tipo de posicionamento/receptor.
Os posicionamentos mais utilizados na agricultura são: absoluto, WADGPS (Wide
Area Differential GPS) e RTK (Real Time Kinematic). O posicionamento absoluto é aquele em
que as coordenadas são calculadas no próprio receptor sem auxilio de outro equipamento.
Já o WADGPS processa informações que diminuem o erro por meio de estações base
espalhadas no continente/região de interesse, que pode ser Estados Unidos da América,
Europa ou mesmo o Brasil e são disponibilizados gratuitamente pelos governos ou cobrados
por empresas particulares. Enquanto que o RTK utiliza o mesmo princípio do WADGPS,
porém as estações base são locais.
Dentre esses tipos de posicionamento, o absoluto possui o maior erro e varia
de 3 a 10 m, sendo utilizado em operações como amostragem de solo, demarcação de
talhões, identificação de pragas e doenças e mapas de colheita. O uso do WADGPS justifica-
se para aplicação de insumos como pulverização, adubação e calagem, onde se admite um
erro em torno de 0,20 a 1 m. Porém, a acurácia do RTK é de 2 cm, por essa razão é utilizado
com piloto automático para operações de semeadura, plantio e colheita sistematizada.
Atualmente, existe um novo tipo de RTK que dispensa o uso de estações locais e utiliza
bases regionais para a correção do posicionamento, proporcionando um erro de 5 cm.
Para cada tipo de posicionamento relacionado acima, existe um receptor adequado.
Por exemplo, para posicionamento absoluto os receptores utilizados são aqueles mais
simples, chamados de navegação ou receptores C/A. Entretanto, os receptores L1 são mais
usados em WADGPS e possuem mais tecnologia que os receptores C/A, tendo uma antena
diferencial que faz as correções necessárias para diminuição dos erros. Já os receptores mais
modernos e com maior tecnologia, utilizados em agricultura de precisão, são os receptores
L1/L2. Esses possuem um link de rádio para transmissão dos dados da estação base para a
estação móvel (rover), que nada mais é do que o trator que está em movimento no campo.

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 130


e Georreferenciamento
As variações da acurácia, ou seja, o erro em campo, são causadas por fatores
inerentes ao sistema que são relacionados aos satélites, à propagação do sinal, à estação
do controle e ao receptor/antena. Os principais fatores que influenciam os erros são
troposfera, ionosfera e multicaminhamento (reflexão) e causam mais ou menos acurácia
dependendo das condições climáticas, estações do ano, topografia e construção civil.
Por isso, conhecer as limitações de cada tipo de posicionamento/receptor é
importante para seu uso correto e sucesso das operações em agricultura de precisão.

Fonte: FAULIN, M. R. Erros do Sistema Global de Posicionamento (GPS). S/d. Disponível em: http://diadecam-
po.com.br/zpublisher/materias/Materia.asp?id=26092&secao=Colunas%20e%20Artigos. Acesso em 02 out 2022.

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 131


e Georreferenciamento
MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Fotogrametria Digital
Autor: Luiz Coelho, Jorge Nunes Brito.
Editora: EdUERJ.
Sinopse: Leitura incrível, repleta de conceitos e explicações sobre
a gama de conhecimentos que recaem sobre a temática.

FILME/VÍDEO
Título: Fotogrametria com Drones na Prática
Ano: 2016
Sinopse: aborda os fundamentos da fotogrametria, utilizando
o Drone ou Veículo Aéreo não tripulado (Vant) de acordo com o
projeto fotogramétrico abordando sobre equipamentos, softwares e
aplicativos utilizados para o planejamento de voo e processamento
das imagens.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=EgyBCTxLIqc

UNIDADE IV Sistema Global de Navegação por Satélites (GNSS) 132


e Georreferenciamento
REFERÊNCIAS

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cubo-hiperespetral/. Acesso em: 20 jun. 2022.

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nível em: https://docplayer.com.br/9975334-Sensoriamento-remoto-aplicado-ao-monitora-
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136
CONCLUSÃO GERAL

Prezado (a) aluno (a),

Neste material, busquei trazer para você os principais conceitos a respeito da


Topografia, cartografia, Planimetria e Sensoriamento Remoto. Para tanto abordamos as
definições teóricas e, neste aspecto acreditamos que tenha ficado claro para você o quanto
é estratégico para os profissionais da área compreenderem os processos que envolvem os
conceitos supracitados e oportunidades de aprendizado que atendam as expectativas do setor.
Destacamos também a importância histórica dos equipamentos utilizados para a
evolução, quanto a inovação e diferenciação no avanço tecnológico dos trabalhos baseada
em critérios sólidos contribuem para o sucesso de uma análise profissional. Além dos
aspectos teóricos que contribuíram profundamente para o entendimento dos assuntos
aqui abordados, trouxe várias técnicas para uma melhor compreensão sobre Topografia e
Georreferenciamento.
Levantamos também aspectos históricos que nos levaram a chegar nas formulações,
processos e técnicas que hoje aplicamos no dia a dia. Esse olhar para o passado para
entender o presente e visualizar o futuro é algo inerente aos profissionais que pensam com
eficiência e que estão antenados com as mudanças constante.
Ao pensarmos em topografia, atualmente, não há como não associarmos com
GPS, e o modo de comunicação com o ambiente que está sendo utilizado como pesquisa
para tanto, temos que sempre levar em consideração o diálogo, o respeito e o ouvir nossos
parceiros de trabalho, nossos colaboradores e todos aqueles que integram nossa equipe.
A partir de agora acreditamos que você já esteja preparado para seguir em
frente desenvolvendo ainda mais suas habilidades para criar e desenvolver pesquisas, e
trabalhos na área.

Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigado!

137
+55 (44) 3045 9898
Rua Getúlio Vargas, 333 - Centro
CEP 87.702-200 - Paranavaí - PR
www.unifatecie.edu.br

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