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Sustentabilidade e

Responsabilidade
Social
Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco.

EduFatecie
E D I T O R A
2021 by Editora EduFatecie
Copyright do Texto © 2021 Os autores
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

M425s Mataruco, Sônia Maria Crivelli


Sustentabilidade e responsabilidade social / Sônia Maria
Crivelli Mataruco. Paranavaí: EduFatecie, 2021.
157 p. : il. Color.

ISBN 978-65-87911-44-1

1. Desenvolvimento sustentável. 2. Proteção ambiental. 3.


Responsabilidade social da empresa. I. Faculdade de Tecnologia
e Ciências do Norte do Paraná - UniFatecie. II. Núcleo de
Educação a Distância. III. Título.

CDD : 23 ed. 337.7


Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577
https://orcid.org/0000-0001-5409-4194

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André Dudatt
AUTORA

Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco

● Mestre na área de Educação pela Unespar Campus de Paranavaí - 2015-2016.


● Graduação em Licenciatura em Matemática na Universidade Filadélfia de Lon-
drina - Unifil - concluída em 2014;
● Graduação em Tecnologia em Gestão Ambiental pela Faculdade de Tecnologia
e Ciências do Norte do Paraná - Fatecie (2009).
● Graduada em bacharelado Administração pela Faculdade Estadual de Educa-
ção Ciências e Letras de Paranavaí (1992);
● Pós- graduada em Marketing e Gestão de pessoas pela Faculdade Estadual de
Educação Ciências e Letras de Paranavaí;
● Pós- graduada em Psicopedagogia institucional pela Faculdade de Tecnologia e
Ciências do Norte do Paraná - Fatecie;
● Pós- graduada em auditoria e certificação ambiental pela Faculdade de Tecno-
logia e Ciências do Norte do Paraná - Fatecie;
Atualmente é Gestora ambiental da Companhia de Saneamento do Paraná - Sa-
nepar e professora e coordenadora de curso na Faculdade de Tecnologia e Ciências do
Norte do Paraná - Fatecie, atuando principalmente nos seguintes temas: gerenciamento
ambiental, recursos hídricos e hidrologia, sustentabilidade ambiental, responsabilidade so-
cioambiental, poluição e resíduos, gestão de águas, saneamento, agronegócio, Educação
ambiental, gestão de negócios ambientais, fundamentos de marketing e administração de
materiais e patrimônio.

http://lattes.cnpq.br/0836891204233076
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Caro aluno (a) seja muito bem-vindo (a) a leitura do livro que utilizaremos na disci-
plina Sustentabilidade e responsabilidade social.
Este livro foi carinhosamente planejado para que você possa ter conhecimento
geral dos principais assuntos sobre a gestão do meio ambiente.
Este conteúdo servirá de base para compreensão dos temas abordados, com o
objetivo de levá-lo a ter consciência dos problemas ambientais e perceber que antes de
qualquer ação, é preciso pensar na sustentabilidade do nosso planeta para o futuro das
gerações futuras.
Para facilitar os estudos dividimos este material em quatro unidades de acordo com
os temas e suas relações entre si. A disciplina “Sustentabilidade e Responsabilidade Social”,
apresenta assuntos ligados ao meio ambiente, observando construções consideradas pela
ONU como sustentáveis que utilizam recursos sofisticados e abundantes em suas regiões,
e que possa servir de modelos para os profissionais engajados nesta área.
Desta forma, na primeira unidade demonstraremos como os processos ecológicos
são responsáveis pelo bom funcionamento dos ambientes naturais e como é alterado por
ações antrópicas. Apresentaremos os conceitos vitais necessários para que o homem possa
trabalhar respeitando a natureza e proporcione equilíbrio do ecossistema, sabendo que este
depende das ações diárias realizadas pelo homem. Como o desmatamento e a revolução
industrial contribuíram para a insustentabilidade do planeta e acentuação da poluição.
Abordaremos a tão falada sustentabilidade e sua relação com o desenvolvimento.
Enfatizaremos a diferença entre desenvolvimento e crescimento, conceituando-os e mos-
trando o papel da sociedade, do governo e das empresas, na busca por um mundo mais
sustentável em todas as suas dimensões: ambiental, social e econômico.
Assim, finalizaremos a primeira unidade com o tema meio ambiente e sociedade,
explanaremos os objetivos definidos pela ONU para o desenvolvimento sustentável, que
trazem metas que deverão ser implementados por todos os países até 2030. Os Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável propõe diversos assuntos de elevada importância para a
humanidade a fim de transformar a vida no planeta.
Prosseguindo, na Unidade II, cujo título é: Responsabilidade Social, será discorrido
sobre o tema Sustentabilidade Empresarial, nessa perspectiva será apresentado o signi-
ficado de Sustentabilidade Empresarial e serão vistos outros conceitos relacionados ao
desenvolvimento e sustentabilidade.
A Unidade II ainda versará sobre a Gestão Ambiental Empresarial, nesta perspec-
tiva, os tópicos que serão abordados serão: abordagens e modelos de Gestão Ambiental
Empresarial; Responsabilidade social corporativa (contexto teórico para a sua compreen-
são); e Histórico e abordagens sobre tecnologias de gestão socioambiental, as políticas
ambientais e outros temas pertinentes.
Na terceira unidade intitulada Ecologia urbana e rural, demonstraremos que a cons-
trução de uma cidade depende dos diferentes agentes envolvidos. O seu planejamento deve
ter como princípio norteador uma postura ética, comprometida a dar condições políticas e
econômicas, priorizando a manutenção dos processos ecológicos. A melhoria do bem-estar
dos habitantes está na correta gestão ambiental que tem como princípios a necessidade de
garantir a atividade socioeconômica e a qualidade ambiental urbana, compartimentalizando
o território produtivo e evitando os processos de degradação em áreas menos desprovidas
de recursos no meio urbano. Demonstraremos alguns exemplos de como projetar uma
edificação através do informe publicado pela ONU, onde relata as necessidades de se
desenvolver infraestruturas sustentáveis nas cidades “inteligentes” e como estas trazem
benefícios econômicos e ambientais.
A quarta unidade retratará a utilização dos indicadores ambientais como instrumen-
tos para a sociedade avaliar sua própria evolução. No contexto ambiental, indicadores são
parâmetros representativos, que pode ser entendido como a representação de um conjunto
de dados, informações e conhecimentos acerca de determinado fenômeno urbano/ambiental.
Faremos breve relato da importância das certificações ambientais nas edificações
e o papel da certificação ambiental na construção civil, fazendo uso das duas certificações
ambientais mais utilizadas na construção civil brasileira, o LEED (Leadership in Energy
and Environmental Design) e o Processo AQUA (Alta Qualidade Ambiental). Enfatizaremos
que construção sustentável é aquela projetada para respeitar o meio ambiente, seguindo
os princípios da sustentabilidade e garantindo o bem-estar dos moradores. Necessita da
utilização consciente de materiais, prezar pela economia de luz e energia, reciclagem de
lixo e pela produção de alimentos orgânicos.
Assim a partir dos estudos destes capítulos possamos cuidar do meio ambiente,
utilizando mecanismos que permitam proteção ambiental assegurando a qualidade de vida
das pessoas e principalmente a conservação dos recursos hídricos do solo e da biodiver-
sidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da
sociedade, entendendo que é da natureza que retiramos nossos alimentos e garantimos
nossa sobrevivência. Mostrando que é possível desenvolver de forma sustentável.

Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco

Bom estudo e que a partir dessa leitura você possa ser um


agente em defesa do meio ambiente.
SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 4
Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e
Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade

UNIDADE II.................................................................................................... 35
Responsabilidade Social

UNIDADE III................................................................................................... 65
Ecologia Urbana e Ecologia Rural

UNIDADE IV................................................................................................... 99
Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000
UNIDADE I
Ecologia e Sustentabilidade Ambiental,
Desenvolvimento e Sustentabilidade -
Meio Ambiente e Sociedade
Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco

Plano de Estudo:
● Conceitos Básicos da Ecologia e a importância das Inter-relações Ecológicas
● Degradação ambiental causada pelo desmatamento
● Industrialização e seus efeitos
● Conceito de desenvolvimento sustentável
● As dimensões do desenvolvimento sustentável
● Objetivos do desenvolvimento sustentável
● Controle da qualidade ambiental – solo, água e ar
● Educação ambiental

Objetivos da Aprendizagem:
● Apresentar os conceitos vitais necessários para trabalhar respeitando a natureza de forma a
proporcionar equilíbrio ao ecossistema, sabendo que este depende das ações diárias realizadas
pelo homem.
● Compreender a diferença entre crescimento e desenvolvimento, e a importância do planeja-
mento para desenvolver dentro dos quesitos econômicos, sociais e ambientais.
● Conhecer os objetivos definidos pela ONU para o desenvolvimento sustentável, que trazem
metas que devem ser implementadas por todos os países até 2030.

4
INTRODUÇÃO

A natureza é sábia, é utilizada como fonte de matéria-prima para a extração dos


recursos naturais. Infelizmente, para essa extração o homem muitas vezes utiliza-se de
técnicas de manejo inadequadas, não preservando ou não promovendo meios para que haja
reposição desses recursos de forma que possa suprir a atual e a futura geração. Desta forma
nesta unidade falaremos sobre os campos de estudo da ecologia; faremos um breve histórico
da ecologia e das relações ecológicas e os fatores que influenciaram a relação homem x
natureza; compreender as três visões predominantes sobre a questão: desenvolvimento, pre-
servação e conservação; conhecer os conceitos essenciais da questão: recursos renováveis
e não-renováveis, desenvolvimento sustentável. Os objetivos e as metas desenvolvimento
sustentável (ODS) e seus benefícios para nossa sociedade e pensar em alternativas para
promover o desenvolvimento sustentável em situações do cotidiano.
O entendimento desses conceitos, o conhecimento da forma como os organismos
se relacionam entre si, que não vivem isolados, interagem uns com os outros e com o meio
ambiente, são essenciais para que a sociedade possa analisar os problemas ambientais
existentes e buscar conduzir suas ações de forma sustentável.
Contribuindo, (SALES, 2013, p. 62) relata que os sistemas biológicos são ineren-
temente sustentáveis, pois quando o equilíbrio entre os sistemas biológicos é perturbado
esses se comportam de maneira a restaurá-lo.
O Relatório Brundtland (1987) - intitulado Nosso Futuro Comum - destaca: “O de-
senvolvimento sustentável só será alcançado quando as atividades humanas atenderem
às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras
atenderem às suas próprias necessidades”.
Num contexto geral a sustentabilidade deve ser concebida como a capacidade
de manutenção e conservação da vida. Um processo de desenvolvimento em constante
adaptação da sociedade na busca por qualidade de vida, incluindo a satisfação de suas
necessidades básicas e a ampliação de suas liberdades e potencialidades.
O conceito de desenvolvimento com sustentabilidade pressupõe o atendimento
das necessidades não apenas atuais, mas também, das futuras gerações terem recursos
naturais em quantidade e qualidade necessária. Satisfazer as necessidades da geração

UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade 5


atual e futura sem exaurir os recursos naturais não é tarefa fácil, porém imprescindível para
a própria manutenção da espécie humana no planeta Terra.
Para desenvolver de forma sustentável uma sociedade necessita exercer atividades
com planejamento e o reconhecimento de que os recursos naturais são finitos.
Assim os Objetivos para o Desenvolvimento do Milênio, foram formulados no ano
de 2015, com objetivo de conciliar economia, ecologia e direitos humanos.
Esses objetivos foram propostos durante a Assembleia Geral da Organização das
Nações Unidas (ONU, 2015), onde seus 193 Estados-membros aprovaram, por unanimi-
dade, uma nova agenda global para os próximos quinze anos, baseada em 17 Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável (ODS), subdivididos em 169 metas concretas que serão
monitoradas por 300 indicadores. Para aprovação desses objetivos a ONU contou também
a colaboração de diversos stakeholders e consultas em mais de 100 países.
A proposta da ONU, não é apenas combater a fome e proteger o meio ambiente,
mas também incluem temas então ausentes como energia limpa, cidades sustentáveis, con-
sumo e produção responsáveis, reduzir as diferenças entre homens e mulheres, igualdade
de gênero e raça, entre outros. A Agenda 2030 deve ser amplamente discutida no meio
acadêmico pelo fato de influenciar significativamente todos os segmentos empresariais, os
tomadores de decisão, sejam eles formuladores de políticas públicas governamentais ou
do setor privado.

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1. CONCEITOS BÁSICOS DA ECOLOGIA E A IMPORTÂNCIA DAS INTER-
RELAÇÕES ECOLÓGICAS

A ecologia é uma ciência, que considera as interações entre todos os participantes


de ecossistemas, incluindo seres humanos é de extrema importância para os seres humanos.
A ecologia é a ciência que estuda as relações entre os seres vivos e os meios onde
vivem. A palavra deriva do grego oikos, que significa lugar onde se vive, ou seja, meio ambiente.
Metzger, (2001, p. 105) situa a ecologia como uma ciência emergente e que define
os aspectos do ambiente que têm influência direta na saúde humana.
O conceito de funções do ecossistema e serviços ajuda a descrever os pro-
cessos globais que contribuem para o nosso bem-estar, ajudando a limpar o
ar que respiramos, a água que bebemos e a comida que comemos. A degra-
dação ambiental, muitas vezes, leva a alterações nestes aspectos, levando a
vários estados de saúde.

Temos também a ecologia de paisagens é uma nova área de conhecimento dentro


da ecologia, marcada pela existência de duas principais abordagens: uma geográfica, que
privilegia o estudo da influência do homem sobre a paisagem e a gestão do território; e outra
ecológica, que enfatiza a importância do contexto espacial sobre os processos ecológicos,
e a importância destas relações em termos de conservação biológica1 .
Os organismos estabelecem relações mútuas entre si e com o ambiente físico,
baseado nas interações que ocorrem no mundo natural.

1 Metzger, Jean Paul. O que é ecologia de paisagens ? Biota Neotropica v1 http://www.biotaneo-


tropica.org.br/v1n12/pt/abstract?thematic-review+BN00701122001. Disponível em: http://www.google.com.
br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=6&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwio8purj9ncAhUDx5AKHb-
zyAQAQFjAFegQIBRAC&url=http%3A%2F%2Fwww.biotaneotropica.org.br%2Fv1n12%2Fpt%2Ffullpaper%-
3Fbn00701122001%2Bpt&usg=AOvVaw0vCBbxMwwiYpXbXAnkptGf Acesso 06 jan. 2021

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O entendimento dos diferentes fenômenos que englobam essas relações e
interações entre seres vivos (incluindo o homem) e os componentes abióticos
é amplamente discutido à luz de teorias ecológicas. O ambiente é alterado,
físico e químicamente, pela maneira como os indivíduos realizam suas ativida-
des. Também as interações entre organismos, têm influência na vida de outros
seres, da mesma espécie e de espécies diferentes. (BEGON, 2007, p. 223).

Na natureza os seres vivos mantêm entre si vários tipos de interações ecológicas que
podem ser consideradas como sendo harmônicas ou positivas e desarmônicas ou negativas.
As interações harmônicas ou positivas são aquelas onde não há prejuízo para as
espécies participantes e vantagem para, pelo menos, uma delas.
As interações desarmônicas ou negativas são aquelas onde pelo menos uma das
espécies participantes é prejudicada, podendo existir benefício para uma delas.
Com a exploração de determinado conjunto de recursos, cada espécie define o
seu nicho ecológico, também entendido como o papel desempenhado por esta espécie no
ecossistema.
Se não existissem competidores, predadores e parasitas em seu ambiente, uma
espécie seria capaz de viver sob maior amplitude de condições ambientais (seu nicho fun-
damental) do que faria na presença de outras espécies que a afetam negativamente (seu
nicho realizado). Por outro lado, a presença de espécies benéficas pode aumentar a gama
de condições em que uma espécie consegue sobreviver.
Dentro de cada um dos tipos de interações mencionados acima, ainda podemos
classificá-las em interações intraespecíficas e interespecíficas, conforme ocorre entre indi-
víduos da mesma espécie ou entre espécies diferentes respectivamente, conforme tabela
abaixo que mostra os principais tipos de interações ecológicas possíveis de ocorrer entre
organismos de duas espécies.
Para Lerípio (2001), ecossistema é o conjunto formado pelo meio ambiente, pelos
seres que aí vivem e pela dependência recíproca. É a unidade fundamental da ecologia.

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2. DEGRADAÇÃO AMBIENTAL CAUSADA PELO DESMATAMENTO

Por volta de 1966, o governo criou uma política de incentivos fiscais em nome do
desenvolvimento econômico e os agricultores para terem direito de receber o incentivo
financeiro para plantar e adquirir equipamentos necessitavam assumir compromisso de
desmatar. Após anos de incentivos à produção e à ocupação de terras, os sinais de des-
truição ficam mais claros. Em 1978, a área desmatada chegou a 14 milhões de hectares.
Esse processo de desmatamento trouxe prejuízos ambientais e socioeconômicos muito
significativos como:
● A ocorrência de desequilíbrios climáticos com diminuição das chuvas devido à
alteração das áreas de mata e do clima, causando grandes períodos de estiagem, e redução
da umidade relativa do ar, pois com a remoção das folhagens há uma queda da regulação
da temperatura ambiental, deixando-a mais alta e instável; Perda de biodiversidade da fau-
na e flora nativas e com isso, o equilíbrio ecológico pode tornar-se ameaçado; Degradação
de mananciais ao remover a proteção das nascentes e prejudicar a impermeabilização do
solo em torno da água; O esgotamento dos solos com a intensificação de processos de
erosão e desertificação.
Além dos problemas anteriormente citados, para a sociedade o desmatamento
ainda traz diversos prejuízos como o enfraquecimento do ecoturismo, diminuição das pos-
sibilidades de pesquisas para a área de fármaco, perda qualidade da água, aumento da

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resistência a doenças e pragas na agricultura que provém muitas vezes do cruzamento
entre espécies nativas próximas.
Segundo Castro (2005), a exploração de madeiras no Brasil foi responsável pelo
desaparecimento de espécies de árvores e animais que perderam seu habitat.
Para Margulis (2003) a pecuária constitui a principal atividade responsável pela
maior parte do desmatamento.
A redução dos tamanhos das florestas naturais em todo o mundo tem ocorrido
como resultado, principalmente, de incêndios, corte de árvores para propósitos comerciais,
devastação de terras para utilização da agropecuária, ou até fenômenos naturais.
O desmatamento pode causar diversos impactos para o meio ambiente, como:
Degradação de habitat, erosão, perda da biodiversidade, modificação do clima,
impactos sociais.
A destruição desses ambientes afeta essas pessoas de tal modo, aumentando a
sua pobreza e obrigando-as, muitas vezes, a mudarem-se para outras regiões, buscando
uma forma de manter-se.
Segundo Marcovitch, J.; Pinsky,V. (2020, p. 02) entre 2019 e 2020:
O desmatamento na Amazônia e as queimadas elevaram-se a níveis expo-
nenciais, prejudicando seriamente a imagem do Brasil no exterior. Chefes de
Estado e destacados membros da comunidade científica, lideranças empresa-
riais e dirigentes de organizações da sociedade civil manifestaram sua extre-
ma preocupação com o aumento alarmante das taxas de desmatamento no
grande bioma. Fundos de investimentos e coalizões empresariais criticaram
veementemente a conduta institucional que facilitou os perigosos eventos. A
Noruega e a Alemanha, principais doadores ao Fundo Amazônia, registraram
sua insatisfação com a política ambiental do governo federal. Em síntese, am-
pliou-se cada vez mais, no exterior e na cena interna, um clamor tão aceso
quanto as labaredas que ameaçam a maior biodiversidade vegetal do mundo.

Segundo Fonseca et al. (2020, p. 03) as florestas degradadas na Amazônia Legal


somaram 283 quilômetros quadrados em julho de 2020, o que representa um aumento de
110% em relação a julho de 2019, quando a degradação detectada foi de 135 quilômetros
quadrados. Em julho de 2020 a degradação foi detectada no Mato Grosso (78%), Pará
(10%), Amazonas (5%), Roraima (5%) e Acre (2%).

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3. INDUSTRIALIZAÇÃO E SEUS EFEITOS

No Brasil somente no final do século XIX e começo do século XX que grandes


fazendeiros de São Paulo que enriqueceram com o café, começaram a investir no setor
industrial de forma significativa, havendo desta forma grande investimento no desenvolvi-
mento industrial nas grandes cidades da região Sudeste. Além do capital interno investido
pelos cafeicultores, houve a abertura da economia com incentivos fiscais para o capital
internacional e muitas nações europeias investiram seu capital na produção agrícola, na
urbanização e no extrativismo de riquezas naturais no Brasil. Diversas multinacionais, prin-
cipalmente montadoras de veículos, construíram grandes fábricas em cidades como São
Paulo, São Bernardo do Campo, Guarulhos, Santo André, Diadema,Belo Horizonte e Rio
de Janeiro.
Segundo Silva (2013, p. 166) no século XX;
No processo de industrialização e mecanização da agricultura fez com que
muitos trabalhadores rurais migraram para as cidades atraídos em busca de
trabalho nas fábricas e melhores salários, e o resultado disso foi o êxodo rural
do Nordeste para o Sudeste do país. Os migrantes nordestinos fugitivos da
seca do Nordeste e do desemprego foram em busca de trabalho e melhores
condições de vida nas grandes cidades do Sudeste.

Agregado à Revolução Industrial ocorreu também uma Revolução Agrícola. A


utilização de novos métodos agrícolas, rotação de safras, sementes selecionadas e o
surgimento de novos equipamentos agrícolas, produziram um extraordinário aumento na
produção de alimentos. Grandes proprietários rurais passaram a investir na tecnologia de

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produção agrícola, fato que levou a agricultura ter como fonte principal do progresso técnico
a mecanização e o desenvolvimento de produtos químicos e biológicos, optando pela mo-
nocultura, ou seja, uma área de cultivo muito grande com uma mesma espécie. Outro fato
relacionado à migração interna ou ao êxodo rural ocorreu com a construção de Brasília, no
final da década de 1950. Muitos migrantes do Norte e Nordeste do país foram em busca de
empregos na região central do país, principalmente na construção civil. As cidades satélites
de Brasília cresceram desordenadamente, causando vários problemas sociais, que persis-
tem até os dias de hoje. Este processo estendeu-se com força durante as décadas de 70
e 80, entretanto como as cidades não ofereciam infraestrutura adequada aos migrantes,
passam a residir em habitações sem boas condições como favelas e cortiços.
Como os empregos não eram suficientes para todos, e como agravante a grande
maioria dos imigrantes não possuíam qualificação necessária para o trabalho especificado,
muitos deles partiam para o mercado de trabalho informal, e outros acabavam incorporando
à grande massa dos mendigos.
De acordo com dados da ONU, em 2050, 60% da população mundial residirá nas
cidades, realidade muito diferente da década de 50, quando para cada 2 moradores da zona
rural, existia aproximadamente 1 morador das cidades, conforme demonstra o gráfico abaixo.

GRÁFICO 01: ÊXODO RURAL NO MUNDO, 1950 - 2030

Fonte: ONU, 2012

Entretanto, os efeitos da Revolução Industrial no Brasil foram positivos em muitos


aspectos, pois ocorreu um enorme aumento da produtividade, em função da utilização
dos equipamentos mecânicos, da energia a vapor e, posteriormente, da eletricidade, que
passaram a substituir a força animal.

UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade 12


O processo de urbanização influiu positivamente em alguns indicadores na-
cionais, no decorrer do século XX. Os principais exemplos foram a queda
da mortalidade infantil (que passou da taxa de 150 mortes para cada mil
nascidos vivos em 1940 para 29,6 em 2000), o aumento da expectativa de
vida (40,7 anos de vida média em 1940 para 70,5 em 2000), a queda da taxa
de fertilidade (6,16 filhos por mulher em idade fértil em 1940 para 2,38 em
2000) e o nível de escolaridade (55,9% de analfabetos em 1940 para 13,6%
em 2000). Foi notável também a ampliação do saneamento e a ampliação da
coleta de lixo domiciliar, mas apesar da melhora referida alguns desses indi-
cadores ainda deixam muito a desejar. (MARICATO, 2005, p. 01)

Relacionado à questão ambiental, um dos aspectos negativos é que a revolução


industrial trouxe aumento da poluição do ar e dos rios, pois muitas indústrias passaram a
jogar produtos químicos e lixo em rios e córregos. Uso de mão de obra infantil (na primeira
etapa da industrialização). A industrialização trouxe um mundo de consumo, que convive
com a miséria social, com o desprezo e a falta das condições mínimas, muitas vezes, de
sobrevivência. O Brasil possui uma grande quantidade de pessoas vivendo abaixo da linha
da pobreza. Assim, por representar um país subdesenvolvido emergente, a pobreza no
Brasil apresenta elevados patamares.
O gráfico abaixo mostra a evolução da desigualdade de renda no Brasil desde
1976. A medida adotada é o Coeficiente de GINI2 , tido como padrão internacional para
mensurar a desigualdade de renda.
Quanto menor o coeficiente de GINI, menor é a desigualdade de renda dentro de
um país. Para que as pessoas melhorem de vida, e o abismo entre ricos e pobres diminua,
a renda das famílias mais pobres precisam crescer. Mas nada disso é possível se um país
não se desenvolver como um todo.

GRÁFICO 02: EVOLUÇÃO DA DESIGUALDADE DE RENDA NO BRASIL DESDE 1976

Fonte: www.ipea.gov.br. IPEA (Instituto de Pesquisa e Estatística Aplicada).

2 Desenvolvido pelo matemático italiano Corrado Gini, o Coeficiente de Gini é um parâmetro internacional
usado para medir a desigualdade de distribuição de renda entre os países.

UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade 13


4. CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Ao longo da história o próprio conceito de desenvolvimento tem sofrido diversas


alterações.
Quando falávamos em crescimento econômico entendíamos que estávamos desen-
volvendo, e nem se quer imaginávamos que uma simples palavra como desenvolvimento
pudesse significar tanto para uma nação como para o meio ambiente.
Dizer que uma nação cresceu, significa que ela realmente está progredindo, avan-
çando, mas não necessariamente significa que está desenvolvendo, pois desenvolvimento
engloba crescer além do aspecto geográfico, econômico, mas também social, dando condi-
ções dignas para que a população possa ter moradia, alimentação, saúde, lazer, educação,
etc. Importante ressaltar que o aspecto ambiental nem era comentado, neste conceito de
desenvolvimento implantado.
Entre os indicadores de mensuração do crescimento econômico, está o Produto
Interno Bruto (PIB), que pode ser definido como “o valor de mercado de todos os bens e
serviços finais produzidos em um país em um dado período de tempo” (SALES, 2013, p. 62)
nos setores de agropecuária, serviços e indústria.
Dessa forma, quando comparado o PIB de um ano e este é superior ao anterior,
houve crescimento do país, o oposto, recessão. (PASSOS, 2012). Já o conceito de Desen-
volvimento Econômico está relacionado à melhoria do bem-estar da população.

UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade 14


Furtado (1983, p. 90) distingue os conceitos de crescimento e desenvolvimento da
seguinte forma:
Assim, o conceito de desenvolvimento compreende a ideia de crescimento,
superando-a. Com efeito: ele se refere ao crescimento de um conjunto de es-
trutura complexa. Essa complexidade estrutural não é uma questão de nível
tecnológico. Na verdade, ela traduz a diversidade das formas sociais e eco-
nômicas engendradas pela divisão do trabalho social. Porque deve satisfazer
às múltiplas necessidades de uma coletividade é que o conjunto econômico
nacional apresenta sua grande complexidade de estrutura. Esta sofre a ação
permanente de uma multiplicidade de fatores sociais e institucionais que es-
capam à análise econômica corrente [...] O conceito de crescimento deve ser
reservado para exprimir a expansão da produção real no quadro de um sub-
conjunto econômico. Esse crescimento não implica, necessariamente, modi-
ficações nas funções de produção, isto é, na forma em que se combinam os
fatores no setor produtivo em questão.

Com a definição dada pelo autor constata-se que o crescimento econômico nem
sempre garante o desenvolvimento, ou seja, mesmo que haja crescimento na geração de
riqueza se esta não for distribuída de forma justa, não necessariamente trará melhorias na
qualidade de vida da população em geral.
Para Sachs (2004, p. 13):
... os objetivos do desenvolvimento vão bem além da mera multiplicação da
riqueza material. O crescimento é uma condição necessária, mas de forma al-
guma suficiente (muito menos é um objetivo em si mesmo), para se alcançar
a meta de uma vida melhor, mais feliz e mais completa para todos.

Para Sachs (2004, p. 13) o termo desenvolvimento sustentável abrange oito dimen-
sões da sustentabilidade, pois somente se considera desenvolvimento sustentável quando
há o atendimento de todas as dimensões: ambiental, econômica, social, cultural, espacial,
psicológica, política nacional e internacional.
Brasileiro (2006, p. 88) aponta que: “embora tenha ocorrido uma evolução sobre
o conceito nas últimas décadas, a atual busca pelo desenvolvimento continua primando
pelo crescimento econômico, em primeiro plano, continuando a negligenciar a distribuição
desigual das riquezas; o agravamento da pobreza e exclusão social; a precarização das
relações de trabalho; e o esgotamento dos recursos naturais’”.
Como Sustentável é um adjetivo que qualifica o substantivo Desenvolvimento, se-
gundo Bellia (1996), não é quantificável, pode-se admitir que cada um tem direito de emitir
seu conceito próprio ou adaptá-lo conforme suas necessidades ou interesses. O conceito
proposto pela ONU, pelos seus fóruns específicos, e mais tarde pela Conferência do Rio de
Janeiro (Rio-92). É considerado um dos conceitos, mas não o único.

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Assim, o termo “desenvolvimento sustentável” surgiu a partir de estudos da Organi-
zação das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas. Nasceu com a intenção de dar uma
resposta para a humanidade diante da crise social e ambiental pela qual o mundo passava.
O Conceito de desenvolvimento sustentável, conforme o Relatório de Brundtland3
de 1991 pressupõe um modelo de desenvolvimento que “atenda às necessidades da atual
geração, sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem às suas pró-
prias necessidades”. Desenvolvimento sustentável traz melhoria na qualidade de vida de
todos os habitantes do mundo sem aumentar o uso de recursos naturais além da capaci-
dade da Terra.
A construção do conceito de desenvolvimento sustentável continuou durante a Cú-
pula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, da ONU, realizada em Joanesburgo,
África do Sul, em 2002.

3 Relatório Brundtland é o documento intitulado Nosso Futuro Comum (Our Common Future), publicado em 1987.

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5. AS DIMENSÕES DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A Declaração de Joanesburgo estabelece que o desenvolvimento sustentável se


baseia em três pilares: desenvolvimento econômico, desenvolvimento social e proteção
ambiental, conforme demonstrado abaixo na figura 01.

FIGURA 01: DESENHO ESQUEMÁTICO RELACIONANDO PARÂMETROS

PARA SE ALCANÇAR O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.

Fonte: Disponível em: Revista Visões 4ª Edição, Nº4, Volume 1 - Jan/Jun 2008.

Acesso em: 18 jan. 2019.

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Segundo Mikhailova (2004) os dados publicados em 2004 pela Revista Economia
e Desenvolvimento, n° 16, relata que o desenvolvimento sustentável pode requerer ações
distintas em cada região do mundo, os esforços para construir um modo de vida verdadei-
ramente sustentável requer a integração entre:
● Crescimento e Eqüidade Econômica – Lançar os olhos para todas as nações de
forma que possam estar integradas promovendo um crescimento responsável.
● Saber usar os recursos do planeta de forma eficiente, visando um mercado
competitivo que busque a internacionalização de custos ambientais. Assim, a sustenta-
bilidade seria alcançada pela racionalização econômica local, nacional e planetária. Para
se implementar a sustentabilidade seria necessária a racionalização econômica local e
nacional (RATTNER, 1999).
● Conservação de Recursos Naturais e do Meio Ambiente – buscar reduzir o con-
sumo de recursos e diminuir a poluição e conservar os habitats naturais.
● Desenvolvimento Social – buscar a igualdade de condições, de acesso a bens,
da boa qualidade dos serviços necessários para uma vida digna, onde as pessoas possam
ter emprego, alimentação, educação, energia, serviço de saúde, água e saneamento, res-
peito aos seus direitos trabalhistas e as suas diversidades culturais.
Complementando Ignacy Sachs, citando (MONTIBELLER-FILHO, 2004) entende que para
atingirmos a sustentabilidade do ecodesenvolvimento precisamos contemplar cinco dimen-
sões:
a) Sustentabilidade social: o processo deve se dar de maneira que reduza substan-
cialmente as diferenças sociais.
b) Sustentabilidade econômica: define-se por uma “alocação e gestão mais efi-
cientes dos recursos e por um fluxo regular do investimento público e privado”. A eficiência
econômica deve ser medida, sobretudo em termos de critérios macrossociais.
c) Sustentabilidade ecológica: compreende o uso dos potenciais inerentes aos
variados ecossistemas compatíveis com sua mínima deterioração.
d) Sustentabilidade espacial/geográfica: pressupõe evitar a excessiva concentração
geográfica de populações, de atividades e do poder. Busca uma relação mais equilibrada
cidade/campo.
e) Sustentabilidade cultural: significa traduzir o “conceito normativo de ecodesen-
volvimento em uma pluralidade de soluções particulares, que respeitem as especificidades
de cada ecossistema, de cada cultura e de cada local”.

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Entretanto, Godefroid (2016) concorda com todas as dimensões anteriormente
citadas e complementa que é necessário incorporar entre elas o fim da pobreza, da tirania,
da carência de oportunidades econômicas e o fim da negligência dos serviços públicos, da
intolerância ou interferência excessiva de Estados repressivos.
E segundo o Relatório da Comissão Brundtland, uma série de medidas devem ser
tomadas pelos países para promover o desenvolvimento sustentável. Entre elas:
1. Limitação do crescimento populacional;
2. garantia de recursos básicos (água, alimentos, energia) a longo prazo;
3. Preservação da biodiversidade e dos ecossistemas;
4. Diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias com uso
de fontes energéticas renováveis;
5. Aumento da produção industrial nos países não-industrializados com base em
tecnologias ecologicamente adaptadas;
6. Controle da urbanização desordenada e integração entre campo e cidades
menores;
7. atendimento das necessidades básicas (saúde, escola, moradia).
Já em âmbito internacional, as metas propostas pelo Relatório da Comissão
Brundtland estabelecem:
● adoção da estratégia de desenvolvimento sustentável pelas organizações de
desenvolvimento (órgãos e instituições internacionais de financiamento);
● Proteção dos ecossistemas supra-nacionais como a Antártica, oceanos, etc,
pela comunidade internacional;
● Banimento das guerras;
● implantação de um programa de desenvolvimento sustentável pela Organização
das Nações Unidas (ONU, 2015).
Algumas outras medidas para a implantação de um programa minimamente
adequado de desenvolvimento sustentável são:
● Uso de novos materiais na construção;
● Reestruturação da distribuição de zonas residenciais e industriais;
● Aproveitamento e consumo de fontes alternativas de energia, como a solar,
a eólica e a geotérmica;
● Reciclagem de materiais reaproveitáveis;
● Consumo racional de água e de alimentos;
● Redução do uso de produtos químicos prejudiciais à saúde na produção de alimentos.

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6. OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Para a Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD, 1991)


os objetivos que derivam do conceito de desenvolvimento sustentável estão relacionados
com o processo de crescimento da cidade e objetiva a conservação do uso racional dos
recursos naturais incorporados às atividades produtivas. Entre esses objetivos estão:
● Crescimento renovável;
● Mudança de qualidade do crescimento;
● Satisfação das necessidades essenciais por emprego, água, energia, alimento
e saneamento básico;
● Garantia de um nível sustentável da população;
● Conservação e proteção da base de recursos;
● Reorientação da tecnologia e do gerenciamento de risco;
De acordo com o Guia sobre Desenvolvimento Sustentável, no ano de 2016 entrou
em vigor a resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) intitulada “Transformar o
nosso mundo: Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável”.
Para Alves (2015, p 3), “a concepção dos cinco P ‘s é eloquente, pois estabelece
cinco prioridades equidistantes, projetadas dentro de um círculo, cujo centro é um pentágo-
no, representando o “desenvolvimento sustentável”. No topo do desenho estão colocadas
as Pessoas (erradicação da pobreza), no nível intermediário estão o Planeta (recursos

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naturais e clima) e a Prosperidade (bem-estar humano) e, na base do círculo, estão a Paz
(sociedades pacíficas, justas e inclusivas) e as Parcerias (governança global sólida).
Os cinco componentes por sua vez sustentam o acordo com o estabelecido nos 17
objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS).
Os temas definidos como ODS são muitos, mas basicamente têm um ponto em
comum: tornar o desenvolvimento humano mais seguro e garantir condições de vida ade-
quadas sob o ponto de vista social, ambiental e econômico.
No coração da agenda 2030 estão cinco Eixos de atuação para o Desenvolvimento
Sustentável, (5Ps da sustentabilidade), sendo: pessoas, prosperidade, paz, parcerias e
planeta, conforme demonstrado na figura 02:

FIGURA 02: OS CINCO P’S DA AGENDA 2030

Fonte: Disponível - http://www.agenda2030.com.br/ . Acesso 18 jan.2021.

Encontrar as interdependências entre os dezessete objetivos nos ajuda a encontrar


as raízes dos problemas e criar soluções sustentáveis de longo prazo.
O objetivo de uma agenda é sempre, em primeiro lugar, organizar os temas e faci-
litar o entendimento das pessoas para, em seguida, mobilizar, engajar e convocar à ação.
O desejo da Organização das Nações Unidas - ONU com estabelecimento dessa agenda é
levar todos os países a aspirar o desenvolvimento, mas não a qualquer custo, em prejuízo
de pessoas e do planeta.
Para a ONU, é fundamental que a agenda seja “sustentável”, isto é, equilibre novas
respostas e soluções econômicas, ambientais e sociais, algo que apenas será possível

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se cada indivíduo, e cada uma das instituições (governos, empresas, organizações da
sociedade civil) mudem atitudes e comportamentos na direção de um jeito melhor de viver
no planeta no século 21”.
Para melhor entendimento os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)
significam.
1 - Erradicação da pobreza: “Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em
todos os lugares”.
2 - Fome zero e agricultura sustentável: “Acabar com a fome, alcançar a segu-
rança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável”.
3 - Saúde e bem estar: “Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar
para todos, em todas as idades”.
4 - Educação de qualidade: “Assegurar a educação inclusiva e equitativa de qua-
lidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos”.
5 - Igualdade de gênero: “Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as
mulheres e meninas”.
6 - Água potável e saneamento: “Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável
da água e saneamento para todos”.
7 - Energia acessível e limpa: “Assegurar o acesso confiável, sustentável, moder-
no e a preço acessível à energia, para todos”.
8 - Trabalho decente e crescimento econômico: “Promover o crescimento eco-
nômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalho decente
para todos.
9 - Indústria, inovação e infra-estrutura: “Promover o crescimento econômico
sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalho decente para
todos”.
10 - Redução das desigualdades: “Reduzir a desigualdade dentro dos países e
entre eles”.
11 - Cidades e comunidades sustentáveis: “Reduzir a desigualdade dentro dos
países e entre eles”.
12 - Consumo e produção responsáveis: “Assegurar padrões de produção e de
consumo sustentáveis”.
13 - Ação contra mudança global do clima: “Tomar medidas urgentes para com-
bater a mudança do clima e seus impactos”.

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14 - Vida na água: “Conservar e usar sustentavelmente os oceanos, os mares e os
recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável”.
15 - Vida terrestre: Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossis-
temas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e
reverter a degradação da terra, e deter a perda de biodiversidade.
16 - Paz, justiça e instituições eficazes: Promover sociedades pacíficas e inclu-
sivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e
construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.
17 - Parcerias e meios de implementação: Fortalecer os meios de implementação
e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável
Para que todos esses objetivos se tornem realidade, é importante que haja relações
de parceria e cooperação entre as nações. Por isso, uma das metas da Agenda 2030 é que
os países em melhores condições financeiras ajudem os “países em desenvolvimento a
alcançar a sustentabilidade da dívida de longo prazo, por meio de políticas coordenadas
destinadas a promover o financiamento, a redução e a reestruturação da dívida, conforme
apropriado, e tratar da dívida externa dos países pobres altamente endividados para reduzir
o superendividamento.

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7. CONTROLE DA QUALIDADE AMBIENTAL – SOLO, ÁGUA E AR

A Lei 6.938/81 foi a primeira norma brasileira a definir legalmente o meio ambiente. De
acordo com o art. 3º, I da referida lei, meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências
e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as
suas formas. Ademais, em seu art. 2º, I, temos o meio ambiente como um patrimônio público a
ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo.
Desta forma, considera-se, de maneira geral, que a qualidade do meio ambiente
constitui fator determinante para o alcance de uma melhor qualidade de vida.
Sewell (1978, p. 01) define controle ambiental como:
o ato de influenciar as atividades humanas que afetem a qualidade do meio
físico do homem, especialmente o ar, a água e características terrestres”.
Nesse contexto, considera-se que controlar e manter um elevado padrão de
qualidade ambiental constitui um grande desafio, tendo em vista as condições
atuais de grande parte das cidades do mundo contemporâneo, principalmen-
te àquelas dos países “subdesenvolvidos” como o Brasil que passaram por
um processo de urbanização desenfreado e que continuam se expandindo
de maneira caótica e desumana, expressando, respectivamente, desordem
e injustiças sociais.

Dentro do contexto de qualidade ambiental, Machado (1997, p. 16), relata que a


importância da qualidade do solo na manutenção do ecossistema.
Nesse sentido, Motta (2001) diz que a qualidade do solo está intimamente ligada
a capacidade de exercer suas funções na natureza que são: funcionar como meio para o
crescimento das plantas; regular e compartimentalizar o fluxo de água no ambiente; esto-

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car e promover a ciclagem de elementos na biosfera; e servir como tampão ambiental na
formação, atenuação e degradação de compostos prejudiciais ao ambiente.
Para Machado (1997, p. 16), a qualidade do solo tem efeitos profundos na saúde
e na produtividade de um determinado ecossistema e nos ambientes a ele relacionados.
Diferentemente do ar e da água, para os quais existem padrões de qualidade,
a definição e quantificação da qualidade do solo não é simples em decorrên-
cia da complexidade dos fatores envolvidos e de não ser o solo consumido
diretamente pelo homem e animais. A qualidade do solo é aceita, frequen-
temente, como uma característica abstrata que depende, além de seus atri-
butos intrínsecos, de fatores externos, como as práticas de uso e manejo,
de interações com o ecossistema e das prioridades socioeconômicas e po-
líticas. O conceito do que seja um solo com qualidade depende das priori-
dades previamente estabelecidas. Contudo, deve levar em consideração a
sua funcionalidade múltipla para não comprometer, no futuro, o desempenho
de algumas de suas funções. Assim, um determinado tipo de solo pode ser
considerado com boa qualidade quando apresentar a capacidade, dentro dos
limites de um ecossistema natural ou manejado, de manter a produtividade
e a biodiversidade vegetal e animal, melhorar a qualidade do ar e da água
e contribuir para a habitação e a saúde humana. (MACHADO, 1997, p. 16).

Entretanto, Machado (1997, p. 18), relata que os solos são de vital importância à
manutenção da vida na Terra e possuem cinco papéis básicos ou funções no nosso ambiente:
O solo sustenta o crescimento da flora, principalmente fornecendo a estrutura ne-
cessária para a sua existência.
As características dos solos determinam o destino da água na superfície da Terra,
essencial para a sobrevivência.
O solo desempenha um papel essencial na reciclagem de nutrientes e no destino
que se dá aos corpos de animais (incluindo o homem) e restos de plantas que morrem na
superfície da Terra.
O solo é o habitat, a casa de muitos organismos.
Os solos são capazes de fornecer material para construção de casas e edifícios,
além de proporcionar a fundação para essas construções.
Segundo a Embrapa (1997) a avaliação quantitativa da qualidade do solo é funda-
mental na determinação da sustentabilidade dos sistemas de manejo utilizados. A determi-
nação de indicadores de qualidade de solo se faz necessária para possibilitar a identificação
de áreas problemas utilizadas na produção, fazer estimativas realistas de produtividade,
monitorar mudanças na qualidade ambiental e auxiliar agências governamentais a formular
e avaliar políticas agrícolas de uso da terra.
Com relação à água seu controle tem relação com o uso que se faz dessa água.
Por exemplo, uma água de qualidade adequada para uso industrial, navegação ou geração

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hidrelétrica pode não ter qualidade adequada para o abastecimento humano, a recreação
ou a preservação da vida aquática.
Os padrões de qualidade são fixados por entidades públicas, com o objetivo de
garantir que a água a ser utilizada para um determinado fim não contenha impurezas que
venham a prejudicá-lo.
Existe uma grande variedade de indicadores que expressam aspectos parciais da
qualidade das águas. No entanto, não existe um indicador único que sintetize todas as
variáveis de qualidade da água. Geralmente são usados indicadores para usos específicos,
tais como o abastecimento doméstico, a preservação da vida aquática e a recreação de
contato primário (balneabilidade).
No tocante ao abastecimento público o controle da qualidade é feito no momento
em que a água entra na estação, estendendo-se até as residências, onde existe um mo-
nitoramento através de coletas nas residências, escolas, creche e hospitais, realizados
semanalmente, sendo que a potabilidade da água tem de estar de acordo com a OMS
(Organização Mundial de Saúde).
Uma forma de definir a qualidade das águas dos mananciais é enquadrá-los em
classes, em função dos usos propostos para os mesmos, estabelecendo-se critérios ou
condições a serem atendidos.
De acordo com a RESOLUÇÃO CONAMA N° 357/ 2005, que dispõe sobre a classi-
ficação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como
estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências,
os corpos hídricos nacionais são classificados em nove classes, sendo as cinco primeiras
classes de água doce (baixa quantidade de sais minerais), as duas seguintes de água
salinas (média quantidade de sais minerais), e as duas últimas de águas salobras (alta
quantidade de sais minerais), (BRASIL, 2005).
Para cada classe citada acima existem restrições de uso e lançamento de efluentes,
sendo que a classe que mais possui restrições de uso é a Classe Especial.
No tocante ao controle de qualidade do ar, sua gestão envolve medidas mitigadoras
que tenham como base a definição de limites permissíveis de concentração dos poluentes
na atmosfera, restrição de emissões, bem como um melhor desempenho na aplicação dos
instrumentos de comando e controle, entre eles o licenciamento e o monitoramento.
Em nível federal, a primeira legislação mais efetiva de controle da poluição atmos-
férica foi a Portaria do Ministério do Interior de nº 231, de 27 de abril de 1976, que visava

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a estabelecer padrões nacionais de qualidade do ar para material particulado, dióxido de
enxofre, monóxido de carbono e oxidantes fotoquímicos.
Nesse contexto de demandas institucionais e normativas, o CONAMA, por meio
da Resolução nº 05 de 15 de junho de 1989, criou o Programa Nacional de Controle de
Qualidade do Ar - PRONAR, com o intuito de “permitir o desenvolvimento econômico e
social do país de forma ambientalmente segura, pela limitação dos níveis de emissão de
poluentes por fontes de poluição atmosférica, com vistas à melhora da qualidade do ar, ao
atendimento dos padrões e estabelecidos e o não comprometimento da qualidade do ar nas
áreas consideradas não degradadas”.
Como medidas de curto prazo foram estabelecidas: a definição dos limites de
emissão para fontes poluidoras prioritárias; a definição dos padrões de qualidade do ar;
o enquadramento das áreas na classificação de usos pretendidos; o apoio à formulação
dos Programas Estaduais de Controle de Poluição do Ar; a capacitação laboratorial e a
capacitação de recursos humanos.
Entretanto, os avanços observados foram limitados, tendo sido fixados tão somente
limites de emissão para óleo e carvão. Maiores avanços deram-se quanto à definição dos
padrões de qualidade do ar.

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8. EDUCAÇÃO AMBIENTAL

As práticas educativas ambientais devem proporcionar mudanças de hábitos, ati-


tudes e práticas sociais, sendo, portanto, a Educação Ambiental o caminho para que as
pessoas adquiram consciência da importância de terem atitudes sustentáveis.
É inegável que a educação ambiental contribui significativamente para a proteção
do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida.
Nesse sentido, Medina, (2001, p. 20) aponta que:
Há de se promover urgente conscientização social sobre a problemática
do meio ambiente visando à educação e ética ambientais, proporcionando,
por consequência, uma vida mais saudável para a população mundial, que
esbarra com as novas tecnologias e o crescimento demográfico, que estão
ocorrendo sem o devido cuidado com o meio ambiente. Imprescindível, por-
tanto, um esforço para a educação em questões ambientais dirigidas tanto às
gerações jovens como aos adultos e que se preste a devida atenção ao setor
da população menos privilegiado, para fundamentar as bases de uma opinião
pública bem informada e de uma conduta dos indivíduos, das empresas e das
coletividades inspirada por sua responsabilidade sobre a proteção e melhoria
do meio ambiente em toda sua dimensão humana.

Mudança de paradigmas implica discutir valores para construir uma sociedade mais
justa, que satisfaça as necessidades das gerações atuais, sem comprometer a sobrevivên-
cia das futuras gerações.
Segundo Ministério do Meio Ambiente (2015) a atuação dos educadores ambientais
nas políticas públicas de águas é portadora de um significativo potencial sinérgico capaz de
incutir e sedimentar uma perspectiva realmente sistêmica, integradora e ambiental como

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diferencial para qualificar a gestão dos recursos hídricos no país e promover a efetiva me-
lhoria nas condições de vida das pessoas e do meio com o qual convivem.
Para Medina (2001) dentre várias definições sobre o que é EA, destaca-se:
a Educação Ambiental como processo [...] consiste em propiciar às pessoas
uma compreensão crítica e global do ambiente, para elucidar valores e de-
senvolver atitudes que lhes permitam adotar uma posição consciente e par-
ticipativa a respeito das questões relacionadas com a conservação e a ade-
quada utilização dos recursos naturais deve ter como objetivos a melhoria
da qualidade de vida a eliminação da pobreza extrema e do consumismo
desenfreado. (MEDINA, 2001, p. 17).

Assim, a promoção de processos continuados e permanentes de desenvolvimento


de capacidades e de Educação Ambiental para a Gestão de Águas constitui iniciativa es-
tratégica fundamental para assegurar a sustentabilidade do crescimento da economia e a
promoção do desenvolvimento sustentável. (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2015).
Entendendo que educação ambiental é um processo que deve partir do interno para
o externo, levando a mudanças de hábitos e comportamentos como pequenas iniciativas
no lar, escola, bairro, até alcançar uma abrangência mais ampla, que envolva uma região,
estado, país, beneficiando todo o ecossistema e a humanidade, nesse processo, a família
e a escola figuram como os principais responsáveis por disseminar a importância dos bons
hábitos e da consciência ambiental.
Os resultados obtidos são levados pelo resto da vida e disseminados, garantindo a
eficácia e a construção de uma sociedade mais responsável ecologicamente.
No Brasil, com a aprovação da Lei nº 9.795/1999, que institui a Política Nacional de
Educação Ambiental, e dentre várias premissas, a lei afirma trata-se de um componente es-
sencial e permanente da educação no Brasil, que deve estar presente de forma articulada,
em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal.
A Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA (Lei 9.795/1999) estabelece,
como um dos objetivos estratégicos da EA, o incentivo à participação individual e coletiva,
permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se
a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania. De
forma coerente com a política das águas, a construção de uma cultura da participação,
qualificada com o diálogo, mostra-se como um dos eixos centrais da PNEA.
Segundo o artigo 1º da Lei 9.795/1999, entende-se por educação ambiental:
Os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem va-
lores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas
para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essen-
cial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (BRASIL, PNEA, 1999).

E complementa ainda no seu artigo 5º, também como um dos seus objetivos funda-
mentais que a educação ambiental deve promover o desenvolvimento de uma compreensão
integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos
ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos.

UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade 29


SAIBA MAIS

Com o desenvolvimento das atividades industriais vieram grandes impactos ambientais


e isso não é nenhum segredo. O ritmo acelerado dessas atividades impede que o meio
ambiente tenha tempo necessário para se recuperar do consumo dos seus recursos
pelo homem e dos resíduos gerados por eles. Para tentar diminuir esse impacto, vários
estudos e discussões vêm sendo realizados há mais de duas décadas pelos países,
principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento sustentável. Isso trouxe algumas
melhorias ao longo dos anos, mas muito ainda tem que ser feito diante desse problema
global visando atitudes mais sustentáveis. Desenvolvimento sustentável e sustentabi-
lidade, esses dois termos muitas vezes se confundem, mas têm significados distintos.

Fonte: desenvolvimento das atividades industriais. Adaptado. Disponível em: <http://www.teraambiental.

com.br/blog-da-tera-ambiental/sustentabilidade-e-desenvolvimento-sustentavel-conheca-a-diferenca>.

Acesso em: 20 jan.2021.

REFLITA

As plantas e os animais são essenciais para a manutenção da vida na Terra. As plantas


fazem, entre outras coisas, a fotossíntese, absorvendo gás carbônico e liberando oxigê-
nio. Os animais são agentes polinizadores, garantindo a germinação de novas árvores.
Um beneficia o outro, e todos são beneficiados. Por isso é tão importante a proteção
ambiental. Você consegue imaginar este planeta sem plantas e animais? Por que é
importante cuidar dos animais e do meio ambiente? Talvez você nunca tenha pensado
a respeito disso, no entanto os animais estão sempre presentes em nosso cotidiano e
muitas vezes não damos conta de sua presença. Se estendermos essa pergunta ao uni-
verso ecológico, vamos perceber que sem os animais habitando o planeta Terra a vida
simplesmente iria se extinguir.

Fonte: Por que é importante cuidar dos animais e do meio ambiente. Disponível em: https://www.lbv.org/

por-que-e-importante-cuidar-dos-animais-e-do-meio-ambiente. Adaptado. Acesso 22 jan.2021.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da intensa degradação da natureza, medidas urgentes devem ser tomadas


por todos a benefício do homem e do próprio meio ambiente a fim de minimizar os impactos
negativos que tem levado os recursos naturais e a escassez em nome da melhoria da
qualidade de vida.
Estamos cada vez mais questionando o atual modelo de desenvolvimento, por isso
entendemos a necessidade de termos um olhar para o passado, compreender a natureza e
aplicar este conhecimento a benefício do homem e da própria natureza.
Segundo Lerípio (2001, p. 2), a relação meio ambiente e desenvolvimento deve
deixar de ser conflitante para tornar-se uma relação de parceria. O ponto chave da questão
passa a ser a necessidade de uma convivência pacífica entre a boa qualidade do meio
ambiente e o desenvolvimento econômico.
As florestas são imprescindíveis para a manutenção dos recursos hídricos para
abastecimento das cidades, onde vive a maioria da população. O desmatamento incontro-
lado e insano está causando a desertificação e levará fatalmente ao desabastecimento de
água e à formação de solo improdutivo para a produção de alimentos. A natureza trabalha
e produz na forma cíclica, mostrando o caminho para a atuação do homem.
Todos os tipos de plantas, sejam as rasteiras, os arbustos, as árvores ou as flores,
têm uma importância indispensável para a nossa qualidade de vida. As plantas nutrem os
solos e ajudam a produzir alimentos e água. Suas folhas servem como adubos para a terra
e tornam a natureza rica e viva.
Ser sustentável não deve interferir nos ciclos naturais em que se baseia tudo o que
a resiliência do planeta permite e, ao mesmo tempo, não devem empobrecer seu capital
natural, que será transmitida às gerações futuras. (ALVES, 2015)

UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade 31


LEITURA COMPLEMENTAR

Artigo 01: Olhando o passado e o futuro: revendo pressupostos sobre as inter-re-


lações pessoa-ambiente

Fonte: Rivlin, L. G.. Olhando o passado e o futuro: revendo pressupostos sobre as


inter-relações pessoa-ambiente. Estud. psicol. (Natal). Vol.8 nº2. Natal. 2003. Disponível
em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-294X2003000200003&script=sci_arttext.
Acesso em: 31 jan 2021.

RESUMO
Este artigo examina alguns dos pressupostos que guiaram os primeiros trabalhos
em Psicologia Ambiental e os revisa à luz de perspectivas contemporâneas. Muitos desses
pressupostos continuam a ter relevância, mas são necessárias algumas modificações e
acréscimos para dar conta do desenvolvimento em ideias e pesquisas ao longo dos anos.
É preciso: ir além da pesquisa multidisciplinar, engajando-se no pensamento interdisciplinar
e pesquisa em colaboração com pessoas de outras disciplinas; ampliar a atenção com as
questões éticas; examinar o papel da tecnologia na vida das pessoas; e reconhecer a na-
tureza holística das transações pessoa-ambiente levando em consideração a diversidade
criada por idade, gênero, nível de capacidade/incapacidade, cultura e economia.

Artigo 02: O conceito de “ecossistema” em teses e dissertações em educação


ambiental no Brasil: construção de significados e sentidos

Fonte: Danilo, S. K. , Kawasaki, C., Carvalho, L. M. de. O conceito de “ecossistema”


em teses e dissertações em educação ambiental no Brasil: construção de significados e
sentidos. VIII EPEA - Encontro Pesquisa em Educação Ambiental. Rio de Janeiro. 2015.
Disponível em: http://epea.tmp.br/epea2015_anais/pdfs/plenary/29.pdf. Acesso: 25 jan 2021.

RESUMO
O presente trabalho constitui parte de uma tese, concluída em 2014, e que teve
como objetivo investigar o conceito de “ecossistema” presente em teses e dissertações
do campo da Educação Ambiental (EA), no período de 1980 a 2009 no Brasil. Além da
caracterização dos aspectos da pesquisa em EA, analisa os significados e sentidos cons-

UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade 32


truídos e associados ao conceito de ecossistema nas referidas pesquisas. Este artigo foca
na relação entre os núcleos de significação resultantes desta construção, e suas relações
com o ensino de Ecologia e a EA. Os procedimentos metodológicos são descritos e estão
fundamentados na perspectiva da análise dialógica do discurso e inseridos no contexto da
pesquisa qualitativa em educação. A apresentação dos núcleos de significação construídos
possibilitou a emergência de sentidos contraditórios e que são compreendidos a partir do
conceito de ecossistema, mesmo que estes não sejam enunciados diretamente.

Artigo 03: Efeito de vespas não-polinizadoras sobre o mutualismo Ficus – vespas


de figos

Fonte: Elias. L, G.; Fernado, H. A.; Pereira, R. A. S. Efeito de vespas não poliniza-
doras sobre o mutualismo Ficus – vespas de figos Iheringia, Sér. Zool. vol.97 no.3 Porto
Alegre Set. 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S0073-47212007000300006&lang=pt. Acesso: 08 jan. 2021.

RESUMO
Relações ecológicas interespecíficas, que resultam em benefício para todos os
organismos participantes, são conhecidas como mutualismo. No entanto, tal cooperação
abre espaço para o surgimento de estratégias oportunistas (ou de trapaça), representadas
por indivíduos parasitas do mutualismo, que recebem o benefício de um dos parceiros sem
oferecer nada em troca. A interação figueiras – vespas - de - figo é um sistema adequado
para o estudo do mutualismo e de estratégias oportunistas (parasitas de mutualismos).
Representantes do gênero Ficus (Moraceae) apresentam uma relação mutualística com
pequenas vespas polinizadoras (Agaonidae) e são explorados por outras espécies de ves-
pas não-polinizadoras. Esse trabalho teve como objetivo avaliar o impacto das vespas não-
-polinizadoras sobre o mutualismo Ficus citrifolia e suas vespas polinizadoras, Pegoscapus
tonduzi Grandi, 1919. Para tal, foi comparada a produção de aquênios (função feminina) e
de fêmeas da espécie polinizadora (função masculina) entre amostras de sicônios altamen-
te infestados e pouco infestados por vespas não-polinizadoras, coletadas nos municípios
de Londrina (Paraná), Campinas e Ribeirão Preto (São Paulo), Brasil. Nossos resultados
apontaram que as vespas não-polinizadoras exercem impacto negativo nos componentes
feminino e masculino da planta, sendo maior no masculino. A produção de vespas poli-
nizadoras foi cerca de sete vezes menor nos figos infestados, ao passo que a produção
de aquênios foi 1,5 vez menor nesses mesmos figos. Hipóteses sobre a estabilidade do
mutualismo na presença das espécies oportunistas são discutidas.

UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade 33


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Educação Ambiental: Princípios e práticas
Autor: Genebaldo Freire Dias
Editora: Editora Gaia; Edição: 9
Sinopse: O desenvolvimento e a prática da Educação Ambiental
no Brasil sempre esbarrou em graves problemas socioeconômi-
cos, acrescidos da falta de materiais educativos adequados sobre
Educação Ambiental (EA). Este livro reúne as informações básicas
conceituais sobre a EA, faz um histórico de suas atividades pelo
mundo, sugere mais de cem atividades para sua prática, fornece
subsídios para a ampliação dos conhecimentos sobre EA e expõe
as diferentes formas legais de ação individual e comunitária que
possibilitam um exercício de cidadania, visando uma melhor qua-
lidade de vida. Trata-se de uma obra inovadora pelo seu pioneiris-
mo como documento para estudiosos e leigos, posicionando a EA
como instrumento de busca da harmonia racional e responsável
entre o homem e o seu meio ambiente.

FILME/VÍDEO
Título: Relações ecológicas
Ano: 2016
Sinopse: A vida na terra, seja ao nível de uma pequena poça
ou ao nível de um ecossistema que abrange um continente, se
resume em interações. Além de interagirem com o meio físico,
os organismos interagem com indivíduos da sua espécie e com
outras espécies, estabelecendo o que chamamos de Relações
Ecológicas.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=SZbMnJ99q3U

UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade 34


UNIDADE II
Responsabilidade Social
Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco

Plano de Estudo:
● O significado de sustentabilidade empresarial
● Avaliação do ciclo de vida
● Cadeia de suprimentos verde
● Logística reversa
● Produção + limpa e produção enxuta
● Abordagens e Modelos de Gestão Ambiental Empresarial.
● Responsabilidade social corporativa (RSC)
● Tecnologias de gestão socioambiental e as políticas ambientais.
● A criação de visão voltada à sustentabilidade
● Sistemas de diagnóstico e gestão
● Códigos de conduta
● Políticas ambientais no Brasil

Objetivos da Aprendizagem:
● Discorrer sobre as Abordagens e Modelos de Gestão Ambiental Empresarial.
● Analisar conceitos sobre Responsabilidade social corporativa (RSC)
e o contexto teórico para a sua compreensão e prática.
● Abordar Tecnologias de gestão socioambiental e as políticas ambientais.
● Proporcionar uma visão voltada à sustentabilidade.
● Entender os sistemas de diagnóstico e gestão.
● Conhecer o Códigos de conduta.
● Entender as Políticas ambientais no Brasil.

35
INTRODUÇÃO

Este capítulo tratará sobre responsabilidade social como a função social das em-
presas, o compromisso social e a gestão empresarial.
Falaremos sobre sustentabilidade empresarial, e serão vistos outros conceitos
relacionados à gestão ambiental empresarial, nesta perspectiva, os tópicos que serão
abordados serão: abordagens e modelos de gestão ambiental empresarial; responsabili-
dade social corporativa (contexto teórico para a sua compreensão); e abordagens sobre
tecnologias de gestão socioambiental e as políticas ambientais.
Falaremos que a sustentabilidade empresarial ocasiona uma mudança na filosofia
empresarial, bem como nos processos organizacionais.
Que a responsabilidade social tornou-se abrangente, envolvendo uma dimensão
de responsabilidade para com toda a cadeia produtiva da empresa: clientes, funcionários,
fornecedores, além da comunidade, ambiente e sociedade como um todo. No entanto,
considera-se que a atuação empresarial pode ser abrangente e preocupante. Pode ser
preocupante por dois motivos diferentes. A primeira preocupação deve-se ao fato de não
contar com algumas empresas cumprindo com seu papel social e, então, dificultando ainda
mais um desenvolvimento social sustentável e mais humano.
As empresas são grandes centros de poder econômico e político, interferindo dire-
tamente na dinâmica social. Assim, assumindo causas sociais, as empresas devolveriam
à sociedade parte dos recursos humanos, naturais e financeiros que consumiram para a
alavancagem do lucro de sua atividade. Esta situação tem levado diversos atores sociais a
legitimarem a responsabilidade social corporativa.
A segunda preocupação, porém, lança um desafio maior, pois envolve uma reflexão
sobre qual sociedade é mais apropriada não somente ao desenvolvimento econômico, mas
ao desenvolvimento humano. Esta discussão pode se tornar incômoda, pois, existe uma
crença, que parece estar no inconsciente coletivo, de que o desenvolvimento econômico é
o próprio desenvolvimento da capacidade humana e garantidor do bem comum, transfor-
mando-se no denominado paradigma econômico.
O avanço do poder das empresas na sociedade abarca além de suas responsabili-
dades tradicionais, como fornecedora de bens e serviços, outra responsabilidade bem mais

UNIDADE II Responsabilidade Social 36


ampla, a do bem estar social do homem, afirmando-se como propagadora e garantidora do
bem comum.
A necessidade de adotar práticas de consumo sustentáveis recaiu sobre a popu-
lação civil, as grandes corporações e as instituições públicas. Nesta perspectiva, emergiu
o conceito de Sustentabilidade Empresarial, o qual se refere às práticas realizadas pelas
organizações ou empresas no âmbito econômico, social, ambiental, cultural, entre outros,
ou seja, no âmbito da Sustentabilidade.

UNIDADE II Responsabilidade Social 37


1. O SIGNIFICADO DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL

Conforme Philippi Junior, Sampaio e Fernandes (2017) são exemplos de conceitos


(ou práticas) relacionados à Sustentabilidade Empresarial:
● Avaliação do Ciclo de Vida.
● Cadeia de Suprimentos Verde.
● Logística Reversa.
● Produção + limpa e produção enxuta.

1.1 Avaliação do Ciclo de Vida


A Avaliação do Ciclo de Vida é uma técnica empregada para avaliar o desempenho
ambiental de um produto no seu ciclo de fabricação (“do nascimento a morte”). Inclui a
identificação e mensuração da energia, matéria-prima, água, solo e ar, os quais são aplica-
dos na (i) produção, (ii) a utilização e (iii) disposição final (QUEIROZ; GARCIA, 2010).
Ressalta-se que a Avaliação do Ciclo de Vida também tem o intuito de avaliar o
impacto ambiental associado ao uso dos recursos naturais (energia e materiais) e emissões
de poluentes. A aplicação dessa ferramenta propicia a identificação de oportunidades para
melhorar o sistema de forma a aperfeiçoar o desempenho ambiental do produto (QUEIROZ;
GARCIA, 2010).

UNIDADE II Responsabilidade Social 38


No âmbito brasileiro, a Associação Brasileira de Normas Técnicas [ABNT] (online
1), emitiu 2 normas específicas para guiar as organizações na avaliação do ciclo de vida
dos produtos, são elas:
● NBR ISO 14040:2009 – Esta norma foi lançada em 2009, e foi atualizada no ano
de 2014. Tem o objetivo de descrever os princípios e a estrutura de uma avaliação de ciclo
de vida (ACV).
● NBR ISO 14044:2009 – Esta norma foi lançada em 2009, e foi atualizada no ano
de 2014. Complementa a norma 14040. Um detalhe é que essa norma tem acesso gratuito.
O foco dessa norma é a mensuração dos impactos identificados na avaliação do ciclo de vida.
Na Figura 1, consta um modelo de avaliação de ciclo de vida, o qual foi retirado da
norma NBR ISO 14040:2009 (atualizada em 2014) (ABNT, online):

FIGURA 01 : FASES DA AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA

Fonte: ISO 14040 (ABNT, 2009).

Perceba, na Figura 1, que a Análise do Ciclo de Vida pode ser aplicada para
os produtos, mas, também pode colaborar para o desenvolvimento do planejamento
da organização, políticas públicas, gestão de projetos, etc.

UNIDADE II Responsabilidade Social 39


1.2 Cadeia de Suprimentos Verde
A Cadeia de Suprimentos Verde pode ser entendida como um conjunto de, no
mínimo, três entidades envolvidas nos fluxos ascendentes e descendentes de produtos.
Abarca desde o projeto do produto, a origem da matéria-prima até a entrega do produto
ao consumidor, inclusive a disposição pós-uso do produto (ALVES; NASCIMENTO, 2014).
A cadeia de suprimentos verde, ou Green Supply Chain, pode ser entendida como
a integração das atividades relacionadas ao fluxo e à transformação de bens, desde a
extração de suas matérias-primas até o usuário final. Trata-se de uma forma de exigir que
todos os agentes envolvidos na cadeia produtiva se adequarem às questões de Sustenta-
bilidade (ALVES; NASCIMENTO, 2014).
Por exemplo, imagine uma multinacional que opera no setor de processamento de
alimentos, e obtenha sua matéria-prima de pequenos fornecedores locais de matéria prima.
Caso a multinacional exija adequações socioambientais como pré-requisito para
adquirir matéria-prima, provavelmente, estes pequenos fornecedores incorporarão práticas
socioambientais e contribuirão para o Desenvolvimento Sustentável. A multinacional pode
exigir também dos fornecedores certificação socioambiental para continuar se relacionando
com os mesmos.

1.3 Logística Reversa


A Logística Reversa é uma das especializações da Logística Empresarial que
planeja, opera e controla o fluxo, e as informações logísticas correspondentes.
Envolve o retorno dos bens de pós-venda e de pós - consumo ao ciclo de negócios,
por meio dos Canais de Distribuição Reversos, agregando-lhes valor (LEITE, 2002).
Logística Reversa diz respeito ao fluxo de materiais que voltam à organização por
algum motivo como devoluções de clientes, retorno de embalagens, retorno de produtos
ou materiais para atender à legislação. Menciona-se que é uma área que normalmente
não envolve lucro (ao contrário, apenas custos), muitas empresas não lhe dão a mesma
atenção que ao fluxo de saída normal de produtos(LEITE, 2002).
As Receitas podem ser obtidas pela venda desses materiais que foram reenvia-
dos à organização, como sucata ou pela venda das peças (ou componentes) individuais.
Ocorre que existem legislações que forçam as organizações a se responsabilizarem pelo
correto descarte dos seus produtos, como a Política Nacional do Resíduos Sólidos, no
Brasil, implementada pela Lei 12.305/2010 (BRASIL, 2010).

UNIDADE II Responsabilidade Social 40


1.4 Produção + Limpa e Produção Enxuta
O conceito de Produção + Limpa corresponde a diminuir o impacto do processo
produtivo por meio de ferramentas de gestão ambiental dos processos produtivos das orga-
nizações, que se preocupam com as saídas dos processos (resíduos, emissões, efluentes)
e têm caráter preventivo (PEREIRA; OLIVEIRA, 2017; VAZ et al., 2012).
A utilização de mecanismos de Produção + Limpa visam aumento da produtivi-
dade e eficiência; a competitividade; a saúde e segurança no trabalho; o cuidado com a
imagem da organização junto aos stakeholders; a educação ambiental; diminuir os gastos
com multas e penalidades previstas na legislação; o consumo de matéria, água e energia;
a matéria-prima e outros insumos nocivos para o meio ambiente (PEREIRA; OLIVEIRA,
2017; VAZ et al., 2012).
Quando uma empresa decide por ações de produção mais limpa ela opta por menos
degradação ambiental, por conta dos cuidados em todo o processo produtivo.
Como o foco é no processo produtivo, há a necessidade do entendimento de como
as matérias-primas são empregadas e como são gerados resíduos, emissões ou efluentes
(PEREIRA; OLIVEIRA, 2017; VAZ et al., 2012).
Outro conceito relacionado à Sustentabilidade é o da Produção Enxuta que trata
dos desperdícios e de um nível de produção “ótimo”, que pode ser tido como aquele que
não visa aumentar a produção para reduzir os custos unitários mas sim produzir o neces-
sário para atender a demanda existente. Podem ser mencionados ao menos, 7 tipos de
desperdícios que a produção enxuta visa erradicar:
● Desperdício da superprodução;
● Desperdício da espera (perecidade dos produtos, por exemplo);
● Desperdício do transporte;
● Desperdício do processamento;
● Desperdício do inventário;
● Desperdício da movimentação;
● Desperdício de produtos defeituosos.
As técnicas que foram desenvolvidas no âmbito da Produção Enxuta são:
Racionalização da Força de Trabalho, Just in time e produção flexível. Tais técnicas
são famosas por terem sido aplicadas na organização japonesa Toyota. A Racionalização
da Força de Trabalho consiste em separar os colaboradores em equipes e deixar uma pes-
soa responsável pela execução (gerente), eles deveriam otimizar os processos e sempre
buscar uma maneira de desenvolver melhor a atividade (melhoria contínua). A gestão de
estoques Just in Time visa erradicar os custos de estoques, dessa forma, busca-se ter o
menor nível possível de estoques. Por fim, a produção flexível equivale a produzir somente
a quantidade que for demandada pelos clientes e não produzir para estocar ou para baixar
o custo unitário (VAZ et al., 2012).

UNIDADE II Responsabilidade Social 41


2. ABORDAGENS E MODELOS DE GESTÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL

No passado (não muito distante) era comum algumas organizações defenderem a


ideia de que as funções de responsabilidade socioambiental eram do governo. Atualmente,
esse paradigma já se transformou e podemos notar iniciativas de que as organizações têm
consciência que os recursos pertencem à coletividade e que precisam ser devolvidos em
bom estado de uso e conservação (BUSS, 2020).
Buss (2020) afirma que as organizações que atuam no âmbito da Sustentabilidade
precisam buscar o “zero”:
● Defeito zero;
● Lixo (resíduos) zero;
● Poluição zero;
● Deslizes Éticos zero.
Salienta-se que os stakeholders estão cada vez mais informados sobre o mundo
corporativo e a tecnologia da informação faz com que as notícias se espalhem ao redor do
mundo rapidamente.
Desse modo, as organizações precisam desenvolver ações ecológicas. Uma ação
ecológica empresarial representa um conjunto de tarefas correlatas e inter-relacionadas
com uma finalidade de proteção dos ecossistemas.
De acordo com Buss (2020), são exemplos de ações ecológicas:

UNIDADE II Responsabilidade Social 42


● Programas que visam ao tratamento do efluente;
● A reciclagem de resíduos permitindo seu reuso ou sua venda;
● O aumento da eficiência no uso de insumos;
● A obtenção de certificações;
● Educação ambiental;
● Preservação e recuperação dos ecossistemas.
Além das ações supracitadas, têm-se os Programas Ambientais, que são constituí-
dos e destinados à realização de determinado objetivo como a proteção do meio ambiente
e podem atuar sobre os resíduos emitidos pela própria empresa durante o processamento
de seus produtos e serviços ou sobre outros elementos (VELLANI; RIBEIRO, 2009).
Considerando que as organizações têm em gastos para realizar ações ecológicas,
a Contabilidade precisa estar estruturada para fornecer informações sobre o fluxo físico e
monetário. Essas informações são relevantes para gerenciar as atividades ambientais e a
ecoeficiência empresarial (VELLANI; RIBEIRO, 2009)
Ribeiro (2012) enfatizou que a Contabilidade precisa identificar, mensurar e eviden-
ciar os gastos socioambientais, de modo que no futuro seja possível quantificar o impacto
das organizações e traçar as medidas necessárias para revertê-los em valor à comunidade
e demais stakeholders.
O estudo de Vellani e Ribeiro (2009) analisou 158 ações ecológicas empresariais que
atuam sobre os resíduos do próprio negócio. As ações foram classificadas em 4 Direções:
● Direção I: a empresa pode agir logo no início do processamento de seus pro-
dutos e serviços para reduzir o uso dos insumos e substituir insumos não-renováveis por
renováveis ou retirados de forma ecológica.
● Direção II: a empresa pode reduzir o uso de insumos por meio da transformação
de resíduos em matéria-prima e permitir, assim, seu reaproveitamento internamente no
processo produtivo.
● Direção III: ações ecológicas que visam a transformar resíduos em produtos e
fazer do lixo um produto com valor de mercado.
● Direção IV: redução na emissão de resíduos, a neutralização do efeito tóxico de
seus detritos, responsabilidade contratual e coleta seletiva de lixo..
Para mensurar os ganhos das 4 direções, torna-se necessários indicadores finan-
ceiros e indicadores físicos (quantidade de materiais, peso dos materiais, consumo de
unidades de materiais etc.) (VELLANI; RIBEIRO, 2009).
Elkington (2012) enfatizou 39 passos para as empresas sustentáveis. Os passos
mencionados pelo autor, referem-se à mudanças de paradigmas, ou seja, transformações
da filosofia organizacional, das gestão dos processos, entre outros aspectos. Os 39 passos
estão relacionados no Quadro 01:

UNIDADE II Responsabilidade Social 43


QUADRO 01: PASSOS PARA AS EMPRESAS SUSTENTÁVEIS

Antigo Paradigma Novo Paradigma


01. Pilar Financeiro Linha dos três pilares
02. Capital Físico e Financeiro Econômico, Humano, Social, Natural
03. Ativos próprios, tangíveis Ativos emprestados, intangíveis.
04. Downsizing Inovação
05. Governança Exclusiva Governança Inclusiva
06. Acionistas Stakeholders
07. Mais largo Mais longo
08. Extração Restauração
09. Tática Estratégia
10. Planos Situações
11. Bandidos do Tempo Guardiões do Tempo
Desregulamentação Regulamentação
13. Inimigos Complementadores
14. Subversão Simbiose
15. Lealdade Incondicional Lealdade Condicional
16. Direitos Responsabilidades
17. Redes de Empresas Verdes Keiretsu da Sustentabilidade
18. Responsabilidade na Fábrica Supervisão do ciclo de vida
19. Vendas Valor do Cliente em todo o ciclo de vida
20. Produto e Lixo Coproduto
21. Avaliação do ciclo de venda ambiental Avaliação do ciclo de vida na linha dos três
pilares
22. Produto Função
23. Tentativa e Erro Métodos Científicos
4. Relatórios (exceto financeiros) Relatório da linha dos três pilares
25. Necessidade de saber Direito de saber
26. Fotos e ciência Emoções e percepções
27. Comunicação passiva, uma via Diálogo ativo, várias vias.
28. Promessas Objetivos
29. Descuidado, desatencioso Cuidadoso, atencioso
30. Controle Responsável por
31. Eu Nós
32. Monoculturas Diversidade
33. Crescimento Sustentabilidade
34. Externalização de Custos Internalização dos Custos
35. Conformidade Vantagem Competitiva
36. Padrões de cada país Consistência Global
37. Adição de volume Adição de valor
38. Crescimento de Produção Consumo sustentável
39. Campanhas disruptivas de ONGs Disrupção como estratégia comercial
Fonte: ELKINGTON (2012).

UNIDADE II Responsabilidade Social 44


3. SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL - RESPONSABILIDADE SOCIAL
CORPORATIVA (RSC)

As discussões acerca da RSC se iniciaram com um foco filosófico, contemplando


moral e ética, e evoluíram para uma prática gerencial, que abrange a prestação de contas
para os stakeholders. Inicialmente, a RSC era centrada em atividades filantrópicas, como
doações a instituições beneficentes, respeito ao trabalhador e práticas leais de operação.
Outros temas, como direitos humanos, meio ambiente, defesa do consumidor e com-
bate à fraude e à corrupção, foram acrescentados ao longo do tempo, conforme receberam
maior atenção dos membros da sociedade (ALMEIDA, 2019; CARROLL, 1999, 2015).
O autor Frederick (1960) foi um dos precursores ao enfatizar o papel das organiza-
ções perante a sociedade.
Frederick (1960) afirmou que era esperado que as organizações atuassem diligen-
temente e de maneira ética, pois, o grande poder econômico destas (economia em escala)
pode intensificar depressões econômicas, resultando em danos socioambientais.
O autor ainda salientou que os homens de negócios têm a responsabilidade de
produzir recursos financeiros, no entanto, devem buscar, juntamente, o bem-estar socioe-
conômico (socio-economic welfare).
Outro pesquisador da RSC foi Davis (1967), o qual denotou que a RSC implica
em considerar as consequências éticas relacionadas aos atos organizacionais em toda
sociedade, pois, os interesses da organização podem conflitar com objetivos de outros

UNIDADE II Responsabilidade Social 45


indivíduos. Ainda, o autor abordou que a Sociedade e as organizações são conectadas, de
modo, que as ações de um afetam o outro (DAVIS, 1967).
Mas, o estudo considerado seminal na área da RSC foi o de Carroll (1979), que
apresentou uma conceituação teórica de como mensurar o desempenho social de uma
organização estabelecendo uma hierarquização dos componentes (ou tipos) de RSC. O
Quadro 2 apresenta a descrição de cada componente:

QUADRO 2: CATEGORIAS DA RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA

Responsabilidade Descrição
1) Econômica É a primeira e mais importante responsa-
bilidade social dos negócios. Refere-se ao
fato de que a organização deve produzir
produtos que a sociedade queira comprar e
por meio da venda destes obter lucros.

2) Legal As organizações estão subordinadas a


regras, regulamentos e leis. A sociedade
espera que os negócios estejam em
conformidade com a legislação. O des-
cumprimento da legislação pode ocasionar
sanções, multas, que resultam em saídas
de caixa e destoam da responsabilidade
econômica da organização.
3) Ética Refere-se às atitudes organizacionais e
comportamentos que não estão necessa-
riamente previstos em legislação. Trata-se
dos códigos de Ética e conduta dos rela-
cionamentos da organização com todos
stakeholders. A sociedade tem expectativas
de que as organizações atuem com integri-
dade num nível acima do enforcement.
4) Discricionária São aquelas em que a organização res-
peita os 3 tipos de responsabilidades an-
(ou volitivas)
teriores e assume papel de agente social,
o qual não era esperado pela sociedade
e considerada como hábito voluntário.
Exemplos: doações a entidades sociais,
treinamentos a desempregados, combate
ao abuso do álcool e drogas.

Fonte: elaborado com base em Carroll (1979).

UNIDADE II Responsabilidade Social 46


As categorias relacionadas no Quadro 2 são interdependentes. A categoria mais
relevante é a Responsabilidade Econômica, pois representa a finalidade pela qual a or-
ganização foi constituída. A categoria responsabilidade legal, também é esperada pela
sociedade visto que uma organização precisa conduzir as suas atividades respeitando as
leis e regulamentações.
A categoria Responsabilidades Éticas, trata-se de ações que também são espera-
das pela sociedade, todavia, não estão previstas em leis e regulamentações. Trata-se de
posturas voluntárias da organização.
Por fim, a quarta categoria demonstra ações de responsabilidades filantrópicas,
que não são esperadas pela sociedade. Aqui, a organização promove o bem-estar social
e desenvolve iniciativas para preservação do meio ambiente e das fontes de criação de
valor aos stakeholders. Dado que os tipos de Responsabilidade Social Corporativa são
gradativos, os mesmos podem ser apresentados por meio de uma pirâmide (Figura 01):

FIGURA 01: A PIRÂMIDE DA RSC - RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA.

Fonte: ALMEIDA et. al. (2019); CARROLL (1999)

UNIDADE II Responsabilidade Social 47


Exemplo de aplicação da pirâmide de Carroll.
Quando uma Bem Intencionada Ltda (fictícia) consegue remunerar todos os seus
colaboradores, pagar todos os seus fornecedores de insumos, pagar os tributos e demais
taxas e impostos e gerar resultados positivos está cumprindo a sua responsabilidade eco-
nômica. Se a Bem Intencionada Ltda não efetua nenhuma outra ação, fora a busca de
lucros, não é considerada responsável.
Imaginando que a Bem Intencionada Ltda, que além de atender às exigências
econômicas, cumpra todos os requisitos legais aos quais ela está submetida, uma vez que
possui um departamento responsável pelo compliance à legislação. Se a Bem Intencionada
Ltda não realiza ações éticas ou voluntárias, não é considerada responsável.
A Bem Intencionada Ltda, agora, cumpre todas as suas funções econômicas,
atende todas as legislações e criou um código de ética, para combater a fraude, corrup-
ção e prescrever o comportamento esperados dos colaboradores nas relações com terceiros.
Ressalta-se que estes novos comportamentos da Bem Intencionada Ltda já eram
esperados pela sociedade, e ela não realizou mais nenhuma ação de cunho voluntário,
mesmo assim, ainda não é considerada responsável.
Já quando a Bem Intencionada Ltda, apresenta resultados econômicos, atende
todas as legislações, é preocupada com o comportamento ético e ainda, realiza doações a
ONGs, creches, à comunidade e realiza ações filantrópicas, passa a ser considerada como
socialmente responsável.
Porter e Kramer (2006), afirmaram que a RSC pode se tornar um fator de vantagem
competitiva a longo prazo para os negócios, uma vez que está interrelacionada com os elos
da cadeia produtiva. Portanto, a RSC envolve atuação responsável da organização em toda
a cadeia produtiva: clientes, funcionários, fornecedores, governo, além da comunidade,
meio ambiente e sociedade. O conceito de cadeia de valor, também representa as interco-
nectividades entre a organização e a sociedade conforme enfatizaram Frederick (1960) e
Davis (1967).
O Instituto Ethos (2017), afirmou que a organização que atua com responsabilidade
social desenvolve sua atividade econômica orientada para a geração de valor econômico
financeiro, ético, social e ambiental, além de compartilhar os resultados com os stakehol-
ders. Destarte, o sistema produtivo dessa organização é organizado visando reduzir, conti-
nuamente, o consumo de bens naturais (INSTITUTO ETHOS, 2017).
Mas, a RSC também pode congregar aspectos negativos à organização, principal-
mente se levarmos em consideração que as ações de RSC consomem recursos financeiros.

UNIDADE II Responsabilidade Social 48


Os autores Fatemi et al. (2015) identificaram que com o passar do tempo e com o
aumento de gastos com RSC, aumenta-se o custo de capital e, consequentemente, dimi-
nui-se o valor da organização.
Além disso, quando uma organização atua sob o âmbito da RSC, está exposta às
pressões sociais e pode ser acusada de greenwashing ou de realizar marketing.
Mesmo diante de tais fatores negativos, deve-se imperar a necessidade de desen-
volver a sociedade e os stakeholders, buscando minimizar o impacto das atividades na
sociedade e traçar medidas para proteger o meio ambiente. As ações de RSC envolvem
uma visão de longo prazo, a qual precisa estar disseminada, incorporada nas estratégias e
presente nos valores dos colaboradores, e demais stakeholders (ELKINGTON, 2012).

UNIDADE II Responsabilidade Social 49


4. TECNOLOGIAS DE GESTÃO SOCIOAMBIENTAL E AS POLÍTICAS AMBIENTAIS

A Sustentabilidade e a RSC visa manter a diversidade ecológica e a riqueza am-


biental, pois o homem precisa habitar em um meio ambiente saudável, com clima propício
à agricultura. Essa perspectiva será enfatizada novamente neste tópico, haja vista que são
temas complementares. O foco desse tópico será: tecnologias de gestão socioambiental e
políticas ambientais.
Sobre as tecnologias de gestão socioambiental, destacam-se os projetos de inova-
ção denominados Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Os MDL contribuem para
ações de âmbito mundial (preservação do Planeta) e para definir estratégias corporativas
quando tratar-se de RSC (ação ambiental). O MDL não foi concebido para gerar capital
financeiro para as organizações, seu intuito é diminuir os impactos socioambientais das
atividades organizacionais (RIBEIRO, 2012).
Indiretamente, a aplicação de Tecnologias de Gestão Socioambiental, causam
melhorias na produtividade e, por fim, aumentar sua receita. Possuem um fluxo de entrada
e saída de recursos físicos e financeiros que pode ser bastante estratégico sob o ponto de
vista financeiro e operacional (BUSATO, 2020).
O propósito desses empreendimentos é reduzir ou evitar a produção de resíduos;
eles partem de um cenário nocivo e atuam modificando-os para atingir a meta de redução;
prestam contas dos resultados que, se positivos, dão direito a uma compensação financeira
que, é o recurso proveniente da venda do certificado de redução emitida, ou crédito de car-

UNIDADE II Responsabilidade Social 50


bono. Trata-se de um ciclo completo de atividades com uma finalidade específica, portanto,
com condições particulares para medição e acompanhamento.
Na Constituição do Brasil (1988), no artigo 225, é definido que “Todos têm direito
ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial
à sadia qualidade de vida”. Ainda, nesse mesmo artigo de Brasil (1988), é ressaltado que
tanto o Poder Público, quanto a coletividade têm o dever de preservar o meio ambiente para
as gerações presentes e futuras.
As inovações tecnológicas precisam estar presentes na cadeia de valor da organi-
zação. Se uma organização tem todos os cuidados socioambientais durante o seu processo
produtivo, mas não se preocupa com a origem da sua matéria-prima ou demais recursos,
indiretamente, pode estar contribuindo para a degradação ambiental.
Além disso, ao reduzir o consumo de fontes de energia, como eletricidade, os
custos produtivos e administrativos serão diminuídos e o reflexo destas ações pode ser um
incremento no resultado ou então a possibilidade de baixar o preço de venda visando tornar
o produto mais competitivo no mercado de atuação (ELKINGTON, 2012).
Os planos que as organizações desenvolvem para implementar as ações ambientais
são as políticas ambientais. Trata-se de descrever os processos que consomem recursos,
traçar planos de otimização dos recursos, entre outras ações correlatas (ELKINGTON, 2012).
Estas políticas ambientais precisam estar incorporadas na alta administração da
organização e nas visões de longo prazo. É uma aplicação dos processos de melhoria
contínua, que além de atuação no tripé ambiental, corrobora para a criação de valor aos
stakeholders.
Vamos imaginar, que as alterações climáticas causem um aquecimento no Planeta,
para operar nesses ambientes, algumas organizações gastarão maiores recursos com
refrigeração, consumindo recursos financeiros. O proprietário de uma sorveteria poderia
ser beneficiado pelo aumento da clientela resultante do aumento da temperatura, contudo,
terá que conviver com o risco de perder mercadorias devido ao clima quente e dispenderá
recursos financeiros para aumentar a refrigeração da sua loja.
Imagine, também, os locais que comercializam produtos cuja perecidade é peque-
na,ou seja possuem um baixo período de estocagem. Tais estabelecimentos podem incorrer
em grandes perdas de mercadorias, chegando até a inviabilizar alguns deles.
Em tais circunstâncias, ficará mais difícil adquirir recursos financeiros suficientes
para alcançar a meta básica dos negócios sobre a égide da RSC, qual seja, a de realizar as
responsabilidades econômicas.

UNIDADE II Responsabilidade Social 51


5. A CRIAÇÃO DE VISÃO VOLTADA À SUSTENTABILIDADE

Após definir o planejamento das atividades, com vistas à sustentabilidade e Respon-


sabilidade Social Corporativa (RSC), têm-se a etapa do monitoramento e da avaliação do de-
sempenho, na qual a organização precisará relatar aos seus stakeholders como compreende
as suas necessidades e quais atividades estão sendo implementadas para satisfazê-las.
No contexto da Sustentabilidade, o imperativo é que o Valor gerado não se trata
apenas de Valor Financeiro. Haja vista que aspectos econômicos, ambientais e sociais
também podem contribuir com a criação de valor a longo prazo (ELKINGTON, 2012).
Busato (2020) afirmou que a cada dia, mais organizações buscam demonstrar a
criação de Valor aos Stakeholders. Tais organizações divulgam projetos realizados juntos
às comunidades, adequações da infraestrutura para a redução de consumo de recursos
naturais. Outras informações que podem ser divulgadas são os indicadores realizados com
a economia dos custos ao reduzir o consumo de energia elétrica, de matéria-prima e de
outros recursos não renováveis.
Desta forma, a visão da criação de sustentabilidade envolve planejamentos de
longo prazo, uma vez que as organizações precisam entender que é necessário preservar
os recursos naturais para que as gerações futuras possam ter a capacidade de satisfazer
as suas próprias necessidades (ELKINGTON, 2012).

UNIDADE II Responsabilidade Social 52


O Governo também pode corroborar com a publicação de Leis e Decretos que
prescrevam a adequação do nível de atividades das organizações (isto é, controle do con-
sumo / extração de recursos naturais).
Outro fator externo às organizações que pode corroborar para a criação de uma visão
voltada à Sustentabilidade, são os avanços tecnológicos, os quais permitiram plantar fora da
estação devido melhorias genéticas das sementes, aprimoramento de técnicas que visam
diagnosticar as condições dos solos e mananciais, dentre diversas outras metodologias.

UNIDADE II Responsabilidade Social 53


6. SISTEMAS DE DIAGNÓSTICO E GESTÃO

Um diagnóstico pode ser entendido como a tentativa de detectar falhas ou oportu-


nidades de melhoria de um sistema operacional, tecnológico, produtivo, entre outros.
Após identificação de situações problemáticas (e principalmente, as suas causas),
a organização é capaz de traçar planos de melhoria ou planos de ação para erradicar essa
situação desfavorável.
Ressalta-se que a avaliação de um impacto socioambiental pode ser subjetiva.
Alguns dos efeitos das ações dos homens na natureza são desconhecidos. Assim,
surgem as inquietações: como mensurar os impactos ambientais? E como mensurar os
impactos sociais? (ELKINGTON, 2012).
Neste contexto, uma das ferramentas que podem ser utilizadas pelas organizações,
a norma ISO 26000 que trata da Responsabilidade Social Corporativa (ISO, 2010).
Os principais tópicos enfatizados na ISO 26000 são:
● Governança da organização: Apresenta questões relativas ao gerenciamento
das atividades, a estrutura organizacional, ao desenvolvimento de funções e responsabili-
dades de cada órgão da organização
● Direitos Humanos: Trata de situações que colocam em risco a atuação sob os
direitos humanos, discriminação (gênero, raça, idade), direitos civis e direitos políticos.
● Práticas de trabalho: Discorre sobre práticas de trabalho que contribuem para o
bem-estar dos colaboradores.

UNIDADE II Responsabilidade Social 54


● Meio Ambiente: Promove o entendimento sobre mecanismos que visam diminuir
a poluição ambiental, utilização consciente dos recursos naturais, mitigação e adaptação
às mudanças climáticas.
● Práticas leais de competição: Envolve os mecanismos utilizados pela organiza-
ção para combater a fraude e a corrupção, a sustentabilidade na cadeia de valor e o direito
de propriedade.
● Consumidor: Enfatiza o marketing desleal, proteção a saúde e segurança do
consumidor, atendimento e suporte às reclamações, proteção e privacidade dos dados dos
consumidores, educação e conscientização
● Envolvimento com a Sociedade: Apresenta temas ligados ao engajamento da
organização com a comunidade, educação e criação de uma cultura de preservação am-
biental, saúde, investimento social entre outros.
● A aplicação da ISO 26000 é um método de desenvolver um sistema de diagnós-
tico de gestão sob a égide da Sustentabilidade e da Responsabilidade Social.

UNIDADE II Responsabilidade Social 55


7. CÓDIGOS DE CONDUTA

A Ética foi um conceito que surgiu na Política, Economia, Sociologia, e que foi
incluído na Contabilidade e na Administração ao longo do tempo. Uma pessoa considerada
ética é uma pessoa que não rouba, não mata, atua conforme as leis e têm um comporta-
mento dentro das regras sociais. A mesma abordagem é feita em relação às organizações.
Exemplos de políticas que podem ser caracterizadas como éticas são:
● Combate à fraude e corrupção.
● Criação de um Código de Ética.
● Atuação sob o âmbito dos Direitos Humanos.
● Descartar corretamente os seus resíduos sólidos.
As organizações podem divulgar as suas políticas socioambientais e éticas nos
sites das organizações. Podem ser uma demonstração de como entendem os valores dos
stakeholders e como se relacionam com funcionários, fornecedores, entre outros (ELKING-
TON, 2012). Pode ser uma tentativa de conter a pressão dos Stakeholders, para adequação
do nível das entidades.
Um dos exemplos de registro das políticas éticas é a concepção de um Código
de Ética, na qual a organização dissemina a todos os seus colaboradores quais são os
valores que a organização entende que são desejáveis nos relacionamentos com os seus
stakeholders.
Geralmente, as organizações que criam Códigos de ética disponibilizam esse
documento para acesso público. Caros(as) alunos(as), que tal realizar uma busca pelos
Códigos de éticas das organizações? Digite “Código de ética” em algum site de busca que
serão apresentados exemplos, nos quais você pode acessar e vislumbrar na prática, as
aplicações desta parte do nosso estudo.

UNIDADE II Responsabilidade Social 56


8. POLÍTICAS AMBIENTAIS NO BRASIL

A preocupação do Brasil com a preservação do meio ambiente é enfatizada na


Constituição Brasileira, na qual tem-se que os governos, setor privado e a coletividade
(pessoas naturais) precisam atuar juntamente para preservar o meio ambiente e manter o
bem-estar social (BRASIL, 1988).
O Brasil instituiu Agências Reguladoras para os setores com maiores impactos
ambientais, como o setor de energia elétrica. Essas agências respondem diretamente ao
governo brasileiro. Na Lei nº 13.848, de 25 de JUNHO de 2019, têm-se exemplos de agên-
cias reguladoras:
● Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel);
● Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP);
● Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel);
● Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa);
● Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS);
● Agência Nacional de Águas (ANA);
● Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq);
● Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT);
● Agência Nacional do Cinema (Ancine);
● Agência Nacional de Aviação Civil (Anac);
● Agência Nacional de Mineração (ANM).

UNIDADE II Responsabilidade Social 57


O Ministério do Meio Ambiente (MMA), foi criado em novembro de 1992, tem como
missão formular e implementar políticas públicas ambientais nacionais de forma articulada
e pactuada com os atores públicos e a sociedade para o desenvolvimento sustentável.
O Decreto 9.672, de 2 de janeiro de 2019, que atualizou a sua estrutura organizacio-
nal, estabelece que o MMA tem como área de competência os seguintes assuntos: política
nacional do meio ambiente; política de preservação, conservação e utilização sustentável
de ecossistemas, biodiversidade e florestas; estratégias, mecanismos e instrumentos eco-
nômicos e sociais para a melhoria da qualidade ambiental e o uso sustentável dos recursos
naturais; políticas para a integração do meio ambiente e a produção; políticas e programas
ambientais para a Amazônia; estratégias e instrumentos internacionais de promoção das
políticas ambientais (MMA, 2019).
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBA-
MA) é uma autarquia federal dotada de personalidade jurídica de direito público, autonomia
administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), conforme Art.
2º da Lei nº 7.735, de 22 de fevereiro de 1989. As principais funções do IBAMA são:
● Fiscalizar as ações das organizações visando coibir crimes ambientais;
● Propor e editar normas e padrões de qualidade ambiental;
● Zoneamento e a avaliação de impactos ambientais;
● Licenciamento ambiental, nas atribuições federais;
● Implementação do Cadastro Técnico Federal.
● Fiscalização ambiental e a aplicação de penalidades administrativas;
Ademais tais Instituições atuam de forma coordenada para implementar as políticas
ambientais brasileiras.

UNIDADE II Responsabilidade Social 58


SAIBA MAIS

Quem são os Stakeholders?


No âmbito das organizações, há uma Teoria que está ganhando força desde a década
de 1980, qual seja a Teoria dos Stakeholders. Trata-se de uma perspectiva teórica que
enfatiza que o desempenho das organizações pode ser afetado devido à atuação dos
stakeholders.
Edward Freeman foi um dos precursores da Teoria dos Stakeholders e é o idealizador de
uma definição seminal desse assunto. Freeman (1984) definiu os Stakeholders como to-
dos aqueles que são afetados ou que podem afetar o desempenho de uma organização.
Apesar de parecer uma definição ampla, isto é, sem muitos detalhes, já é possível
perceber que os stakeholders podem ser grupos internos ou externos às organizações,
visto que as atividades das organizações podem ser afetadas pelo desempenho dos
funcionários, gerentes (internos) ou pelo governo, clientes ou fornecedores (externos).
Além disso, os grupos de stakeholders afetados (ou que afetam) podem variar de
organização para organização.
Segundo pressupostos da Teoria dos Stakeholders, as necessidades dos stakeholders
precisam ser entendidas (gerenciadas) para que a organização consiga engajá-los e ao
invés de se tornarem uma fonte de riscos, os stakeholders passem a colaborar na ge-
ração de valor para a organização. Esse processo inclui a evidenciação de informações
direcionadas aos stakeholders, que podem ser nos Relatórios da Organização, no site
da organização, redes sociais, entre outros (FREEMAN et al., 2010).
Portanto, o primeiro passo para alcançar o engajamento com os stakeholders é a identifi-
cação de quem são os stakeholders. Abaixo, seguem os principais grupos de stakeholders
(mais não os únicos) e suas distintas necessidades de informação (CLARKSON, 1995).
Acionistas: este grupo de stakeholders é responsável pelos investimentos de
Capital da organização. As principais informações que são evidenciadas aos acionistas
são: Políticas gerais de relacionamento com os acionistas, quantidade de comunicações
e reclamações, lista dos advogados (ou defensores) dos acionistas, declaração sob os
direitos dos acionistas.
Consumidores: este grupo de stakeholders é responsável pelo consumo dos produtos.
Principais informações evidenciadas para os consumidores: Políticas gerais, Comuni-
cações com os consumidores, Índices de satisfação do produto e Reclamações dos
clientes.

UNIDADE II Responsabilidade Social 59


Fornecedores: este grupo é responsável pelo fornecimento de insumos de produção.
Principais informações que os fornecedores buscam: políticas gerais de relacionamento
com os fornecedores, dependência da organização em relação aos Fornecedores, pra-
zos e condições de pagamento, entre outros.
Funcionários: são responsáveis pela execução das atividades da organização (recursos
humanos da organização). Principais informações que os funcionários querem ter acesso:
Políticas gerais, Benefícios, Treinamento e capacitação, Plano de carreira, entre outros.
Governo: estes stakeholders podem afetar a organização por meio da publicação de
novas leis, novas exigências ambientais, aumento da alíquota dos impostos, etc. Princi-
pais informações que o governo busca nas demonstrações das organizações: apuração
dos impostos, recolhimento de taxas e contribuições.
Outros stakeholders que podem afetar o desempenho das organizações são a comuni-
dade em torno da organização e a mídia (redes sociais, imprensa, televisão, rádio, etc.)
(ALMEIDA, 2019).
Cabe ao gestor das organizações identificar quem são os stakeholders, entender as
suas principais demandas e realizar ações para satisfazê-los. Tais atitudes são tidas
como ações de sustentabilidade e de responsabilidade social.

Fonte: ALMEIDA (2019); CLARKSON (1995); FREEMAN (1984); FREEMAN et al., (2010).

REFLITA

“O Desenvolvimento Sustentável corresponde a desenvolver aspectos econômicos, am-


bientais e sociais, concomitantemente.”

Fonte: ELKINGTON (2012).

UNIDADE II Responsabilidade Social 60


CONSIDERAÇÕES FINAIS

A chamada responsabilidade social corporativa tem, à primeira vista, a intenção de


delimitação social das empresas, por meio da cobrança de ações de responsabilidade social
e tem o grande mérito por alertar a sociedade das práticas empresariais nem sempre justas.
Porém, emerge a preocupação de que a empresa utilize as ações de cunho social
para ampliar seu poder, tanto na dimensão interna, quanto na dimensão externa da em-
presa. Assim, a empresa pode tornar-se definitivamente o principal ator social, ditando as
normas de conduta e ética.
Ao invés da responsabilidade social corporativa delimitar o poder das empresas,
pode acabar ampliando, quando se torna mais um meio da empresa justificar determinadas
situações ou imposições tanto aos seus empregados, como à sociedade em geral. Além
disso, a comunidade em geral pode tornar-se bastante tolerante aos abusos cometidos por
uma empresa que financia hospitais, eventos culturais, ecológicos e sociais de modo geral.
Trata-se de uma excelente oportunidade para as empresas assumirem causas sociais.

UNIDADE II Responsabilidade Social 61


LEITURA COMPLEMENTAR

Artigo 01: Responsabilidade Social Corporativa: Limites e Possibilidades

RESUMO
Neste artigo busca-se refletir sobre a influência da responsabilidade social nas
ações das empresas. A teoria da delimitação dos sistemas sociais de Ramos (1989), é base
para tal reflexão. A responsabilidade social corporativa é justificada e defendida, tanto pelas
empresas, sociedade e Estado, como um fenômeno que delimita as ações empresariais.
No entanto, argumenta-se que ao invés de delimitar as ações, a responsabilidade social
pode acabar por ampliar o poder das empresas.
Fonte: Schroeder , J. T.; Schroeder, I. Responsabilidade social corporativa: limites
e possibilidades. RAE-eletrônica, v. 3, n. 1, Art. 1, jan./jun. 2004 Disponível em: https://
www.scielo.br/pdf/raeel/v3n1/v3n1a01.pdf. Acesso: 22 Jan. 2021.

Artigo 02: Análise das práticas de sustentabilidade em projetos de construção


latino americanos.

RESUMO
Este trabalho tem como objetivo identificar os conceitos de sustentabilidade con-
solidados na prática em projetos e empreendimentos de construção na América Latina e,
em particular, no Brasil. Para tanto foi utilizado como referência os projetos participantes do
Primeiro Concurso Internacional para Construção Sustentável Holcim Awards 2005, com
base no qual foi feito um levantamento estatístico das práticas de diferentes ações incorpo-
radas nos projetos. Com este levantamento, pode-se traçar um perfil do projetista brasileiro
e latino-americano. Sobretudo, este estudo permite identificar as lacunas nas práticas de
sustentabilidade. Conclui-se que o conceito de preservação ambiental está consolidado
para os projetistas latino-americanos e brasileiros; porém, o conceito de sustentabilidade
não está. Faltam mais ações relacionadas às dimensões sociais e econômicas nos proje-
tos que se ocupam predominantemente com a dimensão ambiental. Dentro da dimensão
ambiental, os conceitos mais consolidados estão associados à energia, água e materiais.
Nota-se que há lacunas na utilização de métodos modernos, intensivos em tecnologia e que
envolvam o ciclo de vida da construção. Estes pontos servem de base para empreender
ações que visem a maior inserção de sustentabilidade nos projetos de construção civil.

UNIDADE II Responsabilidade Social 62


Fonte: CSILLAG, D., 2007, “Análise das Práticas de Sustentabilidade em Pro-
jetos de Construção Latino Americanos”. Dissertação M. Sc., Escola Politécnica/USP,
São Paulo, SP, Brasil. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3146/
tde-17012008-115248/en.php#:~:text=An%C3%A1lise%20das%20pr%C3%A1ticas%20
de%20sustentabilidade%20em%20projetos%20de%20constru%C3%A7%C3%A3o%20
latino%20americanos.&text=Este%20trabalho%20tem%20como%20objetivo,%2C%20
em%20particular%2C%20no%20Brasil.Acesso: 22 Jan. 2021.

ARTIGO 03: Uma abordagem sobre a energia eólica como alternativa de ensino de
tópicos de física clássica

RESUMO
Este trabalho apresenta um estudo sobre os princípios teóricos básicos envolvidos
na energia eólica e sua conversão para energia elétrica. E realizada uma abordagem quali-
tativa e quantitativa sobre a energia eólica de forma a relacionar os conteúdos apresentados
com diversos tópicos estudados em física clássica. A energia eólica representa uma área do
conhecimento rica em conteúdos que podem ser usados diretamente no ensino de física,
contribuindo para um ensino mais contextualizado e atraente ao estudante.
Fonte: PICOLO, A. P., Ruhler, A. J. & Rampinelli, G. A. Uma abordagem sobre
a energia eólica como alternativa de ensino de tópicos de física clássica. Revista Brasi-
leira de Ensino de Física, 36:4, 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pi-
d=S1806-11172014000400007&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso: 22 jan. 2021.

UNIDADE II Responsabilidade Social 63


MATERIAL COMPLEMENTAR

FILME/VÍDEO
Título: Centro Sebrae Sustentabilidade
Ano: 2019
Sinopse: vídeos do SEBRAE voltados à sustentabilidade nas
pequenas e médias organizações.
Disponível em: https://www.youtube.com/user/sustentabilidadetv.
Acesso: 21 jan. 2021.

FILME/VÍDEO 2
Título: O menino e o mundo
Ano: 2014.
Sinopse: É um filme brasileiro, que recebeu diversos prêmios e
que demonstra a preocupação com a poluição, pobreza e outros
temas que foram abordados neste livro.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=Fzej2MTKgts

LIVRO
Título: Capital Natural
Autor: Mark R. Tercek e Jonathan Adams.
Editora: Alaúde.
Ano: 2014.
Sinopse: Qual é o valor da natureza? Quem investe nisso, de que
jeito e por quê? Que taxas de retorno um investidor pode esperar?
Quando proteger a natureza é um bom investimento? Essas são
as perguntas que estão revolucionando o jeito com que fazemos
negócios. Nesse sentido, a obra mostra como empresas ao redor
do mundo prosperaram ao investir no meio ambiente e como o
retorno que obtiveram foi muito além do financeiro. Um livro indis-
pensável para líderes, CEOs, investidores e ambientalistas, Capital
Natural oferece um guia essencial para o bem-estar econômico e
ambiental do planeta. A busca por respostas foi o que levou Mark
R. Tercek a se tornar CEO da The Nature Conservancy, uma fun-
dação com 60 anos de atuação em 35 países ao redor do mundo
em prol da conservação dos recursos naturais. Neste livro, ele
conta como empresas ao redor do mundo prosperaram ao investir
no meio ambiente e como o retorno que obtiveram foi muito além
do financeiro. Um livro indispensável para líderes, CEOs, investi-
dores e ambientalistas, Capital natural oferece um guia essencial
para o bem-estar econômico e ambiental do planeta.

UNIDADE II Responsabilidade Social 64


UNIDADE III
Ecologia Urbana e Ecologia Rural
Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco

Plano de Estudo:
● Ecologia e o habitat urbano
● Mudança dos padrões urbanos de consumo e produção para se
tornarem mais sustentáveis.
● Economia e Meio Ambiente: parâmetros e mudanças
● Projetos sustentáveis
● Arquitetura sustentável - Parâmetros e mudanças.
● Relação do desenvolvimento rural com a sustentabilidade;
● Qualidade de vida;
● Agroecossistemas;
● Estrutura de agroecossistemas;
● Tipos de agrosistemas.

Objetivos da Aprendizagem:
● Demonstrar que a construção de uma cidade depende dos diferentes agentes envolvidos. O
seu planejamento deve ter como princípio norteador uma postura ética, comprometida a dar con-
dições políticas e econômicas, priorizando a manutenção dos processos ecológicos. A melhoria do
bem-estar dos habitantes está na correta gestão ambiental que tem como princípios a necessidade
de garantir a atividade socioeconômica e a qualidade ambiental urbana, compartimentalizando o
território produtivo e evitando os processos de degradação em áreas menos desprovidas de recur-
sos no meio urbano.

65
INTRODUÇÃO

A chegada das grandes massas populacionais aos centros urbanos têm modificado
a paisagem da cidade assustadoramente e de maneira agressiva vem se instalando próxi-
mo à reservas ecológicas e de matas ciliares nos mananciais, ou seja, dentro do conceito
de sustentabilidade em espaços vazios impróprios à moradia. No planejamento urbano
há diretrizes para o uso e ocupação do solo, todavia, a expansão urbana continua desor-
denada e irregular, ferindo os princípios básicos de uma sociedade sustentável. Logo, é
imprescindível que o poder público tome iniciativas para viabilizar o planejamento ambiental
em consonância com a ecologia urbana.
O meio ambiente natural foi reiteradamente alterado ao longo do processo evolutivo
da humanidade. Isso se deu em razão da necessidade de adaptação do ser humano a ele,
com vistas a sua sobrevivência. É certo que uma das modificações mais significativas e
importantes ocorridas nesse contexto foi a construção de espaços edificados, que servem
como uma terceira pele. Ao lado de roupas pesadas, foi preciso construir abrigos com o
objetivo de amenizar os efeitos climáticos (SERRA, 1987).
Nesse contexto, Serra (1987) complementa observando que desde os primeiros
assentamentos permanentes, as edificações foram sendo paulatinamente aprimoradas e
de modelos rudimentares, chegou-se a construções complexas e sofisticadas, as quais
respeitam as normas culturais vigentes e as aspirações de seus ocupantes.
Entretanto, apesar dos avanços nessa área, a civilização contemporânea continua
dependente de edificações para seu resguardo e, em última instância, sua própria existên-
cia e que até o ano de 2050 haverá aproximadamente 9,7 bilhões de pessoas consumindo
os recursos do planeta, e destas 66% viverão em áreas urbanas. (ALVES, 2001).
Assim, devido ao crescimento da população urbana e expansão das cidades, a
relação entre assentamentos humanos e ecossistemas é cada vez mais vital, tanto em
termos de sustentabilidade ambiental, quanto em vulnerabilidade a choques e estresses.
A geografia da cidade nos revela uma profunda desigualdade no ambiente urba-
no, criando graves problemas sociais, consequência de fatores econômicos, políticos e
culturais. O processo de urbanização e industrialização tem causado, mesmo de forma

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 66


subliminar, a degradação social e ambiental do espaço urbano, sendo importante a gestão
e economia da água, dos resíduos gerados e da qualidade do ar e do ambiente interno.
Uma cidade deve ser planejada e gerenciada para fornecer múltiplos benefícios
que contribuam para a qualidade da vida humana, em conjunto com o aprimoramento na
eficiência do uso dos recursos e na redução do impacto ambiental global.
Assim, a importância da ecologia urbana e rural que compreende os sistemas de
elementos bióticos e físicos que ocorrem nessas áreas. O mesmo abarca as interações
entre sistemas naturais, sistemas sociais e culturais, entre outros. A ecologia urbana e
rural dá particular importância na primazia dos sistemas naturais na contribuição da subsis-
tência, bem-estar e resiliência, e foca-se na interdependência dos recursos-chave (como
alimentos, água e energia) e seu impacto no desenvolvimento.

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 67


UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 68
do ar, e escassez de recursos naturais em razão do consumo e produção insustentáveis,
também não são incorporados na concepção e/ou gestão das cidades. O projeto urbano,
planejamento e gestão das decisões precisam ser baseados em visões de longo prazo,
responsável pela diferenciação dos padrões urbanísticos e arquitetônicos dentro da cidade.
É fundamental compreender que o crescimento da cidade, o processo de urbaniza-
ção e industrialização, as modificações feitas na cultura e a ocorrência de novas tecnologias
provocadas pela mídia no “desenvolvimento” do ambiente urbano são expressões de uma
das maneiras de apropriação e de acumulação do capital.
Desta forma é preciso entender a ecologia urbana como uma área de estudos
ambientais que procura entender os sistemas naturais dentro das áreas urbanas, ou seja,
é um conceito ecológico que tem por base a análise e observação das relações urbanas
com a fauna e flora, os quais podem estar dentro ou nos arredores dos centros das cidades.
(ALVES, 2001).
A descrição das formas de ocupação e apropriação do espaço em meio urbano foi
promovida pela chamada escola de Chicago. Aplicando os princípios da ecologia vegetal e
animal às comunidades humanas conforme explica o autor Coelho (2001).
A ecologia urbana é um campo da ecologia que visa estudar o ambiente e os sis-
temas naturais dentro das áreas urbanas, avaliando as interações entre plantas, animais e
seres humanos, tratando as cidades como parte de um ecossistema vivo.
O desafio do novo milênio é encontrar novas perspectivas para os centros urbanos
a fim de viabilizar a sua existência. Coelho (2001).
Ecologia urbana, um campo da ecologia, é uma nova área de estudos ambientais
que procura entender os sistemas naturais dentro das áreas urbanas. Ela lida com as in-
terações de plantas, animais e de seres humanos em áreas urbanas. Ecologistas urbanos
estudam árvores, rios, vida selvagem e áreas livres encontrados nas cidades para entender
até que ponto esses recursos são afetados pela poluição, urbanização e outras formas de
pressão (COELHO, 2001).
Estudos em ecologia urbana podem ajudar as pessoas a verem as cidades como
parte de um ecossistema vivo.
Assim, o estudo da ecologia urbana ajuda na elaboração do planejamento das
cidades, mostrando diretrizes para o uso e ocupação do solo, evitando que sua expansão
seja desordenada e irregular, e não venha ferir os princípios básicos de uma sociedade
sustentável. Logo, é imprescindível que o poder público tome iniciativas para viabilizar o
planejamento ambiental em consonância com a ecologia urbana.

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 69


Desta forma, uma das interpretações mais importantes feitas pelo CIB - Conselho
Internacional de Edifícios para o setor da construção, vem chamando a atenção para o
modo de alcançar a tão desejada arquitetura sustentável: O projeto Sustentável atual exige
o pensar globalmente, e atuar regionalmente e viver localmente (COELHO, 2001).
Esta forma de agir pode beneficiar a saúde dos seres humanos, pois cidades sus-
tentáveis possuem empresas que visam poluir menos, incentiva o reaproveitamento de
água, reciclagem de materiais, uso de fontes de energia renováveis, entre outros.
O conceito está sendo aplicado em diversos setores da indústria, inclusive no setor
da arquitetura e urbanismo.
Para isto é importante conhecer a diferença entre construção sustentável e cons-
trução ecológica. Na primeira usa-se metodologias como uso sustentável da água, energia,
utilização de luminosidade natural etc.
Na segunda, os materiais utilizados para a obra da casa são provenientes do próprio
ambiente onde a pessoa mora. Eles são produzidos de forma artesanal e semi-artesanal
e muitas vezes, são materiais renováveis como palha e fibras vegetais. Índios e esquimós,
por exemplo, constroem suas casas de maneira ecológica, pois usam somente material
encontrado no meio onde habitam.
Com as atividades humanas o ambiente natural é transformado pela produção, pelo
consumo e pelos fluxos de pessoas, de energia, de recursos econômicos e das relações
sociais. Busca-se entender a cidade do ponto de vista holístico na gestão deste ecossiste-
ma humano (BRUGMANN, 1992).
Coelho (2001) nos mostra que a urbanização tem transformado a sociedade em
função das aglomerações urbanas, causando impactos ao ambiente os quais são produto
e processo dessa relação sociedade e natureza estruturada em classes sociais.
A geografia da cidade nos revela uma profunda desigualdade no ambiente urbano,
criando graves problemas sociais, consequência de fatores econômicos, políticos e culturais.
Os fatores como migração e industrialização vêm provocando o inchaço das cida-
des e o aumento da população em áreas periféricas que na maioria dos casos não possui
infraestrutura urbana.
Outro elemento a ser destacado é o êxodo rural que contribui para o inchamento
das cidades. As pessoas saem do campo em busca de melhores condições econômicas
e sociais, gerando conflitos, expulsões, violência, destruição ambiental e miséria. Os emi-
grantes ao chegarem às cidades acentuam a proliferação de ambientes degradados em
situações extremamente precárias, restando-lhes apenas os espaços de formação ilegal,

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 70


como as favelas ou, então, as áreas de proteção ambiental e os mananciais de preservação
permanente. Ocupam também espaços públicos como pontes e viadutos, agravando, ainda
mais, a sua condição subumana.
As implicações da falta de investimentos sociais à cidade fazem com que haja
o aumento dos desequilíbrios no ambiente, a destruição dos ecossistemas urbanos, dos
agravamentos dos problemas ecológicos, envolvendo as áreas de mananciais, a questão
do lixo industrial e as condições de moradia, geralmente, em lugares insalubres. Ainda hoje,
com o avanço da ciência e da tecnologia, reduzindo o tempo e o espaço da sociedade, a
população, em sua grande maioria, tem ficado à margem do processo de desenvolvimento
urbano. Isto ocorre à medida que sua participação política, visando o incremento de ações
para uma sensível melhora das condições de vida das populações mais carentes, não é
relevante para reverter o quadro existente.
Segundo Santos (1988) as marcas estão na própria paisagem. E explica que
paisagem é tudo aquilo que se vê. Porém, ela existe em função do processo histórico dife-
renciado, embora coexistindo com o instante atual. A paisagem, portanto, não é o espaço,
mas apenas o momento; é uma parte, mas não a totalidade.
A paisagem em si não possui vida própria, embora ela seja importante, é o resultado
dos modos de produção e os momentos desses modos de produção. Ela é um conjunto de
elementos naturais e artificiais que podem ser observados pelo homem (SANTOS, 1988).
Dessa mesma forma, o ambiente urbano composto por casas, prédios, ruas, sho-
pping centers, igrejas, indústrias, rios, árvores, lixo, pontes, enfim, da sociedade, para fun-
cionar adequadamente deve-se possuir gerenciamento ambiental, o chamado Zoneamento
Ecológico-Econômico – ZEE que compreende uma determinada área geográfica e setores,
estabelecendo-se normas de uso em função das características bióticas, geológicas, urba-
nísticas, agropastoris, extrativistas e culturais locais.
Isto porque a cidade possui um valor. Esse valor pode ser de uso ou de troca.
É evidente que para o capital, o significado da cidade é ser objeto de reprodução e de
lucro, de apropriação pelos atores hegemônicos: os grandes investidores, donos de terras,
sistema financeiro, empresas imobiliárias e de construção civil.
Para Carlos (2001),Os fatores, que determinarão a formação do preço vinculam-se,
principalmente:
à inserção de determinada parcela no espaço urbano global, tendo, como
ponto de partida, a localização do terreno (por exemplo, no bairro), o acesso
aos lugares ditos privilegiados (escolas, shopping, centros de saúde, de ser-
viços, lazer, áreas verdes, etc.), a infraestrutura (água, luz, esgoto, asfalto, te-
lefone, vias de circulação, transporte), a privacidade; e, secundariamente, os
fatores vinculados ao relevo, que se refletem nas possibilidades e nos custos
da construção. Finalmente, um fator importante: o processo de valorização
espacial (CARLOS, 2001, p. 48).

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 71


Franco (2001) discute que o planejamento ambiental deve partir das bases naturais
para a sustentação da vida e das suas relações ecossistêmicas em um determinado território.
Portanto, o planejamento ambiental, deve visar à diminuição dos gastos de energia
que os sustenta, o seu grau de entropia, assim como os riscos e impactos ambientais,
sem prejudicar ou suprimir outros seres da cadeia ecológica da qual o homem faz parte,
mantendo a biodiversidade dos ecossistemas.
Entretanto, Leff (2004) comenta que a crise ambiental mostra a necessidade de
revalorizar o fato urbano a partir da:
racionalidade ambiental; de romper a inércia crescente de urbanização e re-
pensar as funções atribuídas à vida urbana. A sustentabilidade global obriga
a pensar o substrato ecológico onde se assenta a cidade, a encará-la como
um processo entrópico; a relacionar a construção do urbano (habitação,
transporte, etc.) em função da qualidade do ambiente que ele gera e de seu
impacto na degradação do ambiente pelo consumo de recursos; a considerar
o fato urbano em sua dimensão territorial como um sistema de assentamen-
tos em relação com seu ordenamento ecológico e com o ambiente global; a
conceber o contínuo urbano-regional como uma conjunção de funções produ-
tivas e de consumo, políticas e culturais (LEFF, 2004, p. 290).

Neste sentido, segundo Manoel (2003):


A gestão ambiental surge como uma resposta aos problemas ambientais que
fazem parte da agenda de diferentes segmentos sociais, buscando prevenir
ou minimizar os problemas decorrentes de uma forma de desenvolvimento
denominada insustentável (MANOEL, 2003, p. 263).

A COP211 , trata de mudanças na forma como investir em infraestrutura e moldar


nossas cidades. E traz como metas a decisão de investir em energia renovável para 78%
dos novos investimentos em geração de energia até 2030 nas principais economias. Atra-
vés da COP21 chegou-se a acordos cruciais em diversas questões tais como contribuições
nacionais para mitigação, e financiamento global nas medidas de adaptação, no qual se
estabelecem as diretrizes e os recursos para os investimentos das cidades na saúde eco-
lógica e resiliência.
Desta forma estando em conformidade com a Declaração de Istambul sobre os
Assentamentos Humanos (Habitat II), que enfatiza o compromisso dos países “nos padrões
sustentáveis de produção, consumo, transporte e desenvolvimento dos assentamentos;
a prevenção da poluição; o respeito pela capacidade de absorção dos ecossistemas; e a
preservação de oportunidades para as gerações futuras [...], a fim de sustentar o nosso
ambiente global e melhorar a qualidade de vida em nossos assentamentos humanos”.
O investimento em infraestrutura é fundamental na otimização dos subsistemas
urbanos e na priorização da saúde humana. A abordagem chave estaria na introdução
de soluções baseadas na natureza dentro das cidades. Nesse sentido alguns aspectos
fundamentais são:

1 “COP 21” é o termo que tem sido usado para resumir a “21ª Conferência das Partes da Convenção-
-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima”, evento que aconteceu em Paris, de 30 de novembro
até 11 de dezembro de 2015.

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 72


● Utilizar uma abordagem integrada “azul-verde” na gestão dos recursos da água
(incluindo águas negras, cinzas, e de tempestades) e o projeto das áreas verdes urbanas.
● Revalorizar e restaurar ecossistemas degradados, e buscar a descontaminação
do ar, água e solos. Isto incluirá o monitoramento do ar, da água, da qualidade dos solos e
a adoção de medidas que reduzam os níveis de poluentes e de partículas em suspensão.
● Proteger e aumentar a biodiversidade nas cidades.
● Minimizar a poluição através da gestão eficaz de resíduos sólidos e químicos,
diminuindo assim efeitos de ilhas de calor e de cânions de poluição atmosférica em ruas
urbanas.
A mudança climática é um dos principais desafios que as cidades terão que lidar
no século 21. Muitos dos problemas associados à própria podem ser abordados em nível
municipal através da promoção de uma agenda de baixo carbono. Isto inclui:
● Perseguir uma abordagem passo a passo e focada localmente na direção da
neutralidade do carbono, definindo metas e ações ambiciosas em relação à produção e à
eficiência energética, à gestão de resíduos e ao sequestro de carbono.
● Melhorar as opções e a utilização de transportes sustentáveis, incluindo a priori-
zação de meios de transporte não-motorizados e de transporte público de massa.

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 73


2. MUDANÇA DOS PADRÕES DE CONSUMO E PRODUÇÃO URBANOS PARA
SE TORNAREM MAIS SUSTENTÁVEIS

Os padrões de produção e consumo das cidades são um elemento crítico para


alcançar a resiliência global e a sustentabilidade. Consumo e produção sustentáveis têm
implicações ambientais e sociais, que geralmente ocorrem a nível local. Em 2014, a huma-
nidade usou, em um ano, cerca de 50% a mais de recursos do que o planeta é capaz de
regenerar (WWF, 2014). Isto tem implicações para as necessidades humanas básicas, tais
como o acesso a alimentos e à água potável, e, finalmente, para a sobrevivência humana.
As tentativas para transformar os nossos padrões de consumo e de recursos precisam
reconhecer que esta não é apenas uma questão ambiental. A desigualdade é também
uma questão importante que precisa ser tratada. Os níveis atuais médios de consumo
europeus são três vezes maiores do que os asiáticos, e quatro vezes superiores à média
africana. Em adição, habitantes de países ricos costumam consumir dez vezes mais do que
os habitantes de países em desenvolvimento (LOREK e FUCHS, 2013).
Prover espaços públicos livres, diversos e seguros que favoreçam as atividades
culturais, comunitárias e recreativas, e que contribuam para a segurança alimentar e da água.
Os sistemas sociais são também críticos nas soluções bem-sucedidas baseadas
na natureza. Em relação a isso, faz-se importante coletar e analisar dados regularmente
sobre a interação dos sistemas ecológicos e sociais, para melhor entender suas relações e
“pontos de ruptura”. Nesse sentido as políticas devem focar-se em:

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 74


● Compreender como as cidades e seus cidadãos dependem de recursos específicos;
● medir também os fluxos metabólicos urbanos; e identificar opções que promo-
vam um uso dos recursos naturais mais eficazes e sustentáveis
● Reduzir a produção de ruído, odores, radiações e vibrações que afetem negati-
vamente a saúde humana e de ecossistemas
● Para desenvolver padrões de produção e de consumo mais sustentáveis, reco-
menda-se que atores governamentais locais e nacionais:
● Usem tecnologia apropriada e encorajem o uso aberto de bancos de dados para
reunir, organizar e gerenciar informações sobre consumo, no que é fundamental para o
desenvolvimento de políticas que mudem os padrões de consumo.
● Projetem intervenções locais relevantes, tais como modelos de comunidades
compactas que maximizam os co-benefícios das economias de escala (ex. desenvolvimen-
to orientado ao transporte, zonas de baixo consumo energético). Iniciativas também podem
ser a nível nacional, como a política de redução de desperdício de alimentos, na França,
que proíbe supermercados de jogar, alimentos que ainda podem ser utilizados.
● Certifiquem-se de que as fontes de recursos críticos, que fazem parte dos servi-
ços urbanos básicos de uma cidade e de seu consumo diário (a exemplo da água potável,
da alimentação), são seguros e protegidos politicamente em todos os níveis de governança.
Isto inclui, por exemplo, a abordagem da gestão de bacias hidrográficas (que costumam
atravessar fronteiras administrativas) nos planos ambientais da cidade.
● Fortaleçam a conectividade entre áreas urbanas e rurais ao tratar das questões
de produção.
● Ações políticas específicas recomendadas incluem o seguinte:
● Certificar que a infraestrutura e estrutura da cidade sejam resilientes.
● Os urbanistas devem ser incentivados a utilizar os modelos de planejamento e
projeto urbanos que sejam criativos e inclusivos, que abordem flexibilidade e adaptação
no uso do seu espaço, de forma a minimizar os impactos adversos de choques, como no
exemplo de parques públicos em zonas costeiras e ribeirinhas que também funcionam
como áreas de amortecimento aos impactos das inundações.
● Os investimentos em infraestrutura devem ser acessíveis, confiáveis e adaptá-
veis de forma a atender às demandas de longo prazo enquanto asseguram a sustentabi-
lidade ambiental e a resiliência climática. As políticas devem também garantir que casas
e edifícios, que são ativos importantes das cidades, sejam concebidos e construídos para
minimizar os riscos de desastres.

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 75


● Investir em medidas estruturantes, como o fortalecimento da coordenação entre
diversos atores, desenvolvimento do capital social, ou incentivo na mudança de normas e
comportamentos que possam contribuir para a construção da resiliência.
● Adotar e implementar o desenvolvimento de estratégias nacionais e locais de
redução de risco de desastres.
● Desenvolver uma compreensão aprofundada e detalhada sobre riscos a desas-
tres em todas as suas dimensões de vulnerabilidade, capacidade, exposição de pessoas e
ativos, caracterização dos perigos e meio ambiente.
Em base destes, é possível impulsionar o conhecimento para elaborar avaliações
de risco, prevenção e mitigação e para o desenvolvimento e implementação de preparações
apropriadas e de resposta eficaz, no que inclui sistemas de alerta antecipados e planos de
contingência para infraestruturas críticas. Estas ações devem também considerar avalia-
ções de perigo para relevantes choques e estresses (como secas, aumento do nível do
mar, tsunamis, terremotos, inundações, etc.) e testes de vulnerabilidades, apresentando
as consequências primárias e secundárias de falhas (incluindo interdependências entre os
riscos e funções) e prevenção.
Mas é importante frisar, como já citado anteriormente, que a construção sustentável
é diferente da construção ecológica. Na segunda, os materiais utilizados para a obra da
casa são provenientes do próprio ambiente onde a pessoa mora. Eles são produzidos de
forma artesanal e semi-artesanal e muitas vezes, são materiais renováveis como palha e
fibras vegetais. Índios e esquimós, por exemplo, constroem suas casas de maneira ecoló-
gica, pois usam somente material encontrado no meio onde habitam.
Dentro desse contexto demonstraremos os cinco projetos sustentáveis destacados
pela ONU (2013) – Organizações das Nações Unidas:
No sul de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, foi construída Masdar, uma
cidade que não emitirá emissões de carbono, de modo a compensar as emissões causa-
das pela exploração de combustíveis fósseis que ocorrem na região. Os edifícios serão
envoltos por painéis solares e serão implantados na angulação mais eficiente para captar
a energia do vento. O sistema de transporte são vias exclusivas para veículos particulares
que funcionam com energia elétrica.
A água pode ser reciclada e os resíduos são utilizados como fertilizante e fontes
de energia. Frente a todos estes benefícios que outorgaria a cidade, críticos duvidam das
ambições do projeto e seu verdadeiro impacto ambiental, uma vez que consideram a ideia
“muito enigmática”.

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 76


No entanto, o relatório da ONU considera Masdar “um exemplo de como garantir o
investimento em uma visão sustentável”.

FIGURA 01 : MASDAR : A CIDADE “CARBONO ZERO” NO DESERTO

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-115948/cinco-projetos-sustentaveis-recomendados-pela-onu.

Acesso em 12 jan.2021

Segundo a ONU(2013) , Lagos, na Nigéria, pode ser uma das maiores novas cida-
des da África, apesar de até pouco tempo atrás não contar com um sistema de transporte
organizado. Em resposta, as autoridades colocaram em prática o sistema “BRT-Lite”, com
o propósito de diminuir o trânsito e proporcionar um modo de transporte alternativo aos às
classes mais pobres.
Devido ao orçamento que não permitia construir pistas exclusivas para os ônibus,
os projetistas utilizaram marcações sobre as pistas existentes para oferecer ao menos
alguma diferenciação entre as diferentes vias.
Estima-se que o sistema “BRT-Lite” transporta cerca de 25% dos passageiros da
cidade em apenas 4% do número total de veículos.

FIGURA 02: VIAS EXCLUSIVAS PARA ÔNIBUS PÚBLICOS EM LAGOS

Fonte:Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-115948/cinco-projetos-sustentaveis-recomendados-pela-onu.

Acesso em 12 jan.2021.

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 77


No Brasil a cidade de Curitiba é conhecida por seu sistema de ônibus com vias
exclusivas, mas algumas de suas medidas de sustentabilidade mais impressionantes foram
originadas em programas de gestão de resíduos.
Grande parte deste êxito se deve ao fato da comunidade ter recebido incentivos
para reciclar, já que as autoridades entregaram passagens de ônibus em troca de bolsas
de resíduos, produtos de hortifruti e materiais para reciclagem.
Ao centrar as campanhas de publicidade nas crianças, a cidade espera fomentar a
conservação no futuro. Embora ainda haja um problema com catadores de lixo informais,
estas iniciativas de gestão de resíduos estenderam consideravelmente a vida dos aterros
em Curitiba.

FIGURA 03: INCENTIVOS PARA RECICLAGEM – CURITIBA

Fonte: disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-115948/cinco-projetos-sustentaveis-recomendados-pela-onu.

Acesso em 12 jan.2021

Na Tailândia, após a construção da sua primeira rodovia em 1981, Bangkok des-


cobriu a lei fundamental do trânsito nas estradas: mais quilômetros destas significam mais
tráfego. Finalmente, depois de anos de luta contra o problema, a capital da Tailândia passou
a adotar um sistema de metrô, que no final de 2011 já havia meio milhão de passageiros
diários e quatro linhas em construção. As residências se deslocaram junto ao transporte,
segundo a ONU, cada vez mais voltado às camadas populares. A transição não é um com-
pleto êxito, mas a importância do transporte público para o futuro da cidade é mais clara
que nunca.

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 78


FIGURA 04: AS MUDANÇAS NO TRÂNSITO EM BANGKOK – CURITIBA.

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-115948/cinco-projetos-sustentaveis-recomendados-pela-onu.

Acesso em 12 jan.2021

Assim, nesses exemplos percebemos que a construção sustentável é aquela que


proporciona melhoria da qualidade de vida para a população através dos cuidados com o meio
ambiente. Seus conceitos e práticas são usualmente relacionados a ações e metas previstas
nos meios decisórios do desenvolvimento sustentável, devendo ser uma resposta a estas.
Desta forma, a “Agenda 21”, incluindo a definida pela ONU e as por iniciativas
nacionais, regionais, locais e setoriais, são o principal meio decisório destas ações e metas.
E estas são normalmente entendidas a partir da integração das dimensões ambientais,
sociais e econômicas (triple bottom line).
Conceitos e práticas da sustentabilidade no ambiente construído foram relaciona-
dos por SILVA (1995) às três dimensões do triple bottom line e também a uma dimensão
institucional.
A dimensão institucional visa fortalecer os esforços para sustentabilidade, dentro e
fora de um setor e também está prevista na Agenda 21.
SILVA (1995) mostra as possibilidades de ações da arquitetura em relação aos
capítulos da Agenda 21 brasileira. Estas considerações permitem um entendimento geral
dos conceitos atuais de sustentabilidade no ambiente construído.
Mota (2009) apresenta algumas práticas para sustentabilidade na construção,
sendo as principais:
Aproveitamento de condições naturais locais;
● Utilizar mínimo de terreno e integrar-se ao ambiente natural;
● Implantação e análise do entorno;

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 79


● Não provocar ou reduzir impactos no entorno – paisagem, temperaturas e con-
centração de calor, sensação de bem-estar;
● Qualidade ambiental interna e externa;
● Gestão sustentável da implantação da obra;
● Adaptar-se às necessidades atuais e futuras dos usuários;
● Uso de matérias-primas que contribuam com a eco-eficiência do processo;
● Redução do consumo energético;
● Redução do consumo de água;
● Reduzir, reutilizar, reciclar e dispor corretamente os resíduos sólidos;
● Introduzir inovações tecnológicas sempre que possível e viável; educação am-
biental: conscientização dos envolvidos no processo.
Motta (2009) fizeram uma síntese dos principais conceitos relacionados com a
sustentabilidade. Foi observado que a sustentabilidade deve estar presentes em todas as
fases do ambiente construído, sendo estas:
● idealização;
● Concepção;
● projeto;
● Construção;
● Uso;
● Manutenção;
● Final de vida útil.

De acordo com os autores, as principais práticas adotadas são:


● Planejamento correto, considerando desde implantação do edifício no local,
com as considerações sociais culturais e de impacto ambiental, até a técnica e métodos
construtivos que permitam uma melhor qualidade e maior eficiência construtiva;
● Conforto ambiental e eficiência energética, promovendo uso do edifício com
conforto, térmico, visual acústico e salubridade, com baixo consumo de energia, usando,
preferencialmente, as possibilidades de condicionamento passivo nos ambientes;
● Eficiência no consumo de água, considerando baixo consumo, aproveitamento
de águas de chuvas, reutilização, recuperação e geração de resíduos;
● Eficiência construtiva, com materiais, técnicas e gestão que permitam um de-
sempenho ótimo da edificação com durabilidade, e que possuam, quando analisados em
toda cadeia produtiva, práticas sustentáveis de extração, produção e reciclagem;
● Eficiência em final da vida útil da construção, adotando atitudes de reciclagem,
aproveitamento dos resíduos da demolição e de desconstrução, que é um processo de
desmanche cuidadoso do edifício de modo a preservar seus componentes para reuso e
reciclagem.

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 80


3. ARQUITETURA SUSTENTÁVEL - PARÂMETROS E MUDANÇAS

Arquitetura sustentável é aquela que concilia ecossistemas naturais e edifícios,


segundo ADAM (2001, p. 09) “ecoedifício é um conceito dinâmico e progressivo de qualifi-
cação, que integra: indivíduo, edifício e ecossistemas, permitindo que todos assimilem-se
harmonicamente”.
Portanto a arquitetura sustentável é de grande importância para que se possa
continuar usufruindo de todo bem-estar adquirido com o tempo, sem comprometer mais
o meio ambiente, e, ainda dando condições para que ele possa crescer lado a lado com a
tecnologia dos dias atuais.
O arquiteto como profissional criador de novos espaços, tem a responsabilidade
de forçar a importância na redução do uso de energia e a necessidade de compreensão e
utilização dos recursos renováveis, bem como a preservação do meio ambiente.
O arquiteto e urbanista além do conceber novos edifícios e até mesmo planejar
cidades tem uma grande acuidade, pois antes mesmo de novas construções ocuparem
o espaço terrestre, as ideias destes passam por ele, então as modificações que hoje são
feitas para melhorar projetos errôneos, podem ser evitadas.
Uma abordagem sustentável na arquitetura, construção ou reforma de imóveis é
com certeza o caminho a seguir. Projetos inteligentes, com otimização energética e recurso
a tecnologias de uso racional de água e eletricidade, terão um custo similar ao dos projetos

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 81


e tecnologias convencionais, com a vantagem de gerar por décadas economias nas contas
de água e eletricidade.
Considerar variáveis como o microclima do local, a exposição solar e o regime de
ventos permitirá a utilização de estratégias passivas de aproveitamento de recursos o que
diminuirá consideravelmente os encargos com aquecimento e refrigeração.
Para além disso, a conscientização do mercado sobre os reais custos dos imóveis
depreciará aqueles cujos encargos mensais sejam maiores o que, aliás, já é detectável
em alguns condomínios caros cheios de equipamentos de lazer e que faziam furor até há
alguns meses. Por extensão, imóveis com custos controlados de manutenção tendem a
valorizar-se.

Alguns exemplos de construções sustentáveis:


Casa de papelão – Holanda - A casa de papelão sustentável foi criada pelo estúdio
de design holandês Fiction Factory e pode ser montada em apenas um dia.
Elas formam blocos de 3,5 metros de altura, que podem ser usados na quantidade
desejada. Quanto mais blocos, maior é a construção.
As camadas de papelão são enroladas em torno de um molde, o que torna o trans-
porte bastante prático.
A casa é resistente às chuvas, ao frio e a outras condições naturais, pois o material
usado é isolante térmico. A casa tem uma vida útil de pelo menos 50 anos e segue princípios
de sustentabilidade. A Wikkel House é três vezes mais sustentável do que qualquer outra
casa normal.
Em vez de usar as caixas para transportar frutas ou verduras, a empresa holandesa
Rene Snel inventou um molde para envolvê-las, usando como base, várias camadas de
papelão que permitiram aumentar a solidez da caixa, e disso surgiu a ideia de construir uma
casa só de papelão.
O sistema de construção patenteado, que consiste em um total de 24 camadas de fibra
virgem de papelão, obtidas de árvores escandinavas, sobre um molde em forma de casa.
As diferentes camadas aderem entre si com um cola sustentável, criando assim
uma estrutura resistente e isolante. A construção é finalizada com uma carcaça externa de
madeira e alumínio que a protege de qualquer fenômeno meteorológico.
Todos os materiais utilizados na Wikkel House são reciclados e respeitam o meio
ambiente. Além disso, a produção de papelão necessária tem menos impacto no planeta do
que a elaboração do cimento”, destacou Monique.

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 82


A casa tem ainda outra grande vantagem: pode ser 100% reciclada após o uso.
Com uma estrutura flexível, esta construção de cinco metros quadrados, permite a opção
de ampliá-la unindo vários módulos uns aos outros e adaptá-la conforme as necessidades
do usuário. Dessa forma, ela pode ser uma casa para moradia permanente, um escritório
de uma empresa ou um espaço portátil para eventos, feiras e festas. Além disso, conta com
uma fachada de vidro que permite que fique totalmente fechada.

FIGURA 5: WIKKEL HOUSE: A CASA DE PAPELÃO QUE REVOLUCIONA

A ARQUITETURA TRADICIONAL

Fonte: Disponível em: https://concretoemcurva.com/2016/06/27/wikkelhouse-a-casa-sustentavel/ .

Acesso 19 jan. 2021

LifePOD – África do Sul- Arquiteta sul-africana criou uma casa impressionante com
apenas 55 m². Paredes laterais são feitas de vidro e todo o espaço é otimizado com tetos altos.
A parte de baixo é usada como cozinha, enquanto a de cima é um quarto. Casas
pequenas e sustentáveis estão se tornando uma alternativa cada vez mais atraente para
os problemas da vida urbana. Pensando nisso, a arquiteta Clara da Cruz Almeida, de Joa-
nesburgo, desenvolveu um lar que, apesar de pequeno, tem tudo que uma pessoa precisa.
A construção também tem um quintal agradável para receber convidados. As
paredes altas permitem que várias prateleiras e armários sejam organizados na vertical.
A casa pré-fabricada é funcional e ideal para regiões quentes. Esse projeto se adequa
perfeitamente ao clima da África do Sul. Batizada de INDAWO / lifePOD, a casa tem tetos
altos, o que permite o armazenamento de objetos nas paredes, além de uma cama em uma
espécie de mezanino. A intenção é que a parte de baixo seja usada principalmente como
uma cozinha.

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 83


FIGURA 6: ARQUITETURA SUL-AFRICANA

Fonte: Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/Informacao/Acao/noticia/2014/11/arquiteta-sul-africa-

na-cria-casa-impressionante-com-apenas-55-m.html. Acesso 19 jan. 2021

Palha e bambu- Casa sustentável é construída com materiais abundantes e facil-


mente encontrados em algumas regiões, como palha e bambu. O bambu é uma matéria
vegetal e tem em seu favor alguns trunfos suplementares.
A sua fibra, extraída de uma pasta celulósica, se caracteriza pela sua característica
homogênea e pesada (ela não amassa) e seu aspecto suave e reluzente, parecidos com os
da seda. Sobretudo, ela possui virtudes respiratórias, antibacterianas.
Por se tratar de uma planta tropical renovável e que produz anualmente sem a ne-
cessidade de replantio, o bambu apresenta um grande potencial agrícola. Além de ser um
eficiente sequestrador de carbono, apresenta excelentes características físicas, químicas
e mecânicas.
Também o bambu é o recurso natural que se renova em menor intervalo de tempo,
não havendo nenhuma outra espécie florestal que possa competir com ele em velocidade
de crescimento e de aproveitamento por área.
● Material tecnológico e barato
● Flexível e com alta resistência
● Boa força e funcionalidade
● Baixa emissão de carbono
● Leve
● Redução do tempo de execução da obra
● Redução de temperatura média interna de 3 a 4 graus Celsius devido a baixa
condutividade do material
● Substituiu quase 70% do cimento e aço usados para estrutura sem comprometer força
● Beleza na estrutura da edificação.

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 84


O bambu é utilizado para substituição de materiais de madeira com a larga vanta-
gem por ser ecológico, flexível e resistente.
Ele pode ser transformado para combinar ou se conectar com outros materiais
em construções já existentes. Este caso pode ser dividido em três subcategorias: colmos
(tronco) de bambu, bambu laminado, bambu composto.
Em matéria prima para arquitetura e construção, as espécies Guadua (Guadua
angustifólia) e Gigante(Dendrocalamus giganteus), bambus de origem tropical, são as mais
utilizadas. Possuem paredes com 2 a 2,5 cm de espessura, em média, e colmos (troncos)
que atingem até 20 metros de altura.
Muitas outras espécies são utilizadas na fabricação de móveis e utensílios em geral
que são conhecidos como Taquara (Bambusa Taquara ou Bambusa Vulgaris), Cana da
índia (Phyllostachys aurea).
O bambu geralmente está exposto ao ataque de microrganismos (insetos) e a vida
útil das estruturas feitas a partir desse material é determinada, principalmente, pela intensi-
dade de ataque de pragas e doenças.
A durabilidade do bambu está diretamente ligada à forma de tratamento aplicada
ao colmo e a destinação do seu uso. Os métodos de tratamento do bambu são diversos e
podem ser utilizados de acordo com as condições econômicas e estruturais do produtor:
● Cura ou maturação na mata
● Imersão em água
● Ação do fogo
● Ação de fumaça
● Métodos químicos com produtos oleosos, lipossolúveis ou hidrossolúveis
● Tratamento sob pressão em autoclave ou Boucherie.
Por exemplo, o bambu é um material abundante na natureza e de rápida reposição.
No entanto, colocar um piso de bambu importado da China na sala da sua casa não é uma
opção sustentável, já que ele virá do outro lado do mundo, poluindo o ar nesse caminho.
Além disso, você deixará de comprar material de um produtor local. Adquirir mercadoria de
quem está próximo é uma forma de conhecer a origem do produto e incentivar o comércio
na sua região.

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 85


FIGURA 7: BRASILEIRO CRIA CASA SUSTENTÁVEL FEITA EM SEIS DIAS - MUDA TUDO

Fonte: Disponível em: https://mudatudo.com.br/brasileiro-cria-casa-sustentavel-feita-em-seis-dias/ Acesso

19 jan. 2021

Aqua – Brasil - A casa sustentável pode ser erguida em apenas seis dias e é uma
criação do brasileiro Kleber Karru, que se uniu ao laboratório Open MS para criar o projeto.
Toda a estrutura da construção foi feita em uma máquina que não desperdiça qualquer
material. Para levantá-la, são necessários apenas quatro funcionários. Aqua, criada em
Campo Grande (MS), possui espumas e fios de vidro que garantem isolamento térmico e
acústico. A casa ainda é resistente a fogo, água e cupins.
Pop-Up House – França- A Pop-Up House foi erguida em apenas quatro dias.
Uma equipe de quatro construtores do escritório francês Multipod usou poucas ferramentas
além de uma chave de fenda. A empresa compara o processo de construção com o brin-
quedo Lego. Graças a um excelente isolante térmico, não é necessário utilizar aquecimento
para a casa sustentável localizada no sul da França. Ela também cumpre o rigoroso padrão
energético europeu Passivhaus.

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 86


4. RELAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO RURAL COM A SUSTENTABILIDADE

Para definir o termo “rural”, devemos recorrer à sua origem, vinda do latim “ruralis”.
Segundo o Dicionário Web (2009 - 2017, s.p.), “é um adjetivo que corresponde ao que
pertence ou relativo ao campo” (um terreno extenso que se encontra fora das regiões mais
povoadas e são terras de cultivo). É exatamente o oposto do que conhecemos como zona
urbana, de cidades.
Habitat rural – Relativo ao modo de ocupação do solo no espaço rural, às relações
entre os habitantes e à exploração do solo.
O Habitat rural pode ser organizado em:
● Disperso – Próprio das zonas rurais, onde as habitações se espalham em
grandes espaços.
● Ordenado – Um elemento orienta a dispersão, como um rio, ferrovia, rodovia,
litoral. É o mais frequente na paisagem rural brasileira. Desordenado – Não há um
elemento que oriente a dispersão.
● Aglomerado – As moradias no meio rural estão próximas umas das outras,
ocorrendo relação de vizinhança entre as habitações, que, por sua vez, estão relativa-
mente próximas às áreas de cultivo ou de pastagem.
Graziano (1999, p. 58) conceitua meio rural como:

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 87


um conjunto de regiões ou zonas (território) cuja população desenvolve diver-
sas atividades ou se desempenha em distintos setores, como a agricultura, o
artesanato, as indústrias pequenas, o comércio, os serviços, o gado, a pesca,
a mineração, a extração de recursos naturais e o turismo, entre outros. Se-
gundo esse mesmo autor, em tais regiões ou zonas há assentamentos que se
relacionam entre si e com o exterior, e nas quais interagem uma série de ins-
tituições públicas e privadas. O rural transcende o agropecuário, e mantém
elos fortes de intercâmbio com o urbano. Na provisão não só de alimentos,
mas também de grandes bens e serviços, entre os quais vale a pena destacar
a oferta e cuidado de recursos naturais, os espaços para o descanso, e as
contribuições à manutenção e desenvolvimento da cultura.

Para Balsadi (2007) o meio rural é então uma entidade socioeconômica em um


espaço geográfico com quatro componentes básicos:
● Um território que funciona como fonte de recursos naturais e matérias-primas,
receptor de resíduos e suporte de atividades econômicas.
● Uma população que, com base em certo modelo cultural, pratica atividades mui-
to diversas de produção, consumo e relação social, formando um ripado socioeconômico
complexo.
● Um conjunto de assentamentos que se relacionam entre si e com o exterior me-
diante o intercâmbio de pessoas, mercadorias e informação, através de canais de relação.
● Um conjunto de instituições públicas e privadas que articulam o funcionamento
do sistema, operando dentro de um marco jurídico determinado.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2008) define a zona rural
como o contrário da zona urbana. São regiões não urbanizadas ou destinadas à limitação
do crescimento urbano, utilizadas em atividades agropecuárias, agroindustriais, extrativis-
mo, silvicultura e conservação ambiental.
Atualmente, muitas das áreas rurais estão protegidas como área de conservação,
terras indígenas e turismo rural.
A zona rural também tem as importantes funções de preservar a biodiversidade de
um determinado local, garantir a qualidade da água e manter as terras indígenas. Nesse
sentido, as unidades de conservação foram criadas com o intuito de preservar o patrimônio
ambiental e cultural do país.
Desse modo, em suas análises, Silva (1995, p. 01,) tem enfatizado que:
A diferença entre o rural e o urbano é cada vez menos importante. Pode-se
dizer que o rural hoje só pode ser entendido como um ‘continuum’ do urbano
do ponto de vista espacial; do ponto de vista da organização da atividade
econômica, as cidades não podem mais ser identificadas apenas com a ati-
vidade industrial, nem os campos com a agricultura e a pecuária; e, do ponto
de vista social, a organização do trabalho na cidade se parece cada vez mais
com a do campo e vice-versa.

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 88


Como já explanado na primeira unidade, ecologia ou eco-logia, do grego oikos =
“casa” e logos = “estudo”; literalmente significa o estudo da casa (ODUM; BARRET, 2008).
Nossa casa, a Terra, é formada por vários ecossistemas complexos que apenas exis-
tem porque estão interligados e inter-relacionados, ou seja, não podem viver isoladamente.

4.1 Qualidade de Vida


Para Garcia (2014) a cidade e o campo proporcionam às pessoas diferentes opor-
tunidades que nos permitem distinguir o modo de vida rural do modo urbano. Enquanto no
campo, de uma forma geral persistem muitas ocupações, com horários diferentes de trabalho
mais ou menos flexíveis e já na cidade a esmagadora maioria das pessoas cumpre horários
muito rígidos, a oferta de atividades de ocupação de tempo livre é muito diversificada.
A qualidade de vida está estritamente relacionada à preservação e respeito ao meio
ambiente. O termo qualidade de vida é utilizado para descrever a qualidade das condições
de vida, levando em consideração alguns fatores, tais como: alimentação, saúde, educa-
ção, moradia, liberdade de escolha, bem-estar, expectativa de vida etc. Ademais, há outros
fatores que também influenciam a qualidade de vida das pessoas, como, por exemplo, os
amigos, a família, o trabalho, o meio ambiente, dentre outros (BRAGA, 2005).
Segundo Bernardi (2015, p. 120) em 1974, a Organização Mundial da Saúde, ob-
jetivando sistematizar o conhecimento, definiu qualidade de vida como: “a percepção do
indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele
vive, e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”.
A qualidade de vida está influenciada pelo ambiente, e este engloba relações
sociais, culturais, biológicas, ecológicas etc., formando, assim, um contexto com o ser hu-
mano, o qual há a possibilidade de tanto o homem quanto o ambiente serem modificados
ou transformados.
Para Bernardi (2015, p. 130) a qualidade de vida está intimamente ligada :
ao respeito e preservação do meio ambiente, pois é imprescindível que haja
um equilíbrio no meio ambiente para que o homem possa dizer que tem uma
boa qualidade de vida e as pessoas estão começando a se conscientizar
mais a respeito da preservação do meio ambiente, procurando medidas para
conservá-lo, porque perceberam que esses efeitos atingem, também, cada
um, individualmente, comprometendo, assim, a qualidade de vida de cada
cidadão que hoje vive no planeta, mas também dos que ainda estão por vir.

Assim, a qualidade de vida se relaciona, também, com o meio ambiente, pois não
basta estar de bem com a vida e ter saúde física e mental se não tem um ambiente que
favoreça ainda mais a melhoria da qualidade de vida.

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 89


4.2 Agroecossistemas
Para Lowrance et al. (1984) o agroecossistema são ecossistemas, naturais ou
não, modificados pela ação humana para o desenvolvimento dos sistemas agrícolas de
cultivo. Estes sistemas passam a receber subsídios (através de fertilizantes), controles (de
suprimentos de água, das pragas e das doenças), objetivando processos de colheita e de
comercialização.
Os agroecossistemas são ecossistemas semidomesticados que se encaixam num
gradiente entre ecossistemas que experimentam um mínimo de impacto humano e aqueles
sob um máximo de controle humano, como as cidades.
Odum (1984) descreve quatro características principais dos agroecossistemas:
(a) envolvem fontes auxiliares de energia, como a humana, animal e energia de
combustíveis, a fim de aumentar a produtividade de organismos em particular;
(b) a diversidade pode estar bem reduzida ao se comparar com ecossistemas naturais;
(c) os animais e as plantas dominantes estão mais sob seleção artificial do que natural; e
(d) os controles dos sistemas são na maioria das vezes externos e não internos, via
subsistemas de feedback.
Termo utilizado para se referir aos ecossistemas (des)estruturados para serem uti-
lizados na produção agropecuária e/ou florestal, também conhecidos como ecossistemas
agrícolas. De um modo geral, a literatura especializada os define como sistemas que recebem
insumos externos e exportam produtos para outros sistemas (EHLERS, 1994, p. 100).
Em qualquer lugar ou tempo e em todas as formas de manifestação, primitivas ou
avançadas, todo agroecossistema tem duas características gerais:
(a) é sempre uma versão truncada de um sistema natural; há poucas espécies
interagindo entre si, e muitas linhas de interação que foram simplificadas e direcionadas
para um objetivo; comumente é um sistema de exportação.
(b) apesar de ser um artefato humano, o agroecossistema permanece inescapa-
velmente dependente do mundo natural - fotossíntese, ciclos bioquímicos, estabilidade da
atmosfera e o trabalho dos organismos não humanos.
Ele é um rearranjo e não uma repetição do processo natural. Quaisquer que sejam as
diferenças entre os agroecossistemas, eles estão sempre submetidos às leis da ecologia, e
estas leis governam florestas selvagens, pastagens, savanas determinando o quão estáveis
ou resilientes e sustentáveis eles são enquanto entidades coletivas (WORSTER, 1990).

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 90


Os agroecossistemas possuem quatro propriedades (produtividade, estabilidade,
sustentabilidade e equidade) que avaliam se os objetivos do sistema – aumentar o bem-es-
tar econômico e os valores sociais dos produtores – estão sendo atingidos.
A produtividade significa a produção de determinado produto por unidade de re-
curso que entra numa área. Estabilidade é a manutenção da produtividade tendo em vista
que eventos não-controláveis podem ocorrer. A propriedade sustentável é a capacidade
de um agroecossistema manter sua produtividade quando exposta a um grande distúrbio,
enquanto equidade é definida como a distribuição da produtividade do agroecossistema
(CONWAY, 1987).

4.3 Estrutura de Agroecossistemas


A estrutura de um agroecossistema é como ele é organizado; isto é, uma con-
sequência tanto do sistema de tecnologia agrícola, quanto do conjunto formado entre o
ambiente e o social em que a tecnologia é aplicada.
A estrutura inclui todos os elementos do agroecossistema e como eles são conec-
tados funcionalmente uns com os outros.
Segundo Odum (1988) um agroecossistema pode combinar a presença de recursos
em quatro categorias: recursos naturais, humanos, capitais e produção.
Os recursos naturais são os elementos provenientes da terra, da água, do clima e
da vegetação, sendo explorados pelo agricultor para a produção agrícola;
Os recursos humanos compostos por moradores e trabalhadores do lugar, que
exploram os recursos para a produção agrícola;
Recursos de capitais, como bens e serviços criados e prestados por pessoas asso-
ciadas, com o lugar para facilitar a exploração dos recursos naturais para a produção agrícola;
E os recursos da produção são representados pela produção agrícola do lugar
como os cultivos e animais.
Segundo Marten (1988), a estrutura de um agroecossistema é como ele é organiza-
do; isto é, uma consequência tanto do sistema de tecnologia agrícola, quanto do conjunto
formado entre o ambiente e o social em que a tecnologia é aplicada.
A estrutura inclui todos os elementos do agroecossistema e como eles são conec-
tados funcionalmente uns com os outros.
D’Agostini (1999) define a estrutura como a dimensão física ou espacial onde se
demarca física e espacialmente o agroecossistema e operam-se as relações entre as dis-

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 91


tintas populações presentes, incluindo aí o homem, bem como entre essas populações e o
meio no qual se encontram.
A funcionalidade dos agroecossistemas associados aos fluxos de energia, material
e informações entre os subsistemas indica o processamento das entradas. O processa-
mento dessas entradas no agroecossistema vai permitir a possibilidade de saídas.
Para Gliessman (2001), o fluxo de energia em agroecossistemas é bastante altera-
do pela interferência humana. Insumos derivam principalmente de fontes humanas e, fre-
quentemente, não são autossustentáveis. Assim, os agroecossistemas tornam-se sistemas
abertos, nos quais parte considerável da energia é dirigida para fora do sistema na época
de cada colheita, em vez de ser armazenada na biomassa, que poderia, então, acumular
dentro do sistema.
A sustentabilidade decorre da capacidade de se manter um nível de produtividade
dos cultivos através do tempo sem expor os componentes, a estrutura e funcionamento do
agroecossistema. A contaminação dos recursos naturais a partir da alteração da qualidade
do ar, da água é causada pelos insumos e produtos dos agroecossistemas, bem como a
qualidade da paisagem agrícola, isto é, quando os modelos agrícolas modificam o panora-
ma e influenciam nos processos ecológicos (ALTIERI, 1999).
No agroecossistemas é preciso enfocar o caráter multidimensional e inter-relacio-
nal, pois as modificações ocorridas em uma propriedade podem significar mudanças nas
demais propriedades.
Para Altieri (1999) o caráter multidimensional das propriedades do agroecossitema
é composto pelas condições ambientais e sociais de um determinado local. Um sistema de
tecnologia agrícola não é estável ou instável; pode ser estável com relação a um determi-
nado distúrbio, mas não com relação a outros. O mesmo raciocínio serve para as outras
propriedades.
Por esta razão devemos determinar os tipos de agroecossistemas mais apropria-
dos para cada condição social e ambiental, bem como identificar os pontos vulneráveis no
sistema de tecnologia agrícola para sugerir quais devem ser fortalecidos.
Segundo Altieri (2004) a estrutura do ecossistema está baseada na estrutura das
comunidades que compõem o sistema. A comunidade é o resultado das interações entre as
diferentes populações que a constituem que, por sua vez, são o resultado da adaptação das
diferentes espécies aos fatores abióticos e suas variações, que condicionam o ambiente local.
Para Altieri (2004) as propriedades das comunidades são:

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 92


Diversidade de espécies - é o número de espécies que existe numa comunidade.
Dependendo das condições ambientais, algumas comunidades podem possuir grande
diversidade enquanto que outras podem possuir pouca diversidade;
Abundância - é a quantidade de indivíduos de uma espécie dentro de uma co-
munidade. Existem espécies muito abundantes e outras pouco abundantes dentro da
comunidade;
Espécie dominante - é aquela espécie que causa maior impacto tanto nos compo-
nentes bióticos como nos componentes abióticos da comunidade. Os ecossistemas podem
ser denominados de acordo com a espécie dominante. Exemplo: mata de araucária no sul
do Brasil;
Estrutura da vegetação - pode ser vertical ou horizontal. A estruturavertical diz
respeito à existência de um conjunto de espécies vegetais que formam um perfil com dife-
rentes camadas, enquanto a estrutura horizontal diz respeito ao padrão e à distribuição de
agrupamento ou associações de populações vegetais pela superfície do solo;
Estrutura trófica – é a forma como se organiza o atendimento das necessidades
nutricionais das diferentes espécies dentro da comunidade. Nos ecossistemas terrestres,
as plantas são a base da estrutura trófica (nutricional) da comunidade, pela capacidade de
captar e converter energia solar em energia química armazenada na biomassa, por meio da
fotossíntese. Por não dependerem de outros organismos para atender suas necessidades
de energia, as plantas são consideradas como autotróficas.
Os demais organismos da comunidade dependem da biomassa produzida pelas
plantas para atender suas necessidades de energia e nutrientes, sendo, então, os hete-
rotróficos, que constituem os consumidores da comunidade. Os consumidores incluem os
herbívoros, que convertem a biomassa vegetal (plantas) em biomassa animal (carne, leite),
os predadores e parasitas, que sobrevivem a partir de herbívoros e predadores, e ainda,
os parasitas, que se alimentam de predadores e parasitas. Por fim, existem os decompo-
sitores, fechando o ciclo de transformações da cadeia trófica (alimentar) (ALTIERI, 2004).

4.4 Tipos de Agrossistemas


Segundo D’Agostini (1999) os agrossistemas, também chamados de sistemas agrá-
rios, que são o conjunto de técnicas ou modelos agropecuários de produção responsável
pela adoção dos procedimentos de plantio ou cultivo, em que são vistas as relações entre a
agricultura e o espaço, além dos resultados da aplicação desses diferentes modelos.

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 93


Em termos classificatórios, existem três tipos de agrossistemas conforme as suas
complexidades e o tipo de técnicas por eles empregado, são eles: os agrossistemas tradi-
cionais, modernos e orgânicos (D’AGOSTINI, 1999).
Os agrossistemas tradicionais, como o próprio nome indica, compreendem as téc-
nicas mais antigas e simplificadas do processo produtivo no campo. Eles caracterizam-se
pela maior utilização da mão de obra assalariada ou associada e pela menor presença de
aparatos científicos e tecnológicos (D’AGOSTINI, 1999).
Caracterizam-se por um alto grau de artificialização das condições ambientais, sendo
altamente dependentes de insumos produzidos industrialmente e adquiridos no mercado.
Esses insumos são baseados em recursos não renováveis e importados de outras
regiões, implicando em gasto de energia com transporte. Há pouca preocupação com a
conservação e a reciclagem de nutrientes dentro do agroecossistema.
Procuram adaptar as condições locais às necessidades das explorações, por meio
de práticas como correção da acidez do solo, fertilização, irrigação, drenagem, etc.
Assim, homogeneizam a diversidade de microambientes, aplicando um tratamento
médio ao conjunto de situações diversificadas. Por isso, impactam fortemente o ambiente
dentro e fora da propriedade.
Para D’Agostini (1999), os agrossistemas modernos ou sistemas agrários moder-
nos se caracterizam por um grau elevado de mecanização do campo e baixa presença de
trabalhadores assalariados, uma vez que, as máquinas podem fazer muitas coisas no lugar
dos trabalhadores.
Esse modelo ganhou força a partir de 1950 com a “revolução verde”, cuja produção
é pautada a partir das pesquisas ligadas a biotecnologia e o avanço das agroindústrias,
com a utilização de fertilizantes, plantas geneticamente modificadas (transgênicas), cor-
reção de solos, etc. Seu problema está muito ligado à deterioração do meio ambiente, a
concentração de terras e a expulsão de grandes contingentes de trabalhadores rurais.
Em contrapartida, surgem os agrossistemas orgânicos ou sistemas orgânicos que
visam a preservação do meio ambiente em consonância com a produção agrícola. Um
exemplo típico são as agroflorestas, cuja produção não envolve desmatamento de áreas
florestadas e o baixo uso de agroquímicos. Além da constante presença do trabalhador
rural exercendo a sua profissão. No Brasil este modelo não é muito difuso devido à grande
concorrência com o agronegócio.

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 94


SAIBA MAIS

Ecologia Urbana no Brasil

Ramo da ecologia que trabalha no sentido de desvendar os mistérios das relações dos
elementos naturais que existem nas cidades, desde seres humanos até o clima. Plantas
e animais também entram nos contextos uma vez que os habitats se estabeleçam em
áreas urbanas com alta ou baixa faixa de homens, mulheres e crianças humanas. Com
o aumento da globalização, os níveis de poluentes também evoluíram a taxas elevadas.
Antes da Segunda Guerra Mundial existiam poucos estudos que demonstraram existir
problemática entre avanço urbano e carência ambiental. Desde o começo da segunda
década do século XX o tema ganhou importância ao ponto de ser escolha de especiali-
dade para graduados de diferentes áreas acadêmicas.
No Brasil os estudos do gênero cresceram nos centros acadêmicos depois do ECO 92.
Antes do período as palavras “ecologia urbana” e “sustentabilidade” eram desconheci-
das para o público geral. Nos dias de hoje grande parte da população sabe o que signifi-
ca os dois conceitos com melhor qualidade. As campanhas para melhorar as condições
ecológicas em grandes centros da economia nacional aumentam também por causa dos
ativistas que exigem leis para favorecer a ecologia urbana.

Fonte: ecologia urbana no Brasil. Disponível em: http://meioambiente.culturamix.com/ecologia/ecologia-

-urbana-no-brasil. Acesso 20 jan.2021

REFLITA

Desde os anos cinquenta do século XX o Brasil está em processo de crescimento acele-


rado no sentido de igualar a infraestrutura e economia dos grandes centros do capitalis-
mo em termos mundiais. O crescimento em ritmo acelerado não observou as regras da
natureza para evoluir e por consequência grande parte dos centros urbanos não possui
a presença do verde para regular o clima e favorecer o ambiente. Pouco investimento do
poder público faz com que empresas também invistam no verde como forma de marke-
ting positivo, mas o cenário real nacional está longe do ideal.

Fonte: ecologia urbana no Brasil. Disponível em: http://meioambiente.culturamix.com/ecologia/ecologia-

-urbana-no-brasil. Acesso 20 jan.2021

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 95


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando a amplitude do conhecimento sobre a ecologia urbana deve-se con-


siderar que não há uma solução única para alcançar a sustentabilidade ambiental urbana e
a resiliência de todas as cidades.
Sustentabilidade ambiental urbana e resiliência devem figurar com destaque na
Nova Agenda Urbana. Ao longo dos próximos 20 anos, os seres humanos terão de enfren-
tar desafios ambientais e de recursos sem precedentes em escala e em urgência. Abordar
a ecologia urbana por meio de investimentos proativos em sustentabilidade ambiental e
construir sistemas resilientes será essencial para a saúde pública e bem-estar humano.
Assim, mais importante que a análise da presente questão é a participação e
conscientização das pessoas que vivem nas grandes cidades, para que façam sua parte
poluindo menos o meio ambiente, vez que com a passar dos anos a situação só se agrava,
vindo, pois a prejudicar as sociedades que estão por vir. Nesta feita, a sustentabilidade
urbana consiste em um dos grandes desafios da sociedade atual e consequentemente de
seus governantes.

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 96


LEITURA COMPLEMENTAR

Artigo 01: A importância da ecologia urbana para o futuro da humanidade

Fonte: Almeida, Luciana Costa dos Santos. A importância da ecologia urbana


para o futuro da humanidade (2010). Disponível em: https://www.jurisway.org.br/v2/dhall.
asp?id_dh=3445. Acesso: 22 jan. 2021.

RESUMO
Diante das perspectivas do direito ambiental brasileiro, o presente trabalho vislum-
bra demonstrar a importância dos estudos acerca da problemática da ecologia urbana e as
suas consequências para o futuro da humanidade.

Artigo 02: Paisagem, Ecologia Urbana E Planejamento Ambiental


Fonte: BARBOSA, Valter L.; NASCIMENTO JÚNIOR, Antônio F. Paisagem, ecolo-
gia urbana e planejamento ambiental. v. 18, n. 2 (2009). Disponível em: http://www.uel.br/
revistas/uel/index.php/geografia/article/view/3286/3235. Acesso 19 jan. 2021.

RESUMO
A chegada das grandes massas populacionais aos centros urbanos tem modificado
a paisagem da cidade assustadoramente e de maneira agressiva vem se instalando em
espaços vazios impróprios à moradia que fazem parte de reservas ecológicas e de matas
ciliares nos mananciais. No planejamento urbano há diretrizes para o uso e ocupação do
solo, todavia, a expansão urbana continua desordenada e irregular, ferindo os princípios
básicos de uma sociedade sustentável. Logo, é imprescindível que o poder público tome
iniciativas para viabilizar o planejamento ambiental em consonância com a ecologia urbana.

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 97


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Diálogos em ecologia urbana
Autor: Anderson Luiz Godinho Belem.
Editora: InterSaberes.
Ano: 2020
Sinopse: Com o crescimento cada vez mais acelerado das
grandes cidades, torna-se urgente a discussão sobre os impac-
tos ambientais causados pela urbanização. Nesse cenário, há a
recorrente diminuição das áreas verdes, o que prejudica a paisa-
gem urbana e compromete o bem-estar coletivo. Dessa forma, as
ações antrópicas devem voltar-se para a prevenção de problemas
socioambientais, de maneira a auxiliar as autoridades públicas
a garantir o desenvolvimento sustentável. Venha conosco e nos
acompanhe no estudo da ecologia urbana, ramo de conhecimento
multidisciplinar que surge com o desafio de promover a existência
e a permanência de ambientes saudáveis à população.

FILME/VÍDEO
Título: Palestra Ecologia Urbana
Ano: 2019
Sinopse: A palestra “Ecologia Urbana: os impactos sobre o com-
portamento animal”, ministrada pelo professor Cristiano Schetini,
da Universidade Federal de Ouro Preto, buscou discutir como as
cidades influenciam no comportamento de animais. Na ocasião,
também foi lançada a campanha referente ao abandono de gatos
dentro da Universidade.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=BLO5rly_nV8

FILME/VÍDEO 2
Título: Valoração dos Serviços Ecossistêmicos: Introdução à Va-
loração
Ano: 2016
Sinopse: Este vídeo é parte de uma série de vídeos da Conser-
vação Estratégica sobre economia ambiental e sua realização foi
possível graças ao apoio da Fundação Gordon e Betty Moore e
da Fundação Marcia Brady Tucker. Esta série de vídeos foi de-
senvolvida para indivíduos que querem aprender – ou rever – os
conceitos básicos da economia da conservação. A série de vídeos
sobre Valoração apresentará métodos de estimação do valor de
um ecossistema.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=J7mizr3Pt-c.
Acesso: 22 jan. 2021

UNIDADE III Ecologia Urbana e Ecologia Rural 98


UNIDADE IV
Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a
Série ISO 14000
Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco

Plano de Estudo:
● Importância e Uso dos Indicadores Ambientais
● Os Indicadores Segundo a Norma ISO 14.000
● Pegada Ecológica
● Conceitos básicos e aspectos gerais da Gestão Ambiental
● Razões que levam empresas a adotar práticas ambientais
● Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais;
● Metodologias de avaliação de impactos ambientais
● Norma NBR ISO 14.000.
● Benefícios ISO 14001.
● Práticas do SGA – Sistema de Gestão Ambiental
● Benefícios e Dificuldades para a Implantação ISO 14001

Objetivos da Aprendizagem:
● Demonstrar que a norma NBR ISO 14001 estabelece um conjunto de requisitos necessários
que precisam ser cumpridos pelas empresas e organizações, independente do segmento ou tama-
nho, para estar de acordo com princípios estabelecidos pela legislação. Assim, as organizações
precisam identificar qual é a legislação aplicável deste escopo ao seu negócio e monitorar, constan-
temente, o atendimento aos requisitos legais.

99
INTRODUÇÃO

Devido grandes avanços nos processos de industrialização nos anos 1990, e com
objetivo em atender as demandas da sociedade e as exigências do mercado referentes
preocupações com a qualidade ambiental e com a conservação dos recursos naturais, as
organizações responsáveis pela padronização e normalização se reuniram no intuito de
sistematizar os procedimentos utilizados pelas empresas.
Desta forma nasce o Sistema de Gestão Ambiental com a função de orientar
empresas a adequarem-se a determinadas normas de aceitação e reconhecimento geral.
Sistema que com o passar dos anos tornou-se importante mecanismo a ser utilizado nas
estratégias empresariais.
O homem durante toda sua existência buscou mecanismos para transformar a
sociedade. E devido a essas transformações diversos impactos se tornaram mais intensos.
Desta forma existe uma maior preocupação por parte de governantes, organizações não
governamentais e sociedade civil em se discutir e implementar políticas voltadas para pla-
nejamento e gestão ambiental em todo o mundo. (RIBEIRO, 2006, p. 153 )
Assim, esse capítulo trata das várias bases que incentivam as empresas a adotar
e praticar a gestão ambiental. Podendo ser desde a busca por atendimento à legislação
ambiental até a fixação de políticas ambientais que visem à conscientização de todo o
pessoal da organização.
A gestão ambiental só é efetiva quando envolve todos os níveis hierárquicos da
empresa, onde todos os funcionários conheçam e se orientem pela política ambiental imple-
mentada. A gestão ambiental deve ser o norte da atuação da empresa e, portanto, envolve
o planejamento, o gerenciamento, os modelos, as abordagens e as ações desenvolvidas
pela empresa.

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 100


1. IMPORTÂNCIA E USO DOS INDICADORES AMBIENTAIS

A construção de um modelo de desenvolvimento econômico e em harmonia com a


capacidade de suporte dos sistemas naturais faz com que os agentes responsáveis por sua
concepção necessitem de um amplo levantamento de dados e informações representativas
das diversas dimensões envolvidas nos processos produtivos, bem como da condução de
investigações que possibilitem um melhor entendimento da gestão ambiental (RIBEIRO,
2006, p. 145).
Desta forma o uso de indicadores de sustentabilidade ambiental cresceu bastante,
pois esta ferramenta funciona como instrumento utilizado para monitorar o desenvolvimento
sustentável, os quais são responsáveis por capturar tendências para informar os agentes
de decisão, orientar o desenvolvimento e o monitoramento de políticas e estratégias dentro
das empresas.
Os indicadores têm como função diagnosticar a saúde do ecossistema e fornecer
uma ferramenta para monitorar condições e mudanças ambientais ao longo do tempo.
O IBGE estabeleceu 63 indicadores organizados em quatro dimensões: ambiental,
social, econômica (micro e macro); e institucional - compreendem a estrutura e funciona-
mento das instituições incluindo instituições clássicas; organizações não governamentais
(ONG) e empresas, segundo o marco ordenador do Livro Azul proposto em 2001 pela
Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS), das Nações Unidas.

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 101


De acordo com a classificação de 1993 da Organização para a Cooperação e o De-
senvolvimento Econômico (OCDE), os indicadores ambientais podem ser sistematizados
pelo modelo Pressão-Estado-Resposta (PER) que assenta em três grupos indicadores:
Os indicadores de Pressão descrevem pressões das atividades humanas sobre o
meio ambiente e que se traduzem por alterações na qualidade do ambiente e qualidade
e quantidade dos recursos naturais; indicadores de emissão de contaminantes, eficiência
tecnológica, intervenção no território e de impacto ambiental;
Os indicadores de Estado refletem a qualidade do ambiente num dado horizonte
espaço/ tempo; são os indicadores de sensibilidade, de risco e de qualidade ambiental;
Os indicadores de Resposta avaliam as respostas da sociedade às alterações e
preocupações ambientais, bem como à adesão a programas e/ou implementação de medi-
das em prol do ambiente; podem ser incluídos neste grupo os indicadores de adesão social,
de sensibilização e de atividades de grupos sociais importantes.
A seguir apresenta-se na figura 1, a estrutura conceptual do modelo PER da OCDE:

FIGURA 01: ESTRUTURA CONCEPTUAL DO MODELO PRESSÃO-ESTADO-RESPOSTA - PER DA OCDE

Fonte: MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Painel Nacional de Indicadores ambientais 2012: referencial

teórico, composição e síntese dos indicadores da versão-piloto. Brasília: MMA, 2014.

Desta forma, segundo a OCDE, para formular um bom indicador deve-se caracteri-
zá-lo com os seguintes requisitos, conforme descrito na tabela 1:

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 102


TABELA 01: REQUISITOS DE UM BOM INDICADOR

Fonte: Adaptado de OCDE (2002 APUD Magalhães 2004) Ministério do Planejamento, 2010.

Assim, a relevância para formulação de políticas deve ser representativa, de fácil


compreensão e comparável;
A Consistência deve ser bem apoiada em termos técnicos e científicos e de con-
senso internacional;
A mensurabilidade deve ser facilmente mensurável e passível de ser monitorada
regularmente a um custo não excessivo.

1.1 Os Indicadores segundo a Norma ISO 14.000

FIGURA 02:QUALIDADE AMBIENTAL

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/tree-sunshine-wild-forest-606468305. Acesso: 26 jan. 2021

Os Indicadores segundo a Norma ISO 14.000, que representa uma das mais sig-
nificativas contribuições para a atividade industrial humana foi a Gestão pela Qualidade

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 103


Total – GQT (CAMPOS, 2008), logo estendida aos setores terciário e primário, bem como
suas variantes, representados pelas Normas ISO série 9000 e ISO série 14000.
A NBR ISO 14031 trata especificamente da Avaliação de Desempenho Ambien-
tal (ISO, 2004). Ela recomenda o uso do modelo PDCA, proveniente da GQT, e oferece
metodologias para determinação de indicadores para avaliar o desempenho ambiental,
organizados em dois grupos principais:

a) Grupo A: indicadores de desempenho ambiental, subdivididos em:


● Indicadores de desempenho de gestão (IDG): implantação de políticas e de
programas; conformidades; desempenho financeiro; relações com a comunidade.
● Indicadores de desempenho operacional (IDO): quantidade de materiais utilizados
nos processos; quantidade de energia utilizada nos processos; serviços de suporte às ope-
rações da instituição; infraestrutura e equipamentos utilizados pela instituição; fornecedores
e clientes; produtos; serviços executados pela empresa; resíduos da produção; emissões.
b) Grupo B: Indicadores de condições ambientais - locais ou regionais (ICA); ar,
água, solo, flora, fauna, seres humanos, comunidade, estética, cultura e heranças para as
próximas gerações.
Os indicadores integram o estágio “Check” (Controle) do ciclo PDCA e são absolu-
tamente essenciais para a gestão da qualidade.
Os indicadores e os índices servem como: suporte para tomada de decisões,
ajudando os gestores na atribuição de fundos, alocação de recursos naturais e determina-
ção de prioridades; comparação de condições em diferentes locais ou áreas geográficas;
informação sobre o nível de cumprimento das normas ou critérios legais; séries de dados
para detectar tendências no tempo e no espaço; aplicações em desenvolvimentos científi-
cos servindo nomeadamente de alerta para a necessidade de investigação científica mais
aprofundada e informação ao público sobre os processos de desenvolvimento sustentável.
Os indicadores de desempenho ambiental podem ser muito úteis para diferentes
stakeholders como:
1. Dar respaldo para autoridades públicas sobre as emissões de poluentes para o
solo, ar e água;
2. Dar respaldo para as comunidades envolventes sobre os níveis de ruído junto
da empresa,
3. Dar respaldo aos clientes sobre o percentual de fornecedores avaliados ambien
talmente,

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 104


4. Dar respaldo para os trabalhadores sobre o número anual de horas de
formação ambiental,
5. Dar respaldo para instituições financeiras sobre o percentual de investimentos
em tecnologia de produção mais limpa;
6. Dar respaldo para ONG% sobre as compras de produtos ambientalmente ade
quados;
A definição de indicadores ambientais requer o conhecimento de como a empresa
impacta o meio ambiente, e esse índice é detectado através do mapeamento dos principais
impactos ambientais que a organização causa; quais são as suas principais emissões,
prevendo a quantificação do impacto como sua intensidade se é crítico, moderado ou fraco.
Implica ainda em conhecer o que o concorrente esta fazendo usando indicadores
comparativos de suas práticas organizacionais com as de outras empresas. Benchmarking
(comparações com referenciais) é uma prática aceita e difundida na área da Qualidade. E
quais são os objetivos da empresa. Os indicadores devem levar à escolha de objetivos e
metas factíveis e mensuráveis; desta maneira, um critério formal deve estar desenvolvido
para selecionar objetivos e metas.

1.2 Pegada Ecológica

FIGURA 03:PEGADA ECOLÓGICA

Fonte:https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/concept-ecology-imprint-human-footprint-natu-

re-402170668. Acesso: 26 jan. 2021.

Diante de tantos questionamentos pela sociedade, perante o grande processo de


degradação e exploração dos recursos naturais, oriundos do consumismo humano, na dé-
cada de 90, os especialistas William Rees e Mathis Wackernagel, se reuniram e começaram
a pesquisar formas de medir a dimensão crescente das pegadas que deixamos no planeta.

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 105


Com a publicação do livro Pegada Ecológica, os dois cientistas apresentaram ao
mundo um novo conceito que pudesse levar cada indivíduo primeiro a conhecer seu con-
sumo para depois entender a necessidade de reduzir o impacto causado por ele na Terra,
objetivando um sistema mais sustentável.
Para Leite e Viana (2001) a Pegada Ecológica é um indicador de sustentabilidade,
uma metodologia de contabilidade ambiental utilizada para medir a pressão do impacto do
homem sobre a Terra, que permite calcular a área de terreno produtivo em hectares globais
(gha), necessários para sustentar o estilo de vida das pessoas no mundo, o que inclui a
cidade e a casa onde se mora, os móveis, as roupas, o transporte, comida, atividades
realizadas nas horas de lazer, os produtos que consome.
Neste cálculo são contabilizados vários aspectos econômicos e ambientais como:
● Área arável usada para produzir alimentos para a população;
● Área usada em pastagens;
● Área usada para urbanização;
● Área verde que deve ser disponibilizada para a absorção do CO2 produzido
pelas atividades;
● Área de florestas para fornecer recursos naturais, principalmente madeira.
● Desta forma, Pegada Ecológica é um indicador que estima a demanda ou a exi-
gência humana sobre o meio ambiente, considerando-se o nível de atividade para atender ao
padrão de consumo atual (com a tecnologia atual). É, de certa forma, uma maneira de medir
o fluxo de ativos ambientais de que necessitamos para sustentar nosso padrão de consumo.
A biocapacidade do planeta é um indicador que reflete a regeneração (natural) do
meio ambiente, é medida também em hectare global. É a capacidade que o planeta apre-
senta em absorver os resíduos gerados, produzir novos recursos naturais úteis, e avaliar o
montante de terra e água, biologicamente produtivo, para prover bens e serviços do ecos-
sistema à demanda humana por consumo, sendo equivalente à capacidade regenerativa
da natureza.
A figura 4 demonstra a razão entre a pegada ecológica e a biocapacidade do planeta.

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 106


FIGURA 04: A RAZÃO ENTRE A PEGADA ECOLÓGICA E A BIOCAPACIDADE DO PLANETA

Fonte: Razão entre a pegada ecológica e a biocapacidade do planeta. Disponível em: https://financasfaceis.

files.wordpress.com/2012/07/razao_pegada_ecologica_2012.png. Acesso: 28 jan.2021

Uma razão entre pegada ecológica e biocapacidade do planeta igual a 1 indica que
a exigência humana sobre os recursos do meio ambiente é resposta na sua totalidade pelo
planeta, devido à capacidade natural de regeneração. Se for maior que 1, a razão indica
que a demanda humana é superior à capacidade do planeta de se recuperar e, se for menor
que 1, indica que o planeta se recupera mais rapidamente
Para o WWF-Brasil, a Pegada Ecológica consiste não apenas em um indicador
que garante uma nova forma de se trabalhar as questões ambientais, mas é também uma
ferramenta de leitura e interpretação da realidade, pela qual poderemos enxergar, ao mes-
mo tempo, problemas conhecidos, como desigualdade e injustiça, e, ainda, a construção
de novos caminhos para solucioná-los, por meio de uma distribuição mais equilibrada dos
recursos naturais, que se inicia também pelas atitudes de cada indivíduo.

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2. CONCEITOS E ASPECTOS GERAIS DA GESTÃO AMBIENTAL

Confundir os significados de termos usados no setor corporativo quando se fala em


gestão, gerenciamento e administração é muito comum, e no meio ambiental isto também
ocorre. Embora os conceitos sejam bastante parecidos, cada um possui a sua especificação.
Desta forma, iniciaremos a explicação pelo conceito de administração, o que fará com
que o entendimento dos conceitos de gestão e gerenciamento seja mais facilmente entendido.
Na visão de Chiavenato (2001) administração – Do latim “administrare”, trata dos
aspectos gerais da empresa. Ou seja, a administração tem como função criar mecanismos
para solucionar os diversos problemas que surgem em uma organização, seja de natureza
financeira, patrimonial e humana, bem como do marketing, da produção, da concorrência,
do mercado, que tenha a finalidade atingir os objetivos da organização. É a parte que trata
dos assuntos macro da empresa.
Já o Gerenciamento compreende aspectos mais específicos, pois irá tratar de
setores ou departamentos de uma organização, podendo no caso perfeitamente ser o setor
ambiental da empresa.
O gerente ambiental desenvolve práticas para coordenar a utilização dos recursos
naturais, buscando meios de proteger e preservar o meio ambiente. Ainda como premissa
principal deve observar se a empresa atua em conformidade com o que foi estabelecido
previamente na política ambiental.

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 108


Exemplo de gerenciamento na área de resíduo seria um conjunto de ações exer-
cidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento
e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final dos
rejeitos sem agredir o meio ambiente.
Já o termo gestão na concepção de Azambuja (2002, p. 28), [...] está relacionado
à amplitude, sugere ao administrador “o que fazer”, dentro de uma visão ampla. A figura do
gerenciamento sugere ao administrador o “como fazer”.
Segundo a definição do Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2005), a Gestão
compreende as ações referentes à tomada de decisões políticas e estratégicas, quanto aos
aspectos institucionais, operacionais, financeiros, sociais e ambientais.
O gestor exercer o papel de forma mais criativa e habilidosa, devendo gerir, geren-
ciar, administrar, organizar, planejar, pensar o processo de maneira eficiente do ponto de
vista das técnicas, das pessoas incentivando a participação, estimulando a responsabilida-
de e autonomia dos funcionários, e do ambiente do qual irá retirar os recursos que pretende
transformar em produto final.
O Gestor Ambiental deve utilizar-se de técnicas e conhecimentos para garantir o uso
racional dos recursos naturais. Sua função consiste em planejar e executar projetos sempre
visando estratégias sustentáveis para minimizar possíveis impactos causados à natureza.
Massukado (2004) mostra as diferenças entre gestão e gerenciamento no quadro 1.

QUADRO 01: CARACTERÍSTICAS DIFERENCIADORAS ENTRE GESTÃO E GERENCIAMENTO.

GESTÃO GERENCIAMENTO
O que fazer Como fazer
Visão Ampla Implementação dessa visão
Decisões estratégicas Aspectos operacionais
Planejamento, definição de diretrizes e es- Ações que visão implementar e operaciona-
tabelecimento de metas. lizar as diretrizes estabelecidas pela gestão
Conceber, planejar, definir e organizar. Implementar, orientar, coordenar, controlar
e fiscalizar
Fonte: Massukado (2004).

A gestão ambiental integra:


1. A política ambiental - consiste nos princípios doutrinários de proteger e conservar
o ambiente.
2. O planejamento ambiental - visa adequar o uso, controle e proteção do ambiente
que são descritas formal ou informalmente na política ambiental.

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 109


3. O gerenciamento ambiental - mecanismos de regulação do uso, controle, pro-
teção e conservação do meio ambiente com os princípios doutrinários estabelecidos pela
política ambiental.
Para Massukado (2004) o gerenciamento ambiental é membro integrante da gestão
ambiental.
Na gestão ambiental há também objetivos específicos que são claramente definidos
pela norma NBR-ISO 14.001: 2004:
● Implementar, manter e aprimorar um sistema de gestão ambiental.
● Assegurar-se de sua conformidade com a política ambiental definida.
● Demonstrar tal conformidade a terceiros.
● Buscar certificação/registro do seu sistema de gestão ambiental por uma orga-
nização externa.
● Realiza auto-avaliação e emite autodeclaração de conformidade com essa Norma.
Além dos objetivos específicos, há outros objetivos a serem alcançados e que são
de grande importância para um desenvolvimento sustentável:
● Uso de recursos naturais de forma racional.
● Adoção de sistemas de reciclagem de resíduos sólidos.
● Tratamento e reutilização da água e outros recursos naturais dentro do processo
produtivo.
● Criação de produtos que provoquem o mínimo possível de impacto ambiental.
● Treinamento de funcionários para que conheçam o sistema de sustentabilidade
da empresa, sua importância e suas formas de colaboração.
● Criação de programas de pós-consumo para retirar do meio ambiente os produ-
tos, ou partes deles, que possam contaminar o ambiente.

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 110


2.1 Razões que levam empresas a adotar práticas ambientais
FIGURA 05: ENERGIA SUSTENTÁVEL

Fonte:https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/waste-energy-process-generating-form-electrici-

ty-1011811597. Acesso: 26 jan. 2021.

Existem diversas razões que levam as empresas a adotar e praticar a gestão


ambiental, que podem percorrer desde procedimentos obrigatórios de atendimento da
legislação ambiental até a fixação de políticas ambientais que visem à conscientização de
todo o pessoal da organização. (FORNO, 2017).
Nesse sentido, Dal Forno (2017, pág. 14) ressaltar que:
O ambiente é visto, então, como processos de natureza e de sociedade, como
dinâmicas de natureza e como dinâmicas de sociedade. Acrescente-se que
a natureza pode ser vista como elemento e também como recurso: elemento
enquanto parte, e recurso enquanto algo que se pretende usufruir. E, neste
sentido, é bom lembrar que dinâmicas de natureza e dinâmicas de sociedade
têm um espaço geográfico social de tempos diferentes. A natureza produz
em um tempo, e a sociedade produz em outro tempo, geralmente mais breve,
mais rápido e mais intenso do que a própria natureza. (FORNO, 2017, p. 14).

Para o autor, o ser humano intervém tecnicamente no processo para satisfazer


seus desejos mudando o fluxo normal e tornando mais rápido o processo, o qual não seria
realizado de forma natural na natureza. “A natureza é necessária para a manutenção de
qualquer forma de vida. É com este cuidado de respeito à vida que se deve efetivar a
gestão ambiental.” (FORNO, 2017, p. 14).
As razões que levam as empresas a adotar e praticar a gestão ambiental são:
● Os recursos naturais (matérias-primas) são limitados e estão sendo fortemente
afetados pelos processos de utilização, exaustão e degradação decorrentes de atividades

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 111


públicas ou privadas, portanto estão cada vez mais escassos relativamente mais caros ou
se encontram legalmente mais protegidos.
● Os bens naturais (água, ar) já não são mais bens considerados infinitos que
podem ser utilizados livremente sem valor agregado. Por exemplo, a água possui valor
econômico, ou seja, paga-se, e cada vez se pagará mais por esse recurso natural. Deter-
minadas indústrias, principalmente com tecnologias avançadas, necessitam de áreas com
relativa pureza atmosférica. Ao mesmo tempo, uma residência num bairro com ar puro
custa bem mais do que uma casa em região poluída.
● A legislação ambiental exige cada vez mais respeito e cuidado com o meio am-
biente, exigência essa que conduz coercitivamente a uma maior preocupação ambiental.
Pressões públicas de cunho local, nacional e mesmo internacional exigem cada vez
mais responsabilidades ambientais das empresas, bancos, financiadores e seguradoras
dão privilégios a empresas ambientalmente sadias ou exigem taxas financeiras e valores
de apólices mais elevadas de firmas poluidoras.
A sociedade em geral e a vizinhança em particular está cada vez mais exigente e crítica
no que diz respeito a danos ambientais e à poluição provenientes de empresas e atividades.
Organizações não governamentais estão mais vigilantes, exigindo o cumprimento
da legislação ambiental, a minimização de impactos, a reparação de danos ambientais ou
impedem a implantação de novos empreendimentos ou atividades.
Compradores de produtos intermediários estão exigindo cada vez mais produtos
que sejam produzidos em condições ambientais favoráveis.
A imagem de empresas ambientalmente saudáveis é mais bem aceita por acionis-
tas, consumidores, fornecedores e autoridades públicas.
Acionistas conscientes da responsabilidade ambiental preferem investir em empre-
sas lucrativas sim, mas principalmente que sejam ambientalmente responsáveis.
Desta forma, a demanda por produtos cultivados ou fabricados de forma ambien-
talmente compatível cresce mundialmente, em especial nos países industrializados. Os
consumidores tendem a dispensar produtos e serviços que agridem o meio ambiente.

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 112


3. AVALIAÇÃO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS

Para um correto gerenciamento ambiental uma das premissas mais importante é a


identificação e avaliação de aspectos e impactos ambientais. Constitui o primeiro passo da
fase de planejamento proposta pela ISO 14.001:2015, onde os demais requisitos da norma
estão ligados a este passo.
A ISO 14.001/2015, na fase de planejamento dentro do escopo definido no sistema
de gestão ambiental determina que a organização deve “identificar os aspectos ambien-
tais relacionados às suas atividades, produtos e serviços os quais ela possa controlar e
aqueles que ela possa influenciar, e seus impactos ambientais associados, considerando
uma perspectiva de ciclo de vida”.
Desta forma, Aspectos Ambientais podem ser definidos como elementos das
atividades, produtos ou serviços de uma organização que podem interagir com o meio
ambiente, causando ou podendo causar impactos ambientais, sejam eles positivos ou
negativos. (ABNT ISO 14001: 2004)
O Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), por meio da Resolução
001/86, conceitua impacto ambiental da seguinte forma:
Impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas
e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou
energia resultante de atividades humanas que, direta ou indiretamente, afe-
tem: a saúde, segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e
econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias e o meio ambiente e
a qualidade dos recursos ambientais (BRASIL, 1986.p 1)

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 113


Empreendimentos e atividades que utilizam recursos ambientais e/ou são capazes
de causar degradação ambiental, devem fazer o Levantamento de Aspectos e Impactos
Ambientais (LAIA).
O (LAIA) é o diagnóstico da situação ambiental da unidade avaliada e auxilia no
processo de tomada de decisões, trazendo planos de ações aos gestores para a mitigação
dos impactos ambientais. Esta ferramenta subsidia o SGA (Sistema de Gestão Ambiental)
bem como a certificação da unidade com base nas normas ISO 14001.
Nesse diagnóstico a empresa deve elencar as causas dos impactos ambientais
causados por suas atividades buscando mecanismos para controlar e prevenir os riscos
que possam ocorrer e comprometam o meio ambiente.
Os dados que devem fazer parte da estrutura do LAIA são: Identificação das áreas,
processos e atividades da empresa; identificação dos aspectos e impactos ambientais;
frequência ou probabilidade do aspecto ambiental; abrangência do impacto ambiental; se-
veridade do impacto ambiental; classe do impacto ambiental e Identificação dos aspectos
ambientais significativos.
Os dados levantados durante o LAIA devem ser catalogados e separados, para
posteriormente realizar o cruzamento das informações, podendo ser utilizada a metodolo-
gia FMEA (Failure Mode and Effect Analysis). Trata-se da Análise do Tipo e Efeito de Falha,
uma ferramenta que apura os riscos potenciais e aponta ações de melhoria.
O Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais de uma organização é umas
das etapas mais importantes para a implementação de um Sistema de Gestão Ambiental
(SGA) eficaz, e um dos requisitos para uma empresa conseguir um licenciamento ambiental.
O levantamento é obrigatório para empresas que pretendem se certificar na norma
NBR ISO 14001. Um dos itens da norma é justamente o levantamento de aspectos e im-
pactos ambientais.

3.1 Metodologias de Avaliação de Impactos Ambientais


FIGURA 06: IMPACTOS AMBIENTAIS

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 114


Dentro dos Sistemas Produtivos Industriais, existem metodologias para a avaliação
de impactos ambientais, tais como: o Método GAIA - Gerenciamento de Aspectos e Impac-
tos Ambientais (LERÍPIO, 2001), MECAIA Modelo Econômico de Controle e Avaliação de
Impactos Ambientais (KRAEMER, 2004), MAICAPI - Metodologia para Avaliação de Impac-
tos e Custos Ambientais em Processos Industriais (SILVA; AMARAL, 2006), Produção Mais
Limpa (P+L), Análise do Ciclo de Vida –(ACV), entre outras.
Porém, vale ressaltar que estas ferramentas de análise enfatizam as questões
relacionadas ao meio ambiente dentro de um contexto mais amplo e, prejudica a avaliação
de impactos ambientais, tornando inviável seu uso para empresas menores, tornando muito
complexa sua implementação e utilização dos recursos necessários.
Para melhor entendimento o Método GAIA, avalia a sustentabilidade ambiental da
empresa, através do mapeamento da cadeia de produção, sensibilizando seus gestores.
A metodologia é considerada dispendiosa na obtenção dos dados e tornando inviável com
custo muito alto para ser subsidiada por empresas de pequeno porte.
O Método MECAIA tem por objetivo avaliar os impactos e custos ambientais in-
serindo-os na estrutura do modelo Balanced Scorecard (BSC). Considera-se o método
trabalhoso e o tempo de aplicação longo.
A Metodologia MAICAPI avalia os impactos globais, associada à análise de im-
pactos locais e regionais, com foco no chão de fábrica, a análise proposta (que conjuga
aspectos ambientais e econômicos) torna sua aplicação demasiadamente longa e, conse-
quentemente, com um alto custo associado.
Entretanto, é consenso que a aplicação de tais metodologias envolve grande es-
forço, mobilização de pessoas, complexidade de análises e, em alguns casos, ao inserir a
questão ambiental dentro de um contexto mais amplo, ocorre a perda de foco da avaliação
de impactos ao meio ambiente propriamente dita.
Já a produção mais limpa visa à redução do uso de matérias-primas não renováveis
e em seu princípio traz orientações e critérios para desenvolvimento de projeto sustentável
que, se seguidos, podem levar a avanços úteis em relação à redução de custos e ganhos
ambientais (ARAÚJO, 2002).
A adoção de princípios/ferramentas da produção mais limpa (P+L) consiste na
incorporação de ideias sobre sustentabilidade na produção, transformando-as em proce-
dimentos e práticas com o objetivo de reduzir desperdícios, atender com maior eficácia às
normas e requisitos ambientais, promover tratamento dos resíduos gerados, resultando na
minimização de custos (ARAÚJO, 2002).

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 115


A (ACV) é uma metodologia poderosa de avaliação ambiental que serve para
quantificar os impactos do berço ao túmulo, desde a extração da matéria-prima até o uso e
descarte final.
Por permitir uma avaliação pormenorizada dos impactos em cada uma das etapas
de produção, a Análise de Ciclo de Vida fornece informações valiosas para a indústria,
conforme demonstrada na figura 7 que representa as entradas e saídas de insumos ao
longo do ciclo de vida de um produto, representando todos os aspectos envolvidos ao longo
do ciclo de vida que devem ser computados na ACV.

FIGURA 07: REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO CICLO DE VIDA DE UM PRODUTO

Fonte: Adaptado de Rebitzer et al (2004).

A partir da ACV pode-se avaliar a maneira mais eficaz o ciclo de vida do produto
para reduzir o impacto por ele produzido, além da necessidade de se engajar com forne-
cedores e consumidores finais para buscar a minimização de impactos além das unidades
produtivas da empresa.
De acordo com a NBR ISO 14040:2009 a ACV é uma técnica para avaliar aspectos
ambientais e impactos potenciais associados a um produto mediante:
● a compilação de um inventário de entradas e saídas pertinentes de um sistema
de produto;
● a avaliação dos impactos ambientais potenciais associados a essas entradas e saídas;
● a interpretação dos resultados das fases de análise de inventário e de
● avaliação de impactos em relação aos objetivos dos estudos.
● A Análise de Ciclo de Vida - ACV pode ajudar:
● na identificação de oportunidades para melhorar os aspectos ambientais dos
produtos em vários pontos de seu ciclo de vida;

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 116


● na tomada de decisões na indústria, organizações governamentais ou não-go-
vernamentais (por exemplo, planejamento estratégico, definição de prioridades, projeto ou
reprojeto de produtos ou processos);
● na seleção de indicadores pertinentes de desempenho ambiental, incluindo
técnicas de medição; e
● no marketing (por exemplo, uma declaração ambiental, um programa de rotula
gem ecológica ou uma declaração ambiental de produto)
A ACV tem como linha mestra a série de normas ISO 14.040 e é composta por
quatro fases: definição de objetivo e escopo, análise de inventário, avaliação de impactos
ambientais e interpretação conforme demonstrado na figura 8 abaixo:

FIGURA 08: ESTRUTURA E APLICAÇÕES DA ACV

Fonte: Norma ABNT NBR ISO 10040:2009

Segundo Castro (2015), além das ferramentas já citadas relata outros instrumen-
tos de gestão ambiental que visam auxiliar no processo de planejamento, bem como na
operacionalização da gestão ambiental, de modo que essa gestão possa ser integrada de
maneira estratégica por todas as suas atividades, como:
Avaliação do desempenho ambiental (ADA) – Considerada como avaliação evoluti-
va do desempenho ambiental de uma organização. Esse método permite medir e melhorar
os resultados da gestão ambiental praticada numa organização ou atividade econômica.
Existindo ou não um sistema de gestão ambiental formal implementado numa entidade,
esse instrumento poderá ser aplicado e pode ser mais vantajoso se pelo menos alguns as-
pectos do Sistema de Gestão Ambiental estiverem implementados. (CASTRO, 2015, p.16)

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 117


Licenciamento Ambiental – De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, Licen-
ciamento Ambiental é o procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental autoriza a
localização, instalação, ampliação e operação de empreendimentos e atividades que façam
uso de recursos naturais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas
que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental. (CASTRO, 2015, p. 16).
Geoprocessamento – Tem como principal elemento a informação. É um sistema
que permite captar, analisar, consultar, modelar, recuperar e apresentar soluções com
informações geograficamente referenciadas, os dados são armazenados em um banco de
dados. (CASTRO, 2015, p. 16).
Educação Ambiental – Tem como objetivo sensibilizar e motivar os empregados
com relação ao uso dos recursos naturais, e geralmente são desenvolvidos por profissio-
nais treinados da própria empresa ou por consultores externos. A educação ambiental
é uma das ferramentas mais poderosas para transformar o comportamento humano e é
também o maior instrumento para desacelerar e reverter o atual quadro de degradação
ambiental do planeta, causado principalmente pela cultura contemporânea do consumismo
como gerador de desenvolvimento econômico. (CASTRO, 2015, p. 16)
A auditoria ambiental - é uma ferramenta de gestão que permite fazer uma pon-
deração sistemática, periódica, documentada e objetiva dos sistemas de gestão e do
desempenho dos equipamentos instalados em uma organização, para fiscalizar e limitar
atividades sobre o meio ambiente. (CASTRO, 2015, p. 16).

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 118


4. NORMA NBR ISO 14.000

As relações internacionais ou o comércio internacional vem sendo apontado como


fator capaz de estimular a adoção de melhores práticas ambientais nas empresas.
A ISO é uma organização mundial para normalização (International Organization
for Standardization) localizada em Genebra na Suíça, foi fundada em 1947. A finalidade da
ISO é desenvolver e promover normas e padrões mundiais que traduzam o consenso dos
diferentes países do mundo de forma a facilitar o comércio internacional.
A ISO tem cento e dezenove (119) países membros e a Associação Brasileira de
Normas Técnicas - ABNT é o representante brasileiro.
A ISO 14000 é uma série de padrões internacionalmente reconhecidos, por estru-
turar o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) de uma organização e o gerenciamento do
desempenho ambiental. As empresas ao implantar um SGA devem investir tempo para o
planejamento, já que as atividades não são simples. As atividades são de uma complexida-
de onde a administração da organização precisa envolver todos em seu processo.
Desta forma as normas da Série ISO 14000 foram desenvolvidas pelo Comitê Téc-
nico 207 da INTERNATIONAL ORGANIZATION for STANDARDIZATION – ISO -TC 207.
Trata-se de um grupo de normas que fornece ferramentas e estabelece um padrão
de Sistema de Gestão Ambiental, abrangendo seis áreas bem definidas:

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 119


● Sistemas de Gestão Ambiental (Série ISO 14001 e 14004);
● Auditorias Ambientais (ISO 14010, 14011, 14012 e 14015);
● Rotulagem Ambiental (Série ISO 14020, 14021, 14021 e 14025);
● Avaliação de Desempenho Ambiental (Série ISO 14031 e 14032);
● Avaliação do Ciclo de Vida de Produto (Série ISO 14040, 14041, 14042 e 14043);
● Termos e Definições (Série ISO 14050).

A Norma NBR Série ISO 14001 especifica as principais exigências para a implan-
tação e adoção de um sistema de gestão ambiental, orientando a empresa na elaboração
da política ambiental e no estabelecimento de estratégias, objetivos e metas, levando em
consideração os impactos ambientais significativos e a legislação ambiental em vigor no
país (ISO, 2015).
Em suma, de acordo com a figura 5, as normas contidas na Série ISO 14000
são dirigidas para a organização e para o produto. As normas dirigidas para o produto
dizem respeito a determinação dos impactos ambientais de produtos e serviços sobre o seu
ciclo de vida, rotulagem e declarações ambientais. As normas dirigidas para a organização
proporcionam um abrangente guia para o estabelecimento, manutenção e avaliação de um
sistema de gestão ambiental (MEYSTRE, 2003).

FIGURA 08: EXEMPLOS DE NORMAS DA SÉRIE ISO 14000

Fonte: Meystre (2003).

Os elementos-chave, ou os princípios definidores de um Sistema de Gestão


Ambiental baseados na NBR Série ISO 14001 conforme representados na figura 10 são:
Introdução; objetivo; referências normativas; termos e definições; requisitos do sistema de
gestão ambiental (requisitos gerais: (1) Política ambiental; (2) Planejamento; (3) Implemen-
tação e operação; (4) Verificação e ação corretiva; (5) Análise crítica, pela administração); e

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orientações para o uso da norma (ISO, 2004) são representadas pela espiral apresentada
na figura abaixo:

FIGURA 09: ESPIRAL DEFINIDORES DE UM SISTEMA DE GESTÃO

AMBIENTAL BASEADOS NA NBR SÉRIE ISO 14001

Fonte: (CASTRO, 2015).

Para implementar um Sistema de Gestão Ambiental a direção da empresa deve


formalizar que sua instituição deseja adotar um SGA. Nessa formalização é importante
demonstrar claramente as intenções, com ênfase nos benefícios a serem obtidos com a
sua adoção.
Essa medida demonstra que a alta direção da empresa está comprometida com a
realização de palestras de conscientização e de esclarecimentos da abrangência pretendi-
da, realização de diagnósticos ambientais, definição formal do grupo coordenador, definição
de um cronograma de implantação, e, finalmente, no lançamento oficial do programa de
implantação do SGA.
A ISO 14001 é baseada no ciclo PDCA do inglês “plan-do-check-act” – planejar,
fazer, checar e agir – e utiliza terminologia e linguagem de gestão, apresentando uma série
de benefícios para a organização.
Através do ciclo PDCA a implantação de um SGA, segundo a norma NBR ISO
14001 faz com que o processo produtivo seja reavaliado continuamente, refletindo na bus-
ca por procedimentos, mecanismos e padrões comportamentais menos nocivos ao meio
ambiente.

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4.1 Práticas do Sistema de Gestão Ambiental
FIGURA 10: SUSTENTABILIDADE

As práticas ambientais são vistas, segundo Guimarães (2006), como parte das
responsabilidades sociais das empresas, e têm se tornado uma questão de estratégia
competitiva, marketing de finanças, relações humanas, eficiência operacional e desenvol-
vimento de produtos.
Na busca de procedimentos gerenciais ambientalmente corretos, incluindo aqui a
adoção de um Sistema Ambiental (SGA), encontra inúmeras razões que justificam a sua
adoção. Assim, os propósitos predominantes podem variar de uma organização para outra.
No entanto, eles podem ser resumidos nos seguintes princípios básicos conforme demons-
trado na tabela 2, onde apresentamos uma síntese das práticas do SGA, mais abordadas
na literatura.
TABELA 02: PRÁTICAS DO SGA

PRÁTICA DEFINIÇÃO
Energia Pressupõe conciliar desenvolvi-
mento com uso racional. É busca por fontes
de energia limpas e renováveis
Resíduos Busca pela redução do peso ou o
volume dos resíduos gerados, muitas vezes
modificando suas características, a fim de
produzir o mínimo de resíduos e reduzir seu
grau de periculosidade.
Custos Produtivos Eliminar ou reduzir os impactos
produtivos na fonte de geração, em vez
de preocupar-se com seu tratamento que
geram custos para adequar-se à legislação.
Fornecedores A gestão ambiental deve ser consi-
derada uma cadeia, desse modo, nota-se a
imposição a fornecedores diretos e indiretos
de requisitos socioambientais associados
ao processo produtivo e/ou ao produto.

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Água/Efluentes A água utilizada na produção deve
ser tratada para minimizar o impacto cau-
sado no ambiente e nas correntes de água,
caso contrário terá seu uso inviabilizado.
Legislação O licenciamento ambiental, como
principal instrumento de prevenção de
danos ambientais, age de forma a prevenir
os danos que uma determinada atividade
poderia causar ao ambiente.
Colaboradores Ações como campanhas de moti-
vação, educação ambiental e treinamento
dos colaboradores para que eles assumam
uma postura de respeito ao meio ambiente,
assegurando práticas adequadas na execu-
ção de suas atividades.
Fonte: Adaptado de Gobbi (2005).

Desse modo, salienta-se que as empresas podem adotar estas práticas por vários
fatores, porém, segundo Gobbi (2005), algumas práticas e valores mais sustentáveis são
distinguidos e disseminados entre as organizações, as quais tendem a adotá-las, muitas
vezes, devido a pressões externas, assumindo caráter estratégico.

4.2 Benefícios e Dificuldades na Implantação da ISO 14001


FIGURA 11: PRODUÇÃO MAIS LIMPA

Embora o principal objetivo de uma empresa seja o lucro, as questões ambientais


têm se tornado cada vez mais importantes em função do aumento da conscientização do
consumidor.
Assim, conhecida mundialmente a ISO 14001 tem como princípio preservar o meio
ambiente através do controle dos impactos ambientais e permite a empresa demonstrar
para seus consumidores que está engajada com causas sustentáveis.

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Desperta maior atratividade perante investidores devido a credibilidade e maior
confiabilidade na marca da empresa, uma vez que o certificado representa um selo susten-
tável, e o mercado visualiza a empresa de forma positiva, proporcionando o surgimento de
novos negócios internacionais.
Desta forma a consciência ecológica está abrindo caminhos para o desenvolvimen-
to de novas oportunidades de negócio e, com isso, facilitando a inclusão das empresas
brasileiras no mercado internacional (SILVA; MEDEIROS, 2004).
A empresa torna-se mais eficaz e consciente, por ter maior controle dos custos,
diminuição dos gastos desnecessários, e na contratação de seguros devido redução dos
riscos de acidentes e consequentemente também evita multas por impactos negativos;
proporciona melhoria no desenvolvimento sustentável nas empresas a partir da implanta-
ção do SGA; e consequentemente fomenta auditorias ambientais; proporciona criação de
comunicação ambiental nas empresas.
Tem maior facilidade de acesso a empréstimos; motivação dos colaboradores para
atingirem metas e objetivos ambientais; influência positiva nos demais processos internos
de gestão, melhoria do moral dos colaboradores.
Na tabela 3 são demonstrados alguns dos benefícios obtidos com a ISO 14001 de
forma resumida.
TABELA 03: BENEFÍCIOS OBTIDOS COM O ISO 14001

BENEFÍCIOS DEFINIÇÃO
Custos produtivos Redução de custos. Maior reaproveitamento
dentro da própria organização
Imagem organizacional O SGA promove a conformidade com a le-
gislação, à minimização de impactos negati-
vos ao ambiente, isso resulta na melhoria da
imagem da organização junto à sociedade.
Atendimento a legislação Redução dos custos inerentes ao cum-
primento da legislação, devido ao fato de
a empresa adequar-se antes de receber
multas, e também tem um tempo para ade-
quação maior.
Conscientização dos colaboradores Ao estabelecer-se, o SGA promove a
definição de funções, responsabilidades
e autoridades, levando a um aumento da
conscientização e motivação dos colabora-
dores para estas questões ambientais.
Benefícios intangíveis Melhoria do gerenciamento, padronização
dos processos, rastreabilidade de informa-
ções técnicas, etc.
Fonte: Oliveira & Serra (2010)

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Contudo a ISO 14001 precisa que as organizações desenvolvam uma política
ambiental comprometida com as necessidades de prevenir poluição, melhoria contínua;
que demonstre os aspectos ambientais de sua operação e atenda as exigências legais,
fixe objetivos e metas consistentes com política ambiental e estabelece um programa
de gerenciamento ambiental; implementa e operacionalize um programa que inclua uma
estrutura e responsabilidade definida, treinamento, comunicação, documentação, controle
operacional, e preparação para atendimento a emergências; confira as ações corretivas
incluindo o monitoramento, a correção, a ação preventiva e a auditoria; e faça uma revisão
do gerenciamento.
Complementando, Oliveira & Serra (2010) ressaltam que existem vários entraves
na gestão de um SGA com base na norma NBR ISO 14001 conforme demonstrado na
tabela 4.
TABELA 04: DIFICULDADES DE IMPLEMENTAÇÃO ISO 14001

DIFICULDADE DEFINIÇÃO
Recursos econômicos Problemas de caráter econômico
devido à falta de recursos financeiros para
aquisição de tecnologias mais avançadas.
Legislação Dificuldades de implementação
de procedimentos de avaliação periódicas
inerentes ao cumprimento da legislação
ambiental aplicável.
Cultura dos colaboradores Dificuldade de internalização pelos
colaboradores do real significado de desen-
volvimento sustentável, bem como rejeição
a novos paradigmas e novas práticas.
Realizar a mensuração Dificuldade de mesurar os resulta-
dos da implementação de um SGA, visto
que este é um tópico complexo e pouco
abordado nas organizações.
Profissionais Dificuldade de encontrar pessoas e
fornecedores com a qualificação e experiên-
cia necessária para implementar o SGA de
maneira correta e eficaz.
Fonte: Oliveira & Serra (2010).

No Brasil, tem aumentado consideravelmente o número de empresas que desen-


volvem a gestão ambiental com base na norma NBR ISO 14001 (SILVA; MEDEIROS, 2004).
A norma NBR ISO 14001 estabelece um conjunto de requisitos necessários que
precisam ser cumpridos pelas empresas e organizações, independente do segmento ou
tamanho, para estar de acordo com princípios estabelecidos pela legislação. E para aten-

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der a ISO 14001, as organizações precisam identificar qual é a legislação aplicável deste
escopo ao seu negócio e monitorar, constantemente, o atendimento aos requisitos legais.
Esse monitoramento deve ser de forma documentada, para evidenciar o atendimento das
disposições da ISO 14001. (NBR ISO 14001, 2004).

4.3 Etapas de Implantação de Sistema de Gestão Ambiental- SGA


FIGURA 12: IMPLANTAÇÃO SGA

Fonte:https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/iso-integrated-management-system-triangle-compri-

ses-1653912550. Acesso: 26 jan. 2021.

A empresa ao implantar um SGA está buscando mecanismos para que seus proces-
sos produtivos tenham uma política ambiental estabelecida em padrões comportamentais
menos nocivos ao meio ambiente (CAMPOS; MELO, 2008).
Assim, conforme demonstrado na figura 12 apresenta de forma esquemática, o
fluxo do processo de melhoria contínua do sistema de gestão ambiental.

FIGURA 13: FLUXO DO PROCESSO DE MELHORIA CONTÍNUA DO

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

Fonte: Sistema de Gestão Ambiental (NBR ISO 14001: 2004)

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 126


Entretanto, é importante ressaltar que a implementação de um sistema de gestão
ambiental não tem fronteiras de estanques, ou seja, existem ou podem existir intersecções
entre atividades inseridas em diferentes etapas.
Assim, as principais etapas de implantação do SGA são constituídas por cinco
princípios e em cada um deles demonstraremos as etapas necessárias para que o SGA
seja corretamente implantado.
Primeiramente a empresa precisa realizar levantamento da situação inicial, onde se
conhece a realidade da empresa em relação à questão ambiental. Analisa a organização
no que, como e com o quê faz, identificando todas as suas atividades, observando como
desenvolve o processo produtivo, embalagem e transporte, desempenho ambiental e as
práticas dos subcontratados e fornecedores, gestão de resíduos, etc.
Neste momento a empresa realiza uma auditoria interna com objetivo de perceber
a atual situação que se encontra.
Em seguida realizar a sensibilização da gestão é o momento de apresentar o
resultado do diagnóstico inicial e sensibilizar a gestão de topo para as vantagens de imple-
mentação de um SGA.
Posteriormente deve aplicar o primeiro princípio que de acordo com o (DOCUMEN-
TOS 39, EMBRAPA MEIO AMBIENTE, 2004, p. 10 - 15) relata:

Princípio 1. Política Ambiental


A norma NBR Série IS0 14001 define Política Ambiental como “Declaração da
organização das suas intenções e princípios com relação a seu desempenho global e que
devem nortear o planejamento de ações e o estabelecimento de seus objetivos e metas
ambientais”. Entender que ISO deve ser um compromisso de todos e ser alinhada com
outras políticas da empresa.
A política Ambiental deve considerar a missão, visão, valores, essenciais e
benéficos da organização. Ser estabelecida após a revisão ambiental inicial da empresa
pela alta administração e revisada ao final de cada ciclo, mas imutável dentro de um ciclo.
A Política Ambiental da empresa deve ser estabelecida por meio de um documento
escrito, uma carta de compromisso da empresa abordando todos os valores e filosofia da
empresa relativa ao meio ambiente, bem como aponte os requisitos necessários ao aten-
dimento de sua política ambiental, por meio dos objetivos, metas e programas ambientais
(REIS & QUEIROZ, 2002).

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 127


Segundo Reis & Queiroz (2002) a Série ISO 14001, no seu requisito relativo à
política ambiental, afirma que:
A alta administração deve estabelecer a política ambiental da empresa e assegurar
que ela: seja apropriada à natureza, escala e impactos ambientais de suas atividades,
produtos ou serviços; inclua o compromisso com a melhoria contínua e a prevenção da
poluição; inclua comprometimento com a legislação e normas ambientais aplicáveis e de-
mais requisitos subscritos pela organização; forneça a estrutura para o estabelecimento e
revisão dos objetivos e metas ambientais; esteja disponível para o público. (DOCUMENTOS
39, EMBRAPA MEIO AMBIENTE, 2004, p.10).
É na definição da política ambiental que a gestão da empresa formaliza o
compromisso em trabalhar de maneira que promova a proteção e promoção
ambiental. É preciso definir a equipe e avaliar as competências de que dis-
põe. Pois assim, a organização decide acerca da necessidade de contratar
ajuda externa uma vez que a maior parte das organizações não dispõe de ne-
nhum especialista em SGA pelo que é aconselhável, contratar um consultor
especialista em sistemas, a fim de a organização ficar com uma perspectiva
mais correta e realista do trabalho a desenvolver. A equipe deverá participar
na definição e elaboração da documentação do SGA, garantir a implemen-
tação do SGA e promover a motivação e envolvimento dos colaboradores.
(DOCUMENTOS 39, EMBRAPA MEIO AMBIENTE, 2004, p. 10).

Princípio 2. Planejamento
Nesta etapa a Série ISO 14001 orienta que a organização avalie a política ambiental
estabelecida e elabore seu plano de forma que possa atender todos os requisitos por ela
estabelecidos. A Série ISO 14001 orienta que este plano deve conter: aspectos ambientais;
requisitos legais e outros requisitos; objetivos e metas; e programas de gestão ambiental.

1. Aspectos ambientais
Neste item a norma pretende fazer com que a organização tenha claro todos os
significativos, reais e potenciais impactos ambientais que possa ocasionar no desenvolvi-
mento de suas atividades, produtos e serviços, para que possa controlar os aspectos sob
sua responsabilidade (MEYSTRE, 2003). Reis & Queiroz (2002) esclarecem que segundo
esta norma, aspecto ambiental significa a causa de danos ambientais e impacto ambiental
significa os seus efeitos ambientais, adversos ou benéficos.

2. Requisitos legais e outros requisitos


A Organização deve demonstrar que tem pleno conhecimento de toda a legislação
ambiental aplicável e conhece as suas implicações e aplica os procedimentos.

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 128


3. Objetivos e metas
Devem refletir os aspectos e impactos ambientais significativos e relevantes visando
o desdobramento em metas e objetivos ambientais a serem alcançados operacionalmente
por setores específicos da empresa, com definição das responsabilidades. Buscar definir
as metas com objetivo de melhoria contínua do SGA; Esforço contínuo para evitar/minimi-
zar impactos ambientais. Os objetivos devem ser específicos e as metas mensuráveis. As
metas ambientais devem apresentar requisito detalhado de desempenho ambiental passí-
vel de ser quantificado e praticável, aplicável à organização ou parte dela, decorrente dos
objetivos ambientais. A meta deve ser proposta e alcançada para que sejam considerados
cumpridos os objetivos.
Exemplo: quantidade de resíduos por tonelada de produtos.

4. Programas de Gestão Ambiental


É o estabelecimento de roteiro com cronograma de execução, que seja possível
fazer comparações entre o previsto e o realizado, alocação de recursos financeiros, às ati-
vidades, definição de responsabilidades e prazos para cumprimento dos objetivos e metas
estabelecidos. Deve-se considerar o que? Quando? Por quê? Onde e como? Ferramenta
básica do planejamento.
.
5.Princípio 3. Implementação e Operação
É neste princípio que a empresa deve desenvolver os mecanismos de apoio ne-
cessários para atender o que está previsto em sua política, e nos seus objetivos e metas
ambientais.

6. Estrutura organizacional e Responsabilidade


Como o próprio nome diz, é o momento de definir as funções, responsabilidades
e autoridade, documentadas ainda repassadas no intuito de facilitar o desenvolvimento de
uma gestão ambiental eficaz. E cabe a administração o fornecimento dos recursos seja
financeiro ou tecnológico necessário à implantação e controle do sistema de gestão am-
biental.

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 129


2. Treinamento, Conscientização e Competência
Cabe à empresa desenvolver treinamentos que propiciem aos seus empregados
a conscientização da importância e responsabilidade em atingir a conformidade com a
política ambiental; conhecimento para avaliar os impactos ambientais significativos, reais
ou potenciais de suas atividades.

3. Comunicação
Este item relata a importância da empresa criar, desenvolver e demonstrar e manter
procedimentos para a comunicação interna e externa. Criar canais de comunicação que
seja claro, e possa fluir regularmente com informações organizacionais e técnicas entre os
vários níveis e funções dentro da organização. Ter a prática de documentar todas as infor-
mações relevantes recebidas e enviadas das partes externas interessadas nos aspectos
ambientais e no sistema de gestão ambiental. (MOREIRA, 2001).

4. Documentação do Sistema de Gestão Ambiental


Segundo documentos 39, Embrapa Meio Ambiente (2004, p. 12) A documentação
deve assegurar que o sistema de gestão ambiental seja compreendido pelo público interno
e externo com o qual a empresa mantém relações, tais como clientes, fornecedores, go-
verno, sociedade civil em geral, etc. Defina os tipos de documentos que podem variar em
função do porte e complexidade da empresa, podendo ser sob a forma física ou eletrônica.
(Embrapa Meio Ambiente, 2004, p. 12). Consiste em integrar e compartilhar com a docu-
mentação de outros sistemas; identificar e atualizar periodicamente; documentação típica
do SGA; manual do SGA; procedimentos operacionais; instruções de trabalho e registros.

5. Controle de documentos
As evidências que relatam a responsabilidade ambiental dentro dos processos de-
senvolvidos pela empresa devem ser localizadas, analisadas e periodicamente atualizadas
quanto à conformidade com os regulamentos, leis e outros critérios ambientais assumidos
pela empresa. Devem estar atentas as versões atualizadas da norma e atender os requisi-
tos exigidos pela Série 14001.

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 130


6. Controle operacional
A empresa que se propõe adotar sistema de gestão ambiental deve periodicamente
fazer controle operacional onde identificará as atividades potencialmente poluidoras visan-
do garantir melhor desempenho ambiental principalmente no compromisso assumido em
sua política ambiental relacionado à “prevenção da poluição”.

7. Preparação e atendimento a emergências


Neste quesito retrata a importância do estabelecimento de ações de contingências.
Essas ações devem ser de conhecimento de todos os funcionários envolvidos no processo
no intuito de agir com rapidez em situações de emergências e eventos não controlados.
Consiste em identificar e classificar áreas de riscos e processos críticos; identificar riscos
potenciais de acidentes e situações emergências (questões de saúde, segurança e aspec-
tos ambientais) e responder prontamente e adequadamente às situações adversas.

Princípio 4. Verificação e Ação Corretiva


Nesta etapa é o momento de avaliar se o que foi estabelecido na política, nos
objetivos e metas está sendo cumprido. Hora de comparar o previsto e realizado. Avaliar
se a empresa está operando de acordo com o programa de gestão ambiental previamente
definido, identificando aspectos não desejáveis e mitigar quaisquer impactos negativos,
além de tratar das medidas preventivas.
A Verificação e Ação Corretiva são etapas orientadas por quatro características
básicas do processo de gestão ambiental: Monitoramento e Medição, Não conformidades
e Ações Corretivas e Preventivas, Registros, e Auditoria do SGA.

1. Monitoramento e Medição
O sistema de gestão ambiental envolve as fases de planejamento, implementação,
execução, operação e avaliação dos resultados alcançados. No entanto, é preciso também
monitorar e controlar para verificar a existência de desvios e corrigi-los, ou seja, estabelecer
medidas-padrão para a verificação do desempenho ambiental das empresas. Segundo Mo-
reira (2001), monitorar um processo significa acompanhar a evolução dos dados, ao passo
que controlar um processo significa manter o processo dentro dos limites preestabelecidos.

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 131


2. Não conformidades e Ações Corretivas e Preventivas
As pessoas responsáveis por esta etapa precisam ter bem definidos o conceito de
“Não conformidade” e a responsabilidade pela observação da documentação, comunicação
e correção das “Não conformidades”.
A norma estabelece como “Não conforme” quando a empresa não atinge os obje-
tivos ou não consegue evidenciá-las. Encontra desvio nos padrões estabelecidos. As ações
preventivas devem apoiar-se na possibilidade de ocorrência de “não-conformidades” e as
ações corretivas devem ser pautadas em procedimentos que possibilitem a eliminação da
não-conformidade e sua não recorrência.

3. Registros
Neste quesito a empresa deve adotar mecanismos para registrar as atividades do
SGA, incluindo informações sobre os treinamentos realizados. Esses registros servirão de
evidências na auditoria.

4. Auditoria do Sistema de Gestão Ambiental


Por auditoria, entende-se o procedimento de verificação se a empresa cumpriu
todas as etapas de implementação e manutenção do sistema de gestão ambiental. As
auditorias do sistema de gestão ambiental devem ser periódicas, sendo recomendadas
duas auditorias internas por ano.
Visa determinar se o SGA está em conformidade com as disposições planeadas
para a gestão ambiental, incluindo os requisitos da norma, avalia periodicamente se o SGA
está adequadamente implementado e mantido; verifica conformidade de todas as ações
planejadas para o gerenciamento ambiental (política, objetivos, metas) inclusive os requisi-
tos da Norma ISO 14001 e preve informações sobre os resultados para a alta administração.

Princípio 5. Análise Crítica


Nesse momento, passado a avaliação da auditoria, a empresa verá algumas alte-
rações em seu ambiente interno e externo. Essas alterações correspondem a pressões do
mercado que exigirá posturas ambientalmente corretas da empresa devido compromisso
assumido de melhoria contínua em seu SGA.
Assim, cabe nesse momento reavaliar se há necessidade de possíveis alterações
na política ambiental definida, nos objetivos e metas propostos, ou seja, uma constante
avaliação no intuito de melhorar os processos continuamente.

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 132


5. AUDITORIA AMBIENTAL – CONCEITOS

Diretamente correlacionado com sustentabilidade está o desenvolvimento sus-


tentável, cuja definição, de acordo com as Nações Unidas (2005), é o “desenvolvimento
que atende às necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade das futuras
gerações de terem suas próprias necessidades atendidas”, o que implica não apenas
salvar o planeta levando em consideração a ecologia, mas também o atendimento das
necessidades das gerações atuais e futuras sem esgotar os recursos naturais existentes.
Dalla (2012, p. 43), complementa o conceito ora apresentado com a seguinte definição:
Em essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de transfor-
mação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a
orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se har-
monizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às neces-
sidades e aspirações humanas (Dalla, 2012, p. 43).

No pensamento de ser sustentável e diante da desenfreada exploração dos recur-


sos naturais em prol do desenvolvimento econômico, gerou-se a necessidade de uma ava-
liação concisa e minuciosa de processos produtivos, fazendo com que órgãos ambientais
começassem a avaliar de forma mais criteriosa as organizações que causam agressões ao
meio ambiente.
Corroborando para tal situação, mais acordos internacionais, tratados de comércio
e mesmo tarifas alfandegárias incluem questões ambientais na pauta de negociações culmi-
nando com exigências não tarifárias que em geral afetam produtores de países exportadores.

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 133


Desta forma, para atender tais exigências estabelecidas nos acordos internacionais,
os anseios da comunidade e legislação, empresários, compradores e principalmente impor-
tadores, buscando a certificação ambiental podendo ser caracterizada como “Selo Verde”,
ou rotulagem ambiental.
Alguns pesquisadores acreditam ser fundamental a criação de um modelo nacional
de certificação ambiental. Porém, o que se deve observar é que estes não se tornem uma
“rotulagem verde” ou apenas um meio publicitário para viabilizar empreendimentos que car-
regam consigo “carimbos” e “rótulos” de atitudes ecologicamente corretas.
A tendência do mercado nacional, no entanto, aponta para uma crescente valorização
das certificações, como o Sistema ISO, o INMETRO, o selo PROCEL de eficiência energética,
entre outros. De certo, o destaque publicitário ou mercadológico proveniente da certificação
ou da aplicação de um selo sempre ocorrerá. Mas isto deve ser consequência e não objetivo.
Afinal, se a publicidade conquistada com a obtenção de um certificado se tornar
objetivo principal e motivação para obtê-lo, os meios avaliados para a obtenção do selo,
razão principal da existência de uma metodologia, podem ser negligenciados por tornarem,
neste caso, de importância secundária.
A Certificação Ambiental é concedida a empresas que, nos processos de geração de
seus produtos, respeitam os dispositivos legais referentes às questões ambientais e apresen-
tam determinados procedimentos exigidos pelo órgão certificador. Pode ser concedida tanto
para empresas que geram produtos (indústrias em geral), como para prestadoras de serviços
(consultorias, comércio, etc.).
A análise do processo produtivo deve envolver desde a obtenção de matéria prima,
o descarte de resíduos, a qualidade ambiental do produto gerado, reciclagem, biodegradabi-
lidade, etc.
A Certificação Ambiental surgiu pela necessidade de diferenciar, inovar os produtos
que apresentavam um desempenho ambiental adequado, considerando sua utilização pelo
consumidor e os demais aspectos citados anteriormente. Com o tempo, o processo de pro-
dução, desde a matéria-prima até a disposição de resíduos, começou a ser o principal fator
para a obtenção da certificação ambiental (RIBEIRO, 2006, p. 154)
Assim, segundo Ribeiro (2006), no campo de atuação da auditoria ambiental, para
obtenção do selo verde como qualquer outra especificidade compreende:
o exame sistemático ou vistoria de caráter técnico e especializado dos pro-
cessos em uma empresa. A auditoria ambiental volta-se para as práticas e
procedimentos utilizados na operacionalização do controle e conservação
ambiental, comparativamente aos parâmetros estabelecidos no sistema de
gerenciamento adotado, com vistas à continuidade da empresa sem agres-
são ao meio ambiente (RIBEIRO, 2006, p. 154).

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 134


Lerípio (2009, p. 7), conceitua muito bem Auditoria Ambiental, dizendo “[...] uma
ferramenta, que possibilita um ‘retrato’ instantâneo do processo produtivo, passando a ser
possível identificar os pontos ‘fortes’ e ‘fracos’ da organização com o meio ambiente.”, e
defende como “[...] um processo sistemático e documentado de verificação para obter,
avaliar e reportar fatos de conformidade ou não conformidade ambiental, de acordo com
algum critério definido previamente”.
Esse processo sistemático e documentado de verificação pode ser realizado de
forma interna ou externa por uma pessoa ou uma equipe, pertencente ou não aos quadros
da organização, que age em nome do órgão superior de administração da organização.
Tem o comando liderança do auditor líder que será o comandante do processo avaliativo
do desempenho, comprometimento ambiental e a conformidade legal quanto à política
ambiental de uma organização.
Dentro desse processo as auditorias ambientais oferecem diversas vantagens como:
avaliação do cumprimento de normas ambientais; avaliação do cumprimento das políticas
e estratégias empresariais; favorece uma tomada de consciência em relação à políticas
ambientais por parte dos trabalhadores Identifica novos processos de trabalho que possam
minimizar de forma significativa a produção de resíduos e o uso de energia; fornece uma base
de dados atualizada que pode ser utilizada como apoio à tomada de decisões e emergências;
avaliação de cursos de formação e fornece informação aos trabalhadores; Criação de opor-
tunidade para os gestores darem crédito às boas práticas ambientais uma vez que podem ter
implicações na redução dos custos e melhoria da imagem ambiental das empresas.

5.1 Tipos De Auditoria Ambiental

FIGURA 14: ISO 14.001

Fonte:https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/iso-14001-environmental-management-system-vector-1428961184.

Acesso: 26 jan. 2021.

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 135


As auditorias devem ser realizadas por profissionais que conhecem o assunto a
ser auditado; pessoas que não estão envolvidas na atividade auditada; podem ter escopo
variado, havendo necessidade de definição de sua abrangência e dela participam três per-
sonagens bem definidos: cliente, o auditado, o auditor.
Segundo Lerípio (2009) as auditorias ambientais são classificadas quanto à forma
de aplicação da mesma e ao envolvimento dos profissionais auditores, ou seja, de acordo
com a parte auditora, critérios da auditoria, e objetivos.
A classificação de acordo com a parte Auditada pode ser:
● Auditoria Interna: realizada periodicamente pelos funcionários da própria empre-
sa ou contratados por ela, geralmente, como preparação para auditorias de terceira parte.
● Auditoria de Segunda Parte (Externa): são realizadas por terceiros, que te-
nham interesse no resultado da auditoria. São, por exemplo, fornecedores, clientes e outras
partes interessadas, porém sem o objetivo de certificação. Geralmente são utilizadas para a
verificação de empresas durante um processo de contratação e, por isso podem se basear
em critérios definidos pelo realizador da auditoria;
● Auditoria de Terceira Parte (Externa): são as auditorias de certificação, re-certi-
ficação, ou manutenção do certificado. São realizadas sempre por terceiros independentes,
que não tenham interesses no resultado da auditoria, geralmente um órgão certificador.
Auditorias de certificação dos sistemas de gestão ambiental ISO 14001.
A classificação de acordo com os critérios de auditoria pode ser:
● Auditoria de conformidade legal (compliance): ferramenta utilizada para veri-
ficar a real situação da empresa mediante a legislação ambiental vigente no país;
● Auditoria de desempenho ambiental: avalia a conformidade da unidade
auditada com a legislação, os regulamentos aplicáveis e os indicadores de desempenho
ambientais setoriais aplicáveis à unidade;
● Auditoria de sistema de gestão ambiental: avalia o cumprimento dos princí-
pios estabelecidos no Sistema de Gestão Ambiental (SGA) da empresa e suas adequações
e eficácias.
A classificação de acordo com os objetivos da auditoria pode ser:
● Auditoria de certificação: avalia a conformidade da empresa com princípios
estabelecidos nas normas pela qual a empresa esteja desejando se certificar;
● Auditoria de acompanhamento: verifica se as condições de certificação conti-
nuam sendo cumpridas.

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 136


● Auditoria ambiental de verificação de correções: Verifica se as não conformi-
dades de auditorias anteriores foram corrigidas.
● Auditoria de responsabilidade: destinada a avaliar o passivo ambiental das
empresas, ou seja, as responsabilidades ambientais das empresas. Geralmente é usada
nas ocasiões de fusões, aquisições diretas ou indiretas ou de refinanciamento de empresas;
● Auditoria de sítios: destinada a avaliar o estágio de contaminação de um de-
terminado local;
● Auditoria pontual ou de processos: destinada a otimizar a gestão dos recursos,
a melhorar a eficiência do processo produtivo e, consequentemente, minimizar a geração
de resíduos, o uso de energia ou de outros insumos.
● Auditoria compulsória: Visa cumprir exigência legal referente a realização de
auditoria ambiental.

SAIBA MAIS

A “Ibema” indústria de papel da região centro-sul do Paraná, foi certificada pela norma
ISO 14001:2004 em agosto de 2015, após dois anos de trabalhos intensos, que deman-
dou recursos financeiros e do engajamento dos colaboradores, para que a empresa
conseguisse atender a todos os requisitos exigidos pela norma. A organização determi-
nou a política, metas e objetivos ambientais e estes foram comunicados a todos confor-
me determina a ABNT (2004). A Supervisora de Meio Ambiente da empresa analisada
afirma isso, ao dizer que a política ambiental deve permitir a implementação de práticas
voltadas à aprendizagem contínua de seus processos, com a finalidade de prevenir e
reduzir a poluição e os impactos ambientais. Para tanto, faz-se necessário conhecer a
política Ambiental da “Ibema” que é o cerne das diversas ações ambientais realizadas
pela indústria. Os principais resultados apontam que essa indústria atendeu aos requi-
sitos de maneira satisfatória, demonstrando sua capacidade de adequar-se à norma.
Observou-se também que as estratégias de ecoinovação desenvolvidas contribuíram
para o alcance da certificação, o que exigiu da empresa adotar um processo de inova-
ção capaz de subsidiar o atendimento de requisitos fundamentais de gestão ambiental.

Fonte: Crotti, K.; Maçaneiro, M.B.. Implantação da ISO 14001:2004: estudo de caso de uma indústria de

papel da região centro-sul do Paraná. REAd. Revista Eletrônica de Administração (Porto Alegre) vol.23

nº.2. 2017. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-23112017000200274. Acesso:

26 Jan. 2021.

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 137


REFLITA

Os indicadores de sustentabilidade ambiental devem possibilitar uma visão de conjunto,


necessitando para tal, serem construídos a partir dos problemas e da realidade existen-
te, a fim de que se possa entender seus aspectos críticos e usufruir de seu verdadeiro
potencial. É possível gerenciar o que não se pode medir? E pode-se medir o que não se
consegue definir? Pode-se definir o que não entende?

Fonte: Adaptado. Indicadores de sustentabilidade ambiental: métodos e aplicações. Kemerich, P. D, da

C.; Ritter, L. G.; Borba, W. F.. Indicadores de sustentabilidade ambiental: métodos e aplicações.Revista do

Centro de Ciências Naturais e Exatas - UFSM, Santa Maria. Revista Monografias Ambientais - V. 13, N. 5

(2014): Edição Especial LPMA/UFSM, p. 3723-3736.

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 138


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste capítulo falamos sobre a importância da empresa adotar ferramentas ou ins-


trumentos de gestão ambiental que visam auxiliar no processo de planejamento, bem como
na operacionalização da gestão ambiental, de modo que essa gestão possa ser integrada
de maneira estratégica por todas as suas atividades.
É importante se buscar medidas gerenciais ambientalmente corretas, incluindo a
adoção de gestão ambiental. Desta forma a implantação da gestão ambiental tem sido uma
das respostas das empresas a esse conjunto de pressões
Abordamos a norma NBR ISSO 14001 e seus benefícios. Desta forma foi fácil per-
ceber que a ISO traz diversas vantagens para a empresa. Porém preciso ressaltar que não é
um processo fácil, requer muito trabalho, esforço e comprometimento de todos da instituição.
Como já citado no texto existem vários entraves na gestão de um SGA, inclusive
resistência dos colaboradores em relação aos processos de auditoria interna e dificuldade
de cumprimento de alguns requisitos da norma em função de constantes mudanças na
legislação, mas com certeza valerá a pena para a empresa e seus colaboradores os frutos
colhidos pela normatização.
Desta forma, vale relembrar que o SGA proporciona melhorias econômicas e
estratégicas à organização. Economia devida à reciclagem, venda e aproveitamento de
resíduos e diminuição de efluentes, além da redução de multas e penalidades por poluição.
Ainda podendo gerar incremento de receitas como o aumento da contribuição marginal de
“produtos verdes” que podem ser vendidos a preços mais altos e o aumento da participa-
ção no mercado devido à inovação dos produtos e menos concorrência. Como benefícios
estratégicos é a melhoria da imagem institucional, Renovação do “portfólio” de produtos,
Aumento da produtividade, Alto comprometimento do pessoal e entre outros.

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 139


LEITURA COMPLEMENTAR

Artigo 01: Implantação da ISO 14001:2004: estudo de caso de uma indústria de


papel da região centro-sul do Paraná.
Fonte: Crotti, K.; Maçaneiro, M.B.. Implantação da ISO 14001:2004: estudo de caso
de uma indústria de papel da região centro-sul do Paraná. REAd. Revista Eletrônica de
Administração (Porto Alegre), vol.23 nº.2. 2017. http://www.scielo.br/scielo.php?script=s-
ci_arttext&pid=S1413-23112017000200274. Acesso: 26 Jan. 2021.

RESUMO
Aliar as necessidades dos negócios às ambientais, trata-se de um desafio para as
organizações. Os sistemas de gestão ambiental certificados pela NBR ISO 14001:2004
visam facilitar este processo, além de propiciar visibilidade positiva às organizações. No
entanto, para adotar tal certificação, exige-se o atendimento de diversos requisitos e o
desenvolvimento de estratégias de ecoinovação. Sob tal enfoque, esta pesquisa levantou
os seguintes questionamentos: como a indústria de papel atendeu às exigências da NBR
ISO 14001:2004? Quais estratégias de ecoinovação foram realizadas para a indústria con-
quistar a certificação?

MATERIAL 02 : CAPÍTULO 07 - Indicadores - Avaliação e acompanhamento -


Fonte: Plano Regional da Água . AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO. http://www.
azores.gov.pt/NR/rdonlyres/4354C312-AF0D-49E8-B310-591F282E50B3/434676/07Ava-
liacaoeacompanhamento_web.pdf. Acesso: 28 Jan. 2021.

RESUMO
Trata-se de dicas para a implementação do Plano Regional da Água que deverá
ser alvo de um processo de avaliação e acompanhamento com o objetivo de se aferir em
que medida a implementação da programação proposta no plano está em conformidade
com as linhas de orientação e objetivos propostos.

Artigo 03: Sustentabilidade Ambiental na Construção Civil – Sistemas Leed e Aqua


Fonte: LEITE, V. F., 2011, “Sustentabilidade Ambiental na Construção Civil –
Sistemas Leed e Aqua”, Monografia de Graduação, Escola de Engenharia/UFMG, Belo

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 140


Horizonte, MG, Brasil. Disponível em: https://mac.arq.br/wp-content/uploads/2016/03/
certificacoes-leed-e-aqua-trabalho-final-graduacao.pdf. Acesso: 22 jan. 2021

RESUMO
O trabalho tem como objetivo entender o papel da certificação ambiental na cons-
trução civil, fazendo uso das duas certificações ambientais mais utilizadas na construção
civil brasileira, o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) e o Processo
AQUA (Alta Qualidade Ambiental). Será realizada toda a fundamentação do desenvolvi-
mento sustentável e como ele evoluiu até os dias de hoje, sendo apresentados conceitos
relativos à construção sustentável, Green Building, e sistemas de avaliação ambiental. Será
realizada a definição e compreensão da estrutura, metodologia de aplicação e fases das
duas certificações, servindo para uma comparação entre as duas. Serão apresentados dois
estudos de caso, um representando a certificação LEED e outro a certificação Processo
AQUA, o que resultará em uma análise dos prós e contras de cada um dos certificados.

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 141


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Sistemas de Gestão Ambiental (ISO 14001) e Saúde e
Segurança Ocupacional (OHSAS 18001)
Autor: Mari Elizabete Bernardini Seiffert.
Editora: Atlas.
Sinopse: O foco principal deste livro está em discutir os benefícios
para a implantação integrada das normas OHSAS 18001 e da ISO
14001. Aborda também a sinergia existente nessa integração para
o processo de gestão dos perigos relacionados ao processo pro-
dutivo, alinhando o desempenho da organização a um nível mais
elevado de responsabilidade social, segundo a ótica do desenvol-
vimento sustentável. O conteúdo dos capítulos da obra objetiva
fornecer elementos para que se possa perceber como o processo
de implantação integrada dos dois instrumentos de gestão é extre-
mamente interessante tanto do ponto de vista econômico, estra-
tégico, gerencial, como do ponto de vista operacional, otimizando
sua gestão dentro de uma perspectiva holística.

FILME/VÍDEO
Título: Quer Saber? SGA, o Sistema de Gestão Ambiental
Ano: 2016.
Sinopse: O que é um Sistema de Gestão Ambiental? Para que
serve? Porque é importante e como pode nos ajudar a preservar o
meio ambiente? Maneira animada de ensinar SGA.

FILME/VÍDEO 2
Título: Política Ambiental
Ano: 2015.
Sinopse: Vídeo sobre a Política Ambiental, requisito necessário
para a implantação de um Sistema de Gestão Ambiental - SGA.

UNIDADE IV Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 142


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156
CONCLUSÃO GERAL

Prezado(a) aluno(a),

Neste material, busquei trazer para você os principais conceitos a respeito da


sustentabilidade e responsabilidade social. Para tanto abordamos as definições teóricas e,
neste aspecto acreditamos que tenha ficado claro para você o quanto é estratégico para
gestores de todas as áreas de uma organização compreender que a relação meio ambiente
e desenvolvimento devem deixar de ser conflitantes para tornar-se uma relação de parceria.
O material apresentou contextos ligados ao fluxo para construção do modelo de
gestão da sustentabilidade.
Traz visões de pesquisadores que demonstram a importância da criação de visão
voltada à sustentabilidade e temática Sistemas de Diagnóstico e Gestão, principalmente
pautada no Código de Conduta e ética.
Foi possível perceber que é preciso que as empresas dê ênfase em Indicadores
de Sustentabilidade, pois é um mecanismo de evidenciar a criação de valor e relatar aos
usuários da informação sobre a atuação da organização.
Tratou também de temas como Auditoria socioambiental e Relatórios de Sustenta-
bilidade. Os relatórios de sustentabilidade são uma forma de comunicação da organização
com os seus stakeholders.
Por fim, foi discorrido sobre as Políticas ambientais no Brasil. Nesse sentido, foram
apresentadas as leis, regulações e principais agências reguladoras do Brasil que tratam
de questões socioambientais (principalmente, as que são ligadas às atividades de grande
impacto socioambiental).
Ao término do estudo desta Unidade, esperamos que você tenha compreendido a
urgência das empresas e demais organizações aplicarem práticas de mensuração do de-
sempenho sustentável, relatarem os resultados da atuação aos stakeholders e fomentarem
o diálogo com a sociedade por meio da transparência. Bons Estudos!

Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigado!

157
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