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Métodos

Quantitativos
Matemáticos
Professor Me. Arthur Ernandes Torres da Silva

EduFatecie
E D I T O R A
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

S586m Silva, Arthur Ernandes Torres da


Métodos quantitativos matemáticos / Arthur Ernandes
Torres da Silva. Paranavaí: EduFatecie, 2022.
107 p. : il. Color.

ISBN nº 978-65-5433-031-2

1. Matemática. 2. Análise Matemática. I. Centro Universitário


UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. II. Título.

CDD : 23 ed. 515


Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577
https://orcid.org/0000-0001-5409-4194

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AUTOR

Professor Me. Arthur Ernandes Torres da Silva

● Bacharel em Física na Universidade Estadual de Maringá (UEM)


● Licenciatura em Física na Universidade Estadual de Maringá (UEM).
● Mestre em Física pela Universidade Estadual de Maringá (UEM).
● Doutorando em Física - Universidade Estadual de Maringá (UEM)
● Professor Formador UniFatecie
● Professor de Física no Colégio Educacional Noroeste Paranavaí.

Professor e pesquisador. Tem experiência na área de física da matéria con-


densada, impedância elétrica (teórica e experimental) e dinâmica de íons em células
eletrolíticas. Possui experiência como docente no Ensino Médio e Ensino Superior. Nos
cursos de Engenharia Civil, Engenharia de produção e Arquitetura, já foi professor das
disciplinas de Cálculo Diferencial e Integral, Física Geral e Laboratório de Física Geral.

CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/4605782782813159


APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Seja muito bem-vindo(a)!

Prezado(a) aluno(a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, isso já é


o início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora. Neste material
foram abordados diversos assuntos com muitos exemplos e comentários para facilitar os
estudos do material de Métodos Quantitativos Matemáticos.
Proponho, junto a você, construir nosso conhecimento sobre diversos tópicos os
quais serão essenciais para sua formação acadêmica. A proposta da ementa é trazer se-
gurança em diversos ramos da Matemática teórica para aqueles que optarem pela carreira
acadêmica, assim como para aqueles que atuaram diretamente no mercado de trabalho.
Na Unidade I, começaremos a nossa jornada definindo o conjunto dos números
que usaremos em nossa disciplina, a proporção direta e indireta entre grandezas, represen-
tação de funções e como analisar o domínio e imagem de uma função.
Já na Unidade II, vamos tratar especificamente algumas funções, como as polino-
miais, tanto de primeiro como de segundo grau, as exponenciais e modulares. Junto com
a análise algébrica de cada uma delas vamos analisar essas funções do ponto de vista
gráfico também.
Depois, na Unidade III, vamos tratar especificamente de um novo formalismo mate-
mático, os de limites e derivadas. Iremos aprender a interpretar geometricamente a derivada
de uma função bem como o valor que a mesma tende ao aproximar de um valor limite.
Por fim, na última unidade, vamos aprender introduzir o conceito de primitivas e
integrais. Qual é a diferença entre uma integral definida e indefinida e a relevância desse
conceito para diversas áreas da ciência.
Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada
de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em
nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional.

Muito obrigado e bom estudo!


SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 3
Matemática Básica e Conjuntos Numéricos

UNIDADE II.................................................................................................... 31
Funções Polinomiais, Exponencial e Modular

UNIDADE III................................................................................................... 62
Limites e Derivadas

UNIDADE IV................................................................................................... 86
Integrais
UNIDADE I
Matemática Básica e
Conjuntos Numéricos
Professor Me. Arthur Ernandes Torres da Silva

Plano de Estudo:
● Grandezas e proporções;
● Teoria dos conjuntos;
● Representação de funções;
● Domínio e imagem de funções.

Objetivos da Aprendizagem:
● Aprender relações de proporcionalidades;
● Conhecer os conjuntos numéricos;
● Compreender o Plano Cartesiano;
● Entender o domínio, contra domínio e imagem de uma função.

3
INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo à primeira unidade de nosso material. Esta unidade
será dedicada ao estudo das grandezas diretamente proporcionais e inversamente propor-
cionais, bem como algumas regras de três que serão de grande utilidade para os exercícios.
Na sequência, vamos entrar na teoria dos conjuntos, os quais descrevem os núme-
ros em algumas classes. Na terceira parte o estudo será direcionado a representação de
funções e por fim, vamos aprender a calcular o domínio e imagem de uma função.

Aproveite ao máximo seus estudos. Vamos lá então!

UNIDADE I Matemática Básica e Conjuntos Numéricos 4


1. GRANDEZAS E PROPORÇÕES

Na natureza, tudo aquilo que pode ser medido e estudado é uma grandeza. A
física divide as grandezas em duas grandes vertentes. A primeira refere-se as grandezas
escalares, suponha que você esteja comprando uma determinada quantidade de carne no
açougue. Como exemplo hipotético, você diz “por favor, gostaria de 1 Kg de alcatra”. Por
outro lado, seria estranho se fosse dito “por favor, gostaria de 1 Kg de alcatra na horizontal
para direita”. Note que, dizendo apenas a quantidade da grandeza já foi suficiente para
deixar claro o que queria. Essas grandezas que são caracterizadas pelo seu módulo, ou se
preferir, pelo valor da mesma, são batizadas de grandezas escalares. Outro exemplo é a
temperatura, provavelmente nunca você presenciou a apresentadora da previsão do tempo
falando “amanhã fará sol com uma temperatura de 35o C na vertical para cima”, basta dizer
“amanhã fará sol com uma temperatura de 35O C”. Diversos outros exemplos podem ser
usados, como por exemplo tempo, potência, energia e entre outros.
Contudo, quando você está trabalhando em uma estrutura e precisa especificar um
eixo que sustenta o sistema de forma estável, será necessário um estudo da distribuição
de forças. Toda vez que trabalhar com essa grandeza é necessário especificar além do seu
módulo, sua direção (vertical ou horizontal) e sentido (direita, esquerda, sentido positivo,
sentido negativo, leste, oeste). Dessa forma, a grandeza força é chamada de grandeza
vetorial. De forma geral, sejam grandezas escalares ou vetoriais, elas podem se relacionar
entre em, seguindo uma proporção direta ou indireta.

UNIDADE I Matemática Básica e Conjuntos Numéricos 5


Proporção entre grandezas
Vamos iniciar nossos estudos de proporções com o seguinte exemplo: Júlio está
dirigindo seu carro veloz pela rodovia, o qual executa um movimento uniforme (movimento
este em que a velocidade é constante) durante todo o trajeto. Vamos ver uma tabela que
mostra a relação entre tempo de viagem e distância percorrida:

TABELA 1 – PROPORÇÃO DIRETA

TEMPO (horas) DISTÂNCIA (Quilômetros)


½h 50 km
1h 100 km
2h 200 km
3h 300 km
Fonte: O autor (2021).

Observe que quando a cada uma hora, a distância percorrida é de 100 km. A conta
obvia que você deve ter feito foi, por exemplo, entre os tempos de 1h e 2h:

Simplificando as unidades no denominado e numerador de cada fração:

Portanto, a proporção é a mesma, ou seja, ao duplicar o tempo também é duplicado


o espaço percorrido. Nesse caso em que as razões variam de acordo com as grandezas é
dito que são diretamente proporcionais.
Entretanto, vamos ver outro exemplo: suponha que o destino de Júlio seja o mesmo
que de seus dois outros amigos, Pedro e Fabio, cada um em seu carro. Vamos ver em uma
tabela o tempo que cada um leva para se deslocar ao longo da rodovia.

TABELA 2 – PROPORÇÃO INVERSA

Condutor Velocidade (Km/h) Tempo (horas)


Júlio 50 Km/h 6h
Pedro 100 Km/h 3h
Fábio 150 Km/h ½h
Fonte: O autor (2021).

UNIDADE I Matemática Básica e Conjuntos Numéricos 6


Veja que Júlio gasta seis horas para chegar ao destino, uma vez que sua velocidade
é de 50 km/h. Já Pedro a 100 km/h leva metade do horário. Por consequência, Fábio que
está a uma velocidade maior de 150 km/h executa o mesmo trajeto com meia hora. Vamos
ver a relação de dois deles:

Simplificando as unidades no denominado e numerador de cada fração:

Nesse caso, quando duas grandezas variam uma na razão inversa da outra, é
denominado inversamente proporcionais.
Vamos fazer alguns exemplos para compreendermos relações de proporção. Quan-
do a proporção for direta, vamos fazer uma regra de três simples. Já se forem inversamente
proporcionais, utilizaremos a regra de três inversa. Para a resolução, iremos adotar um
processo padrão:
1) Construir uma tabela com dados especificando cada coluna e a variável que
queremos encontrar;
2) Identificar se é uma correlação diretamente ou inversamente proporcional entre
as grandezas;
3) Escrever a proporção e resolver a equação.
Ex. 01
Anderson comprou 2 camisas para um final de semana na praia e pagou R$100,00.
Quanto ele gastaria se comprasse 7 camisas da mesma marca e valor?
Resolução:

TABELA 3 – PROPORÇÃO ENTRE CAMISAS E PREÇO

Camisas Preço (R$)


2 100
7 x
Fonte: O autor (2021).

Reescrevendo em termos de uma razão:

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Multiplicando cruzado:

Logo:

Ex. 02
No parque de exposições de Paranavaí, um dos brinquedos do parque é o carros-
sel. Supondo que o brinquedo execute 40 voltas em 10 minutos. Quantas voltas ele irá fazer
em 18 minutos?

Resolução:

TABELA 4 – PROPORÇÃO ENTRE VOLTAS E TEMPOS

Voltas Tempo
40 10
x 18
Fonte: o autor (2021).

Reescrevendo em termos de uma razão:

Multiplicando cruzado:

Logo:

Ex. 03
Durante uma vistoria de segurança em uma cozinha de restaurante, Cleiton verifica
que uma torneira está pingando. O proprietário afirma que em 25 minutos, foi desperdiçado
3 litros de água. Qual a quantidade de água desperdiçada em uma hora?

UNIDADE I Matemática Básica e Conjuntos Numéricos 8


Resolução:

TABELA 5 – PROPORÇÃO ENTRE TEMPO E QUANTIDADE DE ÁGUA

Tempo Quantidade de água


25 min 3 Litros
60 min x
Fonte: O autor (2021).

Reescrevendo em termos de uma razão:

Multiplicando cruzado:

Logo:

Ex. 04
Fátima é uma costureira muito requisitada, em uma de suas encomendas teve que
usar 4 metros de um determinado tecido que custa 82,00 R$. Qual o preço de 11,5 metros?
Resolução:

TABELA 6 – PROPORÇÃO ENTRE TAMANHO E VALOR

Tamanho Valor
4 metros 82,00 R$.
11,5 metros x
Fonte: O autor (2021).

Reescrevendo em termos de uma razão:

Multiplicando cruzado:

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Logo:

Desse modo, vimos até aqui algumas relações de grandezas diretamente propor-
cionais. Contudo, como fica o caso de relações inversamente proporcionais? Para resolver
esse problema é de forma muito parecida, mas quando reescrevemos a equação, devemos
alterar a ordem de uma das frações, veja os exemplos:

Ex. 05
Um automóvel está em movimento à uma velocidade média de 60Km/h e realiza
um determinado percurso em 2 horas. Em quanto tempo faria esse mesmo percurso, se a
velocidade utilizada fosse de 100km/h? Resolução:

TABELA 7 – PROPORÇÃO ENTRE VELOCIDADE E TEMPO

Velocidade Tempo
60 Km/h 2h
100 Km/h x
Fonte: o autor (2021).

Reescrevendo em termos de uma razão:

Multiplicando cruzado:

Logo:

Ex. 06
Para encher um reservatório de água, uma torneira demora 4 horas. Porém, e
se fossem utilizadas 5 torneiras, quanto tempo levaria para preencher o reservatório no
mesmo nível de antes?

UNIDADE I Matemática Básica e Conjuntos Numéricos 10


Resolução:

TABELA 8 - PROPORÇÃO ENTRE NÚMERO DE TORNEIRAS E TEMPO

Nº de torneiras Tempo
1 4
5 x
Fonte: O autor (2021).

Reescrevendo em termos de uma razão:

Multiplicando cruzado:

Logo:

Para finalizar nossa análise das relações de proporção, vamos estudar uma situa-
ção em que existam três grandezas ou mais e relacioná-las entre sim. Para isso, vamos
fazer uso da regra de três composta. Veja alguns exemplos:

Ex. 07
Um armazém para o estoque de soja é construído em 10 dias com 15 operários,
os quais trabalham 4 horas por dia. O mestre de obras decide na próxima obra contratar
20 operários e que eles trabalhem 8 horas por dia. Logo, em quantos dias a obra ficaria
concluída? Assumindo que o armazém seja o mesmo.
Resolução:

TABELA 9 – PROPORÇÃO ENTRE NÚMERO DE OPERÁRIOS, DIAS E HORAS POR DIA

Nº de operários Dias Horas por dia


15 10 4
20 x 8

Fonte: O autor (2021).

UNIDADE I Matemática Básica e Conjuntos Numéricos 11


Para resolver esse problema vamos considerar a grandeza incógnita como refe-
rência e as demais constante. Veja que aumentando o número de funcionários, então a
quantidade de dias deve diminuir, logo o número de operários e dias são inversamente
proporcionais. Por outro lado, diminuído as horas por dia e pensando em número de dias,
é intuitivo concluir que menor a quantidade de horas por dia, logo mais dias necessários.
Assim, horas por dia e dias também são inversamente proporcionais.
Matematicamente para resolver o problema, deixamos a coluna da incógnita isolada
e escrevemos a proporção das demais como produto de frações.

Observe que as frações da esquerda, foram invertidas, por serem inversamente


proporcionais. Fazendo as multiplicações:

Ex. 08
João Carlos trabalha em sua fazenda colhendo laranjas. Sozinho ele colhe 1000
laranjas em 6 horas. Devido à grande quantidade de trabalho, ele pretende aumentar a
produção e contrata mais 2 funcionários que iriam trabalhar com ele por 8 horas. Quanto
de laranja o grupo vai colher?
Resolução:

TABELA 10 – PROPORÇÃO ENTRE NÚMERO DE PESSOAS, NÚMERO DE LARANJAS E HORAS

Nº de pessoass Nº de laranjas Horas por dia


1 1000 6
3 x 8
Fonte: O autor (2021).

Note que aumentando as pessoas, tende a aumentar a colheita de laranjas e, aumen-


tando o tempo de trabalho, também aumenta o número de frutos colhidos. Logo, todas são
grandezas proporcionais e podemos organizar a relação da matemática da seguinte forma:

UNIDADE I Matemática Básica e Conjuntos Numéricos 12


Note que sempre isolamos de um lado a fração da incógnita.

UNIDADE I Matemática Básica e Conjuntos Numéricos 13


2. TEORIA DOS CONJUNTOS

Caro leitor, essa primeira unidade será dedicada para o estudo de conjuntos nu-
méricos. Não pretendo apresentar todo o assunto de forma morosamente ou ser leviano,
mas para entendermos o rigor matemático das próximas unidades, é justo que revisemos
o básico antes.

2.1 Conjunto dos números


Vamos iniciar definindo o conjunto dos números naturais N:
= {0,1,2,3,4,…}
Ou se preferir, os naturais podem ser definidos a partir do número um.
*= {0,1,2,3,4,…}

A representação dos números naturais junto ao (*) indica que estamos “excluindo”
o número zero, ou seja, naturais não nulos.
Veja que a adição de números naturais resulta em outro número natural, ou seja:
0+3=3
2+8=10
Bem como a multiplicação dos números naturais resulta em outro natural:
0 .2=0
6 .4=24

UNIDADE I Matemática Básica e Conjuntos Numéricos 14


Contudo, a subtração de qualquer natural com outro resulta em um número natural?
5-3=2
3-9=-6
0-2=-2
Observe que podem haver uma infinidade de operações de subtração que nos
computam um número negativo e, como você viu recentemente, o conjunto dos naturais
não englobam os números negativos, e agora? Surge então a necessidade de um novo
conjunto numérico, os inteiros :
= {…,-4,-3,-2,-1,0,1,2,3,4,…}
Note que esse novo conjunto engloba o conjunto dos números naturais N:

Portanto, podemos escrever que o conjunto dos números naturais está contido no
conjunto dos números inteiros:

Ademais, podemos classificar o conjunto dos inteiros de diversas formas:


*= {…,-3,-2,-1,1,2,3,…}→ Inteiros não nulos
+= {0,1,2,3,…}→ Inteiros não negativos
*
+ = {1,2,3,…}→ Inteiros positivos
__ = {…,-3,-2,-1,0}→ Inteiros não positivos
* = {…,-3,-2,-1}→ Inteiros negativos
__
Vamos fazer alguns exemplos para classificar os números entre e .

Ex. 01
Marque verdadeiro ou falso nas sentenças abaixo e justifique a resposta

Resolução:
O primeiro item é verdadeiro, pois
= {…,-4,-3,-2,-1,0,1,2,3,4,…}
Ou seja, o elemento zero pertence ao conjunto dos números inteiros 0 .

UNIDADE I Matemática Básica e Conjuntos Numéricos 15


II)
A segunda alternativa está falsa, na verdade é ao contrário. Pois como estudamos,
é o conjunto dos naturais que estão contido no conjunto dos números inteiros:

III) Verdadeira. A união de é o mesmo que “juntar”


= {0,1,2,3,4,…}
Com
__={…,-3,-2,-1,0}
Isso resulta em um conjunto de números: {…,-3,-2,-1,0,1,2,3,4,…} que é o conjunto
dos inteiros .

IV) (-2)2 ∈ *

Isso significa que o número (-2)2 = 4 pertence aos inteiros negativos? Não! A alter-
nativa está errada.

V) (12-16) ∈ *

Dessa vez, a operação 12-16 resulta em -4, um número negativo e este pertence
aos inteiros negativos? Sim! Portanto, a alternativa está correta.
Vamos retomar nossos estudos sobre o conjunto dos números. Observe que a adi-
ção, subtração e multiplicação de números inteiros pertencem aos números inteiros. Ou seja:
-5+2=-3
-1-4=-5
2.(-8)=-16
Contudo, e se a operação for uma subtração?

Nos dois primeiros exemplos o resultado foi um número inteiro, mas o terceiro resulta
em um número inteiro? Não, veja que é um número não inteiro. Portanto, isso exige um novo
conjunto que englobe as divisões, a esse conjunto foi dado o nome de racionais .
A definição desse novo conjunto é dada por:

UNIDADE I Matemática Básica e Conjuntos Numéricos 16


Ou seja, temos um numerador que pode assumir qualquer valor numérico contido
no conjunto dos números inteiros. Entretanto, o denominador não pode ser igual a zero,
pois não existe divisão por zero. Sendo assim, b deve pertencer aos inteiros, mas exceto o
valor de zero, então b *. Vamos à alguns exemplos dos números racionais:

Note que

Pois um número sozinho é o mesmo que estar sendo dividido por 1! Ou seja:

Dentro do conjunto dos racionais, podemos ter dois tipos de divisões:


1) Decimal Exato: Isso significa que o resultado da divisão é um número exato, ou seja:

2) Decimal Periódico: Nesse caso o resultado da divisão é uma sequência repetitiva


de números, denominada dízima periódica:

Outro conjunto muito importante são dos números irracionais , que são valores
decimais não exatos que possuem uma representação infinita e não periódica:
√2 = 1,4142135…
√3 = 1,7320508…
π = 3,14159265
Por fim, mas não menos importante, a união do conjunto dos números racionais
com o conjunto dos irracionais , gera o conjunto dos números reais . A definição deste
último conjunto pode ser escrita como:

UNIDADE I Matemática Básica e Conjuntos Numéricos 17


FIGURA 1 – CONJUNTO DE NÚMEROS

Fonte: O Autor (2021).

A representação da junção dos conjuntos é essa, dessa forma, podemos mensurar


o domínio de cada um dos conjuntos.

UNIDADE I Matemática Básica e Conjuntos Numéricos 18


3. REPRESENTAÇÃO DE FUNÇÕES

Para definir uma função matemática, vamos inicialmente entender com clareza
todas as ferramentas que serão utilizadas, começamos pelo plano gráfico no qual vamos
usar a partir desse momento.

3.1 Plano Cartesiano


Chama-se de Sistema de Coordenadas no plano cartesiano, um esquema
usado para especificar pontos no plano. Ele é formado por dois eixos perpendiculares, um
horizontal, chamado abscissa, é representado por x, e outro vertical, chamado de ordena-
da, e representado por y. Os eixos são enumerados e orientados conforme o conjunto dos
números reais com o encontro dos eixos sendo o zero, chamado de origem do sistema. A
seguir temos uma figura que representa esse plano cartesiano. Esse sistema recebe esse
nome por ter sido criado por René Descartes.

UNIDADE I Matemática Básica e Conjuntos Numéricos 19


FIGURA 2 – PLANO CARTESIANO

Fonte: GEOGEBRA. Disponível em: https://www.geogebra.org/calculator. Acesso em: 12 nov. 2021.

A indicação de uma localização, as chamadas coordenadas cartesianas, é da forma


( x, y). Assim, se queremos o ponto P(a , b), primeiramente observamos o valor a no eixo x,
fazemos uma linha r paralela à y, passando por a, e, em seguida, observamos o valor b no
eixo y, traçamos outra linha t paralela à x, passando por b. O encontro de r e t é o ponto P.
Por exemplo, vamos localizar o ponto P(2,1).

FIGURA 3 - LOCALIZAÇÃO DE P

Fonte: GEOGEBRA. Disponível em: https://www.geogebra.org/calculator. Acesso em: 12 nov. 2021.

UNIDADE I Matemática Básica e Conjuntos Numéricos 20


Ex. 01
Indique no plano cartesiano os seguintes pontos:
A(2,3), B(–2,1), C(–4,3), D(–1,–2), E(4,0) e F(0,–3)
Resolução:
Prosseguindo de forma equivalente ao exemplo do ponto P indicado anteriormente temos:

FIGURA 4 – PONTOS NO PLANO CARTESIANO

Fonte: GEOGEBRA. Disponível em: https://www.geogebra.org/calculator. Acesso em: 12 nov. 2021.

3.2 Conjuntos

Agora, você, estudante, terá contato com a definição de função. Um conceito

matemático importante para várias ciências, tais como Engenharia, Física, Economia,

Biologia entre outras.

Exemplos: o crescimento de bactérias se dá através de uma função que associa

o tempo com o número de bactérias, a compra de um item no supermercado também é

uma função do dinheiro que você leva para tal fim, o consumo de gás em sua cozinha

dentre outros casos.

Mas o que é uma função? Sejam dois conjuntos não vazios A e B, chamamos de

Função de A em B toda relação que associa cada elemento de A, a um único elemento em

B. x1, x2 , x3 , x4 , y1 , y2 , y3 , y4.

UNIDADE I Matemática Básica e Conjuntos Numéricos 21


FIGURA 5 – CORRESPONDÊNCIA DO CONJUNTO A E B

Fonte: O Autor (2021).

Todo elemento de uma função é da forma (x , y), por efeito de notação usamos:
( x,f (x)).
Ex. 02
Sejam os conjuntos A = {0,1,2,3} e B = { x ∈ N / 2x – 9 < 7}. Considere a função f: A
→ B definida por y = f(x) = 2x + 1. Calcule f(0), f(1), f(2) e f(3). Faça um diagrama de flechas
indicando a função.
Resolução:
Vemos que 2x – 9 < 7, então 2x < 7 + 9. Assim 2x < 16 implica em x < 8. Logo B =
{0,1,2,3,4,5,6,7}. Desta forma:
f(0) = 2.0 + 1 = 0 + 1 = 1
f(1) = 2.1 + 1 = 2 + 1 = 3
f(2) = 2.2 + 1 = 4 + 1 = 5
f(3) = 2.3 + 1 = 6 + 1 = 7

FIGURA 6 – RELAÇÃO ENTRE CONJUNTOS A E B

Fonte: O Autor (2021).

UNIDADE I Matemática Básica e Conjuntos Numéricos 22


4. DOMÍNIO E IMAGEM DE FUNÇÕES

Em várias áreas das ciências, como matemática, física, engenharias, química,


biologia, economia e outras, as funções estão presentes. O objetivo de uma função é ca-
racterizar um termo que pode ser escrito em função de outro. Por exemplo:
A área de um quadrado é dada por lado vezes lado. Isso escrito como função é:
A( l ) = l 2
O que isso significa? A função é a área A, os parênteses na frente incluem a variá-
vel da função, que neste caso é o lado do quadrado l. Dessa forma a função é como uma
máquina que quando embutimos nela uma moeda e giramos a alavanca, ela nos fornece
um resultado. Para cada valor de l, teremos um resultado diferente para a área, veja:
A (l) = l2
A(1) = (1)2 =1
A(4) =(4)2 =16
A(-3) = (-3)2 =9
Veja no último caso que podemos ter um resultado positivo mesmo que o valor
assumido pela variável é negativo. Contudo, quando as funções são aplicadas em sistemas
reais, alguns resultados não tem sentido, nesse caso, não temos um lado negativo de um
quadrado.

UNIDADE I Matemática Básica e Conjuntos Numéricos 23


4.1 Domínio e Imagem de uma Função
Quando se trata de funções, existem algumas características fundamentais. O
primeiro será chamado de domínio. Basicamente domínio de uma função são todos os pos-
síveis valores que podemos atribuir as variáveis da função para que forneça um resultado
bem definido. Vejas alguns exemplos:

Ex. 01
Encontre o domínio da função f (x) = 5 x
Resolução:
Veja que podemos atribuir qualquer valor para x, seja ele negativo, nulo, positivo,
uma fração ou mesmo uma dízima. Portanto, dizemos que o x pertence ao conjunto dos
números reais:
D = {x ∈ }
Ex. 02
Dada a função abaixo, encontre seu domínio

Resolução:
Inicialmente, vamos fazer uma experiência. Nesse exato momento, pegue uma
calculadora, seja ela científica, comum, do celular ou do computador, e faça a divisão de 5
por zero. O que acontece?
Muito provável que alguma resposta como: “não é possível dividir por zero” ou
“erro” apareceram em seu visor da calculadora. Isso significa que não podemos dividir um
número por zero. Logo, x = 0 não faz parte do domínio da função, pois fazendo:

Logo, dizemos que:

Lendo essa última expressão: O domínio da função é x que pertence ao conjunto


de todos os reais, tal que x deve ser diferente de zero. Ou seja, qualquer calor de x está no
domínio da função, menos quando x=0.

UNIDADE I Matemática Básica e Conjuntos Numéricos 24


Ex. 03
Encontre o domínio da função

Resolução:
Nesse caso, vamos analisar outro fator, a raiz quadrada. Sabemos que dentro do
conjunto dos números reais, não existe raiz de números negativos. Logo:

Assim, qualquer valor da incógnita que seja nulo ou maior do que zero, está dentro
do domínio da função.
Agora que compreendemos o que significa o domínio de uma função, vamos en-
tender outro conceito simples, a Imagem de uma função. Basicamente a imagem de uma
função é o valor assumido pela função quando encolhemos um valor para a incógnita. Veja:

Ex. 04
Determine a imagem da função quando x = 6.
f(x) = 3x-8
Resolução:
f (6) = 3.(6)-8
f (6) = 18-8
f (6) = 10
Logo Im =10.

Ex. 05
Determine a imagem da função quando z = -4.
g(z) = 4z
Resolução:
g(-4) = 4.(-4)
g(-4)= -16
Portanto Im = -16.
Para que uma relação binária seja função, cada x do domínio deve estar associado
com um único y no contradomínio. Assim, podemos identificar se um gráfico cartesiano re-
presenta uma função traçando retas paralelas ao eixo y. Então você pode notar que se todas
essas retas verticais interceptam o gráfico em apenas um ponto, então, temos uma função.
Observe as figuras a seguir:

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FIGURA 7 – GRÁFICO QUE NÃO REPRESENTA UMA FUNÇÃO

Fonte: STEWART, 2016.

Nessas figuras note que a lei de formação de ambas tem domínio o intervalo D =
[x1 , x2]. Mas a Figura 7 não representa função pelo fato existir um x D com mais de uma
imagem, enquanto a Figura 8 representa uma função.

FIGURA 8 – GRÁFICO QUE REPRESENTA UMA FUNÇÃO

Fonte: STEWART, 2016.

4.2 Crescimento e Decrescimento de Função


Suponha que F seja uma função real pertencente ao domínio do conjunto D. Se R
é um subconjunto de D, logo é possível classificar as funções em crescente, decrescente e
constante mediante o gráfico.

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● CRESCENTE: f é crescente em R, para quaisquer valores x_1 e x_2
pertencentes a R, sendo x 1 < x 2, temos f (x_1) < f (x_2).
● DECRESCENTE: f é decrescente em R, para quaisquer valores x_1 e x_2
pertencentes a R, sendo x1 < x 2, temos f (x1) > f (x2).
● CONSTANTE: f é constante em R, para quaisquer valores x 1 e x 2
pertencentes a R, sendo x 1 ≠ x 2 , temos f (x1) = f (x2).

É válido ressaltar que uma função real de variável real diz respeito a uma função
que apresenta números reais tanto nos elementos do conjunto de partida ou domínio, como
no conjunto imagem. Desse modo, em razão dos números pertencerem ao conjunto R, a
função é dada por f: R → R.
Como exemplos de funções reais de variáveis reais, veja as sentenças a seguir:
f(x) = 5x + 7, f(x) = x3 + 2x + 4, f(x) = -12x + ¾. Note que, quando resolvermos as funções,
chegaremos em um número real, isso se trocarmos o x por um valor real.
O conjunto constituído pelos números reais que possuem imagem denomina-se
domínio real. Ademais, uma função real de variável real normalmente é dada por f: A → R,
onde A é um subconjunto dos números reais. Porém, é importante destacar que nem todos
os números reais tenham imagem pela função. De modo a se chegar ao domínio real, é
necessário refletir acerca da condição de existência da lei de formação da função.

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REFLITA

Pitágoras dizia que o “Universo deve ser visto como um todo harmonioso, onde tudo
emite um som ou vibração e obedece a uma ordem criada pelos números”. Os números
estão muito enraizados em nosso dia a dia que nem pensamos mais sobre eles, mas
o que eles representam? São formas apenas de medir ou quantificar o que existe ao
nosso redor?

Fonte: Pereira (2013).

SAIBA MAIS

Quando o tronco de uma árvore é cortado, é fácil notar que existem círculos escuros.
Cada círculo desse é chamado de anel de crescimento. Cada anel corresponde a um
ano de vida. Nas espécies de regiões tropicais, como é o caso do Brasil, os anéis são
difíceis de definir. Os anéis são contados de dentro para fora, a partir da medula. Nas ár-
vores que vivem em regiões de clima temperado esses anéis são bem fáceis de contar.
Podemos associar essa contagem a uma função do primeiro grau.

Fonte: Santos (2020).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pronto! Você chegou ao final da Unidade I de nosso material, foi possível estudar
e abordar uma série de tópicos da matemática envolvendo proporção entre grandezas, as
quais variam de forma direta ou inversa entre si. Na sequência adentramos nos conjuntos
numéricos e classificamos os números em naturais, inteiros, racionais, irracionais e reais.
Iniciamos nossos estudos sobre funções, a representação de conjuntos, como
calcular o domínio e imagem de uma função.
Espero que você tenha aproveitado ao máximo esse material e que ele sirva como
referência para futuras consultas.

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MATERIAL COMPLEMENTAR

FILME/VÍDEO
Título: Donald No País Da Matemágica
Ano: 1959.
Sinopse: É uma aventura voltada para o mundo infantil, mas tam-
bém é muito interessante para adultos. Espécie de documentário,
com 27 minutos, no qual Disney usa a animação para explicar
como a matemática pode ser fácil de entender e como ela está
aplicada em coisas muitos simples do cotidiano.

LIVRO
Título: Matemática Básica Para Cursos Superiores
Autor: Sebastião Medeiros da Silva.
Editora: Atlas.
Sinopse: Esta obra tem como principal objetivo oferecer uma revi-
são dos conhecimentos de Matemática para os alunos ingressan-
tes no Ensino Superior, apresentando as ferramentas necessárias
para o desenvolvimento de seu raciocínio lógico. Ele apresenta
exercícios e incentivos para o uso de recursos eletrônicos, como
calculadoras programáveis e tabelas em Excel. Livro-texto para
a disciplina Matemática do ciclo básico de cursos nas áreas de
Ciências Humanas e Ciências Sociais Aplicadas.

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UNIDADE II
Funções Polinomiais,
Exponencial e Modular
Professor Me. Arthur Ernandes Torres da Silva

Plano de Estudo:
● Funções do primeiro grau;
● Funções de segundo grau;
● Funções modulares;
● Funções exponenciais.

Objetivos da Aprendizagem:
● Estudar as funções polinomiais de primeiro e segundo grau;
● Aprender a calcular e aplicar funções exponenciais;
● Compreender funções modulares.

31
INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) aluno(a), nesta segunda unidade, vamos ver em específico algumas
funções que compõe uma vasta aplicação nas ciências exatas, principalmente nas enge-
nharias. Vamos começar estudando as funções de primeiro e segundo grau, assim como
suas representações gráficas.
Na sequência, vamos entrar em duas funções características, as exponenciais
e as modulares, as quais são vagamente aplicadas em outros ramos como em ciências
biológicas e economia.

Esperamos que essa unidade tenha grande proveito para você.

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Matemática
Polinomiais,
Básica e Conjuntos
Exponencial
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INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) aluno(a), nesta segunda unidade, vamos ver em específico algumas
funções que compõe uma vasta aplicação nas ciências exatas, principalmente nas enge-
nharias. Vamos começar estudando as funções de primeiro e segundo grau, assim como
suas representações gráficas.
Na sequência, vamos entrar em duas funções características, as exponenciais
e as modulares, as quais são vagamente aplicadas em outros ramos como em ciências
biológicas e economia.

Esperamos que essa unidade tenha grande proveito para você.

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1. FUNÇÕES DE PRIMEIRO GRAU

Quando um sistema pode ser descrito por uma igualdade em que temos números
e uma variável a se determinar, temos uma equação. O objeto desconhecido na literatura
pode ser chamado de incógnita, parâmetro ou variável. Em termos básicos, o problema
de uma equação simples de primeiro grau é encontrar o valor da variável que satisfaça a
equação. Veja um exemplo:
12x - 36 = 12
Para encontrar o valor da variável x que satisfaça essa equação, devemos isolá-lo
na expressão. Portanto, primeiro passamos para a direita , que se torna positivo:
12x = 12 + 36
12x = 48
Agora, para finalizar, o número 12 está multiplicando a incógnita. Logo, passamos o
12 dividindo para o lado direito da igualdade. Assim encontramos o valor da variável.

Contudo, uma equação deve ser classificada quanto a ordem da sua variável:
ax + b = 0
Note que a variável x está elevado ao expoente 1 (por isso não está especifica-
do). Já os termos a e b são constantes que pertencem ao conjunto dos números reais (o
conjunto que engloba praticamente todos os números, como negativos, zero, positivos,
frações, raízes e dízimas).

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Caso a variável x estivesse elevado ao expoente dois, a equação seria de segundo
grau. Se estivesse elevado ao expoente 7, seria de sétimo grau, e assim por diante. Nesse
capítulo, vamos dar ênfase a equação de primeiro grau. Vamos à alguns exemplos.

Ex. 01
Resolva a equação
3x + 3 = 12
Resolução:
Começamos fazendo algumas operações algébricas. Primeiro, o que está soman-
do (ou subtraindo) vai para o outro lado da igualdade. Como se tivéssemos que deixar
variáveis de um lado da igualdade e números do outro.
3x = 12-3
3x = 9
Passando o termo que está multiplicando a incógnita:

Ex. 02
Resolva a equação
9y - 2y = 12 + 4y
Resolução:
Separando a variável de um lado da igualdade:
9y - 2y - 4y = 12
3y = 12
Portanto:
y=4
Ex. 03
Resolva a equação

Resolução:
Separando a variável de um lado da igualdade:

Nesse caso, para somar uma fração om um número (ou uma fração com outra
fração), é necessário que o denominador seja o mesmo. Existem algumas maneiras de
resolver essa soma, a mais conhecida é o MMC (mínimo múltiplo comum). Contudo, nesse
caso, vou apresentar uma forma diferente.

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Multiplicando o segundo termo por é o mesmo que multiplicar por 1. Uma vez
que e a unidade vezes um termo é ele mesmo. Assim, não estamos alterando em nada
o segundo termo, mas conseguimos deixa-lo com o mesmo denominador que o primeiro:

Isolando a variável, ou seja, passando o 2 multiplicando e o 9 subtraindo:

Ex. 04
Resolva a equação

Resolução:
Devemos começar isolando variáveis e números na equação:

Nesse momento caro leitor(a), fique à vontade para fazer a soma de frações como
achar mais fácil e prático.

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Ex. 05
Encontre o valor da variável que satisfaça a equação

Resolução:
Isolando os termos:

Veja que ambos os lados da igualdade temos o sinal negativo. Assim, podemos
simplificar. Ficando apenas:

Passando o número 4 que está multiplicando na esquerda da igualdade, para a


direita dividindo junto ao 3:

1.1 Gráfico da equação do primeiro grau


A função do primeiro grau tem sua forma genérica dada por:
f (x) = ax + b
Aprendemos que é o coeficiente angular e o coeficiente linear. Contudo, grafica-
mente, qual o significado desses parâmetros?
O coeficiente angular mede a inclinação da reta, em outras palavras, quanto maior
o coeficiente angular de uma função, mais inclinada é a curva. Caso o coeficiente angular
seja igual a zero (a = 0), então, a curva não possui inclinação e, se o coeficiente de inclina-
ção for negativo (a < 0), então a curva é orientada para baixo. Tome como exemplo o gráfico
da função afim (função de primeiro grau):

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FIGURA 1 – FUNÇÃO DO PRIMEIRO GRAU COM DIFERENTES

VALORES PARA O COEFICIENTE ANGULAR

Fonte: PHET. Inclinação e Intersecção no Eixo Y. Disponível em: https://phet.colorado.edu/sims/html/graphin-

g-slope-intercept/latest/graphing-slope-intercept_pt_BR.html. Acesso em: 09 dez. 2021.

O ponto destacado em rosa indica onde a curva toca o eixo das coordenadas.
Portanto, o ponto em que a bolinha está mostrando no gráfico é o coeficiente linear b, nesse
exemplo, é no ponto y =2.
Como mencionado, no primeiro caso f (x) = y = 2x+2, ou seja, o coeficiente angular
é positivo. No segundo gráfico f(x) = y =-2x+2, logo a inclinação é negativa e a reta aponta
para baixo. No terceiro caso, não há inclinação f (x) = y =0.x+2 → f (x) = y = 2.

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2. FUNÇÕES DO SEGUNDO GRAU

Toda a equação que tem o formato x2+bx+c = 0 , em que a, b e c são números


reais é dita equação do segundo grau e o motivo para essa nomeação é devido ao fato da
variável da função apresentar o maior expoente igual a 2.
A solução de uma equação do é obtida através de um método desenvolvido por
Bhaskara, matematicamente escrito como:

Em que:

Analisando o valor de delta podemos tirar três conclusões:


Δ > 0 → têm-se duas raízes reais e diferentes
Δ = 0 → têm-se duas raízes reais e iguais.
Δ < 0 → têm-se duas raízes imaginárias.

Além disso, veja com muita atenção que quando o coeficiente que multiplica o
termo quadrático for igual a zero, ou seja a = 0, então não será uma equação de segundo
grau, mas sim de primeiro. Pois o que restará será apenas bx + c = 0, que é a expressão
genérica de uma equação de segundo grau. Vamos resolver alguns exemplos para que
você compreenda o método de Bhaskara.

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Ex. 01
Resolva a equação
4x 2 - 5x - 6 = 0
Resolução:
Primeiro, identifique o termo a, b e c:
4x 2 - 5x - 6 = 0
ax2 + bx + c = 0
Portanto:

Veja que o sinal negativo deve ser levado em conta também. Vamos calcular o valor
de delta agora:

Atente-se aos sinais no cálculo do valor de delta. Outro ponto importante é que o
ideal é que o resultado de delta seja um valor que tenha raiz quadrática exata. Nesse caso,
a raiz quadrada de 121 é 11, o que é um bom sinal que sua resolução está caminhando
para o resultado certo.
Vamos calcular as raízes da equação. Da expressão genérica temos:

O sinal positivo para a raiz quadrada de delta é para uma das raízes, por outro lado,
o sinal negativo diz respeito a segunda raiz. Vamos calculá-las separadamente:

Já a segunda raiz:

Portanto, as raízes da equação são x1 = 2 e .

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Ex. 02
Resolva a equação
x2 -12x + 36 = 0
Resolução:
Primeiro, identifique o termo a, b e c:

Observe que quando não tem “nada” multiplicando uma variável, não importa o seu
expoente, é o mesmo que o número 1 multiplicando o termo. Portanto, x2 = 1. x 2 → a = 1.

Esse caso é muito importante! Quando delta for nulo, as raízes são idênticas, pois
o que faz x1 ser diferente de x2 é ±√Δ na equação genérica da raiz. Dessa forma:

Como √0=0, resta apenas

Ex. 03
Resolva a equação
x2 - 9x =0
Resolução:
Nesse caso não precisamos fazer o processo de Bhaskara. Basta isolar a variável:
x2 - 9x
Podemos simplificar em ambos os lados, deixando da forma:
x=9
Essa portanto é a solução da equação.

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Ex. 04
Encontre as raízes da equação:

Resolução:
Comparando a expressão de segundo grau com a equação genérica, temos os
coeficientes dados por:

Assim:

Observe que elevar uma raiz quadrada ao quadrado é o mesmo que simplificar a
raiz, restando apenas o número.

Já a segunda raiz:

Portanto, as raízes da equação são x1 = 1,3 e x2 = -2,7.

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Ex. 05
Calcule as raízes da equação
(2x -3)2 = (4x-3)2
Resolução:
Primeiro, para deixar essa equação com a forma de uma equação de segundo
grau, fazemos uma expansão dos termos:
Soma pela diferença: (a-b)2 = a2 - 2ab + b2. No nosso caso
4x2-12x+9 =16x2-24x+9
Passando todos os termos da esquerda para a direita:
0 = 16x2-26x + 9 - 4x2+12x-9
0 = 12x2 -12x
Agora retornando o -24x para a esquerda:
12x = 12x2
Como temos em ambos os lados da equação:
12x = 12x
Isolando a incógnita, ou seja, passando o 12 dividindo:

Para verificar se o resultado está certo, basta substituir na expressão original e


verificar se a igualdade é satisfeita:

Lembrando que qualquer número ou incógnita elevado à um expoente par fica


positivo. Assim, temos:
1=1
O que comprova a validade do nosso resultado.

2.1 Vértice de uma Parábola


Observando que o gráfico da função quadrática é uma parábola com concavidade
voltada para cima ou para baixo, então temos um ponto máximo ou mínimo dependendo
do sinal do coeficiente a. Esse ponto é chamado de vértice da parábola y = ax2 + bx + c. É
no vértice que o gráfico muda de crescente para decrescente ou vice-versa. O vértice da
função é dado pelo ponto V (xV , yV), cujas coordenadas são:

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O gráfico da função f: R→ R quadrática é simétrica em relação à reta R vertical que
passa pela abscissa do vértice.
Quando o valor do coeficiente a é maior que zero, a ordenada do vértice da parábola
é também chamado de valor mínimo. Se o valor do coeficiente a é menor que zero, então
dizemos que a ordenado do vértice é o valor máximo.

Ex. 06
Considere a função f: R→ R definida por f (x) = x2 – 5x + 6. Obter o vértice do gráfico de f.
Resolução:
Para obtermos o vértice dessa parábola iremos usar a fórmula

Então:

Logo temos

FIGURA 2 – VÉRTICE DE UMA PARÁBOLA

Fonte: PHET. Gráfico de Quadráticas. Disponível em: https://phet.colorado.edu/sims/html/


graphing-quadratics/latest/graphing-quadratics_pt_BR.html. Acesso em: 09 dez. 2021.

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2.2 Análise gráfica da equação de segundo grau
Para finalizar nossos estudos sobre equações do segundo grau, vamos examinar
cara parâmetro do ponto de vista gráfico. A equação do segundo grau é dada por:
ax2 + bx+c = 0
1) Termo quadrático a:
Esse número está multiplicando x 2, isso significa que se a > 0 então o gráfico da
equação de segundo grau tem concavidade voltada para cima. Mas se a < 0, então a con-
cavidade é para baixo.
Tome como exemplo a equação x2 + x -2 = 0 e - x2 + x + 2 = 0 :

FIGURA 3 – PARÁBOLA VARIANDO O COEFICIENTE a

Fonte: PHET. Gráfico de Quadráticas. Disponível em: https://phet.colorado.edu/sims/html/


graphing-quadratics/latest/graphing-quadratics_pt_BR.html. Acesso em: 09 dez. 2021.

2) Coeficiente b:
Esse coeficiente multiplica o termo que multiplica x e é responsável por deslocar a
parábola no sentido positivo ou negativo do eido das abcissas. Observe a equação x2+0x-2
= 0, ou seja, com coeficiente b = 0.

FIGURA 4 – PARÁBOLA CENTRADA

Fonte: PHET. Gráfico de Quadráticas. Disponível em: https://phet.colorado.edu/sims/html/


graphing-quadratics/latest/graphing-quadratics_pt_BR.html. Acesso em: 09 dez. 2021.

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Note que a concavidade está centralizada. Agora vamos aumentar o termo b gra-
dativamente:

FIGURA 5 – PARÁBOLA DECENTRALIZADA PARA A ESQUERDA

Fonte: PHET. Gráfico de Quadráticas. Disponível em: https://phet.colorado.edu/sims/html/


graphing-quadratics/latest/graphing-quadratics_pt_BR.html. Acesso em: 09 dez. 2021.

Agora reduzindo gradativamente o termo :

FIGURA 6 – PARÁBOLA DECENTRALIZADA PARA A DIREITA

Fonte: PHET. Gráfico de Quadráticas. Disponível em: https://phet.colorado.edu/sims/html/


graphing-quadratics/latest/graphing-quadratics_pt_BR.html. Acesso em: 09 dez. 2021.

Deixando claro que o termo é responsável por deslocar o gráfico, fazendo com que
o vértice ora se situe em um quadrante, ora no seu simétrico.

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3) Coeficiente c:
Esse termo é um número real e basicamente sua função é mostrar em que ponto
do eixo das coordenadas a parábola intercepta. Vamos analisar alguns exemplos, dada a
equação de segundo grau do tipo x2 + 5x + 1

FIGURA 7 – PARÁBOLA INTERCEPTANDO O EIXO DAS COORDENADAS EM y = 1

Fonte: PHET. Gráfico de Quadráticas. Disponível em: https://phet.colorado.edu/sims/html/


graphing-quadratics/latest/graphing-quadratics_pt_BR.html. Acesso em: 09 dez. 2021.

Observe no marcador que a parábola passa pelo ponto y = 1. Vamos ver mais
algumas funções:

FIGURA 8 – PARÁBOLA INTERCEPTANDO O EIXO DAS COORDENADAS EM y = -4

Fonte: PHET. Gráfico de Quadráticas. Disponível em: https://phet.colorado.edu/sims/html/graphing-quadrati-


cs/latest/graphing-quadratics_pt_BR.html. Acesso em: 09 dez. 2021.

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FIGURA 9 – PARÁBOLA INTERCEPTANDO O EIXO DAS COORDENADAS EM y = 3

Fonte: PHET. Gráfico de Quadráticas. Disponível em: https://phet.colorado.edu/sims/html/


graphing-quadratics/latest/graphing-quadratics_pt_BR.html. Acesso em: 09 dez. 2021.

FIGURA 10 – PARÁBOLA INTERCEPTANDO O EIXO DAS COORDENADAS EM y = -2

Fonte: PHET. Gráfico de Quadráticas. Disponível em: https://phet.colorado.edu/sims/html/


graphing-quadratics/latest/graphing-quadratics_pt_BR.html. Acesso em: 09 dez. 2021.

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3. FUNÇÕES MODULARES

Suponha que você está em uma nova cidade e pergunta a alguém onde fica o
shopping. É provável que a pessoa responda que o shopping está a uma quantidade de
quilômetros de distância. Esse valor é positivo, dado que as medidas vinculadas à distância
apresentam um valor positivo.
Note, portanto, que a distância é conceituada como a medida da separação de
dois pontos. Ao tratarmos da distância entre dois pontos, discorremos sobre o mínimo
comprimento entre os prováveis trajetos, saindo de um ponto A e alcançando um ponto B.
Percebe-se assim que a distância é sempre uma medida positiva. Além disso, a distância
de um ponto A até um ponto B é a mesma distância do ponto B até o ponto A.
Com base nessas reflexões, faz-se agora uma análise do conceito de módulo ou
valor absoluto de um número real x, o qual relaciona-se à distância de um ponto da reta à
origem. É válido ressaltar que, para a definição do módulo ou valor absoluto de um número
real, a exemplo de |x|, são utilizadas essas duas barras | | a fim de representar o módulo de
x. Outrossim, mostra-se a distância de x a zero na reta real ao trabalhar com o módulo de x.
Matematicamente o módulo é compreendido como:

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A partir disso, pode-se constatar que o módulo (ou valor absoluto) de um número
real positivo é o próprio número, e o módulo (ou valor absoluto) de um número real negativo
é o oposto do número simetricamente em relação ao eixo das coordenadas.

Ex. 01
a) |+6| = 6 e |–6| = –(–6) = 6
b) |8| = 8 e |–8| = –(–8) = 8

3.1 Equações Modulares


As equações modulares são aquelas em que a incógnita se encontra dentro do mó-
dulo. De modo a solucionar as equações modulares, é necessário levar em consideração
as condições do módulo de um número.
Observe alguns exemplos de equações modulares abaixo.

Ex. 02
Solucione a equação |x + 3| = 6.
Resposta:
Aplicando as regras da função módulo |x + 3| = 6 ou x + 3 = - 6, vamos resolvê-las
individualmente.
x+3 = 6→ x = 6-3→ x =3
x+3 =-6→ x =-6-3→x =-9
Assim, a equação modular tem solução S = {-9 ; 3}

Findado o exemplo, agora, iniciaremos a explicação sobre a função modular, a


qual refere-se à função disposta dentro de um módulo. Isto posto, sua lei de formação
apresenta pelo menos uma variável no interior do módulo, de modo que o seu formato
seja retratado por y = | f (x)| . Vale ressaltar que sua aplicabilidade no cotidiano se dá, por
exemplo, na comparação das temperaturas entre duas ou mais cidades. Portanto, é uma
função bastante importante.
O gráfico de uma função modular pode ser formado a partir da substituição dessa
função por outras duas funções análogas.

É importante destacar ainda que todas as funções modulares podem ser expressas
por mais de uma sentença. Veja abaixo alguns exemplos de funções modulares.

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Ex. 04
Elaborar o gráfico da função real f(x)= |x|.
Resposta:
Com base na definição de módulo, tem-se que:

Quando x ≥ 0 tem-se a bissetriz do 1º quadrante e, quando x < 0, a bissetriz do


2º quadrante.
Indo um pouco além, pode-se também considerar que g (x) = x é uma reta que
passa pela origem.
Assim sendo, elabore o gráfico e estabeleça a projeção da parte negativa para positiva.

FIGURA 11 - GRÁFICO DE f(x) = |x|

Fonte: GEOGEBRA. Disponível em: https://www.geogebra.org/calculator. Acesso em: 09 dez. 2021.

Ex. 05
Se a função f: R → R é definida por f (x) = |x2 – 4|, construa o gráfico dessa função.
Resposta:
A partir da definição de módulo, tem-se que:

Assim sendo, é possível elaborar o gráfico da função e estabelecer a projeção da


parte negativa para a positiva.

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Numéricos
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FIGURA 12 - GRÁFICO DA FUNÇÃO f(x) = |x2 – 4|

Fonte: GEOGEBRA. Disponível em: https://www.geogebra.org/calculator. Acesso em: 09 dez. 2021.

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4. FUNÇÕES EXPONENCIAIS

Quando estudamos crescimento de bactérias, ou mesmo de preço de ações na


bolsa de valores, até em física quando fazemos um estudo de um movimento em queda
livre e precisamos determinar a velocidade limite de queda, nos deparamos nesses casos
com a função exponencial.
Vamos definir a função exponencial:
Seja um número real a (a>0 e a ≠1), denomina-se função exponencial de base e
que essa base seja necessariamente positiva.
f (x) = ax
Abaixo está o gráfico da função exponencial para diferentes valores do expoente.

FIGURA 13 - FUNÇÃO EXPONENCIAL COM TERMO a = 2 E a = 0,5

Fonte: STEWART, 2016.

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Não é possível que a base seja um número negativo, igual a zero ou igual a 1.
Por isso o domínio da função vai dos reais para os reais positivos .
Vamos à alguns exemplos:

Ex. 01
Classifique se as funções abaixo são exponenciais.

Resolução:
I. f (a) = 2a, como a base é maior do que , então é uma função exponencial.
II. f (x) = 4x, veja que 4 >1, então a função é exponencial.
III. , dessa vez temos o número 1/2 que se localiza entre 0 < a < 1, logo,
também é uma função exponencial.
IV. f (x) = (-1)x , nesse caso a base é negativa, isso significa que não é uma
função exponencial.
V. f (x) = (1)x , como a base é igual a 1, isso não é uma função exponencial.
VI. f (x) = (x)4, observe que a base é a variável, isso caracteriza uma função polinomial.
A função exponencial a variável vai no expoente. Logo f (x) = (x)4 não é exponencial.

Agora no próximo exemplo, vamos trabalhar com as regras de potencialização e


de base dez visto no capítulo anterior.

Ex. 02
Dada a função exponencial f (x) = 3x, calcule:
I) f (3);
II) f (-2);
III) f (0,5).

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Resolução:

Vamos calcular o valor da incógnita em funções exponenciais.

Ex. 03
Determine o valor da variável na equação
3x+1 = 81
Resolução:
Para calcular o valor da variável, primeiro devemos deixar o lado direito da igualda-
de na mesma base que o lado esquerdo, ou seja
3x+1 = 34
Uma vez que 34 = 3.3.3.3=81. Agora, podemos simplificar as bases e sobra apenas:

Ex. 04
Resolva a equação

Resolução:
Vamos transformar o termo de dentro da raiz na base 2:

Note que ainda as bases não são iguais. Mas vamos verificar a seguinte propriedade:

Portanto:

Simplificando as bases:

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Ex. 05
Resolva a equação exponencial
2
7x -4
= 1
Resolução:
Observe que as bases não são iguais e não tem como modificar isso. Contudo,
lembre-se que qualquer coisa elevada a zero é igual a 1. Ou seja, podemos trocar o lado
direita da igualdade por:
2
7x -4
= 70
Assim a base é a mesma, podemos simplificar, ficando da seguinte forma
x2-4 = 0
x2 = 4
∴x = ±2
Ex. 06
Determine o valor da incógnita

Resolução:
Vamos colocar todos os termos na mesma base, podemos ver que 36 e 216 são
múltiplos de 6, assim:

Do lado direito da igualdade, invertemos a ordem, com isso o expoente fica negativo.

Ademais, o lado esquerdo podemos usar a propriedade de multiplicação , ficando


da seguinte forma:

Como a base é a mesma, podemos fazer:

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Ex. 07
Determine o valor da variável na igualdade abaixo

Resolução:
Primeiramente 0,75 = 75/100. Então:

Simplificando o lado esquerdo da igualdade por 25:

Comparando os dois lados


x=2
Ex. 08
Resolva a equação

Resolução:

Como a base é a mesma:

Multiplicando cruzado:

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4.2 Crescimento e Decrescimento
Nas construções que fizemos, você deve ter notado que a função f (x) = 2x é cres-
cente e a função é decrescente. Em uma função exponencial, não existe a
necessidade da construção do gráfico para constatarmos isso. A função pode ser crescente
ou decrescente conforme o valor de sua base. Se ela for maior que 1, a função é crescente;
se a base for um número real entre 1 e 0, temos uma função decrescente.
Indiferente da função exponencial f (x) = a x
ser crescente ou decrescente, seu
gráfico sempre cruza o eixo das ordenadas, eixo y, no ponto (0, 1). Outro fator a ser notado
é que, pelo fato de termos , o seu gráfico não toca o eixo x.

4.3 Inequações exponenciais


Como existem equações com incógnitas no expoente, também existem inequa-
ções. Contudo, os processos de resolução são muito parecidos. Você deve sempre buscar
determinar uma desigualdade com elementos de mesma base.
Definimos como inequação exponencial toda desigualdade que possui variável no
expoente. Como por exemplo, 3 x-1 > 81.
Toda inequação tem como referência funções, adotamos as mesmas condições
para as funções exponenciais. Para resolvermos uma inequação exponencial devemos nos
preocupar com as seguintes propriedades:     
● Se a >1 temos ax2 > ax1 gerando x2 > x1 (conserva o sentido da desigualdade).
● Se 0 < a < 1 temos ax2 > ax1  gerando x2 < x1 (inverte o sinal da desigualdade).
Os processos de resoluções de inequações exponenciais necessitam e muito que
você tenha consolidado os conceitos de potenciação para expressões de mesma base.
Também é importante ter um suporte de outras inequações, em especial as do primeiro e
segundo graus.

Ex. 09
Determine o conjunto solução da inequação 2x-1 > 128.
Resolução:
Na fatoração de 128 temos 27, assim
2x-1 > 27 => x – 1 > 7= > x > 8.
Logo, a solução da inequação é o conjunto S = {x ∈ R/ x > 8}.

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Ex. 08
Obter o conjunto solução da inequação .
Resolução:
Note que podemos escrever 27 = 33 ou ainda . Então temos:
Assim, temos x > –3. Verifique que mudamos o sentido da desigualdade pelo fato da
base ser entre 0 e 1. Concluímos que a solução da inequação é o conjunto S = {x ∈ R / x > –3}.

REFLITA

Como dizia  Ketely Almela  “O conhecimento científico é uma ciência que permite-nos


ampliar a semântica e o aprendizado que temos em relação ao mundo em que somos
compostos”. Os assuntos abordados nessa unidade, permite que possamos descrever
diversos fenômenos da natureza, caracterizado por funções. Você é capaz de pensar
em algum? 
 
Fonte: Ketely Almela (2013). 

SAIBA MAIS

Quando o tronco de uma árvore é cortado, é fácil notar que existem círculos escuros.
Cada círculo desse é chamado de anel de crescimento. Cada anel corresponde a um
ano de vida. Nas espécies de regiões tropicais, como é o caso do Brasil, os anéis são
difíceis de definir. Os anéis são contados de dentro para fora, a partir da medula. Nas ár-
vores que vivem em regiões de clima temperado esses anéis são bem fáceis de contar.
Podemos associar essa contagem a uma função do primeiro grau.

Fonte: Santos (2020).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Olá, caro(a) aluno(a), nessa segunda unidade vimos em detalhes alguns casos
e os mais corriqueiros de funções polinomiais, especificamente falando, da função de
primeiro grau e de segundo grau. Ademais, analisamos como essas funções são repre-
sentadas graficamente.
Junto a essas funções polinomiais, adentramos nas exponenciais, as quais pos-
suem grande aplicabilidade em qualquer área das ciências exatas e as funções modulares.
Esperamos que essa unidade tenha sido de grande proveito para sua formação
acadêmica. Aguardamos você na próxima unidade.

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MATERIAL COMPLEMENTAR

FILME / VÍDEO
Título: Cruzada
Ano: 2005
Sinopse: Ainda em luto pela repentina morte de sua esposa, o
ferreiro Balian junta-se ao seu distante pai, Baron Godfrey, nas
cruzadas a caminho de Jerusalém. Após uma jornada muito difícil
até à cidade santa, o jovem valente entra no séquito do rei leproso
Balduíno IV, que deseja lutar contra os muçulmanos para seu
próprio ganho político e pessoal. O filme mostra os rudimentos de
um sistema de coordenadas perpendiculares e suas vantagens.
No filme, é retratada a retomada de Jerusalém pelos muçulmanos,
em 1187; mesmo em menor número, o jovem francês Balian cria
um sistema de coordenadas para defender Jerusalém, o que lhe
permite obter maior precisão e otimização de seus recursos bélicos

LIVRO
Título: Guias de estudo de Matemática: Relações e Funções
Editora: Ciência Moderna
Autores: Estela Kaufman Fainguelernt e Franca Cohen Gottlieb
Sinopse: O livro apresenta conceitos referentes à relação e função,
fazendo uma sequência didática com maestria. O objetivo principal
deste livro é conduzir o aluno na construção do significado dos
conceitos de relação e função, bem como na compreensão de sua
utilidade como instrumento de trabalho nos diferentes contextos
em que são utilizados. Ele inicia abordando o conceito de relações
e conforme vai avançando a leitura ele constrói os conceitos de
funções e apresenta alguns casos particulares.

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UNIDADE III
Limites e Derivadas
Professor Me. Arthur Ernandes Torres da Silva

Plano de Estudo:
● Conceito de limite;
● Função contínua;
● Derivada e interpretação geométrica;
● Regras de derivada.

Objetivos da Aprendizagem:
● Compreender os tipos de limites e suas propriedades;
● Estabelecer a importância do limite para compreender
o comportamento de uma função contínua;
● Aprender a interpretação geométrica da derivada de uma função;
● Estudar as regras de derivada.

62
INTRODUÇÃO

Na segunda unidade, ao trabalharmos funções, fomos preparados para estudar o


conceito de limite de funções de uma variável. Agora neste módulo vamos aprofundar os
conhecimentos sobre limites.
Iremos estudar os conceitos de limites com essa bagagem será apresentado a
você algumas propriedades de limites, que visam facilitar a resolução de exercícios.
Será preciso entender o que acontece com uma determinada função quando a
variável tende a um valor real e está compreensão, para ser aplicada derivadas e integrais,
é fornecida pelo conceito de limite.
No terceiro capítulo compreenderemos graficamente o que é a derivada e como
derivar funções polinomiais. Na sequência, iremos aprender as regras de derivadas trigo-
nométricas, exponenciais e a mais utilizada, a regra da potência.
Desejamos uma boa leitura e seja bem-vindo ao conhecimento de uma matemática,
já não considerada básica.

UNIDADE III Limites e Derivadas 63


1. CONCEITO DE LIMITE

Suponha que uma pedra seja solta do alto de um prédio. Através da cinemática,
podemos calcular a função horária das posições pela seguinte equação:

Assumindo que o ponto de referência inicial S0=0 e que a velocidade inicial é nula v0
, então a função horária se resume em:

Contudo, o valor da aceleração da gravidade é de aproximadamente g = 10 m/s2.


Desse modo:

Com essa expressão matemática podemos determinar a velocidade da partícula.


Entretanto, se não soubermos o tempo total de queda, a expressão fica mais complicada de
se resolver. Assim, podemos calcular a posição em um tempo ligeiramente maior, pratica-
mente uma fração de segundos, ou seja, a posição no tempo de S(t) e em S (t+0,1) , vamos
usar como exemplo 6 segundos. A velocidade média é dada por:

UNIDADE III Limites e Derivadas 64


À medida que diminuímos os períodos em que estamos calculando, a velocidade
se aproxima de um valor limite. Veja mais alguns exemplos:

Para ∆t=0,05

Para ∆t=0,01

Para ∆t=0,001

TABELA 1 – VELOCIDADE INSTANTÂNEA

∆t=0,1 Vm = 60,5 m/s


∆t=0,05 Vm = 60,25 m/s
∆t=0,01 Vm = 60,05 m/s
∆t=0,001 Vm = 60,005 m/s
Fonte: o autor (2021).

UNIDADE III Limites e Derivadas 65


Note que à medida que o intervalo de tempo tende a um valor cada vez menor a
velocidade tende a um valor limite de 60 m/s 2 . Graficamente podemos pensar na inclinação
da reta tangente que indica a velocidade do corpo e que à medida que o intervalo de tempo
se restringe em um valor cada vez menor, a velocidade aproxima de um valor limite.

FIGURA 1 – LIMITE DA INCLINAÇÃO DA RETA TANGENTE

Fonte: STEWART, 2016.

Vamos analisar o comportamento da função f (x) = x2 - x+2 definida por para valores de
x próximos de 2. A tabela a seguir fornece os valores de para valores de próximos de 2, mas
não iguais a 2.

FIGURA 2 – LIMITES DA FUNÇÃO QUANDO

Fonte: STEWART, 2016.

Note que à medida que aproximamos o valor da variável por vindo de ambos os
lados, o resultado tende ao mesmo valor, ou seja y = f (x) = 2, matematicamente isso é
escrito como:

UNIDADE III Limites e Derivadas 66


Por definição, temos:
Suponha que f(x) seja definido quando está próximo ao número a. (Isso significa
que f(x) é definido em algum intervalo aberto que contenha a, exceto possivelmente no
próprio a.) Então escrevemos

é dito que “o limite de f (x), quando x tende a a , é igual a L”. se pudermos tornar os
valores de arbitrariamente próximos de (tão próximos de L quanto quisermos), tornando x
suficientemente próximo de a (por ambos os lados de a), mas não igual a .

1.1 Limites Laterais


No exemplo dado anteriormente na função

Temos que o quando x tende a x = 2 pela esquerda e pela direta resulta no mesmo
valor. Sendo assim, para especificar por onde nos aproximamos do valor limite, devemos
usar a seguinte notação:

Ex. 01
Determine o limite abaixo:

Resolução:

Ex. 02

Calcule o valor do limite

Resolução:

UNIDADE III Limites e Derivadas 67


Ex. 03

Calcule

Resolução:
Note que, substituindo y = 0 na expressão, vai resultar em , esse resul-
tado é inconclusivo, pois não existem divisão por zero e nem zero por zero, então vamos
expandir o denominador:

Aplicando os limites:

Ex. 04

Determine o limite de

Resolução:
Fazendo x → 0 resulta em , que é um resultado inconclusivo. Sendo assim,
vamos reescrever o numerador da seguinte forma:

UNIDADE III Limites e Derivadas 68


2. FUNÇÃO CONTÍNUA

O limite de uma função quando x tende a a pode muitas vezes ser encontrado
simplesmente calculando o valor da função em a. Funções com essa propriedade são
chamadas de contínuas em a. Veremos que a definição matemática de continuidade tem
correspondência bem próxima ao significado da palavra continuidade no uso comum.
Mas afinal de contas, o que vem a ser uma função contínua? De maneira simples,
podemos dizer que uma função contínua é aquela na qual quando desenhamos o gráfico, a
função não possui saltos ou quebras em seu domínio, ou ainda, função contínua é quando
conseguimos desenhar o gráfico completo sem precisar interromper a linha desenhada.
Uma função f (x) é contínua em x = a se satisfazer as três condições a seguir:
a) f (a) está definida existir
b) existir
c)
Quando pelo menos uma destas condições não for satisfeita, a função f (x) é
descontínua em x = a.

UNIDADE III Limites e Derivadas 69


FIGURA 3 – FUNÇÃO CONTÍNUA

Fonte: STEWART, 2016.

Ex. 01:
Verifique a continuidade da função f(x) em x= 1

Está função possui valor quando x = 1 , pois f (1) = 1. Então, a primeira condição de
continuidade foi satisfeita, pois é definida no ponto. Precisamos agora determinar o limite
para quando x →1.

Encontramos uma das situações na qual o limite é indeterminado. Precisamos


usar alguma das técnicas para conseguir calcular o limite. Neste caso, vamos escrever o
numerador de outra maneira e encontrar o limite:

Portanto, o limite de , isto é, existe limite, satisfazendo a segunda condição.


Por fim, precisamos verificar a terceira e última condição .
No exemplo,

UNIDADE III Limites e Derivadas 70


Como a última condição de continuidade não é satisfeita, podemos concluir que
a função f (x) é descontinua em x =1. Uma maneira conforme foi dito no início do tópico é
desenhar o gráfico da função. Ao fazê-lo, ficará evidente que no ponto onde x =1, a função
possui uma descontinuidade. A Figura 4 ilustra esse fato.

FIGURA 4 - GRÁFICO DA FUNÇÃO USADA NO EXEMPLO DE LIMITES LATERAIS

Fonte: Adaptado de: Guidorizzi (2001).

Ex. 02:
Verifique a continuidade da função f (x) em x = -1.

A primeira condição é que a função deve estar definida no ponto analisado. Aqui,
quando x = -1, temos:

Assim, a função satisfaz a primeira condição de continuidade. Para verificar a se-


gunda condição, vamos analisar os limites laterais. Pela esquerda:

Pela direita:

Note que os limites laterais existem e resultam no mesmo valor, isto quer dizer que:

UNIDADE III Limites e Derivadas 71


E para finalizar, verificamos a terceira condição. Temos:

Portanto, a função analisada é sim uma função contínua em x = -1. Para ficar mais
evidente, temos o gráfico da função a seguir (Figura 5).

FIGURA 5 - GRÁFICO DA FUNÇÃO USADA NO EXEMPLO DE LIMITES LATERAIS

Fonte: Adaptado de: Guidorizzi (2001).

Contudo, quando uma função não é contínua? Para verificar isso é muito simples,
basta você desenhar a curva do gráfico sem tirar a ponta do lápis do papel. Entretanto,
quando isso não é possível, é dito que a função é descontínua.

FIGURA 6 – EXEMPLOS DE FUNÇÕES DESCONTÍNUAS

Fonte: STEWART, 2016.


Em cada um desses casos, a função revela um caso de continuidade. Na primeira e
na segunda figura, é descontinua por um ponto da curva, na segunda figura a função tende
a infinito e no quarto gráfico é uma descontinuidade em saltos.

UNIDADE III Limites e Derivadas 72


3. DERIVADA E INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA 

Suponha que uma dada função seja expressada graficamente da seguinte forma:

FIGURA 7 – FUNÇÃO NO PLANO CARTESIANO

Fonte: STEWART, 2016.

Observe que a função faz um movimento de altos e baixos, porém existem pontos
específicos dessa curva, aquelas em que ela inverte seu movimento. Estudamos no capítulo
de funções qualquer curva tem uma taxa de inclinação, descrita pelo coeficiente angular da
função. Quanto maior o coeficiente angular de uma função, mais inclinada é a curva, caso o
coeficiente angular seja igual a zero, então a curva não possui inclinação e, se o coeficiente
de inclinação for negativo, então a curva é orientada para baixo. Tome como exemplo o
gráfico da função afim (função de primeiro grau):

UNIDADE III Limites e Derivadas 73


FIGURA 8 – DIFERENTES INCLINAÇÕES DE UMA RETA

Fonte: PHET. Inclinação e Intersecção. Disponível em: https://phet.colorado.edu/sims/html/graphing-slope-in-


tercept/latest/graphing-slope-intercept_pt_BR.html. Acesso em: 09 dez. 2021.

O ponto destacado em rosa indica onde a curva toca o eixo das coordenadas, no
exemplo é no ponto y= 2. Como mencionado, no primeiro caso f(x)= y =2x+2, ou seja, o coe-
ficiente angular é positivo. No segundo gráfico f (x) = y = -2x+2, logo a inclinação é negativa
e a reta aponta para baixo. No terceiro caso, não há inclinação f(x) = y= 0.x+2→f(x)= y =2.
Entretanto, como uma curva que possui vários altos e baixos pode ser descrita
como crescente ou decrescente?? Vamos ver um exemplo:

FIGURA 9 – RETAS TANGENTES SEM INCLINAÇÃO NOS MÁXIMOS E MÍNIMOS

Fonte: STEWART, 2016.

Ao longo da curva da figura anterior, em alguns pontos, foram traçadas retas tan-
gentes, que nada mais são do que retas que tocam em um único ponto. Logo, uma reta
tangente foi traçada no ponto A, em B, no ponto C e em P. Note que nos três primeiros
casos a inclinação da reta tangente é igual a zero e no ponto P a inclinação é positiva, pois
é direcionada para cima. Sendo assim, ao traçar uma reta tangente em um ponto, calcu-
lando a inclinação da reta tangente, podemos dizer que a função localmente é crescente,
decrescente ou é um ponto de máximo e mínimo.

UNIDADE III Limites e Derivadas 74


Porém, o que é um ponto de máximo e mínimo? O ponto de B é um ponto de má-
ximo e o ponto A e C são de mínimo, já o ponto P não é nenhum dos dois casos. Outro fato
importante, é que na maioria dos casos, os pontos de máximos e mínimos são de reversão.
Assim, vamos definir a derivada de um ponto em uma função como a variação ins-
tantânea da função em relação a x nesse ponto. Sendo assim, a derivada mede a inclinação
da curva em um dado ponto. Em nosso exemplo, a derivada nos pontos A, B e C é nula, por
outro lado, no ponto P ela é positiva.
Em que ponto uma função não é diferenciável? Quando a reta tangente possui tal
inclinação que fica posicionada na vertical.

FIGURA 10 – PONTO EM QUE A FUNÇÃO É NÃO DIFERENCIÁVEL

Fonte: STEWART, 2016.

Outro cenário é se a função é descontínua em um ponto. Logo, nesse valor, a


derivada não é bem definida.

FIGURA 11 – FUNÇÃO DESCONTÍNUA

Fonte: STEWART, 2016.

UNIDADE III Limites e Derivadas 75


Matematicamente como é escrita a derivada de uma função?

A notação de derivada é essa e o termo não é um valor d dividido por d vezes x.


É um operador e o x em baixo indica a variável em que estamos derivando. Ou seja, é
a derivada da função em relação a a derivada da função em relação a z e assim pode
ser feito para qualquer função em relação a qualquer variável.
Contudo, existem casos particulares, um deles é quando derivamos um número em
relação a uma variável ou uma função que depende de outra variável. Nesse caso é dito
que estamos derivando uma constante!

Nesse caso, todas as derivadas são nulas pois os termos a serem derivadas são
constantes em relação as variáveis em questão.
Outro caso bem definido é quando temos a variável derivada em relação a ela
mesma, ou seja:

Vamos agora aprender a primeira regra de derivada.

UNIDADE III Limites e Derivadas 76


4. REGRAS DE DERIVADA

Nessa última parte vamos aprender algumas regras da derivada. Em todo cálculo
diferencial e integral, uma das mais clássicas são a regra da potência, exponenciais e as
derivadas trigonométricas. Sendo assim, em nosso curso, que serve como base introdutória
para o cálculo, vamos aprender essas três.

4.1 Regra da potência


Essa regra é atribuída para funções do tipo polinomiais. Considere n um número
inteiro positivo, então:

No ditado popular, essa regra é conhecida como regra do tombo, pois seu princípio
é baseado em tombar o número do expoente para frente da base, passando a multiplicá-la
e quando ele “cai”, o número do expoente perde uma unidade. Vamos entender isso com
alguns exemplos:

UNIDADE III Limites e Derivadas 77


Ex. 01
Calcule a derivada f (x) = x 4.
Resolução:

Ex. 02
Determine a derivada de .
Resolução:

Quando há um termo elevado ao expoente 1 é o mesmo que não o escrever.

Em alguns casos, ao invés representarmos a derivada em sua forma por exemplo,


podemos apenas escrever . Vamos para mais alguns exemplos:

Ex. 03
Calcule a derivada da função:

Resolução:

Nesse exemplo, o terceiro termo é nulo pois estamos derivando um valor que
depende de x em relação a r , ou seja, é mesmo que derivar uma constante em relação a
variável, e isso vale zero.

Ex. 04

Determine a derivada da função:

Resolução:

UNIDADE III Limites e Derivadas 78


Observe que o segundo e o terceiro termo estão elevados à um expoente negativo,
isso significa que quando o expoente tombar, então ela ficará mais negativo ainda -3 -1 =
-4 e -2 -1 = -3. Ademais, atente-se ao jogo de sinais quando o expoente é negativo e passa
multiplicar a base. O segundo termo ficou positivo pois (-3) multiplicou - x -4.

Ex. 05
Calcule a derivada da função:

Resolução:

Primeiro, nesse caso, é preciso carregar a variável que está no denominado no


segundo caso para o numerador. Porém, lembre-se de que ao fazer esse procedimento o
sinal do expoente se altera. Assim:

Agora vamos derivar a função:

4.2 Derivadas trigonométricas


Na trigonometria existem algumas funções bem definidas como sen(x), cos(x), tg(x),
cotg(x), sec(x), cossec(x), entre outras. As derivadas base são as do seno e cosseno, as
quais são calculadas usando os conceitos de limites. Entretanto, não vamos entrar nessas
deduções matemáticas, uma vez que será de grande aplicabilidade para você saber lidar
com as derivadas e não como deduzi-las.
Deste modo, existe uma tabela das derivadas trigonométricas:

TABELA 2 – TABELA DE DERIVADAS

Fonte: STEWART, 2016.

UNIDADE III Limites e Derivadas 79


Outro detalhe importante é a periodicidade das derivadas trigonométricas. Veja que
quando f(x) = sen(x), então:

Consequentemente

A terceira derivada é:

Logo, se uma função for trigonométrica, a sua segunda derivada é igual ao mesmo
valor da função a menos de um sinal, bem como para retornar à função primária sem alterar
o sinal é precisar derivar pela quarta vez. Veja alguns exemplos:

Ex. 01
Calcule a derivada da função

Resolução:

Ex. 02
Calcule a derivada de

Resolução:

Veja que não é tão complicado trabalhar com derivadas trigonométricas, mas faça
dessa tabela como seu principal apoio na resolução de exercícios.

UNIDADE III Limites e Derivadas 80


4.3 Derivada da função exponencial
A função exponencial natural é escrita na forma f (x) = ex

FIGURA 12 – FUNÇÃO EXPONENCIAL E A INCLINAÇÃO DA

RETA TANGENTE EM ALGUNS PONTOS

Fonte: STEWART, 2016.

E a sua derivada é dada por:

Note então que a derivada da função exponencial é ela mesma. Vamos fazer alguns
exemplos:

Ex. 03
Calcule a derivada da função
f (x)= ex - x2
Resolução:

f (x) = e x - 2x

A derivada do primeiro termo é ele mesmo, pois é uma função exponencial e a do


segundo termo usamos a regra do expoente.

Ex. 04
Determine a derivada da função

Resolução:

UNIDADE III Limites e Derivadas 81


SAIBA MAIS

Uma das aplicações mais básicas do cálculo diferencial em física é como calcular a ex-
pressão da velocidade de um corpo e aceleração, partindo da função horária das posições.
No movimento retilíneo uniformemente variado, aprendemos que a função do espaço é
dada por:

Ao derivar a função do espaço, obtemos a função da derivada, esse é o significado da


derivada na cinemática! Ou seja

Logo:

Ou seja:

Que é exatamente a expressão da velocidade em função do tempo. Caso você derive


mais uma vez esse resultado, encontrará o valor da aceleração, uma vez que a derivada
da função da velocidade resulta na aceleração do sistema:

Assim:

O que nos leva ao valor da aceleração instantânea do movimento.

Fonte: O Autor (2021).

UNIDADE III Limites e Derivadas 82


REFLITA

“De que irei me ocupar no céu, durante toda a eternidade, se não me derem uma infini-
dade de problemas de matemática para resolver”
“O homem morre, mas suas obras ficam”

Fonte: Augustin Louis Cauchy (1789-1857).

UNIDADE III Limites e Derivadas 83


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Começamos a unidade abordando o conceito de limite de uma função de variável


real e função contínua. Dessa forma, podemos introduzir brevemente o formalismo da de-
rivada de uma função. Sendo assim, no tópico 3 abordamos a interpretação geográfica da
derivada, os máximos e mínimos e o que é a derivada em um ponto da curva.
Na sequência, aprendemos algumas regras de derivadas, como a regra do ex-
poente, algumas derivadas trigonométricas e a derivada da função exponencial. Existem
inúmeras outras regras de derivadas e resultados tabelados. Contudo esse aprofundamento
em derivadas será feito na disciplina de cálculo diferencial e integral.

Aguardamos você no próximo módulo. Até mais.

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MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Em busca do Infinito
Autor: Ian Stewart.
Editora: Zahar.
Sinopse: O autor apresenta a história da matemática de forma
clara e simples, passando dos primeiros símbolos numéricos
da Mesopotâmia aos grandes problemas ainda insolúveis que
desafiam a mente dos maiores cientistas de nosso tempo. Com
ajuda de mais de 100 ilustrações, desmistifica ideias essenciais da
matemática, explicando um tema de cada vez.

FILME / VÍDEO
Título: Gênio Indomável
Ano: 1997.
Sinopse: Em Boston, um jovem de 20 anos servente de uma uni-
versidade que já teve algumas passagens pela polícia, revela-se
um gênio em matemática e, por determinação legal, precisa fazer
terapia, mas nada funciona, pois ele debocha de todos os analis-
tas, até se identificar com um deles.

UNIDADE III Limites e Derivadas 85


UNIDADE IV
Integrais
Professor Me. Arthur Ernandes Torres da Silva

Plano de Estudo:
● Primitivas;
● Integrais;
● Integral Indefinida;
● Integral Definida.

Objetivos da Aprendizagem:
● Interpretar o significado da integral de uma função;
● Aprender a calcular integrais definidas e indefinidas;
● Estudar as principais técnicas de integração.

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INTRODUÇÃO

Prezado(a) aluno(a), essa unidade será direcionada para o estudo das integrais,
assunto esse que é o carro chefe do cálculo. Ademais, é indispensável que qualquer aluno
das ciências deixe de saber como funciona o cálculo de integrais.
Vamos começar estudando o Teorema Fundamental do Cálculo e entender grafi-
camente o seu significado. Nos tópicos posteriores abordaremos as integrais definidas e
indefinidas, as quais se diferem somente através pela presença do limite de integração,
além de a primeira resultar em um valor numérico e a segunda em uma expressão algébrica.
Esse módulo em específico prepara você para inúmeros conceitos físicos que são
escritos em teoremas de integrais, como por exemplo no eletromagnetismo em que aborda-
mos as equações de Maxwell, Princípio de Bernoulli, entre outras leis físicas.
Esperamos que esta unidade seja imensamente proveitosa e seja de bom uso na
sua formação acadêmica.

Bons estudos!

UNIDADE IV Integrais 87
1. PRIMITIVAS

Na física cinemática quando sabemos o valor da velocidade de um movimento


retilíneo uniformemente variado e precisamos obter a expressão do espaço, precisamos
“retroceder” a equação da velocidade. Na física elétrica, quando estudamos campo o campo
elétrico gerado por uma partícula puntiforme, podemos generalizar uma forma de encontrar
esse valor a partir da Lei de Gauss, escrita matematicamente como uma integral de super-
fície que caracteriza uma superfície imaginária em torno da carga pontual. Em cada caso, é
preciso encontrar uma função F cuja a derivada é uma função que já conhecemos. Se essa
função F existir, então ela é batizada de primitiva de f.
Vamos primeiro ver o caso mais simples do cálculo da primitiva de uma função
polinomial. Vimos na unidade passada que para obter a derivada de uma função desse tipo,
seguíamos a seguinte ideia matemática:
f (x) = x n→f' (x) = n . x n-1
Essa regra ficou conhecida como regra da potência, ou também conhecida como regra
do tombo. O expoente “cai” para frente multiplicando a base e o expoente perde uma unidade.
Como vamos estudar a primitiva de uma função, nada mais intuitivo do que pensar
que se a derivada o expoente tomba e perde uma unidade, então a primitiva, é como se um
expoente “ganhasse” uma unidade. Porém, depois que acrescentarmos uma unidade do
expoente, precisamos dividir a base por esse novo expoente:

UNIDADE IV Integrais 88
Veja a importante da necessidade desse denominador, a ideia é pensar “qual a
função que devemos obter que derivando retorna a essa inicial?” Se não tivesse esse
denominador, a primitiva seria assim:

Agora, para verificar se está certo, vamos derivar F (x) para ver se retorna a f (x):

Ou seja, antes f (x) = x 3 e agora f (x) = 4x3 ? Isso não faz sentido. Mas se for feito
da forma correta:

Então:

Agora está correto! Essa é a justificativa por dividir a primitiva por n + 1, pois serve
para “cancelar” o expoente ganho durante o processo do retrocesso da função. Vamos ver
alguns exemplos:

Ex. 01

Resolução:

Veja que foi simplificado o segundo termo para facilitar as contas

No primeiro termo pense assim “o que eu devo derivar e que resulta em 4 x ?” Essa
função é o 2 x2.
Ademais, a constante C, surge para constituir a nova função primitiva. Para entender
isso melhor, pense no seguinte exemplo. Determine a derivada da função f (x) = 2x 3+3. Como
já aprendemos, a derivada é f (x) = 6x2, veja que a derivada de uma constante é igual a zero.
Contudo, se calcularmos a primitiva de f '(x), como fica? f '(x) = 6x2→ f (x)=2x3, até o momento
tudo bem, mas para onde foi a constante 3 ? O resultado não deveria ser f (x) = 2x 3+3 ? Note
que se não colocarmos então uma constante a função original perde um termo importante.

UNIDADE IV Integrais 89
Ex. 02

Encontre a primitiva de f ''(x) = 12x 2 + 6x -4


Resolução:

Nesse caso vimos que a primitiva de uma constante passa a multiplicar a variável x.

TABELA 1 – EXEMPLOS DE FUNÇÕES E SUAS PRIMITIVAS

Fonte: STEWART, 2016.

Na tabela anterior temos alguns exemplos de algumas primitivas.

UNIDADE IV Integrais 90
2. INTEGRAIS

Nós começamos tentando resolver o problema da área: encontre a área da região


que está sob a curva do ponto até . Isso significa que a área S, ilustrada na figura está
limitada pelo gráfico de uma função contínua , pelas retas verticais , e pelo eixo .

FIGURA 1 – FUNÇÃO DELIMITADA PELOS PONTOS a E b.

Fonte: STEWART, 2016.

UNIDADE IV Integrais 91
Na matemática, aprendemos como encontrar a área de um quadrado, de um triân-
gulo, um trapézio. Porém, e quando é uma área que não é conhecida? Na qual um dos
lados tem um formato desconhecido? Neste caso, o cálculo diferencial e integral faz uso de
um princípio denominado soma de Riemann, que consiste em você somar vários pequenos
retângulos abaixo da curva ou que excedam um pouco ela a cima. O que acontece é que
quanto menor a largura desses retângulos, mais você pode somar a fim de preencher toda
a área abaixo da curva, com isso sua aproximação da soma de retângulos fica cada vez
mais próximo do valor da área total.

FIGURA 2 – SOMA DE RETÂNGULOS PARA CORRESPONDER A ÁREA ABAIXO DA CURVA

Fonte: STEWART, 2016.

Observe que quando o número de retângulos é igual a 10, ficam alguns espaços
em branco, o que leva a um erro considerável da área verídica. À medida que aumenta o
número de retângulos, de 30 para 50, mais bem preenchida fica a área abaixo da curva,
tanto quando os retângulos ficam abaixo ou a cima da curva. Assim, definimos a integral de
uma função da seguinte forma:
Se f é uma função contínua definida em a ≤ x ≤ b , dividimos o intervalo em n
subintervalos de comprimentos iguais ∆x = (b-a) / n. Sejam x0 , x1 , x2 ,…, xn as extremidades
desses subintervalos e x1*, x2*,…, xn* os pontos amostrais arbitrários nesses subintervalos,
de forma que o i-ésimo subintervalo. Então a integral definida de f de a até b é dada por:

UNIDADE IV Integrais 92
Desde que o limite exista e dê o mesmo valor para todas as possíveis escolhas de
pontos amostrais. Se ele existir, dizemos que é integrável em .

FIGURA 3 – INTEGRAL COMO UMA SOMA DE RIEMANN

Fonte: STEWART, 2016.

Contudo, não fique preocupado com esse formalismo matemático, pois não será
necessário trabalhar com somas e limites. O conteúdo apresentado até aqui trata-se de
uma explicação da ideia de integrais. O que você realmente precisará saber para continuar
a partir desse momento é calcular as primitivas, pois realizar uma integral é calcular a
primitiva de uma função. Entenda que a integral é a área resultante, ou seja:

FIGURA 4 – PARTES POSITIVAS E NEGATIVAS DA INTEGRAL DE UMA FUNÇÃO.

Fonte: STEWART, 2016.

Em um ditado popular, costuma-se dizer que o símbolo de integral é uma cobrinha


para cima, como se fosse um S esticado, indicando que é uma soma da área. Vamos ver
nos próximos capítulos que a integral de uma função pode resultar em um número (inte-
grais definidas) e em uma expressão algébrica (integrais indefinidas). Antes de adentramos
nessas classes de integrais, vamos aprender algumas propriedades.
A integral da mesma função em intervalos consecutivos pode ser a soma da integral
de cada trecho:

UNIDADE IV Integrais 93
FIGURA 5 – A INTEGRAL DE UMA FUNÇÃO DIVIDIDA EM
DUAS INTEGRAIS QUE DIVIDEM O INTERVALO

Fonte: STEWART, 2016.

Podemos também multiplicar a integral por uma constante c.

E também verificar que a integral de uma constante é o mesmo que fazer:

Agora, com esses conceitos bem explicados, vamos definir o Teorema Fundamental
do Cálculo:
Se f for uma função contínua restringida no intervalo [a , b], então:

Em que F é qualquer primitiva de f, isto é, uma função tal que F' = f . Veja que
integral a função em um intervalo definido é o mesmo que aplicar a primitiva no intervalo
superior menos a primitiva aplicada no intervalo inferior.
Outro detalhe é que as integrais sempre devem ter o símbolo junto com o seu
diferencial

Como o operador derivada:

UNIDADE IV Integrais 94
3. INTEGRAL INDEFINIDA

Podemos definir a integral indefinida de uma função f como uma outra função. Ou seja:

Observe que as integrais indefinidas não possuem limites de integração e sempre


junto ao resultado final, a constante de integração deve estar presente. Abaixo consta uma
tabela de algumas integrais prontas e na sequência alguns exemplos.

TABELA 2 – ALGUNS RESULTADOS DE INTEGRAIS INDEFINIDAS

Fonte: STEWART, 2016.

UNIDADE IV Integrais 95
Ex. 01
Calcule a integral indefinida

Resolução:

Ex. 02
Determine o valor da integral

Resolução:

Ex. 03
Faça a integral

Resolução:
Vamos reescrever a raiz quadrada de x como x 1/2

Ex. 04

Resolução:

UNIDADE IV Integrais 96
Atenção nesse exemplo pois no expoente é somado uma unidade, logo x -2 → - x -1.
O sinal negativo provém do fato de .

Ex. 05

Resolução:

Ex. 06

Resolução:

Ex. 07

Resolução:

Lembre-se na transformação entre expoente e uma raiz:

UNIDADE IV Integrais 97
Ex. 08

Resolução:

Ex. 09

Resolução:

Ex. 10

Resolução:

UNIDADE IV Integrais 98
4. INTEGRAL DEFINIDA 

A integral definida é dada de forma genérica como:

Note agora, que há intervalos de integração e no fim do cálculo não devemos


adicionar a constante de integração C. Ademais, tome cuidado com os sinais, uma vez
que depois de você fazer a integral, devemos aplicar o resultado no intervalo superior e
subtrair do resultado aplicado no intervalo inferior, da forma como foi definido no Teorema
Fundamental do Cálculo:

Ex. 01

Resolução:

UNIDADE IV Integrais 99
Ex. 02

Resolução:

Ex. 03

Resolução:

Ex. 04

Resolução:

UNIDADE IV Integrais 100


Ex. 05

Resolução:

Ex. 06

Resolução:

Ex. 07

Resolução:

UNIDADE IV Integrais 101


Ex. 08

Resolução:

UNIDADE IV Integrais 102


SAIBA MAIS

Um estudo posterior ao cálculo diferencial e integral de uma variável diz respeito às


múltiplas variáveis. No caso das derivadas, quando aplicadas em uma função de duas
variáveis por exemplo, usamos as derivadas parciais.
Já no caso das integrais, surgem as integrais duplas e integrais triplas. Em conjunto com
essa nova classe de integrais, os teoremas mais refinados do cálculo são abordados,
Teorema de Green, Teorema de Stokes e Teorema do Divergente.

Fonte: O Autor (2021).

REFLITA

Segundo Richard Feynman “A ideia é fornecer todas as informações, para que os outros
possam julgar o valor de sua contribuição, e não apenas as informações que dirijam o
julgamento para uma direção específica”. Portanto, como podemos julgar as informa-
ções vistas nessa unidade? Em que parte do nosso dia a dia as integrais são utilizadas?

Fonte: Feynman (1985).

UNIDADE IV Integrais 103


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Parabéns por ter chegado ao fim dessa unidade e ao término desta apostila. Até
aqui, um breve formalismo matemático foi passado para você. Em especial nas duas últi-
mas unidades as quais caracterizam o cálculo diferencial e integral, permite que você esteja
capacitado para entender um curso de cálculo diferencial e integral.
Começamos essa unidade apresentado o que são as integrais e onde podemos
aplicá-las. Na sequência, aprendemos como calcular uma integral que não possui limites de
integração (as indefinidas) e a outra classe que tem os limites de integração (as definidas).
Note que a diferença entre essas duas classes de integrais é o resultado, uma fornece um
valor numérico, correspondente a área abaixo da curva entre dois pontos. Por outro lado, as
indefinidas servem para resolver problemas algébricos, como aquele que foi apresentação
ao término da seção envolvendo a física cinemática.
O estudo das integrais prepara você para novas técnicas de integração, como por
exemplo a técnica de substituição, integração por partes e integrais trigonométricas. Além dis-
so, uma vez que aprendemos as integrais de uma função que depende de uma única variável,
torna-se intuitivo quando você se deparar com as integrais iteradas no cálculo avançado.
Esperamos que você tenha aproveitado ao máximo esse momento de estudo. Até
a próxima!

UNIDADE IV Integrais 104


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Elementos de Cálculo Diferencial e Integral
Autor: Giovani Manzeppi Faccoin
Editora: Inter Saberes
Sinopse: Do tempo de Arquimedes até a criação do Teorema
Fundamental do Cálculo por Newton e Leibniz, quase 2 mil anos
se passaram. Durante esse tempo, gerações de matemáticos tra-
balharam ao longo de vidas inteiras para chegar a resultados que,
atualmente, o leitor pode determinar em apenas alguns minutos,
amparado pelas ferramentas modernas de cálculo. Considerando
a importância dessas ferramentas para a ampliação da percepção
sobre a prática de engenharia, a presente obra revisita as princi-
pais funções usadas no cotidiano, a noção de limites, derivadas
e integrais de uma variável real a uma variável real, e aplicações.

FILME / VÍDEO
Título: Aplicação de Integral na Física #Cálculo 1 – Cálculo Dife-
rencial e Integral
Ano: 2018. 
Sinopse: Neste vídeo é feito um exemplo da aplicação de integrais
à física, em específico no tópico de cinemática.
Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=gc3na4DaGEw

UNIDADE IV Integrais 105


REFERÊNCIAS

ALVAREZ, T. G. A matemática da reforma Francisco Campos em ação no cotidiano escolar.


2004. 270 f. Dissertação (Mestrado em Educação Matemática) – Departamento de Mate-
mática, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2004.

BETHLEM, A. Curso de mathematica. 5ª série. Porto Alegre: Livraria Globo, 1935.

BIANCHINI, E. Curso de Matemática. São Paulo, Moderna, 2010.

DANTE, L. R. Matemática-Contextos e Aplicações. São Paulo: Ática, 2011.

GIOVANNI, J.; CASTRUCCI, B. A Conquista da Matemática. São Paulo: FTD, 2010.

GONGORRA, M.; SODRÉ, U. Ensino fundamental: Origem dos números. 2016. Disponível
em: http://www.uel.br/projetos/matessencial/fundam/numeros/numeros.htm. Acesso em: 12
nov. 2021.

GUIDORIZZI, HAMILTON L. Um Curso de Cálculo. v. 1. Rio de Janeiro: Editora LTC, 2001.

PAIVA, M. Matemática. São Paulo: Moderna, 2010.

PEREIRA, M. do C. Matemática e música de Pitágoras aos dias de hoje. 2013. 95 f. Disser-


tação (Mestrado em Matemática) – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio
de Janeiro, 2013.

SANTOS, V. S. dos. Anéis de crescimento. 2020. Disponível em: https://brasilescola.uol.


com.br/biologia/aneis-crescimento.htm. Acesso em: 09 dez. 2021.

STEWART, J. Cálculo. 7. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2013.

STEWART, James, Cálculo: Volume 1, São Paulo Cengage Learning, 2016.

THOMAS, George B. Cálculo: Volume 1, São Paulo Pearson Education, 2009THOMAS,


George B. Cálculo: Volume 1. São Paulo Pearson Education, 2009

106
CONCLUSÃO GERAL

Prezado(a) aluno(a),

Neste material, busquei trazer para você os principais tópicos da matemática.


Nossa jornada começa nos conjuntos numéricos, foi apresentado a você o básico de
cada conjunto e posteriormente, a proporção direta entre grandezas e a proporção in-
direta. Para auxiliarmos nos cálculos, aprendemos as regras de três simples, inversa e
composta. Junto a essa unidade, vimos também a representação de funções usando os
conjuntos de domínio e imagem.
Na sequência, revisamos as funções que serão as mais corriqueiras em nossos es-
tudos, a de primeiro grau, segundo grau, modular e exponencial. Vimos também a análise
gráfica de cada uma delas.
Após isso, adentramos as funções contínuas e o conceito de limite, como a função se
comporta quando tende a um determinado valor. Ainda nesta mesma unidade, aprendemos
a interpretar graficamente a derivada de uma função e uma das regras de diferenciação, a
regra do expoente.
Finalizamos a disciplina com uma breve introdução as integrais, começando com
as primitivas e na sequência as integrais indefinidas, que resultam em uma expressão
algébrica. Depois as integrais definidas que resultam em um valor numérico.
A partir de agora acreditamos que você já está preparado para seguir em frente
desenvolvendo ainda mais suas habilidades em matemática e suas aplicabilidades.

Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigado!

107
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E D I T O R A

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