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História

Antiga
Professor Esp. Cleber Henrique Sanitá Kojo

EduFatecie
E D I T O R A
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
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a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP


K79h Kojo, Cleber Sanitá
História antiga / Cleber Sanitá Kojo. Paranavaí: EduFatecie,
2020.

91 p.: il. Color.

ISBN 978-65-87911-89-2

1. História antiga. 2. Civilização antiga. I. Centro Universitário


UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III Título.

CDD: 23 ed. 930

Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577

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Revisão Textual
Beatriz Longen Rohling
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Kauê Berto

Projeto Gráfico, Design e


Diagramação
André Dudatt
AUTOR

Professor Cleber Henrique Sanitá Kojo

● Licenciatura Plena em História pela UNESPAR – FAFIPA, Paranavaí.


● Licenciatura Plena em Sociologia pela UNAR - Centro Universitário de Araras
“Dr. Edmundo Ulson”.
● Especialista em História e Geografia pela Faculdade Integrada do Vale do Ivaí.
● Especialista em Gestão Escolar, Supervisão e Orientação pela ESAP -
Faculdades Integradas do Vale do Ivaí.
● Especialista em Educação de Jovens e Adultos pela ESAP – Faculdades
Integradas do Vale do Ivaí.
● Docente da educação básica (Fundamental e Médio) da SEED, PR.
● Docente do ensino superior na UniFatecie.
● Coordenador Pedagógico da educação básica (Médio) do Colégio Fatecie
Premium.
● Supervisor de tutoria e Tutor da EAD UniFatecie.

Ampla experiência como docente da educação básica (Fundamental e Médio), Pro-


fessor de cursinhos pré-vestibulares em história e filosofia e prática docente na educação
a distância.

Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/7716876167354361


APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Seja muito bem-vindo(a)!

Prezado(a) acadêmico(a), que bom que está iniciando seu estudo na História
Antiga. Preste muita atenção, pois, se em você ocorreu um fascínio sobre assunto desta
disciplina, é o início de uma grande viagem histórica que vamos realizar juntos. Proponho
uma construção conjunta sobre a formação da história e a ideia de história antiga.
Gostaria de desenvolver esse estudo junto com você, construindo nosso conheci-
mento sobre os conceitos fundamentais que norteiam a história na antiguidade, começando
pela evolução do homem e seu convívio inicial em sociedade, passando pelas primeiras so-
ciedades antigas, as sociedades ribeirinhas, e entendendo toda sua importância na história.
Na Unidade I começaremos a nossa jornada pela introdução histórica e os conceitos
que norteiam esse período histórico. Assim, entenderemos também a formação da história
antiga, que nós chamamos de Pré-História. Vale ressaltar que essa noção é necessária
para que possamos trabalhar a segunda unidade, em que introduziremos as primeiras
sociedades antigas, as chamadas sociedades ribeirinhas.
Já na Unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre as sociedades anti-
gas, fazendo uma viagem sobre a Mesopotâmia, passando pela importância dos rios Tigre
e Eufrates, pela religião, economia, cultura e tudo que cerca seu legado, como a invenção
da escrita cuneiforme e pelo primeiro código de leis escrito no mundo. Vale ressaltar ainda
que nessa unidade conheceremos também o Egito antigo e todo o seu fascínio com o
legado histórico, cultural, entre outros.
As Unidades III e IV serão compostas pela Grécia e Roma antiga, com todos seus
feitos históricos e políticos e, assim, entenderemos o porquê de o chamarmos de berço da
nossa civilização.
Ao fim dessa apostila espero que seu horizonte histórico seja modificado e am-
pliado, entendo que muita coisa existente em nossa sociedade atual é herança do legado
desses povos antigos. Aproveito também para reforçar o pedido a você, para percorrer
essa jornada de construção do conhecimento observando, estudando e avaliando todos os
assuntos abordados em nosso material.
Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional.

Muito obrigado e bom estudo!


SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 3
História Antiga

UNIDADE II.................................................................................................... 24
O Estudo das Antigas Civilizações

UNIDADE III................................................................................................... 45
O Mundo Grego

UNIDADE IV................................................................................................... 66
Roma Antiga
UNIDADE I
História Antiga
Professor Esp. Cleber Henrique Sanitá Kojo

Plano de Estudo:
● Introdução e Conceitos: História Antiga;
● A Pré-história.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer a introdução e os conceitos que envolvem o estudo de história;
● Entender os calendários através dos tempos;
● Contextualizar todo o processo histórico que envolve a história antiga;
● Compreender as transformações ao longo da pré-história.

3
INTRODUÇÃO

Seja muito bem-vindo (a)!

Prezado(a) educando(a), sinta-se abraçado(a) e cheio(a) de entusiasmo para iniciar


a nossa disciplina de História Antiga.
Agora preste muita atenção, pois acredito que estamos iniciando um caminho repleto
de conhecimento que você precisa compreender para o desenrolar da unidade a seguir.
A partir de agora, partimos para uma jornada no tempo em busca das nossas
experiências históricas, viajando para as mais remotas civilizações da antiguidade. Para
que isso ocorra, iremos iniciar nossa viagem através de uma leve introdução histórica e
partiremos ao ponto de conhecer alguns conceitos que norteiam o estudo da história.
Nesta unidade vamos fazer uma viagem no tempo em todos os sentidos, pois iremos
conhecer o tempo e a história, passando pelo tempo cronológico e, por fim, conhecendo
alguns calendários criados pelos homens durante seu processo de desenvolvimento. Vale
destacar que, durante essa viagem, vamos conhecer também a divisão eurocêntrica da
história, partindo da pré-história e passando por idade antiga, idade média, idade moderna
e idade contemporânea. No entanto, o foco principal de estudo entre esses períodos histó-
ricos abordados será a pré-história.
Dentro da pré-história abordaremos o surgimento do homem moderno, seu conceito
e produções durante o tempo, passando pelos períodos do Paleolítico, Neolítico e Idade
dos metais.
Por fim, desejamos que esta unidade possa fortalecer seu desenvolvimento pessoal
através do conhecimento sobre os conceitos de história e, principalmente, da pré-história.

Muito obrigado e bom estudo!

UNIDADE I História Antiga 4


1. INTRODUÇÃO E CONCEITOS: HISTÓRIA ANTIGA

Em pleno século XXI, ainda nos perguntamos o porquê de estudar história. Por que
falar de civilizações tão antigas? O que isso soma na nossa vida? Talvez você já tenha se
deparado com essas perguntas por várias vezes durante sua vida, pois elas têm tomado
conta de nosso cotidiano e nos conduzem ao senso comum. Vale ressaltar que uma simples
frase, como: “Papai, me explica para que serve a história”, pode trazer um grande feito no
estudo e no entendimento da história em si. Vale ressaltar que essa frase foi realizada pelo
filho do historiador Marc Bloch, que fez com que ele escrevesse o livro Apologia da História
ou O Ofício de Historiador, com mais de 200 páginas em 5 capítulos, sendo que o último
não foi concluído, pois o autor foi fuzilado por nazistas, deixando sua obra incompleta.
Talvez esse pequeno relato sobre a história de Marc Bloch possa demonstrar a importância
de se estudar e compreender a história como um todo.
A história não é simplesmente o estudo do passado, como muitos acreditam. A
história é o estudo do passado para compreender o presente e, quem sabe, mudar o futuro.
Com essa afirmação podemos começar a entender a importância da chamada história
antiga e toda sua interpretação e construção da história.
Assim, começamos a falar do chamado “pai da história”, ou seja, começamos a falar
do grego Heródoto, que viveu no século V a.C. e batizou de história o estudo que realizou
das civilizações com a qual seu povo mantinha contato comercial. Por que a batizou de
história? Qual o significado dessa palavra?

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Vale ressaltar que “história” é uma palavra grega, que significa investigação, e que,
por sua vez, deve ser imparcial, deixando seu preconceito de lado, abordando basicamente
o fato, sem ideologias, sem interesses individuais ou de um grupo. O historiador deve ter
um grande cuidado para não cometer anacronismo. Vale destacar que essa neutralidade
temporal do historiador é quase impossível de ser atingida. Com isso, devemos analisar do-
cumentos, relatos, objetos arqueológicos, pinturas, utensílios, monumentos arquitetônicos
e escritos literários.
Assim, podemos afirmar que a história se constrói através das fontes e do posi-
cionamento do historiador em relação a seu tempo, pois temos que construi-la como se
estivéssemos montando um grande quebra-cabeça, como afirma Redfield (1994, p. 147).
[...] a história não são as fontes. A história é uma interpretação das realidades
de que as fontes são “sinais indicativos ou fragmentos”. É certo que partimos
de um exame das fontes, mas através delas tentamos observar a realidade
que apresentam ou que, por vezes, não conseguem representar, deturpam e
até dissimulam.

Após analisarmos as fontes históricas, devemos iniciar sua interpretação com


pesquisas e cautela. Temos que analisar também a cultura do povo, pois cada um tem uma
determinação cultural em um determinado fato histórico. Como exemplo podemos destacar
a chegada dos portugueses no Brasil, em que temos a visão eurocêntrica, ou seja, da
cultura europeia que despreza o nativo americano. Observe o trecho da carta de Pero Vaz
de Caminha a seguir:
Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pe-
los corpos como pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também
andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não
pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o qua-
dril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor
natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também
os colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim
descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma (BERUTTI; FARIA;
MARQUES, 2001, p. 27).

Ainda em sua carta, que é uma das principais fontes históricas da descoberta do
Brasil, Caminha diz:
Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa
alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons
ares [...]. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será
salvar esta gente (BERUTTI; FARIA; MARQUES, 2001, p. 27-28).

Quando analisamos trechos dessa fonte histórica, percebemos o choque do encon-


tro e o etnocentrismo escancarado, pois, para os portugueses, sua chegada é para trazer o
desenvolvimento para os pobres coitados que andam com suas vergonhas de fora, quando,
na verdade, foi uma imposição da cultura portuguesa, desprezando a dos nativos.

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Podemos, então, afirmar que a influência de cada povo em sua história está em
todos os lugares, como vemos a cultura Greco-Romana em nosso dia a dia ou, até mesmo,
na contagem do tempo de cada povo. Você sabe como se chama o nosso calendário? Por
que tem o nome de calendário gregoriano cristão?
Cada civilização aponta um marco cultural para apontar o início de sua contagem
de tempo. Normalmente utiliza-se a sua origem, a origem do mundo e até mesmo marcos
religiosos. No nosso caso, dividimos o tempo cronológico em anos, décadas, séculos, mi-
lênios e assim por diante. Vale ressaltar que, no final do século XVIII, quando se inventou
o relógio mecânico, houve a contagem do tempo também em segundos, minutos e horas.
Que tal se perguntar, por exemplo, quantas horas tem o dia? A resposta mais
comum seria de 24 horas, mas, na verdade, ele tem o total de 23 horas, 56 minutos e 4
segundos. É por isso que de quatro em quatro anos ocorre, em nosso calendário, o ano
bissexto, quando se aumenta um dia no mês de fevereiro.
Nossa! Mas por que o ano tem 365 dias? Por que na contagem do tempo existem os
calendários lunares, que observam o ciclo da lua, e os calendários solares, que observam
o tempo que a terra demora para realizar a circunferência do sol? A palavra calendário vem
do latim calendarium, que significa “livro das calendas”, utilizado para contar os dias das
festas religiosas marcadas no início de cada mês lunar, na Roma Antiga.
Agora vamos conhecer alguns calendários, com a questão cultural associada ao
tempo. Observe com atenção.
● Calendário Gregoriano Cristão: é o calendário mais adotado nas sociedades
atuais, pois é um calendário solar e tem como marco inicial o nascimento de
Cristo. Vale ressaltar que a partir desse marco contamos o que ocorreu antes
e depois, ou seja, todos os fatos históricos ocorridos antes do nascimento de
Cristo ficaram conhecido como a.C e, como d.c os acontecimentos históricos
depois de Cristo.
● Calendário Judeu: esse é um calendário solar que tem como marco inicial
a criação do mundo, ou seja, outro calendário com marco cultural religioso,
baseado no calendário egípcio.
● Calendário Islâmico: é um calendário lunar que tem como marco inicial e cul-
tural a chamada Hégira, ou seja, a fuga do profeta Maomé da cidade de Meca
para cidade de Medina.
● Calendário Chinês: esse calendário é considerado um dos mais antigos do
mundo, tem como marco cultural o nascimento do patriarca Huang-ti. Vale des-
tacar que é uma mistura de calendário solar e lunar, ou seja, é um calendário
“lunisolar”.

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Como seria a contagem em outras civilizações da antiguidade? Que tal falarmos do
berço de nossa civilização? Por exemplo, a contagem do tempo na Grécia antiga, pois eram
utilizados os termos “kronos” e “kairós” para se referir ao tempo. Utilizavam o kronos para medir
o tempo dos homens, tempo cronológico, medido em unidades. Já o kairós era o tempo dos
deuses, podendo ser alterado de acordo com o humor dos deuses, desde o infinito ao rápido.
Na contagem do tempo em Roma podemos destacar o calendário Juliano e o con-
cílio de Niceia, que é a base para o calendário gregoriano, cristão.
Outros historiadores assumem a questão do tempo de maneira variada, por exemplo
o historiador Fernand Braudel (1969) afirmou que a pesquisa histórica deveria ser adaptada
ao tempo histórico. Deve-se classificar como tempo de curta, média e longa duração, ou
seja, curta duração são eventos históricos que duram anos, média duração, em torno de um
século, enquanto longa duração, tempo maior que um século.
Por fim, alguns historiadores fazem a divisão do tempo através de rupturas históricas
e classificam a história em Pré-história, Idade antiga, Idade média, Idade moderna e Idade
contemporânea, cada um com um marco de ruptura. Vale ressaltar que nossa disciplina vai
abordar a Pré-história e a Idade antiga.
Você pode estar se perguntando quais são as rupturas de cada período histórico,
por isso vamos apresentar cada ponto com sua ruptura na tabela a seguir.

TABELA 1 - DIVISÃO DO TEMPO E HISTÓRIA

Início Término
PRÉ- HISTÓRIA Surgimento do homem Invenção da escrita.
moderno.
IDADE ANTIGA Invenção da escrita. Queda do império
romano.
IDADE MÉDIA Queda do império Queda de
romano. Constantinopla.
IDADE MODERNA Queda de Revolução francesa.
Constantinopla.
IDADE CONTEMPORÂNEA Revolução francesa. Atualidade.

Fonte: o autor.

Com o apoio demonstrativo da Tabela 1, podemos afirmar que a Pré-história


começa a ser contada a partir da evolução do homem segundo Darwin. Tem início com
o surgimento do homem moderno ou das cavernas e vai até o aparecimento da escrita,
iniciando a história antiga. Assim, podemos entrar, de fato, no nosso conteúdo de história
antiga, pois até agora estávamos estudando conceitos e definições de história.

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Que tal começarmos com a ideia de história antiga? Agora você vai conhecer o
conceito da “criação do antigo” que surgiu no século XII. Vale destacar que não havia uma
disciplina a ser estudada e sim o que podemos chamar de noção de herança. Essa ideia de
antigo passa a se desenvolver organizando e reconstruindo a história, reconstruindo o que
chamamos de memória.
Nos séculos XV e XVI, já se falava no estudo da história antiga, assim como Gua-
rinello (2003, p. 51) nos afirma:
A ideia da existência de uma História antiga foi desenvolvida por pensado-
res do Renascimento [...]. Pressupunha, ao mesmo tempo, uma ruptura e
uma recuperação, religiosa e cultural, entre dois mundos. Uma ruptura que
dava um certo sentido à História, como recuperação de algo perdido, como
a restauração de um laço que tinha sido rompido durante a assim chamada
História do Meio, a História Medieval. Deste modo, associava seu mundo
contemporâneo, a Europa dos séculos XV-XVI, com um certo passado. Para
eles, era a História Antiga do seu mundo.

Já nos séculos XVII e XVIII temos a criação da disciplina de história antiga e o desen-
volvimento proposto pelo iluminismo. Somente no século XIX temos um olhar mais apurado
a História Antiga, pois esta recebe influências das ciências sociais em si e da própria arqueo-
logia. Com isso, temos uma absorção maior pela sociedade, pela família e pelo indivíduo,
tornando-a mais acessível a diferentes culturas que passaram e entender e compreender
melhor a influência do “antigo” em sua vida e seu desenvolvimento social. A história antiga se
torna uma espécie de memória social, essencial para as sociedades modernas.
Assim, vamos dar partida na viagem pela história antiga. Preparado(a)?

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2. A PRÉ-HISTÓRIA

Para que você comece a se interessar pela pré-história, temos que retornar às pá-
ginas anteriores e à tabela, entendendo que utilizamos esse termo para designar o período
que se estende desde o aparecimento do homem moderno na Terra até a invenção da
escrita. Assim, começamos a identificar alguns equívocos da história, pois quando falamos
em escrita parece que estamos falando de uma coisa uniforme, perfeita e, na realidade,
isso não ocorreu. A escrita não apareceu de forma igual em diferentes locais, em diferentes
civilizações. Para que você entenda melhor, é só comparar a pré-história europeia e a
americana. Você perceberá enormes diferenças!
No entanto faremos uma abordagem tradicional, ou seja, começaremos através
da abordagem do surgimento do homem, até a escrita. Vale ressaltar que iniciamos desde
sua interpretação de mundo, descobertas e soluções, até a agricultura e a sedentarização
humana, o surgimento de estratificação social, entre outros.
Vamos começar nosso estudo sobre a pré-história delimitando nossa área de
abordagem, pois precisamos compreender o tempo cronológico das páginas anteriores e
parágrafo anterior. Como assim, tempo cronológico? Do surgimento do homem ao apare-
cimento da escrita.
Mas que tal começarmos com uma pergunta simples: o que se entende por homem?
O que é o homem? Sabemos que o homem ou a espécie humana é uma evolução de longo
período, que nos remete aos mamíferos e, posteriormente, aos primatas. Vale ressaltar

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que utilizaremos a questão evolutiva de Charles Darwin e peço, por gentileza, que, em
nossos estudos, seja abandonado qualquer conceito de teor religioso, pois abordaremos
somente o científico. Vale apontar ainda que para que não ocorra um conflito interpessoal,
partiremos da espécie humana conhecida como homo sapiens/sapiens, pois aqui temos o
desenvolvimento humano e pré-histórico.
Você já parou pra pensar que, nesse período, o homem convivia com animais muito
maiores que ele, mais rápidos, mais agressivos e mais fortes? E que nesse tempo o homem
utilizava de sua habilidade de adaptação para produzir uma força que vai além do corpo
humano, ou seja, tudo que pudesse produzir para superar seus inimigos mais fortes, como
armas, ferramentas, utensílios e tudo que pudesse ajudá-lo nesse processo? Para que isso
ocorresse, o homem necessitou de capacidade mental, que, de acordo com estudiosos,
ainda temos de sobra, e, principalmente, mãos e a postura ereta.
O homem sapiens/sapiens passou a se destacar, aperfeiçoando suas habilidades
mentais, físicas, motoras e se sobressaindo aos animais existentes no período; mas sem
desprezar os antigos hominídeos, que também possuíam algumas capacidades semelhan-
tes ao homo sapiens/sapiens.
Agora vamos refletir um pouco se o homem vai conquistar essa destreza automati-
camente ou se vai evoluindo e transformando seu meio ambiente.
A pré-história é algo fascinante, pois através deste estudo conseguimos compreen-
der a evolução humana ou a evolução histórica do homem em si e em sociedade. Vale
ressaltar que a pré-história ocupa um espaço extremamente longo na história em relação
ao tempo cronológico. Trabalhamos toda a pré-história em um único período, mas dividido
em fases, para que possamos nos situar nos diferentes níveis da evolução cultural humana.
Nesse momento iremos atuar observando essa divisão e nos colocando no processo de ab-
sorção dos termos Paleolítico e Neolítico. Tomaremos como base determinante de estudo
o grau de elaboração dos objetos, instrumentos, utilizados pelo hominídeo e sua evolução.

2.1 O Paleolítico
Caro(a) aluno(a), nosso estudo dará continuidade ao conhecimento do primeiro
período da pré-história, o chamado Paleolítico ou também conhecido como Idade da Pedra
Lascada. Esse período da história é o momento em que homem dá seus primeiros passos
ao desenvolvimento, pois se encontra no estágio mais primitivo de organização social, mas
já aparece com o homem Neandertal.

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Esse período vai até a descoberta da agricultura, ou seja, o Paleolítico é o período
anterior ao aparecimento da agricultura, quando o homem vivia basicamente do que a natureza
podia lhe oferecer. Assim, o homem é simplesmente o coletor e não um produtor de alimentos.
Vale ressaltar que as comunidades humanas se alimentavam além da coleta de alimentos, da
caça e da pesca, que fornecia a proteína necessária para o desenvolvimento humano.
O homem passou a desenvolver objetos para caça e pesca, pois o hominídeo era
muito frágil em relação a tudo que o cercava e isso fez com que os homens se agrupassem
com outros de sua espécie para uma melhor proteção e fortalecimento da caça. Mas você
pode se perguntar: quais são os elementos para o vínculo humano? Como eles se uniam?
Para responder essas perguntas, os historiadores colocam a forma mais primitiva e ele-
mentar de vínculos, ou seja, os laços sanguíneos. Assim, podemos entender a formação
da maior parte das comunidades paleolíticas, que, por sua vez, se apresentava no formato
familiar, gerando o que iremos chamar de clãs, gens ou tribos.
Depois de conhecermos algumas características comuns no paleolítico, damos
seguimento a uma particularidade muito importante para o desenvolvimento do período,
que é a questão da aquisição de recursos gerados pela natureza. Vale destacar que o
homem era incapaz de repor esse alimento coletado e caçado em seu ambiente, pro-
movendo, assim, o que chamamos de nomadismo, que nada mais é que a mudança
constante de lugar. Os homens não tinham uma habitação fixa e ficavam procurando
sempre o melhor ambiente para seu grupo.
Será que existia a divisão sexual do trabalho nesse período? Com certeza não,
tanto homens quanto mulheres eram responsáveis por adquirir alimentos. No entanto, os
homens se distanciavam mais do acampamento em busca da caça, enquanto as mulheres
geralmente permaneciam nas proximidades, coletando frutas, raízes, grãos e defendendo
o acampamento de ataques de animais. Podemos perceber isso na afirmação de Leakey
(1995, p. 120):
Na maioria das sociedades de caçadores-coletores que os antropólogos es-
tudaram, há uma clara divisão de trabalho, com os machos responsáveis
pela caça e as fêmeas pela coleta de alimentos de origem vegetal. O acam-
pamento é um lugar de intensa interação social, e o lugar onde a comida é
partilhada; quando há carne vermelha disponível, esta partilha muitas vezes
envolve um ritual elaborado, governado por regras sociais estritas (LEAKEY,
1995, p. 120).

Ainda sobre a divisão do trabalho, Leakey (1995, p. 146) afirma que,

UNIDADE I História Antiga 12


Mais cedo, antes do nascer do Sol, quatro machos adultos do grupo haviam
partido em busca de carne. O papel das fêmeas é coletar alimentos vegetais,
que todos percebem ser o principal produto econômico em suas vidas. Os
machos caçam, as fêmeas coletam; é um sistema que funciona espetacu-
larmente bem para o nosso grupo e por tanto tempo quanto qualquer um é
capaz de lembrar-se.

Com as constantes mudanças para a obtenção de alimentos, os homens passa-


ram a se preocupar cada vez mais com seu grupo. A temperatura baixa os obrigava a se
recolher em cavernas e, assim, temos a chamada domesticação do fogo. Este permitiu
ao homem uma maior habilidade de defesa, aquecimento, alimentação e iluminação. Vale
ressaltar que existem alguns estudos recentes, como o dos pesquisadores Wil Roebroeks,
da Universidade de Leiden na Holanda, e Paola Villa, curadora do museu da Universidade
do Colorado, apontam o domínio, de fato, do fogo somente no período Neolítico. Entretanto
não desmentem estudos históricos do primeiro grupo de historiadores que apontam, atra-
vés da arqueologia, o domínio do fogo com o atrito das pedras. Vale destacar ainda que o
fogo trouxe um bem-estar biológico, pois, com ele, os alimentos eram cozidos e, com isso,
ficavam mais brandos para mastigação e de melhor digestão.
Mesmo com a vida difícil no período, o homem precisava de um território gerador
de sustento para sua sobrevivência. Isso fez com que os grupos humanos utilizassem as
terras na coletividade, sem estabelecer o vínculo de posse da terra, ou seja, proprietários
e não proprietários. Vale ressaltar que isso demonstra outra característica do paleolítico: a
ausência de classes sociais, em que os indivíduos viviam de forma igualitária em relação à
apropriação das riquezas.
Outra característica importante do paleolítico é o início do desenvolvimento de uma
linguagem oral, pois o homem necessitava de diálogo para a articulação e execução da
caça. Vale ressaltar que essa comunicação não foi como conhecemos hoje, e não foi em um
único lugar. Ela se desenvolveu por muito tempo, talvez por milhares de anos. Destacando
ainda que a comunicação foi um importante instrumento para transmissão de experiências
e conhecimento entre as gerações humanas.
Com isso temos outras características da cultura humana, como as alianças entre
homens para sua sobrevivência, até mesmo o início de rituais mágicos, que demonstraram
o aparecimento de uma espiritualidade, uma religiosidade.
As mulheres também apreciam nas pinturas rupestres, muitas vezes ocupando
lugar de destaque, como as apontadas pela Fundação Museu do Homem Americano (FUM-
DHAM), no sítio arqueológico em São Raimundo Nonato no Piauí. Além da religiosidade,
apresenta a presença do feminino no período.

UNIDADE I História Antiga 13


Nas pinturas rupestres do Parque Nacional Serra da Capivara, existem cenas
rupestres de “mulheres” aparentando gravidez, em posições de parto, parecen-
do amamentar ou em relações de sexo. Existem também as cenas de danças
que podem ser remetidas a coparticipação das mulheres juntamente aos ho-
mens, visto que as cenas de dança, em sua maioria, não apresentam as geni-
tálias dos partícipes. Há ainda indícios etnológicos de que algumas cenas de
humanos dançando são representações das mulheres indígenas em um ritual
e ou cerimonial, como se faz ainda hoje (BASTOS, 2010, p. 64-65).

As pinturas nas cavernas, realizadas nesse período, foram conhecidas como pin-
turas rupestres, que são, na verdade, representações do cotidiano, da religiosidade na
pré-história. Eram aplicadas nas paredes, nos tetos das cavernas ou abrigos humanos
desse período.
A pesquisadora Matilde Muzquiz Pérez-Seoane, em sua tese de doutorado, publi-
cada em 1988, na Universidade de Complutense de Madri, apresentou estudos sobre as
pinturas rupestres encontradas nas cavernas de Altamira na Espanha, que remontam o
cotidiano pré-histórico, como caçadas e danças; também apresenta na tese os pigmentos
utilizados nas paredes das cavernas.
Outro exemplo a ser apresentado é a imagem da Vênus de Willendorf, relaciona a
religiosidade. Através dessa imagem, que traz a fertilidade da mulher associada à fertilidade
da terra. Vale ressaltar que, essa imagem foi produzida, com detalhamento, uma mulher e
a fertilidade da gravidez humana, para celebrar a fertilidade, o alimento, a terra. Com isso,
podemos afirmar a postura mística do homem nesse período.
Sabemos que nosso planeta já passou por enormes transformações e degelos de
eras glaciais, obrigando o homem a fazer intensas migrações em busca de alimentos. Vale
ressaltar que, mesmo com essas mudanças, o homem pré-histórico passou a desenvolver
cada vez mais instrumentos para regrar e melhorar sua vida. O homem buscou intenso
melhoramento dos instrumentos que utilizava para adquirir alimentos.
Com toda a evolução dos instrumentos de trabalho na pré-história, temos o cres-
cimento de grandes agrupamentos humanos nessa região, que passaram a ser aldeias e
comunidades em si, com o início de estruturas sociais e promovendo o próximo período,
que chamamos de Neolítico.

2.2 O Neolítico
O marco inicial para o Neolítico é a criação, pelo homem, da agricultura e da
domesticação de animais, pois o homem passa a produzir seu próprio alimento, transfor-
mando a natureza.

UNIDADE I História Antiga 14


Para começar nossos estudos desse período, vamos tentar trazer à mente a impor-
tância da criação da agricultura, pois o homem deixa de ser nômade, mudando constante-
mente de lugar, passando à sedentarização, principalmente em regiões ribeirinhas, ou seja,
às margens de rios e obtendo, assim, um controle maior da produção e do bem estar humano.
Outro ponto a ser discutido é a sedentarização ribeirinha. No período neolítico essa
é a preocupação humana que passa a dominar o ambiente, controlando os benefícios e os
problemas dos rios, ou seja, as cheias que poderiam destruir as plantações, até os canais
de irrigação que poderiam levar água até as plantações.
Assim, os homens passaram a desenvolver obras hidráulicas, e a observar e estudar
a natureza, entendendo que existiam períodos de cheias e de secas, escolhendo, assim, a
melhor época para o plantio. Assim, o homem começou a desenvolver calendários através
de suas observações aos astros, e a criação de técnicas de cálculos, desenvolvendo cada
vez mais a agricultura.
As inovações foram surgindo, o homem foi se aprimorando, a população aumen-
tando e todo aquele antigo sistema de aldeias, comunidades sem estratificação social, foi
sendo superado. Surgiu, então, a necessidade de criar algo que suportasse as grandes
aglomerações humanas. Dessa forma, temos o que chamamos de revolução urbana, ou
seja, as primeiras civilizações.
Uma característica importante da revolução urbana é o surgimento de algumas ne-
cessidades, como instrumentos de trabalho com maior desenvolvimento, exigindo dos ho-
mens uma certa especialização para a criação e manuseio desses objetos. Nasce também
a necessidade de proteção do que foi criado, pois temos uma disputa entre os homens pela
posse das terras férteis, promovendo a criação de uma defesa armada – grupos armados
e prontos a cederem a vida pelo seu território.
Vale ressaltar que, com esse desenvolvimento forçado, tivemos o início de divisão
de classes sociais dentro desses aglomerados humanos. No entanto, o mais importante
desse desenvolvimento técnico e forçado foi o aumento na produção de alimentos, gerando
um excedente alimentício que não servia mais só para sua subsistência e sim para contatos
com outros aglomerados humanos.
A produção desse excedente alimentar fez com que nascesse a necessidade de
uma nova liderança, que pudesse administrar a vida em comunidade e soubesse gerir esse
alimento. Quem pode governar? O que precisaria ter ou ser para governar? A resposta
está ligada à religiosidade pré-histórica, pois o homem utilizou-se de explicações físicas e
naturais para aliar-se ao sobrenatural e dominar-se entre si.

UNIDADE I História Antiga 15


As lideranças das comunidades neolíticas estiveram ligadas diretamente à religiosi-
dade e ao poder divino. Vale destacar que muitos historiadores apontaram que o mesmo lugar
que seria um templo religioso também era usado para armazenar alimentos nesse período.
Só como caráter de imaginação, podemos até visualizar os indivíduos do neolítico gritando:
“Viva os Sacerdotes! Viva a ligação que eles têm com os deuses! Viva sua liderança!”.
Assim, a camada superior no neolítico seria a dos sacerdotes, que iniciaram a ideia
de nobreza, de privilégio, de riqueza, de tudo que era superior aos homens. Assim, pode-
mos destacar, com toda veemência, que não se trata de uma simples divisão do trabalho
humano e sim de uma grande estratificação social, com níveis superiores e níveis inferiores.
Já o final do período neolítico (palavra derivada do grego, em que néos significa novo
e lithicos significa pedra), a agricultura foi a base da revolução urbana. Temos o que cha-
mamos de idade dos metais, período marcado pela intensificação do uso dos metais, como
cobre, bronze e ferro. As técnicas de fundição de metais, em que se derretia e misturava
uns com os outros, fizeram com que os produtos ficassem cada vez mais fortes, pois temos
produção de instrumentos de trabalho e principalmente de armas potentes que fortaleceram
o poder da elite, que tinha acesso aos metais e o controle de distribuição de alimentos.
Temos, então, o domínio baseado na força militar, com metais em suas armas, so-
mada com o poder religioso, tudo ligado à uma pequena parte da sociedade. Vale ressaltar
que alguns historiadores colocam aqui a ideia de criação de estado e sociedade, nascendo,
até mesmo, com alguns impérios.
Com tanto desenvolvimento, seja alimentício, militar ou social, surge a necessidade
de se controlar cada vez mais o que era produzido com o que era consumido, sobrando o
que chamamos de excedente. Parece matemática e é matemática pura!
Mas como controlar isso com tanta gente envolvida? Como se comunicar com os
outros? Para que houvesse harmonia nessa conta matemática e administrativa, foram cria-
das, entre 4.000 e 3.000 a.C., marcas, sinais como fruta, grão, para sinalizar ou referir-se
a diversos produtos comercializados. Esse foi o primeiro passo para criação da escrita,
que, além da utilização dos metais, fez com que mudasse muito a relação entre todos os
homens, ou seja, a invenção da escrita mudou as relações humanas.
Enfim, para melhor fixação do conteúdo, gostaria que observasse a tabela da cro-
nologia geral, apresentada a seguir.

UNIDADE I História Antiga 16


TABELA 2 - CRONOLOGIA GERAL DA PRÉ-HISTÓRIA

PERÍODOS CARACTERÍSTICAS SOCIEDADES


Paleolítico Coup de poing (Machado manual Sociedade Comunitária.
sem cabo). Nascimento da família.
Coup de poing Domínio do fogo.
(aperfeiçoamento). Rituais funerários.
Ossos utilizados para confecção Famílias, Clãs.
de objetos. Redução do nomadismo.
Nascimento da arte: Arte Aparecimento e linguagem.
rupestre.
Início de uma religiosidade.
Pequenas esculturas (Vênus de
Willendorf).
Neolítico Agricultura. Formação de consciência em
Domesticação de animais. grupos.
Teares Simples. Vida humana organizada em
Cerâmicas. aldeias.
Sedentarismo.
Idade dos Utilização do cobre, bronze e Vida urbana.
Metais ferro. Sociedade estratificada.
Desenvolvimento da agricultura. Surgimento de estado e religião.
Escrita.

Fonte: o autor.

UNIDADE I História Antiga 17


SAIBA MAIS

Que tal conhecer um pouco mais sobre o sagrado na pré-história?

Manifestações do sagrado na Pré-História do Ocidente peninsular:


A “síndrome das placas loucas”

As placas de xisto gravadas do III milénio, no Centro e Sul de Portugal, são componen-
tes votivos de deposições em antas, tholoi, grutas naturais e artificiais ou mesmo em
deposições funerárias não estruturadas. Apresentam, por vezes, uma perturbação na
composição, normalmente muito regular e normalizada, dos seus motivos principais.
O autor designa essa particularidade, extremamente rara, por “síndrome das placas
loucas” e procura explicar a razão desta ruptura do conceito de simetria. Essa ruptura
regista-se em duas categorias diversas, ainda que partilhando a mesma designação: a
Variante 1 agrupa as placas em que apenas a Cabeça regista a assimetria de compo-
nentes específica de esta situação; a Variante 2 agrupa as placas cujo Corpo, resultante
de segmentação da placa ou construído com um mesmo tratamento geral dado à su-
perfície do suporte, é “decorado” assimetricamente. Esta primeira aproximação parte do
Grupo megalítico de Reguengos de Monsaraz, para um enquadramento mais geral da
questão, alargada a outros grupos megalíticos e a outras manifestações simbólicas das
antigas sociedades camponesas.

Fonte: Gonçalves (2003). Online.

REFLITA

Você já pensou como era a vida sem uma linguagem? Qual a diferença entre homens e
os animais?

Leia o texto a seguir e reflita sobre o tema.

“Ao tecer comentários sobre aqueles que defendem a singularidade da linguagem hu-
mana, a psicóloga da Universidade do Texas Kathleen Gibson escreveu recentemente:
“Embora científica em seus postulados e discussão [esta perspectiva] encaixa-se firme-
mente na longa tradição filosófica ocidental, que remonta pelo menos aos autores do
Gênesis e aos escritos de Platão e Aristóteles, que sustentam que a mentalidade e o
comportamento humanos [são] qualitativamente diferentes daqueles dos animais”.

Fonte: Leakey (1995, p.127 ).

UNIDADE I História Antiga 18


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) acadêmico(a), chegamos ao final dessa unidade. No decorrer dela contem-


plamos diversas temáticas sobre as mais remotas civilizações da antiguidade; isso ocorreu
através de uma introdução histórica, abordando alguns conceitos que norteiam o estudo da
história. Você consegue se lembrar? Espero que nesse momento do processo de ensino/
aprendizagem você esteja encantado(a) ou fascinado(a), sabendo um pouco sobre o tempo
e a história, o tempo cronológico e sobre os calendários lunares e solares. Se lembra qual
é o nosso calendário? Espero que sim.
Que bom foi conhecer a divisão eurocêntrica da história, partimos da pré-história
e passamos por idade antiga, idade média, idade moderna e idade contemporânea. Vale
ressaltar que nosso foco principal de estudo foi a pré-história. Na pré-história abordamos
o surgimento do homem moderno, seu conceito e produções durante o tempo, passamos
pelos períodos Paleolítico, Neolítico e Idade dos metais.
Por fim, quero agradecer você por esse tempo de estudos que passamos juntos, com
a certeza de que o conhecimento adquirido sobre alguns conceitos históricos e da pré-história
vão promover em você uma corrente de expansão desse conhecimento, pois durante o pro-
cesso foi descortinada toda beleza e riqueza desse processo de formação do homem.
Enfim, sucesso e nos vemos na próxima unidade.

Obrigado!

UNIDADE I História Antiga 19


WEB

OKUMURA, M. Dardo ou flecha? Testes e reflexões sobre a tecnologia de uso


de pontas de projétil no Sudeste e Sul do Brasil durante a pré-história. Cadernos do LE-
PAARQ, v. XII, n. 24, 2015.
Disponível em:
https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/lepaarq/article/view/5623/4487

UNIDADE I História Antiga 20


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: A Pré-história - Coleção Desafios
Autor: Rosicler Martins Rodrigues
Editora: Moderna
Edição: 3
Sinopse: Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos?
Essas são perguntas que os seres humanos se fazem há muito
tempo, procurando respostas na Religião, na Arte, na Filosofia e
na Ciência. Os caminhos da Ciência são recentes. Foi somente no
século XX que a interpretação dos fósseis se aliou ao estudo dos
povos primitivos e do comportamento dos chimpanzés, formando
uma história fascinante sobre as origens da espécie humana. Este
livro percorre um caminho de milhões de anos para contar essa
história. A narrativa e as ilustrações se unem para recriar a vida na
Pré-história e nos levam a reflexões que ajudam a compreender o
presente.

LIVRO 2
Título: Pré-história: uma breve introdução
Autor: Rosicler Martins Rodrigues
Editora: L&PM
Sinopse: As pessoas se definiam socialmente por meio dos obje-
tos que confeccionavam e usavam, descobrindo novas dimensões
de humanidade. A pré-história é o período em que muitas dimen-
sões foram exploradas e expandidas. O imenso escopo de tempo
em que a pré-história está inserida e, especialmente, a falta de
registros devido à ausência da escrita neste período nos leva a
formular grandes perguntas acerca do que nos torna humanos.
Mas o que há de fascinante em um tempo que remonta a 6 milhões
de anos? Escrever a pré-história é uma questão de aliar a análise
arqueológica das tecnologias e ferramentas utilizadas por nossos
antepassados à reconstrução majoritariamente imaginária de
como viviam e de que maneira evoluíram. É esse delicado equilí-
brio entre fatos e inferências que encontramos nas esclarecedoras
páginas deste volume.

UNIDADE I História Antiga 21


LIVRO 3
Título: As Religiões da Pré-história
Autor: André Leroi-Gourhan
Editora: Edições 70
Edição: 1
Sinopse: Publicado pela primeira vez em 1964, numa prestigiada
coleção dirigida por Georges Dumézil, este pequeno grande livro,
do autor de O Gesto e a Palavra, continua a ser uma obra de
consulta indispensável para todos os estudiosos da Pré-história e
da Antropologia.

FILME / VÍDEO
Título: 10.000 a.C.
Ano: 2008
Diretor: Roland Emmerich
Roteirista: Roland Emmerich e Harold Kloser.
Sinopse: Num período em que homens e feras pré-históricas
lutavam pela sobrevivência na Terra, D’Leh é um jovem caçador
que lidera um exército ao longo de um vasto e perigoso deserto.
Enfrentando mamutes e tigres dente-de-sabre, ele segue caminho
rumo a uma civilização perdida para salvar sua amada Evolet das
mãos de um maligno e poderoso guerreiro determinado a possuí-
-la.

FILME / VÍDEO 2
Título: A Guerra do Fogo
Ano: 1981
Diretor: Jean-Jacques Annaud
Roteirista: Gerard Brach
Sinopse: Na pré-história, a pouco desenvolvida tribo Ulam é com-
posta por membros que se comunicam por gestos e grunhidos e
acreditam que o fogo é sobrenatural. Quando a fonte única de calor
se apaga após um ataque, três guerreiros saem numa jornada em
busca de outra chama e acabam conhecendo os Ivaka, grupo com
hábitos avançados e comunicação complexa, além de domínio da
produção do mítico fogo.

UNIDADE I História Antiga 22


FILME / VÍDEO 3
Título: O Elo Perdido
Ano: 2005
Diretor: Régis Wargnier
Roteirista: Régis Wargnier
Sinopse: África central, 1870. Acompanhado por um grupo de
caçadores indígenas, o antropólogo escocês Jamie Dodd (Joseph
Fiennes) atravessa a floresta tropical à procura de uma nova espé-
cie. Ao encontrar uma tribo de pigmeus, Jamie acredita ter achado
o “elo perdido” que faria a ponte evolucionária entre o homem e o
primata. Ele captura dois pigmeus chamados Toko (Lomama Bo-
seki) e Likola (Cécile Bayiha) para apresentá-los na Academia de
Ciência de Edimburgo. A amizade que surge entre os três termina
colocando em risco a carreira do cientista.

UNIDADE I História Antiga 23


UNIDADE II
O Estudo das Antigas Civilizações
Professor Esp. Cleber Henrique Sanitá Kojo

Plano de Estudo:
● Estudo das Antigas Civilizações;
● A Mesopotâmia;
● O Egito Antigo.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer as antigas civilizações e sua ligação com a Mesopotâmia e o Egito;
● Conhecer a formação da Mesopotâmia;
● Conhecer os principais pontos do Egito antigo.

24
INTRODUÇÃO

Seja muito bem-vindo(a)!

Prezado(a) educando(a), que bom que estamos nos encontrando em mais uma
etapa de nosso estudo. Espero que esteja cheio(a) de entusiasmo para continuar nossa
disciplina de História Antiga.
Vamos partir para uma nova viagem histórica, começando os estudos das civiliza-
ções antigas. Nesse caminho repleto de conhecimento, espero que você compreenda o
desenrolar dessas civilizações e seu desenvolvimento ribeirinho.
A partir de agora, iniciamos uma jornada pela civilização mesopotâmica e seu le-
gado histórico. Nesta unidade vamos conhecer seu desenvolvimento e a experiência que
transformou nossa história, pois iremos entender desde a primeira escrita conhecida na
história, a escrita “cuneiforme”, suas características que puderam iniciar o primeiro código
de leis escrita na história, conhecido como código de Hamurabi, baseado na lei do talião
(olho por olho e dente por dente).
Nesta unidade vamos visualizar a importância dos rios Tigre, Eufrates e Nilo, pois
várias civilizações cresceram às margens deles. Tais civilizações foram conhecidas como
civilizações hidráulicas, ou seja, dependentes dos rios e dessas águas.
Vamos entender que temos a criação de estados despóticos e burocratizados e
principalmente teocráticos que praticavam a corveia real.
Então, vamos abordar o Egito antigo com todas suas maravilhas históricas e sua
organização, conheceremos sua divisão histórica, começando pelo antigo império, médio
e novo império.
Por fim, desejo que esta unidade possa fortalecer seu desenvolvimento educacio-
nal e de compreensão dessas civilizações através do conhecimento sobre os conceitos
deixados ao longo da história.

Muito obrigado e bom estudo!

UNIDADE II
I OHistória
EstudoAntiga
das Antigas Civilizações 25
1. ESTUDO DAS ANTIGAS CIVILIZAÇÕES

Quando entramos no estudo da antiguidade, da história antiga, ouvimos, através do


senso comum, que é um período histórico em que conhecemos as primeiras civilizações. Vale
ressaltar que é isso mesmo, mas não podemos colocar uma civilização superior à outra, pois
temos diferenças culturais entre esses povos e, ao mesmo tempo, caraterísticas comuns.
Geralmente, afirmamos que uma civilização ou um povo é melhor que outro e
nem nos preocupamos com essa afirmação. Vale ressaltar que desde as competências e
habilidades propostas pelo MEC, no Enem e na BNCC, deixam claro que não existe cul-
tura melhor que a outra, mas simplesmente diferenças culturais. Partindo desse princípio,
iremos demonstrar as primeiras civilizações antigas e suas características específicas de
maneira cuidadosa, como um historiador deve agir e trabalhar.
Não podemos apontar que uma civilização se desenvolveu primeiro que a outra, pois,
na maioria das primeiras civilizações, o processo de fixação no território foi simultâneo em vá-
rias regiões, isso falando do pós pré-história. A característica básica das primeiras civilizações
foi a dependência dos rios, pois a água foi fator determinante para renovação do solo, criando
nessas sociedades a necessidade da criação de grandes obras hidráulicas de irrigação e
drenagem. Com isso, poderiam produzir um excedente e estruturar seus mecanismos de
poder, tendo como base a religião, o poder no divino, assim como estudamos na unidade
anterior. Para confirmar isso, destacamos o estudioso e historiador Karl Wittfogel que pode
ser considerado um dos criadores da expressão “civilizações hidráulicas:

UNIDADE II
I OHistória
EstudoAntiga
das Antigas Civilizações 26
O escritor e pensador teuto-americano Karl Wittfogel cunhou a expressão
“civilizações hidráulicas” para se referir às sociedades em que a necessidade
de controlar a água requeria uma ação coletiva, estimulando, com isso, o de-
senvolvimento de uma burocracia organizadora, o que, a seu ver, levou inevi-
tavelmente ao típico domínio despótico oriental (KRIWACZEC, 2018, p. 26).

Então podemos afirmar que as primeiras civilizações surgiram às margens de gran-


des rios da região chamada de médio oriente, ou seja, as margens do rio Tigre, Eufrates e
Nilo. Assim, vamos abordar, nesse momento, alguns pontos da civilização do antigo Egito,
da Mesopotâmia, que cresceu às margens dos rios Tigre e Eufrates, e também civilizações
como a persa, hebraica e fenícia. Vale ressaltar que essa grande região onde essas civili-
zações surgiram ficou conhecida como crescente fértil.
De forma geral, essas sociedades se estruturaram através da produção asiática,
com escravidão, estruturas econômicas rigidamente fixas, prática de escrita, facilitando o
controle da produção, cobrança de impostos, entre outros.
Embora essas características fiquem expressas claramente na Mesopotâmia e no
Egito, outras civilizações próximas também se estruturaram nesse contexto com carac-
terísticas parecidas. Assim, todas as vezes que estudarmos a primeiras civilizações na
história, iremos apresentar e compreender a forma mais primitiva de organização, além dos
conceitos de cidades-estados, teocracia e modo de produção (nesse caso, o asiático).
Ao citarmos o mundo oriental, podemos apontar civilizações como a chinesa, a
indiana, os persas, os hebreus, além dos greco-romanos, ou seja, de forma rápida iremos
destacar algumas das civilizações para depois adentrarmos na Mesopotâmia e Egito antigo.
Que tal começarmos pelos Hebreus? Vamos lá. Se você já ouviu falar no cris-
tianismo, com certeza conhece algo dos hebreus, ou seja, se você ouviu falar em “bíblia
sagrada”, você já conhece algo sobre os hebreus. Pois quando utilizamos a Torá como
fonte histórica, podemos entender que os judeus surgiram, aproximadamente, nos anos
2 mil a.C. Podemos perceber também a questão da confirmação da data na afirmação de
Pinsk (2011, p. 138):
A questão da historicidade dos patriarcas tem a ver com a própria questão
de quem teria sido o primeiro hebreu, isto é, de quando poderíamos datar a
existência dos hebreus como povo. As opiniões são muitas. Ouve-se, com
frequência, a data de 2000 para Abrahão, seguido de seus descendentes.

Isso em uma região em que hoje se encontra a Síria, tiveram contato também
com os Fenícios, que são considerados os maiores comerciantes da antiguidade. Quanto
aos hebreus, podemos afirmar que eram um povo de pastores nômades, que surgiram na
Caldeia e, por não conseguirem combater os povos mesopotâmicos, iniciaram sua peregri-
nação. Antes da chegada dos hebreus, ali moravam os Filisteus, Cananeus (que deram o

UNIDADE II
I OHistória
EstudoAntiga
das Antigas Civilizações 27
nome de Canaã), arameus, moabitas, edomitas entre outros. Vale ressaltar que o próprio
nome hebreu provém da língua aramaica e significa “o povo do outro lado do rio”, assim,
afirmamos que são de origem mesopotâmica e migrante.
Podemos apresentar um breve resumo sobre sua divisão histórica, começando
através do período dos patriarcas, quando Abraão recebe de Iavé a promessa da terra
prometida que jorrará “leite e mel”, também conhecida como Maná. Com isso passaram
a ser monoteístas, marco diferencial dos povos existentes. Assim se desenvolveram e,
quando Abraão morreu, ocorreu uma sucessão até Jacó, também conhecido como Israel, e
esse teve 12 descendentes, originando-se as 12 tribos de Israel.
Acredita-se, através de estudos históricos na Torá judaica e na Bíblia cristã, que
vários motivos levaram esse povo a fuga da região, entre eles podemos citar invasões
estrangeiras, escassez de terras férteis, além da influência egípcia na antiguidade que
provavelmente os atraiu até lá, onde permaneceram por um longo período, como trabalha-
dores, servindo através da corveia real até o conhecido êxodo em torno de 1250 a.C.
Podemos destacar que, com o êxodo, temos fatores marcantes para essa civili-
zação, como o Decálogo (dez mandamentos), que norteou a vida dos hebreus, além de
confirmar que eram o povo escolhido por Deus e iriam receber a terra prometida.
Assim que termina o período dos patriarcas, temos a era dos juízes que vai de
1200 a.C. a 1010 a.C. Esse foi o período de guerra com os cananeus, que já possuíam
carros de guerra e armas de ferro; com essas necessidades bélicas, temos uma liderança
entre os hebreus, que foram conhecidos como juízes, entre eles podemos citar Josué,
Gideão, Sansão entre outros.
Em seguida temos o período conhecido como a era dos Reis, em que temos um
líder que assume esse papel guerreiro. O primeiro foi Saul, que não conseguiu dominar os
filisteus e nem unificar as tribos de Israel e de Judá, como podemos perceber na citação:
Com Saul, instaura-se a monarquia entre os hebreus. Mas já nessa ocasião
havia uma divisão entre as tribos do norte (Israel) e as do sul (Judá) e Saul
fracassa na tentativa de atrair Judá ao seu reino. Morre nessa tentativa fra-
cassada (PINSKI, 2011, p. 141).

Em seguida temos o rei Davi, que derrota os inimigos e amplia seu território e
unifica as tribos.
Davi tem mais sucesso. Começa organizando o pequeno reino de Judá,
constituído de hebreus da tribo de Judá e de cineus, iemareus e outros povos
não hebreus, sediados na cidade de Hebron. Bom soldado e líder carismáti-
co, Davi estende seu poderio derrotando os arqui-inimigos filisteus e conquis-
tando a cidade de Jerusalém, a qual transforma em capital do reino. Manda
construir um palácio e verifica que falta algo muito importante ao seu reino e
a Jerusalém: o prestígio religioso. Descobre, ou manda fazer, em algum local
o que afirma ser a arca da aliança e a traz, com muita pompa. Com isso, le-
gitima o seu poder “pela graça de deus”, fortalecendo-o mais e mais (PINSK,
2011, p. 142).

UNIDADE II
I OHistória
EstudoAntiga
das Antigas Civilizações 28
Por fim, Salomão que se beneficiou de um período de paz e enriqueceu-se explo-
rando seu território, passagem de rotas comerciais que ligavam o Egito à Mesopotâmia,
além de construir o famoso templo de Jerusalém.
Salomão foi um soldado inferior a seu pai, Davi, mas compensou essa defi-
ciência com uma grande habilidade política. Logo que subiu ao poder, perdeu
algumas terras. Compensou-as com acordos e casamentos em que recebia
como dote cidades inteiras. Foi amigo de faraós e reis fenícios, possuiu um
enorme harém, construiu palácios e fortalezas (PINSK, 2001, p. 143).

Vale ressaltar que estamos passando brevemente por esses povos como os he-
breus, para compreender melhor a grande influência da Mesopotâmia e do Egito. Assim,
iremos parar por aqui o estudo dos hebreus, uma grande civilização que todo cristão conhece
através da maior fonte histórica do seu povo – a Bíblia sagrada –, pois o antigo testamento
do livro sagrado cristão é a Torá, ou seja, o pentateuco hebraico, sua história em si.
Vamos falar agora de um povo que era vizinho dos hebreus, os chamados fenícios.
Vale ressaltar que esse povo tinha um solo pobre e montanhoso, então os fenícios passa-
ram a buscar rotas comerciais pelo mar. Utilizando-se de seu artesanato e até mesmo com
o comércio da “púrpura”, que era extraída de um molusco comum em suas terras, o múrex.
O corante púrpura era utilizado para tingir tecidos com tons rosa e roxo, tornando-se uma
das mercadorias mais caras da antiguidade. Assim, podemos afirmar que os fenícios foram
os grandes navegadores e comerciantes da antiguidade, passando a realizar comércio com
a Mesopotâmia e com o Egito antigo.
Para concluir a citação dessa civilização em nossos estudos, vamos afirmar que
desenvolveram a matemática e a astronomia, que os ajudou muito na arte da navegação
pelas estrelas, além de criarem um alfabeto fonético com 22 letras.
Outro povo ligado a essa região foi o Persa, que se situava ao leste da Mesopotâmia,
um território que necessitou de complexas obras de irrigação. Foi composto pelo reino dos
“Medos” e reino do Persas. Foi sob o dominio de Ciro I que os persas se unificaram politica-
mente, mas seu auge foi no reinado de Dario I com evolução das cidades de Susa, Persópolis
e Passárgada, terras onde possuía os fiéis considerados os “olhos e ouvidos” do rei, pois
eram extremamente fiéis. Povo esse também importante nas relações mesopotâmicas.
Agora vamos entrar na civilização que se destacou nesse período, a grande Meso-
potâmia. Pronto(a) para nossa viagem?

UNIDADE II
I OHistória
EstudoAntiga
das Antigas Civilizações 29
2. A MESOPOTÂMIA

Para falar da Mesopotâmia, temos que argumentar que ela foi composta por várias

civilizações que se sucedem na região e ficaram conhecidas como civilizações mesopo-

tâmicas; situavam-se onde, hoje, é o atual Iraque. Recebeu esse nome justamente por

ficar entre os rios Tigre e Eufrates, ou seja, Mesopotâmia significa terra entre rios. Vale

ressaltar que essa civilização foi basicamente o berço das primeiras civilizações do antigo

oriente, abrangendo uma extensa região que passa pelo Irã, Síria e pelo golfo pérsico.

A Mesopotâmia se difere do Egito pela relação com os rios, pois se o Nilo tem

cheias altamente regulares, a Mesopotâmia é extremamente desuniforme, obrigando uma

ação bem mais intensa e complexa em relação ao domínio dos rios através da irrigação.

Assim, partimos de uma divisão geográfica da Mesopotâmia, classificando-a

como Alta Mesopotâmia e Baixa Mesopotâmia. A Alta Mesopotâmia era formada por

terras com muitas montanhas e menos férteis. Já a Baixa Mesopotâmia era formada por

terras compostas por planícies, possuía solos em que ocorria transporte de minerais,

extremamente férteis, com uma grande quantidade de água, promovendo em seus ha-

bitantes a obrigatoriedade da criação de canais de irrigação e drenagem. Vale ressaltar

que esse domínio do território foi um dos fatores para seu desenvolvimento precoce e de

grande densidade demográfica.

UNIDADE II
I OHistória
EstudoAntiga
das Antigas Civilizações 30
Destacamos ainda que a Baixa Mesopotâmia não tinha uma questão bem definida
em relação à precipitação das chuvas, e isso provocava inundações; as cheias de seus rios
eram irregulares, necessitando de grandes obras hidráulicas, esse desarranjo climático
levou os primeiros povos mesopotâmicos, como os sumérios, a deixarem escritos com
versões sobre o “dilúvio”, chamado de “Epopeia de Gilgamesh”. A seguir encontra-se um
pequeno pedaço desse legado:
Por seis dias e seis noites os ventos sopraram; enxurradas, inundações e
torrentes assolaram o mundo; a tempestade e o dilúvio explodiam em fúria
como dois exércitos em guerra. Na alvorada do sétimo dia o temporal vindo
do sul amainou; os mares se acalmaram, o dilúvio serenou. Eu olhei a face
do mundo e o silêncio imperava; toda a humanidade havia virado argila. A
superfície do mar se estendia plana como um telhado. Eu abri uma janelinha
e a luz bateu em meu rosto. Eu então me curvei, sentei e chorei. As lágrimas
rolavam pois estávamos cercados por uma imensidade de água. Procurei em
vão por um pedaço de terra. A quatorze léguas de distância, porém, surgiu
uma montanha, e ali o barco encalhou (SIN-LEQI-UNNINNI, 2017, p. 82).

Assim que conhecemos a Epopeia de Gilgamesh, somos levados a comparar com o


dilúvio descrito pelo judaísmo em sua torá e pelos cristãos em sua bíblia, ou seja, podemos
afirmar que a fertilidade do solo mesopotâmico e suas chuvas são coisas que deixaram
marcas em todos os povos que ali passaram.
A Mesopotâmia é a civilização pioneira da antiguidade e tem grandes diferenças en-
tre o Egito antigo. Uma dessas diferenças citamos anteriormente, pois se aqui no crescente
Fértil as chuvas são irregulares, no Egito antigo era bem definida em épocas de seca e de
cheia. Já um dos fatores marcantes da Mesopotâmia que diferencia do Egito foi o papel do
deserto, pois se era uma barreira natural para as invasões no território egípcio, na Mesopo-
tâmia era uma passagem aos povos invasores, fazendo com que os povos mesopotâmicos
desenvolvessem um aparato militar para proteção, formando, assim, grandes exércitos.
Podemos afirmar, então, que essa sociedade militarizada promoveu uma sucessão de
povos que formou a identidade mesopotâmica. Vamos conhecê-las?

2.1 Sumérios e Acádios


Os Sumérios deram o pontapé inicial na história dessa região, pois foram os pio-
neiros em desenvolver uma organização nesse território, eram oriundos da região do Irã e
se fixaram na Baixa Mesopotâmia, fundando cidades importantes como Ur, Uruk, Lagash,
Nipur entre outras.
Buscaram desenvolver uma sociedade em que as terras eram consideradas dos
deuses, para prover o sustento dos homens e, em troca, eles deveriam servir aos deuses.
Essa é a explicação das grandes construções conhecidas como “Zigurates”, que eram

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das Antigas Civilizações 31
grandes templos religiosos, onde os deuses ficavam sempre que desciam à Terra. Claro
que o acesso era restrito aos homens capazes de ter contato direto com os deuses. Assim,
esses homens passaram a ter um domínio total da população, estruturando um governo
ligado à religião, tal como vimos na transição da pré-história para antiguidade, no final da
primeira unidade.
Podemos afirmar uma outra diferença entre os egípcios, pois, se o faraó no Egito
era visto como um deus vivo, os sumérios apresentavam o chamado Patesi ou Ensi, que
era o representante, o interlocutor dos deuses com os homens.
Com o domínio religioso ficou fácil o desenvolvimento da agricultura e do comércio
pelos sumérios, os forçando a tentar controlar todo o processo, enfim desenvolvendo a pri-
meira escrita conhecida no mundo, a chamada escrita cuneiforme. Esse nome foi dado por
cunhar a escrita em tabuletas de argila, facilitando os registos, os cálculos e as transações co-
merciais. Ainda sobre a importância da escrita cuneiforme, Jaime Pinsky (2011, p. 55) afirma:
A complexidade e a objetividade das relações econômicas que se estabele-
cem, decorrentes de sua amplitude em termos de espaço e tempo, vão exigir
cálculos precisos e anotações claras, enfim, registros inteligíveis não apenas
para quem os fazia como para outros participantes ou coordenadores do pro-
jeto comum.

Ainda sobre a escrita cuneiforme:


[...] os primeiros símbolos são praticamente auto-explicativos, são pictogra-
mas. A escrita pictográfica não se constitui, contudo, numa exaustiva repro-
dução naturalista do objeto a ser representado; para falar de boi, não havia
necessidade de mostrar seus pelos ou seus cascos ou o comprimento exato
da cauda. bastava traçar sua figura de forma esquemática para se saber a que
se queria referir.
De início, essa simplificação encontrava vários caminhos: para um bastava re-
presentar a cabeça de boi para saber do que se tratava; para outro seria melhor
rascunhar o conjunto do seu corpo e assim por diante. Aos poucos, convencio-
nalmente, decidia-se por uma das versões ou pela síntese de algumas delas,
de acordo com o interesse e o consenso do grupo (PINSK, 2011, p. 56).

Vale ressaltar que, com o desenvolvimento da escrita e de suas cidades, houve

uma disputa entre elas, que favoreceu um povo de origem semita, conhecido como Acádios.

Os Acádios têm como grande nome o rei Sargão I, que unificou a Mesopotâmia

no período e proclamou-se “O Rei dos quatro cantos da Terra”, apesar de ser uma frase

exagerada. Sargão I criou um império na região, adotando a absorção da cultura suméria

e utilizando-se da escrita cuneiforme. Vale ressaltar que ele enfrentou várias revoltas inter-

nas, não conseguindo uma estabilidade governamental e, com isso, abriu espaço para o

domínio Babilônico.

UNIDADE II
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das Antigas Civilizações 32
2.2 Amoritas ou Império Babilônico I
A invasão mais importante da região mesopotâmica, que destruiu os assírios, foi
a do povo amorita, de origem semita, que implantaram sua capital na cidade de Babel,
também chamada de Babilônia. Vale ressaltar que os amoritas eram um povo guerreiro
e lutaram em toda a Mesopotâmia para que ocorresse um domínio total. Foi o famoso rei
Hamurabi que conseguiu esse domínio que se estendia da Caldeia até a Assíria. Por que
será que Hamurabi se tornou famoso? Você já ouviu esse nome?
O rei Hamurabi instituiu algo muito inovador para o período e para a história, pois
criou o primeiro código de leis escritas do mundo. Uma vez que a escrita cuneiforme foi
absorvida, o rei Hamurabi utilizou-se dela para desenvolver e espalhar suas regras. Vale
ressaltar que esse código foi escrito em colunas, 3600 linhas e trazia 282 cláusulas ba-
seadas na lei do Talião, ou seja, “olho por olho e dente por dente”. Assim, chegamos à
conclusão de que a punição seria equivalente ao ato cometido pela pessoa, respeitando a
posição social na sociedade babilônica.
Artigo 200: Se um homem arrancou um dente de um outro homem livre igual
a ele, arrancarão o seu dente.
Artigo 201: Se ele arrancou o dente de um homem vulgar pagará um terço de
uma mina de prata.
Artigo 202: Se um homem agrediu a face de um outro homem que lhe é supe-
rior, será golpeado sessenta vezes diante da assembleia com um chicote de
couro de boi (VICENTINO, 2001, p. 47).

Mas qual foi a inovação de tal código? Será que não existiam essas regras/leis
antes de Hamurabi? Para responder essas perguntas, Pinsk (2011, p. 62) afirma:
De início, imaginou-se estar diante de um grande legislador, autor de uma
série de leis básicas para o mundo civilizado, novas e até revolucionárias.
Seu código, a partir do momento de sua divulgação, há 37 séculos, vem
merecendo sucessivas reedições em todas as línguas civilizadas.
Depois, verificou-se que Hamurábi não criará novas leis e que seu código
não era propriamente inovador, já que revelava apenas práticas sociais co-
muns, encontradas em documentos de outros povos da região. E passou-se
a minimizar sua importância.

Um ponto muito importante sobre esse código é que, apesar de decifrado, preci-
samos estudá-lo cada vez mais, pois seu achado é relativamente novo. O código só foi
descoberto em 1901, pela expedição de Jacques de Morgan na região que corresponde ao
Irã. Hoje, se encontra exposto no museu do Louvre na França.
O rei Hamurabi trouxe desenvolvimento para a região mesopotâmica, pois, com
seu código e com a capital definida, temos uma Babilônia exemplar, que se tornou um
grande centro comercial e cultural do povo ali existente. A concentração humana era muito
grande para o período, havia adorações ao deus Marduk e visitações ao gigantesco zigura-
te, conhecido como torre de Babel – a tentativa do homem chegar ao céu.
A morte de Hamurabi trouxe a desestruturação política e grandes revoltas internas,
que abriram espaço para novas invasões e domínio dos assírios.

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das Antigas Civilizações 33
2.3 Os Assírios
Os Assírios transformaram a cidade de Assur na nova capital, absorvendo uma
grande quantidade de madeira, ferro, cobre e retomaram a caça e a agricultura, mantendo
uma estrutura militar e tornando a Mesopotâmia um estado militarista de dominação. Foi o
povo que tornou ou criou o primeiro exército organizado da Mesopotâmia, pois trazia para si
agrupamentos dentro do exército, como o grupo dos carros de guerra, cavalaria, infantaria,
divisões de armas de arremesso entre outros. Assim, os Assírios dominavam pelo medo e
pelo terror, não tinham piedade dos povos conquistados, sendo considerados ferozes.
O apogeu dos Assírios ocorreu no governo de Senaqueribe, que transferiu a capital
para a cidade de Nínive e, posteriormente, o rei Assurbanipal, que conquistou o Egito e
criou a famosa biblioteca de Nínive, com muitas obras, acervos de toda a cultura mesopotâ-
mica. Vale ressaltar que com a morte de Assurbanipal, houve disputas internas que abriram
espaço para dominação dos Caldeus.

2.4 Os Caldeus ou Império Babilônico II


Temos a ascensão dos Caldeus, povo de origem semita, que, percebendo o colapso
dos Assírios, se organizou e trouxe novamente o império babilônico sob a liderança do rei
Nabucodonosor, que aparece algumas vezes na bíblia cristã. Esse rei dominou o reino de
Judá e levou muitos escravos para a Babilônia, o famoso “cativeiro da Babilônia”. O grande
Nabucodonosor fez obras gigantescas, como os chamados jardins suspensos da Babilônia,
além da criação de terraços para praticar a agricultura.
Vale ressaltar que os jardins suspensos possuíam uma grande diversidade de
plantas em toda sua extensão. Não é possível afirmar com exatidão sua existência, pois os
únicos vestígios encontrados sobre ele são de origem escrita, deixando dúvidas arqueoló-
gicas até os dias atuais.
O fim do segundo império babilônico ocorreu quando tivemos a morte de Nabuco-
donosor e seu filho, que herdou seu lugar, fez um governo fracassado, entrando em declínio
e abrindo espaço para invasão do Persas, liderados pelo rei Ciro.

UNIDADE II
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das Antigas Civilizações 34
3. O EGITO ANTIGO

Com a revolução Neolítica percebemos que o processo de sedentarização dos


homens começou principalmente às margens dos rios. O Rio Nilo absorveu uma grande
concentração humana em suas margens, tornando sua população dependente. Vale res-
saltar que o “pai da história”, como é conhecido o historiador grego Heródoto, afirmava que
“o Egito é uma dádiva do Nilo”, ou seja, o Egito só existe devido à abundância das águas
do Nilo, pois suas cheias proporcionaram áreas férteis para a agricultura, além do rio ser
gigantesco, com mais de 1200 quilômetros, facilitando o transporte de excedente para
comercialização. Vale ressaltar que as cheias geraram uma área de aproximadamente 20
quilômetros de largura, em que, em período de seca, com os húmus ali depositados, se
praticava a agricultura. Podemos destacar ainda que a regularidade das cheias do Nilo
favoreceu seu domínio pelo homem, pois ali foram criados canais de irrigação, facilitando a
agricultura e o povoamento da região.
O povoamento do Egito antigo começou antes mesmo do fim da revolução neolítica,
pois povos de origem hamita já habitavam a região, criando as primeiras aldeias neolíticas
que foram crescendo e se tornando o que, na história, chamamos de nomos, que eram
nada mais que a primeira forma de organização centralizada, pois ocorre a união de várias
aldeias na região que era governada pelo nomarca.

UNIDADE II
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das Antigas Civilizações 35
Com o desenvolvimento da agricultura e o aumento populacional, tivemos o sur-
gimento dos primeiros grandes grupos humanos, dando origem às primeiras cidades que
já possuíam uma espécie de divisão de trabalho e controle do excedente da produção
agrícola, exigindo, então, um maior controle sobre o Nilo e sobre suas margens, ocorrendo,
assim, a centralização do poder. Vale ressaltar que tivemos os primeiros reinos, conhecidos
como o Alto Egito, ao sul, e o Baixo Egito, ao norte.
A divisão entre os reinos do Alto e Baixo Egito terminam quando o rei do Alto Egito,
chamado Menés, conquistou o Baixo e unificou a região, se tornando o primeiro Faraó do
Egito. Com isso, ele passou a ter todo o poder administrativo e divino, pois o faraó passou a
ser considerado uma divindade na terra. O faraó exercia um poder considerado despótico,
acumulando todo o poder em suas mãos.
Em torno do faraó temos uma grande burocracia, repleta de escribas, funcionários
e sacerdotes, aumentando ainda mais a divindade citada, pois o faraó passou a ser consi-
derado um deus vivo, que dominava cada vez mais a população através das gigantescas
obras. Vale ressaltar que o faraó tinha um papel importantíssimo na organização do estado,
ele controlava praticamente tudo. Segundo Kemp (2003, p. 73),
Em última instância, os dogmas serviam para reforçar o processo histórico
através do qual uma autoridade central apareceu para exercer seu controle
sobre uma rede há muito estabelecida de política de comunidades, e era
continuamente reforçada nas províncias pelo ritual e iconografia do ritual que
fizeram, por exemplo, do rei o responsável pelas cerimônias nos templos pro-
vinciais.

Os egípcios acreditavam que o faraó era uma divindade encarnada, que era des-
cendente direto do deus Amon-Rá e, ao mesmo tempo, encarnação de Hórus, ou seja, era
a junção do deus-sol e do deus falcão. Percebemos esse poder na citação a seguir:
Levantai vossas faces, ó deuses que estão no outro mundo, porque o rei veio
para vós possais vê-lo, ele se tornou o grande deus. O Rei é anunciado] com
temor, o rei é vestido. Guardai-vos, todos, porque o rei governa os homens,
o Rei julga os vivos no domínio de Rá, o Rei fala a sua região pura à qual
fez sua morada com aquele que julgou entre os dois deuses. O rei tem poder
em sua cabeça, o rei porta o seu cetro e Thot mostra respeito pelo rei. O Rei
senta com aqueles que remam a barca de Rá, o rei ordena o que é bom e Rá
o faz, porque o Rei é o grande deus (FAULKNER, 1969, p. 252).

Ainda sobre o poder do faraó, podemos afirmar que sua divindade ajudava a domi-
nar todo o povo, assim como explana Gralha (2002, p. 173):
Como a religião permeava toda a sociedade egípcia, a legitimidade garanti-
da através da esfera divina deveria ser o primeiro passo para a consecução
do projeto político-religioso do rei. Tal legitimidade seria alcançada pelo de-
senvolvimento da parte divina da natureza dual do monarca, entendendo os
egípcios tal natureza ao mesmo tempo divina e humana, e pelo estreitamento
da relação do faraó com o deus (neste caso, uma divindade dinástica com
atributos de deus primordial), e que tal abrangência estivesse presente em
todo o reino.

Para exemplificar melhor o desenvolvimento do Egito antigo, dividimos sua história em


impérios, começando pelo antigo, passando pelo médio e novo império. Vamos conhecê-los?

UNIDADE II
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das Antigas Civilizações 36
3.1 O Antigo Império
O antigo império ocorre entre 3200 a 2300 a.C., para ser mais exato, com a unifica-
ção proporcionada por Menés, pois ele criou uma burocracia e a ideia de divindade faraônica,
assumindo todo o papel de liderança. Logo após, ele mudou a capital para Tinis, por isso
alguns historiadores classificam esse período como Tinita, mas depois temos outra cidade
chamada de Mênfis, também chamado de período Menfita. Vale ressaltar que foi nesse pe-
ríodo que ocorreu a construção das três pirâmides de Gizé, chamadas de Quéfren, Queóps e
Miquerinos, que simbolizavam o grande poder faraônico e sua ligação com os deuses.
Foi nesse período que os egípcios começaram a comercializar com outras regiões
e graças à burocracia formada passou-se a ter uma arrecadação de impostos, que susten-
tava o Estado, conseguindo renda para construção de projetos de irrigação e, até mesmo,
das pirâmides citadas. Essas construções conhecidas como pirâmides eram monumentos
que tinham a função de túmulo dos faraós e seus subalternos próximos.
Resumidamente, podemos afirmar sobre o Antigo Império que
Durante o Reino Antigo, o Egito experimentou um longo e ininterrupto pe-
ríodo de prosperidade econômica e estabilidade política, como continuação
do Período Pré-Dinástico. O país rapidamente cresceu em um Estado cen-
tralizado governado por um rei que se acreditava estar dotado com poderes
sobrenaturais. Era administrado por uma elite letrada selecionada, ao menos
em parte, por mérito. O Egito atingiu quase que uma completa autossuficiên-
cia e segurança em suas fronteiras naturais; nenhum rival externo ameaçou
seu domínio no nordeste da África e nas áreas imediatamente adjacentes da
Ásia Ocidental. Avanços nas ideias religiosas foram refletidos nas estupen-
das conquistas na arte e arquitetura (MÁLEK, 2003, p. 84).

3.2 O Médio Império


O médio império foi um período em que os poderes do faraó não foram debatidos
e a unidade política foi fortalecida. Houve uma nova capital chamada de Tebas, em que os
faraós da XII dinastia ordenaram a construção de novas obras de irrigação, aumentando a
área agricultável no Egito, desenvolvendo e trazendo prosperidade para o império.
O professor Arnoldo Walter Doberstein (2010), da PUC do Rio Grande do Sul,
aponta que o Médio Império foi um período de evolução artística, um período em que se
desenvolveram muitas tumbas do Vale dos Reis. Ocorreu também a construção de grandes
templos, além de contatos com povos como os hebreus, fenícios entre outros.
Foi nesse período que ocorreu a invasão dos hicsos, oriundos da Ásia menor, fa-
zendo com que os egípcios fossem dominados, pela primeira vez, por povos estrangeiros.
Isso se deu principalmente pelo desenvolvimento militar dos hicsos, que utilizavam cavalos,
carros de guerra e armas de ferro, instrumentos inovadores para toda região do Nilo. Assim,
o Médio Império chega ao fim por sua instabilidade e a invasão dos guerreiros hicsos.

UNIDADE II
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3.3 O Novo Império
Logo após a invasão dos hicsos, os egípcios começaram e se organizar e a criar
uma espécie de sentimento nacionalista e principalmente militarista, isso sob a liderança de
faraó Amósis I, que organizou o exército e recuperou o território, fazendo o Egito ser ainda
mais respeitado. Vale ressaltar que a confirmação dessa liderança vem logo a seguir, com
a escravização dos hebreus, que conseguiram sua liberdade muitos anos depois através
do episódio, conhecido hoje em dia como êxodo.
O Novo Império nada mais é que o período em que ocorreu o auge do Egito antigo,
pois o faraó Tutmés III conseguiu a maior expansão territorial dos egípcios, chegando até a
Mesopotâmia, bem às margens do rio Eufrates. Vale ressaltar que a expansão é aumentada
por Ramsés II, com a conquista do território palestino.
Com tanta força militar, os egípcios acumularam cada vez mais riquezas, podendo
construir os extraordinários templos de Luxor e Karnac. Infelizmente o império começa a
decair com a morte de Ramsés II, pois os conflitos internos aumentaram, enfraquecendo
cada vez mais a centralização do poder egípcio, abrindo espaço para seu término.

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das Antigas Civilizações 38
SAIBA MAIS

Religião no Egito antigo

Você sabia que a religião no Egito Antigo era politeísta, ou seja, cultuavam vários deu-
ses com funções diferentes na sociedade?
Os deuses egípcios tinham muita coisa em comum com os humanos, pois, além de
nomes, eles tinham sentimentos, desejos e vontades. Apesar dessas coisas comuns a
todos os deuses, eles tinham características próprias, desde corpo humano e, na maio-
ria das vezes, cabeças de animais, mas poderiam ser também totalmente humanos ou
inteiramente animais.
Tinham poderes extremamente fortes, como exemplo: as lágrimas derramadas por eles
poderiam gerar homens, minerais entre outros.

Conheça os principais deuses egípcios e seus significados acessando o link:


https://super.abril.com.br/mundo-estranho/quais-sa%CC%83o-os-principais-deuses-e-
gipcios/

REFLITA

“As águas do Nilo provêm do Nilo azul, que nasce nas terras altas da etiópia, e do Nilo
branco, que se divide num emaranhado de regatos no Sudão meridional e se origina no
lago vitória, no centro da África […] no Egito a água do Nilo alcançava o nível mais bai-
xo de abril a junho. já em julho o nível subia e a inundação começava normalmente em
agosto, cobrindo a maior parte do vale desde aproximadamente meados de agosto até o
final de setembro, lavando os sais do chão e depositando um estrato de sedimentos que
crescia a um ritmo de vários centímetros por século. depois que o nível da água baixava,
eram semeados os plantios principais em outubro e novembro, que, segundo a espécie,
amadureciam de janeiro a abril.”

Fonte: Baines e Malik (2008) On line.

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das Antigas Civilizações 39
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) acadêmico(a), chegamos ao final da Unidade II. No decorrer dela contem-


plamos diversas temáticas sobre as mais remotas civilizações da antiguidade e, para que
isso ocorresse, fizemos uma introdução histórica, abordando algumas civilizações que nor-
teiam a antiguidade. Você consegue se lembrar? Espero que nesse momento do processo
de ensino/aprendizagem você esteja encantado(a) e fascinado(a), sabendo um pouco mais
sobre as antigas civilizações. Se lembra quais nós estudamos? Espero que sim.
Que bom foi conhecer um pouco das antigas civilizações, como a persa, a hebraica
entre outras. Entendemos, através dessas civilizações, a transição da pré-história que
estudamos na primeira unidade e sua ligação para a Mesopotâmia e o Egito.
Anseio que nosso foco principal de estudo, a Mesopotâmia e o Egito, foram sur-
preendentes para você, pois abordamos o aparecimento da primeira escrita conhecida no
mundo, a cuneiforme, e passamos pelo primeiro código de leis escrita do mundo, o código
de Hamurabi, baseado na lei do talião (olho por olho, dente por dente), passando pela
sucessão de povos que formaram a Mesopotâmia.
Por fim, abordamos um pouco do Egito antigo, conhecendo sua divisão histórica, a
sociedade, a economia e a cultura.
Enfim, foi gratificante conhecer essas incríveis civilizações. Nos vemos na próxima
unidade.

Obrigado!

UNIDADE II
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das Antigas Civilizações 40
WEB

DOBERSTEIN, A. W. O Egito antigo. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010. Disponível


em: http://www.pucrs.br/edipucrs/oegitoantigo.pdf. Acesso em: 20 ago. 2021.

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MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Babilônia: A mesopotâmia e o nascimento da civilização
Autor: Paul Kriwaczek
Editora: Zahar
Edição: 1ª
Sinopse: Em Babilônia, Paul Kriwaczek conta a história da antiga
Mesopotâmia, desde as primeiras povoações, em torno de 5400
a.C., até a chegada dos persas no século VI a.C. O autor faz a
crônica da ascensão e queda do reino babilônico durante esse
período e analisa suas numerosas inovações materiais, sociais e
culturais. O povo da Mesopotâmia lançou as bases do que hoje
conhecemos como civilização – com o nascimento da escrita, do
estado centralizado, da divisão do trabalho, da religião organizada,
da matemática e da lei, entre muitas outras coisas fundamentais
que nos servem até hoje. Nas cidades que construíram se desen-
rolou metade da história humana. No cerne da magistral narrativa
de Kriwaczek está a glória da Babilônia ― “o portal dos deuses”
―, que teve seu apogeu no reinado do soberano amorita Hamurá-
bi, que unificou a cidade entre 1800 e 1750 a.C. Embora o poder
babilônico viesse a crescer e depois declinar nos séculos seguin-
tes, a Babilônia preservou sua importância como centro cultural,
religioso e político por mais de 4 mil anos.

LIVRO 2
Título: A mesopotâmia
Autor: Marcelo Rede
Editora: Saraiva
Sinopse: Utilizando documentos escritos e arqueológicos, o reno-
mado professor Marcelo Rede reconstrói a trajetória e o cotidiano
dos povos da antiga Mesopotâmia. O mundo dos sumérios, babi-
lônios e assírios revela-se ao leitor, que acompanha a formação
social e econômica, as relações políticas, a cultura e o modo de
vida desses povos, num texto fascinante e acessível.

UNIDADE II
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das Antigas Civilizações 42
LIVRO 3
Título: História do Egito Antigo
Autor: Nicolas Grimal
Editora: Forense Uni Profissional
Edição: 1ª
Sinopse: Escrever uma História do Egito dos faraós não apresen-
ta mais, nos nossos dias, o aspecto aventureiro que tal tentativa
ainda conservava na virada do século XX. Diante dos progressos
técnicos, novos métodos de trabalho provocaram a mudança do
pensamento dos pesquisadores, e surgiu a ideia de que um caco
de cerâmica pode ter um peso tão grande no entender um fato
quanto um grão de pólen ou um fragmento de papiro. A partir desta
multiplicação das fontes, o historiador vê-se obrigado a abrir seu
método a diversas disciplinas.

FILME / VÍDEO
Título: Babilônia - Passado, Presente e Futuro
Ano: 1996
Diretor: Linda Scobee
Roteirista: Linda Scobee
Sinopse: A história e as profecias bíblicas apresentam a Babi-
lônia como uma potência social, econômica e religiosa. A Bíblia
apresenta a Babilônia como uma mulher cavalgando uma besta
com 7 cabeças e 10 chifres. A Babilônia tem fascinado incontáveis
pessoas através dos séculos e sua história é importante para os
cristãos, hoje. Descubra o fio que liga o presente ao passado da
Babilônia.

FILME / VÍDEO 2
Título: As 10 Maiores Descobertas Do Egito Antigo
Ano: 2007
Diretor: Ben Mole
Sinopse: Durante mais de 200 anos, o Egito abrigou os maiores
descobrimentos do mundo. O Egito na História é um especial de
90 minutos que transporta os telespectadores até o mundo da ar-
queologia moderna e das análises científicas para descobrir seus
incríveis e inexplorados segredos. Acompanhado por uma equipe
de importantes cientistas, o prestigiado arqueólogo Zahi Hawass
viaja por todo o país, guiando os telespectadores pelas histórias
de dez importantes descobrimentos: desde o barco solar de Khufu
até o Obelisco inacabado. Juntamente com estas construções im-
pressionantes, as batalhas, a religião e a magia revelam exóticas e
complexas histórias sobre a vida de reis, rainhas e de milhares de
egípcios comuns, decifrando suas extraordinárias conquistas. Ao
longo desta jornada, os especialistas do programa descobrem as
pessoas que desenvolveram grande parte da arquitetura, crenças
e disciplinas que regulam o mundo moderno

UNIDADE II
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FILME / VÍDEO
Título: Os Grandes Egípcios
Ano: 1998
Diretor: Peter Spry-Leverton
Sinopse: Exibida pelo Discovery Civilization, do Discovery Channel,
a série documental Os Grandes Egípcios, narrada pelo egiptólogo
Bob Brier, desvenda mistérios e esclarece equívocos, apontando
novas descobertas sobre a verdadeira história das personalidades
mais notáveis do Antigo Egito. Dividida em 6 Episódios:
1º E.: Rei das Pirâmides (King of the Pyramids): Sneferu, cujo nome
não é amplamente reconhecido, mas a contribuição para a cultura
egípcia e mundial é a mais duradoura, foi o faraó que deu ao mundo
as pirâmides. O egiptólogo Bob Brier mostra como essas grandes rea-
lizações arquitetônicas foram construídas e que obstáculos tiveram
de ser superados para tal feito. Abordando segredos e discussões
acerca dos simbolismos desses magníficos monumentos em uma
visita dentro de uma das pirâmides do Sneferu para explorar seus
conceitos, agitando história. 2º E.: A Verdadeira Cleópatra (The Real
Cleópatra): Como uma grega, sem uma gota de sangue egípcio, se
tornou um dos mais importantes egípcios de todos os tempos? Uma
volta a Alexandre, o Grande, que estabeleceu a dinastia ptolomaica
do Egito, onde Cleópatra nasceu. Explorando a verdadeira fonte do
poder sedutor e inteligência dessa grande mulher, simbolizada pela
restauração de sua magnífica biblioteca de Alexandria. Seu papel
como governante, mãe e consorte são examinados, revelando uma
mulher muito diferente de sua reputação como cruel e promíscua.
Revivendo seus finais, dramáticos dias após a derrota de Marco
Antônio, em Actium, e descobrindo sua influência duradoura sobre
o Império Romano. 3º E.: O Mistério de Tutankamon (The Mystery
of Tutankhamen): O nome do faraó mais famoso que a rei Tut, o
garoto rei, que só viveu até os 20 anos de idade. Os tesouros de
seu túmulo foram exibidos em todo o mundo. O egiptólogo Bob Brier
investiga o mistério que envolve a morte prematura do jovem rei. Ele
foi vítima de uma trama de assassinato? E o que dizer da misteriosa
morte de sua jovem viúva e o rei hitita, a quem posteriormente se
tornou noivo? Sua história é contada por meio de dramatizações. 4º
E.: A Rainha que foi Rei (The Queen who Would be King): Primeira
e única mulher a se tornar faraó, posição mais poderosa no Egito
Antigo, dominada apenas por homens através da sucessão heredi-
tária. Hatshepsut (c. 1479 a.C. - 1458 a.C.), da XVIII Dinastia, após a
morte de seu pai, Tutmés I, se casou, aos 12 anos de idade, com seu
meio-irmão, Tutmés II; seguindo um costume que existia no Antigo
Egito, em que membros da família real deveriam casar entre si. Após
Tutmés II falecer, segundo a hierarquia egípcia, apenas seu filho
poderia sucedê-lo, no caso, Tutmés III, gerado com uma de suas
concubinas. Como o sucessor ainda era uma criança, Hatshepsut,
em uma atitude ousada e inédita, assume o poder. Anos após a
sua posse decide ser faraó e governar em seu direito até o fim de
sua vida. Seu reinado durou cerca de vinte anos, sendo um dos
mais prósperos. O egiptólogo Bob Brier explica porque a soberana
rainha-faraó teve sua história vinda à tona apenas recentemente,
expondo uma conspiração que tentou apagar das gerações futuras
sua notável existência. 5º E.: Akhenaton - O Faraó Rebelde (Akhe-
naton - The Rebel Pharaoh): O faraó mais radical da história egípcia,
Akhenaten, era um visionário e revolucionário. Nascido Amenhotep
IV, mudou seu nome para Akhenaton para refletir sua crença em
Aten, como um deus monoteísta, rejeitando a tradição politeísta do
Egito. Também foi um artista, que rompeu com as formas de arte do
passado, criando esculturas e pinturas estilizadas.6º E.: Ramsés, O
Grande (Ramses the Great): Ramsés, o faraó que ficou conhecido
por sua longevidade, governou o Egito por 67 anos. Mas fez muito
mais do que sentar-se no trono há mais de seis décadas e gerar
mais de 200 crianças. Algumas das grandes realizações arquitetô-
nicas do Egito eram a visão de Ramsés. Um guerreiro de renome,
exemplificado pela derrota das forças hititas superiores, em Cades.
Mas há uma derrota pela qual é lembrado, evidências históricas e
arqueológicas apontam que Ramsés perdeu a batalha com Moisés,
liderado pelo Deus dos israelitas.

UNIDADE II
I OHistória
EstudoAntiga
das Antigas Civilizações 44
UNIDADE III
O Mundo Grego
Professor Esp. Cleber Henrique Sanitá Kojo

Plano de Estudo:
● A Grécia;
● A Grécia Antiga.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer a Grécia Antiga;
● Conhecer os períodos da história grega: Pré-Homérico;
● Conhecer os períodos da história grega: Homérico;
● Conhecer os períodos da história grega: Arcaico;
● Conhecer os períodos da história grega: Clássico;
● Conhecer os períodos da história grega: Helenístico.

45
INTRODUÇÃO

Seja muito bem-vindo(a)!

Prezado(a) educando(a), é com muita alegria que iniciamos uma nova etapa em
nossos estudos. Espero que esteja entusiasmado(a) com tudo que vimos até o momento
em nossa disciplina de História Antiga.
Até agora passamos pela pré-história e seguimos pelas primeiras civilizações da
antiguidade, percebendo que todas eram de origem ribeirinha, desde os judeus, chineses,
mesopotâmicos e egípcios.
A partir de agora iniciamos uma nova viagem histórica, começando os estudos
com os povos que são considerados o berço de nossa civilização atual. Vale ressaltar que,
nesse caminho repleto de conhecimento, vamos saborear poemas que narram a história
da primeira civilização que vamos estudar, ou seja, a grande Grécia Antiga. Talvez você se
pergunte quais são esses poemas e qual sua importância. Espero que você compreenda o
desenrolar dessas civilizações e seu desenvolvimento ribeirinho.
Iniciaremos uma jornada nessa maravilhosa civilização, conhecendo os períodos que a
formaram, desde o período Homérico até o período de dominação macedônica, ou seja, o hele-
nístico, que traz um dos personagens mais importantes da história, chamado de “O Grande”.
Nessa unidade vamos saborear a importância da democracia grega e comparar ao
nosso dia-a-dia. Vamos entender que muita coisa que fazemos hoje, que faz parte de nossa
civilização, teve origem nesse povo repleto de história. Abordaremos um pouco de sua
sociedade, economia e cultura, trazendo os principais conflitos desse povo e seu resultado.
Por fim, desejo que esta unidade possa fortalecer seu desenvolvimento educacional
e que você entenda tudo que nos cerca em relação à sociedade e cultura, pois é de extrema
importância a relação do ontem e o hoje.

Muito obrigado e bom estudo!

UNIDADE III O Mundo Grego 46


1. A GRÉCIA

É importante relatar que trazemos dentro de nós um conhecimento prévio sobre


esse povo, pois sempre ao redor de nossa história, temos algo que vem da Grécia antiga.
Quando falamos sobre, logo de imediato, vem em nossa cabeça o termo “berço de nossa
civilização” e esse termo nos traz vários significados. O mais importante é o que vem com
ela, ou seja, a ideia de influência em nossa formação como sociedade.
Vale ressaltar que a ideia de “Grécia” como unidade territorial vem com o renasci-
mento artístico e cultural. Esse movimento é uma tentativa de resgate à cultura greco-roma-
na, ou seja, queriam resgatar a forma de pensamento e de organização social que norteia
a partir daí nosso mundo moderno.
Se é conhecido que a ideia de Grécia como unidade é moderna, como devemos
chamá-los em nossos estudos? Já que não conheciam a ideia de estado único, vamos
chamá-los de mundo grego. Isso baseado na afirmação Finley (1985), que aponta enfati-
camente que os gregos nunca tentaram criar uma noção de nação. Então, usaremos esse
termo, simplesmente por uma adequação pedagógica, pois podemos chamar de Grécia
antiga sem problema algum.
Vamos prosseguir nossos estudos falando da geografia do mundo grego, que tem
um território que se prolonga do sul da península Balcânica até as ilhas dos mares Jônio
e Egeu. Vale destacar que o território dos gregos era composto por regiões peninsulares e
de território não muito favorável à agricultura, além do clima que era considerado árido em
relação ao resto da Europa.

UNIDADE III O Mundo Grego 47


Assim, a posição geográfica favorável em relação aos demais povos, aliada à ques-
tão peninsular e à dificuldade da prática da agricultura, levou o mundo grego a produzir
técnicas para o desenvolvimento de portos e aventuras no mundo marítimo.
Segundo Funari, (2002), o mundo grego também é uma das sociedades pioneiras
oriundas da pré-história e tiveram uma longa duração até o aparecimento dos gregos.
Estabelecimentos neolíticos existiam desde 4500 a.C., fundada por popu-
lações originárias ou influenciadas pelo Oriente Próximo asiático que foram
evoluindo e, entre 3000-2600 a.C., já constituíam organizações monárquicas
e desenvolviam, por meio de instrumentos primitivos, uma economia agrícola
e pastoril. A invasão de povos vindos da Anatólia trouxe novas técnicas à re-
gião (início da Idade do Bronze), assim como conhecimentos adquiridos em
contatos anteriores com outros povos, em especial orientais: continuou-se a
prática pastoril e agrícola, agora com a utilização do arado, e o comércio no
Mediterrâneo oriental ampliou-se. Entre os anatólios, predominava a organi-
zação monárquica forte em reinos independentes, com a existência de palá-
cios em algumas cidades mais importantes. Entretanto, no fim do segundo
milênio, entre 2000 e 1950 a.C., a civilização anatólica da Hélade entra em
declínio devido à chegada de povos que falavam um grego primitivo, apa-
recendo, pela primeira vez, os gregos na história daquela região (FUNARI,
2002, p. 14).

No entanto, você pode se perguntar onde encontrar fontes históricas datadas para
contar, descrever e desvendar a história dos gregos. Mesmo com a exemplificação de Fu-
nari (2002) sobre a origem dos gregos desde a pré-história, devemos buscar outras fontes
que narram o legado desse povo. Assim, podemos construir a história do mundo grego.
Mas quais são essas fontes? Temos grandes achados arqueológicos em particular
que narram a origem do mundo grego. Para ser exato, duas obras magníficas, atribuídas
ao poeta Homero, a Ilíada e a Odisséia. O poema Ilíada vem da palavra Ilion, que significa
Tróia no vocabulário grego, ou seja, narra a guerra de Tróia. Já a Odisseia vem de Ulisses,
também conhecido como Odisseu, e narra o retorno para casa do herói da guerra de Tróia.
Mas o que podemos tirar de história dos poemas Ilíada e Odisseia? Através delas podemos
entender toda a história inicial dos gregos, desde suas vestes, alimentação, cultura, socie-
dade entre outros.
Podemos afirmar que a importância dos poemas foi de uma imensidão para a
história dos gregos, por isso, para facilitar o estudo do mundo grego, utiliza-se o poeta Ho-
mero como o marco inicial para o aprendizado de sua história. Com isso, temos, então, os
períodos históricos marcados como: Pré-homérico, Homérico, Arcaico, Clássico e o período
de dominação Macedônica, conhecido como Helenístico.
Vamos iniciar nossa viagem sobre o período pré-homérico. Preparado(a)?

UNIDADE III O Mundo Grego 48


1.1 Período Pré-Homérico (século XX a.C. ao século XII a.C.)
As nações que iniciaram o povoamento do mundo grego ficaram conhecidos como
pelágios ou pelasgos, isso porque os termos citados vêm do grego e significam “ligados ao
mar”. Confirmando esses termos no trecho de Arruda (1993, p. 52): “Nesse processo de
ocupação, assimilaram povos mais antigos existentes na Grécia, os pelágios ou pelasgos,
de origem desconhecida”.
No início eles eram coletores, praticavam a agricultura rudimentar e a pesca em si,
passando pela exploração do mar para completar sua subsistência. Com a expansão eco-
nômica e o domínio sobre o mar, um desses povos se destacou criando uma organização
política que fez com que dominassem os outros povos nativos, nascendo, assim, o que
Chamamos de civilização cretense. Segundo Funari (2002, p. 15), muitos outros aspectos
existiram para o domínio dos cretenses sobre os outros povos, pois
A civilização cretense origina-se no final do terceiro milênio antes de Cristo
e em 1800 a.C. já havia construído grandes palácios com depósitos monu-
mentais de alimentos e arquivos contábeis. Os cretenses mantinham muitos
contatos com o Egito faraônico, o que foi muito importante para a difusão da
cultura egípcia no Mediterrâneo oriental. A escrita cretense, hieroglífica, com-
punha-se de sinais que marcavam sílabas, mas a língua usada pelos creten-
ses ainda não foi decifrada pelos pesquisadores até hoje, o que deixa muitas
perguntas no ar. Sabe-se que a principal cidade de Creta, Cnossos, era um
centro administrativo monumental. Creta foi a diretriz da região da Grécia na
época do Bronze. Em meados do segundo milênio, Creta conheceu o apogeu
da chamada Talassocrassia minoense, ou seja, o poder marítimo de Creta
influenciava toda a região.

Com a afirmação de Funari (2002) podemos destacar que a civilização cretense


cresceu dedicando-se ao comércio e ao intenso artesanato que desenvolvia, ajudando o
comércio. Vale destacar ainda que a palavra Talassocrassia deriva do termo grego “talas-
sos”, que significa mar, ou seja, reforça o poder dos cretenses sobre os demais povos.
A civilização cretense era muito organizada e esse mérito pode ser atribuído ao rei
Minos, que incentivou cada vez mais o comércio, se destacando também pela criação da
capital na cidade do Cnossos e da construção do palácio gigantesco de Cnossos. O palácio
de Cnossos construído pelo rei Minos despertou um fascínio nos gregos, fazendo nascer
lendas como a do “Minotauro e seu labirinto (no caso, o enorme palácio de cnossos)”.
Funari (2002, p. 15) descreveu a lenda da seguinte forma:
Segundo a lenda, o rei Minos, de Creta, em vingança pela morte de seu fi-
lho Andrógeos na Ática, começou a exigir como tributo sete meninos e sete
meninas atenienses, que eram oferecidos, de tempos em tempos, ao Mino-
tauro, uma criatura assustadora, meio homem, meio touro, que os devorava.
A fera vivia no Labirinto, um local cheio de aposentos e caminhos (tal como
os imensos palácios de Cnossos) até que Teseu, um personagem heróico
grego, o matou, encontrando depois o caminho de saída — o que ninguém
ainda havia conseguido fazer — graças à estratégia de amarrar a ponta de
um novelo na porta de entrada e ir desenrolando conforme caminhava, para,
assim, saber como voltar. Esta famosa lenda demonstra o quanto a civiliza-
ção cretense impressionou os antigos gregos.

UNIDADE IV Roma Antiga 49


A capital Cnossos e seu palácio despertou tanto fascínio que sua arquitetura foi
elogiada por todo mundo grego e até hoje. A capital também, que abrigou uma população
numerosa, chegando a mais de 100 mil habitantes, algo sensacional para a antiguidade.
Essa região recebeu muitos povos indo-europeus, que se transformaram nos futu-
ros gregos. Os primeiros foram os Aqueus, que se estabeleceram na região do Peloponeso.
Em seguida vieram as imigrações dos eólios, Jônios que se estabeleceram na região da
península Ática. Vale ressaltar que tanto o Peloponeso quanto a Ática foram importantes
em outros períodos da história do mundo grego.
Os Aqueus eram guerreiros treinados e, como os cretenses, se voltaram para o
comércio. Foi uma conquista fácil, saqueando toda a capital e o palácio de Cnossos, que
foi incendiado ao término da invasão. No entanto, os cretenses deixaram uma grande
influência sobre seus dominadores, desde a cultura até mesmo no desenvolvimento da
escrita. A partir desse momento os Aqueus mudaram a capital para Micenas e passaram a
ser chamados de civilização Micênica.
A expansão dos Aqueus prosseguiu e voltou-se a um grande adversário de
nome Tróia, pois essa cidade controlava todo o comércio da região do mar Egeu até as
proximidades do mar Negro. Aproximadamente em 1200 a.C., os Aqueus destruíram a
cidade de Tróia e passaram a controlar todo o comércio da região. Vale ressaltar que
esse acontecimento ficou conhecido como a guerra de Tróia, em que temos o episódio
do imenso presente dado aos troianos pelos gregos. Um gigantesco cavalo de madeira,
cheio de homens escondidos nele, que esperaram anoitecer, saíram do cavalo e tomaram
a cidade de Tróia. É por isso que atualmente, quando ganhamos um presente duvidoso/
ruim, utilizamos o termo “presente de grego”.
Um ponto interessante da história da civilização Micênica é que, no auge de seu
expansionismo, os Aqueus sentiram um pouco de seu próprio veneno, pois sofreram in-
vasões do povo Dório, um povo tradicionalmente e extremamente guerreiro. Estes eram
militaristas, utilizavam de inovações como armas de ferro e faziam da guerra sua principal
atividade econômica. Vale ressaltar que o terror ocasionado pelos Dórios provocou uma
fuga em massa da população para o continente, esse fato é descrito na história como a
“Primeira Diáspora” do mundo grego. Ela praticamente dizimou a escrita grega, dificultando
ainda mais o trabalho dos arqueólogos e historiadores, alguns classificam esse período
como a época das trevas, pois não se sabe exatamente o que ocorreu nesse período. No
entanto, também ocorreram coisas boas, e assim nascia o mundo grego.

UNIDADE III O Mundo Grego 50


Escapando aos invasores, numerosos aqueus se refugiaram na costa da Ásia
Menor onde se instalaram seguidos por alguns dórios. Lá, aos pés do platô de
Anatólia, no desembocar das grandes rotas que levavam ao centro do Oriente
Próximo, formou-se então a Grécia da Ásia, onde sobreviveram certos traços
da civilização creto-micênica, que, no contato com o Oriente, desenvolveu-se
ainda mais: os gregos da Ásia, em suas relações com os mesopotâmicos e os
egípcios, enriqueceram-se com os conhecimentos tecnológicos dessas duas
civilizações mais antigas e sofisticadas (FUNARI, 2002, p. 18).

Com isso, podemos afirmar que a invasão dória é o marco que separa o Período
Pré-Homérico do Período Homérico.

UNIDADE III O Mundo Grego 51


2. A GRÉCIA ANTIGA

As invasões Dórias, somadas com a primeira Diáspora grega, fez com que nascesse
uma mistura das contribuições deixadas pela civilização creto-micênica com as indo-europeias
e orientais, nascendo, assim, a Grécia clássica e, com isso, um novo período do mundo grego.
Vale ressaltar que o estudo dessa continuação da história do mundo grego clássico
se dá através dos períodos posteriores ao Pré-homérico. Assim, vamos começar nossa
viagem sobre o período Homérico.

2.1 Período Homérico (século XII a.C. ao século VIII a.C.)


Como você estudou na unidade anterior, a invasão Dórica acabou com qualquer
forma de evolução na questão da organização política e social do mundo grego. Por exem-
plo, ocorreu o fim das grandes cidades através do crescimento das comunidades gentílicas,
ou chamado também de genos, que existia desde o período Pré-Homérico.
Podemos descrever as comunidades gentílicas como grandes núcleos familiares
que controlavam a questão política, econômica, social e até mesmo religiosa. Vale destacar
que, nas unidades dos genos, não havia propriedade privada e sim um sistema coletivista
familiar, ocorrendo igualdade em termos econômicos. A liderança dos genos ficava a cargo
dos “pater” famílias, ou também chamados de patriarcas, que se relacionava com os mais
próximos, fazendo com que a posição social dentro dos genos fossem aplicadas, e sua
colocação estava de acordo com o parentesco do pater famílias.

UNIDADE III O Mundo Grego 52


A estrutura das comunidades gentílicas permaneceram durante todo o período Homéri-
co. Logo após ocorre a reconstrução do mundo grego e com isso temos o aumento populacional
que faz parte de todos seus territórios. Esses territórios eram de pouca fertilidade, provocando
uma crescente falta de alimentos e levando a uma crise dentro dos genos. Provocando lutas so-
ciais que levaram ao aparecimento da propriedade privada, formando assim, uma nova classe
social intitulada de “eupátridas”, ou bem nascidos, que também eram os parentes próximos
do pater. Funari (2002, p. 32) afirma que “Atenas viveu sob o regime aristocrático, a terra estava
nas mãos de poucos, os eupátridas (‘bem nascidos’) ou nobres”.
Vale ressaltar que Arruda (1993) aponta ainda as classes periféricas como a dos paren-
tes mais distantes do pater, que foram chamados de “georgóis” ou agricultores. Por fim, havia
uma grande parte da população que vivia às margens da sociedade, intitulada de “thetas”.
Com essa divisão em sua formação, temos o surgimento de uma classe privilegiada,
os eupátridas, que intensificou o processo de colonização e resultou em uma nova disper-
são de povos gregos por um longo território. Dessa forma, ocorreu a segunda diáspora, que
promoveu uma evolução significativa na formação da pólis gregas.
As lutas dentro dos genos promoveu um processo de união entre vários genos
para se protegerem uns dos outros. Com isso nasce o que chamamos de fátrias, ou seja,
a soma de vários genos. Quando temos a união de várias fátrias nascem as tribos e com
a união de várias tribos temos as pólis, ou cidades gregas. Percebemos toda essa divisão
na afirmação de Funari (2002, p. 25):
Em geral uma cidade, ao formar-se, compreende várias tribos; a tribo está
dividida em diversas fátrias e estas em clãs, estes, por sua vez, compostos
de muitas famílias no sentido estrito do termo (pai, mãe e filhos). A cada ní-
vel, os membros desses agrupamentos acreditam descender de um ancestral
comum, e se encontram ligados por estreitos laços de solidariedade. As pes-
soas que não fazem parte destes grupos são estrangeiros na cidade, e não
lhes cabe nem direitos, nem proteção.

Assim, podemos afirmar que a segunda diáspora grega favoreceu o fim das co-
munidades gentílicas e o início da formação das pólis gregas, ou seja, o surgimento das
cidades-estados que nortearam o período Arcaico que estudaremos a seguir.

2.2 Período Arcaico (século VIII a.C. ao século VI a.C.)


No período Arcaico é que surgiram as cidades-estados no mundo grego, cidades
essas que nasceram, cresceram e se desenvolveram de maneiras diferentes, desde a or-
ganização social, deuses, leis, política entre outros. Vale ressaltar que em comum as pólis
gregas possuíam a cultura e as construções.

UNIDADE III O Mundo Grego 53


Segundo Funari (2002), nas cidades-estados ocorriam características comuns na
área da arquitetura, pois havia a construção da acrópole ou a parte alta, onde se construí-
ram os templos religiosos, as fortificações militares e as residências dos cidadãos com a
mais elevada classe social.
Assim, percebemos um certo “desenvolvimento” na parte alta, mas a parte baixa
possuía também seus encantos, começando pela ágora ou praça, em que havia um comér-
cio forte, com todas as mercadorias, desde o artesanato até produtos oriundos de outras
regiões. Ainda na ágora, aconteciam todas as assembleias do povo, as festas ou festivais
e onde se aplicava-se a leis.
Analisar todas as cidades-estados gregas seria impossível neste momento, por
isso vamos abordar as duas que mais se destacaram no mundo grego, ou seja, Esparta e
Atenas. Entre elas há diferenças básicas que podem demonstrar sua importância dentro da
história. Vamos conhecê-las?

2.2.1 Esparta: “a pólis dos guerreiros”


Esparta foi fundada na península do Peloponeso, pelos dórios, povo guerreiro que
foi responsável pela primeira diáspora grega. Vale ressaltar que essa região era desfavo-
rável à prática da agricultura, pois era um território montanhoso e seu solo era fraco para
se produzir alimentos. Por isso os espartanos foram levados a se preparar para a arte da
guerra desde o nascimento, assim poderiam conquistar regiões férteis para sua subsistên-
cia. Temos, então, uma ligação constante entre liderança e guerra, ou seja, os líderes de
Esparta eram os militares.
Todo cidadão de Esparta vivia para a guerra e eram chamados, na história, de
espartanos, espartíatas ou esparciatas. Todas essas denominações eram para designar
a pequena parte de seus cidadãos que exerciam a liderança da cidade, pois somente eles
tinham o direito de participação política. Segundo Funari (2002, p. 30), “Todos os homens
de Esparta, chamados de esparciatas, eram guerreiros, sendo proibidos por lei de exercer
atividades que entrassem em conflito com a carreira militar”.
Ainda na divisão social de Esparta, havia os periecos, que eram os agricultores
livres que cultivavam as terras menos férteis ou dedicavam-se ao artesanato e ao comércio.
Os hilotas eram a maioria da população, além de serem vistos como propriedade
do estado, com a função de cultivar a terra e o sustento da classe mais elevada.
Politicamente, a Esparta era dirigida pelos esparciatas, que exerciam a exclusivi-
dade de se chamar de cidadãos. Entre esses cidadãos que governavam estava o conselho
dos anciãos, chamados de gerúsia. Esse conselho era composto por 28 pessoas mais
velhas que detinham o cargo de forma vitalícia.

UNIDADE III O Mundo Grego 54


O próximo ponto governamental de Esparta eram os cinco éforos, indicados pela
Gerúsia e detinham o poder executivo. Já a participação dos outros membros esparciatas
era por meio da assembleia dos cidadãos, conhecida como apela.
Para concluir a questão política, tínhamos uma diarquia, composta por dois reis que
dividiam e exerciam entre si os poderes militares e religiosos, tudo garantido pelo código de
leis conhecido pelo nome do criador Licurgo. Vale ressaltar que esse código tinha um caráter
sagrado, portanto era imutável, ou seja, não existia uma mobilidade social dentro de Esparta.
Sobre a educação espartana, podemos afirmar que era totalmente militar. As crian-
ças eram selecionadas desde o seu nascimento, pois se possuísse alguma deficiência
era descartada, sacrificada logo depois de nascer. Toda criança do sexo masculino ficava
com sua família até os sete anos, quando deixava sua casa e era entregue ao estado para
receber o treinamento militar.
Vejamos um pouco dessa educação, segundo Funari (2002, p. 31),
Nesta sociedade de ferro, desde a mais tenra infância, os garotos eram cria-
dos como futuros guerreiros, submetidos a condições muito duras, tanto para
seu corpo como para seu espírito, de maneira a se tornarem pessoas ex-
tremamente resistentes e, por isso, se usa, até hoje, o adjetivo “espartano”
para designar a sobriedade, o rigor e a severidade. Ficavam todo o tempo
treinando para a guerra. Para aprenderem a suportar a dor, os meninos eram
chicoteados até sangrarem e eram ensinados a serem cruéis, desde garotos,
caçando e matando hilotas.

Ainda sobre a educação, Funari (2002, p. 31-32) complementa:


Conforme cresciam, suas provações aumentavam: eram obrigados a andar
descalços e nus, de modo que adquiriam uma pele grossa, só se banhavam
com água fria e dormiam em camas de junco, feitas por eles mesmos. Aos
vinte anos de idade, o homem espartano adquiria uns poucos direitos políti-
cos; aos trinta, casava-se, adquiria mais alguns outros e uma certa indepen-
dência. Entretanto, apenas aos sessenta estaria liberado de suas obrigações
para com o Estado e seu esquema de mobilização militar constante.

2.2.2 Atenas: “A Pólis da política”


A cidade de Atenas foi fundada na península Ática pelos Jônios que desenvolveram
uma cidade-estado de origem política. Sua estrutura social está ligada à agricultura e, por
isso, sua divisão social começa com a classe dominante conhecida como eupátridas ou
bem-nascidos, oriundos diretos das comunidades gentílicas e do pater famílias. Sobre isso,
Funari (2002, p. 24-25) nos diz que
Atenas — muito mais dinâmica que Esparta — é bem mais conhecida por
historiadores e arqueólogos. Atenas estava na Ática, a sudeste da península
grega central; com solo pouco fértil, a produção de trigo e cevada nem sem-
pre bastava para alimentar sua população.
[...] Durante muitos séculos (ix-vi a.C.), Atenas viveu sob o regime aristocrá-
tico, a terra estava nas mãos de poucos, os eupátridas (“bem nascidos”) ou
nobres.

UNIDADE III O Mundo Grego 55


Sua primeira forma de governo era a monarquia, exercida pelo basileu, um chefe
militar e administrativo, que sofria a influência dos eupátridas, que por sua vez, se organiza-
vam retirando o basileu do poder e implantando o regime oligárquico, ou seja, um governo
somente deles, pois a palavra oligarquia tem seu significado como “governo de poucos”.
Dentro da oligarquia havia nove magistrados chamados de arcontes, que tinham,
no início, mandatos decenais e posteriormente anuais. Vale destacar que os arcontes con-
centravam os poderes políticos, religiosos, militares, legislativos e judiciários, isso com o
apoio de um conselho de eupátridas intitulados de arópago.
A economia ateniense era voltada para a agricultura com o plantio da vinha e da oli-
veira, que se adaptaram à região, produzindo, assim, o vinho e o azeite. Vale ressaltar que
o território forneceu um amplo sistema de mineração de prata exercido pelos atenienses.
Com isso, Atenas tinha tudo para expandir sua economia para o comércio e assim foi feito.
As colinas favoreciam o plantio de oliveiras e uvas, do que resultou uma in-
dústria de azeite, vinho, desde o século VIII a.C. Ao sul da península, os ate-
nienses desenvolveram a mineração de prata e o excelente porto do Pireu fa-
voreceu o destaque de Atenas no comércio marítimo (FUNARI, 2002, p. 32).

Assim, Atenas desenvolveu uma economia mercantil que necessitava de mão de


obra escrava e essa força motriz era adquirida através de guerras e dívidas.
Paralelamente ao poder dos eupátridas, crescia a influência dos comerciantes po-
pulares, chamados de demiurgos, que pretendiam uma participação política direta. Para
realizar seu pedido junto aos bem-nascidos, buscaram apoio das camadas mais periféricas
e pobres, nascendo, assim, o chamado demos (povo), iniciando uma espécie de lutas
sociais que perduraram em todo o período arcaico da história grega.
Com toda a pressão exercida pelos demos, apareceram, em Atenas, alguns legisla-
dores e, com suas leis, mudam o que se conhecia na Pólis até então. Vamos conhecê-los?
O primeiro legislador a ser destacado é Drácon, que, segundo Funari (2002, p. 25),
é lembrado até a atualidade, graças a suas reformas.
Segundo a tradição, as lutas entre as classes populares descontentes e as
oligarquias levaram a que Drácon, um personagem lendário, cujo nome signi-
ficava “serpente”, tivesse atuado como legislador, encarregado de redigir as
leis e torná-las conhecidas por todos. (Nos dias de hoje, folheando o jornal,
não é raro ler algo sobre uma medida “draconiana”, como um racionamento
rígido de água. A fama desta “cobra” ateniense chega até os dias de hoje!) O
Código de Drácon teria sido feito por volta de 620 a.C., ainda que dele só te-
nha sido encontrada uma reprodução bem posterior. Representou um avanço
pois tornou as leis públicas e aplicáveis a todos.

No entanto, sua ação não acabou com o domínio econômico da aristocracia, que
continuou dominando a vida política de Atenas. Com isso, temos um novo legislador, cha-
mado de Sólon, que tentou amenizar os ânimos.

UNIDADE III O Mundo Grego 56


Para acalmar os ânimos, Sólon, arconte ateniense, em 594 a.C., favoreceu
o desenvolvimento econômico da indústria e do comércio, cancelou dívidas
dos cidadãos pobres e acabou com o sistema de escravidão por endivida-
mento, segundo o qual os atenienses pobres deviam pagar suas dívidas com
o trabalho escravo. Sólon conferiu mais poderes à assembléia popular dos
cidadãos (Eclésia) e vinculou os direitos políticos às fortunas e não mais aos
privilégios de sangue ou às ligações familiares. Se, por um lado, somente os
cidadãos mais ricos podiam se tornar arcontes, por outro, todos os cidadãos
passaram a ter direito de participar da Eclésia. Sólon instituiu também um
novo conselho, a Bulé (FUNARI, 2002, p. 33).

Para facilitar sua compreensão sobre os legisladores, elaborei uma tabela explica-
tiva. Observe:

TABELA 1 - OS LEGISLADORES DE ATENAS

Drácon: Sólon:
● Elaborou o “código de Drácon”, ● Faz reformas importantes em
que organizou e criou a implan- Atenas, entre essas reformas
tação das leis escritas, que até podemos citar o critério
então eram realizadas de manei- censitário para a participação
ra oral, facilitando a manipulação política, ou seja, a participação
pelos eupátridas. Em contraponto política está condicionada ao
às conquistas, os eupátridas ga- grau de riqueza do indivíduo.
rantiam a propriedade privada e ● Decretou também o fim das
sua manutenção, se preciso, atra- hipotecas sobre os pequenos
vés da força. proprietários, ou seja,
● Esse código trouxe também uma teoricamente acabou com a
novidade, que foi o princípio da escravidão por dívidas.
igualdade jurídica. ● Criou também regras para
organizar a política, entre eles
temos:
9 O Bulé, que era o conselho
dos 400.
9 A Eclésia, ou assembleia
popular.

Fonte: o autor.

Mesmo com tantas reformas políticas, as agitações se avolumaram, pois tínhamos


um demos descontente com o cenário social encontrado e uma aristocracia infeliz com sua
perda de poder. Com isso, temos o aparecimento das chamadas “tiranias”. Vale ressaltar
que para os gregos a palavra tirania tem um significado diferente do que conhecemos hoje,
pois se, para nós, tirano é sinônimo de opressor, dominador, cruel, para os gregos era um
grande homem que governou Atenas em casos específicos e necessários. Assim, podemos
dizer que, na Grécia antiga, o tirano nem sempre foi cruel e opressor.

UNIDADE III O Mundo Grego 57


O primeiro tirano de Atenas foi Pisístrato, que assumiu o poder através de golpe
popular e realizou grandes obras públicas, empregando as camadas mais pobres. Ele tam-
bém otimizou o comércio, melhorando também a vida da aristocracia, ou seja, governou
para todos, sendo querido em todas as classes sociais de Atenas.
Após sua morte, seus filhos Hiparco e Hípias assumiram o poder, dividindo entre
eles a responsabilidade de governar Atenas. Porém fizeram um governo frustrante, que
resultou em uma reação aristocrática que os derrubaram, colocando Iságoras no poder.
Vale destacar ainda que Iságoras governou por um curto tempo, pois ocorreu uma reação
popular que abriu espaço para que Clístenes assumisse o poder.
O governo de Clístenes representou uma mudança extrema na história de Atenas,
em que ele implantou reformas que resultaram na democracia. Como Clístenes fez essas
mudanças tão grande? Como controlou o povo? Simples, ele começou dividindo a península
Ática em três regiões: a cidade, o litoral e o interior. Dentro dessas três regiões ele classificou
a população em dez tribos diferentes, chamando-se de demos, dispensando-os por todas as
três regiões de forma uniforme, garantindo a igualdade entre todos os cidadãos atenienses.
Ainda sobre a reforma Clístenes, podemos afirmar que outros pontos importantes
foram modificados em Atenas, entre eles a mudança da Bulé, que passou de 400 para 500
membros, escolhidos por sorteio. Por fim, temos a criação do Ostracismo, que era o exílio
da cidade, por um tempo de dez anos, caso quebrasse as regras da democracia.
Com a apresentação dessas duas grandes cidades-estados da Grécia antiga, te-
mos a transição ideal para um novo período da história, conhecido como período clássico.

2.3 Período Clássico (século V a.C. ao século IV a.C.)


Como já estudamos nesta unidade, o surgimento e o desenvolvimento de Atenas e
Esparta promoveu a aparição de novas formas de organização social, econômica e cultural,
promovendo uma rivalidade entre as pólis gregas, provocando a desagregação do mundo
grego, assim, entrando em decadência.
Entretanto, historicamente, o marco inicial do período clássico foi a guerra gre-
co-pérsica, ou Guerras Médicas. Vale ressaltar que o termo médica é um derivado dos
“medos”, povo pertencente aos persas.
Um ponto importante a ser lembrado é a origem da guerra, pois o conflito está
ligado à intensa relação das colônias gregas com o expansionismo Persa. Destacamos que
essa expansão teve auge no governo de Dario I, que, por sua vez, entra em choque com o
imperialismo ateniense. O conflito inicia-se, de fato, quando as cidades gregas da Jônia se

UNIDADE III O Mundo Grego 58


rebelaram contra o domínio persa, lideradas pela cidade de Mileto e apoiadas por Atenas,
contra-atacam o exército persa. O resultado inicial foi a destruição de Mileto e exigência
persa de submissão grega. Então, Esparta e Atenas se negam a se submeter ao domínio
persa, que evidentemente ocasiona a grande explosão do conflito em si.
Os Persas atacaram primeiramente Atenas, que se defendeu na planície de Marato-
na, conseguindo derrotar o exército Persa, estabelecendo uma trégua provisória. Enquanto
isso ocorreu a união das cidades gregas para um possível novo conflito com os Persas.
Sob o comando de Xerxes I, os Persas marcharam sob a Grécia para conquistá-la.
No entanto, o exército de 300 guerreiros espartanos, liderado pelo rei Leônidas, atrapalhou
os planos dos persas na batalha do desfiladeiro de Termópilas. Ao mesmo tempo, na penín-
sula Ática, ocorreu a famosa batalha marítima de Salamina, em que os gregos destruíram
os suprimentos persas, enfraquecendo seu exército. Com todo o atraso ocasionado por
Esparta e Atenas, os planos de Xerxes foram destruídos e os persas foram, enfim, derro-
tados na batalha de Plateia.
Com o fim das guerras Médicas, o domínio de Esparta e Atenas ficou evidente
e procuraram fazer alianças com as cidades-estados, buscando a hegemonia do mundo
grego. Nasceu, assim, a confederação de Delos, liderada por Atenas, e a confederação do
Peloponeso, liderada por Esparta. Começa, então, uma disputa de liderança que resultou
na guerra do Peloponeso, em que Atenas e Esparta entram em conflito real, com a vitória
espartana. Mas como começou a guerra?
O imperialismo Ateniense começou a provocar reações de várias cidades. A cidade
de Corinto era aliada da confederação do Peloponeso e decidiu por influência de Atenas se
rebelar contra Esparta. Então veio a reação esmagadora espartana, que iniciou a guerra
que durou intensos dez anos, em que Esparta vencia por terra e Atenas pelo mar. Foi
realizado um acordo de paz intitulado de Paz de Nícias, que durou mais 50 anos, quando
Atenas quebrou o acordo e tentou invadir a colônia espartana de Siracusa. Enfim, a guerra
retornou com a vitória de Esparta, na batalha de Egos Potamos. Vale ressaltar que esses
intensos combates dizimaram grande parte do mundo grego e abriram espaço para Domi-
nação Macedônica.

2.4 Período Helenístico (século IV a.C. ao século II a.C.)


A Macedônia sempre cresceu às margens da cultura grega e, aproveitando-se do
desgaste do mundo grego após a guerra do Peloponeso, decidiu avançar sobre o território
alheio. Vale Ressaltar que Felipe II iniciou o processo de expansão Macedônica influen-

UNIDADE III O Mundo Grego 59


ciado, principalmente, pela cidade de Tebas, montando um exército forte e organizado,
marchando para o litoral da Trácia, sua primeira conquista de fato. Seu domínio se tornou
completo na batalha de Queroneia, dominando Tebas e Atenas de uma única vez.
Para ampliar seu domínio, Felipe II utilizou-se da aversão dos gregos sobre os
persas e criou a Liga de Corinto, sob liderança macedônica, isso foi basicamente o fim do
domínio grego e o auge da Macedônio no quesito domínio territorial.
Com a Morte de Felipe II, em 336 a.C., Alexandre Magno, herdeiro direto ao posto do
pai, tomou o poder sobre o mundo grego. Vale ressaltar que Alexandre teve uma formação
cultural grega, sendo aluno direto do filósofo Aristóteles e essa formação foi extremamente im-
portante para evolução do domínio grego pelo mundo, ou seja, a grande miscigenação cultural
implantada por Alexandre, ou ainda podemos dizer que é o grande legado no quesito cultural.
Alexandre conseguiu ampliar o domínio territorial no mundo grego, avançando e
derrotando os temidos persas, anexando o Egito e grande parte do território em que hoje
se situa a Índia, criando um império até então inimaginável.
Com seu domínio territorial, Alexandre conseguiu aproximar Oriente do Ocidente,
promovendo uma miscigenação cultural que foi intitulada de helenística.
Infelizmente esse período da história de dominação macedônica não teve uma
longa duração, pois não resistiu à morte de Alexandre, “O Grande”, apelido adquirido ao
longo da história pelos seus grandes feitos, destruindo o legado grego e abrindo espaço
para a dominação romana.

UNIDADE III O Mundo Grego 60


SAIBA MAIS

A vida na Grécia antiga

Podemos dizer que as principais etapas da vida de um grego eram o nascimento, in-
fância, a adolescência, a idade adulta, com o casamento, a velhice e a morte. Isto pode
parecer óbvio: todos nascemos, crescemos e morremos! Mas não é nada disso. Embora
falemos em “infância” ou “adolescência”, a maneira de viver essas fases varia, de so-
ciedade a sociedade e de época a época. Na Grécia, os recém-nascidos eram lavados,
com água, vinho ou outro líquido e, em alguns lugares, se fosse menino pendurava-se
um ramo de oliveira, se menina, uma fita de lã. Os meninos eram apresentados à frátria
(o conjunto de todos os familiares). Por ocasião dos nascimentos, as famílias abastadas
faziam festas, as pobres contentavam-se apenas em dar nome à criança, sempre se-
gundo a fórmula “fulano, filho de cicrano”: “Mégacles, filho de Hipócrates”.

Fonte: (Funari, 2002, p. 42).

REFLITA

Mas liberdade para quê?

Liberdade para participar da vida pública e para refletir sobre o mundo, para flanar, para
dedicar-se a discussões estimulantes. A palavra que os gregos usavam, skholé, originou
“escola” e o nexo entre nossa escola e o ócio grego está, justamente, nessa oportunidade
de se refletir, que deveria estar no centro da escola (deveria, pois a palavra escola, hoje,
está longe de significar “espaço de reflexão”, não é?) Para os gregos, essa importância da
oportunidade de reflexão pode ser avaliada por um texto de Aristóteles:
convém considerar que a felicidade não está na posse de muitas coisas, mas no estado
em que a alma se encontra. Poder-se-ia dizer que é feliz não um corpo com uma bela
roupa, mas aquele que é saudável e está em bom estado, ainda que despido. Da mesma
forma, a uma alma, se está educada, a tal alma e a tal homem se há de chamar de feliz,
não se ele está com adornos externos, não sendo digno de nada (FUNARI, 2002, p. 51).
Felicidade, eis uma palavra que pouco associamos à escola, mas que estavano centro da
skholé dos antigos.

Fonte: Funari, 2002.

UNIDADE III O Mundo Grego 61


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) acadêmico (a), chegamos ao final da Unidade III, nela contemplamos o berço
de nossa civilização através da viagem sobre a origem dos gregos e suas realizações. Você
consegue se lembrar? Espero que nesse momento do processo de ensino/aprendizagem
você esteja encantado(a) ou fascinado(a), sabendo um pouco mais sobre o mundo grego.
Que bom foi conhecer um pouco dos poemas da Ilíada e da Odisseia e entender
que a história de um povo pode ser contada pela cultura deixada ao longo tempo. En-
tendemos a origem da civilização cretense, passando pela lenda do Minotauro e do rei
Minos, conhecendo um pouco sobre a civilização Micênica e, por fim, chegamos à primeira
diáspora, dispersão dos gregos pelo mundo.
Passamos pelas grandes cidades-estados gregas, conhecendo um pouco sobre
Esparta e Atenas, compreendendo a educação militar de uma e toda política da outra.
Conhecemos os principais legisladores e suas ideias que norteiam nosso código de leis na
atualidade. Você se lembra?
Anseio que o estudo das Guerras Médicas, dos Medos, dos temíveis Persas, tenha
sido surpreendente para você, pois, nessa guerra, conhecemos a união do mundo grego
em torno de um inimigo poderoso. Mas essa união terminou quando conhecemos a guerra
interna do Peloponeso. Você compreendeu como a disputa de poder sobe à cabeça dos
dominantes? Espero que sim.
Por fim, abordamos rapidamente um grande nome da cultura grega, que nos ensi-
nou que o respeito e miscigenação cultural é algo encantador e que pode ser levado até os
dias atuais, em todos os setores de nossa vida.
Enfim, foi gratificante conhecer o mundo grego e toda sua magia e reflexão do
ontem e hoje. Nos vemos na próxima unidade.

Obrigado!

UNIDADE III O Mundo Grego 62


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Grécia e Roma
Autor: Pedro Paulo Funari
Editora: Contexto
Edição: 6ª
Sinopse: Qual o sentido de estudarmos a Antiguidade em pleno
século XXI? O que a cultura clássica tem a ver com a gente? A res-
posta reside no fato de a Antiguidade estar muito presente no nosso
cotidiano: no Direito, na estrutura de pensamento dos intelectuais
modernos, na estética, na língua, na política. Enfim, culturas, que
poderiam estar circunscritas a uma época longínqua, atravessaram
séculos, forneceram subsídios e matéria-prima para tantas outras
culturas. O historiador e arqueólogo Pedro Paulo Funari nos brinda
com um painel amplo, instigante e claro dos principais temas das
civilizações clássicas, da mitologia grega à escravidão, das formas
de pensar as relações homem-mulher às estruturas políticas,
das manifestações artísticas aos espetáculos de violência, das
primeiras colônias gregas ao surgimento do cristianismo. Sendo o
passado dos antigos gregos e romanos componentes inevitáveis
de nossas instituições, valores e padrões atuais, a leitura deste
livro é fundamental para todos os que pretendem se situar como
membros da comunidade humana.

LIVRO 2
Título: Grécia Antiga: A História Completa - Desde a Idade das
Trevas Grega até o Fim da Antiguidade
Autor: Peter Scott
Editora: Editora Book Brothers
Sinopse: A cultura e os eventos da Grécia foram tão influentes que
têm um efeito significativo sobre as pessoas, em todo o mundo, até
hoje. Os antigos gregos deram origem à democracia, um sistema
político frequentemente usado e considerado por alguns como
a melhor forma de governo. Grandes mentes da Grécia também
fizeram descobertas incríveis e vitais, como o moinho de água, a
geometria e o uso de remédios para curar doenças. Os filósofos
gregos antigos lançaram as bases para todo um novo campo de
pensamento e estudo. A Grécia Antiga ofereceu a fundação dos
Jogos Olímpicos, que ainda acontecem regularmente hoje. Figuras
históricas particularmente famosas como Alexandre, o Grande e
Cleópatra também tiveram laços e papéis durante a história grega,
durante o curso das guerras e expansão do império.
Dada a influência da Grécia Antiga, ao aprender sobre esse tem-
po e lugar, você aprenderá sobre sua história e as origens das
pessoas, lugares e instituições que provavelmente desconhecia.
Começando na Idade das Trevas, este livro o levará a uma jornada
cativante pelas trevas, democracia, descoberta e desenvolvimento
da civilização ocidental.

UNIDADE III O Mundo Grego 63


LIVRO 3
Título: História da Grécia
Autor: José Fernandes Costa
Editora: Quickebook
Sinopse: Os primeiros gregos chegaram à Europa pouco antes de
1 500 a.C., e durante seu apogeu, a civilização grega governara
tudo o que se incluía entre a Grécia, o Egito e o Indocuche. Os
gregos estabeleceram tradições de justiça e liberdade individual,
que viriam a se estabelecer como as bases da democracia contem-
porânea. A sua arte, filosofia e ciência tornaram-se fundamentos
do pensamento e da cultura ocidentais. Os gregos da antiguidade
chamavam a si próprios de helenos (todos que falavam grego,
mesmo que não vivessem na Grécia), e davam o nome de Hélade
à sua terra. Os que não falavam grego eram chamados de bárba-
ros. Durante a antiguidade, nunca chegaram a formar um governo
nacional, ainda que estivessem unidos pela mesma cultura, religião
e língua.

FILME / VÍDEO
Título: Tróia
Ano: 2004
Diretor: Wolfgang Petersen.
Sinopse: Em 1193 a.C., Paris (Orlando Bloom) é um príncipe que
provoca uma guerra da Messência contra Tróia, ao afastar Helena
(Diane Kruger) de seu marido, Menelaus (Brendan Gleeson). Tem
início, então, uma sangrenta batalha, que dura mais de uma déca-
da. A esperança do Priam (Peter O’Toole), rei de Tróia, em vencer
a guerra está nas mãos de Aquiles (Brad Pitt), o maior herói da
Grécia, e seu filho Hector (Eric Bana).

FILME / VÍDEO 2
Título: 300
Ano: 2006
Diretor: Zack Snyder
Sinopse: 300 é um relato sangrento da Batalha das Termópilas,
da Antiguidade, na qual o Rei Leônidas (Gerard Butler) e mais
299 espartanos (300, no total) lutaram contra Xerxes (Rodrigo
Santoro) e seu numeroso exército persa. Enfrentando dificuldades
insuperáveis, o sacrifício desses homens levou toda a Grécia a se
unir contra o inimigo persa, traçando um marco no caminho para a
democracia. Inspirada pela obra de Frank Miller, criador da graphic
novel Sin City, o filme é uma aventura épica, que fala de paixão,
coragem, liberdade e sacrifício, incorporados pelos guerreiros
espartanos que lutaram em uma das maiores batalhas da história.

UNIDADE III O Mundo Grego 64


FILME / VÍDEO 3
Título: Alexandre: “O Grande”
Ano: 2004
Diretor: Oliver Stone
Sinopse: Junho de 323 a.C., Babilônia, Pérsia. Quando faltava
um mês para completar 33 anos, morre precocemente Alexandre,
o Grande (Colin Farrell), que tinha conquistado 90% do mundo
conhecido. Alexandria, Egito, 40 anos depois. Ptolomeu (Anthony
Hopkins), um general de Alexandre que o conhecia bem, narra
para Cadmo, um escriba que se tornou o guardião do corpo de Ale-
xandre, que ali está embalsamado à moda egípcia (Ptolomeu se
tornou faraó, pois ficou com o Egito quando o império foi dividido).
Tristemente Ptolomeu frisa que as grandes vitórias dos exércitos
de Alexandre foram esquecidas e diz para Cadmo que Alexandre
era um deus, ou a pessoa mais perto disso, que já vira. Apesar de
ser chamado de tirano, Ptolomeu diz que só os fortes governam,
mas Alexandre era mais, pois mudou o mundo. Antes dele havia
tribos e depois dele tudo passou a ser possível. Surgiu a ideia que
o mundo poderia ser governado por um só rei. Era um império
não de terras e de ouro, mas da mente, uma civilização helênica
aberta a todos. No oriente, o vasto império persa dominava quase
todo o mundo conhecido. No ocidente, as outrora cidades-estados
gregas, Tebas, Atenas, Esparta, haviam perdido o orgulho. Os
reis persas subornavam os gregos com ouro, para usá-los como
mercenários. O pai de Alexandre, Felipe, o Caolho (Val Kilmer),
começou a mudar tudo isso, unindo tribos de pastores ignorantes
das terras altas e baixas. Com sua coragem e seu sangue criou
um exército profissional, que subjugou os traiçoeiros gregos.
Então voltou-se para a Pérsia, onde se dizia que o rei Dario, em
seu trono na Babilônia, temia Felipe. Foi dessa viril guerreira que
nasceu Alexandre, em Pela, Macedônia. A mãe, a rainha Olímpia
(Angelina Jolie), era chamada por alguns de feiticeira e diziam que
Alexandre era filho de Dionísio ou Zeus. Mas não havia um homem
na Macedônia que, vendo pai e filho juntos, não tivesse dúvidas,
mas nenhum poderia imaginar o fabuloso destino de Alexandre.

UNIDADE III O Mundo Grego 65


UNIDADE IV
Roma Antiga
Professor Esp. Cleber Henrique Sanitá Kojo

Plano de Estudo:
● A Roma Antiga;
● A Monarquia Romana;
● A República Romana;
● O Império Romano.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer a Roma Antiga;
● Conhecer os períodos da história romana: Monarquia;
● Conhecer os períodos da história romana: República;
● Conhecer os períodos da história romana: Monarquia.

66
INTRODUÇÃO

Seja muito bem-vindo(a)!

Prezado(a) acadêmico(a), estamos chegando ao fim de nossa disciplina, mas é


com muita alegria que iniciamos o estudo da última unidade, com uma das civilizações
consideradas o berço de nossa história. Espero encontrar em você um grande desejo e
curiosidade de conhecer esse povo e os fatores que norteiam nossa história até hoje. Em
nossa disciplina passamos pela pré-história, pelas primeiras civilizações da antiguidade,
e seguimos para o mundo grego, onde saboreamos a origem e as etapas de sua História.
Chegou a hora de iniciarmos nossa viagem pelos romanos e seu legado. Você está
preparado(a)?
Iniciaremos uma jornada nessa maravilhosa civilização, conhecendo os períodos
que a formaram, desde a Monarquia romana, passando pela República e concluindo com o
Império, ou seja, nossa viagem parte do início, auge e decadência de Roma.
No início da unidade passaremos pelas origens lendárias e históricas de Roma,
pois tentaremos compreender a mágica dos irmãos Rômulo e Remo e a relacionamos com
a formação histórica. Seguindo com os primeiros reis de Roma e seus legados.
Nesta unidade vamos decifrar a divisão de classes em Roma e a origem do poder
que levou à formação da famosa República Romana, berço da política atual e toda sua crise
e disputa de poder. Ainda na República, conheceremos o conflito que ameaçou a unidade ro-
mana com Cartago, uma guerra cheia de táticas inovadoras e surpreendentes para a história.
Então vamos conhecer um pouco do império romano e os motivos que levaram a
sua queda.
Por fim, desejo que esta unidade possa concluir nossa disciplina com chave de
ouro e possa fortalecer seu desenvolvimento educacional e entender tudo que nos cerca
em relação à sociedade e cultura e a relação do ontem e o hoje.

Muito obrigado e bom estudo!

UNIDADE IV Roma Antiga 67


1. A ROMA ANTIGA

Com a decadência da Grécia antiga temos o aparecimento dos romanos que eram
herdeiros diretos da cultura helenística, construíram, através de sua história, um estado
autoritário, dominante, centralizador e fascinante. Vamos, a partir desse momento, viajar
nessa civilização considerada berço de nossa história. Está preparado(a)?
Para iniciar nossos estudos, vamos nos voltar à questão geográfica de Roma, pois é
favorecida por regiões territoriais cercadas pelo mar Mediterrâneo. Vale destacar que Roma
surgiu na planície central da península Ática, chamada de Lácio e toda essa conjuntura
geográfica facilitou a expansão romana que vamos estudar. Suas conquistas são imensas
e, por isso, temos alguns termos para explicar sobre essa magnífica civilização.
O primeiro é o termo “mare nostrum” ou nosso mar e também o termo que diz que
“todos os caminhos levam a Roma”. Mas como surgiu Roma? Alguns historiadores, como
Block (1970), Funari (2002) e Pinsk (2012), afirmam que Roma nasceu da união de sete
aldeias de pastores de origem etrusca, um povo latino. No entanto vamos nos atentar,
nesse momento, à origem lendária de Roma, ou seja, vamos debater a lenda que aparece
na obra chamada Eneida, do poeta Virgílio, a famosa lenda de Rômulo e Remo.
Conta a lenda que o deus da guerra, Marte, desceu à Terra e se apaixonou por uma
mulher de nome Réia Sílvia, filha do rei Numitor. Este foi destronado pelo seu irmão Amúlio,
que obrigou sua sobrinha a se tornar uma sacerdotisa. O fruto da relação entre o deus Marte
e Réia Sílvia foi a gravidez de gêmeos, os bebês Rômulo e Remo. Assim, para proteger

UNIDADE IV Roma Antiga 68


seus filhos do tio, Réia Sílvia abandonou-os em um cesto no rio Tibre, e esse objeto com
os gêmeos se deslocou por suas águas até se enroscar nas margens. Vale ressaltar que
os bebês foram encontrados por uma loba, que os amamentou e cuidou deles até serem
encontrados por um casal de pastores, Fáustulo e sua esposa, que os criaram como filhos.
Ao se tornarem adultos, eram respeitados por todos, tornando-se líderes e fundando uma
cidade às margens do próprio rio Tibre. Após o grande crescimento da cidade, ocorre uma
briga entre os irmãos pela liderança da cidade, em meio a briga, Rômulo acaba matando
seu irmão Remo. Tomado pelo remorso, Rômulo, o primeiro rei, resolve homenagear seu
irmão dando nome a cidade de “Roma”, a versão feminina do nome Remo. Concluímos,
ainda, que, ao morrer, Rômulo foi levado aos céus e adorado como o deus Quirino.
Ainda sobre a lenda da formação de Roma, Funari (2002, p. 80-81) acrescenta:
Pois outra lenda romana conta que Enéias era um troiano filho da Deusa
Vênus e de Anquises, rei troiano de Dárdano. Após a vitória dos gregos so-
bre os troianos, Enéias vagou pelo Mediterrâneo, até chegar ao Lácio, onde
reinou por alguns anos. Depois de morto, foi adorado como Júpiter Indiges.
Seu filho Ascânio fundou Alba Longa e seu descendente Numitor, pai de Réia
Sílvia, foi, pois, avô de Rômulo. Por essas lendas, Roma ligava-se ao deus da
guerra, Marte, e à deusa da fertilidade, Vênus. Para os romanos era impor-
tante considerar que seu destino estava ligado aos deuses, pois estas nobres
origens legitimavam seu poder sobre outros povos e servia como propaganda
de suas qualidades.

Funari (2002) também aponta para outras fontes que podem demonstrar o surgi-
mento de Roma, sejam objetos, pinturas, moedas, esculturas entre outras. Esse é o papel
da arqueologia, que fornece a descoberta de fontes históricas, ajudando o historiador na
construção de seu trabalho.
Podemos afirmar que estudos arqueológicos apontam construções e outros vestí-
gios, que fazem com que a lenda e a formação histórica se encontrem. Pois a lenda afirma
que o primeiro rei foi Rômulo e a história inicial de Roma aponta sete reis, sendo o primeiro
um etrusco, chamado Rômulo. Observe o que Funari (2002, p. 51) diz sobre isso:
Os arqueólogos encontraram vestígios de cabanas dos primeiros moradores
de Roma e alguns aspectos das lendas puderam ser comprovados. Este é o
caso do domínio dos etruscos, um povo que vivia ao norte de Roma, e cuja
influência na cultura romana foi muito grande.

Logo, podemos entender essa junção entre lenda e história. Mas para compreen-
der ou facilitar o estudo da história de Roma, dividiremos em períodos clássicos, para sua
compreensão. Esses períodos são a Monarquia (o início), a República (o auge) e o Império
(a decadência). Assim você compreenderá de maneira mais simples.

UNIDADE IV Roma Antiga 69


2. A MONARQUIA ROMANA

A concentração humana na região das aldeias provocou uma espécie de agrupa-


mentos intitulados de gens, ou seja, um conjunto de pessoas que seguiam um indivíduo
mais velho – um patriarca –, forma muito parecida com a estudada no mundo grego. Vale
ressaltar que esses parentes próximos ao líder passaram a ser donos das terras, gerando
uma divisão de classes em Roma.
Funari (2002) afirma que os proprietários das terras, que dominavam Roma, foram
chamados de Patrícios, palavra que deriva de pater, conhecido na Grécia antiga. Em
seguida, tínhamos uma massa de pequenos agricultores que eram chamados de Plebeus
ou Plebe, o povo em si, que eram, em sua maioria, pobres. Por fim, tínhamos uma classe
intermediária chamada de Clientes, que eram os parentes distantes do pater famílias, essa
classe recebia a proteção dos patrícios em troca de servi-los ou realizar certas obrigações.
Assim, a força dos patrícios torna-se em supremacia e temos, então, construção
e implementação de uma monarquia, em que o rei assumia o poder executivo, judiciário e
religioso. Vale ressaltar que ao lado do rei tínhamos o conselho dos anciãos, também de
origem patrícia, que aconselhava o rei em suas decisões.
Apesar de pouco material para conhecer esse período, estudos históricos apontam
a existência de sete reis, sendo os quatro primeiros de origem latina e os três últimos de
origem estrusca. Outro ponto a ser destacado é que o primeiro rei seria Rômulo e o último
seria Tarquínio, “o soberbo”.

UNIDADE IV Roma Antiga 70


Dentro desse período da história romana temos o início de grandes obras públicas,
como a construção das muralhas da cidade de Roma. Além disso, temos a criação de um
novo órgão político que foi chamado de assembleia centuriata. Composta por 193 centúrias,
com direito a 1 voto cada. Vale destacar que essas centúrias foram criadas através de uma
questão censitária, ou seja, de acordo com as posses e os bens de cada um. Ressaltamos
ainda que esse poder financeiro ocasionou o nascimento das centúrias militares, composta
de infantaria, cavalaria e um grande número de soldados. Com isso, vamos ter um novo
poder, o chamado de oligárquico ou oligarquias, que significa, poder de poucos.
Para completar esse período histórico, Tarquínio, “o soberbo”, decidiu confrontar a
elite patrícia, os isolando de suas decisões, provocando uma violenta revolta. Os patrícios
passaram a dominar Roma e a dividir o poder entre eles, dando origem à chamada Repú-
blica romana.

UNIDADE IV Roma Antiga 71


3. A REPÚBLICA ROMANA

Assim que os patrícios tomaram o poder, decidiram dividir entre os mais ricos. Para
isso, deram o nome de República, que tem sua origem na palavra, res + pública, ou seja,
coisa pública, administração do Estado por pessoas contra a monarquia romana, ou ainda
um domínio e controle social e governamental patrício em Roma.
Após a eliminação da figura do rei com o poder centralizado, chegou a hora da divi-
são dos poderes entre os patrícios, gerando o aparecimento de estruturas governamentais,
como as magistraturas, em que os patrícios se organizavam para governar, dividindo em
várias outras categorias. Vamos conhecê-las:

TABELA 1 - AS MAGISTRATURAS ROMANAS


Cônsules A mais alta magistratura, era composta por dois cônsules que
eram considerados os chefes da República, tinham o mandato
de um ano, além de comandar o exército, também possuía atri-
buições jurídicas e religiosas.
Senado Tinham a função de supervisionar todas as magistraturas, che-
gando a ter o número de 300 senadores com o cargo vitalício.
Vale destacar que para ser senador romano era preciso ter par-
ticipado de alguma outra função dentro da magistratura ou ter
realizado algo importante para a República.
Pretor Eram responsáveis por administrar a Justiça da República.
Questor Cuidavam das finanças do Estado, arrecadavam os impostos.
Censor Eram responsáveis por fazer o censo, ou seja, contar a popu-
lação romana, além de vigiar a conduta moral dos cidadãos.
Edis Eram responsáveis pela conservação da cidade e por realizar
a fiscalização do comércio.

Fonte: o autor.

UNIDADE IV Roma Antiga 72


Com o fim do poder centralizado nas mãos do rei, o senado passou a ser a maior
posição almejada por um patrício, pois se tornou o órgão máximo da república romana. Vale
relembrar da força que tinham os senadores patrícios, principalmente por causa do cargo
vitalício que garantia o controle do poder, elegendo todos os membros de toda a magistra-
tura romana. Só perdia o poder por um tempo determinado quando ocorria uma crise muito
grande, e eles indicavam um patrício para o cargo de ditador, que assumia o poder por um
período máximo de seis meses, podendo ser prorrogado por mais seis. Assim, o ditador
passava a ter todo o poder sem consultar o senado nesse período.
Um dos órgãos governamentais mantidos foi a assembleia centuriata, que mera-
mente reafirmava as decisões do senado, pois os patrícios também tinham o controle da
maioria das centúrias.
Funari (2002) diz que o poder exercido pelos patrícios decidia todas as deliberações
voltadas, exclusivamente, para eles, excluindo a plebe de qualquer tomada de decisão e de
inclusão em relação aos direitos. Por sua vez, a plebe que era a maioria romana, promove
grandes reações, começando um conflito, ou seja, uma luta plebeia contra a elite romana.

3.1 As Conquistas da Plebe Romana


A reação da plebe inicia-se 16 anos após a implantação da república romana, com
a reação em um confronto armado em Roma, seguido de uma espécie de greve social por
vários motivos, além da política. O poder patrício estudado até aqui e o início desse conflito
com os plebeus é descrito por Funari (2002, p. 83):
O poder dos patrícios vinha da posse e exploração da terra, trabalhada por
camponeses, às vezes escravizados por dívidas. Os patrícios romanos go-
vernavam a cidade principalmente em benefício próprio, aplicavam as leis
conforme seus interesses pessoais e procuravam reduzir à servidão plebeus
camponeses que não conseguiam pagar suas dívidas.
Somente depois de mais de dois séculos de luta entre plebeus insatisfeitos e
patrícios poderosos, é que os plebeus conseguiram progressivamente obter
direitos políticos iguais aos nobres.

Para amenizar o conflito, os patrícios interessados na mão de obra da plebe, deci-


diram fazer algumas concessões. Entre elas o direito de escolher um tribuno da plebe, ou
seja, um representante no senado. O tribuno da plebe tinha a função clara de representar
os interesses da plebe em meio aos patrícios.
A primeira conquista veio seguida de outras, como a lei das doze tábuas, que
Funari (2002, p. 83) descreve assim:

UNIDADE IV Roma Antiga 73


Por volta de 450 a.C., os plebeus conseguiram que as leis segundo as quais
as pessoas seriam julgadas fossem registradas por escrito, numa tentativa
de evitar injustiças do tempo em que as leis não eram escritas e os côn-
sules, sempre da nobreza de sangue, administravam a justiça como bem
entendiam, conforme suas conveniências. O conjunto de normas finalmente
redigidas foi chamado “A Lei das Doze Tábuas”, que se tornou um dos textos
fundamentais do Direito romano, uma das principais heranças romanas que
chegaram até nós.

Essa lei teve importância para os dois lados, tanto patrícios como plebeus. O signi-
ficado para a Plebe era que, a partir daquele momento, as leis escritas garantiriam que não
seriam manipuladas pelos patrícios, os prejudicando. Já para os patrícios significava uma
garantia de seu poder sobre a plebe.
Podemos citar, ainda, a lei chamada de Canuleia, que permitia uma espécie de
igualdade entre patrícios e plebeus, pois essa leia suspendeu a proibição do casamento
entre eles, ou seja, essa lei permitiu o casamento entre patrícios e plebeus.
Uma grande conquista da plebe foi a lei Licínia, que garantiu que um dos cônsules
fosse plebeu, além do fim da escravidão por dívidas e também o chamado ager publicus,
ou seja, garantia a posse das terras conquistadas do estado para a plebe.
Enfim, podemos afirmar que esses direitos da plebe, aliados à ideia de conquista
patrícia, promoveu a expansão da república romana, nascendo, assim, o que chamamos de
SPQR (Senatus Populusque Romantis), ou seja, o senado e o povo romano. A expansão
romana tornou-se a maior fonte de renda da república, pois ali se conseguia mão de obra
escrava para os patrícios e terras agricultáveis.
Então, os romanos partem em direção aos povos vizinhos, os conquistando ou rea-
lizando alianças, fornecendo títulos de cidadão romano. Vale ressaltar que a vitória sobre
os gauleses garantiu todo o domínio da região da península itálica e partiram, então, para
região da Sicília, expondo a força do exército romano.
Durante essa expansão territorial republicana, vamos ter o conflito com uma cidade
rica e com um comércio muito forte, promovendo uma famosa guerra conhecida como
Guerra Púnica, pois todo patrício sonhava com o domínio da famosa cidade de Cartago.

3.2 As Guerras Púnicas


Cartago era uma cidade próspera situada onde hoje fica a atual Tunísia no conti-
nente africano. Foi fundada pelos grandes navegadores e comerciantes do mundo antigo,
os fenícios. Vale ressaltar que Cartago aprendeu muito bem a arte da negociação, logo,
preocupou-se com a segurança, se desenvolvendo militarmente e passando a dominar
todo o comércio do continente.

UNIDADE IV Roma Antiga 74


Então, durante o processo de expansão da república romana, essas duas forças se
chocaram pela ambição hegemônica do mar Mediterrâneo, provocando as famosas guerras
Púnicas, chamadas assim, pelos romanos, pelo simples fato de conhecerem a região de
Cartago por Púnis.
A primeira guerra entre cartagineses e romanos ocorreu quando Roma partiu com
seu exército sobre as ilhas da Sicília, Córsega e Sardenha, dominando todo o território que
antes era gerido pelos cartagineses.
Já a segunda guerra representou uma ameaça à república romana, pois o grande
general cartaginês Aníbal, considerado um dos maiores líderes militares da antiguidade,
resolveu contrariar todas as ideias de guerra até então conhecidas e contra-atacar Roma
de uma maneira inesperada. Vale ressaltar que o exército romano, liderado por Cipião
Africano, estava esperando o contra-ataque de Aníbal nas ilhas conquistadas, com toda
a força militar. Então Aníbal optou por um ataque desconcertante, conduzindo seu exército
direto para Roma, passando pela península ibérica, sul da França, e cruzando o inesperado
Alpes italianos. Os romanos não esperavam nenhuma invasão pelos congelantes alpes e
não mantinham uma força militar expressiva na região.
Os cartagineses, liderados por Aníbal, sofreram muito durante o processo de traves-
sia, pois muitos homens e elefantes de guerra morreram congelados, acredita-se que metade
do exército de Aníbal morreu nos alpes. No entanto, ao sair de lá, Aníbal marchou para Roma,
vencendo o poderoso exército e libertando povos dominados pelo caminho. Ao chegar pró-
ximo a Roma, por motivos desconhecidos, Aníbal tentou separar os romanos, sitiando uma
parte, e ficou esperando reforços e suprimentos para seu exército, que nunca chegaram.
Então, o general Cipião Africano, percebendo a força de Aníbal, contra-atacou de
maneira inesperada, pois não marchou para defender o território romano conquistado por
Aníbal e sim para dominar a cidade de Cartago, forçando Aníbal a se retirar, retornando
para defender sua terra natal, sofrendo uma esmagadora derrota na batalha de Zama.
Essa vitória representou o domínio imediato de todo o mar Mediterrâneo, por isso
da frase “mare nostrum” ou nosso mar. Vale apontar que Cartago foi condenada também a
intensos impostos a Roma, complicando intensamente seu dia a dia e sua economia.
Arrasada após a segunda guerra, Cartago tentou se reerguer entrando em um novo
conflito com os romanos, a chamada terceira guerra púnica. Assim, os romanos destroem
de vez Cartago, arrasando tudo que ali existia, declarando aquele território maldito, jogando
sal por todos os lados, para que nada voltasse a nascer ali.

UNIDADE IV Roma Antiga 75


3.3 A Crise da República
Após a guerra de Cartago, a República romana se destacou, pois existia um
acúmulo de riqueza ainda maior dos patrícios, com uma enorme mão de obra escrava
que sustentava a economia do Estado. No entanto, a grande oferta de alimentos oriundos
das terras conquistadas, fez com que aumentasse expressivamente o número de plebeus
dependentes do Estado, que perderam seu sustento em suas pequenas propriedades,
provocando o início de novas revoltas da Plebe.
A miséria que grande parte da plebe enfrentava promoveu, em 133 a.C., a criação
de uma lei que adaptamos na atualidade, lei essa criada pelos irmãos Graco. O Tribuno
da Plebe Tibério Graco propôs a lei da reforma agrária, que limitava a posse de terras do
estado em 500 juggera ou 310 hectares por indivíduo, assim, parte da plebe conseguiria
terras. No entanto, os patrícios reagiram a essa lei, derrubando-a e assassinando Tibério
Graco. Vale destacar que dez anos depois, seu irmão, Caio Graco se tornou Tribuno da
Plebe e conseguiu implantar a lei definitivamente, além de implementar a chamada Lei
Frumentária, que determinava a venda de trigo por preços baixos a toda plebe. Assim,
Caio Graco também foi morto, despertando uma intensa revolta plebeia que ocorreu pa-
ralelamente às intensas revoltas de escravos, abrindo espaço para os generais militares
tomarem o poder.

SAIBA MAIS

Dentre a revolta de escravos mais famosa, podemos citar a rebelião liderada por Spar-
tacus, um simples agricultor que nasceu na Trácia. Ele foi capturado por romanos e
vendido como escravo, na cidade de Cápua, a um treinador de Gladiadores chamado de
Batiatus. Este forneceu todo o aparato a Spartacus, que se tornou famoso e respeitado
entre todos os escravos gladiadores.
Spartacus rebelou-se e fugiu com seus companheiros de lutas, iniciando uma revolta
que chegou a ameaçar a unidade romana, pois seu grupo ganhou um enorme número
de escravos que aderiram à luta pela liberdade, chegando ao número de aproximada-
mente 79 mil pessoas.
O fascínio por Spartacus levou à produção de muitos filmes, séries e livros que contam
sua história.

Fonte: o autor.

UNIDADE IV Roma Antiga 76


A instabilidade provocada pelas revoltas plebeias levou ao poder um homem cha-
mado Caio Mário, considerado o homem mais rico de Roma, mesmo sendo de origem da
plebe. Vale destacar que Caio Mário juntou fortuna através do comércio e a utilizou sabia-
mente, ajudando patrícios com dificuldades, financiando campanhas militares e, assim, foi
ganhando prestígio dentro de Roma, chegando ao cargo de general do exército romano.
Todos esses pontos elencados o levaram ao cargo de cônsul durantes seis anos, sendo
que o próprio senado lhe forneceu o cargo de ditador.
Caio Mário quebrou a regra de seis meses prorrogados por mais seis, ficando no
poder por três anos consecutivos, eliminando grande parte do poder do senado. Vale res-
saltar que foi Caio Mário quem implementou o exército profissional em Roma, pois passou
a fornecer salário aos soldados, que passaram a ser fiéis ao seu general e não a Roma.
Foi com a morte de Caio Mário que Sila, um grande general romano, chegou ao po-
der, implantando uma ditadura. Mas, em seguida, devolveu o prestígio e a força ao senado,
eliminando, quase que na totalidade, a participação plebeia. No entanto, ao término de seu
período ditatorial, Sila entregou o cargo e deixou o poder, surpreendendo a todos e abrindo
espaço para dominação de outros generais.
Então, houve a eleição de dois novos cônsules, Pompeu, grande general romano, e
Crasso, general responsável por derrotar a revolta de Spartacus. Vale ressaltar que esses
dois generais se aliaram ao sobrinho de Caio Mário, chamado de Caio Júlio César (Júlio
César), derrotando o senado e criando o Primeiro Triunvirato (três homens governando).
Será que deu certo?
O primeiro triunvirato chegou a dar certo no início, mas Júlio César foi se fortalecen-
do militarmente e esperando a hora de tomar o poder.
Temos então a Morte de Crasso, quando Pompeu se apoiou no senado tentando
derrubar Júlio César, que disse: “Alea Jacta est”, ou seja, a sorte está lançada. Assim,
Júlio César marchou sobre Roma com seu exército, tomando o poder e derrotando Pompeu.
Dessa forma nasceu a saudação “Ave César”, além de ser aclamado como o pai da pátria.
No entanto, seu governo foi curto, pois foi apunhalado pelas costas na saída de
uma reunião do senado. A história narra que César recebeu 28 punhaladas, sendo que
uma delas foi desferida pelo seu filho adotivo, chamado de Bruto, daí a frase dita por ele,
pouco antes da morte: “Até Tu Bruto?”. Após sua morte, houve o espaço livre para o
aparecimento do Segundo Triunvirato.

UNIDADE IV Roma Antiga 77


O Segundo triunvirato foi composto por Otávio, Lépido e Marco Antônio, todos ge-
nerais do exército, ou seja, o poder ficou na mão dos militares. Logo começou a perseguição
a todo o senado que foi praticamente dizimado e enfim, decidiram dividir o governo em três
partes, começando a disputa entre os três. Vale ressaltar que Lépido abriu mão do governo
e saiu do cenário político, deixando o conflito acontecer entre Otávio e Marco Antônio.
A crise final do segundo triunvirato ocorreu por causa de uma crise envolvendo o
Egito, que era dominado por Roma. Vale ressaltar que a rainha era Cleópatra, que tinha
um filho de Júlio César. Sabendo disso, Marco Antônio se aproximou do Egito para ter mais
forças, pois prometeu à Cleópatra que ela seria rainha de Roma e, assim, se casou com
ela. Otávio atacou o Egito antigo, resultando no suicídio de Marco Antônio e Cleópatra.
Então, Otávio voltou para Roma com muitos alimentos egípcios fornecendo
alimentos a plebe romana e os acalmando. Trouxe também grande parte do tesouro
egípcio reunido por milênios, permitindo a criação de um exército ainda maior, fortale-
cendo ainda mais seu poder.
Com todo esse poder, Otávio passou a dominar toda política romana e ganhou
vários títulos, como Princeps Senatus (primeiro senador), que lhe dava poder sobre todo
o senado, Tribuno da Plebe, que lhe dava o poder de falar em nome do povo, Procônsul,
que lhe fornecia autoridade sobre todas as províncias, Pontífice Máximo, garantia o domí-
nio da religião e, com isso, veio o título de Augustus, que significa semelhante a Deus. Por
fim, ele recebeu o título de Imperador, que lhe dava poder sobre toda Roma, nascendo o
período histórico que vamos estudar: Império Romano.

UNIDADE IV Roma Antiga 78


4. O IMPÉRIO ROMANO

Para estudar esse período da história romana, vamos dividir o chamado Império
Romano em Alto Império e Baixo Império. Nos prenderemos à chegada de Otávio, ao
auge histórico do Império e à decadência que levou ao final da história da Roma antiga.
O império romano tinha duas bases principais, a escravidão e os impostos. Vale
ressaltar que toda economia romana dependia do trabalho escravo, desde a força braçal
cotidiana, até a mineração, agricultura entre outros, promovendo a busca constante de
novas terras para suprir toda Roma antiga.
No cenário político tínhamos toda a organização de Roma nas mãos do Imperador,
desde as funções executivas, legislativas e judiciárias, até mesmo o domínio do exército
romano e a política externa. Vale ressaltar que essa centralização política provocou enor-
mes conflitos com o senado e fortaleceu o poder do Imperador, que, por sua vez, procurou
aumentar cada vez mais o número de soldados no exército criando as chamadas Legiões.
As legiões cuidavam das fronteiras romanas para evitar as invasões dos povos
bárbaros. Destacamos ainda que Otávio Augustus foi o primeiro governante de Roma a
criar um poderio de elite dentro do exército, chamado de Guarda Pretoriana, que cuidava
especialmente da proteção do Imperador e dos casos principais de Roma.

UNIDADE IV Roma Antiga 79


Para controlar a plebe romana, foi criada a liberação de alimentos e diversão aos
mesmos, através das lutas de Gladiadores (escravos que lutavam até a morte em uma
arena). Essa política de fornecer alimentos e diversão recebeu o apelido de política do Pão
e Circo, sendo que tudo ocorreu no alto Império.
A sucessão imperial foi conturbada, passando por nomes como Nero, Cômodo,
Cláudio, Trajano, Adriano e Marco Aurélio, conhecido como o “Imperador Filósofo”,
que defendeu as fronteiras romanas das invasões bárbaras, suspendendo novas invasões
e mantendo as fronteiras romanas, fazendo com que Roma vivesse um período de Pax
romana, ou seja, paz em Roma.
No entanto, se o dinheiro que era investido nas guerras, ajudando a paz no início,
a falta dele pelo fim de novas invasões provocou a crise no segundo império, causando
a decadência do Império Romano e uma crise econômica, que causou alta nos preços e
desabastecimento das cidades. Houve também uma crise do escravismo que era a força
motriz de Roma. Por fim, uma crise financeira por falta de moedas produzidas com metais
saqueados das invasões durante a guerra.
Vale ressaltar que todas essas crises romanas foram reunidas com outros proble-
mas, como a corrupção que assolou todo mundo romano, seguida de sucessivos golpes
que enfraqueceram o exército romano e abriram espaço para as invasões Bárbaras, que
destruíram todo o império romano.

REFLITA

A Felicidade para o Imperador Marco Aurélio.

“Se concentras teus esforços no presente, seguindo a reta razão seriamente, vigorosa-
mente, calmamente, sem permitir que nada mais te distraia e mantendo puro seu gênio
interior, como se tivesses de devolvê-lo imediatamente; se te aplicares a isso, nada
esperando, nada temendo e satisfeito com sua atividade presente conforme à natureza
e com uma verdade heroica em cada palavra e manifestação, viverás feliz. E ninguém
será capaz de impedir isso” (AURÉLIO, 2019, p. 77, tradução nossa).

Qual o seu motivo de Felicidade?

UNIDADE IV Roma Antiga 80


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) acadêmico(a), chegamos ao final da Unidade IV. Nela contemplamos o ber-


ço de nossa civilização através da viagem sobre a origem dos romanos e suas realizações.
Você consegue se lembrar? Espero que sim.
Que bom foi conhecer um pouco da história dos romanos através da lenda de
Rômulo e Remo e que a história pode se confundir com lendas e, por isso, não podemos
descartar nem mesmo o senso comum. Vale ressaltar que conhecemos além da origem da
civilização romana, pois compreendemos o quanto ela é importante para o presente.
Passamos pela monarquia romana, conhecendo as origens e divisões de classes
com a disputa de poder e a origens dos reis romanos.
Passamos também pela República romana, de sua origem até seu auge, conhe-
cendo as guerras Púnicas que tornaram Roma dominante em toda a região, nascendo o
chamado Mare Nostrum. Você se lembra?
Por fim, abordamos rapidamente a decadência do império romano, abordando
sempre sua relação entre o ontem e o hoje.
Enfim, foi gratificante conhecer a história romana e toda sua magia e reflexão para
entendermos o passado e o presente.

Muito obrigado!

UNIDADE IV Roma Antiga 81


WEB

SILVA, N. O. da. Os mitos de Espártaco. 2018. 171 f. Tese (Doutorado em Histó-


ria) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2018.

Spartacus foi o líder de uma revolta de escravos que ameaçou a unidade política da
Roma Antiga, que é apresentada em um número de séries variadas que você pode encon-
trar em todo o mundo virtual em diferentes anos. Para desmistificar a mitologia criada em
sua figura, indicamos a tese de doutorado em história social de Neemias Oliveira da Silva,
publicada em 2018, que se encontra neste link: https://tede2.pucsp.br/handle/handle/21104

UNIDADE IV Roma Antiga 82


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Os portões de Roma (Vol. 1 O imperador)
Autor: Conn Iggulden
Editora: Record
Edição: 18ª
Sinopse: O primeiro volume da trilogia O imperador. Em sua es-
treia na literatura, Conn Iggulden captura a essência de uma terra,
um povo, uma lenda. O imperador — Os portões de Roma trazem
à vida uma das mais fascinantes eras da história da humanidade.
Neste impressionante romance histórico, Iggulden é o guia de
uma empolgante viagem pela Antiga Roma, um reino de tiranos e
escravos, de sórdidas intrigas e paixões avassaladoras. Uma saga
que está para Roma como a série Ramsés para o Antigo Egito.
Primeiro título da trilogia O imperador, sobre a vida de Júlio César
e livro que o prestigiado Bernard Cornwell (autor das trilogias
Crônicas de Arthur e Em busca do Graal) expressou o desejo de
ter escrito. O mais lendário de todos os monarcas, figura dominan-
te dos últimos anos da república romana, Júlio César ascendeu
de chefe político a chefe militar, e de chefe militar a ditador. Para
contar essa história, o inglês Iggulden acompanha a trajetória de
dois jovens, criados como irmãos, embora um deles seja ilegítimo,
no colapso da república e ascensão de Julio César. Na luxuriante
península italiana, um novo império está tomando forma. Em seu
coração, a cidade de Roma, um lugar de glória e decadência, be-
leza e sangue derramado. As aventuras e desventuras de Gaius e
Marcus até a vida adulta, seus sonhos de batalhas, fama e glória
a serviço do poderoso império funcionam como um microcosmos
da Antiga Roma. Um é filho de um poderoso senador, nascido num
ambiente de grande privilégio e ambição. Um menino ao qual muito
se dá e muito se espera em retorno. O outro é seu irmão adotivo,
um bastardo de grande força e esperteza, cujo amor pela família
adotiva e principalmente pelo irmão, será a força motriz de toda
sua vida. Conforme os caminhos dos dois se separam e o desejo
por uma bela escrava se interpõe entre os dois, Gaius e Marcus
conhecerão amor, perda e violência. E a terra que tanto amam per-
de a inocência e mergulha num conflito civil que colocará romano
contra romano. E a amizade entre os dois em xeque.

UNIDADE IV Roma Antiga 83


LIVRO 2
Título: Meditações
Autor: Marco Aurélio
Editora: Edipro
Sinopse: Estas são anotações pessoais do imperador romano
Marco Aurélio escritas entre os anos de 170 a 180. Também
conhecidas como Meditações a mim mesmo, reúnem aforismos
que orientaram o governante pela perspectiva do estoicismo – o
controle das emoções para que se evitem os erros de julgamento.
Suas meditações formam um manual de comportamento ainda
atual sobre como podemos melhorar nosso comportamento e o
relacionamento com o próximo.
Marco Aurélio trava um diálogo interior em busca de verdades fun-
damentais por meio da razão sem deixar de lado a sensibilidade.
Sem inclinação a qualquer crença religiosa, Meditações apela para
ordens universais nas quais até mesmo os acontecimentos ruins
ocorrem para o bem de todos. O imperador assume o papel do fi-
lósofo que instrui o aluno e dá conselhos ao amigo. Por seu caráter
íntimo, Meditações tornou-se um dos escritos mais reveladores e
inspiradores a respeito do pensamento de um grande líder.
Apresenta ensinamentos sobre as virtudes, a felicidade, a morte,
as paixões e a harmonia com a natureza e a aceitação de suas
leis. Figura ainda entre as obras fundamentais para os estudiosos
da filosofia estoica, mesmo milênios depois de sua composição.

LIVRO 3
Título: Declínio e queda do império romano.
Autor: Edward Gibbon
Tradutor: José Paulo Paes
Editora: Companhia de Bolso
Sinopse: Publicada em seis volumes, entre 1776 e 1778, esta
obra, imediatamente reconhecida como clássica e que se tornaria
a mais famosa da historiografia inglesa, abrange três grandes
períodos: da época de Trajano e dos Antoninos (c. 100 d.C.) à
extinção do império romano do Ocidente, com a conquista de
Roma por Alarico em 410; do reinado de Justiniano no Oriente ao
estabelecimento do Sacro Império Germânico por Carlos Magno;
e, por fim, do renascimento do império no Ocidente à tomada de
Constantinopla. Abreviada e editada pelo renomado especialista
Dero A. Saunders, esta edição aborda principalmente o período
inicial, o do progressivo enfraquecimento do império romano no
Ocidente. Com isso, o leitor brasileiro tem a oportunidade de
acompanhar, na prosa cadenciada de um dos maiores estilistas
da literatura inglesa, o “triunfo da barbárie e da religião” sobre as
nobres virtudes romanas que Gibbon tanto admirava. E, sempre
presente neste modelo de narrativa histórica, a irresistível ironia de
Gibbon, exemplificada em sua famosa definição da história como
“pouco mais do que o registro dos crimes, loucuras e desventuras
da humanidade”.

UNIDADE IV Roma Antiga 84


FILME/VÍDEO
Título: Spartacus
Ano: 2004
Diretor: Robert Dornhelm
Sinopse: Gália, 72 a.C. Varínia (Rhona Mitra) é uma bela jovem
que nascera livre, mas vira uma escrava quando sua pacífica
aldeia é atacada pelos romanos, pois nada nem ninguém poderia
detê-los. Há vários anos Roma se debatia em guerras civis entre
os plebeus e seus aristocráticos rivais, os patrícios, liderados pelo
senador Marcus Crassus (Angus Macfadyen), o homem mais rico
do mundo, que quando criança tinha presenciado o assassinato
do pai no Fórum. Crassus renascerá das cinzas da desgraça de
sua família e é possuidor de uma ambição desmedida, ambição
está só refreada por rivais como o senador Antonius Agrippa (Alan
Bates). As guerras civis findaram e os homens sorriam uns aos
outros, mas as inimizades não tinham fim. A fortuna de Crassus se
percebia pelo ouro e pela prata, mas era medida pela carne de mi-
lhares de escravos que viviam sua curta existência em um mundo
de sofrimento, sob o capricho de seus amos. Paralelamente, em
uma mina do Egito de onde saía o ouro que adornavam as mulhe-
res dos aristocratas, escravos de várias partes do mundo viviam
um inferno constante, onde o mais simples ato se torna doloroso.
Lá havia um escravo trácio, Spartacus (Goran Visnjic), que não
se dobrava ao chicote e estava para ser crucificado, assim como
também acontecera com seu pai. É quando foi comprado por um
lanista, Lentulus Batiatus (Ian McNeice), dono da maior escola de
gladiadores da Itália, que coincidentemente também comprara
Varínia. Os dois logo se sente atraídos e Batiatus os faz ficarem
juntos para “cruzarem”, pois não passavam de animais para os
romanos. Mas Spartacus e Varínia tem um comportamento muito
diferente do esperado, pois se respeitavam como humanos. Duran-
te o início dos treinamentos ficou claro que ele não sabia lutar, mas
Spartacus aprende depressa e logo se torna o gladiador preferido
nos combates em Cápua. Ele gostava desta fama, mas tudo muda
quando Marcus Crassus chega na escola de gladiadores com
sua mulher e outro casal de patrícios. Os dois casais foram até lá
pedindo dois combates até a morte. Isto era fora do convencional
e poderia causar um clima tenso na escola. Batiatus estipulou
para a realização dos combates uma enorme quantia e Crassus
concordou. Os visitantes escolheram os gladiadores e as lutas co-
meçaram. A primeira luta logo terminou, então chegou o momento
de Spartacus ter de lutar com Draba (Henry Simmons), um etíope
que após alguns minutos derrotou Spartacus e recebeu a ordem
de dar o golpe fatal. Em vez de cumprir o ordenado, Draba tentou
atacar os patrícios e foi morto. Após refletir, Spartacus entendeu
que Draba preferiu morrer como um homem do que viver como um
animal. Isto seria o ponto de partida para Spartacus liderar uma
rebelião de escravos, que abalaria todo o Império Romano.

UNIDADE IV Roma Antiga 85


FILME / VÍDEO 2
Título: O Gladiador
Ano: 2000
Diretor: Ridley Scott
Sinopse: Nos dias finais do reinado de Marcus Aurelius (Richard
Harris), o imperador desperta a ira de seu filho Commodus (Joa-
quin Phoenix) ao tornar pública sua predileção em deixar o trono
para Maximus (Russell Crowe), o comandante do exército romano.
Sedento pelo poder, Commodus mata seu pai, assume a coroa e
ordena a morte de Maximus, que consegue fugir antes de ser pego
e passa a se esconder sob a identidade de um escravo e gladiador
do Império Romano.

FILME / VÍDEO 3
Título: Pompeia
Ano: 2014
Diretor: Paul W. S. Anderson
Sinopse: Milo é um escravo que se tornou um gladiador e se en-
contra em uma corrida contra o tempo. Após a erupção do Monte
Vesúvio, ele precisa salvar seu grande amor, a bela Cassia, filha
de um rico comerciante e que foi prometida a um corrupto senador
romano, em meio a destruição da cidade.

UNIDADE IV Roma Antiga 86


REFERÊNCIAS

ARAÚJO, E. Escrito para a eternidade. A literatura no Egito faraônico. Brasília: UnB, 2000.

ARRUDA, J. J. A. História antiga e medieval. 16. ed. São Paulo: Editora Ática, 1993.

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Janeiro: Família Bastos, 2010.

BERUTTI; FARIA; MARQUES. História moderna através de textos. São Paulo. Editora
Contexto, 2001.

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PEREIRA, P. (Coord.). Minho: Traços de Identidade. Braga: Universidade de Minho, 2009.
p. 70-118. Disponível em: https://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/16902. Acesso
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BLOCH, R. Os etruscos. Lisboa: Verbo, 1970.

BRAUDEL, F. Escritos sobre História. Editora: Perspectiva; 1964. Edição: 3ª (4 de julho de


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CARDOSO, C. F. S. A cidade-estado antiga. São Paulo: Ática, 1986.

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CONCLUSÃO GERAL

Prezado(a) aluno(a),

Chegamos ao final de nosso estudo. No decorrer deste, contemplamos diversas


temáticas sobre as mais remotas civilizações da antiguidade e, para que isso ocorresse,
busquei a introdução histórica, abordando alguns conceitos que norteiam o estudo da
história. Você consegue se lembrar? Espero que nesse momento do processo de ensino/
aprendizagem você esteja encantado(a) e fascinado(a), conhecendo o tempo e a história,
o tempo cronológico e também os calendários lunares e solares. Se lembra qual é o nosso
calendário? Espero que sim.
Que bom foi conhecer a divisão eurocêntrica da história, partindo da pré-história,
em que abordamos o surgimento do homem moderno, seu conceito e produções durante o
tempo, passamos pelos períodos do Paleolítico, Neolítico e Idade dos metais.
Destacamos na Unidade II duas grandes civilizações, começando pela mesopo-
tâmica e seu legado histórico. Entendemos seu desenvolvimento, sua experiência que vai
transformar nosso presente, que é a primeira escrita conhecida na história, a escrita “cunei-
forme”, além do primeiro código de leis escrito, ou seja, o código de Hamurabi, baseado na
lei do talião (olho por olho e dente por dente).
Conhecemos também a importância dos rios Tigre, Eufrates e Nilo, e várias
outras civilizações que cresceram em suas margens, civilizações hidráulicas, ou seja,
dependentes dos rios.
Apresentei o Egito antigo com todas suas maravilhas históricas e sua organização,
conhecemos sua divisão histórica, começando pelo antigo império, médio e novo império.
Demonstrei também o seu legado relacionando o ontem e o hoje.
Na Unidade III presenciamos a importância dos poemas da Ilíada e da Odisseia
como fonte histórica, apresentando a cultura grega deixada ao longo do tempo. Vale res-
saltar que entendemos a origem da civilização cretense, passando pela lenda do Minotauro
e do rei Minos, conhecendo um pouco sobre a civilização Micênica e, por fim, chegamos à
primeira diáspora, dispersão dos gregos pelo mundo. Passamos pelas grandes cidades-es-
tados gregas, conhecendo um pouco sobre Esparta e Atenas, compreendendo a educação

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militar de uma e toda política da outra. Conhecemos os principais legisladores e suas ideias
que norteiam nosso código de leis na atualidade. Você se lembra? Apontamos também as
Guerras Médicas, dos Medos, dos temíveis Persas e a guerra interna do Peloponeso.
A Unidade IV foi uma jornada pela Roma antiga. Apresentei os períodos que a
formaram, desde a Monarquia romana, passando pela República e concluindo com o Im-
pério, ou seja, nossa viagem parte do início, auge e decadência de Roma. Passamos pelas
origens lendárias e históricas de Roma, você se lembra dos irmãos Rômulo e Remo?
Deciframos a divisão de classes em Roma e a origem do poder da República Romana
que é o berço de nossa civilização. Você conheceu o conflito que ameaçou a unidade romana
contra Cartago, uma guerra cheia de táticas inovadores e surpreendentes para a história. Vale
ressaltar que terminamos nossos estudos através do Império romano até sua decadência.
Por fim, desejo que este material tenha sido de grande aproveitamento em seu
estudo e que tenha ajudado a fortalecer seu desenvolvimento educacional e entender tudo
que nos cerca em relação à sociedade e à cultura, além da relação do ontem e do hoje.
A partir de agora acredito que você já está preparado(a) para seguir em frente,
desenvolvendo ainda mais suas habilidades históricas. Te desejo todo o sucesso do mundo
em seu futuro próximo e que possa realizar a diferença na história.

Até uma próxima oportunidade.


Muito obrigado!

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