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Professora Doutoranda
Marcia Regina de Oliveira Lupion
Diretor Geral
Gilmar de Oliveira
Diretor Administrativo
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UNIFATECIE Unidade 3
Web Designer Rua Pernambuco, 1.169,
Thiago Azenha Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 4
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Saída para Nova Londrina
FICHA CATALOGRÁFICA
Paranavaí-PR
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFATECIE.
Credenciado pela Portaria N.º 527 de 10 de junho de 2020,
(44) 3045 9898
publicada no D.O.U. em 15 de junho de 2020.
Núcleo de Educação a Distância;
LUPION, Marcia Regina de Oliveira. www.unifatecie.edu.br
História da Educação.
Marcia. Regina de Oliveira Lupion.
Paranavaí - PR.: UniFatecie, 2020. 127 p.
As imagens utilizadas neste
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária livro foram obtidas a partir
Zineide Pereira dos Santos. do site ShutterStock
AUTORA
UNIDADE I....................................................................................................... 7
História da Educação: Conceitos e Fatores
UNIDADE II.................................................................................................... 30
História da Educação da Antiguidade à Contemporaneidade
UNIDADE III................................................................................................... 82
Atualismo Pedagógico e a Nova Escola
UNIDADE IV................................................................................................... 97
Diretrizes e Políticas
UNIDADE I
História da Educação:
Conceitos e Fatores
Professora Doutoranda Marcia Regina de Oliveira Lupion
Plano de Estudo:
● Gênese da educação;
● Origens e desenvolvimento nos diferentes momentos históricos.
Objetivos de Aprendizagem:
● Estudar o conceito de educação;
● Compreender a educação como uma construção social e complexa;
● Analisar as singularidades das pedagogias em diferentes momentos históricos;
● Estudar a gênese e as transformações da educação no período Neolítico.
7
INTRODUÇÃO
Buscar por uma data ou evento específico que se configure como a gênese da
educação é adentrar num campo perigoso cuja única certeza é a de que não é possível
estabelecer tal ou tais eventos. Entretanto, é convenção entre os historiadores da educação
que, desde o instante em que os primeiros grupos humanos passaram a construir uma
cultura, ou seja, em que saberes, fazeres e formas de pensar passaram a ser criados,
reproduzidos e modificados, iniciou-se processos de aprendizagens diversos e informais
configurando-se no “modelo” educacional primitivo baseado na imitação e na disseminação
difusa ocorrida entre os primeiros hominídeos.
Antes, porém, de estudarmos o modelo primitivo de educação, veremos o significa-
do do termo educação.
Conforme descrito acima, podemos compreender que a educação não está limitada
ao espaço físico que denominamos escola, sala de aula etc. Os estudos acadêmicos fazem
parte do processo educacional do homem de forma que seria errôneo associar educação
às diferentes etapas de estudo. O processo de ensino e aprendizagem faz parte de uma
dinâmica que precisa ser buscada e vivida durante toda a existência humana.
A educação engloba os processos de ensinar e aprender, de ajuste, adaptação e de
socialização. É um fenômeno observado em qualquer sociedade e nos grupos constitutivos
destas; responsável pela sua manutenção e perpetuação às gerações que se seguem, dos
modos culturais de ser, estar e agir necessários à convivência e ao ajustamento de um
membro no seu grupo ou sociedade.
Enquanto processo de socialização, a educação é exercida nos diversos espaços
de convívio social, seja para a adequação do indivíduo à sociedade, do indivíduo ao grupo
ou dos grupos à sociedade. A prática educativa formal (observada em instituições específi-
cas) se dá de forma intencional e com objetivos determinados, como no caso das escolas
quando pode ser definida como Educação Escolar. Já no caso específico da educação
exercida para a utilização dos recursos técnicos e tecnológicos e dos instrumentos e ferra-
mentas de uma determinada comunidade, dá-se o nome de Educação Tecnológica.
Para além desses modelos, atualmente configura-se um modelo educacional que
busca juntar saberes, ou seja, o fazer e o pensar devem estar alinhados para que a for-
mação seja completa. O conceito de Noosfera, como utilizado por Chevallard (2000), trata
de espaço no qual as ideias produzem e são produtoras de saberes com interação com
a cultura, colocando a educação na atualidade como uma das áreas essenciais para a
formação do indivíduo de fins do século XX e início do XXI para uma vida complexa.
Em última análise, educação é passar de uma mentalidade ou de um senso comum
a uma consciência. Significa sair de uma concepção fragmentária, incoerente, desarticu-
lada, implícita, degradada, mecânica, passiva e simplista, para assumir uma concepção
unitária, coerente, articulada, explícita, original, intencional, ativa e cultivada, como define
Libâneo (1990, p. 62):
o ato pedagógico pode, então, ser definido como uma atividade sistemática
de interação entre seres sociais, tanto no nível do intrapessoal como no nível
da influência do meio, interação essa que se configura numa ação exercida
sobre sujeitos ou grupos sujeitos visando provocar neles mudanças tão
eficazes que os tornem elementos ativos desta própria ação exercida.
Fonte: MORABAD, Mahantesh C. Esboços de guerreiros a cavalo com espadas nas mãos desenhadas por
povos primitivos nas Cavernas Bhimbetka perto de Bhopal, Madhya Pradesh, Índia, Ásia
Uma educação moral, cívica e religiosa com características próprias, mas, também,
com influência grega, inclusive o estudo das letras. Ao que tudo indica, a sociedade romana
valorizava o papel primordial da família no processo educativo da criança, o primeiro edu-
cador é o pater famílias, ou seja, o pai. Esta educação no seio da família é frequentemente
exaltada por diversos escritores romanos.
Diferente da mulher grega, a mulher romana, ou melhor, a mãe (nutriz), tem um
papel importante na educação da criança, a qual, em seus primeiros anos, passará mais
tempo ao lado da nutriz do que do pater, ou pai. Por um longo tempo, a Roma antiga não
oferecerá educação às crianças, ficando, portanto, a primeira fase da educação sob a tutela
e responsabilidade da família, fenômeno que também acontece em outras civilizações que
estudamos anteriormente.
Fato relevante é que este processo, ao mesmo tempo em que dá à família a res-
ponsabilidade de transmitir as tradições ancestrais, também é o pequeno núcleo social
regido pela figura paterna. Portanto, a obediência encontra aí não somente o espaço para
A partir do fim da primeira infância, aos sete anos, as crianças ficavam mais sob os
cuidados do pai, que transmitia as tradições familiares e da pátria, exercícios físicos e mili-
tares, como também as primeiras formas do saber. Com o tempo, parte da educação será
transferida aos profissionais do ensino. No entanto, continua sendo de responsabilidade do
pai os ensinamentos ou a garantia ao acesso destes.
De acordo com Aranha (2012), podemos dividir a educação romana em três mo-
mentos distintos:
Por essas condições, segundo Cambi (1999), o cristianismo foi responsável por
uma profunda revolução cultural no mundo antigo, pois propunha não somente uma nova
sociedade mas, também, um novo tipo de homem, no qual a igualdade, a solidariedade, a
humildade, o amor universal, a dedicação pessoal, a castidade e a pobreza são virtudes
essenciais a serem desenvolvidas.
Este novo paradigma, exposto acima, foi um marco que separou séculos de uma
educação clássica, religiosa e determinista, como resultado da interdependência entre
ciência e técnica, no qual a ideia de ação humana como elemento capaz de incidir sobre a
natureza foi ampliada para além das limitações impostas pelo pensamento medieval. Em
certo sentido, essas mudanças inauguram o que se convencionou denominar de Período
Moderno.
REFLITA
Reflita acerca de como o corpo passou a ser objeto de disciplinarização, sobretudo a
partir do século XVIII, por meio das instituições sob o domínio dos governos nacionais,
como hospitais, escolas, manicômios etc.
A minúcia dos regulamentos, o olhar esmiuçante das inspeções, o contro-
le das mínimas parcelas da vida e do corpo darão em breve, no quadro da
escola, do quartel, do hospital ou da oficina, um conteúdo laicizado, uma
racionalidade econômica ou técnica a esse cálculo místico do ínfimo e do
infinito. E uma História do Detalhe no século XVIII, colocada sob o signo
de Jean-Baptiste de La Salle, esbarrando em Leibniz e Buffon, passando
por Frederico II, atravessando a pedagogia, a medicina, a tática militar e
a economia, deveria chegar ao homem que sonhara no fim do século ser
um novo Newton, não mais aquele das imensidões do céu ou das mas-
sas planetárias, mas dos “pequenos corpos”, dos pequenos movimentos,
das pequenas ações; ao homem que respondeu a Monge (“Só havia um
mundo a ser descoberto”) (FOUCAUT, 1987, p. 02).
LIVRO
• Título: História da Pedagogia
• Autor: Franco Cambi
• Editora: UNESP
• Sinopse: a obra de Franco Cambi aborda a educação enquanto
um produto cultural que se inicia juntamente com a jornada huma-
na em fins do Paleolítico até os dias atuais.
FILME/VÍDEO
• Título: Sabedoria Romana - os estoicos e a arte de viver
• Ano: 2017
• Sinopse: no vídeo “Sabedoria romana: os estoicos e a arte de
viver”, a professora Renata Peluso discute sobre quais saberes
e práticas a filosofia estoica foi elaborada. O estoicismo foi uma
doutrina fundada no século III antes da era cristã. Seu criador foi o
filósofo Zenão de Cício (335-264 a.C.) e se caracterizava por ser
uma filosofia que propunha a extirpação das paixões, de forma a
tornar o homem um sábio.
• Link: https://www.youtube.com/watch?v=Vm0JSeMwo2I
Plano de Estudo:
• A educação no Oriente Antigo
• A educação no Ocidente Antigo
• A educação na Idade Média
• A educação no Renascimento
• O mundo moderno e a educação
• A educação na contemporaneidade
Objetivos de Aprendizagem:
• Visualizar como a educação acontecida no Oriente Antigo criou bases para a
institucionalização do ensino formal;
• Compreender os modelos educativos existentes na Grécia Antiga e na Roma Antiga;
• Conhecer as fases da educação romana;
• Analisar os modelos educacionais desenvolvidos durante a Alta e a Baixa Idade Média;
• Estudar a educação perante as mudanças ocorridas no Renascimento e na
Modernidade;
• Investigar o surgimento da Escola Nova em fins do século XIX, início do período
Contemporâneo.
30
INTRODUÇÃO
Aponta ele também, que a escola se torna cada vez mais central como organismo
instrutor de saberes, sobretudo com o fortalecimento dos trabalhos especializados. Com
as sociedades estamentais surgidas então, a escola torna-se uma escola dúplice uma vez
que atende ao conhecimento da cultura e do trabalho; forma profissionais e acentua o
enrijecimento dos papéis sociais em classes separadas e hierarquias diversas além de
transmitir a tradição dos povos.
De forma esquemática, abordaremos nos próximos tópicos e subtópicos, dados
básicos história da educação na China, na Índia, no Japão, no Egito e na Mesopotâmia.
Sociedades altamente hierarquizadas, sectárias e autoritárias.
1.1 Mesopotâmia
Os mesopotâmicos provavelmente tenham se organizado como civilização a partir
do quinto ou quarto milênio a.C., às margens dos rios Eufrates e Tigre, como atestam
diversos achados arqueológicos. Standage a descreve assim:
a maioria de seus habitantes era formada por fazendeiros que viviam entre
os muros da cidade e saíam a cada manhã para tomar conta de seus cam-
pos. Administradores, artesãos que não trabalhavam nos campos foram os
primeiros a levar vidas inteiramente urbanas. Veículos com rodas circulavam
pelas ruas, e as pessoas compravam e vendiam mercadorias em mercados
movimentados. Cerimônias religiosas e feriados públicos ocorriam num ciclo
regular que traziam conforto (STANDAGE, 2005, p. 27).
Parece-nos, portanto, que o ato da escrita compunha não somente uma prática
diária, mas também uma necessidade organizacional, sendo assim compunha parte do
aprendizado de algumas castas, diferente do que veremos nos primeiros tempos no Egito.
Apesar de as informações sobre a educação serem poucas, sabemos que desen-
volveram estudos sobre a astronomia, medicina, engenharia. A educação predominante na
era dos sumérios (3.800 – 3.500 a.C.) era doméstica, os saberes eram transmitidos dentro
do núcleo familiar, geralmente por meio do chefe desta. Os ensinamentos eram, como
pressupõem-se, carregados de misticismo, no entanto com o passar dos séculos ocorrem
mudanças significativas:
Após 1240 a.C., quando os assírios conquistaram a Babilônia, foram criadas
escolas públicas, com a intenção de impor valores conquistadores. Com o
tempo surgiram instâncias de educação superior – os centros de estudos de
história natural, astronomia, matemática criados nos palácios reais – a que os
historiadores chamaram de “Universidade Palatina da Babilônica”. Também
proliferaram ricas bibliotecas no interior dos templos, em que os “livros” eram
tabuletas ou cilindros gravados com caracteres cuneiformes e versavam
sobre os mais diversos assuntos (ARANHA, 2012, p. 56).
1.2 Egito
Thoth, deus egípcio representado pela figura com corpo humano e cabeça de
íbis é considerado deus da sabedoria e “criador de toda atividade intelectual de todos os
povos” (MANACORDA, 1992, p. 10). Ele representa a maturidade cultural e instrucional
da sociedade egípcia, ou seja, Thoth representa um momento em que o mundo egípcio já
se encontrava em pleno desenvolvimento educacional instituído por meio da valorização
do profissional responsável pela produção, manutenção e transmissão dos saberes assim
como, pela constituição de espaços específicos para a transmissão desses conhecimentos.
É possível dizer que a “relação pedagógica” existente no período era marcada por
uma educação mnemônica na qual se valorizava a repetição e era passada de pai para filho
(MANACORDA, 1992, p. 12).
Somado aos ensinamentos ético-comportamentais os exercícios físicos. Ainda du-
rante a antiguidade egípcia, atividades físicas como natação passam a ser ensinadas aos
jovens juntamente com o uso do arco, a corrida, a caça e a pesca. Nesse período, a técnica
do “escrever bem” não fazia parte da educação voltada para o “falar bem”. O ensino da
escrita era voltado para um grupo específico de técnicos como os escribas encarregados
dos registros de atos oficiais ou registros de comércio (ARANHA, 2012, p. 54).
No final do terceiro milênio a.C. e do advento do segundo, os escribas passaram a
ter mais prestígio assim como as técnicas de escritas. Dada a relevância desse técnico da
escrita, responsável pela leitura das escrituras antigas; redator dos escritos do rei, mestre
das crianças e filhos do rei (nascidos ou ascensos), esse profissional será introduzido na
dinâmica de sua majestade o que o levará a tornar-se “além de funcionário da adminis-
tração, também – se não sobretudo – mestre dos grandes (por nascimento ou ascensão
socialmente) e, particularmente, dos “filhos do rei” e dos filhos de outros grandes” (MANA-
CORDA, 1992, p. 20, grifo no original).
O saber universal passa a ser uma referência de ensino em um mundo real e con-
creto, dominado pelas exigências práticas e, portanto, o escriba tem um papel fundamental
na preparação desta nova realidade.
Os métodos educativos, preservados sobretudo nos textos sapienciais e também
nos escritos dos próprios escribas mostram que a punição ainda é um elemento disciplina-
dor no Novo Império. Ensina-se por meio da punição e pela aceitação do aspecto técnico
do ofício de escriba que é exatamente o domínio da arte da escrita e da leitura. A primeira
adquire-se com o adestramento das mãos e dos dedos e a segunda, por meio da leitura em
voz alta ainda que haja presentes na sala (MANACORDA, 1992, p. 33).
Os métodos de ensino da matemática são inexistentes nesse período segundo
Manacorda (1992, p. 34). Explica ele que não havia então pressupostos teóricos para o en-
sino da matemática sendo que os algoritmos eram fornecidos pelos mestres e deviam ser
repetidos até estarem decorados. Nesse período, “qualquer raciocínio, teoria ou justificativa
lógica eram reservados aos graus superiores dos estudos” (MANACORDA, 1992, p. 35).
Outro elemento da cultura educacional criada pelos egípcios são as Onomásticas.
A Onomástica, juntamente com o ensino mnemônico, ajudava a controlar uma complexa
administração estatal e são consideradas as ancestrais das nossas enciclopédias.
Consideradas como obras de saber universal, as Onomásticas apresentavam um
interesse não tão filológico, mas de conteúdo, isto é, são listas de coisas reais e não de
palavras, como em nossos vocabulários. Nelas estão contidos em setores as listas do que
se deve saber sobre: o céu, a água e a terra. Sobre pessoas, ofícios, profissões e, sobre
classes: tribos, tipos de seres humanos; as cidades; edifícios e suas partes; terrenos agrí-
colas (MANACORDA, 1992, p. 35).
Com estas classificações eram feitas catalogações que eram utilizadas na profissão
do escriba enquanto funcionário do Estado, bem como nos recursos a serem ensinados aos
seus discípulos.
1.3 China
Essa forma autoritária e sectária de educar não diferente de outras sociedades que
veremos no decorrer desta obra.
1.4 Índia
A Índia Antiga formou-se a partir de grupos organizados em sociedades sedentárias
ao longo do segundo milênio a.C., nas regiões próximas aos rios Ganges e Indo. A tradição
religiosa é marcada pelo hinduísmo e o budismo, sendo que esta última foi a que se difundiu
até o extremo oriente.
Sob a dominância do hinduísmo em sua maioria influenciados pelo bramanismo, a
sociedade indiana vai se organizar mediante as divisões de castas muito fechadas, bastan-
te radicais e de extrema discriminação. Nesta sociedade são os sacerdotes os líderes que
mantêm ensinamentos dogmáticos imutáveis e excludentes.
Devido à crença de que todos saíram do corpo do deus Brahman, os brâmanes
eram considerados os mais importantes por terem sido gerados da cabeça do
deus. No outro extremo, os párias, por nem sequer terem origem divina, não
pertenciam a nenhuma casta e por isso eram intocáveis e reduzidos a uma
condição miserável (ARANHA, 2012, p. 58).
1.5 Japão
O Japão se caracteriza por ser uma sociedade marítima e feudal em seus primór-
dios. Organizada sob uma rígida sociedade de classes e por profissões, desenvolveu “uma
religião naturalista que valorizava a submissão à natureza e à ordem social, e durante
séculos hegemonizada pelos modelos da civilização chinesa” (CAMBI, 1999, p. 63).
Como no modelo chinês, a educação no Japão se caracteriza por ser excludente
opondo classe dirigente e demais classes; cultura e trabalho. Sendo que aos grupos pri-
vilegiados, ligados ao poder político e econômico, eram reservadas as escolas enquanto
artesãos e camponeses aprendiam em oficinas e no próprio campo.
1 Quirão ou Quíron era um centauro como conhecimento ímpar e, por esse motivo, auxiliou na educação
dos heróis Jasão e Aquiles tornando-se também amigo de ambos (WILLIS, 2007, p. 164) embora centauros e
homens fossem, historicamente, inimigos entre si (JULIEN, 2005, p. 48).
Ou seja, vemos que há nitidamente uma constante discussão das diferentes classes
que compõem o cenário da antiga Grécia, cada qual tentando senão impor, mas defender
seu ponto de vista sobre o que entendem como civilização ideal. Se temos um modelo de
educação voltada para as classes mais nobres e outro que afirma o trabalho enquanto o
centro da discussão, não temos aqui a rigidez dos modelos que foram vistos anteriormente
em outras civilizações como a mesopotâmica e a egípcia, pelo contrário, entre os gregos
prevalece um ambiente favorável ao debate, à democracia.
Durante a educação no período arcaico há ainda o processo de aculturação moral,
religiosa, patriótica, o ensino das técnicas e da arte de governar e reproduzir uma educação
focada na fala e na escrita conforme descreve Manacorda (1992, p.46):
as “palavras e as ações” de Homero e de Fênix reaparecerão na Grécia
histórica como educação através da “música” (mousiké) e da “ginástica”
(gymnastiké): por música entende-se a aculturação do patrimônio ideal,
transmitidos através dos hinos religiosos e militares, cantados em coro pelos
jovens(naquele tempo não havia transmissão escrita, portanto o verso can-
tado era necessário para a memória e a prática coral para a sociabilidade),
e por ginástica entende-se a preparação do guerreiro. Este mesmo autor
complementa ainda que: Além da oposição das duas paideias de Homero e
Hesíodo, dos guerreiros e dos camponeses (que em Laerte tem um ponto em
comum), historicamente o ideal de educação ginástica sofrerá as críticas e as
oposições de um outro ideal, quando em confronto com os áristos surgirem
novas forças sociais.
Vemos aqui a formação de uma escola que defende não somente a formação por
meio do ideal moral, mas também voltada ao conhecimento e à prática política para uma
sociedade que está passando por grandes transformações estruturais, como no caso da
última citação acima as “novas forças sociais”, compreende o fortalecimento da classe dos
comerciantes.
Cena da Grécia Antiga. Cerâmica de figura negra. Mitologia grega antiga. Guerreiros Esparta, deuses
Fonte: https://image.shutterstock.com/image-vector/ancient-greece-scene-black-figure-600w-577810900.jpg
A primeira educação ocorria em família, até a idade de sete anos, quando recebiam
por parte do Estado educação pública, lembrando que obrigatória para ambos, a família
de encaminhar os filhos e o Estado de ofertar a educação. Nesta primeira fase estudavam
Aos poucos, o ginásio fica cada vez mais próximo da ideia que fazemos da escola
enquanto instituição, com locais desenvolvidos para a prática de vários saberes, dos físi-
Das Paidéias propostas pelos filósofos encontramos como aspecto comum a edu-
cação voltada para a formação integral que propõe que o indivíduo deve estar em constante
2.3.1 Realeza
Esse período que vai entre 753 a.C. a 509 a.C., é marcado pelo intenso desenvolvi-
mento das urbs, o centro urbano de Roma, onde se desenvolve a vida política e religiosa da
“civitas” que passa a dividir espaço com a antiga economia agrícola e do pastoreio. Quando
ocorre também a divisão das terras que deixam de ser comunais, gerando com isso a
propriedade privada e com ela a aristocracia, baseados na formação de classes sociais.
Os donos de terras eram chamados de patrícios enquanto a maioria da população livre
era denominada de plebeus, estes inclusive não tinham direitos políticos. Aos poucos os
escravos também comporão esta sociedade, como mão de obra (ARANHA, 2012, p. 127).
No período da realeza, a aristocracia recebia uma educação que tinha como objeti-
vo perpetuar os valores da nobreza e conhecer as obras e valorizar os ancestrais, esta fase
da educação em Roma é denominado de latina original ou como heroico-patrícia.
Praticamente a educação moral do jovem romano era, como a do grego,
alimentada por uma escolha de exemplos oferecidos à sua admiração, mas,
eram tirados da história nacional e não da poesia heroica; o fato de muitos
destes exempla serem legendários pouco importa: é como históricos que
eram apresentados e revividos (MARROU, 1973, p. 366, grifo no original).
2.3.2 República
De acordo com Aranha (2012, p. 127), com a queda do último rei etrusco, teve início
a República, fase em que os patrícios dominam a política e, por consequência, representa-
Estas mudanças são fruto de uma nova aristocracia, determinada agora pela rique-
za ao invés do nascimento como era anteriormente. Estes tinham a intenção de ascenderão
poder, mediante altos cargos públicos. Os plebeus pobres, por outro lado, tiveram sua
situação piorada em função de uma política expansionista que visava à entrada de mais
escravos que competiam para a mão de obra mais barata. Além disso, continuavam sem
ter acesso ao ensino.
Estes escravos trabalhavam nas mais diversas funções desde serviços públicos
aos privados, como construção, comércio, serviço de urbanização. Dentro deste ambiente
alguns vão conseguir a liberdade, por recompensa pelo serviço prestado. Com relação a
educação, os escravos passaram, segundo Manacorda (1992, p. 78), por uma evolução
histórica. Do escravo pedagogo e “mestre na própria família ao escravo mestre das crian-
ças de várias familiae e, enfim, ao escravo libertus que ensina em sua própria escola”
(MANACORDA, 1992, p. 78).
Após 146 a. C., com o processo de expansão militar as tradições romanas serão
alteradas profundamente com a anexação da Grécia em 146 a. C. Este período é caracteri-
zado pelo helenismo com o contato cultural de diversas civilizações, dentre elas a Índia e o
Egito, acarretando em uma transformação da postura política, a saber, o despotismo típico
dos regimes do Oriente. Neste cenário ocorrerá a fase da educação cosmopolita, com a
forte influência do helenismo e com fortes divergências de uma parcela da população fiéis
defensores da tradição latina.
Com essa aproximação entre culturas, a noção de Paidéia, de formação humana
pela cultura com vistas à universalização das características próprias do homem, desenvol-
veu-se com Marco Túlio Cícero (106 -43 a. C.), a noção de Paidéia romana, ou humanitas
(CAMBI, 1999, p. 109). A partir de Cícero surgem pedagogias ligadas ao estoicismo, à
Paidéia retórica e à concepção enciclopédica do saber. Assim, com Cícero temos, o
Imperador Constantino.
Fonte: https://image.shutterstock.com/image-photo/york-england-uk-5-april-600w-549377641.jpg
Com base nesses dados, em seguida nos debruçaremos sobre os três modelos
escolares praticados pela sociedade medieval representados pelas:
De acordo com Aranha (2012, p. 154), embora tenha havido retrocessos em di-
versos setores, dependendo da época e lugar, a Idade Média se caracterizou por ser um
período de intensas transformações. Basicamente, a educação na Idade Média “resulta,
portanto, em determinados comportamentos que conduzem as pessoas ao respeito a Deus
e aos homens, condição imprescindível ao convívio social” (OLIVEIRA, 2010, p. 26) além
de se constituir sobre um sistema hierárquico de sociedade.
A Alta Idade Média – caracterizada pelas invasões bárbaras e pela formação dos
primeiros reinos germânicos -, teve por base a educação patrística no Ocidente de tradição
cristã. Este período é descrito assim por Manacorda (1992, p. 111):
No início do século VI verificam-se fenômenos políticos significativos. De
um lado, alguns reinos romano-bárbaros já se implantavam firmemente em
territórios do Império do Ocidente, onde a única autoridade política autentica-
mente romana é a Igreja e especialmente o papado; do outro lado o Império
do Oriente conserva ainda sua unidade e a sua força, o que lhe permitirá
tentar a reconquista do Ocidente. Estes três centros de poder, tão diferentes
entre si, se enfrentarão numa complexa luta ideológica e militar.
1. Pajem Dos 7 aos 15 anos o menino servia como pajem no Castelo, aprendia música,
poesia, jogos de salão, convivia com as damas, aprendia a falar bem, exercita-
va-se nos esportes e adquiria maneiras cortesãs;
2. Escudeiro Aprendia a montar e a manejar armas com vistas a uma formação para guerras;
Era introduzido em assuntos políticos e rudimentos amorosos;
Continuava a estudar poesias e música;
3. Cavaleiro Aos 21 anos era sagrado Cavaleiro após cerimônia religiosa de grande pompa.
A educação das mulheres não foi prioridade no mundo medieval, no entanto, a ela
foram destinados alguns espaços de instrução como nos mosteiros onde, desde o século
VI, lhes foi dada a permissão de aprenderem a ler e escrever a fim de serem educadas e
consagradas a Deus. Já as filhas dos nobres podiam receber instruções dentro do próprio
Castelo onde aprendiam além de ler e escrever, música, religião e rudimentos das artes
liberais (geografia e história por exemplo). Conduto, sua educação era geralmente voltada
para atividades consideradas exclusivamente femininas (ARANHA, 2012, p. 174).
Os servos, geralmente trabalhadores das regiões agrícolas, não recebiam qualquer
tipo de instrução formal. Bastava apenas que fossem educados para serem cristãos. As
formas de educar essa população eram baseadas em grandes edificações como Catedrais
que remetiam a uma espiritualidade transcendental; em afrescos e cantos com temas reli-
giosos; festas e literatura voltada para a biografia de santos, as hagiografias. Todos esses
mecanismos visuais e auditivos educavam para a devoção e o comportamento cristão
(ARANHA, 2012, p. 174).
De início era a lógica de Aristóteles que norteava os estudos, depois com a tra-
dução de suas obras para o latim, a Escolástica tomará poder no processo de educação
superior, no século XIII. Temos como o maior expoente Tomás de Aquino para quem, o fim
do homem é o aperfeiçoamento de sua natureza, o que somente poderá se cumprir em
Deus. A finalidade última das ações humanas transcenderia, portanto, ao próprio homem,
cuja vontade, mesmo que ele não o saiba, leva-o a dirigir-se ao supremo. Para que a
pessoa seja considerada boa, a vontade deve conformar-se à norma moral que se encontra
nos homens como reflexo da lei eterna da vontade divina.
Na política, São Tomás distingue três tipos de lei, que dirigem a comunidade ao
bem comum:
As Universidades serão locais onde a atividade cultural será uma constante, geran-
do novas ideias e constantemente criando conflitos com a Igreja. Aos poucos a hegemonia
da fé católica começa a ser afrontada, sendo também estes espaços de educação, a partir
Além da educação formal superior discutida nos últimos parágrafos, existiram ainda
modelos educacionais ofertados a crianças e jovens que eram instruídos de acordo com as
ocupações geralmente de suas famílias. Por exemplo, o filho do comerciante costumava
frequentar pequenas escolas na cidade, as escolas seculares, assistido por um professor
leigo nomeado pela administração municipal.
Essas escolas, é claro, eram independentes umas das outras. Forrava-se o
chão com palha, e os alunos aí se sentavam. (…) Então, o mestre esperava
pelos alunos, como o comerciante espera pelos fregueses. Algumas vezes,
um mestre roubava os alunos do vizinho. Nessa sala, reuniam-se então me-
ninos e homens de todas as idades, de 6 a 20 anos ou mais (ARIÈS, 1986,
p. 167).
Tinham como diretriz o Ratio Studiorum (organização escolar), com regras práticas
sobre a ação pedagógica bastante rígida dividida entre estudos inferiores e estudos supe-
riores, a organização administrativa, toda a hierarquia dos profissionais da educação. O
Ratio também organizava o andamento do colégio e dos estudos, desde funções do reitor e
professores passando pela didática e disciplina estudantil, sempre com fins ético-religiosos
(CAMBI, 1999, p. 261).
No Renascimento as crianças passam a ser vistas e cuidadas de forma especial,
sendo separadas inclusive nas escolas dos adultos, fato que esta mistura anteriormente
era comum:
Os contratos [...] de pensão escolar, raramente mencionavam a idade do
menino, como se isso não tivesse importância. Se considerarmos esta indi-
ferença com relação à idade, se nos lembrarmos do que foi dito atrás sobre
métodos pedagógicos utilizados, sobre a simultaneidade e a repetição do
ensino, não nos surpreenderemos em ver na escola medieval todas as idades
confundidas no mesmo auditório. E essa mistura de idade continuava fora da
escola. Velhos ou jovens, os alunos eram abandonados a si mesmos. Alguns,
muito raramente, viviam com os pais. Outros viviam em regime de pensão,
quer na casa do próprio mestre, quer na casa de um padre ou cônego [...].
(ARIÈS, 1986, p. 166).
O século XVIII é conhecido por meio da definição dos livros didáticos por “Século
das Luzes”, é denominado também por alguns teóricos de “Século da Educação”, apesar
de ainda persistirem antigas contradições decorrentes da decadência do regime feudal e
Apesar de sua vigência relativamente longa, a República em Roma (509 a 27 a.C.) não
adotou uma política educacional propriamente dita. Esse fato adquire um grande signi-
ficado quando se tem em conta que Roma incorporou à sua cultura muitos aspectos do
helenismo, menos o tratamento que era dado à educação. Enquanto entre os gregos a
educação foi um assunto de grande interesse do Estado, o mesmo não aconteceu com
Roma. Em comparação com um povo intelectual e artista como o grego, o romano era
um povo de camponeses, que valorizava o “profissional”, o negotium militar, político e
agrícola, entre outros. Os romanos provavelmente admitiram a diferenciação estabele-
cida pelos gregos entre a formação “liberal” e a formação “profissional”, porém demons-
trava clara preferência pela última. Neste caso, introduziram outros elementos, como a
possibilidade de utilização prática e o caráter utilitário, conferindo à formação intelectual
um novo perfil. Outro indicativo desta pragmática é a concepção de que a educação
deveria preparar para a vida.
Fonte: Mais informações em: MELO, José Joaquim Pereira. A educação e o estado romano. Disponível
em: <http://www.periodicos.udesc.br/index.php/linhas/article/view/1331/1140>. Acesso em: 11 mar. 2020
REFLITA
O povo, durante a Idade Média – e durante muito tempo também na Idade
Moderna -, é analfabeto. Seus conhecimentos estão ligados a crenças e
tradições ou observações de senso comum: seu horizonte cultural é mui-
to limitado, mas bem firme na centralidade atribuída à fé cristã e à visão
do mundo, que chega a ele por muitas vias alternativas à escrita: sobre-
tudo através da palavra oral e da imagem, que são duas vias de acesso
à cultura por parte do povo. (CAMBI, 1999, p. 178).
Como visto, a Igreja Católica dominou o setor educacional durante a Idade Média.
Tanto a produção escrita quanto a imagética foram determinadas por essa instituição que
também determinava o acesso da população a essa cultura. Com base na afirmativa feita
pelo educador italiano Franco Cambi (1940 -), reflita acerca do poder das mídias na socie-
dade atual.
Querido (a),
Nosso objetivo nesta unidade foi estudar aspectos elementares da educação prati-
cada desde os povos da Antiguidade Oriental e Ocidental até o final do século XX.
E, enquanto sociedades como a mesopotâmica e a egípcia inauguraram a institu-
cionalização das escolas, vimos que os modelos educacionais propostos tinham por base
a paidéia grega. Vimos também que não é mais possível falarmos apenas em paidéia no
singular e sim, em paideias como a homérica e a hesiódica assim como também as paideias
propostas pelos filósofos e pelos sofistas cada qual partindo das realidades econômicas,
sociais e políticas presentes em suas sociedades.
Anexados pelo poderoso império romano, o mundo grego e sua cultura influenciam
seus dominadores com sua cultura refinada e suas propostas educacionais. Com o cris-
tianismo tendo se tornado uma igreja com poderes estatais, um novo modelo de homem
é proposto e, nem sempre com base no racionalismo e sim, baseado numa educação
marcada pela fé e pelo dogmatismo católico.
Vimos que a educação, neste período, se manterá estática por muito tempo, mas
talvez menos que nas civilizações do período clássico. A Igreja teve o papel importante
de preservar e transmitir parte da cultura antiga no decorrer dos séculos, no entanto o
processo do conhecimento gerou com o tempo o germe da dúvida, da oposição e, por fim,
da libertação. Quanto a esse processo a Igreja não pode fazer nada de concreto por muito
tempo, mesmo que tivesse tentado de todas as formas.
Vimos, portanto, a libertação do pensamento humano a partir do século XV e o
processo de transformação na educação alcançou uma nova dimensão e velocidade. À
medida que se libertava do dogma católico, uma nova forma de compreender o mundo, de
se relacionar com as diversas áreas do conhecimento levou o homem a patamar de figura
principal, é o fazer-se, construir-se, o homem pelo próprio homem num antropocentrismo
que gestou o Renascimento e a própria sociedade Moderna.
A partir deste momento a transformação na educação desenvolverá uma velocidade
e proporcionará uma variedade de ideias, métodos, jamais vistos na história da humanidade
LIVRO
• Título: O Nome da Rosa
• Autor: Umberto Eco
• Editora: Record
• Sinopse: em 1327, em pleno período escolástico, William de
Baskerville (Sean Connery), um monge franciscano, e Adso von
Melk (Christian Slater), um noviço, chegam a um remoto mosteiro
no norte da Itália. William de Baskerville pretende participar de um
conclave para decidir se a Igreja deve doar parte de suas riquezas,
mas a atenção é desviada por vários assassinatos que acontecem
no mosteiro. William de Baskerville começa a investigar o caso,
que se mostra bastante intrincado, além dos mais religiosos
acreditarem que é obra do Demônio. William de Baskerville não
partilha desta opinião, mas antes que ele conclua as investigações
Bernardo Gui (F. Murray Abraham), o Grão-Inquisidor, chega no
local e está pronto para torturar qualquer suspeito de heresia que
tenha cometido assassinatos em nome do Diabo. Como não gosta
de Baskerville, ele é inclinado a colocá-lo no topo da lista dos que
são diabolicamente influenciados. Esta batalha, junto com uma
guerra ideológica entre franciscanos e dominicanos, é travada
enquanto o motivo dos assassinatos é lentamente solucionado.
FILME/VÍDEO
• Título: O físico
• Ano: 2013
• Sinopse: no cenário de superstição e esplendor do século XI,
desenrola-se a extraordinária história de Rob J. Cole (Tom Payne).
Órfão e sem dinheiro é quando a mãe morre de uma misteriosa
doença que Rob se apercebe que possui um dom que, nos tempos
que corriam, enviava um homem para a fogueira: tinha a capaci-
dade de sentir a morte ao pousar a sua mão sobre os vivos. Cres-
cendo como assistente e aprendiz do cirurgião-barbeiro (Stellan
Skarsgård) que o acolheu, o jovem soube que nascera para ser
médico. A sua busca pelo conhecimento levá-lo-á a Isfahan, na
antiga Pérsia, à escola do mais reputado médico do seu tempo,
Ibn Sina (Ben Kingsley). Uma aventura de tirar o fôlego na tradição
de grandes filmes europeus como a O Nome da Rosa e O Perfu-
me - História de um Assassino. O Físico é baseado no romance
best-seller de Noah Gordon que vendeu mais de 21 milhões de
exemplares em todo o mundo.
• Link: https://www.youtube.com/watch?v=MG3xN-ZRVU8
Plano de Estudo:
• Situações de atualismo pedagógico;
• O Movimento Pedagógico na Nova Escola.
Objetivos de Aprendizagem:
• Estudar algumas das pedagogias mais influentes durante o século XX;
• Analisar as características do Movimento Pedagógico na Escola Nova.
82
INTRODUÇÃO
Caríssimo(a),
Nesta Unidade iremos estudar situações de atualismo pedagógico ocorridas,
sobretudo, na primeira metade do século XX, juntamente com o Movimento Pedagógico
Nova Escola. Para isso, veremos como a escola laica e sob a tutela do Estado contou com
uma série de modelos educacionais desenvolvidos para atender às demandas políticas e
econômicas da sociedade moderna, industrializada e do entre-guerras.
Como noutros períodos históricos, cada sociedade em particular desenvolveu suas
próprias propostas e, em países como o Brasil, muitas dessas teorias foram absorvidas
e adaptadas à nossa realidade. Assim como as escolas ativistas tiveram seu auge nos
anos 1930 com os escolanovistas, a pedagogia do estadunidense John Dewey também
encontrou seu espaço numa sociedade em busca da democracia.
Se os modelos democráticos ocuparam seu espaço no ocidente, no mundo sovié-
tico as pedagogias marxistas gestaram modelos educacionais diversos, tendo por base,
sobretudo, a disciplina e o trabalho. Houve espaço, inclusive, para as pedagogias fascistas,
como a de Giovanni Gentile na Itália e suas propostas idealistas e atualistas.
Outra proposta educacional que mereceu nossa atenção foi a teoria do pensamen-
to complexo, de Edgar Morin. De acordo com esse teórico, a compartimentalização dos
saberes, iniciada no século XVI e acentuada no XIX, não respondia mais às necessidades
dos indivíduos contemporâneos. Para o autor, o viver em sociedade demanada saberes
complexos capazes de resolverem problemas planetários envolvendo o pensamento teóri-
co, mas, também filosofia, ética e moral.
Sem esgotar o universo das pedagogias do século XX, essa Unidade pretende ser
uma introdução ao tema cuja complexidade pode ser conhecida por meio da bibliografia
sugerida ao final do texto.
Vamos a ele!
A teoria proposta por Gentile para uma educação escolar oscilava entre a espon-
taneidade e a necessidade de disciplinar e retomar a centralidade da pessoa do professor.
Gentile afastava-se, ainda, da concepção positivista e laica da educação vendo na religião
uma forma de “orientação ideal da escola, quase uma filosofia inferior adaptada às crianças
e às massas” (CAMBI, 1999, p. 539).
Segundo Aranha (2012, p. 432),
enquanto a Escola Nova teve por ideal educar para a liberdade, no sentido
de possibilitar a autogestão do educando e a construção da sociedade demo-
crática, as escolas nos governos totalitários representaram um desvio e um
retrocesso, além de evidente violência simbólica.
Com a crítica realizada por Aranha, podemos observar que a educação é, desde as
sociedades arcaicas, um veículo utilizado pelos governos para educar o indivíduo, seja ele
súdito, servo ou cidadão, de acordo com interesses da sociedade que desejam estabelecer
ou manter. Sigamos com outro modelo de educação surgido no mesmo período que a
pedagogia de Gentile, que é o modelo democrático, proposto pelo estadunidense John
Dewey.
Cambi (1999), considera ser possível resumir em cinco tópicos os aspectos espe-
cíficos comuns à pedagogia marxista, presentes em maior ou menor medida nos quatro
modelos acima:
1. uma conjunção “dialética” entre educação e sociedade, segundo a qual
todo tipo de ideal formativo e de prática educativa implica valores e inte-
resses ideológicos, ligados à estrutura econômico-política da sociedade
que os exprime e aos objetivos práticos das classes que a governam; 2. um
vínculo, muito estreito, entre educação e política, tanto em nível de interpre-
tação das várias doutrinas pedagógicas, quanto em relação às estratégias
educativas voltadas para o futuro, que recorrem (devem recorrer) explícita e
organicamente à ação política, à práxis revolucionária; 3. a centralidade do
trabalho na formação do homem e o papel prioritário que ele vem assumir no
interior de uma formação integralmente humana de todo homem, libertado
de condições, inclusive culturais, de submissão e alienação; 5. oposição,
Baseado na mesma autora (ARANHA, 2012), ainda é possível utilizar outro critério
para classificar os métodos:
Aranha (2012) define que é sob o binômio da psicologia e do trabalho que podemos
entender a iniciativa da nova escola. Maria Montessori (1870-1952), médica italiana, criado-
ra da Casa dei Bambini, escola para atender crianças, filhos de operários,
[...] estimulava a atividade livre concentrada, com base no princípio da au-
toeducação. Nesse método marcantemente ativo, o aluno usa o material na
ordem que quiser, cabendo ao professor apenas dirigir a atividade, e não
propriamente ensinar. As crianças cuidam da higiene pessoal e da limpeza
das salas, recolocando em ordem todo o material usado. A atenção ao ritmo
de cada um, no entanto, não se contrapõe à socialização, antes facilita a
integração no grupo (ARANHA, 2012, p. 305).
Theodore Schultz (1973), em sua teoria do capital humano, afirma que a educação
deve estar com vistas ao crescimento econômico. Um trabalhador qualificado consegue
produzir mais e ser mais bem remunerado, contribuindo para o crescimento do país. Nesse
ponto, como afirma abaixo o autor, podemos dizer que, aos poucos, o próprio trabalhador se
torna capitalista. “Os trabalhadores transformaram-se em capitalistas, não pela difusão da
Anísio Teixeira (1990-1971) foi um educador brasileiro, responsável pelas reformas edu-
cacionais que mudaram a educação no Brasil. Anísio Spínola Teixeira nasceu em Cae-
tité, no sertão baiano. Estudou em colégios jesuítas em Salvador. Formou-se em direito
no Rio de Janeiro, em 1922. Na Bahia, ocupou o cargo de diretor geral da instituição
pública de 1924 e 1929. Anísio Teixeira reformou o sistema escolar baiano. Em 1928,
publicou “Aspectos Americanos da Educação”, concluindo, no ano seguinte, a formação
em educação, o Teacher’s College da Universidade de Colúmbia, nos Estados Unidos.
Regressou ao Brasil em 1929 e assumiu a cadeira de filosofia e história da educação
da Escola Normal de Salvador. Anísio Teixeira foi funcionário do Ministério da Educação
do Distrito Federal. Em 1932, foi signatário dos Pioneiros da Escola Nova, que propu-
nha uma escola leiga, obrigatória e gratuita. Foi responsável pelo aumento do número
de escolas no Brasil e programas de aperfeiçoamento dos programas de treinamento
para professores. Também aprimorou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Anísio
Teixeira escreveu os livros “A Universidade e a Liberdade Humana” (1954) e Educação
no Mundo Moderno (1969). Morreu no Rio de Janeiro, em 1971.
REFLITA
A educação proposta por Gramsci está centrada no valor do trabalho e na
tarefa de superar as dicotomias existentes entre o fazer e o pensar, entre
cultura erudita e cultura popular. Para tanto, a escola classista burguesa
precisaria ser substituída pela escola unitária, oferecendo a mesma edu-
cação para todas as crianças, a fim de desenvolver nelas a capacidade
de trabalhar manual e intelectualmente. Nesse caso, entrar em contato
com a técnica do seu tempo não significa deixar de lado a cultura geral
humanista, formativa (ARANHA, 2012, p. 464).
O que o século XIX pregou, o século XX teve de colocar em prática: a escola para
todos, laica, obrigatória e como papel do Estado. Mesmo ainda que uma escola dualista,
muito se avançou em termos de inclusão, apesar de que este desafio ainda é um dos
principais debates entre educadores e líderes mundiais.
Ao passo que o século XX se deparou com mudanças muito rápidas e radicais, a
educação também se viu obrigada a, ao menos, acompanhar em parte estas transforma-
ções e a proposta de Edgar Morin, de uma educação baseada na complexidade planetária,
procura dar respostas a essas expectativas recentes, ainda que não tenha se tornado um
paradigma amplamente utilizado.
Graças ao novo papel da escola em sociedade, fruto da escola nova e compreen-
dendo que a educação só pode ser compreendida em determinado contexto histórico, os
novos rumos são também de uma educação que precisa ser construída, tendo, inclusive,
como ponto principal aqueles que permanecem à margem da sociedade, excluídos não
somente, mas principalmente, da educação.
A pesquisa do prof. Marcos Fonseca procura analisar o nível de relação entre este
processo e o segmento mais expressivo dentro da estrutura demográfica de Minas Gerais,
ou seja, a população negra livre que era classificada através de diferentes terminologias
(pretos, pardos, crioulo, cabras), que demarcavam proximidades e distâncias com o mundo
da escravidão e o sistema educacional, sendo a escola espaço de afirmação social para
esse grupo marginalizado.
LIVRO
• Título: A história da educação dos negros no Brasil
• Autor: Marcos Vinícius Fonseca e Surya A. Pombo de Barros
(Orgs.).
• Editora: Editora da Universidade Federal Fluminense - EdUFF
• Sinopse: finalmente, as questões relativas à população negra
foram incorporadas à educação brasileira. Isso se deu a partir de
um longo processo de reivindicação construído pelos movimen-
tos sociais criados pela população negra durante todo o século
XX. A partir dos anos de 1980, estas reivindicações começaram
a encontrar ressonância em diferentes segmentos da sociedade,
possibilitando a construção de dispositivos pedagógicos e legais
que estabeleceram diretrizes para o tratamento das questões
étnico-raciais na educação. Esse livro fala um pouco sobre a tra-
jetória educacional do negro no Brasil e que resultou nas políticas
públicas atuais.
FILME/VÍDEO
• Título: A educação proibida
• Ano: 2012
• Sinopse: documentário que se propõe a questionar as lógicas
da escolarização moderna e a forma de entender a educação,
mostrando diferentes experiências educativas, não convencionais,
que propõem a necessidade de um novo modelo educativo.
• Link: https://www.youtube.com/watch?v=OTerSwwxR9Y
Plano de Estudo:
• Conceitos e Definições de Diretrizes Educacionais
• Campo das Políticas Públicas Educacionais no Brasil
• Breve histórico da educação no Brasil
Objetivos de Aprendizagem:
• Compreender as atuais diretrizes e políticas da educação brasileira;
• Conceituar e contextualizar as políticas educacionais brasileiras pós 1988;
• Estudar características do PNE e das DCN;
• Desenvolver um breve histórico da educação no Brasil.
97
INTRODUÇÃO
Olá, aluno(a)!
Chegamos a última unidade de nossa apostila. Depois de termos feito um estudo
sistemático da educação desde os povos primitivos do Paleolítico até a contemporaneidade,
passamos a analisar alguns documentos norteadores da política educacional brasileira. Os
temas que irão orientar nossa discussão serão as Diretrizes Curriculares Nacionais – DCN
–, o Plano Nacional de Educação – PNE – e a Base Nacional Comum Curricular – BNCC,
uma vez que é sob esses três documentos que se encontram estruturadas as bases nacio-
nais da educação brasileira juntamente com a Carta Magna de 1988 e a Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional – LDBEN nº 9394 de 1996. Além disso, faremos um voo
panorâmico sobre a história da educação no Brasil de forma que esse voo nos permita
compreender os contextos geradores dos documentos citados acima e seus conteúdos.
Num primeiro momento, discutiremos as DCNs, que foram o último documento a
ser produzido acerca do tema. Analisar, em primeiro lugar, as Diretrizes, nos permite partir
de um campo conhecido que é a forma como a educação está estruturada na atualidade
para compreender, em retrospectiva, como chegamos a essa proposta educacional.
Em seguida, analisaremos o Plano Nacional de Educação, documento cuja previ-
são de existência já constava da LDB 9394/96, assim como as DCNs e a BNCC, esta última
resumida ao final deste texto. Com esses temas e conteúdos, acreditamos ser possível
compreender as políticas públicas e as diretrizes que norteiam o sistema educacional bra-
sileiro desde 1988 até a atualidade.
Tenha um bom estudo!
Como vemos, existem dois tipos de educação. O plano legal era, na verdade,
catequizar e instruir os índios, porém, o que ocorre na realidade é que os filhos dos colo-
nizadores receberão instrução e os índios serão apenas catequizados, sendo os colégios
jesuíticos instrumento de formação da elite colonial. A ação sobre os indígenas, portanto,
resumiu-se a cristianizar, tornando-os dóceis para o trabalho, ao passo que à elite colonial
era oferecida o estudo elementar, podendo se estender até instrução superior na Europa.
No século XVIII, a Europa passa por uma crise entre o absolutismo real frente
ao mercantilismo. Nesse cenário, a Inglaterra está à frente e faz uma profunda reforma
econômica e política, levando-a ao capitalismo industrial. Os ingleses impõem a alguns
países europeus, incluindo Portugal, sua política capitalista em troca de proteção: me refiro,
em específico, ao conhecido Tratado de Methuen (1703), que obrigava os portugueses a
comprarem produtos da Inglaterra quando o pagamento era feito em parte com os produtos
de origem das colônias. Como Portugal não acompanha o processo de transformação do
mercantilismo na Europa, o primeiro ministro Marquês de Pombal propôs uma reorganiza-
ção do reino na busca de modernizá-lo e de manter o regime absolutista.
Portanto, a Companhia de Jesus não tem mais espaço e não corresponde aos
interesses dentro deste novo contexto proposto por Pombal. Em 1579, então, são expulsos.
Ribeiro (2003) ainda nos aponta que o Alvará de 28 de junho de 1759 criava o cargo de
diretor geral dos estudos, através do qual todos os professores são obrigados a prestarem
exames e terão direitos de nobres. Importante ressaltar que o ensino particular passa a
ser proibido, sendo feito, inclusive, um levantamento dos professores sem a licença para
exercer o cargo.
Como se vê, há um cuidado com o policiamento do que se ensina e de quem
ensina. Persistia o programa do analfabetismo e do ensino precário, restrito a poucos. O
que predominou foi um programa de estudo clássico que valorizava a literatura e a retórica,
desprezando, assim, a ciência e a atividade manual, aumentando cada vez mais a distância
entre as classes e mantendo uma maioria de analfabetos.
Este panorama se estende até 1808, quando, por motivos da expansão e das
guerras de Napoleão, obrigam a corte de Portugal a se transferir para o Brasil. Com a vinda
de D. João VI, algumas regiões passam por uma reestruturação muito grande, de início,
Assim que chegou, tomou decisões, portanto, para montar um sistema educacional
que respondesse às necessidades da corte. São criados vários cursos próprios para a
construção de um território que estava todo por fazer-se. Por este motivo é que alguns
dizem que o Brasil só começou de fato a ser construído a partir da vinda da coroa. Diversas
outras escolas são criadas, como serralheiro, espingardeiro, curso de economia na Bahia,
estudos de botânica, química industrial e geologia e Ribeiro (2003) afirma que, no Rio, o
laboratório de química (1812) e o curso de agricultura (1814) são cursos responsáveis pela
formação de técnicos em economia, agricultura e indústria e que representam a inaugura-
ção do nível superior no Brasil.
No que diz respeito ao ensino elementar, a situação continuava caótica: o método
em funcionamento, voltado mais para o modelo econômico agrário não correspondia à
realidade do país, que se desenvolvia, mesmo que timidamente, para outras atividades,
como a indústria. Somente após a Independência, e influenciados pelo Ideal da Revolução
Francesa, alguns políticos aspiravam à educação para todos que, na verdade, não obteve
resultados, até porque perceberam que tal projeto era inexequível. O que de concreto
ocorreu foi a instituição da lei de 1827, que reservou para o ensino elementar algo menos
ambicioso:
a necessidade e a urgência da criação de um sistema de instrução pública fo-
ram, durante todos os debates, associadas diretamente ao caráter do regime
político nacional e liberal: educar homens livres, capazes de sustentar o novo
sistema representativo (XAVIER, 1990 apud ARANHA, 2012. p. 279).
O projeto foi protelado por não haver um levantamento da realidade nacional. Por-
tanto, mesmo que outorgada na constituição de 1824 – o “sistema nacional de educação”
–, nada de novo foi operacionalizado, até porque não era exigida a comprovação de estudo
Ribeiro (2003) ainda complementa dizendo que, embora o anteprojeto de lei fosse
avançado na época da apresentação, envelhecera no decorrer dos debates e do confronto
de interesses.
No curso da década de 1960, a educação popular e a disseminação da educação
vão tomando corpo e um dos pontos de discussão era definir nossa identidade nacional.
Os intelectuais da educação, entre eles Darcy Ribeiro, descendente direto das ideias de
Anísio Teixeira. Darcy Ribeiro será o responsável por fundar a Universidade de Brasília em
1961, instituição organizada sob os novos moldes da organização acadêmica e do ensino
superior.
Vários grupos discutiam ideias novas e propunham mudanças, fundando organiza-
ções, como Centros Populares de Cultura, Movimentos de Cultura Popular e Movimentos
de Educação de Base criados pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Importante
ressaltar a intensa atividade, também, nestes movimentos, da UNE – União Nacional Es-
Fonte: a autora.
Com base nos objetivos acima, as DCNs foram pensadas considerando que a so-
ciedade tem uma história própria marcada por tramas, nas quais as diferentes dimensões
sociais se encontram, se entrelaçam e se distanciam num movimento simultâneo, contínuo
e complexo, pois, a sociedade contemporânea movimenta-se na continuidade e na descon-
tinuidade, na universalização e na fragmentação (BRASIL, 2013).
Diante dessa complexidade, às DCNs cabe garantir o direito humano universal e
social inalienável à educação, de forma a potencializar o cidadão de forma plena em sua
dimensão planetária. Nesse sentido, “a educação é, pois, processo e prática que se con-
Educação Básica
Educação Infantil
Educação Fundamental
Ensino Médio
Educação Escolar
educação e de ensino no Brasil
Educação Infantil
Níveis e modalidade de
Educação Fundamental
Ensino Médio
Educação Superior
Modalidades de Ensino
Educação Quilombola
Educação Básica do Campo
Educação a Distância
Educação Profissional e Tecnológica
Educação de Jovens e Adultos
Educação em Direitos Humanos
Educação étnico-racial
Educação Ambiental
Educação Indígena
Edcação Especial
Educação de crianças, adolescentes e
jovens em situação de itinerância
Fonte: A autora.
Na LDB n.º 9394 de 1996, é referido como sendo de incumbência da União a elabo-
ração do PNE em colaboração com Estados, o Distrito Federal e os municípios. De acordo
com o Artigo 87, parágrafo 1º da LDB 9394/96:
§1º A União, no prazo de um ano a partir da publicação desta Lei, encami-
nhará ao Congresso Nacional, o Plano Nacional de Educação, com diretrizes
e metas para os dez anos seguintes, em sintonia com a Declaração Mundial
sobre Educação para Todos (BRASIL, 1996).
Esse segundo Plano foi sancionado pela Lei nº 10.172 de nove de janeiro de 2001
e teve, como indicado pela LDB 9394/96, vigência decenal.
Atualmente, a educação brasileira se organiza a partir do PNE publicado em junho
de 2014 e tem vigência até o ano de 2024. De acordo com esse documento, os objetivos
do PNE são:
induzir e articular os entes federados na elaboração de políticas públicas
capazes de melhorar, de forma equitativa e democrática, o acesso e a
qualidade da educação brasileira. Como sintetiza o documento do Ministério
da Educação (MEC), “Planejando a Próxima Década – Conhecendo as 20
Metas do Plano Nacional de Educação” (Brasil. MEC, 2014, p. 7), um plano
“representa, normalmente, reação a situações de insatisfação e, portanto,
volta-se na direção da promoção de mudanças a partir de determinadas inter-
pretações da realidade, dos problemas e das suas causas, refletindo valores,
ideias, atitudes políticas e determinado projeto de sociedade” (BRASIL, 2015,
p. 11, grifo no original).
Com esses dados, encerramos a discussão acerca dos documentos que sustentam
a política educacional no Brasil. É bem provável que, nos próximos anos, novas discussões
sejam realizadas em âmbito ministerial para a concepção de Plano Educacional que será
adotado a partir de 2024. Por enquanto, mantêm-se, ainda que com perdas cada vez mais
expressivas, as propostas de uma educação democrática, inclusiva, diversificada e que
busca desenvolver a equidade na oferta do ensino.
Por ter fundamento nas Diretrizes Curriculares Nacionais, visa a formação humana
integral e a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
REFLITA
A reforma necessária do pensamento é aquela que gera um pensamento
do contexto e do complexo. O pensamento contextual busca sempre a
relação de inseparabilidade e as interretroações entre qualquer fenôme-
no e seu contexto, e deste com o contexto planetário. O complexo requer
um pensamento que capte relações, interrelações, implicações mútuas,
fenômenos multidimensionais, realidades que são simultaneamente soli-
dárias e conflitivas (como a própria democracia que é o sistema que se
nutre de antagonismos e, que, simultaneamente os regula), que respeite
a diversidade, e ao mesmo tempo que a unidade, um pensamento orga-
nizador que conceba a relação recíproca entre todas as partes (MORIN,
2002, p. 19).
Seria o atual modelo educacional adotado no Brasil capaz de atuar de acordo com
o modelo de complexidade proposto por Morin?
Histórico da BNCC
“A demanda por uma BNCC está presente na Constituição Federal (CF/88), na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN/96) e no Plano Nacional de Educação
(PNE/2014). O texto da CF/88 estabeleceu conteúdos mínimos nacionais e conteúdos
específicos em âmbito local e regional. A LDBEN/96 determinou a necessidade de uma
base comum nacional equilibrada com conteúdos específicos mediante a diversidade
étnica, geográfica e cultural do Brasil. O PNE, aprovado em 2014, reiterou essa deman-
da por meio de metas e estratégias para serem alcançadas até o ano de 2024. A CF/88
e a LDBEN/96 regulamentaram documentos para a Educação Básica, como os Parâme-
tros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997; 2000) e as Diretrizes Curriculares Nacionais
(BRASIL, 1998; 2010; 2011). Os Parâmetros são documentos de caráter não obrigatório
com referências para a elaboração do currículo de todas as etapas da Educação Básica.
As Diretrizes, por sua vez, são normas obrigatórias que orientam o planejamento curri-
cular das escolas e sistemas de ensino e fixadas pelo Conselho Nacional de Educação
(CNE). O texto da BNCC faz alusão ao pacto federativo definidor da República brasilei-
ra, às profundas desigualdades sociais e à acentuada diversidade do país para afirmar
que a busca por equidade na educação exige currículos diferenciados e adequados a
cada sistema, rede e instituição escolar. Para tanto, propõe o alcance da equidade por
meio de um conjunto de aprendizagens e desenvolvimento a que todos têm direito: “Daí
a importância da articulação entre a BNCC e os currículos e de um intenso regime de
colaboração entre todos os atores educacionais” (BRASIL, 2017, p. 11)”.
Nesta Unidade, nosso objetivo foi estudar algumas das políticas educacionais mais
expressivas da história da educação brasileira. Iniciamos nossa discussão abordando a
educação no Brasil desde a chegada dos jesuítas no Brasil até as nova Base Curricular
Nacional publicada em 2018.
Nesse período, diversos foram os modelos educacionais adotados pelos governos
brasileiros, em sua maioria, excludentes e elitistas. Vimos que, a partir do Manifesto dos
Pioneiros até a atualidade, muitas foram as leis e diretrizes educacionais estabelecidas
como parâmetros para a educação no Brasil.
Observamos que a educação em nossa sociedade ainda está longe de promover
a igualdade, a equidade e a dignidade de seus cidadãos, mas, por outro lado, atualmente
estamos diante de novas bases curriculares e planos educacionais nacionais e regionais
que ditam normativas para o ensino baseado, sobretudo, na formação democrática e em
valores humanos.
Esses documentos não são isentos de intenções políticas governamentais, mas
representam um posicionamento democrático por parte de seus organizadores e colabora-
dores, pois tanto a sociedade civil quanto especialistas em educação e políticos de carreiras
foram os responsáveis pela redação dos textos e pelas proposições ali presentes. Se há um
projeto de cidadão presente nessa documentação desejado pelos governos que os elabo-
raram, também há tendências pedagógicas modernas que direcionam essa formação e que
nem sempre permitem que os governos sejam os únicos a interferirem nessa formação.
ESTÁCIO, Marcos André Ferreira; NICIDA, Lucia Regina de Azevedo. (Orgs.). História da educação na
Amazônia. Manaus: EDUA; UEA Edições, 2016. Disponível em: https://www.researchgate.net/publica-
tion/313382835_Historia_e_Educacao_na_Amazonia. Acesso em: 14 abr. 2020.
LIVRO
• Título: História da educação no Brasil. Desafios e perspectivas.
• Autor: Ivone Goulart Lopes (Organizadora)
• Editora: Atena Editora
• Sinopse: neste livro, são apresentados diversos artigos dire-
tamente vinculados aos desafios e perspectivas da história da
educação. Eles nos permitem ter uma ideia abrangente do estado
da arte desta área em termos nacionais e colaborarão para o seu
desenvolvimento, que é seu principal objetivo. É precioso e indis-
pensável atentarmos bem para a história da educação; sem sombra
de dúvida, aquele que ignora a história corre o risco de repeti-la em
seus desacertos. Uma leitura dinâmica, feita no sumário deste livro
lhe mostrará a policromia de abordagens e os recortes de visão
que esta obra encerra. O livro está organizado em nove capítulos
que tratam dos desafios e perspectivas da História da Educação
nacional. Pontos de vista divergentes, experiências complementa-
res, posicionamentos questionadores percorrem as páginas deste
livro como espelhamento do processo histórico vivido.
• Link:
https://www.atenaeditora.com.br/wp-content/uploads/2017/03/
Hist%C3%B3ria-da-Educa%C3%A7%C3%A3o-no-Brasil.pdf
FILME/VÍDEO
• Título: Uma lição de vida
• Ano: 2010
• Sinopse: o filme reconta a história de Kimani Maruge Ng’ang’a,
um queniano que foi preso e torturado por lutar pela liberdade de
seu país. Aos 84 anos, quando soube de um programa governa-
mental de escolas para todos, Maruge se candidata a uma escola
primária que atende crianças de seis anos de idade. Sua entrada
acontece graças ao apoio de uma das professoras e ele também
se torna um grande educador.
ARIÈS, P. História Social da Criança e da Família. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.
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Olá, pessoal! Chegamos ao final da nossa apostila e podemos afirmar que, a partir
do que foi estudado, foi possível compreender que o processo educacional não está dire-
tamente associado à instituição escola e que, portanto, educar-se faz parte do processo de
convivência humana. Edgar Morin e sua teoria da complexidade são nosso maior exemplo
nesse sentido e muito de sua pedagogia está presente na elaboração da BNCC, documento
que, como vimos, direciona os conteúdos mínimos dos currículos escolares nacionais.
No início dos nossos estudos vimos que podemos aprender independentemente
de estarmos matriculados em uma escola. Nesse sentido, compreende-se atualmente que
os meios de aprendizado são múltiplos e podem se dar por meio da convivência dentro da
sociedade quando somos constantemente afetados pelos processos culturais. A isto cha-
mamos de experiência vivida, que é associada ao conhecimento científico, sistematizado e
orientado para um determinado fim. Neste caso, por meio da escola.
O conhecimento especializado sistematizado permitiu à civilização o desenvolvi-
mento da tecnologia, necessária à superação da natureza e domínio desta mas serviu,
também, como ferramenta de dominação, de exclusão e de punição.
Os conheceres foram estrategicamente dominados por uma minoria por um longo
período de tempo, mas sucumbiu à necessidade humana de descoberta, da ciência. Com o
florescimento da ciência, um novo mundo se apresentou e, com ele, novas necessidades,
inclusive – e, contudo – na educação, única via, segundo os Iluministas, de a humanidade
se libertar das trevas do obscurantismo religioso em que ficaram estagnados por muitos
séculos. Com estas ideias libertárias, o objetivo de educação para todos nasce.
A ideia de coletividade da educação vinha de encontro aos interesses de uma
classe social que tinha objetivos claros de expansão, portanto, educação para todos, mas
somente o necessário para desempenhar algumas tarefas. Neste momento ainda teremos
uma educação dividida entre os saberes técnicos e profissionalizantes voltados para os
grupos menos abastados, e os saberes científicos cujo foco são os filhos das elites.
Com a Revolução Industrial e, com ela, a expansão das novas tecnologias propicia-
das pela ciência moderna, a educação coletiva e obrigatória se tornou não mais um ideal,
mas se revelou uma necessidade humana para os novos tempos.