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Ética Profissional, Cidadania E
Filosofia
CURSO DE GESTÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA E
PRIVADA
ÉTICA PROFISSIONAL, CIDADANIA E FILOSOFIA
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Sumário
1. Ética: O Conjunto De Regras Morais ..................................................................... 3
1.1. Conceitos ....................................................................................................... 5
1.2. Como adquirimos nossos valores éticos pessoais? ........................................ 7
1.3. Ética nos Negócios ......................................................................................... 9
1.4. Regras Fundamentais da Moralidade Comum ................................................ 9
1.5. A Ética Profissional ....................................................................................... 10
2. Filosofia - As Origens........................................................................................... 12
3. Noções Fundamentais Do Pensamento Filosófico-Científico ............................... 17
3.1. A Physis ....................................................................................................... 17
3.2. A Causalidade .............................................................................................. 18
3.3. A Arque (Elemento Primordial) ..................................................................... 19
3.4. O Cosmos .................................................................................................... 20
3.5. O Logos ........................................................................................................ 21
3.6. O Caráter Crítico .......................................................................................... 21
3.7. Quadro sinóptico .......................................................................................... 23
4. Teorias Deontológicas e Utilitarista ...................................................................... 25
4.1. Intenção Ética e Norma Moral....................................................................... 25
4.2. O Utilitarismo na Prática ............................................................................... 26
4.3. Dois Níveis de Pensamento Moral ................................................................ 30
4.4. Teorias Deontológicas .................................................................................. 32
4.5. Explicação Versus Prescrição de Formas de Conduta ................................. 41
4.6. Responsabilidade Social............................................................................... 43
4.7. Princípios da Ética Social ............................................................................. 48
4.8. Códigos De Ética Empresarial ...................................................................... 50
4.9. Códigos de ética de empresas...................................................................... 52
5. Referências ......................................................................................................... 59
2
1. Ética: O Conjunto De Regras Morais
_______________
http://blog.maxieduca.com.br/diferenca-moral-etica/
3
As decisões de negócios são decisões morais porque afetam os
projetos de outras pessoas.
Escolhas Morais:
As escolhas morais podem caracterizar-se como oriundas de fatores
subjetivos ou objetivos.
Julgamentos Morais:
Geralmente relacionados a temas objetivos de avaliação de
comportamento. Espera-se que as pessoas estejam de acordo com as
convicções morais do tecido social. A falta de conformidade e/ou violação
resultam normalmente na penalização de quem viola determinado princípio de
conduta social. A pessoa que passa por esta situação em geral sofre censura
moral, a condenação e o escárnio.
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Não existem valores a priori: eles são criados conforme seja necessário
ou oportuno.
Investigação factual do comportamento moral
1.1. Conceitos
5
que se apresentam. A educação e a cultura são as responsáveis na tomada de
decisão na vida, porém o diferencial é o caráter.
O individuo é uma construção dele mesmo, ele forja seu próprio eu,
presente sem máscaras, dentro dos seus pensamentos, formando os mais
variados graus de caráter. O caráter é modelado, pela experiência, educação,
autoconhecimento, formação familiar, e é lapidado com a perseverança e a
determinação.
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O caráter faz ver além, nas consequências dos atos de hoje, e não pode
ser adquirido ou estudado ou mesmo aprendido. A educação e a cultura se
diferem nesses valores, assim como o caráter se interfere a uma coisa e
pessoas e difere das boas maneiras ou do estilo de vida que se leva. Ambos, a
cultura e o estilo de vida, são transformados, adquiridos e estudados e podem
ser esquecidos ou aprimorados. Mas o caráter faz desses todos seus
caminhos. Escolher qual deles seguir e quais consequências irão advir só o
caráter pode identificar, no momento que as decisões - de trabalho, amor,
relações sociais, escolares, de amizade etc. - são tomadas.
Pulsões:
Formação da personalidade:
a) Formação do superego: 6 anos
b) Antes: censura externa. Pai, mãe, professora, padre, pastor moravam
fora da criança.
c) Depois: censura interna. Pai, mãe, professora, padre, pastor moram
dentro da criança.
A ética é necessária?
A ética tem é principal regulador do desenvolvimento histórico e cultural
da humanidade.
7
Sem uma referência a princípios humanitários fundamentais comuns a
todos os povos a humanidade já teria se autodestruído.
Os seres humanos são capazes de concordar minimamente entre si
sobre princípios como justiça, igualdade de direitos, dignidade,
cidadania, solidariedade e outros entretanto esses princípios nem
sempre são praticados por todos.
Saber lidar com o dinheiro: goste-se ou não, não se vive bem sem
dinheiro ou sem algum dinheiro. O segredo aqui não é ter muito dinheiro.
Mas gastar menos do que se ganha e fazer o que sobra render em mais
dinheiro ou em qualidade de vida.
Saber lidar com os relacionamentos afetivos: cultivar bons
relacionamentos afetivos de caráter sexual, romântico ou de amizade é
fundamental. O homem é um ser social por definição. Mais uma vez, não
se mede a qualidade de sua vida pela quantidade de amigos, romances
ou de parceiros sexuais que você tem, mas pela qualidade desses
aspectos e a forma descomplicada e clara com que você administra
seus relacionamentos.
Saber lidar com a comida: alimentar-se bem aumenta a chance de
uma boa saúde, fundamental para a qualidade de vida.
Note como cada um dos três aspectos interfere-nos outros dois. Por
exemplo: uma boa alimentação, que traz melhores chances de você ter a
saúde necessária para trabalhar e obter o dinheiro de que precisa para
satisfazer suas necessidades mais ou menos básicas ou para ter a energia
necessária para se relacionar com seus amigos e ser um membro atuante de
sua comunidade.
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Também note como existem livros de autoajuda sobre cada um desses
itens. No entanto, é importante alertar que não existem fórmulas mágicas ou
fórmulas prontas para trabalhar com dinheiro, relacionamentos e comida. O
caminho de auto aprendizado é longo e exigente. Apesar disso, acho que se for
encarado com prazer pode dar melhores resultados.
Decisões Éticas:
- Decisões que dizem respeito ao bem comum:
a) Lei antitruste;
b) Código de Defesa do Consumidor;
c) Legislação sobre verdade na propagada;
d) Segurança do produto ou serviço;
e) Proteção ambiental;
f) Comportamento ético no governo.
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Princípio de cumprir a promessa;
Princípio da não malevolência;
Princípio da ajuda mútua;
Princípio do respeito às pessoas;
Princípio do respeito à propriedade.
Tomando uma decisão eticamente moral:
Código de Ética:
10
Responsabilidade na consecução de qualquer tarefa.
Texto complementar:
Teorias da Obrigação Moral (VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez, Ética, Editorial
Grijalbo):
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2. Filosofia - As Origens
12
Quando dizemos que o pensamento filosófico-cientifico surge na Grécia
no sec. VI a.C., caracterizando-o como uma forma especifica de o homem
tentar entender o mundo que o cerca, isto não quer dizer que anteriormente
não houvesse também outras formas de se entender essa realidade. E
precisamente a especificidade do pensamento filosófico-científico que
tentaremos explicitar aqui, contrastando-o com o pensamento mítico que lhe
antecede na cultura grega. Procuraremos destacar as características básicas
de uma e de outra forma de explicação do real.
O pensamento mítico consiste em uma forma pela qual um povo explica
aspectos essenciais da realidade em que vive: a origem do mundo, o
funcionamento da natureza e dos processos naturais e as origens deste povo,
bem como seus valores básicos. O mito caracteriza-se, sobretudo pelo modo
como estas explicações são dadas, ou seja, pelo tipo de discurso que constitui.
O próprio termo grego mythos significa um tipo bastante especial de discurso,
O discurso fictício ou imaginário, sendo por vezes ate mesmo sinônimo de
"mentira".
As lendas e narrativas míticas não são produto de um autor ou autores,
mas parte da tradição cultural e folclórica de um povo. Sua origem cronológica
e indeterminada, e sua forma de transmissão e basicamente oral. O mito e,
portanto, essencialmente fruto de uma tradição cultural e não da elaboração de
um determinado individuo. Mesmo poetas como Homero, com a Ilíada e a
Odisseia (Sec. IX a. C.), e Hesiodo (Sec. VIII a. C.), com a Teogonia, que são
as principais fontes de nosso conhecimento dos mitos gregos, na verdade não
são autores desses mitos, mas indivíduos no caso de Homero cuja existência e
talvez lendária que registraram poeticamente lendas recolhidas das tradições
dos diversos povos que sucessivamente ocuparam a Grécia desde o período
arcaico (c. 1500 a. C.).
Por ser parte de urna tradição cultural, o mito configura assim a própria
visão de mundo dos indivíduos, a sua maneira mesmo de vivenciar esta
realidade. Nesse sentido, o pensamento mítico pressupõe a adesão, a
aceitação dos indivíduos, na medida em que constitui as formas de sua
experiência do real.
O mito não se justifica não se fundamenta, portanto, nem se presta ao
questionamento, a critica ou a correção. Não ha discussão do mito porque ele
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constitui a própria visão de mundo dos indivíduos pertencentes a uma
determinada sociedade, tendo, portanto um caráter global que exclui outras
perspectivas a partir das quais ele poderia ser discutido. Ou o individuo e parte
dessa cultura e aceita o mito como visão de mundo, ou não pertence a ela e,
nesse caso, o mito não faz sentido para ele, não lhe diz nada. A possibilidade
de discussão do mito, de distanciamento em relação a visão de mundo que
apresenta, supõe já uma transformação da própria sociedade e, portanto, do
mito como forma reconhecida de se ver o mundo nessa sociedade. Voltaremos
a este ponto mais adiante.
Um dos elementos centrais do pensamento mítico e de sua forma de
explicar a realidade e o apelo ao sobrenatural, ao mistério, ao sagrado, a
magia. As causas dos fenômenos naturais, aquilo que acontece aos homens,
tudo e governado por uma realidade exterior ao mundo humano e natural,
superior, misteriosa, divina, a qual só os sacerdotes, os magos, os iniciados,
são capazes de interpretar, ainda que apenas parcialmente. São os deuses, os
espíritos, o destino que governam a natureza, o homem, a própria sociedade.
Os sacerdotes, os rituais religiosos, os oráculos servem como
intermediarias pontes entre o mundo humano e o mundo divino. Os cultos e
sacrifícios religiosos encontrados nessas sociedades são, assim, formas de se
tentar alcançar os favores divinos, de se agradecer esses favores ou de se
aplacar a ira dos deuses. Na Grécia pode-se dar como exemplo a religião do
orfismo e os mistérios de Eleusis, cujas influencias se estendem a escola de
Pitagoras e ao pitagorismo.
E Aristóteles, como dissemos acima, que afirma ser Tales de Mileto, no
Sec. VI a. C., o iniciador do pensamento filosófico-cientifico. Podemos
considerar que este pensamento nasce basicamente de uma insatisfação com
o tipo de explicação do real que encontramos no pensamento mítico. De fato,
desse ponto de vista, o pensamento mítico tem uma característica ate certo
ponto paradoxal. Se, por um lado, pretende fornecer uma explicação da
realidade, por outro lado, recorre nessa explicação ao mistério e ao
sobrenatural, ou seja, exatamente aquilo que não se pode explicar que não se
pode compreender por estar fora do plano da compreensão humana. A
explicação dada pelo pensamento mítico esbarra assim no inexplicável, na
impossibilidade do conhecimento.
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E nesse sentido que a tentativa dos primeiros filósofos da escola jônica
será buscar uma explicação do mundo natural (a physis, dai o nosso termo
“fisico”) baseada essencialmente em causas naturais, o que consistira no assim
chamado naturalismo da escola. A chave da explicação do mundo de nossa
experiência estaria então, para esses pensadores, no próprio mundo, e não
fora dele, em alguma realidade misteriosa e inacessível. O mundo se abre,
assim, ao conhecimento, a possibilidade total de explicação ao menos em
principio a ciência.
O pensamento filosófico-cientifica representa assim uma ruptura
bastante radical com o pensamento mítico, enquanto forma de explicar a
realidade. Entretanto, se o pensamento filosófico-científico surge por volta do
Sec. VI a.C., essa ruptura com o pensamento mítico não se da de forma
completa e imediata. Ou seja, o surgimento desse novo tipo de explicação não
significa o desaparecimento por completo do mito, do qual, alias, sobrevivem
muitos elementos mesmo em nossa sociedade contemporânea, em nossas
crenças, superstições, fantasias etc., isto e, em nosso imaginário. O mito
sobrevive ainda que vá progressivamente mudando de função, passando a ser
antes parte da tradição cultural do povo grego do que a forma básica de
explicação da realidade.
Contudo, sua influencia permanece mesmo em escolas de pensamento
filosófico como o pitagorismo e na obra de Platão. E nesse sentido que
devemos entender a permanência da referencia aos deuses nos filósofos
gregos daquele período.
E claro que essa mudança de papel do pensamento mítico bem como a
perda de seu poder explicativo resulta de um longo período de transição e de
transformação da própria sociedade grega, que tornam possível o surgimento
do pensamento filosófico-cientifico no sec. VI a. C. Basicamente isso
corresponde ao período de decadência da civilização micênico-cretense na
Grécia, por volta do sec. XII a .C.,e de sua estrutura baseada em uma
monarquia divina em que a classe sacerdotal tinha grande influencia e o poder
politico era hereditário, e em uma aristocracia militar e em uma economia
agraria.
A partir da invasão da Grécia pelas tribos dóricas vindas provavelmente
da Ásia central em tomo de 900 a 750 a.C., começam a surgir as cidades-
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estados, nas quais haverá uma participação politica mais ativa dos cidadãos, e
uma progressiva secularização da sociedade. A religião vai tendo seu papel
reduzido, paralelamente ao surgimento de uma nova ordem econômica
baseada agora em atividades comerciais e mercantis. O pensamento mítico,
com seu apelo ao sobrenatural e aos mistérios, vai assim deixando de
satisfazer as necessidades da nova organização social, mais preocupada com
a realidade concreta, com a atividade politica mais intensa e com as trocas
comerciais. E nesse contexto que o pensamento filosófico cientifico encontrara
as condições favoráveis para o seu nascimento.
E significativo, portanto, que Tales de Mileto seja considerado o primeiro
filosofo e que o pensamento filosófico tenha surgido não nas cidades do
continente grego como Atenas que terá seu período áureo posteriormente,
Esparta, Tebas ou Micenas, mas nas colônias gregas do Mediterrâneo oriental,
no mar Jônico, no que e hoje a península da Anatólia na Turquia.
Essas colônias, dentre as quais se destacaram Mileto e Éfeso, foram
importantes portos e entre postos comerciais, ponto de encontro das caravanas
provenientes do Oriente Mesopotâmia, Pérsia, talvez mesmo Índia e China,
que para lá levavam suas mercadorias que eram embarcadas e transportadas
para outros pontos do Mediterrâneo que os gregos cruzavam com suas
embarcações. Ora, por esse motivo mesmo, nessas cidades conviviam
diferentes culturas, e de forma harmoniosa, pois o interesse comercial fazia
com que os povos que ai se encontravam, os gregos fundadores das cidades,
fossem bastante tolerantes.
As colônias gregas do mar Jônico eram então cidades cosmopolitas
onde reinava certo pluralismo cultural, com a presença de diversas línguas,
tradições, culto e mitos. E possível, assim, que a influencia de diferentes
tradições míticas tenha levado a relativização dos mitos. O caráter global,
absoluto, da explicação mítica teria se enfraquecido no confronto entre os
diferentes mitos e tradições, revelando-se assim sua origem cultural: o fato de
que cada povo tem sua forma de ver o mundo, suas tradições e seus valores.
Ao mesmo tempo, em uma sociedade dedicada as praticas comerciais e
aos interesses pragmáticos, as tradições míticas e religiosas vão perdendo
progressivamente sua importância. Esta e uma hipótese que parece razoável;
de um ponto de vista histórico e sociológico, e mesmo geográfico e econômico,
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para a explicação do surgimento do tipo de pensamento inaugurado por Tales
e pela chamada Escola de Mileto, naquele momento e naquele contexto.
Passemos agora a examinar algumas das características centrais desse
tipo de pensamento, encontradas nao só na Escola de Mileto, mas
praticamente, embora com diferenças, em quase todos os pensadores daquele
período (sécs. VI ao V a. C.), os assim chamados filósofos pré-socráticos, por
terem vivido antes de Sócrates.
3.1. A Physis
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sobrenatural, divino, como nas explicações míticas. Segundo esse tipo de
visão, portanto, a chave da compreensão da realidade natural encontra-se
nesta própria realidade e nao fora dela.
3.2. A Causalidade
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principio abstrato significando algo de ilimitado, indefinido, subjacente a própria
natureza); Heráclito dizia ser o fogo o principio explicativo, Demócrito o átomo e
assim sucessivamente.
Empédocles, com sua doutrina dos quatro elementos como que sintetiza
as diferentes posições, afirmando a existência de quatro elementos primordiais
terra, agua, ar e fogo, tese retomada por Platão no Timeu e bastante difundida
em toda a Antiguidade, chegando mesmo ao período moderno, presente nas
especulações da alquimia no Renascimento ate o surgimento da moderna
química. Pode-se considerar inclusive que, de certa forma, a química ainda
hoje supõe que certos elementos básicos, como o hidrogênio, estejam
presentes em todo o universo.
A importância da noção de arque esta exatamente na tentativa por parte
desses filósofos de apresentar uma explicação da realidade em um sentido
mais profundo, estabelecendo um principia básico que permeie toda a
realidade, que de certa forma a unifique, e que ao mesmo tempo seja um
elemento natural. Tal princípio daria precisamente, o caráter geral a esse tipo
de explicação, permitindo considera-la como inaugurando a ciência.
3.4. O Cosmos
3.5. O Logos
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4. Teorias Deontológicas e Utilitarista
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Immanuel Kant, defende uma perspectiva deontológica da ética. Quem aceita
esta perspectiva pensa que para fazermos o que esta certo devemos respeitar
certas normas ou regras morais, mesmo nos casos em que desrespeita-las
produziria melhores consequências. Muitos deontologistas pensam também
que, para sabermos se uma pessoa agiu bem, temos de saber com que
intenção ela agiu os efeitos ou consequências da sua ação nao são tudo o que
e preciso levar em conta.
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Para esclarecer esta objeção, tomemos como exemplo a regra. Não
deves quebrar promessas≫ e imaginemos que o Pedro prometeu a Inês que
pagaria o dinheiro que lhe estava a dever quando recebesse uma herança.
Depois de receber a herança, no entanto, o Pedro pensa o seguinte: ≪Se eu
pagar o que lhe estou a dever, ela vai gastar tudo na compra de um carro novo
só para se exibir. O carro que ela tem, alias, ainda esta muito bom.
Por isso, vou antes dar o dinheiro a uma organização de defesa do
ambiente afinal, fazer isso produzira melhores consequências. Parece assim
que o Pedro, raciocinando de uma maneira utilitarista, se esta a colocar acima
das regras morais comuns, o que o leva a proceder de uma maneira errada,
quebrando a promessa que fez a Inês. Na verdade, parece que o Pedro, se for
um utilitarista genuíno, será capaz de cometer qualquer atrocidade em nome
do maior bem para o maior numero.
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Utilitarismo (contemporâneo): Uma ação e certa apenas quando
maximiza o bem-estar, ou seja, quando promove tanto quanto possível o bem-
estar. Qualquer ação que não maximize o bem-estar e errada.
Deontologia: Uma ação e errada quando com ela infringimos
intencionalmente algum dos nossos deveres. Qualquer ação que não seja
contraria a esses deveres não tem nada de errado.
Para o deontologista, a ética exige primariamente que evitemos realizar
certos tipos de atos, considerados intrinsecamente errados. E certo que, entre
os nossos deveres, ele costuma incluir o dever de beneficiar os outros
promovendo de alguma maneira o seu bem-estar. Tal dever, no entanto, e
apenas um aspecto da nossa vida moral e nao tem de se apresentar como a
nossa preocupação fundamental. O deontologista nao vê nada de errado em
dedicarmos grande parte do nosso tempo a atividades e projetos que, muito
provavelmente, não contribuirão para a felicidade geral.
Já os utilitaristas contemporâneos, como Hare e Singer, costumam
insistir na ideia de que fazer o que está certo e maximizar o bem-estar. Isto
significa que, perante varias opções, temos a obrigação de escolher aquela que
apresenta a maior utilidade esperada todas as outras são erradas. Os
utilitaristas clássicos, Bentham e Mill, não vão tão longe neste aspecto.
Afirmam que a nossa única obrigação moral básica e promover o bem-estar,
sem duvida, mas nunca acrescentam que temos de promovê-lo tanto quanto
possível.
Na verdade, pressupõem que o certo e o errado admitem graus: as
nossas ações são certas na medida em que promovem o bem-estar; erradas
na medida em que não promovem o bem-estar. Como ficara claro na próxima
seção, esta perspectiva mais moderada torna-os imunes a uma das criticas que
os deontologistas fazem ao utilitarismo.
Ainda no que diz respeito ao problema de saber quando e que as nossas
ações são certas ou erradas, importa sublinhar que enquanto os deontologistas
consideram importante a intenção subjacente as ações, os utilitaristas
concentram-se exclusivamente nos efeitos das mesmas. Muitos deontologistas
sustentam que em algumas circunstancias podemos provocar maus efeitos,
como a morte de uma pessoa, desde que não o façamos intencionalmente.
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Um utilitarista, como só leva em conta as consequências das ações, não
aceita esta ideia. Para ele a única coisa que justifica provocarmos um mau
efeito e isso servir para dar origem a algo melhor ou evitar algo ainda pior.
Nesta perspectiva, para sabermos se alguém procedeu erradamente ao
provocar a morte de uma pessoa, não interessa saber se essa morte foi
provocada intencionalmente ou não só interessa saber se provocar essa morte
serviu para alguma coisa boa, como, por exemplo, evitar a morte de varias
pessoas.
(Recorda o exemplo do capitulo anterior em que o Pedro propõe ao Joao
que este mate um índio).
Aprofundaremos um pouco este aspecto da polemica no final do
capitulo. Nas próximas paginas, vamos considerar alguns dos argumentos mais
fortes dos deontologistas. Quando argumentam contra o utilitarismo alegando
que este tem consequências inaceitáveis, defendem o seguinte:
Que o utilitarismo nos obriga a realizar certos atos que nao são
moralmente obrigatórios. E por isso, em certos aspectos, uma teoria moral
demasiado exigente.
Que o utilitarismo permite ou consente certos atos que nao são
moralmente permissíveis. E por isso, noutros aspectos, uma teoria moral
demasiado permissiva.
Veremos, em primeiro lugar, por que razoes pensam os deontologistas
que o utilitarismo e demasiado exigente e depois por que acreditam que este e
também demasiado permissivo.
Integridade
Os utilitaristas contemporâneos pensam que estamos sob a obrigação
de maximizar imparcialmente o bem-estar. Isto quer dizer que devemos fazer
tudo o que esta ao nosso alcance para contribuir tanto quanto possível para a
felicidade geral. Nao será esta, no entanto, uma perspectiva que exige
demasiado de nos?
Como seria a nossa vida se a aceitássemos coerentemente? O texto
que se segue permite-nos discernir a resposta para estas perguntas.
Diz-se que a moral, tal como e entendida em algumas teorias morais, faz
exigências excessivas às pessoas - exige que abandonemos os nossos
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projetos preferidos e possivelmente ate aquilo que da sentido a nossa vida.
Este problema, na medida em que tem fundamento, e um problema para as
teorias que, como sucede frequentemente nas teorias consequencialistas, nos
exigem que maximizemos o bem.
Se o bem a maximizar for um bem geral, como a felicidade humana, e
não um bem pessoal, como a nossa própria felicidade, a obrigação de
maximizar a felicidade pode deixar pouco espaço para desenvolvermos os
nossos próprios projetos. Uma entomologista que esta fascinada pelos hábitos
de certo tipo de inseto e que dedica muito do seu tempo a estuda-la
provavelmente não esta a maximizar a felicidade geral.
Os seus talentos de investigadora poderiam ser usados para fins mais
humanitários. Mas estaremos dispostos a dizer que ela esta a agir imoralmente
ao desenvolver a sua pesquisa em entomologia? Presumivelmente não, e isto
sugere que a concepção da moral das teorias que exigem que maximizemos a
felicidade humana pode estar errada. (Marcia Baron, ≪Ética kantiana≫, 1997,
p. 20).
O argumento subjacente a este texto e muito simples. Ele diz-nos que,
se o utilitarismo for verdadeiro, então as nossas ações que não maximizam o
bem-estar são erradas. Mas muitas das coisas que fazemos, embora não
maximizem o bem-estar, não tem nada de errado. Logo, o utilitarismo e falso. E
claro que a versão clássica do utilitarismo, como não inclui a ideia de que
devemos promover tanto quanto possível o bem-estar, esta fora do alcance
deste argumento.
Imagina, por exemplo, que estas a fazer um curso de literatura, que
fazes parte de uma equipe de futebol, que gostas imenso de ir ao cinema e que
colecionas soldadinhos de chumbo. Há algo de errado nisto? Parece
suficientemente obvio que não. No entanto, se o utilitarista tivesse razão,
alegam os seus críticos, terias de sair do curso e da equipe de futebol, terias de
deixar de gastar dinheiro em bilhetes de cinema e soldadinhos de chumbo, pois
certamente poderias dedicar-te a atividades que contribuiriam muito mais para
a felicidade geral.
Se utilitarista tivesse razão, teríamos de redefinir radicalmente as nossas
vidas, prescindindo de quase tudo o que apreciamos para beneficio dos outros.
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Teríamos de sacrificar o nosso bem-estar ate aquele ponto em que sacrifica-la
ainda mais não resultaria na maximização da felicidade geral.
Nas circunstancias atuais, isto nos levaria a viver no limiar da pobreza,
dedicando a maior parte do nosso tempo a lutar contra a miséria. Apenas
alguns luxos seriam aceitáveis, de modo a conservar a nossa sanidade mental,
sem a qual não poderíamos continuar a contribuir para a felicidade geral.
Podemos pensar que e louvável viver assim. Para o utilitarista, no
entanto, adoptar este estilo de vida seria apenas cumprir a nossa obrigação.
Os críticos do utilitarismo acrescentam que, como este nos impõe um
tipo de vida em que não ha espaço para nada que seja alheio a maximização
do bem, a nossa integridade pessoal fica assim seriamente ameaçada. O que
quer isto dizer? A nossa vida caracteriza-se por diversos compromissos e
projetos pessoais estão fortemente ligados a certas pessoas ou organizações e
queremos realizar-nos desenvolvendo certas atividades. Mas, paro fazermos
tudo aquilo que o utilitarismo exige, teríamos de por de parte quase todos
esses compromissos e projetos em nome da felicidade geral, teríamos de
aniquilar aquilo que nos identifica enquanto pessoas e que dá sentido a nossa
vida.
Se, como parece ser o caso, a perspectiva dos utilitaristas
contemporâneos exige tanto de nos que ameaça a nossa integridade pessoa,
então esta tem de ser revista Afinal, se agir normalmente implicasse destruir o
que nos identifica enquanto pessoas, tornando-nos miseráveis, por que razão
haveríamos de ser morais?
Para além de ser uma teoria moral demasiado exigente, alegam os
deontologistas, o utilitarismo e também demasiado permissivo: se o
aceitássemos, teríamos também de aceitar que em certas circunstancias seria
permissível ou mesmo obrigatório, realizar atos claramente errados. Para
vermos claramente como isto sucede, imaginemos a seguinte situação:
A Sara e uma cirurgia especializada na realização de transplantes. No
hospital em que trabalha enfrenta uma terrível escassez de órgãos cinco dos
seus pacientes estão prestes a morrer devido a essa escassez. Onde poderá
ela encontrar os órgãos necessários para salva-los? O Jorge esta no hospital a
recuperar de uma operação. A Sara sabe que o Jorge e uma pessoa solitária -
ninguém vai sentir a sua falta.
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Tem então a ideia de matar o Jorge e usar os seus órgãos para realizar
os transplantes, sem os quais os seus pacientes morrerão.
Não hesitamos em considerar a ideia da Sara abominável. Mas o que
pensa um utilitarista sobre essa ideia? Parece que, para permanecer coerente,
o utilitarista tem de pensar que não ha nada de errado em matar o Jorge.
Afinal, a opção de mata-lo permitira salvar cinco pessoas que de outro modo
morreriam vistas as coisas numa perspectiva imparcial, mata-lo e usar os seus
órgãos promovera mais o bem-estar do que não o matar e deixar os cinco
pacientes morrer. Uma vez mais, o argumento e muito simples: se o utilitarismo
fosse verdadeiro, seria permissível (ou mesmo obrigatório) a Sara matar o
Jorge, mas fazer tal coisa não e permissível. Logo, o utilitarismo e falso. Assim,
uma situação como a que descrevemos parece mostrar que ha algo de
profundamente errado no utilitarismo.
Um deontologista, pelo contrario, não tem qualquer dificuldade em
condenar coerentemente a opção de matar o Jorge. Para ele, como vimos, ha
coisas que não se podem fazer, mesmo que faze-las promova o bem-estar.
Assassinar uma pessoa para lhe tirar os órgãos e seguramente uma dessas
coisas.
Mas por que razão seria errado matar o Jorge? Aqui a resposta
depende, obviamente, da teoria que o deontologista subscreve. Se ele for um
defensor da teoria de Kant que examinaremos no próximo capitulo recorrera ao
imperativo categórico, que e o principio ético fundamental da ética kantiana.
Kant formulou esse principio de varias maneiras. Uma delas, conhecida por
formula do fim em si, e a seguinte: Age de tal maneira que uses a tua
humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre e
simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio.
O que quer isto dizer? Kant esta a afirmar que e errado instrumentalizar
as pessoas, ou seja, usa-las como simples meios para atingir fins. Assim, o
imperativo categórico implica que e errado matar o Jorge na situação acima
descrita assassinar uma pessoa para beneficio de outras e fazer dessa pessoa
um simples meio para um fim. A ética kantiana exige que respeitemos as
pessoas. Isto significa que devemos tratar as pessoas como fins em si
mesmos, ajudando-as a desenvolver os seus projetos, mas sem interferir
indevidamente na sua vida.
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Muitos deontologistas entendem que desrespeitar uma pessoa e violar
os seus direitos.
Segundo esta perspectiva, as pessoas têm certos direitos que limitam
aquilo que podemos fazer em nome da felicidade geral matar o Jorge para
retirar os seus órgãos e errado porque fazer isso e violar o seu direito a vida.
Mas o que e ao certo um direito? O texto que se segue e uma boa maneira de
começar a responder esta questão.
Em geral, um direito e algo que podemos exigir justificadamente dos
outros. Tem-se um direito, então podes exigir que os outros te tratem de certas
maneiras. Tradicionalmente, distinguem-se os direitos legais dos direitos
humanos. Um direito legal e um direito reconhecido pela estrutura que governa
a nossa sociedade. Por exemplo, numa dada sociedade podemos ter o direito
legal de vender os nossos escravos.
Um direito humano, por outro lado, e um direito que temos (ou que
devemos ter) simplesmente por sermos seres humanos, e não por
pertencermos a uma sociedade especifica. Por exemplo, todas as pessoas tem
o direito humano de não ser escravizadas.
Os direitos humanos dividem-se tradicionalmente em direitos negativos e
direitos positivos. Um direito negativo e um direito a não sofrer a interferência
dos outros de certas maneiras. A Declaração da Independência falava do
nosso direito a vida, a liberdade e a procura da felicidade. Estas são áreas em
que os outros não devem interferir. E errado tirar a vida, a liberdade ou a
felicidade de uma pessoa, mesmo que fazer isso maximize o bem social. Um
direito positivo, pelo contrario, e um direito a certos bens que os outros podem
proporcionar. Quando as pessoas falam do direito a uma habitação adequada,
esta a pensar que a sociedade deve de alguma maneira assegurar que as
pessoas tenham uma habitação adequada. (Harry Gensler, Ética, 1998, p.171)
A introdução de direitos na ética suscita muitas questões difíceis. Afinal,
como podemos saber que direitos temos? Temos só direitos negativos ou
temos também direitos positivos? De onde surgem os direitos? Podemos de
alguma maneira perder certos direitos? Ha direitos absolutos? E os animais,
também tem direitos?
Não e fácil desenvolver uma teoria ética baseada em direitos, pois para
faze-lo temo de responder satisfatoriamente a estas questões. E qualquer
39
teoria deontológica, mesmo que não se baseie em direitos, enfrenta problemas
delicados. Mas se o utilitarismo tiver realmente consequências inaceitáveis e
isto permanece hoje uma questão em aberto temos de adotar uma perspectiva
deontológica da ética.
Em qualquer sociedade que se observe, será sempre notada a
existência de dilemas morais em seu interior. Os dilemas morais são um reflexo
das ações das pessoas, e surgem a partir do momento em que, diante de uma
situação qualquer, a ação de um individuo ou de um grupo de indivíduos,
contraria aquilo que genericamente a sociedade estabeleceu como padrão de
comportamento para aquela situação.
Aspectos distintos de um comportamento moral:
Pratico, relacionado a ação propriamente dita;
Teórico, vinculado a justificação dos valores que dão suporte a ação.
Por exemplo, a clássica historia de Hobbin Hood.
A existência de um dilema moral implica que a ação de determinado
individuo, ou mesmo de um grupo de indivíduos, contrariou aquilo que
genericamente a maioria da sociedade acredita ser o comportamento
adequado para aquela situação.
Para Walter Sinnott-Armstrong Dilema moral seria: Qualquer problema
em que a moralidade seja relevante.
Este uso lato inclui não apenas conflitos entre razoes morais, mas
também conflitos entre razões morais e razoes legais, religiosas ou
relacionadas com o interesse próprio. (...) encontro-me num dilema moral se
nao puder ajudar um amigo que esteja com problemas sem renunciar a uma
lucrativa, mas moralmente neutra oportunidade de negocio. (Extraído de
Dicionário de Filosofia de Cambridge, org. por Robert Audi (Paulus, 2006)
A historia da humanidade pode ser entendida como o retrato das ações
das pessoas através do tempo. A história sempre teve e, certamente, terá seu
rumo alterado através dos tempos.
Quando nos referirmos aos problemas de comportamento humano,
estamos falando de moral, de valores morais e, obrigatoriamente, adentrando o
campo da ética, ou seja, estamos discutindo problemas éticos.
Nesse contexto, a Ética, enquanto ramo do conhecimento humano, tem
como função essencial a tarefa de investigar a realidade dentro da qual cada
40
momento da historia foi vivido e explicar os valores que conduziram a
determinado tipo de comportamento, isto e, a determinado tipo de moral que
naquele momento foi aceito.
O comportamento das pessoas, enquanto fruto dos valores nos quais
cada um acredita, sofre alterações ao longo da historia. Tal fato significa que
aquilo que sempre foi considerado como um comportamento amoral pode, a
partir de determinado momento, passar a ser visto como um comportamento
adequado a luz da moral.
Os problemas relacionados com o comportamento do ser humano
encontram-se inseridos no campo de preocupações da Ética. Ainda que nao
torne os indivíduos "moralmente perfeitos", a Ética tem por função investigar e
explicar o comportamento das pessoas ao longo das varias fases da historia.
42
4.6. Responsabilidade Social
43
Assim, pode-se concluir que o exercício da responsabilidade social pela
empresa e a ética pessoal de seus dirigentes e funcionários estão
intrinsecamente ligados.
A responsabilidade social "e vista como um compromisso da empresa
com relação a humanidade em geral, e uma forma de prestação de contas do
seu desempenho baseado na apropriação e uso de recursos que originalmente
não lhe pertencem [ ... ]."
A empresa consome recursos naturais, renováveis ou não, direta ou
indiretamente, que são enorme patrimônio gratuito da humanidade; utiliza
capitais financeiros e tecnológicos que, no fim da cadeia, pertencem a pessoas
físicas e consequentemente a sociedade; também utiliza a capacidade de
trabalho da sociedade; finalmente, subsiste em função da sociedade e do que a
ela pertence, devendo, em troca, no mínimo prestar-lhe contas da eficiência
com que usa todos esses recursos (MELO, 1999, p. 83-84).
Neste inicio do novo milênio, entende-se que o mencionado
"compromisso com a humanidade em geral" deva traduzir-se pela destinação
não só de recursos, mas também da atenção dos seus funcionários a
atividades com fins sociais, por exemplo, em favor da infância abandonada, da
alfabetização, da saúde, escola, assistência aos necessitados etc.
Mas não e unanime a opinião dos economistas sobre a responsabilidade
social da empresa.
A denominada visão clássica ou econômica acha que a única
responsabilidade social da empresa e de seus executivos e a de maximizar o
lucro para seus acionistas. Seus defensores mais destacados são economistas
apologistas do livre-mercado, como Milton Friedman. Eles argumentam assim:
Quando os administradores decidem destinar recursos da empresa a
causas sociais, de onde provem esses recursos? Provem ou do lucro dos
acionistas, ou da remuneração dos empregados, ou dos preços pagos pelos
consumidores. Este último caso e o pior, porque preços altos podem ser
rejeitados pelos consumidores, reduzir vendas e prejudicar seriamente o
negocio; ai perdem todos os envolvidos na empresa;
A solução dos problemas sociais e de competência dos representantes
da sociedade, escolhidos pelo povo, do poder publico, e não das empresas;
44
A pratica da responsabilidade social aumentaria excessiva e
perigosamente o poder que as empresas já possuem naturalmente, podendo
ser considerada uma verdadeira intromissão politica, sem mandato publico;
Por ultimo, os homens de negócios estão habituados em suas empresas
a um estilo "monárquico" de liderança que não combina com a liderança
verdadeiramente democrática exercida nas organizações sociais; eles não
estão preparados para comandar essas organizações.
A outra visão e a denominada visão socioeconômica. De acordo com
seus defensores, dentre eles o economista Paul Samuelson, as empresas não
somente devem buscar o lucro, mas também a proteção e a melhoria da
qualidade de vida das comunidades em que elas operam, e da sociedade em
geral. Dentre os argumentos dos defensores da Responsabilidade Social
Empresarial, podem ser citados os seguintes:
Existe uma expectativa do publico quanto ao apoio das empresas aos
projetos sociais de toda natureza, comprovada pela experiência das
organizações sociais;
Estudos e pesquisas de escolas de administração, como os da
Universidade de Harvard, mostram que o comportamento socialmente
responsável das empresas e as boas relações com a comunidade
propiciam, com mais segurança, lucros no longo prazo;
Os objetivos sociais da empresa contribuem para a sua boa imagem
publica;
A melhoria do ambiente interno e outro resultado do bom desempenho
social da empresa, ao gerar um clima de idealismo e de solidariedade
entre os empregados, com a valorização dos empregos e da própria
empresa;
Existe interesse dos acionistas, mostrado pela crescente procura de
investidores por ações de empresas consideradas socialmente
responsáveis;
Com o atendimento a problemas e carências sociais, as empresas
evitam mais regulamentos do governo;
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A responsabilidade social promove o equilíbrio entre responsabilidade e
poder das empresas; o poder sem a responsabilidade social pode
estimular comportamentos irresponsáveis contra o bem comum;
A empresa conta com disponibilidade de recursos financeiros, de
especialistas e de talento gerencial, de que necessitam as organizações
sociais;
A responsabilidade social serve de ação preventiva, pois o adiamento na
solução de problemas da sociedade pode torna-los mais agudos e sua
solução mais cara, com risco para a própria empresa;
Por ultimo, e considerada uma obrigação ética, pois a responsabilidade
social, além de ser eticamente boa correta em si mesma, e um dever da
empresa para com a sociedade, graças a qual a empresa vive e da qual
obtém seu retomo.
Faz-se mister distinguir responsabilidade social dos cumprimentos das
obrigações sociais e das obrigações emergenciais. A responsabilidade
social e uma tomada de consciência da empresa que a leva a assumir
livremente atividades e encargos em prol da sociedade em que esta
inserida.
Toda empresa tem obrigações sociais que devem ser satisfeitas:
pagamento de salários, de contribuições a Previdência Social, de
impostos e taxas etc. São de caráter legal, contratual e, por isso, não se
consideram como parte da denominada responsabilidade social, que e
por principio voluntario e livre.
As obrigações emergenciais, de igual forma, não se incluem na
responsabilidade social. Ditas obrigações surgem perante situações
calamitosas, como inundações, terremotos, incêndios etc. Nessas
emergências, imprevisíveis, a sociedade e chamada a colaborar, para
amenizar ou aliviar a situação dos mais atingidos; as empresas são moídas a
contribuir. Trata-se, porem, de uma resposta de solidariedade com a situação,
chamada de reatividade social.
E diferente da responsabilidade social, pois esta e proativa, não
depende de situações emergenciais, decorre de princípios e politicas da
46
empresa e esta prevista na sua estratégia de negócios e no seu orçamento
anual, visando a solução programada de problemas sociais específicos.
No Brasil, desde a década de 80, vem-se desenvolvendo a pratica da
responsabilidade social por parte de empresas: de doações e ajudas eventuais
a entidades sociais ou filantrópicas ate a sofisticação de ajudas incluídas no
planejamento estratégico para grandes projetos sociais e a constituição de
fundações voltadas para as carências significativas da comunidade.
Na década de 80, constituiu-se em São Paulo o Instituto Ethos, com 11
empresas pioneiras na pratica da responsabilidade social; em 2003, o Ethos já
contava com um milhar de associados.
Pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas
(IPEA), em 2003, mostrou que 60% das empresas do país desenvolviam ou
apoiavam ações sociais, investindo anualmente dois bilhões e meio de dólares
em projetos comunitários (Exame, Guia da Boa Cidadania Corporativa 2003).
Segundo o Instituto ADVB de Responsabilidade Social, pesquisa
realizada com 2.330 firmas brasileiras mostra como a responsabilidade social e
uma preocupação cada vez maior entre os empresários do pais. Os principais
resultados desse estudo são: 1,88% das empresas desenvolvem projetos
sociais voltados para a comunidade; 2,65% incentivam a participação
voluntaria dos empregados nos projetos; 3,97% consideram a responsabilidade
social um tema estratégico (Veja, 15 jan. 2003).
Todo esse fenômeno e auspicioso e se vê bem representado nos cursos
de Administração, através da disciplina Ética e Responsabilidade Social
Empresarial, ou de capitulo especifico dentro da disciplina Teoria Geral da
Administração.
As áreas de atuação são muito variadas, pois dependem, de um lado,
das necessidades e demandas sociais da comunidade em que as empresas
operam, e, de outro lado, da filosofia e da politica dos empresários ou de seus
executivos e da natureza da atividade da empresa.
Segundo pesquisa realizada pelo Centro de Estudos em Administração
do Terceiro Setor, da Universidade de São Paulo, a atuação social das
empresas se concentra em educação (40%); saúde (26%); arte e cultura
(23%); meio ambiente (19%); esporte (16%) (Exame, A Empresa do Novo
Milênio, separata, p. 90).
47
Ainda estão ai citados outros projetos sociais relativos a redução do
desemprego, ao apoio aos deficientes, ao combate a fome, a redução da
violência e ao apoio a terceira idade (Exame, Guia de Boa Cidadania
Corporativa, edição especial, 2003).
Dignidade da Pessoa.
Dignidade significa qualidade, nobreza, respeitabilidade. Apenas em
razão de o outro ser uma pessoa, merece respeito, honra e consideração. Nao
se deve confundir dignidade da pessoa, que e um bem absoluto, com bens
singulares ou particulares que ela possa ter. A dignidade independe das
posses, dos cargos e dos títulos.
Direito de Propriedade.
O direito de propriedade e o direito das pessoas de possuírem coisas,
para atender as suas necessidades, para seu uso; e um direito pacificamente
reconhecido por todos.
Observação: note que aqui se trata sempre dos bens ditos essenciais, e
nao supérfluos. Este direito básico e um elemento de garantia da dignidade da
pessoa, agora e no futuro.
As pessoas tem a propriedade das coisas, mas todas elas estão
oneradas pelo direito dos outros todos garantem a subsistência de todos. Tudo
e para todos, devendo a partilha ser justa, sem que ninguém possa ser
excluído.
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Primazia do Trabalho
Da vasta atividade do ser humano interessa destacar, para efeitos a
Ética Social, aquela atividade que ele realiza para sobreviver, ganhar a vida e
crescer como pessoa, a qual se denomina trabalho.
O trabalho e a atividade de primordial importância, sem duvida a mais
expressiva da pessoa humana. A pessoa mesma esta em seu trabalho. As
pessoas apresentam-se pelo nome e pelo trabalho. Não só a subsistência
pessoal e de familiares depende do trabalho, mas antes a própria pessoa, seu
crescimento, seu desenvolvimento.
Observação: Um dos grandes problemas nas relações de trabalho e o
conflito entre os trabalhadores e os detentores do capital.
Solidariedade.
Solidariedade deriva do latim solidus. Um corpo em estado solido e
aquele cujas moléculas tem entre si uma coesão maior do que em seu estado
liquido ou gasoso. No corpo social existe solidariedade quando seus membros
se mantem unidos, coesos.
Priorizar o preparo profissional e humano do excluído, para que ele
cuide de si mesmo no futuro, faz parte da verdadeira solidariedade. A
49
solidariedade e também a base do bom inter-relacionamento entre todas as
sociedades, desde a família ate a comunidade internacional. Ela atravessa as
fronteiras das nações e das culturas.
Observação: a) atos verdadeiramente solidários; b) o perigo da
dependência social.
Subsidiariedade.
Em latim, subsidere significa sentar-se debaixo, estar na reserva.
Subsidio e o auxilio dado; quem recebe e dito subsidiado; quem doa e o
subsidiário. Devido a presença do sufixo idade, a palavra subsidiariedade e o
estado ou a qualidade de subsidiário. (Silveira Bueno 1968, p,83).
Sempre existe uma ordem ou hierarquia natural entre as sociedades e
entre estas e as pessoas, tendo como critério o poder de realização e de ajuda.
De acordo com essa hierarquia, a família pode ajudar a pessoa, pode ser
subsidiaria da pessoa. As sociedades privadas e/ou publicas podem auxiliar a
família. A nação pode auxiliar as empresas e a comunidade internacional pode
auxiliar as nações. O principio ético da subsidiariedade afirma que, não sendo
necessário o auxilio, a pessoa ou a sociedade subsidiaria não deve dá-lo a
subsidiada. Pais ou professores não devem ajudar a criança se ela não
precisar; chefes não devem substituir o subordinado sem necessidade. O
Estado não deve invadir os espaços próprios das empresas se elas tem
aptidão para ocupa-los.
Subsidio e suplência e ajuda não e sucção ou liquidação do espaço da
sociedade subsidiada e ajudar sem se substituir a ela.
Vimos que a ética social não fala desta ou daquela empresa publica ou
privada, tampouco da família ou da nação; sob o vocábulo sociedade, refere-se
a todo e qualquer agrupamento humano, unido para determinado fim. Os
códigos de ética, entretanto são codificações concretas de determinada
sociedade. Ha, assim, códigos de ética de organismos públicos e, de igual
forma, códigos de ética de empresas privadas. Os códigos são, portanto muito
numerosos e variados.
50
A codificação da ética, quer dizer, uma autoridade estabelecer por
escrito normas que dimanam do interior das pessoas a partir do primeiro
principio pratico, e um fenômeno societário usual (ubi societas ibiius).
Nas nações, as leis e as constituições estão certamente embebidas de
princípios e normas éticas; não nos esqueçamos de que toda sociedade e
formada por pessoas e que a ética lhes e inerente.
Aqui vamo-nos cingir aos códigos de ética das empresas e também aos
códigos de ética dos organismos profissionais (em especial, ao do Conselho
Regional de Administradores), porque a eles devem obediência todos os que
trabalham na empresa.
A linha divisória entre o âmbito jurídico e o ético encontra-se na
presença ou não do outro (alteridade). Ha conduta ética que não e jurídica,
porque nela inexiste o outro (por exemplo, nos atos internos: lucubrações,
premeditações, decisões frustradas etc.). Entretanto, todo o campo jurídico tem
preocupação ética. A lei do transito, pela qual a luz vermelha significa pare e a
luz verde, passe, tem fundo ético, na medida em que são cores opostas,
facilmente diferenciáveis, aumentando a segurança viária. Não seria ético (faca
o bem, evite o mal) usar em seu lugar cores (verde folha e verde abacate) que
se pudessem confundir. "O mundo jurídico e o mundo ético da alteridade."
Um código de ética empresarial e um conjunto de normas éticas ditadas
pela autoridade empresarial com vistas ao bem comum. A tênue fronteira entre
o ético e o jurídico faz com que, frequentemente, nesse Código se repitam
normas legais.
Códigos de Ética devem prever sanções - advertência, suspensão e
exclusão para os infratores e devem contar com Comissões de Julgamento,
integradas por pessoas da própria corporação, de reputação ilibada, e por
pessoas estranhas a corporação (ombudsmen).
Assim, a empresa passa a atuar no seu espaço interno (interna corporis)
como entidade jurisdicional preliminar, independente dos tribunais.
51
4.9. Códigos de ética de empresas
Desenvolvimento Do Código
E de se notar que as empresas costumam seguir dois procedimentos
distintos na elaboração e implantação de um Código de Ética. No procedimento
tradicional, um executivo e escolhido, dentre os das áreas jurídicas ou de
Recursos Humanos, para gerenciar o projeto de implantação do Código,
eventualmente auxiliado por uma consultaria externa. Redigido o texto,
Marketing o imprime com um visual atraente. E implantado em todos os níveis
da organização, através de palestras, e também distribuído aos principais
clientes e fornecedores.
Em um procedimento inovador e participativo, uma equipe responsável
pelo projeto e encarregada do extenso trabalho constituído das seguintes
etapas:
1 a Levantamento dos principais valores éticos com todos os
funcionários da empresa.
2 a Indagação sobre quais dos seis princípios da ética social estão na
base de cada valor escolhido. Esta indagação deve ser feita em reuniões
dirigidas, com amostras de funcionários de cada área e nível da empresa.
53
3 a Com o resumo dos valores e dos princípios associados, grupos de
funcionários de cada setor apontam o seu padrão especifico de comportamento
ético concreto, adequado aos citados princípios e valores.
4 a Redação final do texto, que deve ser claro e objetivo, e, por ultimo,
oficialização do código pela diretoria da empresa.
Este segundo procedimento oferece vantagens, como a do envolvimento
e preparação dos funcionários no código, simultaneamente com a elaboração e
a implantação. Outra vantagem e a garantia da objetividade, pois se exprime
em termos de cada setor da empresa.
E ainda garante o encadeamento "principios-vaIores-padroes" de
comportamento ético, evitando um defeito frequente nos códigos de empresa,
que e omitir a referencia aos princípios de ética social, aos fundamentos tanto
dos valores quanto dos padrões.
O que é cidadania?
No Brasil ainda ha muito que fazer em relação a questão da cidadania.
Por exemplo, acabar com a violência.
No decorrer da historia da humanidade surgiram diversos entendimentos
de cidadania em diferentes momentos Grécia e Roma da Idade Antiga e
Europa da Idade Media. Contudo, o conceito de cidadania como conhecemos
hoje, insere-se no contexto do surgimento da Modernidade e da estruturação
do Estado-Nação.
O termo cidadania tem origem etimológica no latim civitas, que significa
"cidade". Estabelece um estatuto de pertencimento de um individuo a uma
comunidade politicamente articulada um pais e que lhe atribui um conjunto de
direitos e obrigações, sob vigência de uma constituição. Ao contrario dos
direitos humanos que tendem a universalidade dos direitos do ser humano na
sua dignidade, a cidadania moderna, embora influenciada por aquelas
concepções mais antigas, possui um caráter próprio e possui duas categorias:
formal e substantiva.
A cidadania formal e, conforme o direito internacional, indicativo de
nacionalidade, de pertencimento a um Estado-Nação, por exemplo, uma
pessoa portadora da cidadania brasileira. Em segundo lugar, na ciência politica
e sociologia o termo adquire sentido mais amplo, a cidadania substantiva e
definida como a posse de direitos civis, políticos e sociais. Essa ultima forma
de cidadania e a que nos interessa.
55
A compreensão e ampliação da cidadania substantiva ocorrem a partir
do estudo clássico de T.H.
Marshall Cidadania e classe social, de 1950 que descreve a extensão
dos direitos civis, políticos e sociais para toda a população de uma nação.
Esses direitos tomaram corpo com o fim da 2a Guerra Mundial, apos
1945, com aumento substancial dos direitos sociais com a criação do
Estado de Bem-Estar Social (WelfareState) estabelecendo princípios mais
coletivistas e igualitários. Os movimentos sociais e a efetiva participação da
população em geral foram fundamentais para que houvesse uma ampliação
significativa dos direitos políticos, sociais e civis alçando um nível geral
suficiente de bem-estar econômico, lazer, educação e politico.
A cidadania esteve e esta em permanente construção; e um referencial
de conquista da humanidade, através daqueles que sempre buscam mais
direitos, maior liberdade, melhores garantias individuais e coletivas, e nao se
conformando frente as dominações, seja do próprio Estado ou de outras
instituições.
No Brasil ainda ha muito que fazer em relação a questão da cidadania,
apesar das extraordinárias conquistas dos direitos apos o fim do regime militar
(1964-1985). Mesmo assim, a cidadania esta muito distante de muitos
brasileiros, pois a conquista dos direitos políticos, sociais e civis não consegue
ocultar o drama de milhões de pessoas em situação de miséria, altos índices
de desemprego, da taxa significativa de analfabetos e semianalfabetos, sem
falar do drama nacional das vitimas da violência particular e oficial.
Conforme sustenta o historiador Jose Murilo de Carvalho, no Brasil a
trajetória dos direitos seguiu logica inversa daquela descrita por T.H. Marshall.
Primeiro “vieram os direitos sociais, implantados em período de supressão dos
direitos políticos e de redução dos direitos civis por um ditador que se tornou
popular (Getúlio Vargas). Depois vieram os direitos políticos... a expansão do
direito do voto deu-se em outro período ditatorial, em que os órgãos de
repressão politica foram transformados em peca decorativa do regime [militar]...
A pirâmide dos direitos [no Brasil] foi colocada de cabeça para baixo”.
Nos países ocidentais, a cidadania moderna se constituiu por etapas. T.
H. Marshall afirma que a cidadania só e plena se dotada de todos os três tipos
de direito: Civil: direitos inerentes a liberdade individual, liberdade de expressão
56
e de pensamento; direito de propriedade e de conclusão de contratos; direito a
justiça; que foi instituída no século XVIII;
Politica: direito de participação no exercício do poder politico, como
eleito ou eleitor, no conjunto das instituições de autoridade publica, constituída
no século 19;
Social: conjunto de direitos relativos ao bem-estar econômico e social,
desde a segurança ate ao direito de partilhar do nível de vida, segundo os
padrões prevalecentes na sociedade, que são conquistas do século 20.
Vocabulário Básico
57
que ética, com a diferença que a ética acrescenta a reflexão e o estudo
continuado sobre aquilo que se faz ou o que se deveria fazer, pensa
sobre o bem e o mal, a felicidade, o prazer, a compaixão, a
solidariedade e outros valores.
58
5. Referências
ALMEIDA, Aires et al. A arte de pensar. Lisboa: Didatica Editora, 2004.
http://fabiopassos.com.br/downloads/0924e11e3e59ef4c6e516f22ded407cc.
pdf
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