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MÉTODOS PSICANALÍTICOS
AULA 1
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CONVERSA INICIAL
estabelecer uma
visão epistemológica dos acontecimentos que deram origem à história do
movimento psicanalítico.
Em
seguida, buscaremos estabalecer os métodos que compõem a prática psicanalítica,
por
Por
último, mas não menos importante, trabalharemos a questão da ética em
psicanálise, assim
Na
origem da psicanálise encontramos o paradigma das mulheres histéricas, as quais,
para
exprimir as suas aspirações pela liberdade, não tinham outro recurso a não
ser os seus corpos
Depois
de sua experiência como residente no hospital La Salpêtrière, em Paris,
quando teve a
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adoecera quando cuidava de seu pai acamado. Vale sublinhar que Ana O. era devotamente
afeiçoada
a seu pai.
Seus
sintomas consistiam em um quadro de variadas paralisias com contraturas,
inibição e
confusão mental. Foi observado pelo seu médico que, quando Ana O. conseguia
expressar com
forma, os
ataques de confusão depressiva foram separados e, em seguida, Breuer usou a
mesma
O
fato é que todos os seus sintomas retornavam quando ela voltava a cuidar de seu
pai, o que
fez levantar a hipótese de que eles tinham um significado, mas
ficavam sob efeito de um resíduo ou
cabeceira do
enfermo, o que surgia no lugar desses pensamentos era o sintoma.
O
Caso Anna O. surpreendeu tanto a Freud que, quando ele retorna a Viena, volta
disposto a
O
Estudo sobre a histeria, publicado em 1895 por Freud e Breuer, pode ser
lembrado como o
ponto de partida da psicanálise, pois de fato podemos afirmar que
as investigações e as
psicanalítica.
As
observações feitas nesse estudo de Freud e Breuer revelaram que a origem dos
sintomas
patológico.
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Nesse
período, a principal técnica utilizada nos pacientes era a hipnose, pois
ao hipnotizá-los as
sugestão.
Em
busca da origem dos sintomas Freud e Breuer passaram a estabelecer uma relação
comum
descritas como
traumas psíquicos. Qualquer experiência que possa evocar afetos aflitivos –
tais
como os de susto, angustia, vergonha ou dor física – pode atuar como um
trauma dessa natureza.
imediata e permanente,
quando conseguíamos trazer à luz com clareza a lembrança do fato que o
havia
provocado e despertado o afeto que o acompanhara” (Freud, 1996a, p. 42). Desse
modo,
O
sofrimento histérico consistiria, então, em lembranças traumáticas, cujo
tratamento seria a
descarrega os afetos,
de ordem voluntária ou involuntária. Segundo Freud, tal reação deve ocorrer
em
grau suficiente, ou seja, a ponto de produzir um alívio; caso contrário, quando
a reação é
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lembranças
emergem com a nitidez inalterada de um fato recente” (Freud,
1996a,
p.
45).
Nos
primeiros anos de trabalho clínico de Freud, momento em que também ocorrera a
publicação
do Estudo sobre a histeria, o principal método terapêutico utilizado era
o catártico,
necessária de carga
energética, pois só dessa forma proporcionaria uma descarga emocional. O fato
é
que “a lembrança do trauma psíquico atuante não se encontra na memória normal
do paciente,
2.1 HIPNOSE
A
hipnose foi a principal técnica utilizada com as histéricas no período que
precedeu a
dos sintomas.
Quando obtinha o conhecimento da origem do sintoma, esse conteúdo era
Mas,
ainda que Freud tenha insistido e demostrado um grande interesse pela hipnose,
ele
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Outro
ponto levantado por Freud é que nem sempre as comunicações feitas sobre as
revelações
2.2 CONCENTRAÇÃO
Outra
das técnicas adotadas por Freud nesse período foi o método de concentração,
que
Portanto, o
trabalho psíquico deveria ir na direção onde pudesse superar as forças psíquicas
que se
opunham à tomada de consciência das representações patogênicas.
Com
base nessa elaboração, Freud começa a pensar na ideia de defesa, em que uma
força
psíquica, por parte do ego, se oporia ao seu retorno à memória, afirmando
que “o não saber do
Ao
abandonar a hipnose, Freud foi se aprofundando no método catártico, oriundo de
Breuer, e se
empenha em descobrir novas formas de análise. O termo análise
passa a ser empregado por ele
Com
o desenvolvimento da técnica, agora ela visava remover as barreiras da
resistência. Para
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poucos suas
resistências eram superadas e isso lhe abriria novos caminhos para uma camada
mais
interna, ainda que o material trazido parecesse desconexo, logo seria
possível descobrir ligações
lógicas.
Freud
passo a passo se aproximava do que, mais tarde, ele vai conceber como psicanálise.
Por
enquanto, o método catártico não vislumbrava o problema da etiologia das
neuroses, ainda que, para
O
Estudo sobre a histeria permanecia incompleto, visto que o problema da
etiologia continuava
a
vida sexual dos neuróticos e fortaleceu a sua amizade Fliess, a quem endereçou
muitas cartas
contendo a sua autoanálise e falando sobre suas descobertas
teóricas.
As
correspondências a Fliess são indiscutivelmente um grande arquivo de notas e
ideias que
O
mecanismo de defesa seria responsável por essas repartições, pela qual a
experiência de
gozo na histeria provoca uma repulsa e na neurose obsessiva, uma
autorrecriminação, pois em
A
teoria da repressão assumiu o lugar central dos estudos com os neuróticos, em
que o objetivo
Em
março de 1896, Freud apresenta pela primeira vez no artigo “A hereditariedade e
etiologia
das neuroses”, o seu novo método, que deixa de ser chamado de catarse
para ser nomeado de
psicanálise. Esse novo método de tratamento por meio
da fala, inventado por Breuer e adaptado por
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terapeuta, os
distúrbios psíquicos podiam ser entendidos, tratados e às vezes curados.
De
início, para Freud, a origem da neurose residia em traumas sexuais vividos na
infância,
quando crianças entre dois e cinco anos de idade sofriam atentados precoces,
acometidos por
crianças em
tenra idade compreendidas somente mais tarde. A idade em que elas captam
informações dessa ordem é realmente surpreendentes – dois seis ou sete meses em
diante!...
Sobre
a fantasia, que é um material robusto de análise, não nos cabe agora
abordá-la, mas
deixamos mencionado para que se detenham sobre sua relevância. Por
ora, vamos ao que nos
importa – o inconsciente.
O
termo inconsciente já era empregado muito antes de Freud e a
psicanálise, mas a conotação
Para
a filosofia, a consciência e o mental tinham a mesma conotação, não se
concebendo a
ideia de algo mental ser inconsciente. Assim, com o rigor que a
psicanálise deu ao inconsciente, foi
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marcas a diferença é
apontando o que o inconsciente freudiano não é. Ele não é uma franja ou
margem
da consciência, também não é o profundo da consciência, assim como não é o
lugar do
caótico e do misterioso. E Freud em plena razão, estava preocupado em
assinalar essas diferenças
É
possível que ainda hoje encontremos pessoas querendo localizar o inconsciente
em alguma
sustenta
no próprio discurso que o estabelece” (Lacan, 2003, p. 479).
A
dificuldade em responder de forma abrangente à questão do inconsciente tem sido
a razão de
vários equívocos. Freud, no texto Alguns comentários sobre o
conceito de inconsciente na
ações, escolhas,
tendências, desejos escapam à ação do inconsciente” (Oliveira, 2013).
As
formações do inconsciente (atos falhos, lapsos de linguagem, esquecimentos
etc.) foram
formalizadas no texto A psicopatologia da vida cotidiana, de
1901, em que Freud sublinha que tais
(Jorge, 2005,
p. 11)
A
introdução da noção do inconsciente concebido pelo pai da psicanálise foi mais
um golpe
desferido sobre a humanidade, ao lado de Copérnico, que retirou a
Terra do centro do universo e de
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A
complexidade do funcionamento do inconsciente se apresenta ao tentarmos nos
aproximar
dele, visto que a única forma é por meio de desvios e nunca por via
direta. Foi assim que Freud
O
sonho é uma das facetas da formação do inconsciente, cujo conteúdo, segundo
Freud, é
constituído de mensagens cifradas, como as dos rádios transmissores
durante a guerra, que
A
obra freudiana A Interpretação dos sonhos, de 1900, representa um marco
na história da
psicanálise, visto que, em termos acadêmicos, trata-se, de fato,
do ato fundante da teoria
O
sonho passou a ser objeto de investigação para Freud quando seus pacientes, de
forma
espontânea, em seus relatos de associação, citavam os sonhos em suas
conversas. Mas a
descoberta do método de interpretação do sonho surge com os
sonhos do próprio Freud, que ele
desejos
infantis e reprimidos de caráter sexual; particularidade esta que excede as
categorias de
saúde e enfermidade e que permite discernir, para
além das neuroses, a eficácia do inconsciente.
O
sonho apresenta o conteúdo manifesto, que são as imagens de nossa memória.
Pelo
conteúdo manifesto do sonho, podemos chegar ao conteúdo latente, que
são as conclusões da
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Transformar
o sonho manifesto em sonho latente é a problemática do método, pois, na maioria
dos casos, o sonho latente não é iminente nem para o sonhador. Assim, para
realizar a tarefa de
fazer do sonho uma comunicação, é necessário utilizar algumas
técnicas. Em Novas conferências
ser encontrados
muitos elementos que contribuam com a interpretação, na hora do relato deve-se
desprezá-los.
Deve-se
pedir ao sonhador para livrar-se das impressões que o sonho lhe causou num todo
e
referir-se a cada parte do sonho contando o que lhe vem à mente
sucessivamente. Essas
O
processo de elaboração onírica consiste em uma das mais importantes descobertas
de Freud,
visto que foi por meio dela que se revelou o funcionamento do sistema
inconsciente: “A importância
neuróticos, estão em
atividade os mesmos mecanismos” (Freud, 1996f, p. 27).
Trata-se
da metáfora, um mecanismo de trabalho do sonho, que revela o máximo de
alcance da
equivocidade da linguagem e é desde esse momento que se abre para o inconsciente.
A esse
A
condensação transforma um pensamento em imagem, dando uma equívoca
preferência a
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O
deslocamento, por sua vez, é, segundo Freud (1996f), o responsável pelas
distorções oníricas,
pois essa é a
única forma de encontrar passagem para o sonho, visto que se trata de um
conteúdo
Mabel
Levato (2012) escreve, em seu livro Matapsicología – el inconsciente
freudiano, que o
citando a
Freud, conclui que “O resultado do deslocamento é que [...] o sonho só devolve
(reflete)
Com
a publicação do livro A interpretação dos sonhos, a psicanálise ascende no
meio
acadêmico e para além dele, ganhando novos adeptos como um novo movimento
de renovação da
psicologia e psiquiatria, criando, informalmente, um círculo de
discípulos em torno de Freud.
A
I Guerra Mundial, iniciada em julho de 1914, coincide com os novos rumos tomados
por Freud
para a psicanálise, pois foi nesse período que ele inicia uma série
de textos de revisão sobre a sua
principais
discípulos Adler e Jung, criando instabilidade à recém-fundada Associação
Psicanalítica
Internacional (IPA).
As
revelações sobre esse período conturbado para o futuro da psicanálise foram
descritas por
equívoco teórico e
conceitual.
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Na
biografia de Freud escrita por Elizabeth Roudinesco, ao considerar esse momento
histórico
da psicanálise, a autora descreve a tensão e a luta travada pelo pai
da psicanálise:
Freud,
sempre preocupado com o futuro de sua teoria, buscou um nome para zelar por ela
quando ele partisse, e o escolhido foi Jung, um jovem médico que demonstrava
inteligência,
grandeza e afinidade com a psicanálise. A ele Freud entregou a
presidência da recém-fundada
Com
o avanço da sociedade rumo ao internacional, alguns conflitos sobre a doutrina
começaram a surgir e o maior entre elas se deu justamente entre Freud e aquele que
ele escolhera
para ser o herdeiro da psicanálise, Jung. Sobre sua escolha,
Freud revela a sua decepção dizendo:
interesses. (Freud,
1996d, p. 42)
Jung
pretendia uma concepção da libido entendida como energia vital, ou seja,
uma libido
assim a
psicanálise seria mais bem aceita.
As
modificações introduzidas por Jung na psicanálise foram comparadas por Freud à
famosa
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NA PRÁTICA
As
elucubrações que foram expostas nesta etapa visam trazer uma noção histórica
dos
simples teoria.
Na
clínica, quando ouvimos o sonho de um paciente, devemos cuidar para não nos
apressarmos, pois uma interpretação de sonho nem sempre tem seu desfecho na
sessão. Imagine-
se recebendo uma jovem para entrevista, mas, como esta já havia
feito análise, ela já veio em
no terraço
um cachorro, que foi muito importante para ela, pois este lhe fez companhia no
momento
mais solitário de sua vida. Então, ela acorda muito angustiada, tentando
recordar se realmente ela
anos.
A
casa de infância representa a própria moça que conta o sonho; o cachorro
representa um
trauma de sua vida, que ela pôde abordar durante a análise; e a sensação
de angústia é o que de real
FINALIZANDO
Sigmund
Freud foi um homem capaz de sucumbir às imposições morais de seu tempo e ouvir
para além da dor orgânica a voz de mulheres que gritavam em silêncio por
socorro, pois foi por meio
Com
a publicação dos Estudos sobre a histeria, Freud começa a tatear uma
nova forma de
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Com
A interpretação dos sonhos, Freud pôde decifrar a mensagem que surgia em
forma de um
desejo inconsciente.
A
duras penas Freud logrou estabelecer as doutrinas de sua teoria, mas morreu
temendo que,
REFERÊNCIAS
_____. (1886-1889).
Publicações pré-psicanalíticas. In: _____. Edição standard brasileira das
_____. (1900). A
interpretação dos sonhos. Edição comemorativa, 100 anos. Rio de Janeiro:
Imago, 2001.
brasileira
das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago,
1996c. v. XII.
obras
psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996d. v.
XIV.
_____. (1925-1926). Um
estudo autobiográfico. In: _____. Edição standard brasileira das obras
psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996e. v.
XX.
_____. Novas
Conferências Introdutórias sobre psicanálise e outros trabalhos (1932-1936).
In:
Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund
Freud. Rio de Janeiro:
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GARCIA-ROZA, L. A. Introdução
à metapsicologia freudiana. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
JORGE, M. A. C. Fundamentos
da psicanálise de Freud a Lacan. Rio de Janeiro: Zahar, 2005. v. 1.
LACAN. J. O aturdito
– Outros escritos. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.
LEVATO,
M. Metapsicología – el inconsciente freudiano: un estudio de la
constitución y
funcionamiento del aparato psíquico en la obra de Freud. Buenos
Aires: Letra Viva, 2012.
OLIVEIRA, R. M. M. A
hora do despertar em Clarice Lispector: A paixão segundo G.H.
Monografia
(Especialização em Teoria Psicanalítica). Universidade de Brasília. Brasília,
2013.
ROUDINESCO, E. Sigmund
Freud na sua época e em nosso tempo. Rio de Janeiro: Zahar, 2016.
SOLER, C. O
inconsciente – Que é isso? São Paulo: Annablume, 2012.
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MÉTODOS PSICANALÍTICOS
AULA 2
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CONVERSA
INICIAL
ela segue sendo alvo de ataques por aqueles que pretendem substitui-la
por tratamentos químicos
forma de
depressão, um inimigo invisível e silencioso que devasta a alma.
ser, não
depende da experimentação. Assim, em nome de uma “ciência cognitiva”, a única
capaz de
procedimentos cientificistas
pressupõem que existiria uma separação radical entre as chamadas
ciências ‘exatas’
e as chamadas ciências ‘humanas’”(p. 113). Essa concepção se inclina para uma
aberração.
A exemplo disso, temos a comemoração do centenário da psicanálise, que teve seu
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evento adiantado na Library of Congress (LOC) por conta de uma petição que
considerava o evento
demasiadamente institucional.
Freud
recusou-se a tornar a psicanálise uma ciência demasiadamente positivista, mas
teve todo
análise da
realidade humana da antiga dominação das ciências ditas divinas, baseadas na
Revelação.
e as ciências humanas
(sociologia, antropologia, história, psicologia, linguística e psicanálise). A
que
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modalidades do
irracional da própria história da ciência.
1. Obstáculos
constituídos por um conjunto de doutrinas que regem uma época, da qual o
cientista
tem que contestar o modelo dominante, sendo o recurso ao irracional o meio de
suscitar uma imagem da razão e, assim, lograr novamente uma nova racionalidade.
2. Surge
quando se está com um pensamento fixo em uma doutrina, ficando incapaz de avançar
sobre ela. Então, prolonga-se o ato criador que lhe deu origem, influindo nele
um novo vigor.
3. Delibera-se
um modo de pensar estranho à racionalidade, pela qual se assiste uma rejeição
ao
saber dominante.
Freud sempre se
manteve dentro dos limites das duas primeiras”.
Verificamos
o primeiro momento no período entre 1887 e 1900, quando Freud abandonou a
transformava
por completo o modo de pensar da teoria e, em seguida, Freud passou por um
elaborou um modelo
especulativo e passível de dar conta de uma conceituação não restritiva da
experiência
clínica, mas que se amplia em relação à metafísica (ramo da filosofia), que
trata das
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os dias de hoje a
desconstrução de “mitos”, “bem e mal”, “imortalidade” etc.
Quanto
ao termo especificidade, precisamos ter a clareza do que representa. No
dicionário on-
futuro da psicanálise, é
imprescindível que mantenhamos o rigor daquilo que caracteriza a sua
O
termo “psicanálise” foi usado pela primeira vez por Freud em 1896, em seu texto
redigido em
tratamento
fundamentado na fala.
A
fala para a psicanálise é um agente de cura, a cura pela fala, vindo desde o
método catártico
conceitos
base da psicanálise.
No
texto Função e campo da fala e da linguagem em psicanálise (1953), Lacan
resgata a
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1953, p. 276)
No livro
Fundamentos da psicanálise (2005), Marco Antônio Coutinho Jorge afirma
que a
Assim,
quando se fala, o que entra em jogo é o inconsciente, mesmo quando se depara
apenas
inconsciente de
Freud, que seguia o modelo biológico, e o inconsciente de Lacan, que se apoia
no
A
incisão feita no conceito de inconsciente, depositando nele o saber da
linguística, do qual
fala do analisante,
destacando que toda produção é da ordem do sentido, portanto, da ordem
simbólica, isto é, um sistema de representação baseado na linguagem, cujos
signos e significações
determinam o sujeito.
livro
O conceito de sujeito (2004), afirma:
produção
que desconhecia, mas que, ainda assim, faz parte dele. (Elia, 2004, p. 23)
sentido, mesmo não portando sentidos constituídos em si, mas que faz produzir sentidos,
faz
significar (Elia, 2004, p. 23).
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desse dom
que toda realidade chegou ao homem, e é por seu ato contínuo que ele mantém”
(Lacan,
1953, p. 323).
intocáveis.
Ao
recusar os moldes enrijecidos da IPA na França, em 1963 Lacan teve sua excomunhão,
como
ele mesmo nomeou (um modo crítico para expressar o seu não aceite em
relação à IPA). A partir do
ano de 1964, fundou em Paris, como o seu “Ato de
Fundação”, a Escola Francesa de Psicanálise,
Com
efeito, para Dominique Fingermann, no livro A (de)formação do psicanalista
(2016), o que
menos ainda a
conformidade à demanda de quem solicita sua presença e sua escuta (Fingermann,
2016, p. 21).
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inconsciente,
apreendida em sua análise, “o analista não opera a partir do senso comum, mas a
partir do ponto fora do comum” (p. 22).
No
texto A questão da análise leiga (1926)[1], ao
tratar da formação do analista, Freud diz que
é que a
condição de analista é pela própria análise do analista.
No
entanto, a análise pessoal como especificidade da formação do analista
não esgota a
resposta à questão sobre a formação do psicanalista, pois a ela se
acrescenta o estudo teórico e a
2.2.1 Supervisão
interpretar o
sentido dessa imposição, declara que o fato de o analista não ter a garantia no
autorizar-se de si mesmo torna a supervisão necessária. “A supervisão convoca o
analista a ‘dar as
Outro
ponto para o qual a supervisão se impõe para o analista em formação permanente
diz
altura dessa
responsabilidade se quiser colaborar para a manutenção da aposta do ato do
psicanalista, que inquieta justamente o supervisionando. (Fingermann, 2016, p. 26)
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podemos
resumir pela frase: “para que a psicanálise, ao contrário, volte a ser o que
nunca deixou de
ser: um ato por vir” (Lacan, 1968, p. 293).
formação.
equivaler à ignorância. “A
aparente incompatibilidade entre o ensino e a experiência não pode ser um
motivo, uma desculpa, para não saber nada, satisfazer-se na posição do não
saber, da ignorância”
Iniciaremos
pela última pergunta, acreditando que ela abrirá caminhos para responder às
demais
questões. Pois bem, certa vez Lacan foi interrogado a respeito da nossa questão
– o que é a
psicanálise?
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iminentemente, que a
psicanálise é um tratamento, ou como diz Lacan, uma cura. Assim, para
entendermos melhor, buscaremos mais referências com outros autores.
No
livro Fundamentos da psicanálise (2017), Jorge traz à luz uma citação de
Lacan que nos
No
livro A estranheza da psicanálise (2009), Antonio Quinet reafirma que a
psicanálise não é
mais um tipo de
trabalho inspirado pelo seu analista durante a análise. Desse modo, a práxis
que
instaura a experiência psicanalítica decorre de seu procedimento próprio,
que transforma a dor e o
Com
esses autores, observamos que a psicanálise é um trabalho psicanalítico que,
por sua
complexidade, jamais será abarcado em sua totalidade, sendo apenas possível
apreendê-la pela
Em sua
época, Freud foi questionado sobre quem poderia exercer a psicanálise. Assim, dedicou-
se
ao texto A questão da análise leiga (1926)[4] para
responder à sociedade que acusava de
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que “a análise é
leiga: é uma experiência subjetiva, singular, que implica uma ética peculiar”.
Para
Fingermann declara:
que
a produz à medida das ocorrências, e, por isso, é coerente com o que se espera
de um
psicanalista à altura do ato e do real.
conhecimentos.
(Fingermann, 2016, p. 25)
Dessa
forma, podemos concluir que a prática que põe em ato a psicanálise só pode
partir da
própria ética daquele que se pretende psicanalista.
acesso ao inconsciente
e à sua formalização. Segundo Quinet (2016), o ato tem marca de um antes
e um
depois, que traz em si a descontinuidade e, por ser assim, tem a estrutura de
corte (p. 7).
fundamentos e alicerces
que compõem o ato psicanalítico estão entrelaçados ao tripé da formação
ciência e do
capitalismo: como ousar dar valor de uso para algo que não tem valor de troca”
(2016, p.
71).
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alcance e limitações.
constituição do
aparelho psíquico, pelo qual o sujeito não nasce ou se desenvolve, mas se
constitui
no campo da linguagem.
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hegeliana e o
sujeito da psicanálise:
no texto A
ciência e a verdade (1956). Tal declaração, então, desemboca em três
situações: que a
Assim,
podemos situar o sujeito da ciência por meio do nascimento da ciência moderna
estabelecido
a partir de Descartes, no que confere o chamado Cogito, em que se
inaugura um
disso, pois o
que a ciência faz é excluir o sujeito do seu campo operatório, ou seja, “o
sujeito é posto
pela ciência para, no mesmo ato, ser dela excluído, ou, mais
exatamente, ser excluído do campo de
Ao
passo que a ciência exclui o sujeito, é sobre ele que a psicanálise opera. Isso
significa que a
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NA PRÁTICA
Autorizar-se
psicanalista é uma posição ética e não institucional, visto que não há um lugar
que
forme psicanalista a não ser pela implicação do sujeito com o seu desejo. A
escola de psicanálise
ofertem o título.
O
que garante a práxis do psicanalista é a psicanálise pura, ou seja, a
experiência que inclui o
saber na
experiência.
A
responsabilidade de não permitir que a psicanálise seja sucumbida aos anseios
de se fazer
FINALIZANDO
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caminho da
ciência e as mudanças sociais, pois a psicanálise anda ao seu tempo em extensão
e
REFERÊNCIAS
Elia, L. O
conceito de sujeito. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.
Fingermann, D. A
(de)formação do psicanalista. As condições do ato psicanalítico. São
Paulo:
Escuta, 2016.
______. Sonhos e
ocultismo, 1933. In: ______. Obras completas. v. XXII. Rio
de Janeiro: Imago,
1996.
2010.
Lacan, J.
Função e campo da fala e da linguagem em psicanálise, 1953. In: ______. Escritos.
Rio
de Janeiro: Zahar, 1998.
______. Ato
de Fundação, 1964. In: ______. Outros Escritos.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
______.
Proposição de 9 de outubro, 1967. In: Outros
Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
Jorge, M. A. C. Fundamentos da
Psicanálise de Freud a Lacan. v. 3. Rio de Janeiro: Zahar, 2017.
Milner, J. C.
A
obra clara: Lacan, a ciência. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.
Quinet, A. As
4+1 condições da análises. Rio de Janeiro: Zahar, 1991.
______. A estranheza
da psicanálise, a escola de Lacan e seus analistas. Rio de Janeiro: Zahar,
2009.
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12/12/2022 19:55 UNINTER
______. Dicionário
de psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
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MÉTODOS PSICANALÍTICOS
AULA 3
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CONVERSA INICIAL
indica o caminho:
variedade de jogadas
que se desenvolvem após a abertura desafia qualquer descrição desse tipo.
Esta
lacuna na instrução só pode ser preenchida por um estudo diligente dos jogos
travados pelos
técnica,
que a prática da psicanálise jamais se resumirá em apanhados de conceito, pois
o teor de
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A
palavra foi tomada como instrumento por Freud desde que iniciou sua clínica. Coutinho
Jorge,
texto de 1890.
A
capacidade de afirmar a importância da linguagem foi salientada por Jorge, que
cita Freud
Voltado
para as suas investigações sobre a histeria, mas sem ainda dimensionar a
sexualidade
Freud
(1905) foi, ao longo de suas elaborações, estabelecendo uma relação intima
entre os
doenças, e especialmente
daquelas que se fundam em estados mentais. (Freud, 1905, p. 279)
No
mesmo período em que ele escreveu esse artigo, estava às voltas também com a
hipnose, à
convencido de que
seria melhor abandonar a hipnose para dar início a um novo rumo para a sua
clínica.
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Sobre
a técnica da hipnose, no entanto, Freud pode apreender, embrionariamente, o
fenômeno
desconfiança
e seu senso crítico se neutralizem (Jorge 2017, p. 23).
Jorge
ainda sublinha o modo incisivo como Freud aborda o tema da sugestão,
questionando o
fenômeno psíquico
patológico, visto que pode ser produzida com frequência nas relações humanas.
A
transferência vai se tornar um precioso conceito para a psicanálise, e Freud
fez questão de
se
esquecerá do que vivenciou nas formas da transferência, pois ela tem uma força
de
convencimento para ele maior do que qualquer outra coisa” (tradução livre, p.
177), o que não é o
Assim,
logo após abandonar de vez o método sugestivo da hipnose, Freud passa a empregar
tratamento”
com a sua fala.
elaboração por Freud. Ana O., o primeiro caso apresentado, tratada por Breuer,
foi quem nomeou o
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espírito,
quer por meio de um elemento dado (palavra, número, imagem de um sonho,
qualquer
Roudinesco
(1998), em Dicionário de psicanálise, disponibiliza o conceito de
associação livre no
qual o
paciente deve esforçar-se por dizer tudo o que lhe vier à cabeça,
principalmente aquilo que se
do método catártico do
período pré-psicanalítico. Freud também desenvolveu esse método por meio
de sua
autoanálise ao analisar os seus próprios sonhos, que serviram como ponto de
partida para a
descoberta das cadeias associativas.
A
ação que funda a associação livre se acentua na “liberdade” do analisando falar
o que lhe vier
eliminar a
censura para que, então, entre em cena o que está inconsciente.
Em
sua autobiografia, Freud (1924) retorna à evolução do seu método e insiste na
necessidade
sublinha o caráter
irremediável da associação livre e evidencia também os seus limites. Para isso,
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emergência de
um tipo de comunicação em que o determinismo inconsciente é mais acessível pela
439).
Outras consequências
que implicam o ato da associação livre foram enumeradas, também, por
Laplanche
e Pontalis:
1. Ao aceitar o convite de dizer tudo o que lhe vier à mente, apenas ao dizer suas
emoções,
fundamental.
Portanto, os autores concluem que
formular os seus pedidos sob diversas modalidades que para ele assumiram, em
determinadas
controle ele não detém, uma fala “plena” suscetível à verdade e, por isso, dolorosa.
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12/12/2022 19:57 UNINTER
acaba perdendo a
continuidade da fala do paciente. Fink afirma que a atenção flutuante é uma
atenção que compreende no mínimo um nível de significado e consegue ouvir todas
as palavras e a
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12/12/2022 19:57 UNINTER
palavras, locuções e
frases, sem omitir as pausas, escansões, cortes, períodos e paralelismo, pois
é
aí que se prepara a literalidade da versão sem a qual a intuição analítica fica
sem apoio e sem
Assim,
a história contada é uma das maiores armadilhas que pode prender os novos
analistas.
Fink ressalta que o importante para os pacientes, principalmente
aqueles que estão no início da
paciente
dificilmente começará uma análise com o desejo explícito de que o analista ouça
algo, no
que ele está dizendo, que seja diferente do que em sua consciência ele
esteja dizendo. Por outro
lado, é importante que o analista se desabitue de
escutar de forma convencional e perceba que
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12/12/2022 19:57 UNINTER
pouco que pode ser entendido no discurso do paciente. (Fink, 2020, p. 30)
consultas
convêm ser o que Lacan nomeou de entrevistas preliminares, em que o próprio
nome dá
algumas indicações do poder vir a ser feito, pois trata-se de um tempo
anterior e, portanto,
experimental”
(ou de ensaio). Esse tratamento experimental teria uma duração de uma a duas
semanas e serviria para evitar a interrupção da análise após um certo tempo.
tratamento
experimental de Freud. Na obra As 4+1 condições de análise, de Antonio
Quinet (1991),
podemos encontrar uma boa explanação, assim, a tomaremos por
referência para seguirmos no
tema.
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As
entrevistas preliminares são uma ferramenta do analista para promover uma
transferência
entre o analisando e sua pessoa, além de dar elementos para poder
estabelecer um diagnóstico. As
em
relação ao que era anterior e preliminar [...]. Esse preambulo a toda
psicanálise é erigido por
Lacan em posição de condição absoluta: ‘não há
entrada em análise sem as entrevistas
No
entanto, na prática nem sempre é possível demarcar nitidamente esse umbral da
análise,
Dessa
forma, Freud deixa indicado aos analistas a tarefa de apenas realçar o discurso
do
paciente para que entre em cena a questão diagnóstica. Quinet vai dizer que
as entrevistas
EP = A ↔ EP ≠ A
1. A associação livre mantém a identificação das entrevistas preliminares com a análise (EP=A);
2. Esse tempo de diagnóstico faz com que se distinga entrevistas preliminares da análise (EP ≠
A).
1. A função sintomal (sinto-mal): a queixa do sujeito que busca análise por conta de
um sintoma
sobre o seu sintoma, ou seja, acredita num suposto saber, sendo essa
subjetividade correlata
ao saber que constitui a transferência. Desse modo,
Quinet afirma que a transferência não é
1991, p.
26).
quantitativa.
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No esquema
apresentado, verificamos que no inconsciente só se encontram os representantes
manifestações
dinâmicas – a satisfação.
aspectos: resistência ao
deciframento e resistência do sujeito a abandonar o seu sintoma, o gozo do
76-77)
Nesse
sentido, o dinheiro é também o suporte material de uma inscrição simbólica – o
valor.
Quanto
aos acordos de dinheiro, no texto Sobre o início do tratamento (1912), Freud
diz que
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quando se dar dinheiro sem tê-lo se demanda amor, assim, o dinheiro entra
aqui como um dos
de amor;
4. No nível do desejo, o dinheiro se inscreve para o sujeito como significante em sua
cadeia
ordem da pulsão.
Freud
(1912) enfatiza que dinheiro e sexo dividem o sujeito, pelo qual nunca haverá
uma
resposta para todos, pois elas são individuais. No entanto, o analista não
deve tratar com a questão
1912, p. 146).
pode ser
feita por um total investimento, pois nada pode ficar de fora da análise.
O
sujeito vem prestar conta do seus crimes e, para tal, ele paga com dinheiro,
explica Quinet
(1991), sendo essa a única maneira de colocar em movimento a
dívida simbólica, dívida essa que o
interessa pelo sujeito como objeto, mas sim para ser o depositário das
histórias de alto valor do
sujeito. Além disso, o preço pago tem a função ainda
mais precisa de não dever nada a alguém
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NA PRÁTICA
Os
artigos técnicos escritos por Freud trazem até os dias de hoje todos os métodos
de
que o valor da
psicanálise é na sua intenção, isto é, a psicanálise pura na sua experiência
analítica. O
Ao
observarmos, desde o início, o percurso de Freud com as histerias que deram o
nome ao
É
importante ressaltar que o analista que ainda não consegue viver de seu oficio
deve procurar
FINALIZANDO
consciente de
comunicar algo, pois ao falar, o sujeito comunica muito mais que aquilo a que
inicialmente se propôs;
Atenção flutuante: consiste na maneira pela qual o
analista deve escutar o analisando, não
simbólico do tratamento;
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12/12/2022 19:57 UNINTER
REFERÊNCIAS
Fink, B. Fundamentos
da técnica psicanalítica. Uma abordagem lacaniana para praticantes. São
Freud, S.
Artigos sobre técnica e outros trabalhos, 1912. In: ______. Obras completas.
v. XII. Rio
de Janeiro: Imago, 1996.
______. Um estudo
autobiográfico, 1924. In: ______. Obras Completas. v. XX. Rio de
Janeiro:
Imago, 1996.
MAC, J. Fundamentos
da psicanálise. De Freud a Lacan. v. 3. Rio de Janeiro:
Zahar, 2017.
Lacan, J. A
direção do tratamento e os princípios de seu poder, 1958. In: ______.
Escritos. Rio
de
Laplanche,
J.;
Pontalis, J-B. Vocabulário da
psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
Quinet, A. As
4+1 condições da análise. Rio de Janeiro: Zahar, 1991.
Roudinesco, E. Dicionário
de psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
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MÉTODO PSICANALÍTICO
AULA 4
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CONVERSA INICIAL
Para
darmos continuidade em nossos estudos sobre os métodos psicanalíticos, abordaremos
os outros cincos conceitos que completam o conjunto de técnica assinalada por
Freud: a dinâmica
Todos
esses temas, somados aos que já trabalhamos na primeira parte (a associação
livre,
duas semanas,
mas é importante lembrar que em sua época, as consultas aconteciam cinco vezes
por parte do analista poder adquirir um aspecto invasor, ou sem efeito algum. Assim,
é necessária a
Jorge em Fundamentos
da Psicanálise, é a única forma do inconsciente se presentificar de modo
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em
relação ao tratamento: de um lado, a cooperação, e de outro, a resistência.
Estas atitudes, que se
respectivamente,
transferência negativa, vetor de sentimentos hostis e agressivos.
“transferência” – o que,
segundo o autor, diz respeito aos sentimentos deslocados na direção do
analista. No entanto, dada a sua presteza, Freud pode observar que não se
tratava apenas da
experiências
vividas no passado são revividas e deslocadas para a pessoa do analista, no
momento
presente.
dessas características no
analista, mas o que ocorre é uma projeção no analista de algo preso
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em algum momento
do ente querido do paciente, que passa a ser associado. O paciente vê seu
Expressão de emoção por parte do analista – todas as emoções detectáveis podem ser
associadas pelo paciente como vista em outras pessoas do seu passado e são
colocadas sob
emoções que o
perturbaram e com as quais ele ainda luta” (p. 216).
sentimento do paciente
seja o de transferência.
em sentido estrito, um
sentimento, pois o sentimento só pode ser quando sentido. No entanto,
aspectos
reprimidos podem criar posturas contrárias ao que ele perceba, - portanto,
quanto maior a
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1.2 A CONTRATRANSFERÊNCIA
analista responde à
transferência. Nesse aspecto, a contratransferência se inclui também na
colocar” diante
do sofrimento antes mesmo de se saber do que e de quem se trata, sendo essa,
primordial”
(p. 132).
nada além
dos efeitos da transferência que atingem o desejo do analista, não como pessoa,
mas
parte própria e,
muito mais do que isso, a parte falha do analista (p. 134).
TEMA 2 – A INTERPRETAÇÃO
aparentemente
oposta, na qual a interpretação é o que, de fato, instaura a transferência.
a mola essencial
para a transferência (p. 156).
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advir
uma possível consolidação da transferência.
A formulação
de Freud a respeito da interpretação, nesse ponto, é a seguinte:
A. É a partir do relato do
sonho de quem sonhou que se constitui a interpretação (o conteúdo
manifesto do
sonho).
B. As associações livres
conduzem para o sentido do sonho (o conteúdo latente).
C. A interpretação visa
lançar luz sobre o desejo inconsciente que no sonho se realiza.
Na psicanálise,
o sentido técnico da interpretação está desde sua origem, na Interpretação do
sonho, e aplica-se a toda produção inconsciente que no discurso e comportamento
surge como uma
marca defensiva.
Laplanche
e Pontalis, em Vocabulário de Psicanálise (2001), discorrem sobre dois
pontos da
A. Destaque para a
investigação analítica do sentido latente nas palavras e nos comportamentos
de
um sujeito. A interpretação traz à luz as modalidades do conflito defensivo e,
em última
segundo as
regras determinadas pela direção do tratamento.
antes de repetir
um comportamento compulsivo da repetição inconsciente.
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forma:
analista, diz o
autor, é o fato do analista não responder desde esse lugar, pois ele não está
identificado com o sujeito que sabe, mas sim de semblante do objeto a causa de
desejo.
inconsciente.
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orienta a sua técnica e, por seu turno, Lacan buscou esse fundamento ao
promulgar o retorno a
Freud.
do Tratamento
(1912) ele enuncia diversas razões para se manter o divã. O primeiro motivo foi
para
evitar ser olhado pelo paciente. Além de ter seus próprios motivos para
isso, ele explica que as
paciente se sinta
incomodado com essa posição, isso não deve ser negociado, visto que ela também
tem o objetivo de impedir que a transferência se misture imperceptivelmente às
associações do
paciente.
transferência,
para que o analista possa distingui-la no momento de sua pura emergência nos
dizeres do analisando. (p.39)
ato analítico
que produz em cada análise o ínicio da psicanálise.
com o
outro imaginário, o desconhecimento de que sob esse desejável há um desejante.
O “desejo
do analista”, enquanto função, deve ir contra esse desconhecimento e
fazer surgir para o analisante
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Quinet
(1991) enumerou cinco proposições, extraídas dos ensinos de Lacan, para
demonstrar a
1ª
proposição – O tempo em psicanálise deve corresponder à estrutura do campo
freudiano.
Isso significa que o tempo não pode ser algo meramente técnico ou
empírico, mas deve
responder aos conceitos fundamentais da psicanálise.
2ª
proposição – As sessões sem tempo determinado se estabelecem num plano que não
é o
da burocracia e sim o da lógica do inconsciente e da ética da psicanálise. Assim,
somos
3ª
proposição – As sessões psicanalíticas sem tempo determinado encontram sua
lógica em
duas definições distintas de estrutura, que implicam dois aspectos do
sujeito:
A
estrutura do campo psicanalítico é equivalente à estrutura da linguagem. O
sujeito é
definido a partir de sua determinação pelo significante, definição
essa correlata à
de linguagem,
mas contém o objeto a, real, exterior à linguagem e que está fora do
significante. Trata-se, aqui, da estrutura do ato psicanalítico, ato
fundamentado por
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4ª
proposição – O tempo em análise deve ir contra o tempo do neurótico.
5ª
proposição – O tempo da sessão deve incluir em si mesmo e a cada sessão a
finitude da
linguagem.
O
tempo das sessões foi proposto por Freud em seus Artigos sobre Técnica
(1912), texto no
qual ele assinalou que trabalhava com seus pacientes seis
vezes por semana, interrompendo os
4.2 A PONTUAÇÃO
respeito não só a
análise, mas também a experiência comum do dia a dia.
O
esquema de comunicação que Lacan evidenciou corresponde ao entendimento
freudiano de
“posteriori”, no qual, só num depois que uma frase seja
terminada é que se entenderá o seu sentido.
Para
exemplo, pensemos num individuo que chega em análise com pontos enigmáticos em
sua
história, de tal forma condensados que apontam para determinado gozo que
sempre retorna em seu
Gráfico 1 - Retroação
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O
corte em sessão tem para Lacan o mesmo valor: “é por isso que a suspensão da
sessão [...]
tomemos a primeira
delegação aos psicanalistas – ouça o seu paciente.
psiquismo, Lacan
soube extrair as consequências lógicas dessa trama e desbravou o campo do
gozo,
para além do princípio de prazer. Assim, o que se segue a partir da entrada em análise,
é a
(p. 44):
1. No
ponto de origem do sujeito, dizem os autores, há um trauma, uma
incompatibilidade:
2. Inibição,
sintoma, angústia, repetição, obsessão, conversão, depressão, pânico, pesadelo,
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A psicanálise
ao acolher o sujeito e sua dor singular, ela também se coloca a escuta do modo
como o sujeito trata a impossibilidade. E de certo, há infinitas formas. E
sobre todas essas formas
insiste
como se quisesse dizer alguma coisa.
consistência do sintoma, e
se configura como uma queixa tentando dizer alguma coisa, foi dessa
conjugação
entre sintoma e demanda que Freud respondeu com a invenção da psicanálise.
NA PRÁTICA
experiência analítica
que se pode dimensionar o modo como cada um se presentifica uma do lado
do
analisante e outra do lado do analista que responde com a interpretação.
que
nosso narcisismo gosta de ouvir mesmo é sobre nós mesmo, portanto, só através
da análise
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relação possível
para isso, por isso a lógica do tempo da psicanálise é transferencial e deve
ser
ótima, que a
analista é maravilhosa e que não tem nada a dizer. O analista diz: “se não tem
nada pra
falar, me fale o que você fez da última sessão pra cá”. A analisanda,
então, começa a relatar de
a
analista responde: essa qual é você?” E, depois de uma pausa, vem o choro: “a
que sempre estraga
FINALIZANDO
A transferência é o
motor de uma análise. É a única forma do inconsciente se presentificar de
modo
sistemático na análise, e não apenas pontual, como na formação da vida
cotidiana (lapso, ato
falho e chistes).
A. É a partir do relato do
sonho de quem sonhou que se constitui a interpretação (o conteúdo
manifesto do
sonho).
B. As associações livres
conduzem para sentido do sonho (o conteúdo latente).
C. A interpretação viso
lançar luz sobre o desejo inconsciente que no sonho se realiza.
Assim, a
suspenção da sessão deve obedecer, não ao tempo do relógio, mas, sim, a trama
do
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A escuta do analista é,
então, desde a ausência de sentido que se pode ouvir o que atormenta e
em que
se obtém a consistência do sintoma, e se configura como uma queixa tentando
dizer alguma
coisa. Foi dessa conjugação entre sintoma e demanda que Freud correspondeu
com a invenção da
psicanálise.
REFERÊNCIAS
Zahar, 2017
FIGUEIREDO, L. C. Elementos
da Clínica Contemporânea. São Paulo: Escuta, 2018
FINK, B. Fundamentos da
técnica psicanalítica. Uma abordagem lacaniana para a prática. São
Paulo:
Blucher, 2017.
LACAN, J. Função e
campo da fala e linguagem. In Escritos. Rio de Janeiro: Zahar,
1998.
________. Seminário
20: Mais ainda. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
2001.
ROUDINESCO, E. Dicionário
de Psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1998
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MÉTODO PSICANALÍTICO
AULA 5
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12/12/2022 20:00 UNINTER
CONVERSA INICIAL
goza-se!
uma nova
dimensão no discurso do analista, o qual entra em jogo o impossível. Com a
afirmação de
um masoquismo originário, Lacan, por sua vez, extrai dos textos freudiano
o campo do real e implica
o trabalho analítico no campo do gozo.
formações do
inconsciente. Portanto, para seguirmos na proposta de estudos, cabe-nos também
A estranheza da
psicanálise (2009), no qual aponta para a impossibilidade de generalizar a
formação
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ou um lugar
de corporativismo. A Escola de psicanálise consiste em um lugar para o
psicanalista e
da Escola e nos
indica que espera-se que a permutação quebre a consistência da hierarquia que
configurou
na IPA, visto que contraria a própria transmissão analítica. O cartel deve
servir ao trabalho
torna
possível o analista” (1998, p. 144).
incitado
alguma euforia, houve mais causadores do que trabalhadores. E quanto ao passe, ele
tampouco alcançou o seu objetivo.
última palavra
a Lacan, ela tornou seu ensino ‘água de esgoto’” (Soler, 1998, p. 144-45).
aparente de identificar os
psicanalistas na sociedade, é grande. Pois, para Soler, os psicanalistas
adoram
se reunir para falar de psicanálise, mas, isso torna-se uma irresponsabilidade
de dimensão
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causa. A
Escola, portanto, é um lugar que abriga o objeto a. E se o objeto a,
como objeto pulsional e
um, o
objeto a, diferente do significante, não é coletivizador (Quinet, 2009, p.
93).
analistas
se empenham a produzir saber, através de estudos e escritas. Segundo Quinet,
tal atitude
psicanálise só é efetiva em
transferência. Sendo assim, a transmissão se realiza no um a um,
fazendo
objeção à normatização, pois o que está em jogo é o estilo, que é tributário,
daquilo que ele
o
leva a realizar. “A transmissão implica, portanto, transferir o trabalho
provocado pela psicanálise”
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pois, na
Escola, são os trabalhadores que serão aceitos.
mais novos,
os didatas e os candidatos, os analistas e os não analistas encontram-se no
mesmo
Escola. A diferença
surge na designação do analista, em que uns fazem ali a sua formação, e outros
Quinet, deve
estar desarticulada das comissões responsáveis pelas designações dos analistas
da
Escola.
membro da Escola,
cujo título é dado pela Escola; AE, analistas da Escola, cujo título é
conferido
apresentarem por votação em assembleia geral. Eles são nomeados por três anos,
sendo um terço
renovado todo ano por sorteio dos que saem nos dois primeiros
anos e, em seguida, por antiguidade
e por eleição a novos membros. No júri de
recepção, são escolhidos nove candidatos pelo diretor os
quais a assembleia
geral optará por seis em votação, sendo a permuta idêntica a do júri de
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1. Para o
interior da Escola, o titulo de AE qualifica aquele que se compromete a
participar na
2. Para
fora, a Escola garante para o corpo social a qualidade profissional daqueles
entre seus
formação do
analista é parte integrante.” (2009, p. 80-81).
TEMA 2 – O CARTEL
da escola,
proposto por Lacan, é o trabalho do cartel. O cartel é um dos pilares da
Escola, que induz
a produção de saber em psicanálise e
favorece o vínculo pelo trabalho ao invés de uma
pseudofraternidade.
função do
mais um será abordada mais adiante) segue o mesmo princípio. Na lógica do
cartel,
inclui-se a sua dissolução, que está presente desde o início, pois o
tempo de concluir já esta em seu
saber que
falta, constitui o ponto de partida (Fingermann, 2016, p. 156). Segundo o
autor:
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de saber
digna da psicanálise perante a comunidade analítica. Melhor ela “faz”, ela
produz essa
As
referências à montagem do cartel estão discriminadas por Lacan no texto chamado
D’Écolage, no qual é proposta uma “fórmula refinada do cartel”. Tal
momento dá início à Causa
Primeiro
– quatro se escolhem para empreender um trabalho que deve ter seu produto.
Esclareço: produto próprio a cada um e não coletivo.
Segundo
– o conjunto dos quatro se faz em torno do mais-um, que, se ele é qualquer um,
deve
Terceiro
– para prevenir o efeito de cola, a permutação deve se feita ao final
pré-fixado de um
ano, no máximo dois.
Quarto
– não se espera nenhum progresso além daquele de uma exposição periódica, tanto
dos resultados quanto das crises de trabalho.
Quinto
– o sorteio assegurará a renovação regular dos limites demarcados com a
finalidade de
vetorizar o conjunto.
A
inspiração do cartel veio através da experiência clínica de pequenos grupos
realizada por Bion,
A
posição do Mais-um no cartel é problemático, já que, em sua própria estrutura,
força-se a
produção de cada um, fazendo funcionar o cartel ao apontar para sua dissolução.
TEMA 3 – O PASSE
Lacan formulou
esse dispositivo quando a Escola passava por uma grave crise, na qual o saber
e
as novas práticas cediam aos velhos hábitos, portanto era necessário
estabelecer uma reforma
O passe se distingue
em três funções que foram destacados por Simone Perelson (2009) em
seu artigo O
passe: da articulação entre a autonomia e a dependência. A primeira vem dar lugar à
produção de um trabalho
teórico sobre a enigmática passagem do sujeito da posição de analisando
para a
de analista, passagem esta que será também chamada por Lacan de passe. Na
segunda, ele
social para a
comunidade de sua Escola, o qual seria marcado pela transmissão do real em jogo
nesta passagem do analisando ao analista.
O dispositivo do
passe estabelece, então, um continuum, usando as palavras de Quinet, que
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2009, p.
81). Portanto, verificamos que a proposta do passe se articula como mais uma
tarefa da
Escola, a de fazer avançar a psicanálise para além da clínica
propriamente transferencial. Quinet
A esse respeito,
Farias questiona em seu artigo “O que nos dizem os analistas no passe?”.
Ali ele
vai dizer que conduzir a análise até o seu fim implica tornar-se
analista de sua própria experiência,
isto é, tomar uma distância diferente diante de sua própria análise. Isso
permite ver a sua própria
neurose, a teoria e seus problemas em relação à psicanálise,
como também que o que essa análise
passadores escritos;
3. Se o candidato ao passe aceitar o nome dos passadores, ele deve
entrar em contato com eles
cartel do passe;
5. A comissão/cartel do passe convoca os dois passadores, que, por
sua vez, relatam o que
ouviram.
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elementos
que constituem o pilar da Escola: cartel e passe.
passadores, a elaboração
dessa experiência e a comunicação dos resultados. O seu trabalho
termina depois
de dois anos, mas o seu compromisso com a Escola não tem fim, pois a
analisante corresponde a um
amor verdadeiro, visto que, ao final, seus desdobramentos uma ideia
sobre o
amor, um amor lúcido do qual só o ódio se aproxima.
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inconsciente,
estruturado como linguagem, leva o analisante, sustentado pela transferência
como o
fazer ser” é evocado por Soler (1998, p. 316) quando diz: “Qual é o
benefício do final pelo “se fazer
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diante do
impossível e sobre sua singularidade que, por consequência, descerra-o de toda
elaboração do saber,
e eis a astúcia do dispositivo. Produzir saber, na falta de uma causa, é a tese
de
Soler: “Um testemunho preciso constitui o primeiro passo de uma elaboração
de saber e há
próprio Lacan evidenciou, que, apesar de ser um, ele não é solitário,
pois a Escola é o suporte dessa
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precisa passar pelo relato para ser escutado. (Quinet, 2009, p. 135)
transferência é a única
dificuldade com a qual o analista realmente se depara em sua prática. O ato
está no inicio de uma análise, visto que, para aceitar uma demanda de análise,
é necessário o ato de
decisão do analista. O ato, pelas palavras de Lacan no
seminário Ato psicanalítico (1967-68),
A fé no sujeito
suposto saber é simplesmente poder apostar que haja analista para sustentar a
análise. Isso significa que a presença do analisante apenas não é suficiente, sendo
necessário o ato
ser desse
sujeito.
Fingermann (2016)
declara que o ato do analista é a-normal, pois ele se apresenta (a-presenta)
em
descontinuidade em relação à neurose, e não em continuidade, sendo a sua
manifestação em
mesmo tempo,
marca limite da linguagem e funda a sua lógica de encadeamento infinito. Por
isso
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NA PRÁTICA
esteja aberto
no mural destinado ao cartel na Escola, pois em toda Escola tem um mural
destinado
ao cartel.
até
mensalmente. Podem ser presenciais ou virtuais.
ser
muito atrativo para ingressar no trabalho da Escola, ele apresenta todos os
impasses criados por
FINALIZANDO
Escola
de psicanálise – lugar para abrigar o ensino psicanalítico; o psicanalista faz Escola,
e
não o contrário.
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Cartel
– sua estrutura remete ao funcionamento de trabalho da Escola, na qual a falta
é que
coletiva.
Final
de análise – é ali que o sujeito se encontra, no lugar onde não se procurava,
pois trata-se
REFERÊNCIAS
FARIAS, F.
F. O que nos dizem os analistas no passe?. Stylus, Rio de
Janeiro, n. 36, p. 63-73, jun.
2018.
FINGERMANN,
D. A (de)formação do Psicanalista: as Condições do ato Psicanalítico.
São
21, n. 2, 2009.
2009.
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MÉTODO PSICANALÍTICO
AULA 6
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CONVERSA INICIAL
do
analista” pode ter vários sentidos; inicialmente, ele é o indicativo necessário
para iniciar um
Assim, o desejo do
analista se vincula à ética da psicanálise na medida em que ele se coloca na
analista,
evidentemente inconsciente, declara Soler em O
inconsciente: que isso? (2012).
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causal do objeto. Tal passagem, com efeito, diz Soler (2012, p. 80),
encontra a sua coerência no fato
fantasma
ou, do mesmo modo como questionou Soler, “qual é a função do objeto a no
desejo do
psicanalista”?
intervém
quando, confrontado com o significante primordial, o sujeito vem, pela primeira
vez, à
posição de se assujeitar a ele. Só aí pode surgir a significação de um
amor sem limite, porque fora
dos limites da lei, somente onde ele pode viver. (Lacan, 1964/1979, p. 260)
cuja
advertência sobrevém após atravessar a sua fantasia, em que os seus enganos e
desenganos
são vividos na experiência transferencial.
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Portanto, é o
analista no lugar do objeto a, objeto de causa de desejo, que leva o analisante
a
tomá-lo como Outro e que faz desvelar aí o próprio desejo, o desejo motor da
análise, sublinhado por
sobre o amor
transferencial:
ela exige.
O tratamento deve ser levado a cabo na abstinência. Com isto não quero
significar
apenas a abstinência física, nem a privação de tudo o que a paciente
deseja, pois talvez nenhuma
que a
incitem a trabalhar e efetuar mudanças, e que devemos cuidar de apaziguar estas
forças por
mesma
coisa que Lacan nomeou como desejo do analista. O desejo do analista é, então,
por livre
psicanálise e
desejo do analista”, faz a seguinte declaração:
analisante, fala a
despeito de suas convicções morais. O analista é então convocado a criar
o
desejo pelo saber disso, onde antes existia apenas um nada querer saber. Portanto, do lado do
mais complexos da
psicanálise, pois, segundo o autor “nenhum analista vai mais longe do que os
contratransferência não
é percebida, o analista coloca em cena a sua posição subjetiva, colocando
em
risco a condução da análise.
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transferência e contratransferência
(eu do sujeito e eu do analista) significaria eliminar o que se
coloca em jogo
em análise – a relação ternaria, em que o Outro é um terceiro presente-ausente.
evidenciar o desejo do
analista, declara que ele é categoricamente o desejo que impõe uma
diferença
absoluta, isto é, um desejo que conduz a análise na direção de isolar os
significantes do
que para
ocupar é imprescindível mantê-lo vazio. Eis então mais um paradoxo da psicanálise,
o lugar
do analista é vazio.
psicanalista,
liberdade e determinação em psicanálise (2000). Ela aponta para o que Lacan
concebeu
desejo
do Outro” (Lacan, citado por Rabinovich, 2000, p. 14).
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pode operar,
pois o lugar do psicanalista é o desejo do analista, sendo os dois uma coisa
só. No
por Freud,
como também evoca outro dito de Lacan, que diz que a psicanálise é
intransmissível.
Além disso, indica que, na psicanálise a intransmissibilidade
e a reinvenção estão intimamente
“neutralizar” a interferência da
subjetividade do analista, na medida em que ela se apoia
demasiadamente na
dimensão imaginaria dessa neutralidade, ela esquece a verdadeira
neutralidade
requisitada ao analista, a simbólica. (Jorge, 2017, p. 234)
analista.
Para ilustrar, Jorge (2017) narra uma situação clínica que nos servirá de
exemplo:
várias reflexões: o
paciente estava lendo o jornal e pareceu se perturbar com sua intrusão; seu
olhar a desafiava; ele caminha lentamente e olha tudo. Ao entrar no
consultório, ele pede fogo e ela
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eu atribuo
uma intenção ao paciente, eu me sinto visada pelo paciente como sujeito; que eu
quero
representar alguma coisa para ele e inclusive representar a analista, eu
estou fora da posição de
objeto a. Por meio dessa matriz, Lacan demonstra que podem ser escritos
quatro tipos de discurso,
apenas deslocando as letras e respeitando as regras
da estrutura.
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criança no mundo da linguagem, pois na relação mãe e bebê, quando ele chora,
tem seu choro
imediatamente interpretado por ela, ao passo que, com o passar do
tempo, para cada gesto do choro
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A etimologia grega
da palavra “ética” diz respeito a uma ciência dos costumes, isto é, que tem
como objeto de estudo os atos humanos como certos ou errados, segundo os
critérios da moral. Na
Na psicanálise, desde
quando Freud formulou a questão sobre a pulsão de morte, no texto Além
do
princípio de prazer (1920), a questão do “bem” ganha uma outra dimensão. Posteriormente,
no
texto Mal-estar da civilização (1930[29]) Freud demonstra que o caminho
da felicidade será restrito
Sendo assim, o
caminho para o bem do sujeito não tem uma via garantida. Portanto, o
tratamento
psicanalítico não deve propor um bem qualquer para o sujeito, visto que não há
nova
possibilidade.
mediado
pela linguagem, mas com isso deixando parte do gozo de fora.
Com base nessa lógica simbólica, que deixa parte do gozo fora
da simbolização, Lacan introduz
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sujeito.
substituí-la
totalmente. Assim, não há nada no campo dos bens capaz de substituir esse “bem
primordial”,
reconhecido como supremo e julgado a suprir toda a falta do desejo.
bem
senão o que pode servir para pagar o preço do acesso ao desejo – na medida em
que esse
desejo, nós o definimos alhures como a metonímia de nosso ser”.
inconsciente
se estruturava em torno da falta fundamental, fazendo emergir o desejo
referenciado
responder:
“devo extrair de minha prática a ética do Bem-dizer” (Lacan,
1974, p. 539).
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impossibilidade
de formalização de um enunciado válido para todos.” (Bispo; Couto, 2011, p. 127).
reconhecendo assim as
distintas maneiras de lidar com o objeto a, abrindo novas possibilidades
aos
sintomas.
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desviava
dos conceitos básicos que compunham a própria técnica psicanalítica.
encontraremos aqui merece ser introduzido por suas circunstâncias. Pois ele
traz delas a marca” (p.
237).
Apesar de esse
texto trazer o estilo lacaniano de ser, em que fica exposto o seu tipo erudito
e
toda complexidade de sua escrita, é um texto indispensável para a reflexão da
psicanálise. Por ora,
Lacan, ao fazer a
distinção “fala vazia e fala plena”, diz que a fala vazia é aquela que habita o
forma
a verdade, estabelecendo um reconhecimento dialético na relação analítica.
Nesse momento
pelo outro.
A fala vazia é a
que o analista tem ao seu dispor, e mesmo que ela deva ser ultrapassada e
seguir na direção da palavra plena, não há como deixar de passar pela estrutura
imaginária do eu.
eu, e, na
impossibilidade de eliminá-la, é lhe possível servir-se dela para regular o
afluxo de seus
ouvidos, segundo o uso que a fisiologia, de acordo com o
Evangelho, mostra ser normal fazer:
Assim, a fala é o
único meio operador, na medida em que ela confere um discurso que dá
sentido às
funções do individuo, sendo em suas histórias o que constitui a emergência da
verdade
no real. No entanto, Lacan enfatiza que, na retransmissão desse
discurso, o analisante não pode
descoberta freudiana
– o inconsciente. “O inconsciente é a parte do discurso concreto, como
transindividual, que falta à disposição do sujeito para restabelecer a
continuidade de seu discurso
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ser resgatada; na maioria das vezes, já está escrita em outro lugar.” E lista
da seguinte maneira:
recolhido, pode
ser destruída sem perda grave;
nos documentos de arquivo, igualmente – e
esses são as lembranças de minha infância, tão
me é particular, bem
como ao estilo de minha vida e a meu caráter;
nas tradições também, ou seja, nas lendas
que sob forma heroicizadas veiculam minha
história;
capítulo adulterado
nos capítulos que o enquadram, e cujos sentidos minha exegese se
restabelecerá.
Nesse sentido,
Lacan sublinha que no valor da fala essa reverberação do discurso do outro que
NA PRÁTICA
analisante, e não
o desejo do analista, portanto, a fúria sanante, a orientação política,
religiosa não
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importante
ressaltar que o psicanalista, quando faz isso, não age como analista, mas como
sujeito
FINALIZANDO
REFERÊNCIAS
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
Seminário
7 e o Seminário 20 de Jacques Lacan. Estudos de Psicologia, Natal,
v. 16, n. 2, p. 121-129,
FERREIRA NETO,
G. A ética da psicanálise e a direção da cura. In: HISGAIL, F. (Org.). 14
FREUD, S. (1915[1914]).
Observações sobre o amor transferencial. In: _____. Obras completas.
JORGE, M. A. C. Fundamentos
da psicanálise: de Freud a Lacan. São Paulo: Zahar, 2017. v. 3.
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/16
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SOLER, S. O inconsciente,
que é isso? São Paulo: Annablume, 2012.
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/16