Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo
Este artigo visa abordar as contribuições da relação família-escola mediante o processo
inclusivo na primeira etapa da educação básica. Abordar-se-á a educação inclusiva em uma
perspectiva multifocal, envolvendo a educação infantil e o processo de inclusão escolar nessa
modalidade, visto que o intuito de se estabelecer um vínculo com a relação família-escola no
processo inclusivo seria um embasamento para se compreender o real sentido da inclusão
escolar. Embora nessa faixa etária não exista tanta rejeição por parte dos alunos com relação à
inclusão de alunos com necessidades especiais, se faz necessário um convívio precoce para se
estabelecer a realidade a qual poderão vivenciar. Mediante as análises percebeu-se que ambos
apresentam dificuldades em estabelecer este vínculo e fazer fluir esta parceria, por não se ter
muito amparo legal que determine a inclusão para esta modalidade educacional, uma vez que
os documentos complementares deveriam servir para apoiar essa e outras parcerias, as quais
proporcionaria uma integração melhor no que se refere à inclusão escolar na primeira infância.
Em suma, estes e outros conceitos foram abordados por meio de uma análise documental, na
qual foram utilizados como fundamentos teóricos Paula (2007), Szymanski (2010), Facion
(2009), Mantoan (2008), Fernandes (2007), Guerbert (2010), Pereira (2004), e Vitaliano (2010),
entre outros. As contribuições da relação família-escola no processo de inclusão escolar na
Educação Infantil delineiam-se as políticas educacionais sobre a inclusão escolar e sobre como
ocorre o processo de inclusão escolar, em um contexto geral. A análise final levanta alguns
aspectos relevantes, dentre os quais pode-se perceber a abertura de uma lacuna no envolvimento
de pais e professores ao se proporcionar uma real educação inclusiva. Assim pressupõe que a
inclusão está em fase de processo progressivo, o qual apresenta uma caminhada extensa para
seu efetivo legal e social.
1
Graduada em Pedagogia pela PUCPR – Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Atua como professora de
Educação Infantil na rede municipal de São José dos Pinhais - PR. Especialista em Psicopedagogia clínica e
institucional e em Educação Especial pelo RHEMA Educação - Instituto de Ensino. Contato:
taivieiras@gmail.com.
ISSN 2176-1396
14243
Introdução
A presente pesquisa tem como tema Inclusão Escolar, com ênfase na relação família-
escola. A opção pelo assunto resulta dos questionamentos sobre as contribuições da relação
família-escola no processo de inclusão escolar.
A atualidade surge frente à aplicação da política de inclusão escolar, buscando verificar
como este processo é realizado nos diferentes níveis da educação básica, especificamente em
sua primeira etapa: a educação infantil.
Com a alteração na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, a Lei nº
12.796/2013, aborda uma nova perspectiva sobre o processo inclusivo, como proposto no art.
58:
Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação
escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação. (BRASIL, 2013, s/p).
Há uma crescente constatação de que elas devem ter acesso à mesma escola e à mesma
sala de aula que qualquer outro aluno. As mudanças necessárias para que isso ocorra
14244
com qualidade, além de garantirem às pessoas com deficiência seu direito à igualdade,
talvez sejam uma contribuição para a melhoria do ensino em geral.
Estes requisitos legais, criados tanto no Brasil como também no exterior, segundo
Dall’Acqua e Vitaliano (2010), tratam-se de um novo conceito de educação. Para os autores:
A escola que atende o público inclusivo, precisa cumprir uma determinação legal de
adaptar o ambiente para receber os educandos com necessidades especiais, favorecendo o
acesso físico para sua locomoção, além de disponibilizar materiais e suportes específicos, que
14245
Procedimentos metodológicos
Fundamentação Teórica
[...] o conjunto de recursos que todas as escolas devem organizar e disponibilizar para
remover barreiras para a aprendizagem de alunos que, por características
biopsicossociais, necessitam de apoio diferenciado daqueles que estão disponíveis na
via comum da educação escolar.
No caso da Educação Infantil, deve-se ter muita cautela para trabalhar na perspectiva
da inclusão escolar, pois há casos que os educandos ditos normais poderão ser excluídos, devido
ao tratamento dado pelo professor, de forma inconsciente, que se diferencia na atenção dada
somente a ele.
14248
Contudo, a instituição infantil que adere à educação especial, promove uma série de
alterações para a equipe pedagógica e corpo docente, pois interfere e aprimora a capacitação
dos professores que atenderão tais crianças com deficiências, adaptando e promovendo
mudança dos espaços e ambientes que devem ser acessíveis aos educandos, como também
ampliando os recursos para gerar o bem estar da criança no âmbito escolar.
Na Resolução de nº 04/2009, esta aborda como implantar as mudanças no ensino
regular, sem enfocar em uma determinada modalidade ou etapa educacional. Tal documento
trata das Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação
Básica, especificadamente na modalidade da Educação Especial.
No seu Art. 2º, diz que:
O AEE tem como função complementar ou suplementar a formação do aluno por meio
da disponibilização de serviços, recursos de acessibilidade e estratégias que eliminem
as barreiras para sua plena participação na sociedade e desenvolvimento de sua
aprendizagem.
Parágrafo único. Para fins destas Diretrizes, consideram-se recursos de acessibilidade
na educação aqueles que asseguram condições de acesso ao currículo dos alunos com
deficiência ou mobilidade reduzida, promovendo a utilização dos materiais didáticos
e pedagógicos, dos espaços, dos mobiliários e equipamentos, dos sistemas de
comunicação e informação, dos transportes e dos demais serviços. (BRASIL, 2009,
p. 1)
Paula (2007) também aborda esta questão das mudanças físicas nas escolas inclusivas,
pois:
Uma escola inclusiva deve garantir, também, condições para que as crianças possam
se locomover em todos os ambientes, providenciando a construção de rampas ou
elevadores para o acesso, inclusive aos pisos superiores, de banheiros, adaptados para
acomodação de cadeiras de rodas, colocação de corrimãos, instalação de piso
antiderrapante, sinalização para os alunos com baixa visão e para os alunos surdos.
Assim todos os alunos terão condições de frequentar a totalidade das aulas. Devemos
lembrar que a Constituição de 1988 assegura igualdade de condições de acesso e
permanência no sistema educacional para todos. (p. 11)
Ao serem adaptados os ambientes fora da sala de aula, outro fator importante para a
criança com deficiência, é proporcionado o contato direto com o meio, promovendo a interação
com os demais alunos, pois na educação infantil, o aprendizado prevalece e se dissemina
quando os educandos interagem uns com os outros.
Neste nível de ensino, o estudante que possui a deficiência física ou intelectual pode
interagir com o outro sem discriminação ou exclusão, pois segundo Paula (2007, p. 9), “O
ingresso da criança na escola, na educação infantil (creche e pré-escola) é de fundamental
14249
importância, por todos os aspectos físicos, sociais, emocionais e psicológicos, etapa ótima do
desenvolvimento, que servirá de base para toda a sua vida futura”.
Esta ideia de interação e mediação, segundo Rego (1995) era defendida pelo teórico
Vygotsky como a proposição da socialização do indivíduo, no qual o autor aborda que a
aprendizagem atua como um resultado das relações estabelecidas por meio do contato com o
outro.
Vygotsky criou algumas hipóteses sobre esta aprendizagem, advinda da interação com
o próximo (REGO apud in VYGOTSKY, 1984).
Partindo destes pressupostos apresentados por Rego (1995), Vygotsky analisava o
indivíduo como um ser ativo que pode, através da relação com a sociedade e o meio, se
transformar e mudar também o meio no qual vive. Além de possuir uma bagagem cultural e
social, o sujeito vive em constante aprendizado, visto que esta mediação feita com o ambiente
trata-se da interação social.
Assim, o teórico aborda a questão da análise psicológica, na qual o indivíduo conserva
as características básicas dos processos psicológicos, exclusivamente humanos.
Dessa maneira, segundo Facion (2009), pode-se afirmar que o processo de inclusão
possui caráter sócio interacionista, o qual aborda a essência do estudante sob a mediação que é
feita juntamente com a interação no meio e com os outros.
A socialização e interação, citada por Rego (1995), só acontecerá a partir do momento
que for estabelecida uma relação dos pais com a escola, no intuito de melhorar o bem estar e a
qualidade do ensino da criança inclusa.
Isso tudo é possível, pois deixa claro que a inclusão é um processo, ou seja, não
teremos um retorno imediato ou preciso, ela é feita progressivamente no cotidiano da criança.
[...] a inserção pura e simples das pessoas com necessidades educativas especiais, sem
que haja nenhuma adaptação específica do contexto para o desempenho de tais
atividades, utilizando-se, para isso, somente recursos previamente disponíveis.
(GUERBERT, 2010, p. 32)
E a escola é uma instituição de ensino que, segundo Szymanski (2010, p. 99) tem como
“obrigação de ensinar (bem) conteúdos específicos de áreas do saber, escolhidos como sendo
fundamentais para a instrução de novas gerações”.
Segundo Pereira (2004, p.17) “Cabe à escola, cada vez mais, interagir com a família e
a sociedade, com projetos que resgatem o valor humano de cada um, de cada aluno. É na
vivência com o outro ser humano que a criança se permitirá avaliar seus conhecimentos.”.
A autora Paula (2007) também aponta a família como sujeito responsável pela
socialização imediata do sujeito, pois em casa que se estabelece os primeiros contatos de
interação com o outro e convívio social.
Enfatiza a autora que “É na família que aprendemos a nos relacionar com os outros.
Portanto, a construção dessa sociedade inclusiva começa nas famílias. Os pais e as próprias
pessoas com deficiência são seus principais agentes.” (PAULA, 2007, p. 7)
14252
A família é a chave para uma formação bem sucedida do estudante e a escola é o local
onde ele vai ampliar seus conhecimentos técnicos e práticos, desenvolvendo também suas
habilidades e capacidades conforme seu desempenho global.
Segundo Szymansky (2010, p. 98):
Considerações Finais
Esta questão é um tanto quanto intrínseca, pois além de precisar de amparo profissional,
a inclusão escolar abrange uma participação conjunta de pais e escola, uma vez que são
instituições responsáveis pela formação integral do indivíduo.
Por maior ensejo que exista na parceria entre a escola e a família, nem sempre esses
atores estão em envolvimento direto no atendimento os educandos/filhos, delegando a
responsabilidade para o outro e não participando ativamente do processo.
Portanto, é sabido que cada um tem o seu papel para consolidar a aprendizagem dos
educandos, mas nem sempre é isso que acontece. Esperava dessa relação uma real parceria,
onde os pais e a escola seriam elementos conectivos, mobilizando-se para a aprendizagem dos
educandos.
Em suma, não se trata mais de um tabu, no qual não se admite aceitar a convivência de
educando com necessidades especiais junto com os demais educandos, ou ainda privá-los de
direitos e deveres já conquistados.
A inclusão é uma realidade presente e viva, na qual me inspira para concluir este
trabalho, além de agregar e complementar ainda mais meus conhecimentos sobre como deve
ocorrer à verdadeira inclusão, mediante a participação da família correlacionada com a escola.
REFERÊNCIAS
ARANTES. Valéria Amorim (Org). MANTOAN, Maria Tereza Eglér. PRIETO. Rosangêla
Gavioli. Inclusão escolar: pontos e contrapontos. São Paulo: Summus, 2006.
FACION, José Raimundo. Inclusão Escolar e suas implicações. Curitiba: Ibpex, 2009.
MANTOAN, Maria Teresa Égler. O desafio das diferenças nas escolas. Petrópolis: Vozes,
2008.
PAULA, Ana Rita de. COSTA, Carmem Martini. A hora e a vez da família em uma sociedade
inclusiva. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2007.
PEREIRA. Esther Cristina. Escola e família: uma parceria que dá certo. Curitiba: E. C.
Pereira, 2004.
UWE, Flick. Uma introdução a pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Bookman, 2004.