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LABORATÓRIO DE

ATIVIDADES I
PROF.A MA. LETÍCIA ANDRIOLLI BORTOLAI
REITORIA:
Dr. Roberto Cezar de Oliveira
PRÓ-REITORIA:
Prof a . Ma. Gisele Colombari Gomes
DIRETORIA DE ENSINO:
Prof a . Dra. Gisele Caroline Novakowski
EQUIPE DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS:
Diagramação
Revisão textual
Produção audiovisual
Gestão

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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

01
DISCIPLINA:
LABORATÓRIO DE ATIVIDADES I

CONCEITO DE ATIVIDADE
PROF.A MA. LETÍCIA ANDRIOLLI BORTOLAI

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................................. 4
1. DEFINIÇÃO DOS TERMOS...................................................................................................................................... 5
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................................................................... 8

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INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) aluno(a)!


Nesta disciplina, iremos discutir e compreender, de forma inicial, um dos conceitos que
consideramos o alicerce da Terapia Ocupacional, sua forma de aplicação e nos aprofundar nas
diversas possibilidades em que o uso de atividades contribui à prática profissional.
Para isso, primeiramente, é necessário que sejamos capazes de entender a definição
dos conceitos e os referenciais teóricos que permeiam nossa prática. Para além das palavras,
precisamos ter consciência do que exatamente estamos falando e qual o propósito de tudo aquilo
que fazemos, dizemos e observamos. Somente assim estaremos desenvolvendo uma prática com
embasamento científico, teórico e metodológico.
Quando falamos em atividade, devemos pensar no sujeito em ação, dessa forma,
é indispensável desenvolver um conhecimento amplo, que só se torna possível por meio das
vivências e experimentações, uma vez que os interesses e contextos de intervenção profissional
serão variados. São essas premissas que trabalharemos a seguir.

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1. DEFINIÇÃO DOS TERMOS


Quando pensamos no termo “atividade”, ele automaticamente nos remete à ideia de
pessoas em ação, realizando, observando, fazendo coisas. Existem vários conceitos na literatura
que tentam definir o fazer humano. Quando buscamos no dicionário a palavra “atividade”,
encontramos a seguinte definição:

substantivo feminino - desenvolvimento normal de alguma coisa; ocupação de


uma pessoa; capacidade de agir, para se movimentar, para realizar alguma coisa;
ação; vivacidade e energia na ação; movimentação; conjunto das manifestações
psicomotoras de um sujeito, consideradas sob o ângulo da capacidade, da
cadência e da eficácia (ATIVIDADE, 2023).

O ser humano possui uma necessidade inata de ocupar, criar, arrumar, trocar, construir,
aprender, ensinar e mudar, tudo conforme a necessidade da situação, dos gostos e desejos,
entre diversas outras coisas. As pessoas estão o tempo todo realizando algum tipo de atividade
e atribuindo a elas um sentido ou significado. Seja qual for a razão que os leva a realizarem
tais atividades (sejam elas relacionadas aos contextos de trabalho, rotina, lazer, entre outras), há
sempre uma ocupação (SILVA, 2007).

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Figura 1 – Chuva de palavras relacionadas ao termo “atividade”. Fonte: A autora.

O vídeo a seguir apresenta a música Construção, do cantor Chico


Buarque. Essa indicação torna-se interessante, pois a canção
narra o cotidiano de um homem trabalhador, com a descrição das
atividades e ocupações presentes em um dia comum. Observe se
você consegue identificá-las e nomeá-las.

Assista em https://www.youtube.com/watch?v=cMwmBfEtiq0.

Dentro da prática da Terapia Ocupacional, o que observamos, de forma recorrente, é que


alguns conceitos levam à reflexão de que atividade e ocupação são sinônimos e que o conceito de
tarefa integra parte da atividade, como algo mais abrangente.
No geral, a utilização do termo “ocupação” está relacionada a situações rotineiras e
familiares, em que as pessoas se envolvem e que fazem ao longo de suas vidas para preencher
seu tempo e lhes trazer algum tipo de significado. Envolve habilidade mental, dimensão física,

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contexto temporal, psíquico, social, simbólico, cultural, entre tantos outros. Costumam refletir
características únicas do sujeito. Normalmente, as ocupações estão inseridas em um contexto
de trabalho, lazer ou cuidado pessoal. Dessa forma, o termo “ocupação” é indicado quando se
quer envolver todo o esforço produtivo humano para além do desempenho (FRANCISCO, 2009;
SILVA, 2007).
O termo “tarefa” pode ser compreendido como uma ação mais detalhada e específica,
dividida entre as habilidades motoras, cognitivas, perceptivas e interativas. É possível, a partir de
uma tarefa, atingir um objetivo terapêutico ou analisar os déficits de desempenho (SILVA, 2007).
Os sujeitos se envolvem em atividades como parte de sua ocupação. Terapeuticamente, a
atividade é utilizada para avaliar, facilitar, reabilitar ou manter habilidades para serem envolvidas
nas ocupações. A ocupação dá o significado do fazer humano, e terapeutas ocupacionais têm
como referência a avaliação dos indivíduos em suas ocupações e atividades.

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Figura 2 – Intersecção dos termos apresentados. Fonte: A autora.

Assim, a aplicação de atividade como recurso terapêutico é a ferramenta básica da prática


do terapeuta ocupacional, visto que, por meio dela, pode-se tanto avaliar quanto intervir.

No Brasil, temos que, historicamente, a terapia ocupacional utiliza o termo atividade


como constructo que compôs a fundamentação teórica e prática da profissão. Em
revisão na literatura nacional, realizada por Lima et al. (2013; 2011), detectou-se
que o termo “atividades” foi adotado em 91% dos estudos e o termo “ocupação”
apresentou-se em apenas 11% dos estudos analisados (FIGUEIREDO, M. O. et al.
2020). Sendo assim, podemos dizer que, de forma usual, o termo “atividade” é
praticamente unânime entre os profissionais.

Podemos dizer que o uso de atividades é algo exclusivo do terapeuta ocupacional?


Você, aluno(a), vai se deparar com esse questionamento diversas vezes, seja
durante a sua formação enquanto profissional, seja no campo de atuação. Muitos
autores e estudiosos da terapia ocupacional têm se debruçado para investigar
esse questionamento. Hoje, o que podemos dizer é que o uso de atividades não é
exclusivo do terapeuta ocupacional. Entretanto, a diferença deve estar na forma de
analisar, propor e realizar uma atividade durante o processo terapêutico. Sempre
deve ser levado em consideração o propósito do que está sendo proposto.

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Nesse sentido, torna-se evidente a necessidade de um conhecimento vasto e amplo dentro


do campo das atividades, uma vez que os contextos de intervenção são variados, bem como os
interesses e objetivos terapêuticos.
Quando pensamos em “Laboratório de Atividades”, nome da disciplina que estamos
aprendendo, trata-se da intenção de proporcionar aos alunos a oportunidade de experimentação
das atividades nas mais diversas maneiras e possibilidades, em um ambiente protegido/
colaborativo, que conotativamente chamamos de “laboratório”.
Por meio dessas realizações, é possível decodificar e identificar o jeito com que realizamos
as atividades, quais são as nossas reações, nossas habilidades e dificuldades, direcionando o olhar
e o pensamento para a observação das experiências a fim de que, em seguida, sejam ampliadas e
ressignificadas (LIMA, 2004; BENETTON, 2008).

Figura 3 – Fluxograma das etapas de uma atividade. Fonte: A autora.

A partir das vivências, experiências e reflexões, vai-se elaborando e refinando um


componente que corriqueiramente chamamos de “olhar do terapeuta ocupacional”.

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Para compreender melhor o processo de aprendizagem envolvido
nas disciplinas de “Laboratório de Atividades”, sugerimos a
leitura de:

LIBERMAN, F.; SAMEA, M.; ROSA, S. D. Laboratório de atividades


expressivas na formação do terapeuta ocupacional. Cadernos
Brasileiros de Terapia Ocupacional, v. 19, n. 1, 2011.

O material está disponível em https://www.cadernosdeterapiaocupacional.ufscar.


br/index.php/cadernos/article/view/423.

Assim como nos informa Lima (2004), o cotidiano é marcado por aquilo que vemos, e a
percepção visual não se trata apenas de uma ação fisiológica, mas também cultural e subjetiva,
uma vez que cada um vê e interpreta determinada situação a partir dos seus princípios e conceitos
pessoais.
Para construir um novo olhar, é necessária a criação de um processo de construção/
desconstrução, pois, para construirmos o que chamamos de “olhar do terapeuta ocupacional”, é
necessário estar disposto a desconstruir conceitos e princípios previamente adquiridos enquanto
senso comum, visto que a forma como pensamos, o modo de vida e o modo de como entendemos
o mundo afetam o modo como vemos e interpretamos os acontecimentos (LIMA, 2004).

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Para se aprofundar na discussão sobre o olhar do terapeuta


ocupacional, leia o seguinte artigo:

LIMA, E. M. F. A. A análise de atividade e a construção do olhar


do terapeuta ocupacional. Revista de Terapia Ocupacional da
Universidade de São Paulo, v. 15, n. 2, 2004.

Leia-o em https://www.revistas.usp.br/rto/article/view/13938/15756.

O profissional se construindo enquanto terapeuta ocupacional deve buscar nas cenas


mais comuns aquilo que há de mais inusitado, de novo, de diferente e de singular, construindo
um olhar atento a cada detalhe, sendo capaz de identificar o que cada atividade envolve e requer
de desempenho motor, perceptual, cognitivo e de aspectos psicodinâmicos.

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Figura 4 – Componentes do termo atividade. Fonte: A autora.

Posteriormente, também chamaremos esse “olhar” de análise de atividade e/ou raciocínio


clínico, conceitos que abordaremos nas unidades a seguir, bem como no decorrer das disciplinas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, vimos que alguns termos transitam nos saberes e práticas da profissão
do terapeuta ocupacional. Diversos estudos e diferentes autores corroboram que os termos
“atividade” e “ocupação” estão presentes nos diferentes campos e áreas de atuação e, na maioria
das vezes, observamos uma preferência pelo uso do termo “atividades”.
Consideramos que a sistematização dos termos e a apresentação dos seus conceitos e
significados favorecem o conhecimento dentro da profissão, contribuindo para evidenciar a
pluralidade de sua prática e das perspectivas teóricas e metodológicas da Terapia Ocupacional,
facilitando o processo de aprendizagem dentro dessa área.

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02
DISCIPLINA:
LABORATÓRIO DE ATIVIDADES I

TERAPIA OCUPACIONAL E ATIVIDADE


PROF.A MA. LETÍCIA ANDRIOLLI BORTOLAI

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................. 10
1. A TERAPIA OCUPACIONAL E O USO DA ATIVIDADE...........................................................................................11
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................................................................... 13

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INTRODUÇÃO

Após apresentarmos os principais conceitos em torno do termo “atividade”, evidenciando


o significado que o termo carrega, torna-se necessário aprofundarmos em como essa discussão
acontece dentro da terapia ocupacional, isto é, como esses conceitos estão sendo utilizados no
campo profissional, já que consideramos tais premissas como a essência da profissão.
Nesta unidade, vamos apresentar algumas definições da terapia ocupacional e a sua relação
com o uso e aplicação das atividades, direcionando-nos para a construção do conhecimento
teórico-prático enquanto futuros profissionais.
Será possível compreender a forte influência do uso da atividade dentro da terapia
ocupacional, que, por definição, compõe a identidade profissional. Ficará cada vez mais
evidenciada essa ligação se o aluno conseguir associar a trajetória histórica do surgimento da
profissão e os caminhos percorridos para a consolidação da Terapia Ocupacional nos dias atuais.

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1. A TERAPIA OCUPACIONAL E O USO DA ATIVIDADE


Fazendo uma retomada dos conceitos que definem a terapia ocupacional, iniciamos pelos
apontamentos da Federação Mundial dos Terapeutas Ocupacionais (WFOT – World Federation
of Occupacional Therapist), que define a terapia ocupacional como uma profissão da área da saúde
envolvida com a promoção de saúde e de bem-estar através da ocupação. O objetivo primário da
Terapia Ocupacional é:

(...) habilitar as pessoas a participar das atividades de vida diária. Este objetivo
é alcançado por meio do trabalho com pessoas e comunidades para aumentar
suas habilidades para o engajamento nas ocupações que elas querem, desejam ou
precisam participar (WFOT, 2012).

Essa intervenção é feita por meio da modificação das ocupações ou dos ambientes
para melhor apoiar a participação nas atividades. Os terapeutas ocupacionais acreditam que a
participação pode ser melhorada ou reduzida em decorrência das habilidades físicas, afetivas e
cognitivas, das características das ocupações ou do ambiente físico, social, cultural, atitudinal e
legislativo. Desse modo, a prática da Terapia Ocupacional é focada em habilitar os indivíduos a
modificar aspectos pessoais, da ocupação e/ou ambiente, visando a aumentar a sua participação

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ocupacional (WFOT, 2012).
De forma bem similar, temos a definição da Organização Mundial da Saúde (World
Health Organization - WHO), que coloca a Terapia Ocupacional como a profissão que promove
a saúde e o bem-estar por meio da ocupação, sendo o seu objetivo primário habilitar as pessoas
para a participação nas atividades da vida cotidiana.
Ainda na mesma direção, a Associação Americana de Terapia Ocupacional (American
Occupational Therapy Association - AOTA), em 2008, definiu a Terapia Ocupacional como o uso
terapêutico das atividades da vida diária (ocupação) com indivíduos ou grupos com o objetivo de
favorecer a participação em papéis e situações em casa, na escola, no trabalho, na comunidade e
em outros ambientes. A Terapia Ocupacional aborda os aspectos físicos, cognitivos, psicossociais
e sensoriais do desempenho em uma variedade de contextos para apoiar o engajamento nas
atividades de vida diária que afetam a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida.

Em 1994, em sua tese de Doutorado, Benetton definiu a Terapia Ocupacional


como a arte de aplicar conhecimentos científicos, empíricos e certas habilidades
específicas decorrentes do uso de atividades à criação de estruturas, dispositivos
e processos que são utilizados para converter recursos físicos, psicológicos e
sociais em formas adequadas à prevenção, manutenção e tratamento em saúde,
educação, na área social e demais correlatas (BENETTON, 1994).

Para entender com maior profundidade os fundamentos que são trazidos pela
AOTA, indicamos a leitura do livro:

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GOMES, D.; TEIXEIRA, L.; RIBEIRO. J. Enquadramento da Prática


da Terapia Ocupacional: Domínio & Processo. 4. ed. 2021. Versão
Portuguesa de Occupational Therapy Practice Framework: Domain
and Process 4th Edition (AOTA - 2020).
O material pode ser lido em https://www.researchgate.net/
publication/357242882_Enquadramento_da_Pratica_da_
TERAPIA_OCUPACIONAL_Dominio_Processo_4_Edicao.

O QUE INCLUI A PRÁTICA DA TERAPIA OCUPACIONAL?

• estabelecimento e restauração de habilidades que não foram desen-


volvidas ou encontram-se alteradas;
• compensação, modificação e adaptação da atividade ou do ambiente
para melhorar o desempenho;
Métodos e estratégias selecionadas • manutenção ou melhoria das capacidades sem as quais o desempenho
para o processo de intervenção das atividades da vida diária estaria reduzido;
• promoção da saúde e do bem-estar para habilitar ou melhorar o de-

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sempenho em atividades da vida diária;
• prevenção de barreiras para o desempenho, incluindo a prevenção de
deficiências.

Avaliação de fatores que afetem as • Fatores individuais


atividades da vida diária, ativida- o estruturas e funções corporais (neuromuscular, sensorial,
des instrumentais da vida diária, visual, perceptual, cognitiva);
atividades educacionais, de traba- o hábitos, rotinas, papéis e padrões de comportamentos;
lho, lúdicas, de lazer e participação o contexto cultural, físico, ambiental, social e espiritual;
social o demandas que afetam o desempenho de atividades.
• uso terapêutico de ocupações e atividades;
• treinamento do autocuidado, automanutenção, manutenção do lar,
reintegração na comunidade e no trabalho;
• desenvolvimento, tratamento e compensação de habilidades físicas,
Intervenções e procedimentos para
cognitivas, neuromusculares, sensoriais e comportamentais;
promover/aumentar a segurança
• educação e treinamento de indivíduos (família, cuidadores e outros);
e o desempenho em atividades da
• modificação de ambientes (casa, trabalho, escola e comunidade)
vida diária, atividades instrumen-
• adaptação do processo de realização das atividades;
tais da vida diária, atividades edu-
• avaliação, desenvolvimento, fabricação, aplicação, ajuste e treinamen-
cacionais, de trabalho, lúdicas, de
to em tecnologia assistiva, adaptações, órteses e treinamento no uso
lazer e participação social
de próteses;
• avaliação, recomendação e treinamento em técnicas para melhorar a
mobilidade funcional (incluindo o manuseio da cadeira de rodas) e a
mobilidade na comunidade (como a direção de veículos).
Quadro 1 – Questões práticas da terapia ocupacional apresentadas pela AOTA (2008). Fonte: AOTA (2008).

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Embora não seja nosso objetivo aqui apresentar todas as definições de terapia ocupacional
fornecidas por diferentes autores e órgãos representativos, as citações anteriormente apontadas
servem para ilustrar como a Terapia Ocupacional vem sendo atualmente conceituada e definida.
Apesar de identificarmos muitas semelhanças nos conceitos trazidos, ficam evidentes a pluralidade
e a diversidade das possíveis intervenções.
Os conceitos de Terapia Ocupacional, como é possível observar, incluem as atividades
humanas e cotidianas como instrumento da intervenção do terapeuta ocupacional, sendo
o objetivo dessa intervenção favorecer que os sujeitos desenvolvam habilidades e condições
cognitivas, motoras, afetivas e sociais para a realização de suas atividades e participação da vida
social.

O vídeo indicado traz, de forma bem didática e explicativa, a definição


da Terapia Ocupacional, com ênfase nos conceitos de ocupação e
atividade. Assista em https://www.youtube.com/watch?v=puX0_
SOly8c&t=56s.

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Portanto, podemos concluir que, na prática terapêutica ocupacional, é possível a criação
de diferentes situações, utilizando como instrumento o “fazer”, tanto para avaliar, manter ou
ampliar as condições do indivíduo. Cabe ao profissional oferecer, por meio do uso de atividades,
a oportunidade de desempenhar uma ação efetiva do sujeito. As atividades devem ter um
propósito, uma vez que auxiliam e são construídas a partir das habilidades e demandas do sujeito
central da abordagem (SILVA, 2007).

De forma geral, como podemos resumir o uso de atividades dentro da prática da


Terapia Ocupacional?

Benetton (2008) discorreu da seguinte maneira: “(...) com ATIVIDADES podemos


tratar, educar, ensinar, organizar, alterar o ambiente e incluir pessoas num sistema
que lhes permita integrações e interações”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final desta unidade, esperamos que você, aluno(a), já consiga identificar e associar, com
clareza, a importância e a indissociação que existe no uso teórico-prático da terapia ocupacional
com os princípios de atividades.
Deste momento em diante, consideramos que você está pronto(a) para iniciar, de
forma gradativa, a construção e a elaboração do seu raciocínio clínico, que, futuramente, será
a ferramenta que direcionará a sua prática, na proposta, realização e análise das atividades para
atingir aquilo que em breve chamaremos de objetivos terapêuticos.

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DISCIPLINA:
LABORATÓRIO DE ATIVIDADES I

RECURSOS TERAPÊUTICOS
PROF.A MA. LETÍCIA ANDRIOLLI BORTOLAI

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................. 15
1. O USO DE ATIVIDADES MANUAIS COMO RECURSO TERAPÊUTICO............................................................... 16
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................................................................... 24

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INTRODUÇÃO

Conforme as informações apresentadas nas unidades anteriores, ficou evidente a


importância do uso/aplicação das atividades na prática da Terapia Ocupacional, já que, por
meio dela, podemos tanto avaliar quanto intervir e, em muitos casos, a própria intervenção já se
constitui no processo avaliativo.
Nesta unidade, procuraremos expandir o repertório de atividades, nos diversos contextos,
bem como apreender como a proposta e a realização de atividades podem se caracterizar como
um recurso terapêutico e, para além disso, como definimos isso enquanto cerne da profissão.
Mais uma vez, será necessário que o aluno utilize os conhecimentos em torno da história
e consolidação da profissão para compreender como as atividades podem ser utilizadas de modo
que realmente sejam pautadas nos objetivos terapêuticos, para além da aplicação baseada em
“tratamento moral” ou preenchimento do tempo “ocioso”.

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1. O USO DE ATIVIDADES MANUAIS COMO RECURSO TERAPÊUTICO

Por que as atividades não podem ser apenas um recurso?

Porque um recurso pode ser abandonado, substituído ou mesmo excluído dos


procedimentos. Um recurso não caracteriza a terapia ocupacional. Portanto, as
atividades são consideradas o instrumento da Terapia Ocupacional (BENETTON,
2008).

A proposta do uso, aplicação e experimentação de atividades durante a formação do


profissional de terapia ocupacional é algo inquestionável. Tais propostas, dentro da disciplina
de “Laboratório de Atividades I”, utilizam-se dos mais variados recursos para promover a
oportunidade de o aluno se aproximar das experiências do seu próprio corpo, do corpo do outro
e do contato com os materiais.
A partir do fazer, do experimentar e de se relacionar com outros corpos/sujeitos, ficam

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evidentes traços, modos de funcionamento, ativação de pensamento, memórias e percepções,
resultado do encontro entre todos esses componentes. É a partir dessas sensações que o futuro
profissional começa a identificar as potencialidades da atividade. Ao propor vivências, reflexões
e oportunidades de contato, estamos atuando nas sensibilidades e incidindo em processos de
subjetivação, que podem ressoar em âmbitos individuais e coletivos, pessoais e profissionais
(LIBERMAN; SAMEA; ROSA, 2011).
A intenção é que sejam ofertados ao aluno subsídios e técnicas para o conhecimento
do campo das atividades e que ele possa articular a experiência do laboratório com possíveis
atuações com a população-alvo da terapia ocupacional. Trata-se de um momento voltado para
a experimentação, para o exercício da reflexão, para o desenvolvimento da criatividade, para se
entrar em contato consigo mesmo e para a realização de tarefas grupais e coletivas.
Contudo, não basta apenas a transmissão de técnicas relacionadas aos diferentes recursos
e atividades que são vivenciadas durante as experimentações. É fundamental que o aluno exercite
o que chamamos de raciocínio clínico, ou seja, saber problematizar, fazer as perguntas adequadas
e necessárias para que tenha condições, em sua prática profissional, de estabelecer objetivos
e processos, ações e avaliações condizentes com cada contexto de atuação prática (LIBERMAN;
SAMEA; ROSA, 2011).
Nessa direção, ao ser proposta aos alunos a realização de atividades, é indispensável
que eles sejam provocados a notar os diferentes efeitos produzidos em cada experimentação,
considerando a condição que cada um tem de aprender, de acordo com a sua fase de
desenvolvimento, com seu repertório, disposição, conhecimentos anteriores, entre outras
inúmeras variáveis.

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Diante do apresentado, considerando a


potencialidade do uso de atividade, sugerimos que
você assista ao filme Colcha de Retalhos. O filme
conta a história de uma jovem que tem que decidir
se aceita o casamento proposto pelo namorado,
ao mesmo tempo em que termina sua tese. Para
isso, ela se refugia na casa da avó, cujo grupo de
amigas se reúne para fazer colchas de retalhos e
contar histórias. Nas cenas, você poderá perceber
de que forma a realização de atividades, inclusive
em grupos, facilita processos e favorece diferentes
expressões, sentimentos, memórias e lembranças.

Fonte: Mercado Livre (2023).

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Para elucidar ainda mais a imensa variedade das atividades, vamos apresentar algumas
possibilidades neste vasto campo. Nesta disciplina, o foco será nas atividades manuais e artesanais.
A seguir, apresentamos alguns exemplos de recursos.

- Costura na máquina

Figura 1 – Costura na máquina. Fonte: G1 (2023).

- Costura artesanal

Figura 2 – Costura artesanal. Fonte: A autora.

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- Cartonagem

Figura 3 – Cartonagem. Fonte: Freepik (2023a).

- Bordados

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Figura 4 – Bordados. Fonte: A autora.

- Uso de massinhas

Figura 5 – Uso de massinhas. Fonte: Freepik (2023k).

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- Cerâmica

Figura 6 – Cerâmica. Fonte: Freepik (2023b).

- Macramês

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Figura 7 – Macramês. Fonte: Freepik (2023e).

- Tricô

Figura 8 – Tricô. Fonte: Freepik (2023j).

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- Crochê

Figura 9 – Crochê. Fonte: Freepik (2023c).

- Dobraduras / Origamis

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Figura 10 – Origamis. Fonte: Freepik (2023g).

- Pintura em telas ou tecidos

Figura 11 – Pintura em tela. Fonte: Freepik (2023h).

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- Atividades de colorir

Figura 12 – Atividade de colorir. Fonte: Hopping In (2018).

- Desenhar

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Figura 13 – Desenhar. Fonte: Freepik (2023d).

- Criar objetos com recicláveis

Figura 14 – Objetos com recicláveis. Fonte: Freepik (2023f).

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- Produção de sabonetes e cosméticos

Figura 15 – Produção de sabonete. Fonte: Freepik (2023i).

- Mosaicos

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Figura 16 – Mosaico. Fonte: Margot (2023).

Durante a realização das atividades, diversas sensações, sentimentos e formas de expressão


podem emergir. Você, enquanto futuro(a) terapeuta ocupacional, deve se propor a manter uma
observação ativa, bem como uma escuta refinada a tudo o que é dito e expressado durante o
processo do fazer. Para apurar e aguçar o exercício de saber ouvir, sugerimos a leitura do texto a
seguir.

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ESCUTATÓRIA – RUBEM ALVES

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutató-


ria. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em
oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular. Escutar é
complicado e sutil. Diz Alberto Caeiro que “não é bastante não ser cego para ver as ár-
vores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma”. Filosofia é um monte de
idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Para se ver, é preciso que a cabeça
esteja vazia. Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que
é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da alma”. Daí a dificuldade: a gente
não aguenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o
que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse
digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a
gente tem a dizer, que é muito melhor.Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação
mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos.
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado
pela revolução de 64. Contou-me de sua experiência com os índios. Reunidos os par-
ticipantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar

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o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, abrindo vazios de silêncio,
expulsando todas as ideias estranhas). Todos em silêncio, à espera do pensamento
essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo
silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus
pensamentos, pensamentos que ele julgava essenciais. São-me estranhos. É preciso
tempo para entender o que o outro falou. Se eu falar logo a seguir, são duas as pos-
sibilidades. Primeira: “Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o
que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você
terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado”. Segunda: “Ouvi o que
você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É
coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou”. Em am-
bos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada. O longo
silêncio quer dizer: “Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou”.
E assim vai a reunião. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência
de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas
que não ouvia. Eu comecei a ouvir. Fernando Pessoa conhecia a experiência e se re-
feria a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras.
A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar –
quem faz mergulho sabe – a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres
dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia,
que de tão linda nos faz chorar. Para mim, Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio.
Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também. Comunhão é
quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.
Quadro 1 - Texto de Rubem Alves. Fonte: UFPR (2023).

É de extrema importância que o terapeuta ocupacional tenha em sua formação um vasto


conhecimento em fazer atividades; em observar o indivíduo enquanto ele faz a atividade; em ser
ativo e se colocar na relação terapêutica. Um terapeuta ocupacional ativo é aquele que possibilita
que os desejos do individuo sejam sustentados, mas, em muitos momentos, ele também precisa
ser ativo para auxiliar nessa criação do desejo – que pode ocorrer por meio das experimentações
(MORAES, 2008).

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

A observação do terapeuta na dinâmica de realização de atividades é um


instrumento precioso de intervenção.

É a partir do ato de observar que o terapeuta ocupacional pode auxiliar o sujeito


na construção de associações e ligações entre o pensar e o fazer, entre o estar e o
ser. Dessa forma, é possível construir narrativas que objetivem uma mudança no
papel de paciente para alguém ativo, que faz e que se coloca no mundo pelo que
produz, e não pelo que não realiza – incapacidade (MORAES, 2008).

Sugerimos a leitura de:

BENETTON, M. J. Atividades: tudo o que você quis saber e ninguém respondeu.

LABORATÓRIO DE ATIVIDADES I | UNIDADE 3


Revista CETO, São Paulo, v. 11, n. 11, p. 26-29, 2008.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta parte da disciplina, esperamos que o seu repertório acerca do conceito e do uso
de atividades já esteja se construindo, promovendo uma mudança daquilo que consideramos
atividade no senso comum para a concepção que um terapeuta ocupacional deve possuir.
A ampliação, realização e experimentação das atividades vão moldando e concretizando as
propostas aqui apresentadas em torno do que já definimos como olhar do terapeuta ocupacional.
A partir de agora, vamos instrumentalizar, com maior profundidade, essa análise, conhecendo e
elaborando o direcionamento das nossas percepções.

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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

04
DISCIPLINA:
LABORATÓRIO DE ATIVIDADES I

ANÁLISE DE ATIVIDADE
PROF.A MA. LETÍCIA ANDRIOLLI BORTOLAI

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................. 26
1. O USO DA ANÁLISE DE ATIVIDADE NA TERAPIA OCUPACIONAL.................................................................... 27
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................................................................... 41

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO

Nas unidades anteriores, refletimos sobre alguns tópicos acerca dos processos de atividade
e a terapia ocupacional. Aquilo que anteriormente chamamos de “olhar do terapeuta ocupacional”
pode ser substituído pelo processo de análise da atividade. Já entendemos a importância da
aplicação/realização das atividades para a profissão; por isso, a análise da atividade se torna um
processo indispensável na construção do raciocínio clínico da nossa abordagem.
Apresentaremos novos conceitos, possibilidades e caminhos para que a realização da
análise da atividade seja instrumentalizada, a partir de um viés teórico-metodológico, para
embasamento da prática da terapia ocupacional nos mais variados campos e contextos.

LABORATÓRIO DE ATIVIDADES I | UNIDADE 4

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1. O USO DA ANÁLISE DE ATIVIDADE NA TERAPIA OCUPACIONAL


A análise da atividade não é somente a identificação das etapas que compõem uma
atividade, mas de quais efeitos são ocasionados ao indivíduo ao executar tal atividade. Não
se analisa apenas a habilidade, mas também os hábitos, os papéis que são desempenhados, a
motivação da ação, o comportamento e a interação com o contexto. A análise da atividade não
envolve apenas o processo de realização da atividade, mas de como foi realizada desde o momento
da escolha, da preparação, o planejamento da atividade e os resultados que ela proporcionou
(SILVA, 2007).

POR QUE É NECESSÁRIO REALIZAR A ANÁLISE DE ATIVIDADE?

• Avaliar como o sujeito realiza;


• Desenvolver habilidades, após dividi-las entre tarefas e subtarefas;
• Analisar quais aspectos precisam ser adaptados e como é necessário fazer;
• Graduar a fim de promover a evolução do tratamento.

Quadro 1 – Análise da atividade. Fonte: A autora.

LABORATÓRIO DE ATIVIDADES I | UNIDADE 4


O objetivo da análise da atividade inserida na ocupação é compreender a natureza da
participação e do desempenho ocupacional do sujeito, e qual o significado dessa ação para ele.
Para isso, é necessário avaliar a atividade e seus processos, a participação e o desempenho (SILVA,
2007).

Uma simples brincadeira pode ser analisada quando se observa a criança, como
ela soluciona os problemas, resolve os desafios, organiza e estrutura as etapas
da brincadeira, pega e explora os brinquedos, as texturas. Tudo isso constitui os
aspectos da análise da atividade/olhar do terapeuta ocupacional.

O QUE O PROCESSO DE ANÁLISE DE ATIVIDADE PODE PROPORCIONAR AO TERAPEUTA


OCUPACIONAL?

• Aprofundar o conhecimento da atividade para que seja possível adaptar, simplificar ou tornar mais
complexa;
• Oferecer dados para definir os equipamentos necessários, as ajudas necessárias, o tipo de material a
ser utilizado, o custo, o tempo de execução e o espaço indicado;
• Gerar domínio sobre o uso da atividade para que seja possível indicar quando a atividade é adequada,
para quem é adequada, em qual momento e, principalmente, em qual circunstância é considerada
como terapêutica.
• Mensurar a evolução do desempenho do sujeito durante a execução da atividade, indicando melhora
na destreza, coordenação, força, dificuldade, envolvimento, entre outros.

Quadro 2 - Benefícios da análise de atividade. Fonte: A autora.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

A escolha de uma atividade terapêutica, seja ela feita pelo terapeuta ou pelo sujeito,
requer um consenso entre a necessidade e o interesse do indivíduo, o repertório de atividades do
terapeuta e as exigências do modelo a ser adotado ou da abordagem que o terapeuta ocupacional
escolheu para embasar sua prática (SILVA, 2007).

Aqui, novamente, vemos a importância da prática e experimentação de atividades


pelo terapeuta ocupacional para ampliar o repertório de atividades. Uma sugestão,
neste caso, é que você, enquanto estudante, já construa um caderno/catálogo
com a descrição das atividades vivenciadas. Isso facilita e garante a construção
do seu repertório, além de estimular o olhar/análise da atividade durante a prática.

Não são todas as atividades que irão contemplar o interesse de todos, entretanto, é
fundamental que a atividade selecionada desperte o interesse do sujeito, somado pela motivação
e mobilizado pelo vínculo terapêutico. Em muitos casos, essa motivação está diretamente
relacionada com o grau de envolvimento do indivíduo com seu processo de saúde/adoecimento,
compreensão das suas necessidades e das relações que se estabelecem com os diferentes

LABORATÓRIO DE ATIVIDADES I | UNIDADE 4


contextos da vida. Mesmo que nunca tenha desempenhado determinada atividade, é possível
que seja despertado um interesse. Cabe aos terapeutas ocupacionais oferecer, dentro do contexto
do sujeito e da necessidade daquela situação, o que de fato é importante para se atingirem os
objetivos terapêuticos (SILVA, 2007).

QUAIS RAZÕES DIRECIONAM A ESCOLHA DAS ATIVIDADES?

• Estar voltada a um objetivo específico;


• Ser significativa para o sujeito;
• Proporcionar o envolvimento do sujeito, desde a preparação e planejamento até a exe-
cução;
• Manter/ampliar o desempenho funcional do sujeito;
• Prevenir futuras incapacidades;
• Melhorar a qualidade de vida;
• Motivar o sujeito;
• Contemplar os contextos em que o sujeito está inserido (idade, gênero, situação social,
emocional etc.).

Quadro 3 – A escolha das atividades. Fonte: A autora.

É interessante que o profissional esteja apto para oferecer diferentes opções para o sujeito,
opções essas que são igualmente efetivas para se alcançar o referido objetivo terapêutico. Dentro
das possibilidades, pode-se proporcionar que o indivíduo seja capaz de escolher as atividades de
seu interesse.
Muitas vezes, são necessárias várias sessões de atendimento para se indicar a proposta
de atividade, porém, esse ato de planejamento já deve estar previsto como parte do processo
terapêutico. As atividades propostas devem estar dentro do contexto social, cultural, educacional,
etário e de gênero do sujeito.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Vale ressaltar que existe uma diferença entre a demanda da atividade, isto é, aquilo que é
necessário para realizá-la, e a forma como ela pode ser desempenhada. O sujeito é um ser único e,
assim, tem um fazer que só pertence a ele. É preciso levar em consideração que não há uma única
forma de se realizarem as mais diversas atividades; portanto, a melhor forma de realizá-las não é
igual para todos que são alvos da intervenção. O que queremos dizer é que, ao propormos uma
mesma atividade para diferentes sujeitos, teremos diferentes modos de se executar, que não serão
necessariamente considerados como “errados”. Todos levarão a um resultado que condiz com os
objetivos estabelecidos (SILVA, 2007).
No processo avaliativo, a análise da atividade permite ao terapeuta ocupacional conhecer
as maneiras de desempenho do sujeito e iniciar o processo de intervenção, baseando-se nos
aspectos que foram apontados na avaliação como sendo os principais objetivos, a depender das
dificuldades identificadas.
O processo de análise da atividade pode ser realizado por meio de uma observação
rigorosa e da utilização de diferentes conceitos das mais diversas áreas, entre elas, anatomia,
fisiologia, biomecânica, sociológicas, teorias de aprendizagem e das interações sociais, entre
outras (SILVA, 2007).
É comum que haja uma certa estrutura para a análise, que vai depender do modelo/
abordagem a ser utilizado(a). Essa escolha vai depender da área de atuação do profissional, dos
marcos teórico-metodológicos em que se baseiam as abordagens, das preferências pessoais do

LABORATÓRIO DE ATIVIDADES I | UNIDADE 4


terapeuta e, principalmente, da demanda do sujeito.
A atividade sempre estará inserida em um contexto de diversas dimensões, por exemplo,
habilidades físicas, mentais, cognitivas, perceptuais, emocionais, entre outras. Todas as análises
serão, portanto, multifacetadas, e cada sujeito possui uma demanda e habilidades diversificadas.
Reconhecer e diferenciar essas características é a intervenção fundamental do terapeuta
ocupacional (SILVA, 2007).
Para que seja possível desfrutar dessa gama de conhecimentos advindos do uso da
atividade, é necessário que o terapeuta ocupacional se aprofunde nos diferentes aspectos que
possibilitem identificar, analisar e, se necessário, adaptar a atividade aplicada ao processo
terapêutico.
Portanto, estudar e analisar qualquer atividade é um elemento indispensável para a
prática da terapia ocupacional. É por meio dessas informações que o profissional poderá motivar
e/ou induzir o sujeito a organizar sua rotina, exercer seus papéis ocupacionais, conhecer o
desempenho neuromotor, identificar sua capacidade de solucionar problemas e seu potencial de
aprendizagem, entre outros (SILVA, 2007).

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QUAIS HABILIDADES SÃO ESPERADAS DO TERAPEUTA OCUPACIONAL NO PROCESSO DE


ANÁLISE DA ATIVIDADE?

• Compreender as qualidades intrínsecas encontradas na atividade proposta e seu impacto no su-


jeito ao desempenhá-la;
• Descrever a atividade, separando as ações a serem executadas e as correspondentes tarefas;
• Analisar as habilidades motoras necessárias para executá-la;
• Elencar os aspectos físicos, psicológicos e ambientais necessários para desempenhar a atividade,
incluindo cuidados e possíveis “contraindicações”;
• Pensar em formas alternativas para executá-la, adaptando e/ou modificando as etapas, materiais,
equipamentos e/ou ambientes;
• Selecionar atividades que contemplem as necessidades do sujeito, mas que também tenham rela-
ção com sua história de vida, interesse pessoal e contexto em que está inserido;
• Propor objetivos terapêuticos a serem alcançados durante a intervenção;
• Elencar quais aspectos serão avaliados durante a realização da atividade.
Quadro 4 – Habilidades esperadas. Fonte: A autora.

Na literatura, são encontrados alguns roteiros padronizados para a análise de

LABORATÓRIO DE ATIVIDADES I | UNIDADE 4


atividades, que foram aprimorados pelas múltiplas características e etapas que compõem o
espectro das atividades. A descrição dessas propostas tem como objetivo ampliar e refinar a visão
do profissional, além de expor as diferentes possibilidades de olhar para uma mesma atividade,
com diferentes objetivos terapêuticos. Ora se podem focar aspectos motores e biomecânicos, ora
questões do âmbito emocional e relacional. Daí a importância do estabelecimento de objetivos
durante a intervenção.

Considerando a importância da análise da atividade para a atuação do terapeuta


ocupacional, indicamos a seguinte leitura:

SILVA, S. N. P. Análise da Atividade. In: CAVALCANTI, A.; GALVÃO, C. Terapia


Ocupacional: Fundamentação & Prática. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2007.

Como exemplo desses modelos, a AOTA propõe a seguinte forma de análise:

OBSERVAÇÃO E ANÁLISE DO DESEMPENHO


de acordo com a AOTA

1 - Descrever a atividade;

2- Descrever a faixa etária apta para realizar a tarefa de acordo com o desenvolvimento neurop-
sicomotor (DNPM) e com o significado sociocultural;
3 - Descrever o espaço físico em que a atividade será aplicada, o ambiente social, quantas pessoas
estarão presentes, seu papel na atividade, o comportamento esperado nesse contexto e o aspecto cultural.
Toda atividade traz em si vários significados e interpretações intrínsecos, e o terapeuta ocupacional, ao
trabalhar com o cliente, vai observar que essa variedade de significados aumenta;

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

4 – Fazer uma lista de materiais e equipamentos necessários;

5 - Descrever os riscos inerentes à atividade: o uso de tesoura quando se trata de criança, uso de
calor ou frio quando o cliente tem alteração da sensibilidade;

6 - Descrever os passos da atividade, desde a preparação até a limpeza;

7 – Identificar quais são os aspectos mais e menos importantes necessários para realizar essa
atividade nos campos sensório-motor, cognitivo e psicossocial;

8 – Graduação e adaptação da atividade.

Quadro 5 – Análise de Desempenho. Fonte: AOTA (2008).

Para a AOTA, os aspectos mencionados no item 7 (do Quadro 5) são estruturados da


seguinte maneira:

ASPECTOS SENSÓRIO-MOTOR, COGNITIVO E PSICOSSOCIAL


definidos pela AOTA

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Sensório-motor • Sensorial: reconhecimento e interpretação do
estímulo. Ser capaz de enxergar, ouvir, provar, cheirar,
é a habilidade de receber estímulos, pro- tocar, se movimentar, ter equilibrio, propriocepção. É
cessar a informação e produzir respostas necessário pensar na atividade que está sendo realizada
no momento; quais sentidos são necessários para realizá-
-la, ou ainda que partes da atividade requerem enxergar,
ouvir, sentir;
• Perceptual: perceber o mundo ao redor. Reco-
nhecer e interpretar o estímulo sensorial envolve: este-
reognosia, cinestesia, presença de dor, esquema corporal,
lateralidade, reconhecer formas e objetos, localização es-
pacial, noção de figura e fundo, percepção de profundi-
dade, relação espacial dos objetos, orientação topográfi-
ca. É preciso refletir se a atividade proposta vai fazer com
que o cliente tenha que prestar atenção nesses aspectos.
• Neuro-músculo-esquelético: aspectos biomecâ-
nicos do movimento: presença de reflexo; como
é o reflexo; se é imediatamente após o estímulo
ou não; amplitude de movimento: passiva, ativa
e assistida, total ou parcial; tônus; grau de força
necessária; resistência muscular; controle postu-
ral, equilíbrio estático e dinâmico; alinhamento
postural necessário para manter a postura; inte-
gridade da pele;
• Motor: aspecto que dá qualidade ao movimento,
à coordenação grossa e fina, à lateralidade, à destreza, à
coordenação, ao controle orofaríngeo.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

• Processo intelectual que capacita a pessoa a ter


atenção à tarefa e resolver os problemas;
• Capacidade de responder a estímulo, orientação, re-
conhecimento de pessoas, lugares, tempo, situação e
objetos;
Cognitivo
• Capacidade de iniciar uma ação, se organizar nela,
lembrar dos passos necessários, saber quando ela ter-
é a habilidade de usar as funções do
mina e não a repetir quando é desnecessário;
córtex
• Memória: recente e remota;
• Reconhecer problemas, identificar planos para resol-
vê-los, selecionar o mais adequado, implementar e re-
solver o problema;
• Capacidade de aprendizado.

Psicossocial

Motivação, comportamento, valores, in-
é a habilidade de interagir com a socieda- teresses, autoestima;

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de e processar as emoções. São aspectos • Social: quais aspectos sociais são necessários e
individualizados, dependem do contexto esperados para preencher os papéis e viver em sociedade
cultural, dos valores e crenças, servem dentro daquela cultura, conduta social (se é adequada ou
para pensar os significados possíveis que não àquela situação), como falar, entrar na conversa, expor
podem ser encontrados nessa atividade, sua opinião e aceitar outras opiniões;
mesmo sem o cliente nela. • Autogestão: como gerir a vida, o tempo, as metas,
obrigações, como controlar a situação de estresse, angústia,
raiva, nervosismo, se é apropriado para a idade e para a
situação desencadeante.

Quadro 6 – Definições da AOTA. Fonte: AOTA (2008).

Em seguida, temos o “Roteiro de Análise da Atividade” e a “Análise Geral da Atividade”,


propostos por Francisco (2009).

ROTEIRO DE ANÁLISE DA ATIVIDADE

Título (Nome do projeto)

• Tipo específico, mesa, banca, serra, aviamentos etc.


• Peso (leve, pesado, regular)
• Dimensões (tamanho e forma)
Material e equipamentos emprega-
• Mobilidade (fixo, portátil)
dos
• Qualidades físicas (textura, resistência, cheiro etc.)
• Custo (viabilidade de aquisição)
• Possibilidades de adaptações e reaproveitamento
• Descrição das etapas do trabalho
Procedimento • Tempo de execução

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• ASPECTOS FÍSICOS
o Movimentos executados – os mais constantes
o Articulações e músculos envolvidos
o Amplitude
(ampla, média ou pequena)
o Distribuições dos movimentos (bilaterais)
o Dominância: lateral, superior, inferior, mista
o Postura (frequência, variabilidade)

• ASPECTOS PSICOFÍSICOS
o Coordenação motora
 Grossa
(envolve grandes movimentos)
 Fina
(envolve pequenos movimentos)
o Coordenação olho-mão
(visual motora)
o Tátil

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(cinestésico, berestésico, palestésico, termo dolorosa,
Ações realizadas pelo sujeito discriminativa e grosseira)
o Visual
o Discriminação
 Olfativa
 Gustativa
 Auditiva
o Noções espaço-temporais
 Dentro
 Fora
 Antes
 Depois
 Em cima
 Embaixo
o Medidas: tamanho, quantidades
o Forma
o Cor
o Esquema corporal
o Lateralidade

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

• ASPECTOS PSÍQUICOS

o tenção/concentração
o Interesse (motivação)
 Intrínseco
(prazer na atividade em si)
 Extrínseco
(conquista de algo decorrente da atividade)
o Resistência
o Memória
 imediata
 passada
o Criatividade
o Imaginação
o Flexibilidade
o Desprendimento
o Originalidade
o Adequação

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o Persistência
Ações realizadas pelo sujeito o Iniciativa
o Autoconhecimento
(seus potenciais e limitações)
o Autovalorização
(aceitação e segurança)
o Emoções
(regressão, agressão, hostilidade, alegria, afeto)
o Organização

• ASPECTOS SOCIAIS
o Inter-relacionamento
 Individual (com própria atividade, com o tera-
peuta)
 Em conjunto (trabalhos individuais ao lado)
 Em grupo (o mesmo trabalho feito por todos os
elementos)
o Aproximação com a realidade
 Prático (funcional)
o Engajamento na vida socioeconômica e cultural

Quadro 7 – Roteiro de Análise da Atividade. Fonte: Francisco (2009).

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

ANÁLISE GERAL DA ATIVIDADE

Título

Material e equipamentos

• Peso (leve, pesado, médio)


• Dimensão (grande, pequeno)
• Mobilidade (fixo, portátil)
• Textura (fina, grossa)
• Resistência (frágil, forte, média)
Análise do material • Cheiro (forte, fraco, médio)
• Custo (alto, baixo, médio)
• Possibilidade de adaptação (sim, não)
• reaproveitamento
(possível, não possível)

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• peso (leve, pesado, médio)
• dimensão (grande, pequeno)
Análise do equipamento • mobilidade (fixo, portátil)
• custo (alto, baixo)

• Tempo de execução
(1 hora, + de 3 horas, 1 dia)
• Espaço requerido
Procedimento
(grande, pequeno)
• Etapas

• Articulações envolvidas
• Músculos utilizados
• Amplitude de movimento
(grande, pequena, média)
• Força (muita, pouca, média)
ASPECTOS FÍSICOS
• Distribuição de movimentos (unilateral, bilateral)
• Dominância
(lateral, superior, mista, inferior)
• Postura (frequente, variável)

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

• Coordenação motora (fina, grossa)


• Tátil (temperatura do material - normal, gelada, quente;
textura do material - lisa, áspera; sensibilidade à luz)
• Olfativo (sim, não)
• Gustativo (sim, não)
ASPECTOS PSICOFÍSICOS • Auditivo (sim, não)
• Visual: quadro-fundo (sim, não)
• Espaço-temporal
(dentro, fora, antes, depois, em cima, embaixo)
• Forma (regular, irregular)
• Esquema corporal (sim, não)

• Atenção e concentração
(muita, pouca, regular)
• Interesse
(intrínseco, extrínseco)
• Raciocínio (lógico, abstrato)
• Memória (imediata, passada)

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• Imaginação (muita, pouca)
• Flexibilidade
(muita, pouca, normal)
• Originalidade (sim, não)
ASPECTOS PSÍQUICOS
• Adequação
(muita, pouca, normal)
• Persistência (muita, pouca)
• Iniciativa (muita, pouca)
• Autoconhecimento
(alto, baixo, normal)
• Autovalorização (sim, não)
• Emoções
(regressão, agressão, alegria, hostilidade, afeto, nojo)

• Relacionamento
(individual, grupal, conjunto)
• Psíquico (funcional, AVD)
ASPECTOS SOCIAIS
• Engajamento na vida
(cultural, social, econômica)

Descrição das etapas


Quadro 8 – Análise geral da atividade. Fonte: Francisco (2009).

Continuando, vamos conhecer a Análise da Atividade, baseada em Willard e Spackman


(1998).

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ANÁLISE DA ATIVIDADE

Atividade analisada

Medida de tempo requerida para execução

Número de sessões requeridas para a execução

Súmula descritiva (incluindo critérios para a realização)

• MOTORA
o Posição
 Atividade
 Paciente/cliente
o Movimentos componentes
 Articulações envolvidas
 Movimentos envolvidos
o Músculos utilizados
o Direção de resistência
o Ação anterior ao posicionamento

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o Repetição de movimentos
o Ritmo
o Manutenção de contração
o Destreza manual
o Mobilidade grossa
o Mobilidade fina
o Bilateral
o Trilateral
o Tenacidade
CARACTERÍSTICAS DA ATIVIDADE
o Performance
o Grau de adaptabilidade
• SENSORIAL
o Visual
o Auditivo
o Gustativo
o Olfativo
o Tátil
o Temperatura do material
o Textura do material
o Sensibilidade à luz
• COGNITIVO
o Habilidade organizacional
o Habilidade para resolução de problemas
 Planejamento
 Tentativa e erro
o Pensamento lógico
o Concentração
o Atenção
o Direções demonstrativas (escrita/oral)

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

 Complexa
 Simples
o Leitura
o Seriação
o Interpretação de sinais e símbolos
o Múltiplos procedimentos/ passos envolvidos
o Criatividade
o Uso de imaginação
o Estabelecer metas com propósitos para aten-
dê-los
o Relações causais envolvidas
o Concentração
o Capacidade para perceber o ponto de vista
de outros
o Teste de realidade

• PERCEPTIVA
o Requer interpretação sensorial

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o Diferenciação
CARACTERÍSTICAS DA ATIVIDADE  figura-fundo
 Noção de relação espacial
 Objetos
 Cinestesia
 Propriocepção
 Estereognosia
 Forma
 Percepção de cor
 Percepção auditiva
o Integração tátil
o Plano motor
o Integração bilateral
o Esquema corporal
o Vestibular (equilíbrio)
• EMOCIONAL
o Atos passivos ou agressivos
o Destrutivos
o Gratificação
 imediata
 retardada

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o Estruturada
o Não estruturada
o Autocontrole
o Possibilidade/sucesso/ frustração/fracasso
o Independência
o Dependência
o Envolve simbolismo
o Teste de realidade
o Manejo de emoções
o Controle de impulsos

• SOCIAL
o Requer interação
o Atividades
o Atividades em grupos
o Competição
o Envolve responsabilidade
o Comunicação necessária

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o Trabalhos em grandes grupos
CARACTERÍSTICAS DA ATIVIDADE o Trabalhos em pequenos grupos
o Trabalhos com outras pessoas
o Teste realidade
o Controle-conduta
o Compreender, cooperar
o
• CULTURAL
o Relevância pessoal
 Sistema de valor
 Situação de vida

• COMUM PARA TODOS


o Age apropriadamente
o Precauções/segurança/risco/perigo
o Identificação sexual
o Espaço requerido
o Equipamentos
o Aplicação vocacional
o Custo
o Adaptabilidade

Quadro 9 – Roteiro de Análise da Atividade. Fonte: Willard e Spackman (1998).

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Por fim, vamos observar um Roteiro de Análise Centrado no Desempenho, por Trombly
(2005).

ROTEIRO DE ANÁLISE CENTRADO NO DESEMPENHO

• Indicar o papel

• Listar as tarefas que a pessoa identifica como importantes para o desempenho desse papel

• Listar as atividades que a pessoa identifica como partes de uma das tarefas

• Observar a pessoa executando uma das atividades

• Se a pessoa for capaz de executar a atividade, observar outra dessas atividades. Quando a pessoa
for incapaz de fazer uma atividade, um de dois caminhos pode ser tomado:
o Ensinar à pessoa adaptação para execução da atividade
o Procurar remediar as capacidades e habilidades prejudicadas

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• Se a remediação for escolhida, analisar quais habilidades foram limitadas

• Após decidir quanto a limitações das habilidades escolhidas, medir essas habilidades para confir-
mar limitação

• Se a habilidade for realmente limitada, analisar quais capacidades estão resultando nessa limitação

• Medir essas capacidades. Tratar após a verificação

Quadro 10 – Roteiro de análise da atividade. Fonte: Trombly (2005).

Apesar das diferentes formas de enxergar o processo de análise de atividade, o terapeuta


ocupacional precisa ter um olhar para ver o sujeito integrado na atividade, ouvi-lo, entender
sobre quais são suas percepções acerca desse processo terapêutico que está vivenciando e,
principalmente, o que sua disfunção/dificuldade significa para seu desempenho funcional e
a implicação disso em suas sensações e sentimentos. O processo de análise da atividade não
pode ser resumido apenas às características já elencadas: é preciso olhar para o sujeito em sua
totalidade, favorecendo, pelo uso das atividades, uma relação saudável e equilibrada do sujeito
com suas ocupações.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo chegado ao final desta disciplina, esperamos que você tenha conseguido
compreender e aprofundar, ainda que de forma inicial, os conceitos básicos que encontramos
hoje no campo da Terapia Ocupacional.
É fundamental que você, aluno(a), esteja apto(a) para continuar o processo de construção
dos referenciais teóricos que permeiam a prática profissional. Para isso, é de extrema importância
ter consciência do que estamos falando e qual o propósito de tudo aquilo que fazemos, dizemos
e observamos.
Após instrumentalizar o seu processo de análise da atividade, com os principais
conceitos acerca da terapia ocupacional, seguiremos, nas próximas disciplinas, ampliando seu
conhecimento para consolidar ainda mais seu raciocínio clínico e que, de fato, desenvolva uma
prática profissional efetiva e condizente com as necessidades do sujeito alvo de intervenção da
Terapia Ocupacional.

LABORATÓRIO DE ATIVIDADES I | UNIDADE 4

WWW.UNINGA.BR 41
ENSINO A DISTÂNCIA

REFERÊNCIAS
AOTA - American Occupational Therapy Association. Occupational therapy practice
framework: Domain and process. 2. ed. American Journal of Occupational Therapy, 2008.

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