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Alimentação do Coelho

Fisiologia Digestiva

• Particularidades:
o Ceco;
o Cecotrofia;
o Ingestão de alimento (85g/Kg PV);
o Trânsito digestivo elevado;
o O coelho tem uma digestibilidade para a fibra, superior a outras espécies;
o O amido em excesso é a principal causa das diarreias no coelho jovem, pois a digestibilidade do
amido é muito baixa.

• Ingestão de leite e alimento pelo coelho:


o Ingestão de apenas leite até aos 15 dias de vida;
o Introdução de alimento;
o A partir dos 32 dias apenas ingestão de alimento;
o Nº de refeições: média 30;
o Duração da refeição: cerca de 4 min.;
o Ingestão voluntária de alimento:
▪ animais jovens depende do nível de fibra (ADL) e da energia;
▪ adultos depende do estado fisiológico e da fibra/energia da dieta.
▪ De que depende:
• Qualidade e quantidade de água;
• Apresentação do alimento;
• Composição química, fibra e energia;
• Qualidade da proteína (metionina);
• Qualidade do granulo (dureza).
• Cecotrofia:
o Definição: mecanismo fisiológico típico do coelho, importante a
nível nutricional. Cecotrofos (alimentos fermentados e
enriquecidos por bactérias), excrementos moles que o animal
consome diretamente do ânus, contendo alguns aminoácidos,
proteínas e vitaminas sintetizados no ceco, essenciais para a
saúde e desenvolvimento do animal.
o Início da cecotrofia: 21 dias
o Produção:
▪ 28 dias: 5g/dia;
▪ A partir dos 63 dias: 20-25g/dia.
o Cecotrofia (consumo dos cecotrofos – 71% durante a noite) Vs. Coprofagia (produção dos cecotrofos
das 8h às 16h)
• Microflora do trato digestivo (varia com a região do trato digestivo e idade)
o Crescimento:
▪ Inexistente até aos 3 dias;
▪ Evolução lenta e irregular;
▪ Flora colibacilar e amilolítica;
▪ 4 sem. aumenta a flora celulolítica ≈ amilolítica e diminui a colibacilar;
▪ Alimentação.
o Adultos:
▪ Composição simples;
▪ Bactéria gram - > 108 a 1010 bact/g (ceco).
• Atividade enzimática
o Endógena:
▪ Amilases salivar e pancreática;
▪ Lipases gástrica e pancreática;
▪ Proteases;
▪ Dissacaridáses
o Microbiana:
▪ Pectinase;
▪ Xilanase;
▪ Celulase;
o Efeito da idade (a atividade enzimática geralmente aumenta com a idade);
o Efeito do teor de fibra na dieta (maior teor – maior atividade e menor teor – menor atividade)
• Fermentação cecal
o Substrato cecal;
o NH3 (5-9 mN/L);
o Ácidos gordos voláteis (Total – 30 a 110 mmol, C2 – 63 a 84%, C3 – 4 a 13% e C4 – 5 a 29%)
▪ Manutenção, proteção da mucosa do cólon
o pH – 5,8 a 6,5
o Efeito do nível de fibra sobre a concentração cecal de AGV (↓fibra↑AGV) Acetato e butirato

• Trânsito digestivo
o TMR (Taxa média de retenção) – 16-22h e TTm (tempo de trânsito médio) – 2-6h
o Fatores que influenciam o TMR:
▪ Metodológicos (marcador, substrato, hora e cecotrofia);
▪ Animal (idade e estado fisiológico);
▪ Alimentares (partícula, fibra e maneio alimentar).
o Compartimentos digestivos:
▪ Estômago (3-6h);
▪ Intestino delgado (1-5h);
▪ Ceco (4-9h);
▪ Cólon.
o Efeito do teor fibra da dieta (NDF) sobre o TMRt (↓fibra↑TMRt e ↑tamanho da particula↓TMRt)
Planificação > maneio alimentar – programas – alimentação

• Maneio alimentar – Ingestão


o Energia e fibra da dieta;
o Palatabilidade;
o Forma de apresentação (granulado com melhor IC do
que em farinha);
o Dureza do grânulo;
o Comprimento do grânulo;
o Moenda das matérias primas (moenda + fina com
melhor IC);
o Racionamento alimentar:
▪ Quantidade (restringida ou ad libitum);
▪ Racionamento do tempo e hora de acesso (criação de refeições);
▪ Restrição de água
o Ingestão de água:
▪ 1,7 a 2,2 L/Kg de alimento;
▪ Racionamento nas reprodutoras apenas no desmame;
▪ Racionamento na engorda em casos de profilaxia < mort. e < IC
o Características dos alimentos
▪ Composição e valor nutritivo ;
▪ Aditivos;
▪ Alimento terminado:
▪ Sabor e cheiro;
▪ Cor;
▪ Dureza e durabilidade;
▪ Ausência de contaminantes e
insetos.
• Programas alimentares
o Sistema de exploração (intensivo ou tradicional);
o Tipo de animal;
▪ Crescimento:
• Tipos de alimentos (2 ou 3);
• Restrição alimentar (desmame a 45-50 dias ou abate)
▪ Reprodutores:
• Alimento de reprodutoras;
• Alimento de láparos;
• Alimentação diferenciada (alimentação
diferente para a mãe e para a ninhada);
• Desmame precoce;
• Restrição alimentar nas reprodutoras;
• Influencia da temperatura (verão e
inverno);
• Tipos de alimentos (1 ou 2)
▪ Recria (ad libitum ou restringida);
▪ Machos:
• Necessidades;
• ad libitum ou restringida;
• Suplementos
o Composição:
▪ Normal;
▪ Medicamentoso;
▪ Suplementos.
o Número de alimentos a utilizar:
▪ Tradicional (0 a 1);
▪ Industrial (3 a 5).
• Necessidades alimentares

▪ Aspetos a considerar na formulação:


• Performances;
• Patologia e segurança;
• Qualidade da carcaça.
▪ Depende:
• Tipo de animal: reprodutoras, engorda, recria, machos;
• Energia, proteína, fibra, amido, gordura.

Tamanho da partícula para diferentes fontes de fibra:

• Partículas menores:
o Maior pH;
o Maior digestibilidade da fibra;
o Maior TMR;
o Menor ingestão de alimento.

Tipo de fibra:

• Proporção dos seus constituintes;


• Propriedades físicas;
• Parâmetros digestivos.

Efeito da composição química da dieta sobre alguns parâmetros digestivos:

• Dieta com maior [ácido urónico] – aumento da reciclagem cecal;


• Dieta com mais lenhina – menor digestibilidade da fibra.

Necessidades alimentares de reprodutoras


Fatores de variação:

• Manutenção;
• Crescimento (+10-12%);
• Gestação;
• Lactação (+70%) – vai variar também ao longo da
lactação.

Proteína Bruta: PB/ED ótima é 11 a 12,5g PB/MJ

• > PB/ED:
- Má performance;

- Aumento de diarreias;

- Maior poluição

• < PB/ED:

- Menor produção de leite;

- Menor crescimento dos láparos;

- Menor fertilidade;

- Menor peso das fêmeas.

Gordura: adição de 3,5%

• Aumento de ED ingerida;
• Aumento da produção de leite;
• Aumento do peso da ninhada ao desmame;
• = fertilidade e prolificidade;
• Limites à sua utilização:
o Características do granulo;
o Mobilização de reservas corporais.

Necessidades alimentares de animais em crescimento-engorda

Relação amido/fibra:

• Boas performances com teor moderado de fibra;


• Máximas performances para ADF de 18 a 21%;
• 35% ADF > menor GMD e menor IC
Recomendações

• Digestibilidade das fibras;


• Variação com a sua natureza;
• Evolução das necessidades

Recomendações em fibra (coelhos em crescimento): 12,5 a 14,5% FB e >18 ADF e 4 a 5 ADL

Recomendações em amido (coelhos crescimento): 16 a 18 e coelhos jovens < 13,5

Gordura: adição de 3% e ED:PB constante

• Aumento da digestibilidade da dieta (5%);


• Aumento IC (7%);
• = GMD;
• Diminuição IA;
• A gordura utilizada vai influenciar a qualidade da carcaça.

Proteína: PB/ED

• Máxima performance com 9,8 a 11,5;


• < 10:
o Aumento da mortalidade;
o Aumento IC;
o Diminuição de água e proteína da carcaça;
o Aumento da gordura na carcaça.

Aminoácidos:

• Cecotrofia – fonte de aminoácidos essenciais

Aditivos alimentares

• Aminoácidos de síntese – Lisina, triptofano, treonina


o Fermentação microbiana sobre matérias-primas de origem vegetal (melaço de beterraba/amido
hidrolisado);
o Aumenta a eficiência da utilização do azoto;
o Diminui o teor de azoto;
o Menor excreção azotada;
o Menor poluição ambiental;
• Prebióticos e Probióticos;
• Enzimas;
• Acidificantes;
• …

Necessidades azotadas dos coelhos

Necessidades expressas em PB e/ou PB digestível + AA totais ou AA digestíveis (fecal)

Noutras espécies de monogástricos:

• As necessidades são baseadas na Proteína Ideal;


• O valor azotado - AA digestíveis ileais verdadeiros.

Mas o conhecimento da digestibilidade ileal verdadeira dos AA dos alimentos é ainda limitada e o seu conhecimento
permitirá:

• Uma valorização azotada dos alimentos mais correta;


• Ajustamento dos AA da dieta às necessidades do animal;
• Uma redução da excreção de N para o meio ambiente.

A digestibilidade ileal dos AA de síntese é maior à dos AA dos alimentos e a sua utilização permite:

• Melhorar a eficiência azotada da dieta;


• Diminuir a quantidade de AA no regime;
• Diminuir a quantidade de N excretada.
Além utilização de AA síntese implica a diminuição do fluxo de proteína ileal.

O aumento da proteína ileal aumenta o crescimento de bactérias proteolíticas potencialmente patogénicas que por
sua vez faz aumentar a mortalidade.

Não percebo nada dos gráficos dos efeitos dos probióticos e prebióticos
Os efeitos e a sua eficácia podem variar de acordo com vários fatores:

• Natureza do aditivo;
• Alimento;
• Animal;
• Maneio;
• Sistemas de produção.

Enzimas

• Complementar a atividade enzimática endógena nos jovens animais;


• Menor poluição ambiente por P e N;
• Melhorar a saúde intestinal:
o Promoverem substratos para bactérias específicas;
o Acelerando a utilização/absorção dos nutrientes disponíveis;
• Aumento UD hidratos de carbono e proteínas

Enzimas nos regimes de desmame:

• Coelhos 25 a 39 dias
o Aumento diário de peso +3,1%;
o Eficiência alimentar +3,7%;
o Mortalidade 7,8 Vs 3,7%.
• Adição de proteases e proteases + xilanases aumento do fluxo de proteína ileal nos láparos;
• A diminuição do fluxo proteico para o ceco leva a uma diminuição das perturbações digestivas;
• Uso de enzimas nos regimes alimentares de desmame como prevenção.
• Celulases no periodo total de engorda (23 a 77 dias) melhorou a taxa de mortalidade e conversão alimentar;
• Complexos enzimáticos aumentam a digestibilidade de NDF;
Abate
Em Portugal – abatidos 5 000 000 coelhos/ano;

Estrutura do matadouro (5 salas: Zona suja e Limpa):

• Receção, descarga, insensibilização;


• Sangria;
• Esfola e evisceração;
• Refrigeração;
• Desmancha e embalamento.

Transporte dos animais deve ser feito em camiões abertos para não correr o risco de asfixia.

Diagrama de fluxo:

Receção e espera dos animais vivos Baixas por morte durante o transporte

Sangria Sangue

Corte de excessos Orelhas, mãos, patas, …

Esfola Pele

Evisceração Intestino e outros órgãos

Inspeção postmortem Partes não aptas

Causas de rejeição:

• Abcessos (pernas, pescoço…);


• Pneumonia;
• Caquexia;
• Conspurcação;
• Artrites, metrites.

Idade de abate:

• 62-65d; Perdas por refrigeração


• 70-72d;
• 80-85d;
• > 12 sem. (castração).

Relação entre o peso ao desmame e ao abate

Alimentação antes do abate:

Deve haver um período de jejum que tem como


efeito a redução dos conteúdos digestivos do
coelho. Mas quando o coelho é submetido a períodos de jejum superiores a 6 horas a qualidade da sua carne pode
ser afetada negativamente.

Rendimento da carcaça: PC/PV*100

Fatores que influenciam o rendimento de carcaça:

• Idade;
• Jejum;
• Estirpe;
• Alimentação e maneio.

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