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ALIMENTAÇÃO NO

PRIMEIRO ANO DE VIDA


Abril 2022
Eugênia Mateus
Pediatra
Sumário
• Objectivos
• Introdução
• Bases fisiológicas
• Digestão e absorção
• Necessidades nutricionais
• Alimentação no 1º ano de vida
• Introdução de novos alimentos
Objectivos
• Compreender a fisiologia e peculiaridades da alimentação da criança
no 1º ano de vida.
• Ser um bom puericultor
Introdução
• A nutrição, é um dos principais determinantes da saúde e do bem
estar, especialmente nos primeiros anos de vida.
• Conhecer e entender esse processo, desde a aceitação alimentar,
aproveitamento de nutrientes nas diferentes etapas do crescimento e
desenvolvimento são de grande relevância na prática clínica.
• Incorporar a esse conhecimento a situação especifica de cada criança,
de acordo com as condições de vida e contexto social.
• Não basta seguir normas rígidas ou ditar regras e orientações, mas
construir com as famílias alternativas para os problemas específicos
da alimentação da criança.
Introdução II
• A adequação da dieta as necessidades da criança garante a sua nutrição.
• O crescimento e o desenvolvimento são altamente dependentes da
satisfação das necessidades nutricionais da criança.
• O crescimento na infância apresenta dois picos de intensidade nos dois
primeiros anos de vida e na adolescência, os distúrbios da nutrição
ocorrem mais frequentemente nessas duas faixas etárias.
• O metabolismo proteico é muito activo na criança, o que aumenta as
suas necessidades energéticas. Acresce que, nos primeiros anos de vida,
a actividade muscular da criança é quase incessante e as suas perdas
calóricas mais acentuadas.
Introdução III
• O alimento , matéria prima para o processo nutritivo, só é acessível a
criança de pouca idade por meio de accções do adulto. Essa
dependência total no inicio da vida pode ser causa, e o é, com
lamentável frequência de agravos a saúde da criança.
• O estado nutricional deve ser sempre avaliado pelo clínico, por dados
da anamnese e do exame físico.
Bases fisiológicas
• Na criança, as funções fisiológicas obedecem a maturação
progressiva, quer morfológica, quer funcional desde o nascimento até
o segundo ano de vida.
• As funções digestivas mais relacionadas com à alimentação são as do
aparelho renal e digestivo.
• É necessário que a alimentação esteja adaptada correctamente ao
estágio de desenvolvimento da criança, no que se refere à qualidade,
à quantidade e modo de apresentação.
Bases fisiológicas
• Peculiaridades da função renal
- Primeiros 3 meses maturação morfológica e funcional do rim.
- Limitações no equilíbrio da água e sal.
- Deficiência na excreção renal de radicais ácidos.
Bases fisiológicas
• Peculiaridades da função digestiva
- Reflexo de sucção, coordenado com o da deglutição desde a vida intra
uterina.
- Ausência do reflexo lingual (que possibilita que o alimento sólido
atingir a porção posterior da cavidade oral), não está bem
desenvolvido nos primeiros 4 meses de vida E. uterina.
- Incompetência do esfínter da cárdia.
- Salivação reduzida no primeiro trimestre, reduz a amílase salivar.
- Erupção dentária a partir do 6º mês, início da função mastigatória.
Bases fisiológicas
• Função digestiva
- Imaturidade da absorção de K+ e Bicarbonato a nível intestinal.
- Trânsito intestinal mais acelerado nos primeiros 45 dias de vida.
- Incoordenação do peristaltismo intestinal nos primeiros 3 meses de
vida “cólicas por vezes prolongadas e de grande intensidade”.
- Oferecer alimentos sólidos a medida que a dentição se vai
completando.
- Lactose é o carbohidrato de maior importância no RN. A enzima lactase
é produzida pelos enterócitos desde a 12ª semana de vida intra uerina.
Bases fisiológicas
• Função digestiva
- Baixa produção das amílases salivar e pancreáticas, compromete a
absorção dos CH complexos, o que pode justificar a intolerância ao
uso precoce de determinadas farinhas no lactente.
- Predisposição a processos alérgicos e infecciosos devido a actividade
incompleta de algumas enzimas.
- Leite de vaca contém elevado teor proteico (sobrecarga renal,
propensão a obesidade)
- Presença de enzimas no leite materno beneficia a absorção de
gorduras no RN e lactente.
Necessidades nutricionais
• As necessidades de todos os nutrientes para crianças são maiores do
que para o adulto. Porque um ser em crescimento requer nutrientes
para o aumento da massa corpórea, além da manutenção das funções
e do desenvolvimento.
• Grupos de nutrientes presente normalmente na dieta: água Hidratos
de carbono, proteínas, lípidos, vitaminas minerais e fibras.
• O Leite Materno garante a totalidade das necessidades nutricionais da
criança até os 6 meses de vida. A partir de então deve ser
complementado com alimentos que garantem as necessidades, até os
dois anos de idade.
Proteínas Carboidratos Gorduras Vitaminas Minerais

Carne, leite, ovos Açucar, farinhas, Óleos de vegetais A, D, E e K Fe, ca+, e P+, Flúor,
epeixe(proteína cereais, raízes, Complexo b e C Iodo, Zn, Cu
animal), feijão tubérculos, arroz,
lentilhas, batata, mandioca….
soja(proteína
vegetal)
Alimentação do lactente
• O aleitamento materno é a forma ideal de alimentação da criança nos
primeiros meses de vida (exclusivo até o 6º mês), devendo ser sempre
incentivado.
- Benefícios do aleitamento Materno para a criança:
- Função nutritiva, protecção, imunomodulação e interação mãe e filho,
contracepção, alergias.
- Benefícios do aleitamento materno para a mãe:
- Económico, contracepção, anemia por sangramento, perda de peso…
Características do Leite Materno
• Colostro
• Leite de transição
• Leite maduro
Categorias de aleitamento materno (OMS)
• Aleitamento materno exclusivo: A criança recebe somente
aleitamento materno exclusivo, directamente da mama ou extraído e
nenhum outro líquido ou sólido.
• Aleitamento materno predominante: A criança recebe além do leite
materno, água ou outras bebidas a base de água.
• Aleitamento materno: a criança para além do leite materno recebe
outros líquidos, sólidos ou leite não materno.
Alimentação complementar
• Os alimentos complementares podem ser:
• Especialmente preparados para a criança, denominados alimentos
transicionais.
• Alimentos consumidos pela família, com adequação da consistência
para a idade da criança.
Esse período é de elevado risco para acriança tanto pela oferta de
alimentos desaconselháveis quanto pelo risco de contaminação em
razão da manipulação e preparo desadequado., favorecendo a
ocorrência de doença diarreica e desnutrição ou obesidade.
Alimentação complementar
• Alimentos de boa aceitação
• Concentrações adequadas de macro e micronutrientes ( Fe, Zn,
vitaminas e folatos).
• Sem sal nem condimentos industrializados.
• Devem suprir 200Kcal/dia ( 6 a 8 meses)
• 300 Kcal/dia ( 9 a 11 meses).
• Oferecer água potável em quantidade suficiente (porque esses
alimentos contêm elevado teor proteico)
• Introdução de frutas.
Esquema para introdução de alimentos
Faixa etária Tipo de alimento
Até ao 6º mês Aleitamento materno exclusivo
6º aos 12 m Aleitamento materno complementado
6º mês Fruta amassada, primeira papa
Do 7º ao 8º mês Segunda papa
9º ao 11 meses Gradativamente passar a dieta familiar
12º mês Dieta familiar (observar adequação)
O que usar na papa principal?
Cereal ou tubérculo Legumes Proteína Hortaliça
Arroz Feijão Carne bovina
milho Soja Vísceras
macarrão Ervilha Carne de aves
Batata Lentilhas Carne suína
Mandioca, Inhame Grão de bico Peixe, ovos
Alimentação artificial
• Diante da impossibilidade de aleitamento materno.
• As inadequações do leite de vaca.
- Baixo teor de gorduras
- Alto teor proteico, elevação da carga renal, desenvolvimento de
obesidade .
- Minerais e eletrólitos: altas taxas de sódio, sobrecarga renal deletéria
principalmente para RN de baixa peso.
- Vitaminas: Baixo níveis de vitaminas principalmente D E e C
- Oligoelementos quantidades insuficientes .
Bibliografia
• Dioclénio C. Júnior,Dennis (2014), Tratado de Pediatria Vol 2. 13ª
edição,pp 1990 a 2009.
• William w. Hay Jr. Robin Deterding, Current diagnóstico e tratamento
22ª edição, 2016,pp 305 a 311.
• Marcondes E. (2003), Pediatria básica tomoII, 9ª edição,pp 61 a 95.

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