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NUTRIÇÃO

MATERNO-INFANTIL
INFÂNCIA: ASPECTOS FISIOLÓGICOS E
NUTRICIONAIS
Quando se trata de saúde da
criança, tudo importa!

Estado de saúde
dos pais pré Introdução
Gestação Lactação
concepção alimentar
Estado de saúde
dos pais pré
concepção
Estado de saúde
dos pais pré
concepção

✓ Ácido fólico e zinco


✓ Metais pesados
✓ Uso de drogas
Gestação

PROGRAMAÇÃO METABÓLICA

❑ Programação
fetal sobre os riscos de desenvolvimento de
DCNT na vida adulta

❑ Alterações
intrauterinas em um ponto crítico do
desenvolvimento fetal pode afetar permanentemente o
metabolismo

❑Amicrobiota intestinal altera também a programação


metabólica

❑A via de parto altera a microbiota intestinal


Lactação
Introdução
alimentar
INFÂNCIA
• CRESCIMENTO X DESENVOLVIMENTO

• PROPORÇÕES DO CORPO:

- Tecidos ósseo, muscular e adiposo: relação mais imediata com as


variáveis de crescimento, composição corporal e desempenho motor

- Alguns outros órgãos, tecidos e sistemas: crescimento próprio


CRESCIMENTO
• Crescimento infantil - não se restringe a somente ganho de peso e
altura

• Complexo processo que envolve dimensão corporal e crescimento rápido


de células

• É influenciado por fatores genéticos, AMBIENTAIS e psicológicos

• Crescimento longitudinal (altura) é mais lento que o ganho de peso - no


1o ano de vida a criança triplica seu peso, enquanto aumenta a altura
em 50%
CRESCIMENTO
• Na presença de déficit nutricional em qualquer idade, o peso sofre
impacto imediato, e a altura só sofre impacto após um longo prazo de
carência nutricional

• Prejuízos no crescimento longitudinal - irrecuperáveis

• Logo após o nascimento, a criança perde de 5 a 10% do peso ao nascer, e


o recupera de 8 a 10 dias após o nascimento

• Nos primeiros 6 meses de vida, espera-se que o bebê ganhe no mínimo


20g/dia e a partir do 2° semestre 15g/dia
CRESCIMENTO
• Ocorre erupção dentária (inicia-se com 6 meses). Aos 12 meses, a
criança tem 6 a 8 dentes. Aos 3 anos, a criança apresenta dentição
completa

• A partir de 3 a 4 anos, a criança começa a apresentar velocidade de


crescimento constante, apresentando ganho de peso médio de 2 a 3 g e
ganho estatural de 5 a 7 cm por ano

• A idade escolar (7 a 10 anos) precede o estirão de crescimento, ocorre o


fenômeno de repleção energética, em que meninos e meninas ganham
peso rapidamente como forma de guardar energia para a fase de
intenso crescimento pubertário
DESENVOLVIMENTO
• Desenvolvimento - capacidade de realizar
funções:
~ 4 meses= sentar-se
~ 5 meses = senta-se sem apoio e apoia
firmemente o pescoço
~ 6 a 8 meses = engatinha
~ 9 meses = fica em pé com apoio
~ 12 meses = andar sem apoio, fala
~ 18 meses = manipulação de talheres, expressa
frases
• Desenvolvimento - tem como base a maturação
progressiva do SNC
• Necessária boa estrutura óssea e muscular
• Amamentação - estímulo comprovado ao bom
desenvolvimento (mental e psicomotor) da
criança
DESENVOLVIMENTO
• Primeiros 4 meses de vida - imaturidade fisiológica (reflexo
de protusão da língua, pouca produção de enzimas, baixa
capacidade renal, mucosa intestinal altamente permeável)
• Amido - pouco digerido nos 6 primeiros meses de vida
(amilase salivar e pancreática), causando cólicas, diarréia,
má nutrição e danos à mucosa intestinal
• Todo o processo biológico e de desenvolvimento do lactente,
criança pré-escolar e escolar podem ser afetados pelas
práticas alimentares
• O AME nos primeiros 6 meses de vida previne contra
alergias, desnutrição, obesidade, anemia, deficiências
nutricionais, DM e constipação intestinal
AVALIAÇÃO
ANTROPOMÉTRICA
• Como as crianças estão em constante crescimento, a avaliação
periódica permite que quaisquer problemas sejam detectados e
tratados precocemente
• Uma avaliação completa do estado nutricional engloba a coleta
de dados antropométricos:
* Perímetro cefálico
* comprimento ou estatura
*peso
* índice de massa corporal (IMC)
* em alguns casos, circunferência do braço e dobras cutâneas do
tríceps ou subescapular
INDICADORES
ANTROPOMÉTRICOS
• Peso/Idade (P/I) - reflete a relação entre a massa corporal para a
idade. Indica crianças de baixo peso

• Altura/Idade (A/I) - refere-se ao crescimento linear e seu déficit


indica alterações a longo prazo

• Peso/Altura (P/A) - mede a massa muscular. Desvios da mediana de


menos 2DP sugerem estado de marasmo

• IMC/Idade (IMC/I) - avalia a situação atual (situações agudas).


monitoração regular: fornece um padrão de crescimento e permite
identificar precocemente tendências problemáticas, possibilitando
intervenção nutricional mais eficaz

Crianças pré-termo – fazer idade


corrigida até os dois anos!
COMPORTAMENTO E
HÁBITOS
ALIMENTARES NA
INFÂNCIA
FATORES QUE
INFLUENCIAM A INGESTÃO
DE ALIMENTOS
• Várias influências, algumas óbvias e outras sutis, determinam a
ingestão alimentar e os hábitos das crianças
• Os hábitos, preferências e aversões são estabelecidos nos primeiros
anos e levados até a fase adulta, quando freqüentemente as alterações
encontram resistência
• Por esse motivo, considera-se a mudança e comportamento alimentar
um desafio para os profissionais de saúde

• AMBIENTE FAMILIAR
• TENDÊNCIAS SOCIAIS
• MEIOS DE COMUNICAÇÃO
• INFLUÊNCIA DOS COLEGAS
• EDUCAÇÃO NUTRICIONAL
FATORES QUE
INFLUENCIAM A INGESTÃO
DE ALIMENTOS
• Conforme as crianças crescem, elas adquirem conhecimento e
assimilam conceitos com grande rapidez

• Estes primeiros anos são ideais para fornecer informação


nutricional e promover atitudes positivas sobre todos os alimentos

• O conceito de nutrição é abstrato e, portanto, pode não ser


compreendido pela maioria das crianças

• Podem ser necessárias modificações para tornar as experiências


educacionais significantes

As atividades e informações que enfocam


relações reais das crianças com o alimento
produzem mais resultados positivos
HÁBITOS ALIMENTARES NA
INFÂNCIA
• O Aroma de alguns alimentos consumidos pela gestante
pode ser transferidos via líquido amniótico para o feto
• Sabores experimentados nos primeiros 3 meses de vida
podem influenciar as preferências alimentares
subsequentes (ofertar os 4 sabores na primeira infância)
• Nutrizes - sabores via LM – o LM passa diversos sabores
ao bebê, diferentemente do leite de vaca e fórmulas
infantis
• Estudos demonstraram que no período da introdução da
alimentação complementar, lactentes amamentados com
LH aceitam melhor novos alimentos que lactentes
amamentados com Fórmulas infantis.
HÁBITOS ALIMENTARES NA
INFÂNCIA
• Formação dos hábitos alimentares dos 2 a 3 anos
• Skinner e cols, 2002, mostram que crianças aceitam e
apreciam mais alimentos que as mães gostam
• Skinner e cols, 2002, mostram que refrigerantes e sucos
com açúcar tomam o lugar do leite na alimentação infantil
• Neofobia - baixa no 1o ano e crescente após o 2° ano de
vida
• Crianças de 2 a 5 anos - altamente neofóbicas (criança
passa a explorar o ambiente e alimentar-se sozinha)
HÁBITOS ALIMENTARES NA
INFÂNCIA
• Rejeição de determinados alimentos não costuma ser
permanente → apresentar mesmos alimentos periodicamente
• Aceitação é maior quando alimento é oferecido e consumido
por quem está oferecendo
• Criança deve alimentar-se sozinha a partir dos 16 a 17 meses
• Liem e cols, 2004 veirificaram que a proibição de alimentos
doces aumenta o consumo dos mesmos na ausência dos pais;
• Adultos com compulsão alimentar, bulimia e anorexia
nervosa, obesidade → relacionada com infância altamente
restritiva em relação a alimentação ou alimento como prêmio
ou castigo
FORMAÇÃO DAS PREFERÊNCIAS
ALIMENTARES
1) Antes do Nascimento: líquido amniótico
2) Aleitamento Materno
3) Aprendizado dos Sabores
4) Elo entre alimentos e sentimentos (prazer,
culpa...)
5) Neofobia aos Alimentos
6) Saciedade Sensório-Específica (SSE)
A saciedade sensorial específica (SSE) caracteriza-se pela diminuição
de sensações sensoriais causadas por um alimento específico ingerido
durante uma refeição, enquanto a vontade de ingerir outros tipos de
alimentos permanece ou pode aumentar
RECOMENDAÇÕES
NUTRICIONAIS
RECOMENDAÇÕES
NUTRICIONAIS
• ENERGIA
Método simplificado para cálculo do GET:
~ 1000 kcal para o primeiro ano
~ Adicionar 100 kcal para cada ano até a idade de 11
anos
~ Ex: Criança de 5 anos, sexo masculino, 18kg, 106 em.
~ GET= 1000 kcal + 400 kcal= 1400 kcal

• ATIVIDADE FÍSICA

• CÁLCULO DE EER
RECOMENDAÇÕES
NUTRICIONAIS 0 – 12 meses
RECOMENDAÇÕES
NUTRICIONAIS 0 – 12 meses
RECOMENDAÇÕES
NUTRICIONAIS
• Observar: ingestão excessiva de ácidos graxos saturados e
trans (biscoitos recheados, alimentos industrializados)
• Dietas com muito baixo teor de gordura \ Baixa ingestão de
ácidos graxos essenciais e vitaminas lipossolúveis
• Mínimo de 130 g/dia, criança não deve fazer estratégias
alimentares restritivas
RECOMENDAÇÕES
NUTRICIONAIS
0 – 12 meses
o Os lipídeos representam quase 50% da energia diária
o LIP – 31 g/dia (0 – 6 meses) e 30 g/dia (7 – 12 meses)
o Lactose é o principal CHO consumido
o IOM sugere 30% da energia total diária proveniente de CHO
ou 60 g/dia (aleitamento exclusivo)
o 7 a 12 meses – mínimo de 95 g/dia de carboidratos somando
aleitamento e alimentação complementar
RECOMENDAÇÕES
NUTRICIONAIS
Macronutriente OMS DRI

0 – 6 meses 7 – 12 meses 0 – 6 meses 7 – 12 meses

PTN 1,52 1,2 9,1 11


(g/ kg/dia) (g/kg/dia) (g/dia) (g/dia)
RECOMENDAÇÕES
NUTRICIONAIS

AMDR (IOM, 2002)

Macronutrientes Percentual de energia


1 – 3 anos 4 – 18 anos
Carboidratos 45 – 65 45 – 65
Gorduras totais 30 – 40 25 – 35
Ácido linoleico 5 – 10 5 – 10
(ômega-6)
Ácido linolênico 0,6 – 1,2 0,6 – 1,2
(ômega-3)
Proteínas 5 – 20 10 – 30
RECOMENDAÇÕES
NUTRICIONAIS
PROTEÍNAS
❑Requerimentos maiores que do adulto,
necessitando também maiores
proporções de aminoácidos essenciais
❑Proteína de AVB = 2/3 das proteínas
totais da dieta
❑EAR (1 a 3 anos) – 0,87 g/kg/dia
❑EAR (4 a 8 anos) – 0,76 g/kg/dia
RECOMENDAÇÕES
NUTRICIONAIS
PROTEÍNAS – AA essenciais
Aminoácidos 1 – 3 anos (mg/kg/dia) 4 – 18 anos (mg/kg/dia)
AA aromáticos 46 38
Isoleucina 28 25
Leucina 56 47
Lisina 51 43
AA sulfúricos 25 21
Treonina 27 22
Triptofano 7 6
Valina 32 27
RECOMENDAÇÕES
NUTRICIONAIS

- Não existe RDA para fibras


- AI fibras (1 a 3 anos)– 19 g/dia de fibras totais
- AI fibras (4 a 8 anos) – 25 g/dia de fibras totais
RECOMENDAÇÕES
NUTRICIONAIS
Micronutriente 1 – 3 anos 4 – 8 anos 9 – 13 anos
EAR RDA UL EAR RDA UL EAR RDA UL
Zinco (mg/dia) 2,5 3 7 4 5 12 7 8 23
Ferro (mg/dia) 3 7 40 4,1 10 40 5,9 8 40
Cálcio (mg/dia) 500 700 2500 800 1000 2500 110 1300 3000
0
Iodo (µg/dia) 65 90 200 65 90 300 73 120 600
Vitamina D 400 600 2500 400 600 3000 400 600 2500
(UI/dia)
Vitamina A 210 300 600 275 400 900 445 600 1700
(RE/dia)
RECOMENDAÇÕES
NUTRICIONAIS
CÁLCIO
- Importante na formação de ossos e dentes
- Alimentação da criança - base láctea -
adequação da ingestão de Ca
- Em casos de alergia à proteína do leite de vaca
ou intolerância à lactose - produtos
alternativos enriquecidos com Ca ou
suplementação medicamentosa
- AME - supre 100% das necessidades diárias
de Ca
- Na impossibilidade de AME usar fórmulas
infantis
RECOMENDAÇÕES
NUTRICIONAIS
- Produtos lácteos - contribuem com mais de 55% da
ingestão de Ca na criança
- Maior disponibilidade do Ca na presença de vit D
- Pré escolares - não consomem grandes volumes
- Escolares - pode-se aumentar consumo de outras
fontes de Ca (vegetais verde escuros)
- Desencorajar uso de mamadeiras
- Estimular consumo dos derivados do leite (queijos,
iogurtes)
RECOMENDAÇÕES
NUTRICIONAIS
FERRO
- Principal preocupação durante a infância – anemia -
prejuízo no crescimento e desenvolvimento
- RN a termo - reservas de ferro adequadas
- 6 primeiros meses: LM = 50% biodisponibilidade de Fe
- LV = 10% biodisponibilidade de Fe
- Pré escolares - uso excessivo de preparações à base de
leite, substituição de refeições salgadas por mingaus e
mamadeiras
RECOMENDAÇÕES
NUTRICIONAIS
- LV = causa micro enterorragias - perda de Fe
- Sociedade Brasileira de Pediatria - recomendação
de suplementação profilática de 1 mg de Fe por kg
para lactentes de 6 meses a 2 anos de idade
- Crianças em uso de fómulas infantis - já são
enriquecidas com Fe (dispensa suplementação)
- Anemia Ferropriva - alta prevalência, reduz
desenvolvimento cognitivo e psicomotor
RECOMENDAÇÕES
NUTRICIONAIS
ZINCO
- Envolvido na síntese protéica (sistema
imunológico, pele e TGI)
- Deficiência - Anorexia, retardo do crescimento,
alopecia, diarréia, imunossupressão e atraso na
maturação sexual
EXERCÍCIO – não vale nota
Criança, sexo feminino, 22 meses de vida, peso de 11,7 kg, 85 cm
1. Avaliar estado nutricional (IMC por idade, peso por idade e altura
por idade)
2. Calcular Estimativa de necessidade energética (DRI, 2002)
3. Calcular necessidades de CHO, PTN e LIP
4. Identificar as necessidades Zinco, Ferro, Cálcio, Iodo, Vitamina D
e Vitamina A
5. Avaliar a ingestão de Zinco, Ferro, Cálcio, Iodo, Vitamina D e
Vitamina A, conforme Índice de Adequação do recordatório
alimentar habitual
6. Avaliar a qualidade da ingestão alimentar habitual conforme os
10 passos para alimentação saudável para crianças maiores de 2
anos
7. Propor um plano alimentar que atenda às necessidades de macro
e micronutrientes do paciente

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