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INFÂNCIAI:

creiTuLO 19 B
Asizectos Fisiolégicos e Nutricionais
na Infancia 167

CA?ÍTULO 20
Avnliação Nutricional da Criança 171

CAPÍTULO 21
Recomendações Nutricionais
para Crianças 191

CAPÍTULO 22
Hábitos Alimentares e Saúde Bucal
na Infância 201

CAPÍTULO 23
Práticas Alimentares na Infância

CAPÍTULO 24
Anemia Ferropriva

CAPÍTULO 25
Relatos de Casos Clínicos 261
Aspedos Fisiológicos e
Nutridonais na Infancia

MARCIA REGINA VITOLO

CRESCIMENTO motivo, é importante conhecer, se possivel, o


O crescimento infantil ndo se restringe a aume 1- peso que o bebé tinha quando recebeu alta,
to de peso e altura, mas caracteriza-se por com- pois é a partir desse peso que o profissional deve
plexo processo que envolve dimensao corpora; e avaliar o ganho de peso do bebé no primeiro més
número de células. É influenciado por fatores ga- de vida. Nos primeiros seis meses de vida espe-
néticos, ambientais e psicologicos. ra-se ganho de peso maior que 20¢/dia e, a partir
O crescimento longitudinal, ou seja, o ganho do segundo semestre, acima de 15g. Devido &
em altura, é proporcionalmente mais lento que o decrescente velocidade de ganho de peso, aos 6
aumento de peso. Uma crianca no primeiro ano meses o bebé dobra o peso de nascimento e tri-
de vida triplica seu peso ao nascimento, enquan- plica aos 12 meses. No primeiro ano de vida a
to o comprimento aumenta em 50%. Assim, na crianca aumenta 25cm, alcangando o compri-
vigéncia de déficit nutricional em qualquer idade, mento de 75cm, o que corresponde @ um au-
aaltura não sofre impacto imediato, mas, o peso, mento de 55% em relação ao de nascimento; no
sim. Por esse motivo é que se reconhece a impor- peso, o incremento é de 200% (de 3kg para 10 a
tância de se manter as criangas com peso ade- 12kg); na circunferéncia cefalica, o aumento é de
quado, para que não haja prejuizo na estatura, 40% (de 35cm para 47cm). Dos 12 aos 24 me-
Pois quando esse se torna presente, parece não ses, a crianga ganha 12cm no comprimento e
haver condições de recuperação. Para se avaliar 5cm de perfmetro cefélico. Dos 2 aos 3 anos, ga- .
velocidade de crescimento linear não se pode fa- nha 10cm e o aumento cefélico passa a ser bem
2&-lo por periodo inferior a um ano, pois foram pequeno (Chumlea & Guo, 1999).
verificadas flutuações no ganho em estatura e Até os 2 anos de idade, o crescimento reflete
que a velocidade de crescimento de uma crianga as condições de nascimento (gestação) e ambien-
durante os trés meses de crescimento mais rápi- tais (nutrição). Ou seja, nesse periodo é complica-
do ¢, na maioria dos casos, duas ou trés, vezes do esperar que a crianga esteja “magrinha” ou
maior que a velocidade do periodo de crescimen- “pequena” pelo biotipo dos pais. É mais provavel
to mais lento (Waterlow, 1996). que seja por déficit nutricional pregresso ou atual.
Logo apés o nascimento, a crianga perde 5% A partir de 2 anos é que o potencial genético pas-
210% do seu peso ao nascimento, o qual é recu- sa a ter impacto sobre o crescimento da crianga.
Perado com cerca de 8 a 10 dias de vida. Por esse Desde que receba condições ambientais adequa-
PARTE 1V

das para isso, a partir dessa idade a criança cres- peso (110% a 120% do peso relativo) repentino os talheres de mesa que nao ofereçam risco da do pode provocar diarréia, célicas, malnutricao e
cerá dentro do seu canal de crescimento. Por e não houver evidéncias de fatores de risco para ferimentos, expressa frases simples e j& apresen- ainda danificar a mucosa, comprometendo a
exemplo, uma criança de 6 anos que esteja no obesidade (habitos alimentares, pais obesos, se- ta um bom repertorio de palavras (Resegue * fungdo intestinal da crianga. Contudo, alguns es-
percentil 75 de altura estará provavelmente no dentarismo importante, fatores emocionais), cols., 2000). tudos mostraram que o lactente de 1 a 5 meses
mesmo percentil aos 12 e novamente aos 16 não há necessidade de intervencao, desde que O processo de desenvolvimento tem por bas: de vida é capaz de digerir cerca de 10 a 25g de
anos. Essa previsão não pode ser projetada para haja seguranga de que se está diante de um fe- a maturação progressiva do sistema nervoso cer: amido por dia. Acredita-se que a glicoamilase,
meninos e meninas na fase pré-puberal. A meni- nômeno biolégico. Ressalte-se que, para ocorrer tral, em um organismo com adequadas condi- enzima presente na borda em escova da mucosa
na ou o menino podem ter a maturação sexual © aumento da reserva energética, a criança terá ções de meio interno (equilibrio acido-basico, nu: intestinal e que é capaz de remover a glicose da
fora da idade média esperada para a maior parte modificado seu hébito alimentar anterior, au- - tricional e metabólico) e com boas condições de: extremidade nao-redutora do amido, possa ser a
da população, o que modificaria “temporaria- mentando o consumo de alimentos energéticos, efetores (cordas vocais, estrutura óssea, muscula via alternativa de digestéo do amido. A atividade
mente” o percentil observado. como biscoitos, bolos, doces, sorvetes. Se a pre- tura). Porém, é necessario que existam estimulos da glicoamilase em uma crianga de 1 més é simi-
Do primeiro ao terceiro ano de vida, ocorrem senga desses alimentos nao estiver prejudicando ambientais que suscitem respostas da criança e ¢ | lar & encontrada no adulto. Essa pode também
modificações importantes no formato do corpo. a ingestão de pelo menos 80% dos nutrientes capacitern a adquirir e aprimorar habilidades fun- ser a explicacdo para a tolerancia relativamente
As pernas tornam-se mais longas, a criança co- necessérios ao crescimento adequado, não é ne- cionais. Esses estimulos são dassificados como es- boa do lactente, inclusive o prematuro, as férmu-
meça a perder a gordura de bebê, que, ao nas- cessario restringi-los. senciais, isto €, sem estimulo não há desenvelvi- las acrescidas de polimeros de glicose (Behar,
cer, representava 50% do peso corporal. Há de- Observa-se também que os segmentos do cor- mento de todas as potencialidades com as quais & 1987; Lebenthal & Leung, 1987; Hervada & New-
senvolvimento de massa muscular. que corres- po humano apresentam caracteristicas proprias crianga foi gerada; e oportunos, ou seja, adequa- man, 1992; Fomon, 1993; Euclydes, 2000).
ponde a metade do peso ganho nesse periodo. que podem ser valorizadas durante o acompa- dos às etapas já superadas pela crianga. Nesse úl- Todo o processo biolégico e de desenvolvi-
A erupgao dentéria, importante indice de matu- nhamento da crianga. Inicialmente, o tronco é timo caso, mais vale as habilidades que a criança mento do lactente pode ser influenciado pela
ração, pode ser relacionada a alguns tipos de re- maior que os membros inferiores, e gradativa- alcangou e o que ela esta pronta para adquirir pratica alimentar nos primeiros meses de vida. A
tardo de crescimento, quando atrasada. Crono- mente essa diferenca vai sendo compensada, es- Assim; a estimulação muito precoce pode gerar prética do aleitamento materno exclusivo nos pri-
logicamente espera-se que os incisivos centrais tabelecendo-se a conformagao do adulto por vol- tensoes na crianca e na familia, e até mesmo meiros seis meses de vida vai prevenir alergias ali-
inferiores aparecam em torno dos 6 meses, se- ta dos 12 anos. Na rotina do atendimento nutri- atuar negativamente no seu desenvolvimento. mentares, desnutrição, obesidade, anemia, defi-
guidos pelos incisivos laterais (8 meses), primei- cional não é comum a tomada das medidas de Por outro lado, a estimulagao tardia pode resultar ciéncias nutricionais, diabetes melito e constipa-
ros molares (14 meses), caninos (18 meses) e proporgdes corporais, tais como medida do seg- em resultados parciais (Leão, 1989). Varios estu- ção intestinal.
segundos molares (24 meses). Aos 12 meses, a mento superior, medida do segmento inferior e dos foram realizados com o objetivo de verificar o Todos os aspectos nutricionais relacionados
crianga tem 6'a 8 dentes, e passa a ter a denti- da envergadura, mas elas se tornam valiosas em impacto do aleitamento materno sobre o desen- ao crescimento e ao desenvolvimento da crianga
ção decidua completa, ou seja, 22 dentes, aos 3 condições de distúrbios de crescimento. volvimento mental e psicomotor de lactentes, no primeiro ano de vida estdo exaustivamente
anos (Williams, 1997). Com relação à dentição conforme revisão de Lawrence (1996). A maioria, discutidos na obra de Euclydes (2000).
definitiva, os primeiros a aparecer serão os mo- realizada em diferentes pafses e com distintas
lares (6 a 7 anos), seguidos pelos incisivos cen- ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO
metodologias, mostrou resultados favoraveis &
trais (7 a 8 anos), incisivos laterais (8 a 9 anos), E FISIOLOGICOS
pratica da amamentação, quando comparados
REFERENCIAS
caninos (10 a 12 anos) até os terceiros molares, O processo de desenvolvimento na crianga, re- com a utilização de leite artificial. BEHAR, M. Physiological development of the feeding. In-
já na faixa dos 17 aos 22 anos. presentado pela capacidade de realizar funções, Os primeiros quatro meses de vida do lactente
dian Pediatrics, v. 24, p. 837-858, 1987.
A partir de 3 ou 4 anos, a crianga apresenta é acelerado nos primeiros meses de vida, de tal CHUMLEA, W.C.; GUO, S. Physical growth and develop-
são caracterizados por relativa imaturidade fisio- ment. In: SAMOUR, P.Q.; HELM, KK; LANG, C.E.
velocidade de crescimento constante, apresen- forma que, aos 4 meses, o bebé já é capaz dé sen- lógica, como reflexo de protruséo dalingua, pou- Handbook of pediatric nutrition. 2. ed. Gaithesburg,
tando ganho médio de 2 a 3kg de peso e 5 a tar com apoio, aos 5 meses senta sem apoio & <a produção de amilase salivar e pancreática, in- Maryiand: An Aspen Publication, 1999,
7cm de comprimento por ano. Esses valores são apóia firmemente o pescogo, dos 6 aos 8 meses capacidade de sobrecarga renal, mucosa intesti- EUCLYDES, M.P. Nutrição do lactente. Base cientifica
aceitos para ambos os sexos até o inicio da pu- engatinha, aos 9 meses fica em pé com apoio e nal permedvel a proteinas heterélogas. para uma alimentação adequada. Viçosa-MG, 2000,
461p.
berdade (Chumlea & Guo, 1999). Como a idade por volta de 12 meses é capaz de caminhar livre- A digestãodo amido é à mais prejudicada nos " FOMON, 5.J. Nutrition of normal infants. St Louis: Mosby,
escolar (7 a 10 anos) precede o estirao pubertá- mente. No entanto, 20% das criangas andam Primeiros seis meses de vida. A amilase pancreati 1993, p. 475.
rio, é possivel ocorrer o fendmeno da repleção sem ter engatinhado, sem que isso indique qual- €a não é detectada no intestino do recém-nasci- HERVADA, A.R.; NEWMAN, D.R. Weaning: Historical pers-
energética, em que meninos e meninas apresen- quer anormalidade. Por volta dos 12 meses, sur- do, e sua atividade permanece baixa durante os pectives, practical recommendations, and current con-
tam maior velocidade de ganho de peso, como gem as primeiras palavras-frase. Nessa idade, 2 seis primeiros meses de vida. A partir daí, aumen- troversies. Cur Probl Pediatr, p. 223-240, 1992.
uma forma de guardar energia para ser usada crianca, quando diz “água” e aponta, está que- ta gradativamente até atingir os niveis encontra- LAWRENCE, R.A. La Lactancia materna: una guia para la
na fase de intenso crescimento pubertério. Por rendo expressar “eu quero 4gua”. Aos 18 meses profesión médica. 4. ed. Madri: Mosby, 1996, p. 892.
dos no aduito após 1 ano de idade. Assim, a in- LEÃO, E. Pediatria ambulatorial. 2. ed. São Paulo: Coope-
esse motivo, se o pré-púbere apresentar sobre- a crianca apresenta habilidatle para manipular Clusão de amido na alimentação do recém-nasci- rativa Editora e Cultura Médica, 1989, p. 43-55.
LEBENTHAL, E.; LEUNG, Y.K. The impact of development — WATERLOW, J.C. Malnutricién proteico-energética. Publ
of the gut on infant nutrition. Pediatr Ann, v. 16, p. cación Científica n. 555. Washington: Organizaciey
211-220, 1987. Panamericana de la Salud, 1996.
RESEGUE, R.; WECHSLER, R.; HARADA, ). Desenvolvimen- WILLIAMS, S.R. Nutrition and diet therapy. 8. ed. St. L

CAPiTULO
to da crianga. In: CARVALHO, E.S.; CARVALHO, W.B Mosby, 1997.
Terapéutica e prática peditrica. 2. ed. São Paulo:
Atheneu, 2000, p. 1922.

MARCIA RESINA VITOLO

INTRODUCAO Estatura
Ao avaliar o estado nutricional da crianga, o pro- Estatura é um termo que pode ser utilizado- para
fissional de saúde tem & sua disposicao diferentes comprimento ou altura. Criangas com menos de 2
técnicas e instrumentos para serem aplicados. As anos são medidas deitadas, e essa medida caracte-
maiores dificuldades residem na escolha do crité- riza-se como sendo do comprimento; as criangas
fio a ser utilizado e na interpretação dos resulta- acima dessa idade já podem ser medidas de pé, o
- dos. Sendo assim, serão apresentados a seguir os que é definido como altura. As curvas da OMS,
‘conceitos, as indicações e as limitagdes dos prin- 2006 foram elaboradas com o corprimento até 2
Cipais indicadores e seus componentes. anos de idade e com a altura a partir de 2 anos.

MEDIDAS ANTROPOMETRICAS Perimetro braquial


Peso Essamedida é recomendada para avaliações rapi-
O peso expressa a dimensão da massa orgánica e das do estado nutricional de criangas de 1 a 5
inorganica das células, dos tecidos de sustenta- anos de idade quando não é possivel a utilizagao
ção, órgãos, músculos, ossos, gordura, 4gua - ou das medidas de peso e altura. É útil como instru-
sefa, o volume corporal total. Assim, criangas mento de triagem.
com edema pronunciado, como nos casos de = Vantagens:
doengas renais e desnutrição do.tipo "kwashior- Simplicidade do instrumento.
kor" (desnutricao protéica), não devem ser classi- Facilidade e rapidez de coleta e interpreta-
ficadas antropometricamente quantq ao seu es- ção dos dados.
tado nutricional. O edema caracteriza estado cli- Boa aceitabilidade.
nico indesejado; portanto, quando a crianga ede- Baixo custo.
Maciada apresenta perda de peso importante em Maior cobertura populacional.
Questão de horas ou dias, é um indicativo de que * Replicabilidade.
à terapia clinica e nutricional esta sendo eficaz. = Desvantagem: - .
Nos casos de criangas com edema, não há medi- * Medida isolada de apenas um segmento
da antropométrica que seja adequada para o corporal, limitando a obtenção de diagnas-
diagnostico do estado nutricional. tico mais global.
Perímetro cefálico (PC) e perímetro Porém, apenas estudos isolados sugeriram
torácico (PT) pontos de corte para circunferéncia da cintura
Em pediatria, o PC é utilizado com> método em adolescentes, os quais realizaram a medida
diagnóstico de estados patológicos de microce- na menor circunferéncia entre a crista illaca e a
falia, macrocefalia ou hidrocefalia. Em antropo- última costela (Taylor e cols., 2000; Freedman e
metria, a sua utilização para classificação de cols., 1999; McCarthy, 2001). Esses pontos de
desnutrição está associada ao perímetro toráci- corte estdo disponiveis no Anexo 5, Tabelas
€0 a partir da construção do indicador PT x PC A5.1, A5.2 e A5.3. Publicagdo recente mostrou
(PT/PC). Do nascimento até os 6 meses de vida resultados interessantes, em criancas e adoles-
os perímetros cefélico e toracico são aproxima- centes, quanto à sensibilidade e & especificidade FIGURAS 20.1 Medida de envergadura. {A) Mostra a posição para a medida. (B) Mostra que o valor é anotado
damente iguais, resultando em uma relação dos pontos de corte de Taylor e de Freedman. As pelo dedo médio
PT/PC = 1. Dos 6 meses aos 5 anos de idade, conclusões foram que os pontos de corte de Tay-
uma relação normal entre PT/PC é sempre maior lor são mais adequados para triagem de indivi- Dobras cutaneas dade econômica. Porém, sua acuracia depen-
que 1. Uma relação PT/PC menor que 1, nesse duos com alterações dos niveis de colesterol, in-
As dobras cutdneas medem a quant dade de teci- de do treinamento do avaliador.
periodo, é indicativa de desnutriczo energéti- sulina e leptina. Entretanto, indicaram que os
do adiposo corporal subcuténeo ¢, em conse- = Desvantagens:
co-protéica, na medida em que o parimetro to- pontos de corte de Freedman são mais especifi-
quiéncia, as reservas corporais de c¢lorias e o es- * Variagoes na distribuição do tecido adiposo
rácico não se desenvolve devido & atrofia do cos para detectar hiperleptinemia, com menor
tado nutricional atual. A medida da: dobras pode de acordo com a idade e o sexo.
musculo toracico e à redução do tecido adiposo número de falsos-positivos, o que é vantajoso em
ser tomada de vérias partes do corr , sendo que * Inexisténcia de pardmetro de referéncia
(Malina, 1975; Fomon, 1993). situagoes em que não se tem condições de medir,
as ‘partes mais indicadas e referenciadas para que levem em consideragao as diferengas
seja pelo alto custo, seja porque a crianga ou ado- étnicas.
criangas são as dobras tricipital, sub-scapular, bi-
lescente já apresenta outras alteragdes metabéli-
cipital, abdominal e supra-ilfaca. Cs resultados
Circunferéncia da cintura cas (Almeida e cols., 2004).
das medidas podem ser comparados aos percen-
A medida da circunferéncia da cintura tem sido Percentis
tis disponiveis para dobras de acordo com a faixa
largamente utilizada nos Gltimos anos como me- Percentil (P) é a distribuição dos individuos de uma
Relação entre as proporções corporais etéria ou aplicados em formulas para obtenção
dida antropométrica adicional e também comoiin- do. percentual de gordura ou massa magra. A determinada amostra populacicnal em relação as
dicador isolado de risco cardiovascular, inclusive Segmento superior (SS) é definido como altura
soma das dobras cutâneas tricipital e subescapu- medidas antropométricas. É a frequência com que
em criangas e adolescentes. É importante o profis- sentado (mede-se a altura que se estende da ca-
lar pode ser avaliada no Anexo 7, Tabela A7.3 de ocorre determinado peso ou estatura em um de-
sional observar a técnica que foi utilizada para me- deira até a parte mais alta da cabega). Segmento
acordo com a idade e o sexo. Soma das dobras terminado grupo de acordo com sexo, faixa etária
dir a circunferéncia da cintura. Neste capitulo, op- . inferior (SI) é a medida do comprimento dos mem-
cuténeas tricipital e subescapular superior ao per- ou estado fisiológico. Quando se diz, por exem-
tamos pelos referenciais que utilizaram a medida bros inferiores (junção da viritha até o chão).
centil 90 é considerada excesso de adiposidade. plo, que uma criança está no P10 de estatura para
Envergadura (E) é a distancia medida entre os ex-
da parte mais estreita do tronco. O referencial de crescimento langado em 2006 asuaidade, isto significa que 10% das crianças da
No estudo longitudinal da cidade de Bogalusa tremos dos dois dedos médios, estando a crianga
com dados do estudo multicéntrico apresentou população tomada como referencial apresentam
(EUA), realizado com criangas e adolescentes, a em pé com bragos paralelos ao plano horizontal
curvas para dobras cutâneas tricipital e subesca- essa estatura. O P50 é considerado ideal, pois con-
circunferéncia da cintura foi associada a elevada (Figuras 20.1 A e B) (Puccini & Lousada, 2000).
pular para criangas de até 5 anos de idade, cuja sidera que 50% da população apresentam o valor
concentragao de insulina, assim como niveis alte- As relações entre as medidas descritas a seguir
análise pode ser feita por percentis ou escore Z. £ referido, indicando, portanto, “normalidade” na-
rados de trigliceridios e de colesterol LDL e HDL indicam normalidade. São úteis nos casos em que
considerado excesso de adiposidade percentil quela população. .
(Freedman e cols,, 1999; Katzmarzyk e cols., haja suspeita de sindromes genéticas e endocrino-
>90 e escore Z >+2DP e baixa adiposidade per-
2004). Estudo de Maffei e cols. (2001) realizado lógicas, ou atraso no crescimento.
centil <10 e escore Z <-2DP. A férmula para cal-
na Itália mostrou que as criancas com circunfe- culo do percentual de gordura corporal mais util
Referencial ou padrão
réncia da cintura acima do percentil 90 apresen- m SS/Sl = 1,7 a0 nascer; 1,3 aos 3 anos; 1.0
Zada para criangas acima de 8 anos e adolescen- Diz-se referencial, ou padréo, quando os parame-
taram maior probabilidade de terem fatores de após os 7 anos. tros antropométricos de uma população são con-
Envergadura/estatura = 3cm até 7 anos;
tes foi elaborada por Slaughter (1988) (ver Capl-
risco cardiovasculares, em particular risco signifi- tulo 27, Avaliação do Estado Nutricional na Ado- siderados referéncia de adequada condição nutri-
cativamente maior de baixos niveis de HDL e Ocm dos 8 aos 12 anos; aos 14 anos + 1cm
lescéncia). cional. O referencial diz respeito a medidas antro-
pressão arterial elevada quando comparadas a para o sexo feminino e + 4cm para o masculi-
pométricas obtidas em individuos saudéveis, de
criangas com circunferéncia da cintura menor no. Esses últimos valores são dependentes da * Vantagens: a técnica mede a composição boa condição socioeconémica e que aparente-
que o percentil 90. fase de maturagao sexual do adolescente. corporal e não apenas o volume. Das técnicas mente não teriam limitagdes biologicas, nem socioe-
utilizadas para esse fim é a de maior acessibili- condmicas para crescerem de modo adequado.
As curvas do NCHS (National Center for Health decorrente de condições sociais e econômicas pre
and Statistics) são considerados referenciais. As cérias. Esse quadro reflete em elevadas taxas
novas curvas da Organização Mundial da Saúde mortalidade infantil, que podem ser ainda maj 139 semanas
(WHO, 2006) estão sendo consideradas um pa- alarmantes quando & desnutrição intra-uterina so. 39 semanas
drão de crescimento, porque, além de atenderem me-se a desnutricao pés-natal. Além disso, a es:
aos requisitos dos referenciais, atendem às condi- causa básica frequientemente se associam doen
ções ideais de saúde e nutrição. Os referenciais meabilidade placentdria. Dessa forma, seu cefalico na idade de 34 semanas. Espera-se
ças infecciosas e/ou parasitarias. Quando a crian
são utilizados para medidas comparativas entre os sobrevive a esses riscos, está sujeita a apresentay peso é baixo e desproporcional em relação & que os valores fiquem entre os desvios-padrao
países e padrões como condição ideal de cresci- estatura. No periodo pés-natal, se houver de +1 e 1. As idades em meses ap6s 40 se-
retardo de crescimento. Foi demonstrado que bai
mento, ou seja, como a criança deveria crescer. condições ambientais favoréveis, ocorrerd o manas sao referentes ao tempo de vida que a
*o peso ao nascer é um fator preditivo importanty
de baixa estatura (Nóbrega e cols., 1991; Huttly catch-up e essa crianga mudara de canal de ¢rianga deveria ter se não tivesse nascido pre-
cols., 1991). crescimento, atingindo valores de referéncia. maturamente. Essa curva é útil até 1 ano de
Classificações vida. Apés esse periodo, podem-se utilizar as
No Brasil, estudo realizado no inicio dos ano:
Estabelecimento de pontos de corte para se 1980 em maternidades das capitais de todosos. curvas normais de crescimento.
Classificaco de Puffer & Serrano (1987)
definirem os limites da normalidade estados (amostra nao-probabilistica) identificor
É a classificação mais utilizada para estudos po- factentes
Vários critérios foram estabelecidos e alguns prevaléncia de 8,3% de baixo peso ao nascer (N6-
batizados com nome de seu autor. Como foi dito brega, 1985). Levantamentos de informações ofi
pulacionais, pois torna-se dificil a obtenção da G acompanhamento do estado nutricional da
anteriormente, o valor no percentil 50 é o que ciais enviadas por todos os estabelecimentos d
idade gestacional exata por ocasido do nasci- cianga abaixo de 1 ano deve levar em considera-
mento da crianga.
corresponderia a 100% de adequação para uma saúde do pais ao Ministério da Satide apontavam, çcão peso, comprimento e perfmetro cefélico. Essas
determinada medida; entretanto, valores acima no final dos anos 1980, prevaléncias de baixo peso redidas devem ser obtidas com a maior precisão
a0 nascer em torno de 10% (Monteiro, 1995). * Baixo peso: <2.500g.
ou abaixo desse são considerados adequados. possivel, considerando-se que, nos primeiros me-
É importante avaliar a condição nutricional do *
= Peso insuficiente: 2.500 -- 3.000g. - szs de vida, a velocidade de crescimento, apesar
Por exemplo, a adequação de estatura por idade
recém-nascido, verificando a idade gestacional
* Peso adequado: >3.000g. e desacelerada, é intensa.
deve ser >95% para se considerar que a criança
está com a estatura dentro dos parâmetros de (<37 semanas: pré-termo; 38 a 42 semanas: ter- Nos primeiros seis meses de vida, o ganho de
normalidade. Se o critério fosse o percentil por mo; >42 semanas: pés-termo) e o peso ao nascer Índice de Rohrer peso mensal é a medida de maior importancia
idade, o ponto de corte para classificação de a ela correspondente: menor que o percentil 10; para avaliação nutricional da crianga,€ possibilita
pequeno para a idade gestacional (PIG); entre o -
Oindice de Rhorer (Miller & Hassanein, 1971) é in- o diagnostico rápido na vigéncia de problemas
normalidade séria o valor acima do percenti! 3.
dicado para se avaliar o estado nutricional do re-
P10 e P90: adequado para a idade gestacional * nutricionais.
(AIG); e maior que o P90: grande para a idade ges-
cém-nascido. Foi empregado em 1.692 casos com A curva de peso por idade publicada pelo Minis-
Indicadores idades gestacionais entre 39 e 44 semanas. Se o
tacional (GIG) (Lubchenco e cols., 1970). tério da Saúde no Cartão da Crianga é um meio de
Um indicador é a relação entre duas medidas: indice for menor que 2,0, considera-se o recém-
O recém-nascido a termo PIG pode apresentar avaliar o canal de crescimento da crianga e muito
Estatura por idade (E/)). nascido desnutrido.
duas classificações (Tabela 20.1) quanto ao seu util na verificação de mudangas quanto à velocida-
Peso por idade (P/). estado nutricional e, em consequéncia, dois de de ganho de peso. As desvantagens estao rela-
Peso por estatura (P/E). prognésticos distintos (Mena e cols., 1981): Indice de Rohrer = =
peso (g) x 100 cionadas com criangas que nascem a termo com
Relação cintura-quadril. estatura’ (cm) baixo peso e que mantém velocidade de ganho de
IMC (indice de massa corporal). Proporcional ou crénico: nasce com baixo peso pés-natal adequada. Essas criangas são erro-
Escore Z para P/E, P/l e EN. peso, mas proporcional em relação ao compri- Curva para prematuros neamente classificadas como desnutridas, pois os
mento que estd comprometido. Dificilmente O crescimento do prematuro é diferente, e por pontos de identificacdo do canal caem abaixo do

AVALIAGAO DO ESTADO
essa criança consegue recuperar a estatura no isso é importante utilizar a curva especffica, que percentil 10 ou 3, o que as define como de risco
periodo pés-natal, mas pode manter o canal esta disponivel no Anexo 3, Figura A3.23. Como para desnutrição ou desnutridas, respectivamente.
NUTRICIONAL DE ACORDO COM A
de crescimento ascendente se apresentar ve- usar: Ocorre que essas Criangas são pequenas e o peso
FAIXA ETARIA
locidade de crescimento adequada; porém. para a idade desconsidera esse fato. Por esse moti- *
Recém-nascido sempre se manteré abaixo do referencial. " Se na consulta o bebé tem 1 més de vida ex- vo, justifica-se considerar o ganho de peso maior
A condição nutricional ao nascimento reflete o pe- Desproporcional ou agudo: recém-nascido tra-Gtero mas nasceu com 30 semanas gesta- que 20g como o melhor indicador nutricional para
ríodo intra-uterino. A desnutrição materna du- que sofre restrição nutricional somente no úl- cionais, isso significa que, cronologicamente, criangas abaixo de 6 meses, mesmo porque as cur-
rante a gestagdo traz uma série de complicagdes, timo perfodo de gestação. Pode ser resultante estaria com 34 semanas; assim, marca-se na vas de crescimento para o primeiro trimestre de
entre as quais destaca-se baixo peso ao nascer de patologias obstétricas, diminuição da per- curva o peso, o comprimento e o perimetro vida são imperfeitas.
¥R

O profissional pode trabalhar com os Percentuais de adequagdo anos. Mesmo assim, é importan‘e considerar que consultas do que quando se utilizam as curvas de
diferentes instrumentos disponíveis, tais como Esse métado nos possibilita conhecer o percen- uma enorme parcela de nossas crianças já apre- crescimento.
curva de peso por idade, peso por estatura, tual de adequação dos indicadores peso por ida- senta déficitimportante de estat.ira aos 12 meses
estatura por idade e curva para o perímetro de, peso por estatura e estatura por idade, em re- de vida. A curva de crescimento 2aseada no peso = Desnutrido pregresso: criança que foi desnu-
cefálico do NCHS, disponíveis no Anexo 3. As lação aos valores de peso e estatura no percentil para idade, largamente utilizade em puericultura trida mas recuperou sua condição ponderoes-
adequações percentuais (%) desses indicadores 50 de uma tabela referencial. No Anexo 3, Tabela nos primeiros 6 meses de vida, né 5 precisa ser des- tatural. Apresenta comprometimento de esta-
(P/E, EA, PA) não são recomendadas para crianças A3.2, estao disponiveis os valores do percentil 50 considerada, pois é muito Gtil 3ara se observar tura, mas atualmente tem o peso adequado
abaixo de 6 meses. A partir dessa idade é possível para peso e estatura de acordo com a idade, Para mudanga no canal de percentil c a crianga. para a sua estatura. Essa classificação é útil do
realizar esses cálculos com mais precisão. menores de 5 anos foram utilizados os valores ponto de vista de saúde pública, pois reflete a
das novas curvas lancadas pela WHO em 2006 - Peso observado presença de desnutrição intra-uterina ou pre-
x100
Como analisar as curvas de ganho (Anexo 3, Figuras A3.1 a A3.10); para maiores de Peso esperado (para à e a sença crônica de desnutrição É preciso tomar
de peso por idade 5 anos, são utilizadosos valores do referencial do observada) no percan:il 50 cuidado com o termo desnutrição pregressa,
As características das curvas de ganho de peso NCHS de 1977 (Anexo 6, Tabelas A6.1 e A6.2). pois a criança não apresenta mais “desnutri-
por idade para avaliação do estado nutricional de Observação: no Anexo 3, Talela A3.2, e no ção” e não pode ser rotulada como desnutrida,
. Estatura observada
lactentes são mostradas na Figura 20.2. Estatura esperada para idade no percentil 50 %100 Anexo 6, Tabelas A6.1 e A6.2, es:ão os valores de pelo menos quando o objetivo da avaliação nu-
O ganho de peso é melhor indicador do estado peso e estatura do percentil 50 d3 WHO (2006) e tricional for assistencial e não epidemiológico.
nutricional da criança abaixo de 1 ano. Se a crian- do NCHS (1977), de modo a faciitar esse cálculo. Além do mais, crianças geneticamente baixi-
As classificações para a'estatura são apresen-
ça é pesada periodicamente, observam-se mudan- O profissional deverá buscar diretamente na co- nhas podem ser erroneamente classificadas
tadas na Tabela 20.2.
ças recentes no processo nutricional. O menor ga- luna de estatura, ignorando a id=de da criança, e como desnutridas pregressas.
nho de peso em determinado intervalo de tempo PM Z TEOODERA
o Peso observado verificar qual peso seria adequar o — esse &, por- = Desnutrido crônico evolutivo: nesse caso a
implicará a investigação das práticas alimentares e Peso esperado para idade no percentil 50 * 0 tanto, o “peso esperado” (Tabelz 20.4). crianga apresenta baixo peso e baixa estatura; é
identificação da causa do problema. Desse modo, uma criança bastante comprometida tanto do
Esse indicador foi utilizado durante muito tem- TABELA 20.4 Classificação de Jeliffe pzra P/E
a intervenção eficaz impedirá a continuidade do ponto de vista atual como crénico. A criança
processo de desnutrição, evitando-se prejuízos no po, para diagnosticar desnutrição em crianças. Deu <90% Baixo peso. tem as características de desnutrida pregressa,
crescimento linear (estatura) e cefálico. origem à classificação de Gomez (Tabela 20.3): 90110% Eutrofia além de apresentar desnutrição atual.
110/- 120% Risco para excesso de peso = Desnutrido-atual: o comprometimento do
= 0a6meses. Ganho de peso diário: >209/dia
TABELA 20.2 Classificações para estatura Excesso de peso peso é pronunciado, porém a estatura estd
(>600g/mês) e curvas de crescimento. Nota: de 120% a 130%: excessode peso leve; de 130% a 140%: excesso normal. Reflete a presenca de deficiéncia nu-
= 6 meses. Ganho de peso diário: >15g/dia de peso moderado; 2140%: excesso de peso grave.
(%) tricional recente, já que esse processo não in-
(>400g/més) e curvas de crescimento. terferiu na estatura. Sabe-se, porém, que se a
Percentis 210 Com os indicadores P/E e o EM, Waterlow
s crianga permanecer por tempo prolongado
(1973) elaborou uma classificação do estado com deficiéncia de peso, a estatura podera ser
Curva ascendente: velocidade de ganho — |
de peso adequada } TABELA 20.3 Classificago de Gomez (1956) nutricional da criança (Tabela 20.5), largamente comprometida, processo que é irreversivel.
290% Eutrofia utilizada na área de pediatria. Entretanto, não se
Se a curva ficar reta: diminuição da
velocidade do ganho de peso
| 75 |- 90% Desnutrição leve recomenda mais a utilização desse critério.
60/-75% Desnutrição moderada Podem-se utilizar os pontos de corte dos EscoreZ
Curva descendente: processo inicial de <60% Desnutrição grave Percentuais no dia-a-dia do atendimento clínico, É a medida de quanto o indivíduo se afasta ou se
desnutrigio. Nesse caso, a crianga até porque é mais fácil reconhecer variação no aproxima da mediana em desvios-padrão (DP) (Fi-
provavelmente perdeu peso, o que pode
significar mudanga brusca na pratica Limitações da classificação de Gomes percentual de peso por estatura entre duas gura 20.3). Para calculá-lo, podem-se utilizar as
alimentar efou doenca.
Essa classificação é úti! quando ocorre desnutrição
FIGURA 202 Caracteristicas das curvas de ganho de TABELA 20.5 Critério de classificação de Waterlow, 1973
aguda ou quando a criança apresenta estatura
peso por idade para lactentes praticamente no percentil 50. Sem esse aspecto, ©
diagnóstico quanto ao estado nutricional da crian-
Criangas de 1 a 10 anos ça será equivocado. Alguns anos atrás, em decor- Eutrófico Desnutrido.pregresso .
A seguir serão expostos os diferentes indicadores rência dessa limitação, o Comitê de Nutrição da <90% Desnutrido atual ou agudo Desnutrido crônico ou evolutivo
e critérios para se avaliar o estado nutricional da Sociedade Brasileira de Pediatria recomendou que Mota: não modificamos a terminologia classicamente utilizada, mas o termo desnutrição não & mais recomendado Quando se utilzam apenas medidas de peso
€altura. O adequado¢ baixo peso para estatura.
crianga, incluindo-se o pré-escolar e o escolar. esse indicador fosse utilizado para crianças até 2
seguintes relações: peso por estatura (P/E), peso idade (P/). Durante anos, laboratórios farmacêuti- Limitações 0 estudo multicéntrico combinou seguimento
por idade (P/) e estatura por idade (E/). O escore Z cos oferiavam para os serviços de pediatria curvas longitudinal, que foi.do nascimento até 24 meses,
As curvas por percentis no caso de pré-púberes e
é mais aceito na literatura científica e é um exce- de peso por idade e estatura por idade para crian- e tra"sversal, de criangas entre 18 e 71 meses. Ape-
adolescentes não são indicadas em casos de atra-
lente método para estudos de grupos populacio- ças abaixo de 36 meses e de 2 a 18 anos. Atual- sar ¢ o estudo ter abrangido criangas de até 71
so ou avanço puberal acima do normal, pois as
nais. Atualmente está mais popularizado, pois as mente, os valores por percentis para peso/idade, mescs, as curvas foram elaboradas para criangas
* curvas refletem o padrão da população em geral
novas curvas da WHO (2006) e da NCHSAWHO pesofestatura, estatura/idade, circunferéncia cefs- de a.é 5 anos de idade (60 meses). A população
Ou seja, quando a criança está mais avançada na
(2007) passaram a fornecer os valores em escore lica e iMC, do NCHS, estão disponiveis no site-da maturação sexual do que a população em geral, é do e: tudo foi constituida de 8.440 criangas sauda-
Z, o que facilita a sua utilização. Anteriormente, só WHO (www.who.int/growthcharts). As curvas veis m aleitamento materno e criangas de dife-
dadoa ela o direito de ter maior peso e maior esta-
era possível calcular por meio do programa americanas elaboradas em 1977 foram revistas e tura e vice-versa. Nesses casos, os valores dos per- rentes etnias e culturas. Participaram do estudo o
Epi-Info. É utilizado para caracterizar: deficiência modificadas e foram denominadas curvas do CDC : Brasii (Pelotas), Gana (Acra), India (Delhi do Sul),
centis encontrados vão determinar, erroneamen-
(<-2,00 DP) ou excesso (>+2,00 DP). O normal é — Centers for Disease Control (2000). A população Noruaga (Oslo), Oma (Muscat) e EUA (Davis, Cali-
te, que a criança está com excesso ou deficiência
entre -2 e +2 (WHO, 1995). continua sendo a mesma, porém a edição anterior férniz). As populações do estudo viviam em condi-
da medida antropométrica analisada. O melhor
só utilizava criangas e adolescentes brancos; na indicador nessas situações é o percentual de ade- ções que possibilitariam às criangas alcançar o po-
edição revista, foram incluídos os negros e des- quação de peso para estatura (P/E%) para deter- tencial genético para o crescimento, ou seja, de
cendentes mexicanos. Essas curvas não estão sen- beas condições socioecandmicas, com baixa mo-
minar a condição nutricional. Para avaliação do
do ma's consideradas adequadas, porque a popu- crescimento, tanto o critério de percentil quanto o bilidade, e nas quais 20% ou mais das maes segui-
FIGURA 205 Mediana em desvios-padrao lação que seria considerada referéncia apresenta de percentual de adequação vão fornecer o mes- riam s recomendagdes da OMS para alimentação
mais excesso de peso. Dessa forma, optamos por mo perfil diagnóstico, mas deve-se interpretá-los e alevamento materno. Os critérios individuais in-
não incluir neste livro as curvas do CDC de 2000. com cautela, pois a condição encontrada, seja es- clufrem: não apresentar doengas ou ambiente que
Escore Z = valor observado — valor da mediana Os pesos e alturas no percentil 50 de criangas aci- — limite sse o crescimento, mées que desejassem se-
desvio-padrao da população tatura excessiva ou deficiente, pode ser temporá-
ma de 5 anos foram obtidos das curvas do NCHS * ria devido à fase pubertária. _guir s recomendagdes do estudo multicéntrico
de referéncia de 1977 (Anexo 6). (aleitamento materno exclusivo por pelo menos 4
Se o valor do escoreZ for zero (0), isto significa As criangas obesas foram exclufdas das novas mese:, introdugdo & alimentagao complementar
que o valor da medida obtida da criança é exata- curvas, para que se pudesse identificar melhor as Curvas lançadas recentemente pela OMS aos 6 meses de vida e continuidade do aleitamen-
mente igual ao valor do referencial - no caso, o mudancas no padrão de ganho de peso na para crianças abaixo e acima de 5 anos to parcial até pelo menos os 12 meses), mae
valor do percentil 50 das curvas de crescimento. população infantil. nao-fumante antes e depois do parto, parfo único
Elaboração das curvas de crescimento e auséncia de morbidade relevante (De Onis e
de 0 a 5 anos cols., 2004). As criangas de baixo peso (<2.500g)
Limitações Conceito de percentil
É a distribuição das péssoas em relação aos valores
Em 1993, a Organização Mundial da Saúde revi- não foram excluídas, pois a prevaléncia de 2,3%
É mais indicado quando o profissional tem interes- Sou o uso e interpretações dos referenciais antro- foi considerada dentro dos parametros de norma-
obtidos para determinados índices ou medidas.
se em apresentar os dados antropométricos de pométricos para avaliar o estado nutricional de lidade. A medidas foram: peso e circunferéncia ce-
Mostra a frequência com que ocorre determinado
seu serviço no formato científico e quando o obje- criangas. A revisão concluiu que o referencial de falica para todas as criangas e comprimento, altu-
peso ou estatura em um determinado grupo po-
tivo é apresentar o estado nutricional de grupos crescimento da NCHS/WHO de 1977, que vinha ra, circunferéncia do brago, triceps e subescapular
pulacional de acordo com sexo, faixa etária ou es-
populacionais O diagnóstico individual com obje- sendo recomendado para uso internacional des- para todas as criangas de 3 meses ou mais.
tado fisiológico. Por exemplo: se uma criança que
tivo clínico-não prescinde desse indicador, sendo de 1970, não representava adequadamente o Quando se lê o material publicado no Acta Pae-
está no percentil 10 de estatura para sua idade,
mais prática a utilização das curvas de crescimento crescimento infantil e que novas curvas eram ne- diatric (WHO, 2006a,b), observam-se alguns deta-
isto significa que 10% das crianças da população
ou os percentuais de adequação. Entretanto, com Cessárias (De Onis & Yip, 1996; De Onis & Ha- Ihes muito interessantes. Por exemplo, a impossi-
de referência apresentam essa estatura. O percen-
as novas curvas de crescimento da OMS, é possível bicht, 1996). A Assembiéia de Satide Mundial en- bilidade de alcangar o critério socioeconémico foi
til 50 é considerado ideal, já que metade da popu- dossou essa recomendagao em 1994. Assim sen-
conhecer o escore Z da criança em relação a peso a principal razão da inelegibilidade no Brasil
lação apresenta o valor referido, indicando, por-
e estatura de maneira prática e fácil, e parece ser o do, foi estabelecido, entre 1997 e 2003, o Estudo (54%), Gana (74,2%), India (24,4%) e Oma
tanto, uma "normalidade”.
critério que vai ser adotado. Multicéntrico de Referéncia de Crescimento para (47,3%). O tabagismo correspondeu a 19% do
gerar as novas curvas que incluem crescimento e total de inelegibilidade no Brasil, enquanto na No-
Aplicação desenvolvimento da crianca (Anexo 3), as quais ruega foi de 9,2%. A recusa a participar foi baixa
Curvas de crescimento por percentis As curvas por percentis são práticas e fornecem o devem descrever como as criangas deveriam-cres- no Brasil (0,1%) e mais alta na Noruega (11,8%).
Esse instrumento é o mais utilizado pelos profis- diagnóstico da condição nutricional da criança cer em todos os paises, mais do que mostrar O estudo longitudinal que incluiu criangas do
sionais nos serviços básicos de saúde, O Ministério ou do adolescente sem a necessidade de realizar como elas crescem em determinado tempo e lu- nascimento até 24 meses compreendeu visitas do-
da Saúde adotava somente as curvas de peso por contas ou cálculos. gar (Garza & De Onis, 2004). miciliares regulares semanais, mensais ou bimen-
Sais. Nessas visitas, as mães eram orientadas quan- um mês, devido 2o fato de as visitas nessa idade se- Muitos estudos populacionais da diversos paises necessária para à abordagem clínica, já que o
to às práticas do aleitamento materno exclusivo e à rem mensais. O uso de suplementos vitaminicos foi foram analisados, e observou-se g-ande heteroge- peso por estatura e o IMC por idade cumprem o
adequada introdução de alimentação complemen- raro no Brasil, nos EUA e em Omã, mas alto em neidade nos métodos utilizados rara obtengio e papel de avaliar o estado nutricional da criança.
tar. Os resultados referentes ao aleitamento mater- Gana e na Índia. O uso de suplementos de minerais qualidade dos dados, tamanho da : amostras, con- A classificação de acordo com os pontos de
no mostraram que o Brasil teve a menor adesão, não foi comum em nenhum pais, exceto quanto ao dição socioecondmica das criancas e outros fatores corte pode ser observada na Tabela 20.6.
quando comparado com os outros paises. Essa ferro no Brasil (7% a 19% das criangas).A prética de importantes para a construção do eferencial. Des-
tuação reflete a condição atual e persistente da cul- utilização de alimentos enriquecidos não foi obser- sa forma, os especialistas resporisé: eis por determi- TABELA 20.6 Classificação de acordo com os pontos de
tura da não-amamentação exclusiva e da baixa vada no Brasil. nar essas novas curvas elaborarzm, a partir das cur- corte (WHO, 1995; Frisancho, 1990)
adesão à continuidade do aleitamento materno até Duas publicações recentes compararam as duas vas do NCHS de 1977, referenciais de peso e esta-
12 meses. A prática de oferecer chá ao lactente foi curvas — a da OMS e a do CDC (2000) - com o ob- tura para criangas e adolescentss te 5 a 19 anos. Estatura/idade s 520 S
mais comum no Brasil. Os problemas mais comuns jetivo de verificar os desvios nos resultados quanto Mas o fizeram de tal modo que é possivel fazer o Adequada >-20P >10
relatados pelas mães na primeira visita foram fissu- à classificação do estado nutricional das criangas acompanhamento de criangas de 0 3 5 anos com as. Baixa estatura (BE) <-20P <3
ras mamilares (27,9%), ingurgitamento (19%), (De Onis e cols., 2007) e a adequagdo das novas curvas WHO de 2006 e, a parti: dossa idade, com Risco para BE entre <-1DP entre 3
muito leite (6,3%), mastite (2,0%) e atraso da apo- curvas com relação à avaliação clínica (Onyango e as curvas do NCHS (1977), WHO (2007). e>-2 e<10
jadura (2,7%). Na visita da segunda semana, esses cols., 2007). Os resultados mostraram que as novas Foram elaboradas curvas de IM(_ por idade e de Peiofestaiira |
problemas tinham sido reduzidos substancialmen- curvas da OMS, comparadas com as do CDC estatura por idade para criangas e sdolescentes de Risco para baixo peso entre <=1 entre 3
te. Na discusséo dos resultados foi mencionada a (2000), identificaram menor prevaléncia de desnu- 5 a 19 anos e curvas de peso para iciade para crian- e>2 e<io
menor adesão das maes brasileiras & proposta do trição e maiores taxas de sobrepeso e obesidade. ças de 5 a 10 anos. A elaboração cio referencial de Baixo peso (BP) <-20P <3
aleitamento materno exclusivo, sendo justificada peso para idade até os 10 anos fo: justificada para Excesso de peso >+2DP >97
pela pratica pedidtrica comum de prescrever chá e beneficiar os paises que rotineiramente medem Excesso de peso grave >+3DP >99,9
4gua, formula desnecesséria, e alimentação comple- Elaboragdo das curvas de crescimento apenas o peso das criangas, mesme que os pesqui- “Mclidade :
mentar antes dos 4 meses (dados baseados no estu- de 5a 19 anos
sadores alertem que esse Indice não é apropriado Baixo peso <-20P <5
do de Albernaz e cols., 1998). O estudo referente A necessidade de se desenvolver um único e apro- para se monitorar o estado nutric:onal, sendo as Risco para excesso entre>+10P entre >85
aos critérios da introdução da alimentagdo comple- priado referencial de crescimento para rastrea- curvas de IMC para idade elaboradas para o diag- de peso 2 em e<s7
mentar seguiu as recomendagées dos 10 passos da mento, acompanhamento e monitoração de es- néstico de baixo peso e excesso de peso. Excesso de peso >+2DP >97
alimentação saudével para a crianga (PAHO/WHO, colares e adolescentes tem sido evidenciada por Excesso de peso grave — >+3DP >99,9
2003). Os dados dietéticos da crianga foram obtidos dois eventos: a preocupagdo com o aumento das.” A utilização prética das curvas Nota: utilizau-se a denominação excesso de peso grave, e não obesidade,
por meio do recordatorio de 24h em cada visita. taxas de obesidade infantil e o langamento, em em razão da limítação de se avaliar a eal composição corporal por meio do
Até o presente momento, as curvas disponiveis peso e da estatua. Mas a partir desse ponto de corte é provável que a
Para obtenção da fregiiéncia de consumo conside- . abril de 2006, das curvas de crescimento para sdo as que contém as medidas antropométricas riança apresente obesidade.
rou-se que, se a criança comia duas vezes no inter- criangas abaixo de 5 anos, elaboradas a partir de de peso, comprimento e altura; a partir de crité-
valo minimo de 45min, considerava-se uma refei- estudo prospectivo. É consenso que o uso de indice de massa corporal (IMC)
rios de percentis e escore Z foram elaboradas 60
ção. Agua, chá, suco e outra bebida, consumidos amostras populacionais que refletem a tendéncia curvas de acordo com o sexo. Essa quantidade A utilização desse indicador para determinagso
isoladamente, não foram considerados refeicées. O secular de excesso de peso para a construção de deve-se &s subdivisdes de faixas etarias, como, da condição nutricional de crianças e adolescen-
numero total de refeigoes incluiu alimentos sóli- referencial de crescimento resultaria erroneamen- por exemplo, a faixa etaria do nascimento até 6 tes idade está disponibilizada no Anexo 4, nas Ta-
dos/semi-sélidos e leite ou derivados. Para andlise da te em subestimagao do excesso de peso e superes- meses, de 6 meses a 2 anos, do nascimento até 2 belas A4.1 e A4.2. IMC por idade foi recomenda-
diversidade da alimentaggo foi utilizado escore de- timagao do baixo peso. anos e assim por diante. Para este livro escolhe- do como o melhor indicador nutricional na ado-
senvolvido por Dewey e cols. (2005). Assim, os in- Pesquisadores importantes nessa área concor- mos as curvas com as faixas etérias do nascimen- lescéncia, por ter sido validado como indicador
quéritos com altos escores estariam refletindo a in- dam em que um estudo multicéntrico, semelhan- to até 2 anos e de 2 a 5 anos e todos os trés crité- de gordura corporal nos percentis superiores e
gestdo de alimentos de alta densidade nutricional te ao realizado na elaboração das curvas para rios: percentil de peso ou comprimento ou altura porque oferece continuidade de análise na fase
como fonte de alimentos de origem animal, frutas e criancas de 0 a 5 anos (WHO, 2006), não seria fac- Por idade, percentil de peso por comprimento ou adulta (Rolland-Cachera e cols., 1931; Rolland-
vegetais. Os resultados mostraram que a média de tivel para criangas de mais idade, pela impossibili- altura, os escores Z correspondentes e os dados Cachera, 1993; Himes & Bouchard, 1989).
idade da introdução da alimentação complementar dade de se controlar o dinamismo do ambiente de IMC por idade em perceatil e em escore Z. 1Mc = Peso(ka)
foi semelhante entre os seis países, sendo de 5,4 em que elas vivem. Como alternativa, os pesquisa- Com elas o nutricionista pode escolher a curva altura? (m)
meses. Contudo, acredita-se que seja menor, pois a . dores sugeriram que o referencial para essa faixa Que considerar melhor para fazer o diagnóstico - Acassificação.do índice de massa corporal de
técnica para coleta desse dado incluía a idade da etaria fosse construfdo a partir de dados históri- antropométrico da criança. Não selecionamos o acordo com os percentis da OMS pode ser visto.
criana no dia da visita e não exatamente a idade cos, sendo discutidos os critérios para a seleção Peso por idade porque essa informação já está na Tabela 20.7 e a classificação do IMC de Frisan-
com que ela iniciou. A diferenca não seria maior que dos bancos de dados. disponível na caderneta da criança e por ser des- cho consta na Tahela 20.8.
TABELA 20.7 Classificação do /C de acordo com os Monteiro e cols., 2000; Arifeen e cols., 2000;
percentis da OMS (WHO, 1995) nha histéria de baixo peso ao nascimento (Vitolo tes no atendimento devem ser orientados a não
Wang e cols., 2002; Drachler e cols., 2003). Os da- e cols., 2008). interferir durante a realização do inquérito.
<P5 Be'xo peso
PS |- P85 Ev'rofia
dos de obesidade na infancia e na adolescéncia Os tipos de inquéritos alimentares e as técni-
estdo descritos detalhadamente na Parte VI, Obe.. * cas de obteng&o são bem conhecidos pelos nutri-
sidade na Inféncia e na Adolescéncia. Baixa estetura cionistas e estdo disponiveis em livros-texto da
TABELA 208 Classificação do I - de acordo com os 0 déficit estatural é melhor que o ponderal como área e na literatura cientifica (Lee & Neeman,
percentis, segundo Frisancho, 1530 Baixo peso
indicador de influéncias ambientais negativas so- 1995; Williams, 1997; Shils, 1999, Thompson &
<s Baixo peso bre a saúde da crianga, sendo o indicador mais Byers, 1994). No Capitulo 8, Avaliação Nutricio-
Pesquisas nacionais anteriores à POF já sugeriam sensfvel de má nutrição nos paises. O déficit esta- nal da Gestante, e no Capitulo 40, Avaliação Nu-
51-15 Risco para baixo seso redução da desnutrição em criangas abaixo de 5
151-85 Eutrofia tural separa a má nutrição precoce de um poste- tricional do Adulto, as técnicas mais comuns para
anos no Brasil. São elas ENDEF, realizada em 1975 rior excesso de peso. Estudos mostraram que a inquéritos alimentares foram descritas quanto a
85195 Excesso de peso ou risco para obesidade (IBGE, 1977), PNSN, realizada em 1989 (INAN, baixa estatura apresenta maior prevaléncia em - suas aplicações e suas limitages; desse modo, o
1990) e PNDS realizada em 1996 (BGE, 1998). estratos socioecondmicos menos privilegiados objetivo presente é esclarecer quanto às melho-
Wang e cols. (2002) observaram que o baixo peso (Marins e cols., 1995; Engstrom e cols., 1996; res estratégias para se estimar o consumo ali-
para a idade diminuiu entre os estudos nacionais, Guimarées e cols., 1999; Saldiva e cols., 2004) e mentar de criangas.
SITUAGAO NUTRICIGN:iL DA passando de 14,8% para 8,6% no Brasil. Estudos entre crizngas com baixo peso ao nascimento É importante ressaltar que a ingestão alimen-
CRIANCA BRASILEIRA
feitos com menores de 10 anos em comunidades | (Guimarães e cols., 1999; Arifeen e cols., 2000; tar não pode ser estimada sem erros; no entanto,
Publicagao recente do Instituo Brasileiro de Geo- carentes do Nordeste (Motta e cols., 2001; Florén- Drachier e cols., 2003). é peca importante para o diagnéstico nutricional.
grafia e Estatistica (BGE) aprosenta os resultados cio e cols., 2001) e com criangas abaixo de 5 anos Quando se conhece bem as vantagens e desvan-
das medidas antropométrices de criangas e ado- de duas comunidades carentes no Estado de Sao tagens de cada inquérito alimentar, é possivel es-
lescentes da Pesquisa de Or amentos Familiares Paulo (Monteiro e cols. 2000; Strufaldi e cols. ANAMINESE ALIMENTAR timar a magnitude do erro e, assim, contorna-lo.
(POF, 2002-2003). As medigas antropométricas 2003) observaram condição antropométrica se- A avaliação da ingestão alimentar é fundamental Para lactentes que estdo em aleitamento mater-
em que se baseiam os resultados e analises dos melhante & média nacional observada na PNDS. para se direcionar o diagnéstico nutricional da no exclusivo, o número de vezes que o bebé
resultados apresentados pelo IBGE foram obtidas A baixa proporcao de criangas com compro- crianga. Porém, é necessario que a obtenção dos mama, a quantidade de fraldas molhadas, as eva-
de maneira direta junto às famflias entrevistadas metimento do peso alinha-se a outros estudos - dados seja realizada com os critérios técnicos con- cuagoes e o ganho de peso sdo suficientes para
de julho de 2002 a junho de 2003 em todo o Bra- que mostraim esse problema nutricional (ornan-/ solidados, além de muita perspicacia com relação fechar o diagnéstico. Há indicações de pesar o
sil. A POF, além de ter sido realizada em todo o do-se pouco prevalente em criangas da popul: às respostas fornecidas. A escolha do tipo de in- bebê antes e depois da mamada como uma ma-
territério brasileiro, apresenta outras diferengas ção em geral no Brasil. Por exemplo, em São Leo- quérito vai depender da idade da crianga, do obje- * neira de medir o volume de leite consumido, mas
importantes em relacdo s anteriores. Em face da poldo - RS, um ensaio de campo randomizado - tivo da avaliaggo, das condições socioecondmicas essa técnica não é aceita na comunidade cientffi-
necessidade de informações detalhadas sobre as avaliou o impacto de aconselhamento nutricio- e da disponibilidade de tempo. Até 7 anos de ida- ca. Pode até ser utilizada como um dado adicio-
condições de vida a partir do consumo, especial- nal no primeiro ano de vida sobre o estado nutri- de os dados de ingestão são fornecidos predomi- nal em casos de dúvidas quanto à condição clini-
mente das familias de menor renda, inclufram no cional aos 12 meses em familias de baixa renda e nantemente pela mae ou pelo responsével. A par- ca da crianca. Se a crianga esta recebendo outros
&mbito da pesquisa as areas rurais e foram inves- também encontrou baixa proporção de criangas tir dessa idade até a adolescéncia, pode-se fazer o leites ou alimentos, faz-se o calculo dos nutrien-
tigadas as aquisigbes ndo-monetarias. do grupo de controle (2,6%) com déficit de inquérito utilizando-se a crianga como principal in- tes ingeridos somente nos alimentos comple-
Aidentificação de desigualdades no estado nu- peso para estatura (Vitolo e cols., 2005). Estu- formante e solicitando-se à mãe auxilio quanto as mentares, e com isso se tem uma idéia do aporte
tricional das criangas relacionadas as diferengas dos em criangas de outros municipios e regiões informações pouco claras ou quando a prépria de nutrientes, sem contar com a contribuigdo do
es socioecondmicas e das condições brasileiras também tém sugerido baixa preva- crianga tem dúvida. Há vérias publicagdes na lite- leite materno: Para lactentes, os dados de inges-
de vida das famílias é informação fundamental lência de baixo peso em criangas (Victora e cols., fatura sobre a validação de inquéritos alimentares tão alimentar podem ser obtidos pela técnica do
para o desenvolvimento e a avaliação de politicas 1998; Monteiro e cols., 2000; Strufaldi e cols., em criangas. Van Horn e cols. (1993) citam esses recordatério de 24h ou dia alimentar habitual.
publicas voltadas para a equidade em saúde. Estu- 2003; Corso e cols., 2003). Outro estudo reali- estudos, destacando que há evidéncias de que Nessa faixa etária é muito comum, a0 se indagar
dos feitos em diversas regiões brasileiras compa- zado em São Leopoldo durante a campanha na- Criangas abaixo de 10 anos têm dificuldade de amae sobre o que a criança comeu no dia ante-
rando o estado nutricional das criangas entre gru- cional de imunização, com 4.459 criangas entre Qquantificar as porções alimentares. Mas defende a rior, ouvir termos como: “ele acorda às 7 horas e
pos de renda e escolaridade dos pais indicam que 1 més e 6 anos de idade, observou que baixo idéia de que, com técnicas apropriadas, criancas toma uma mamadeira de leite; às 11 horas ele
as criangas de familias com piores condições socioe- peso para estatura ocorreu em 2,0% dessas. O de 8 a 10 anos conseguem estimar sua ingestão come a papinha” e assim por diante. É importan-
condmicas apresentam riscos significativamente principal preditor de baixo peso na crianga foi o “alimentar sem a ajuda de adultos. No caso dê ado- te que o profissional observe a maneira como a
maiores de baixo peso e retardo de crescimento peso ao nascimento, tendo-se observado o tri- lescentes, o inquérito alimentar é feito exclusiva- mae está respondendo, pois indica que ela está
(Engstrom e cols., 1996; Guimaraes e cols., 1999; plo de chance de baixo peso quando a crianga ti- mente com eles; a mãe ou algum familiar presen- se referindo ao habitual e não ao dia anterior.
Para pré-escolares é recomendado que, além você jantou ontem...” e, a partir dai, verificar o TABELA 20.9 Parâmetros labratoriais
do inquérito de um dia, que pode ser o recorda- que a crianca ingeriu no dia anterior, do jantar
tório de 24h ou o dia alimentar habitual, se reali- até a noite. Dessa forma, o dia alimentar sera 137 anos: 6,12 7.99/dL
ze um registro alimentar de pelo menos três ou obtido com dois tipos de técnicas: o habitual e o 83 12an0s: 6,42 8,19/dL
quatro dias, devido ao apetite instável dessas recordatério de 24h. Albumina sérica <5 anos: 3,9 a 5,09/dL.
criangas. Solicita-se que o registro seja feito em A análise da anamnese alimentar auxilia no 5a19an0s: 4,02 5,3g/dL
dias subseqtientes, tomando-se dois dias de se- diagnéstico nutricional final. Em casos de desnu- Cálcio (ionizado) sérico Criangas e adolescentes: 4,8 a 4,92mg/dL
0u2,24 2 2,46mEGL
mana e dois (ou um) de fina! de semana. trição, baixo peso ou retardo de crescimento, a
Calcio total Criancas: 8,8 a 10,8mg/dL.
Tanto para os lactentes quanto para os pré- detecção de problemas na alimentago vai des- Adolescentes: 8,4 a 10,2mg/dL
escolares é muito comum que a mãe relate ao cartar, inicialmente, suspeitas de sindrome de má sedo — Criangas: 138 a 145mmollL
profissional as quantidades de alimentos ofereci- absorgao, problemas metabélicos ou genéticos, Nitrogénio uréico Criangas: 5 a 18mg/dL
das à crianca e nao aquelas realmente consumi- evitando a realização de exames laboratoriais in- Betacaroteno Lactentes: 20 a 70ug/dL
das. Assim, após a mae ter dado a informagao, o vasivos e desnecessarios para complementar.a Crianças: 40 a 130pg/dL.
nutricionista deve perguntar a ela quanto a crian- investigagao da situáção clinica. ; Adolescentes: 60 a 200pg/dL
ca realmente comeu do que foi oferecido ou se Zinco 1219 anos: 642 118ug/dl
sobrou algo no copo, na mamadeira, ou no pra- Colesterol total 123 anos: 45 2 182mg/dL
to. É importante também observar o tempo ver- Questionario de freqiiéncia alimentar 426 anos: 109.2 183mg/dL
bal utilizado na resposta, pois é comum a mae para criangas Colesterol HDL 113 anos: 35 a 84mg/dl.
143 19 anos: 35 a 65mg/dL
responder que ele "toma leite” quando indaga- O consumo alimentar de criangas tem sido alvo Colesterol LDL Meninos 1 a 9 anos: 60 a 140mg/dL
da sobre o que o filho comeu no café da manha de inúmeras, investigacdes internacionais; no Meninas 1 a 9 anos: 60 a 150mg/dL
do dia anterior. Assim que o profissional observar nosso pafs, porém, existem poucos estudos com Trigliceridios 0a5anos: Meninos: 30 a 86mg/dl
que ela esté se referindo ao que é habitual, ele esse enfoque: Atualmente, os esforgos tém se Meninas: 32 a 99mg/dL
deve chamar.a atenção da mae para que ela se concentrado na validação de inquéritos de fre- 6 2 11 anos: Meninos: 31 a 108mg/dL
lembre ou se refira ao que a crianga comeu no dia quência com objetivos especificos. No Brasil, so- Meninas: 35 a 114mg/dL
anterior. mente o estudo de Colucci e cols. (2004) foi des- 1222 15 anos: Meninos: 36 a 138mg/dL
Meninas: 41 a 138mg/dL
Criangas em idade escolar, ou seja, acima de tinado às criangas (Anexo 14, Figura A14.1). O
16 2 19 anos: Homem: 40 2 163mg/dL
7 anos, estão aptas a responder sobre a sua in- referido estudo teve por objetivo desenvolver um Mulher: 40 a 128mg/dL.
gestdo alimentar, mas é mais facil utilizar a téc- questionario de frequiéncia alimentar, utilizando Creatinina Lactentes: 0,2 a 0,4mg/dl.
nica do dia alimentar habitual. Ou seja, inicia-se porções alimentares obtidas em inquéritos recor- Criança: 0,3 a 0,7mg/dL
o inquérito alimentar perguntando a que horas. datdrios de 24h, para avaliar a dieta habitual de
Adolescentes: 0,5 a 1.0mg/dL.
a criança normalmente acorda e, em seqiiéncia, Eritrécitos 6 meses a 2 anos: 3,7 a 5,3 milhões de celmm?
criangas de 2 a 5 anos de idade (Colucci e cols., 2a6an0s:39a53
oque ela faz. Elas costumam responder que co- 2005). 10 a 5,2
locam a roupa, escovam os dentes, lavam o ros- 12 2 18 anos: Meninos: 4,5 a 5,3
to e “tomam café” e vão para a escola (quando
Meninas: 4,1 a 5,1
INVESTIGAGAO LABORATORIAL Glicose RN: 1 dia: 40 a 60mg/dL; >1 dia: 50 a 90mg/dL
estudam pela manha). Nesse momento, o pro-
Crianças: 60 a 100mg/dL
fissional interrompe com algum sinal ou expres- 0 diagndstico nutricional completo requer a ava- TTGO (mg/dl) Normal Diabético
são do tipo “congela” e pergunta: “me conta o, - liação de par&metros laboratoriais pertinentes (Ta-
Dose adulto: 759 Jejum 70 a 105mg/dL. 2126mg/dL
que vocé come no café da manha”. Em seguida, bela 20.9). Em casos de criangas com patologias
Dose criança: 1,759/kg de peso ideal 60 min 120 a 170mg/dL 2200mg/dL
pede-se para a crianga continuar a partir do crénicas já diagnosticadas, os exames iniciais são
90 min 100 a 140mg/dL. 2200mg/dL
ponto em que ela parou, pois dessa forma o pro- utilizados como parâmetros para se verificar a efi-
cécia do tratamento clinico e dietoterapico. Os ti- 120 min 702 120mg/dL. 2200mg/dL
fissional terá idéia do estilo de vida da criança e
Fosfatase 19 anos: 145 a 420U
da alimentagao inserida nesse contexto. Em situa- pos de exames a serem solicitados dependem da 10 a 11 anos: 130 a 560UL
ções de atendimento dlinico, é possivel mesclar idade da crianga, do motivo da consulta, dos ante- Hemoglobina 2 meses: 9,0 a 14,09/dl:
técnicas de inquérito para se melhorar a percep- cedentes clinicos, da histéria dietética, do esíqdº 623 12an0s: 11,5215,5
ção do habito alimentar da crianga. Continuan- nutricional. É muito comum o questionamento de 12 a 18 anos: Meninos: 13,02 16,0
do com o exemplo anterior, o profissional pode, nutricionistas quanto aos exames que lhes cabe,
Meninas: 12,02 16,0
no final do inquérito, solicitar: “me conta o que por direito, solicitar. A melhor resposta para essa
Hb glicosilada Are 125 anos;2,1% a 7,7% do total de Hb
5 a 16 anos: 3,0% a 6,2% dototal de Hb
(Crntinna)
TABELA 20.9 Parâmetros laborator
” " ALMEDA, C.N;; RICCO, R.G.; CIAMPO, LAD. et al. Fa- low-income population in the city of Maceió, northeas-
SSA n tores associado: 3 anemia por deficiéncia de ferro em tern Brazil. British Journal of Nutition, v. 86, p.
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122 18 anos: Meninos: 78 a 98fL ALMEIDA, C.AN.; FINHO, A.P.; RICCORG, E.C.P. Circun- p. 475,1993.
Meninas: 78 a 102fL. feréncia abdominal como indicador de parametros cll- FREEDMAN, D.S;; SERDULA, M SRINIVASAN, S.
HCM (hemaglobina corpuscular 5 mesesa 2.anos: 23 a 31pg nicos e laboratoriais ligados & obesidade infanto- BERENSON, G.5. Relation of circumferences and ski
média) 5a12anos: 25 a 33pg juvenil: comparagao entre duas referéncias. J Pediatr fold thicknesses to lipid and insulin concentrations in
122 18 anos: 252 35pg (Rio J).v. 83, n. 2, p. 181-185, 2007. children and adolescents: the Bogalusa Heart Study.
Hematócrito 5 meses a 12 anos: 35% a 45% ARIFEEN, A.E.; BLACK, R.E.; CAULFIELD, LE. et al. Infant Am J Clin Nutr, v. 69, n. 2, p. 308-317, 1999.
123 18 anos: Meninos: 97% 2 49% growth patterns in the slums of Dhaka in relaion to GARZA, C.; DE ONIS, M. Rationale for developing a new
Meninas: 36% a 46% birth weight, intrauterine growth retardation, and pre- international growth reference. (For the WHO Multi-
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Transferrina 15 a 385mg/dL mento de um questionario de freqéncia alimentar GOMEZ, F.; RAMOS-GALVAN, R. et al. Mortalty in second
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tado do exame de laboratório. Se o parâmetro tes familiares de distdrbios endocrinolégicos, há-
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DE ONIS, M.; GARZA, C.; ONYANGO, AW.; BORGHI, E. HUTILY, S.R.A.; VICTORA, C.; BARROS, E.C. The timing of
avaliado vier alterado, ou seja, fora dos níveis de . bitos alimentares razoavelmente adequados, e Comparison of the WHO.Child Growth Standards and nutritional status determi implications
for inter-
normalidade, o profissional tem, como nutri considerar importante uma investigação nesse the CDC 2000 Growth Charts. J Nutr, v. 137, p. ventions and growth monitoring. Eur ) Clin Nutr, v. 45,
nista, competência e habilidade para intervir no campo, deve encaminhar a crianga ao pediatra 144-148, 2007 p. 8595, 1991
resultado; então, a solicitação desse exame é da ©ou ao endocrinologista com o diagnéstico e exa- DE ONIS, M.; GARZA, C.; VICTORA, C.G. et al. for the 1BGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatisti-
sua competência. Um. exemplo que utilizamos mes relativos & avaliação nutricional.
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fissional que est recebendo o paciente para trata- torial em nutrição são hemograma, colesterol to- DE ONIS, M.; HABICHT, J.P. Anthropometric reference de Janeiro: IBGE, 1998,
mento da obesidade, cabe-lhe solicitar os exames tal e frações, triglicerfdios, hemoglobina glicosila- data for international use: recommendations from a INAN (instituto Nacional de Alimentação e Nutrição). Pes-
sanguineos para triglicerldios, colesterol e fra- da, glicemia de jejum, os quais são solicitados de World Health Organization Expert Committee. Am J quisa Nacional sobre Saúde e Nutrição. Resultados Pre-
ções, pois a prescrição dietética especifica é efi-
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damos que nutricionistas solicitem exames de necessario conhecer os niveis séricos protéicos. A DEWEY, K.G.; COHEN, R.J; ARIMOND, M.; RUEL, M.T. KATZMARZYK, P.T; SRINIVASAN, S.R.; CHEN, W. et al
cunho endocrinolégico (como Ty, Ta, TSH, por albumina sérica é feita de rotina e pode auxiliar Developing and validating simple indicators of comple- Body Mass Index, Waist Circumference, and Clustering
exemplo), pois resultados alterados desses para- no diagndstico. Além da desnutrição ou deficién-
mentary food intake and nutrient density for breastfed of Cardiovascular Disease Risk Factorsin a Biracial Sam-
metros exigem investigagao clinica detalhada e cia dietética, os niveis séricos de albumina mos-
children in developing countries. Report to the Food ple of Children and Adolescents. Pediatrics, v. 114, p.
and Nutrition Technical Assistance (FANTA) Pro- 198-205, 2004,
muitas vezes a utilização de medicamentos. A tram-se diminuidos na presenca de processo in- Ject/Academy for Educational Development (AED). LEE, R.D.; NIEMAN, D.C. Nutritional Assessment, 2. ed. St.
idéia de que essa solicitação seria útil, no sentido feccioso, traumatismos, enteropatias, doengas Washington, DC: FANTA/AED, September 2005. Louis: Mosby p. 689, 1995,
de que, se estiverem alterados, podem ser enca- hepéticas e renais. DRACHLER, M.L; MACLUF, 5.P.2.; LEITE, J.C.C. et al. Fato- LUBCHENCO, LO.; HANSMAN, C.; DRESSLER, M. et al
minhados ao especialista, pode fazer com que a res de risco para sobrepeso em criangas no Sul do Bra- Intrauterine growth as estimated from liveborn birt-
crianga seja submetida de novo aos mesmos exa-
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Recomendações Nutricionais
para Crianças

MÁRCIA REGINA VITOLO

ENERGIA energia necessário ao indivíduo, e quejá con-


O requerimento energético do recém-nascido a tém, supostamente, o GEB e o GET. Portanto,
termo é de três a quatro vezes maior do que o célculofinal já contempla o valor de energia
o do adulto: 90 a 120kcal/kg/dia contra 30 a que será recomendado para o consumo diá-
40kcal/kg/dia. Essa maior necessidade por quilo rio. Esse método é mais indicado para avalia-
reflete a alta taxa metabólica de repouso e o es- ção de grupos de crianças.
pecial requerimento para o crescimento e o de-
senvolvimento (Heird, 1999). Há evidências de
Método de determinação do VET
que a recomendação energética ditada pelas
ou VER por kcal/kg/peso ideal
RDA (1989) foi superestimada, considerando-se
que a metodologia de obtenção foi poringestão A RDA (1989) apresenta as calorias por quilo-
€ não por dispêndio energético (Butte, 1996; grama recomendadas por faixa etária. Conside-
Cryan & Johnson, 1997). rando-se as diferenças individuais, pode-se es-
A seguir serão descritos os principais cami- timar o valor energético recomendado para
nhos para se determinar o valor energético de uma crianga utilizando o seu peso ideal para esta-
criangas. Primeiramente é necessário definir al- tura e multiplicando-se o mesmo pelas calorias/
guns conceitos: kg recomendadas para a faixa etária correspon-
dente.
"= Gasto energético basal (GEB): também
chamado de metabolismo basal (MB), é o
Exemplo
que a criança precisa para ficar deitada, sem
movimentos. O cáliculo da energia basal reali- = Idade: 5 anos.
zado pelo método das dietary reference inta- Sexo: masculino.
ke (DRI) foi denominado BEE (basal energy Peso: 18kg.
expenditure) Altura: 106cm.
Gasto energético total (GET): GEB + gasto Faixa etéria: 4 a 6 anos, 90kcal/kg de peso
energético das atividades diárias. ideal (RDA, 1989) (ver Tabela 21.4).
Valor energético total ou valor energético Peso ideal para altura: 17,5kg.
recomendado (VET ou VER): é o valor de = Calculo: 90 x 17,5 = 1.575kcal = 1.600kcal.
O VET para essa criança é, portanto, de Métodos para determinação do GEB =m Detathado: multiplicar as horas dos dias de Observag&o: a0 estimar-se o gasto energético to-
1.575kcal. Essa energia corresponde à recomen- Fórmulas descritas pelas DRI (2002/2005): acordo com as atividades (Tabela 21.3). tal para uma crianga de 5 anos, é possivel encontrar
dação diária total de uma criança saudável, com valores bem diferentes dependendo do método
atividades normais observadas em crianças, TABELA 2 .3 Método:detalhado para cálculo do GET utilizado. Ou seja, o valor energético total baseado
Meninos (3 a 18 anos): BEE (kcal/dia) = 68 —
como estudar, andar, brincar. Se a criança apre- (43,3 x idade [a]) + 712 x estatura (m) + 19,2 no consumo de determinado grupo populacional
sentar alguma patologia que aumente o gasto x peso (kg). d ; ou deitado * GEBX10 superestimou a necessidade de energia do menino
energético, ou se tiver diagnóstico de hiperativa Meninas (3 a 18 anos): BEE (kcal/dia) = 189 — Atividade; muito leves GEBx1,3a15 de 5 anos, estipulando valor de aproximadamente
ou realizar exercícios físicos programados mais (17,6 x idade [a]) + 625 x estatura (m) + 7,9 x Atividades leves GEBx1,6225 1.500kcal. Já o valor alcangado pelo método do
do que três vezes por semana, é necessário acres- peso (kg).. Atividade s moderadas e intensas GEB x 2,5 a 5,0 GEB, acrescido do fator atividade 1,5, foi de aproxi-
centar quantidade energética proporcional aos “Atividades mu 3 Jeves. sentado, escrevendo, estudando, tocando um madamente 1.400kcal. Estudo em que se utilizou
gastos extras. insrumento m. s água duplamente marcada para estimar o gasto
A Tabela 21.2 mostra como calcular o GEB se- Atividade; len : andando devagar, passeandode bicideta, dançando,
* gundo a OMS (1985) e Schofield (1985). brincande de . energético de criangas verificou que o valor estima-
“Atividades ma: radas: andando depressa, correndo, andandode bicets, do pela RDA foi superestimado em 25% (Cryan &
dançando sm : tmo acelerado, natação, ginástica olimpica, jogando futebo!,
Método para o cálculo simplificado Vo, basquete Johnson, 1997). Assim, é necessário que o profis-
do VET Fonte: Sarour. P.Q. e cols, 1989,
Métodos para célculo do GET: GEB x sional conheça essas diferencas e saiba definir a sua
nm 1.000Kkcal para o primeiro ano. fator atividade Observa7ão: esses valores citados não se referem conduta de acordo com cada caso. Em situações de
= Adicionar 100kcal para cada ano até a idade ao fator :tividade diária, e sim a atividade desen- criangas internadas, imobilizadas no leito e sem os
= Simplificado:
de 11 anos. volvida. D avem-se multiplicar as horas de cada ati- adicionais energéticos relacionados às lesões, a me-
* Multiplicaf o GEB por 20% (1,2) ou 30%
vidade atc somar 24h, multiplicar por cada valor Ihor opgao para se determinar o consumo energéti-
A Tabela 21.1 mostra o calculo simplificado (1,3) no caso de criangas sedentarias.
de acordº com a atividade e dividir por 24h. co é a utilizagdo do GEB, pois a criança está pratica-
do VET para meninas e meninos a partir dos 11 * Multiplicar o GEB por 40% (1,4) ou 50% mente em metabolismo basal.
anos de idade. (1,5) no caso de criangas ativas.
Exemplo
TABELA 21.1 Cálculo s«mphfcadodo VET para meninas e meninos Para calcdio do GET vamos utilizar o exemplo an- Determinagdo da EER para criangas
“Sexoferminino S Bexo mastulino:. 2. terior (para cálculo do VER): O valor do requerimento energético estimado
(EER) pode ser calculado de acordo com as fór-
= 11a 15 anos: adicionar 100kcal por ano depois da “ 11 a 15 anos: adicionar 200kcal por ano depois dos 10 Idade: 5 anos.
idade de 10 anos anos mulas a seguir:
Sexo: masculino.
= >15 anos: calcular como para adulto = >15 anos, adicionar: Peso: 18kg. = EER - de 0 a 36 meses: .
* 10kca/kg (muito ativo) Altura: 106cm. * 0 a 3 meses = (89 x peso [kg] - 100) +
* Bkcak/kg (atividades leves) Calculo do MB ou GEB: 175kcal.
* 7kcal/kg (sedentário) * OMS: 22,7 (18kg) + 495 = 903,6kcal. * 426 meses = (89 x peso [kg] - 100) +
Fonte: Adaptadode ADA, 1997. * Schofield: 19,59 (18kg) + 1,303 (106) + 56Kkcal.
414,9 = 904,9. * 7 a 12 meses = (89 x peso [kg] - 100) +
TABELA 21.2 Cálculo do GEB para meninos e meninas Atividades diárias: 22kcal.
Horas de sono: 9h. * 13 a36 meses = (89 x peso [kg] - 100) +
Masculno 023 anos 609 ®)-54 00 Brincar no parque: 3h. Z20kcal.
3a10anos - 22,7(P)+495 Escolinha: 4h. = EER- meninos entre 3 e 8 anos:
0

Ferninino 033anos 61()-51 Desenhando e brincando em casa: 3h. EER = 88,5 -(61,9 x idade [a])+ PA x (26,7
s 0

3a10an0s — 22,5(P)+499 Correndo de um lado para outro: 2h. x peso [kg] + 903 x estatura [m]) + 20kcal.
Schofield Masciino — <3anos 0,167 (P) + 15,17 () -617,6 ' Tevê: 3h. sendo PA o coeficiente de atividade fisica:
e

— PA = 1,00 se PAL estimado em >1,0


32 10 anos 19,59 (P) + 1,303 (E) + 414,9
10a18anos — 16,25(P)+1,372(E)+515,5 4
9x +3x20+4x1,8+3x1,4+
=2x2,54 3x1,2 <1,4 (sedentério);
24 — PA = 1,13 se PAL estimado em 21,4
Feminino — <3anos 16,252(P) + 10,232 (8) - 4135
" Cálculo:
Cálculo: —==1,
5
36
5 <1,6 (pouco ativo);
3210 anos 16,9 69 (P) + 1,618(E) + 371,2
— PA = 1,26 se PAL estimado em 1,6
10a18anos — 8,36 5 (P) + 4,65 (E)
+ 200 " Célculo do GET: multiplica-se o valor do GEB <1,9 (ativo);
P; peso real (kg); E: estatura real (cm). x1,5. — PA = 142 se PAL estimado em 21,9
Fonte: WHO, 1985; Schofieid, 1985,
" GET: GEB x 1,5= 1.356kcal. (=1.400kcal). <2,5 (muito ativo).
= EER- meninas entre 3 e 8 anos: o 102keal x11,1 TABELA 21.5 Necessidades de proteinas por quilograma
(obtido da tabela de percen- Distribuição dos macronutrientes
* EER=135,3-(30,8 x idade [a)) + PA x (10,0 10kg de peso da crianga
1is 50 da WHO [Anexo 3, Ta- As fontes de energia devem estar equilibradas en-
x peso [kg] + 934 x estatura [m]) + 20kcal. bela A3.2)).
tre carboidratos e lipídios. Aceitam-se valores de
sendo PA o coeficiente de atividade física: * 113kcal/kgé a recomendação que deve ser 55% a 60% de CHO e 25% a 30% de lipídios.
— PA = 1,00 se PAL estimado em 21,0 utilizada.
São necessárias doses suficientes de carboidratos 6212 meses Ú 16
<1,4 (sedentário); Observaga se a crianca tiver mais de 5 anos, para evitar o desenvolvimento de cetose e hipogli- ta3anos 12
— PA = 1,16 se PAL estimado em 21,4 usar ós percentis da curva do NCHS (1977) (Ane- cemia (mínimo de 5,0g/kg/dia) e de lipídios para 4a6anos 11
<1,6 (pouco ativo); X0 6, Tabelas A6.1 e A6.2). prevenir deficiência de ácido linoléico (0,5 a 7a10an0s | 10
— PA = 1,31 se PAL estimado em >1,6 1,09/kg/dia) (Heird, 1999). A restrição de lipídios Fonte: RDA, 1565,
<1,9 (ativo); Proteina
nadieta da criança está sendo exaustivamente dis-
— PA = 1,56 se PAL estimado em >=1,9 u 12x111 quantidade necessária de aminoácidos essenciais,
cutida na literatura científica com argumentos a
<2,5 (muito ativo). 10kg favor e contra essa prática (ver no final do capítu-
a proporção de proteína de alto valor biológico
= A recomendagao protéica é de 1,33g de pro-
lo). Mais uma vez é necessário considerar o que deve ser de dois terços do total recomendado. As
Crianças que apresentam baixo peso ou retar- teina por kg.
são diretrizes e o que se aplica na prática clínica. A recomendações atuais de proteína são distintas
do de crescimento nutricional precisam de mais de acordo com o sexo e estão disponíveis na Ta-
energia e proteína para realizarem o catch-up. Observação: ¢ importante lembrar que essa decisão da American Dietetic Association (ADA,
1997) de estabelecer valores para percentual de bela 21.6.
Dessa forma, foi proposto por Samour & King, proteina é o minimo recomendado para fornecer
(2005) que se adaptem as recomendações nutri- aminoécidos essenciais. gordura total da dieta, proporção de ácido graxo
cionais para esses casos. O exemplo a seguir foi " A Tabela 21.4 apresenta recomendagées diárias saturado e colesterol para crianças acima de 2 CÁLCIO
baseado nas recomendações da RDA (1989). de energia e proteina para gestantes, nutrizes, crian- anos levou em consideração a ingestão excessiva
Desde a infância a ingestão de cálcio é importan-
ças e adolescentes, de acordo com a RDA de 1989. desses nutrientes entre a população americana in-
te, pois os ossos e os dentes estão se formando.
fantil. Outros especialistas em nutrição infantil
Estimativa de requerimento dietético para Nos primeiros anos de vida, a alimentação láctea
recuperacao de crescimento (catch-up) TABELA 21.4 Recomendacoes didrias de energia e - contestaram essas diretrizes, temendo um cuida-
permite ingestão adequada desse nutriente e,
proteina para gestantes, nutrizes, crianças e do exagerado com a ingestão de gordura por par-
1. Cologue as criangas nas curvas do NCHS adolescentes (RDA, 1989). te das famílias de crianças pequenas, o que pode-
salvo em situações em que há problemas de into-
para avaliação do peso e estatura. S ria levar& ingestão deficiente de ácidos graxos es-
lerância ao leite, é necessário um cuidado maior
2. Determine as necessidades de energia da crian- com o plano alimentar para se assegurar a quan-
ça de acordo com a idade (RDA ou RDI). senciais e vitaminas lipossolúveis; além da falta de
tidade necessária de cálcio. Em casos de alergia à
3. Determine o peso ideal (percentil 50) das 00205 energia para o crescimento normal. proteína do leite de vaca, em que a intolerância é
criangas de acordo com a estatura. 05210 850 % qualitativa — ou seja, não se pode ingerir nenhum
4. Multiplique as calorias da RDA pelo peso 123 1300 102 PROTEÍNA produto à base de leite, pois qualquer quantida-
ideal para a estatura. 4a6 1.800 %0 Na criança, os requerimentos de proteína por de presente na dieta desencadeia o processo
5. Divida esse'valor pelo peso atual da crianga. 7a10 2000 70 quilograma de peso são maiores do que no adul- alérgico -, é preciso muitas vezes utilizar produ-
to, necessitando também maior proporção de tos alternativos enriquecidos com cálcio ou su-
Requerimento energético para o catch-up aa 2500 55 aminoácidos essenciais. Os valores por quilogra- plementos medicamentosos.
= Recomendação de energia para a idade (RDA) 15218 3.000 45 ma podem ser observados na Tabela 21.5. É im- Nos primeiros seis meses de vida a criança é
* peso ideal para a estatura (kg). alimentada por um único alimento, o leite mater-
portante ressaltar que os valores totais são facil-
= Peso atual. a 2200 a7 mente alcançados na dieta. Para se garantir a no, o qual supre 100% das suas necessidades nu-
15218 2200 4o
Requerimentos de proteinas para o catch-up TABELA 21.6 Recomendações de ingestão protéica do Instituto de Medicina da Acader ional de Ciências dos EUA
= Recomendagdo de proteina para a idade 19semestre = 40 - —
2ºsemestre — +300 -
(RDA) x peso ideal para a estatura (kg).
= Peso atual. 3ºsemestre — +300 -
Oa6 meses 9,1 (1,529/<9/dia) 9,1 (1,529/<9/dia)
7212 meses 11,0 (1,29/kg/dia) 11,0 (1,20kg/dia)
1a3anos 13,0 (1,059/kg/dia) 13,0 (1,059/kg/dia)
Exemplo pratico 12semestre — +500 - 4a8anos 19,0 (0,959/kg/dia) 19,0 (0.95g/kg/dia)
= Menino com 2 anos e dois meses, peso de 2ºsemestre — +500 -
9a13anos 34,0 (0,950/kg/dia) 34,0 (0,950/kg/dia)
10kg e altura de 80,5cm. Fonte:National Research Council, 1989. 142 18 anos 52,0 (0,85g/kg/dia) 46,0 (0,85/kg/dia)
Fonte: IOM, 2002
tricionais, possibilitando crescimento e desenvol- leite pode ser utilizado nas preparações diárias, dois motivos: o leite de vaca em excesso promove não se pode confundi-la com hipercarotenemia,
vimento normais. Na impossibilidade de o bebê sem necessariamente estar presente in natura, microente; orragias, 6 que, a longo prazo, promo- a qual é reversível, não-tóxica e causada por ele-
receber o leit2 materno, recomenda-se a utiliza- Substituir, gradativamente, a mamadeira por min- ve perda d:: ferro; a auséncia ou diminuicao da in- vado consumo de alimentos ricos em caroteno,
ção de fórmulas infantis, as quais constituem-se gaus pode ser uma alternativa eficaz no combate gestão dar refeições; que seriam as principais res- tais como abóbora, mamão, cenoura.
de leite de vaca modificado para atender as ne- a essa prática prejudicial à saúde da criança. ponséveis elo aporte didrio de ferro.
cessidades especiais do lactente nos primeiros A Socie fade Brasileira de Pediatria recomenda
seis meses de vida (Fomon, 1993). As recomen- a supleme: stação profilatica de 1mg de ferro por ZINCO
dações de cálcio nos primeiros seis meses é de FERRO quilogrami de peso para lactentes dos 6 meses Aslntese protéica é dependente de inúmeras enzi-
210mg e, dos 7 aos 12 meses, de 270mg (IOM, O aporte adequado de ferro é uma das maiores até 2 arcs de idade. A utilizacao de férmulas in- mas que contêm zinco, sendo o sistema imunoló-
1997). Esses valores foram baseados na quanti- preocupações quando se discutem as práticas ali- fantis no s:gundo semestre de vida poderia dis- gico, a pele e o trato gastrintestinal os tecidos que
dade contida no leite materno, o qual representa mentares durante a infância, pois é sabido que a pensar essa suplementação. têm a maior taxa de síntese. A deficiência de zinco
a principal fonte alimentar no primeiro ano de . anemia nesse período prejudica o crescimento e Apesar :le existirem mecanismos que regulam está associada a anorexia, hipogeusia, retardo de
vida. As recomendações de cálcio para as faixas o desenvolvimento normais. o balanço cie ferro no organismo, reduzindo o ris- crescimento, acrodermatite, alopecia, diarréia,
etárias de 1 a 3 anos e de 4 2 8 anos são de 500 e O recém-nascido a termo e de peso adequado co de deficiéncia desse nutriente, na crianga es- * prejuízo no sistema imunológico e atraso na ma-
800mg, respectivamente (IOM, 1997). A inges- tem reservas de ferro adequadas, e o tipo de ali- ses mecani-mos podem ser insuficientes devido à turação sexual. A deficiência isolada de zinco é
tão de 2 a 3 porções de produtos lácteos por dia mentação pós-natal vai ser fundamental para a répida mohilizagao de reservas que ocorre para rara. Existem situações de risco, como desnutri-
preenche esses valores. Cerca de 100mg de cál- preservação dessa condição. É indiscutível que o acompanher o crescimento (Siimes, 1996). A si- ção, crianças que não comem carne, baixa condi-
cio são incorporados nos ossos diariamente em leite materno nos primeiros seis meses de vida da tuação da nemia ferropriva entre criangas está ção socioeconômica, dietas vegetarianas, dietas &
pré-escolares. Um estudo mostrou aumento na criança previne anemia, apesar da sua baixa detalhadarr.ente descrita no final deste capitulo. base de guloseimas, dietas hipoprotéicas (Fomon,
densidade óssea em crianças que receberam su- quantidade de ferro, pois a biodisponibilidade 1993). A determinação do estado nutricional de
plemento de cálcio (Johnston e cols., 1992). - possibilita a absorção de 50% do ferro presente, zinco em pessoas não é tão simples de ser realiza-
Os produtos lácteos contribuem com mais de enquanto a absorção do ferro do leite de vaca, VITAMINA A da. As dosagens de zinco no sangue ou no cabelo
55% da ingestão de Cálcio na população ameri- que possui quantidades semelhantes, é de 10%. Há evidéncias de que a vitamina A reduz a gravi- 580 as mais comuns para avaliação das reservas de
cana. Outros alimentos que contribuem para a A absorção de ferro dos alimentos depende de dade das doenças e a mortalidade em criangas, zinco, mas não conferem confiabilidade ao diag-
ingestão diária de cálcio são: vegetais de folhas vários fatores, como o estado nutricional de ferro devido ao seu importante papel no sistema imu- nóstico, pois não refletem as reservas, são influen-
verdes, leguminosas, tofu, ovos, mariscos, nozes do indivíduo (quando há deficiência, a absorção é nolégico. Criangas com deficiéncia de vitamina A ciadas pelos cuidados de não-contaminação, por
e castanhas. Cada copo de leite (200mL) contém maior); o tipo de ferro: ferro heme (carnes, peixe, ' são mais susceptiveis a infecções. Os retinóides situagdes de estresse, infecção, inflamagao, uso
cerca de 250mg-de cálcio. A alta biodisponibili- frango) e ferro não-heme (leite, ovo, vegetais, atuam na diferenciação das células imunes, au- de medicamentos e horario da coleta (King &
dade de cálcio dos produtos lácteos está relacio- grãos) os quais correspondem à absorção de 15% mentando a mitogênese dos linfócitose a fagoci- Keen, 1999). A associação entre deficiéncia de
nada com o conteúdo de vitamina D e com a pre- a 20% e 5% a 10%, respectivamente. Entretanto, tose dos monócitos e macrófagos. A associação zinco e falta de apetite ou retardo de crescimento
sença de lactose, os quais aumentam a absorção o ferro não-heme pode ter suas taxas de absorção entre hipovitaminose A e xeroftalmia foi de- necessita mais estudos.
intestinal de cálcio (Einhorn e cols., 1990): É im- aumentadas pela presença de ácido ascórbico e monstrada principalmente em crianças abaixo de
portante considerar que a criança em idade carnes. Por outro fado, fitatos e oxalatos em gran- 6 anos, e pareceu estar associada a infecção res-
pré-escolar apresenta capacidade gástrica redu- des quantidades podem diminuir a taxa de absor- Piratória e diarréia (Fomon, 1993). Tem sido des- SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS
zida e que a obtenção de caicio de outras fontes ção do ferro não-heme (Monsen, 1988; Hallberg e tacada nos últimos anos a relação entre anemia NA INFANC‘IA
que não produtos lácteos pode exigir volume de cols., 1986; Rossander-Hulthen, 1990). ferropriva e hipovitaminose A. Demonstrou-se As necessidades nutricionais da crianga saudável
alimentos maior do que ela pode tolerar. Essa di- Existem comprovações bioquímicas de que à que suplementação isolada de vitamina A au- s&o influenciadas por idade, peso, velocidade de
ficuldade diminui no escolar, que consome maior elevada quantidade de cálcio pode ter efeito ne- menta os níveis séricos de ferro, a concentração crescimento, metabolismo, atividade fisica e pro-
quantidade de alimentos, o que facilita a obten- gativo na absorção de ferro (Hallberg e cols., de hemoglobina, transferrina e o hematócrito. cessos infecciosos agudos. Os valores recomen-
ção de cálcio de outras fontes alimentares. 1991). Esse actiado, entretanto, ndo justifica a Acredita-se que na deficiência de vitâmina A os dados disponiveis são resultado de estudos em
É muito comum entre as mães o conceito de proibição do uso de leite em preparacdes como depósitos de ferro não são mobilizados, ocorre grupos populacionais que não apresentam defi-
que se a criança não tomar leite ela ficará com de- purés, arroz, suflês, considerando-se
que a quanti- Prejuízaos na diferenciação dos eritrócitos hos te- ciéncias nutricionais, apresentam bom cresci-
ficiência de cálcio; por isso, acabam reforçando a dade de cálcio presente nessas preparagdes não cidos eritropoiéticos, além de prejuízo na imuni- mento e condições de saúde adequadas. As pres-
utilização prolongada da “mamadeira” até a crian- chegaria a ser considerada elevada. £ importante dade aos processos infecciosos, o que facilitaria a crigBes dietéticas, quando embasadas na inges-
çater 5 a 6 anos. O nutricionista deve esclarecer destacar que o uso excessivo de leite de vaca em Ocorrência de anemia (Semba & Bloem, 2002). É tão didria recomendada (RDA), estardo garantin- —
que outros produtos lácteos estão presentes na pré-escolares em substituigo 3s refeições princi- importante destacar que a toxicidade de vitamina do que 97% a 98% dos individuos tenham suas
dieta, como iogurtes, queijos, sorvetes, e que o pais pode ser um determinante de anemia, pof A é mais provável por meio de medicação e que necessidades atendidas. Isso não significa; entre-
e e NUTRIC

tanto, que indivíduos que consomem menos do <o, a prescrição é terapéutica, com dosagens supe- REFERENCIAS INSTITUTE OF MEDICINE (IOM). Dietary reference intakes.
que o valor recomendado de um determinado riores aquelas regularmente ingeridas na alimenta- AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS (AAP), Feeding the Applications in dietary assessment. Washington, D.
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AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION (ADA). Position of ral density in children. N Engl J Med, v. 327, . 2, p.
ção com alimentos fortificados ou com sulfato fer- The American Dietetic Association: Vegetarian diets.
ao desenvolvimento da criança. Entretanto, vá- roso na dosagem de 3 a 4mg de ferro elementar JADA,v.97, n. 11, p. 1317-1321, 1997. 82-87, 1992.
rias situações podem impedir que esse objetivo por quilograma de peso. A maioria desses medica- BUTTE, N.F. Energy requirements of infents. Eur J Clin KING, J.C., KEEN, C. Zinc. fn: SHILS, M. etal. Modern nutri-
seja alcançado: erros alimentares, mau aproveita- Nutr, v. 50, p. $24-36, 1996. tion in health and disease. 9º ed., Baltimore: Williams e
mentos para criangas já traz na posologia a indica- Wilkins, 1999.
mento dos nutrientes, hiperatividade, metabolis- ção desses valores, pois a composição do sulfato CRYAN, J.; JOHNSON, R K. Should the current recommen- NATIONAL CENTER FOR HEALTH STATISTICS (NCHS).
mo individual, depleção das reservas. Assim, é ferroso varia conforme o fabricante. A utilização do dations for energy intake in infants and young children Grovith curves for children birth — 18 years. United Sta-
importante considerar que a alimentação é fun- medicamento deve perdurar por trés meses e, pa-
be lowered? Nutr Today, v. 32, p. 69-74, 1997. tes Departament of Heaith Education and Welfare. Vi-
EINHORN, T.A; LEVINE, B.; MICHEL, P. Nutition énd tal and Health Statistics. Series 11, Nb. 165. Hysatisval-
damental para prevenir as deficiências nutricio- ralelamente, a alimentagao deve ser corrigida para bone. Orthop Clin North Am. V. 21, n. 1, p. 43-50, Je, MD: DHEW Publication (PHS), 1977.
nais, mas, quando as mesmas se fazem presen- melhorar a biodisponibilidade de ferro. Com essas 1990. NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Recommended dietary al-
tes, a alimentação por si só não é capaz de res- medidas, impede-se que, a0 se suspendero uso do FOMON, S.J. Nutrition of normal infants. St. Louis: Mosby, lowances. Washington: National Academy Press, 1989,
taurar os depósitos em curto prazo. Nesse caso, é medicamento, a crianga volte a apresentar o qua- 1993, p. 475. SAMOUR, P.Q.; HELM, K.K.; LANG, C.E. Handbook of pe-
necessário lançar mão de suplementos nutricio- dro de anemia. HALLBERG, L.; BRUNE, M.; ROSSANDER, L. Effect of as- diatricnutrition. 2. ed. Aspen Publication, p. 34, 1999,
nais, o que pode ser feito por meio dos próprios As deficiencias de outros nutrientes são mais
corbic acid on iron absorption from different types of SAMOUR, P.Q.; KATHY KING. Handbook of pediatric nu-
meals. Human Nutr Appl Nutr n. 40A, p. 97-113, trition. Boston: Jones and Bartlett Publishers. 3. ed. p.
alimentos, porém fortificados, ou por meio de dificeis de diagnosticar, devido ao menor acesso L 1986 722, 2005.
medicamentos. A Secretaria de Vigilância Sanitá- aos exames laboratoriais especificos. Em casos de * HALLBERG, L; BRUNE, M.; ERLANDSSON, M.; SAND- SCHOFIELD, W.N. Predicting basal metabolic rate, new
ria, pela Portaria nº 31 de 13 de janeiro de 1998, doencas crénicas, tais como alergia ao leite de BERG, A.S., ROSSANDER-HULTEN, L. Calcium: effect standards and review of previous works. Hum Nutri
estabeleceu as seguintes designações: vaca efibrose cistica, a suplementação de calcio e of different amounts on nonheme- and heme-iron Clin Nutr, v. 39, n. 15, p. 5-42, 1985,
de vitaminas lipossolúveis, respectivamente, é absorption in humans. Am J Clin Nutr, n. 53, p. SEMBA, R.D., BLOEM, M.W. The anemia of vitamin A defi-
= Alimentos enriquecidos/fortificados: aque- 112-119, 1991, ' . ciency: epidemiology and pathogenesi. Eur Jour Clin
uma conduta obrigatoria. (Ver exemplos de su- HEIRD, W. “Nutiitional requirement during infancy”. In:
les que em 100g ou 100mL de produto pronto Nutr, n. 56, p. 271-281, 2002.
correspondem a 30% da IDR se for sólido e plementos no Anexo 1, Tabela A1.71.) SHILS, M. et al. Modern nutrition in health and disease. SIMES, M.A. Prevenção da deficiéncia de ferro na crianga.
15% se for liquido. A Academia Americana de Pediatria (AAP, 9. ed. Baltimore: Williams & Wilkins, 1999. São Paulo, Anais Nestlé, v. 52, p. 36-39, 1996.
Suplementos vitaminicos ou minerais: 2004) não recomenda a suplementação de vi-
aqueles alimentos que servem para comple- taminas e minerais de rotina para criangas, com
mentar com esses nutrientes a dieta diária de exceção do flúor em áreas em que a dgua não é
uma pessoa saudével, correspondendo ao mi-
fluoretada. Mas identifica seis grupos de risco de
nimo de 25% e ao méximo de 100% da DR! crianças e adolescentes que podem necessitar
da porção didria recomendada. de suplementação:

Os suplementos nutricionais medicamentosos 1. Com anorexia, ingestão baixa de alimentos


entram na categoria dos farmacos e estao fora da Oou com consumo de dietas especiais.
legislação relativa a alimentos. 2. Com doença crônica, como fibrose cística.
A prescrigao de suplemento nutricional pode ser 3. Situações em que-os cuidados familiares
profilética, quando o objetivo é prevenir deficiéncia com a alimentação são negligenciados.
4. Dietas restritivas com objetivo de emagreci-
nutricional quando hé riscos para tal; nesse caso, as
quantidades dos nutrientes são aquelas recomen-
mento.
5. Consumo baixo de produtos lácteos.
dadas para um individuo saudavel, podendo che-
6. Não há exposicdo adequada de luz solar
gar a 100% da recomendagdo vigente. Quando o nem consumo de alimentos fortificados com
objetivo for tratamento ou correção da deficiéncia vitamina D.
já confirmada por diagnéstico bioquimico ou clini-
Hábitos Alimentares e Saúde
Bucal na Infância

CARLOS ALBERTO FELDENS


MÁRCIA REGINA VITOLO

i
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FORMAÇÃO DOS HÁBITOS servou que as criangas sensiveis a essa substancia


ALIMEN' ARES apreciavam menos sabores doces do que as
Os hábitos alimentares são formados por meio de não-sensíveis (Looy, 1992). Seguindo a mesma li-
@ rede de influências genéticas e nha, Lin (2003) encontrou correlagdo inversa en-
ambientais. Por esse motivo, considera-se a mu- tre sensibilidade & PROP e frequéncia de céries
danga de comportamento afimentar um desafio dentérias entre 6 e 12 anos.
paraos profissionais de satde. Neste capitulo, se- 0 aroma de alguns alimentos consumidos por
rão destacadas as bases da formação dos habitos gestantes pode ser transmitido via líquido amnió-
alimentares e sua associagdo com a saúde bucal tico. Assim, se a gestante consome alho, seu lf-
na infancia. quido amnidtico vai ter aroma de alho (Mennelia,
Existem predisposições genéticas para se gos- 1995). Em um estudo (Schaal, 2000), foi dado Ii-
tar ou não de determinados alimentos e diferen- quido flavorizado com aniz para a gestante beber
as na sensibilidade para alguns gostos e sabores nas últimas semanas de gestação. Nas primeiras
herdados dos pais. Essa influéncia genética vai horas ap6s o parto, a crianga mostrou reagdes fa-
sendo moldada pelas experiéncias que temos ao ciais positivas na presenca do aroma de aniz.
longo da vida. Sensibilidades especfficas a algum Mennella (2001) observou que os bebês de mu-
gosto ou sabor podem influenciar preferéncias e Iheres que consumiam suco de cenoura durante
escolhas alimentares, mas parecem nao perdurar as últimas semanas gestacionais mostravam, du-
isoladamente (Bartoshuk, 2000; Drewnowski, rante o periodo da alimentação complementar,
2000). maior entusiasmo para cereais flavorizados com
Estudos em que se avaliou a sensibilidade her- cenoura do que para aqueles nao-flavorizados.
dada à 6-n-propil-tiouracil (PROP) mostraram que Foi demonstrado também que gestantes com
algumas pessoas percebem a concentragao queixas de enjéos e vômitos pela manha na in-
0,001 M PROP como extremamente amarga, en- tensidade moderada e grave, tinham filhos que
Quanto outras não a consideram amarga (Barto- apresentavam maior preferéncia parao consumo
shuk, 2000). Um estudo mostrou que criangas de de preparações mais salgadas. Como não foi ob-
3 a 6 anos que eram sensiveis à PROP não gosta- servado que as gestantes com esses sintomas
vam de espinafre cru quando comparadas com consumiam alimentos mais salgados, os efeitos
criangas não-sensíveis. Outro estudo também ob- parecem estar ligados às mudangas na expressão
da angictensina Il. Qualquer que seja o mecanis- trada preferéncia inata ao sabor doce. Aos 2 anos que 2 entendimento das preferéncias inatas, dos anemia, com exceção daquelas que consuriam
mo, o consumo aumentado de sal a longo prazo criancas que tinham recebido água com açúcar efeitos das experiéncias precoces com alimenta- carnes ou cereais enriquecidos como parte da
poderia estar associado a aumento dos riscos de aos 6 meses, mas não ao nascimento, consumiam ção 2 a psicologia infantil sejam mais uteis no dieta da família. Nossa realidade no Brasil pocie
hipertensão arterial nas pessoas predispostas mais sacarose na água. Esse efeito não foi obser- proc 2550 da educação alimentar. ser parecida para as camadas de bom nível socioe-
(Crystal & Bernstein, 1995). vado com outros alimentos doces. Esse resultado Virias publicações foram feitas no Journal of condmico, menos para aquelas de baixa renda,
Sabores experimentados nos primeiros dois sugeriu que a preferéncia inata pelo sabor doce Ame ican Dietetic Association (JADAY), formando que utilizam com menos freqiéncia férmulas e
ou trés meses de vida podem influenciar as prefe- pode ser modificada precocemente. É interessan- um : uplemento sobre as préticas alimentares de farinhas infantis no primeiro ano de vida.
réncias alimentares subsequentes. te observar que os autores concluiram que, quan- 3.022 criangas norte-americanas com idade en- Os estudos sobre neofobia alimentar, apesar
Parece que os sabores e aromas de alimentos do um alimento é familiar e experimentado sem ' tre 4 e 24 meses. Os resumos desses achados se- de terem utilizado diferentes métodos, mostram
consumidos pelas nutrizes tam uma via pelo lei- açúcar, o consumo dele com açúcar posterior- rêo zpresentados a seguir. Observou-se que 46% que a neofobia é minima no primeiro ano de vida
te matemo e acabam sendo transmitidos ao lac- mente ndo vai aumentar a aceitação do mesmo. das criangas com 7 meses de vidajá estavam con- e aumenta rapidamente por volta de 2 anos e de-
tente. Foram realizadas experiéncias com alho Entretanto, um alimento nao-familiar terá maior sumindo doces ou bebidas adocicadas e essa pois volta a diminuir. Criancas de 2 a 5 anos são
(Mennella, 1993) e com baunilha (Mennella, aceitação apresentado pela primeira vez em uma porcentagem aumentou conforme aumentou a mais neofébicas do que criangas de 4 a 7 meses.
1996). Diferentemente das formulas infantis e * versão mais doce. Esse dado reforça a proposta do idade. Entre 15 e 18 meses, o vegetal de maior Isto se justifica pelo fato de que a neofobia não
do le'te de vaca, o leite materno oferece diferen- Passo oito dos Dez passos da alimentação saudá- cons .imo foi batata frita. Vinte e trés a 33% nao funciona quando a alimentacio é exclusivamente
tes experiéncias de sabores e aromas, os quais vel para criangas abaixo de 2 anos, no Capftulo 23, cons:imiam frutas (Fox, 2004). As criangas consi- oferecida pelos pais e passa a ser importanie
vão refletir os habitos alimentares maternos e a pois se recomenda que a crianca não deve receber derarias seletivas por meio da percepção materna quando a crianga comega a explorar o ambiente e
cultura alimentar (Mennella, 1995). Foi demons- açúcar, doces e guloseimas em geral antes dos 2 consumiam menor variedade de alimentos do alimentar-se sozinha (Birch e cols., 1998; Cash-
trado que, no perfodo da introducao da alimen- anos de vida. que a5 ndo-seletivas. As mães dessas criangas, dan, 1994; Cooke e cols., 2003). No mesmo con-
tação complementar, lactentes amamentados Skinner e cols. (2002) mostraram que o esta- por :s considerarem problematicas, passavam a texto, foi observado também que a neofobia al
ao peito aceitam melhor os novos alimentos belecimento dos habitos alimentares se dá por usar de persuasoes para que elas comessem. O mentar entre criangas de 2 a 6 anos estava associa-
quando comparados com lactentes alimentados volta de 2 a 3 anos, já que os padrdes de prefe- “ preju’zo na ingestão de energia e nutrientes não da a menor consumo de vegetais, frutas e carne,
com férmula (Sullivan & Birch, 1994). Por ques- réncia e consumo mantiveram-se dessa idade até foi canfirmado, com padréo limitrofe de adequa- os quais t&m maior potencial de risco de conterem
tões éticas, Mennella e cols. realizaram vários 8 anos. Os alimentos mais preferencialmente ção nutricional (Carruth e cols., 2004). Bebidas toxinas e bactérias (Cooke e cols., 2003). Apesar
experimentos com lactentes que usaram hidroli- aceitos foram refrigerantes, pipoca, bolinhos, bo- como sucos, refrescos, refrigerantes e agua fo- de ser um motivo de frustragdo entreos pais, a neo-
sados protéicos nos primeiros meses de vida, em lacha salgada, massas, batata frita, batata chipse ram analisados e observou-se que podem contri- fobia alimentar não constitui rejeição permanente
funcdo do sabor desagradével ao paladar. cookies de chocolate. Os menos apreciados fo-' buir para boa parte da ingestdo energética diaria a determinado alimento. Na verdade, atenua-se
Observaram que, por volta de 2 ou 3 meses de ram os vegetais. Observaram que as maes não e quejá tomam o lugardo leite nos menores de 2 ao longo do tempo devido & necessidade de ali-
vida, as crianças que tiveram que consumir essas ofereciam alimentos que elas nao apreciavam, e anos (Skinner e cols., 2004). A avaliação do con- mentos variados para sobrevivéncia das espécies
formulas as aceitavam bem. Aos 7,5 meses, be- se as maes gostavam de determinados alimentos, sumo de lanches entre essas criangas mostrou onfvoras (Raynor & Epstein, 2001).
bés rejeitaram a férmula quando oferecida pela as criangas eram menos neofóbicas a esses ali- que os mesmos foram responsaveis por 25% da Por volta de 12 meses de vida, as criangas vol-
primeira vez. Mas os que consumiram regular- mentos. energia consumida (Skinner e cols., 2004). Consi- tam parte da sua atengao para o comportamento
mente nos primeiros 7 meses, prontamente acei- Há poucos estudos que tenham investigado a derando-se que essas crianças apresentam capa- dos adultos e espontaneamente para o que estão
tavam aos 7,5 meses. Foi demonstrado também evolução da preferéncia por alimentos no perio- cidade géstrica reduzida, é importante que os fazendo (Tomasello, 1999). Estudo realizado com
que o tempo de utilização da férmula nos pri- dode 8a 24 meses, deixando lacuna no conheci- lanches da manha, da tarde ou da noite estejam criangas de 2 a 5 anos teve como objetivo avaliar a
meiros meses tinha correlagao direta com o grau mento da aceitação alimentar nessa fase; entre- Presentes. Entretanto, a utilização de alimentos extensao da influéncia social na aceitação e no con-
de aceitagdo aos 7,5 meses. Criangas de 4 ou 5 tanto, parece que, uma vez que o alimento se de baixo valor nutricional nesses lanches é muito sumo alimentar e concluiu que as criangas aceitam
anos aceitam melhor gostos &cidos quando utili- torne familiar nessa fase, a preferéncia se perpe- comum. Outra investigação foi feita quanto à melhor um alimento novo quando esse é oferecido
zaram férmulas por varios meses no primeiro tua (Leathwood & Maier, 2005). É importante adequação nutricional da alimentação_ na fase de e consumido por outra pessoa, mais do que quan-
ano de vida e a mesma resposta para os gostos destacar que as pesquisas que foram realizadas transição para a alimentação da família. Foi ob- do é somente oferecido (Addessi e cols., 2005).
amargos e adstringentes quando foram alimen- usaram determinados alimentos e não se sabe se Servada diminuição importante no consumo de As criancas devem ser estimuladas a se ali-
tadas com férmulas à base de soja (Mennella, é possivel estender os resultados para outros ali- “erro na faixa etária de 9 a 1 meses, apesar de as mentarem sozinhas a partir do momento em que
2002; Mennella e cols., 2004). mentos semelhantes aos utilizados. Crianças estarem consumindo maior quantidade apresentam desenvolvimento para isso. Após os
Estudos cléssicos de Beauchamp & Moran Benton (2004) sugere que se mude a estraté- energética da alimentação da familia. Esse fato 12 meses, quando é bem estimulada e parcial-
(1985; 1987) nos anos de 1980 mostraram a in- gia de passar aos pais as informacdes nutricionais foi justificado por que grande parte dessas crian- mente assistida, a crianga pode desenvolver a ha-
fluéncia da ingestao de açúcar ao nascimento, aos basicas para a estratégia de ensinar-lhes sobre o Ças deixaram de consumir leites ou farinhas enri- bilidade de comer sozinha a partir dos 16 e 17
6 meses e aos 6 anos em 63 criangas. Foi demons- desenvolvimento infantil, com o propésito de Quecidos com ferro, tornando-se vulneráveis a meses (Figuras 22.1 a 22.3). -
Estudo com crianças de 4 a 5 anos mostrou vas ou de restric 30. Nesse artigo o autor lem- veis, este destaque parece proficuo quando o
Que; apesarde à resirição de açúcar pelos pais es- bra outro (Satr ), cuja afirmação deve ser propésito é reconstruir a própria idéiz de interdis-
tar associada à merio: cons.imo de álimentos do- abalhada pei s nutricionistas que, fazem ciplinaridade.
ces, especialmente no café da manhã e nos lan- istência em . ediatriz: os pais são respon- O objetivo do presente capitulo &, primeira-
ches, regras restritivas podem resultar em au- eis pelo qu é oferecido & crianga, e a
mente, destacar as bases cientificas que foram
mento da preferência de alimentos com açúcar. crianga é respe 1sável por quanto e quando
construidas nas ltimas décadas e que tém apoia-
Essa preferência acabaria conduzindo a maior comer. Essa po:ição é pertinente, desde que
do condutas de orientação para a promogao de
consumo de alimentos com açúcar na ausência os alimentos n.:0 oferecam riscos nutricio-
riais ou de s=úc 2 às criangas. Essa aspecto é saúde bucal. A seguir, são descritas orientagbes
de controle dos pais (Liem e cols., 2004).
aprofundadc n item a seguir. de préticas alimentares com fins de promover a
O comportamento dos pais em relação à ali-
É satide bucal, prevenir e controlar a doenga carie,
mentação infantil pode ter repercussões duradou-
do ponto de vista individual e coletivo.
FIGURA 22.1 Criança de é meses comendo com a mão ras no comportamento alimentar dos filhos até a NUTRIÇÃO E S4 *:DE BUCAL
vida adulta. Puhl & Schwartz (2003) verificaram
As doenças bucais <30 as mais freguentes entre
que adultos com*compulsdo ou restrição alimen- Base cientifica
as doenças crônicas, sendo consideradas proble-
tar relataram que, na infancia, os pais utilizaram a ma de saúde pubiicz devido & sua prevaléncia, ao A literatura cientifica tem demonstrado a impor-
alimentação para controla-los, como recompensa
impacto que têm ncs indivíduos e na sociedade, tancia da nutrição e de práticas alimentares ade-
quando tinham bom comportamento e como pu- além do custo do tiatamento (Sheiham, 2005). quadas no crescimento e no desenvolvimento do
nição para castigé-los ou para fazé-los felizes se
Entre os agravos & s-úde bucal em crianças des- bebé e da crianga, além de estimaro efeito de de-
estavam tristes. Estudo investigou o papel de
taca-se a cárie dentéria, que continua a afetar be- terminadas praticas em agravos a saúde humana,
“modelos” para influenciar pré-escolares a comer
bês, pré-escolares e scolares em todo o mundo como obesidade, diabetes, doenca cardiovascu-
novos alimentos na escola. O interessante do estu- lar e cancer. Neste tópico são descritos resumida-
e pode levar a dor, dificuldades mastigatórias,
do é que as garotas são melhores “modelos” para mente aspectos das praticas alimentares que in-
problemas na função da fala, distúrbios gastrin-
influenciar as criancas do que os garotos, mas es-
testinais e problemas psicológicos. Em casos mais fluem no desenvolvimento anatomico e funcio-
ses resultados nao perduraram depois de um més
graves, o tratamento pode exigir anestesia geral nal das estruturas bucais, além de explorar a as-
(Hendy, 2002). Outro dado importante é que a
e hospitalizacdo (Sheiham, 2005; Ismail, 1998; sociagdo entre o comportamento alimentar e a
restrição dos alimentos preferidos das criancas vai cérie dentária.
Ramos-Gomez e cols., 2002.)
fazer com que elas os consumam exageradamen+
A literatura cientifica tem indicado que a nu-
te em situações de “liberdade”, e que as mães
0 tem papel relevante na promoção de saúde
que amamentaram seus filhos por mais tempo Préticas alimentares, crescimento e
bucal e na prevenção de agravos, já que, entre
apresentaram menor comportamento restritivo
outros fatores: desenvolvimento bucofacial
(Taveras e cols., 2004; Fisher & Birch, 1999a; Fis-
O desenvolvimento e a funcionalidade em condi-
her & Birch, 1999b). Birch & Fisher (1995), por
® Préticas alimentares adequadas durante a in- ções normais das estruturas musculares bucofaciais
meio do estudo do comportamento materno,
fancia constituem fator essencial para o de- dependem, além de caracteristicas herdadas, de es-
classificaram trés tipos de mães:
senvolvimento anatémico e funcional da cavi- timulos funcionais adequados. Entre esses, a litera-
dade bucal e demais estruturas faciais em con- tura tem sugerido que o aleitamento materno é um
1. Controladora: nao dá chance & crianca de
dições de normalidade. fator primordial no preparo e aprimoramento da
regular o horério de comer, o tamanho da
refeição e a seleção de alimentos. Préticas alimentares que incluem o consumo condicdo neuromuscular das estruturas da face e
2. Permissiva: considera que a crianca está freqiiente de determinados carboidratos re- da cavidade bucal. Com um periodo adequado de
apta a regular o que come. presentam “causa necessária”, para a ocorrén- aleitamento, estardo facilitadas as condigdes que
3. Interativa: atenta às necessidades da crian- cia da cérie dentéria em criangas. permitirão o crescimento harménico das estruturas
ça. Estudo recente de Fox e cols. (2006) con- bucofaciais e o desenvolvimento das fungdes pri-
firmou a evidéncia anteriormente mostrada Dessa forma, parece absolutamente adequa- mérias e secundarias da face e da cavidade bucal
por Birch (1998) de que as criangas têm auto- do que uma publicação dedicada & nutrição e (Westover e cols., 1989; Trawitzki e cols., 2005;
controle no consumo energético, que os pais seus efeitos nos seres humanos aborde a in-- Sies e cols., 1999). A manutenção do aleitamento
devem ser orientados quanto a essa capaci- ter-relação entre nutrição e saúde bucal: Embora materno estimula o crescimento &ntero-posterior
PA 22.3 Criança de 16 meses comendo pedaço da dade e que muitas vezes os préprios pais ou da mandibuila e reforga o circuito neural fisiologico
a separação da saúde bucal da saude geral nao
banana familiares a prejudicam, com praticas coerci- da respiração nasal, permitindo ação coordenada
deva ser estimulada, uma vez que são indissocia-
de sucção, deglutição e respiração. A função respi- Práticas alimentares e cárie dentária para outra são, em vez da carga genética, costu- uma reserva energética a ser utiliza:la entre as
re'ória nasal, por sua vez, contribui decisivamente Da mesma forma como ocorreu em relação a mes, estilos dé vida e atitudes em relação a saúde refeições.
pira o equilíbrio harmonioso da face e pode in-
outras doenças, a cárie dentária foi, ao longo de ou doença. Assim, a visão fatalista que postula * Atua como substrato para a produ ão de de-
fluandiar o desenvolvimento intelectual e emocio-
décadas, objeto da construção de mitos, alguns que a destruição e a perda de dentes é fruto de pósitos extracelulares, o que vai cc vferir ade-
n da criança. Dessa forma, direta ou indiretamen-
deles criados ou pelo menos sustentados no herança genética deve ser substituída pelos con- sividade à placa dentária e favorect - a coloni-
te, o aleitamento materno contribui para o deser próprio seio da profissão odontológica.. Algu- ceitos que embasam a visão moderna do proces- zação por microrganismos bucais p togénicos
ve vimento da sucção, da respiração, da mastiga- mas dessas crenças são enraizadas de forma tão 50 saúde-doença cárie dentária, que serão descri- (Kramer e cols., 2000, Thylstrup e ccs., 1998).
çãn, da deglutição, da fala e da expressão facial tos resumidamente a seguir.
profunda que dificultam a penetração de concei- Aintrodução da sacarose já no primc.iro ano de
(Westover e cols., 1989; Trawitzki e cols., 2005; tos embasados cientificamente. Ainda faz parte A cárie dentária é uma doença multifatorial, e
Sie ; e cols., 1999). vida do bebg, época em que estdo icripendo os
da cultura humana aceitar que, em algum mo- da sua rede de multicausalidade participam fatores
Por outro lado, o uso de mamadeira desde as primeiros dentes, permite a implantac2 > e coloni-
mento da vida, perder dentes é um processo na- demográficos, socioeconômicos, comportamentais
primeiras semanas de vida, principalmente em zação das novas superficies dentarias Jor bacté-
tural. Em vez de analisar a cárie dentária como e microbiológicos (Ismail, 1998; Ramos-Gomez e
conjunto com a chupeta, tem sido associado a rias cariogéncias, especialmente estrepi scocos do
uma doença passível de prevenção, a população cols., 2002). Entre os fatores comportamentais
condições patológicas como mordida aberta ante- grupo Mutans. A presenca e o compartamento
parece acreditar, a partir dos mitos construídos destaca-se o papel das préticas alimentares como
, protrusão acentuada dos dentes ântero-su- dessa bactéria na cavidade bucal s&> em grande
€ reproduzidos, que a cárie é uma fatalidade à causa necessaria (imprescindivel) para sua ocor-
res e falta de vedamento labial (Lopez e cols., parte reflexo dos habitos alimentaras :los indivi-
qual o ser humano está exposto. É importante réncia (Ismail, 1998; Ramos-Gomez e cols., 2002).
2076). Tais condições, além do evidente prejuízo duos. A introdução precoce da sacaros2 também
destacar, e isto deve ser enfatizado por todos os Atuaimente, admite-se como absolutamente im-
estético e na função mastigatória, parecem permi- pode ser nociva pela influéncia que exe: -e sobre o
profissionais de saúde, que os conhecimentos prépria a orientagdo empirica de que, para não
paladar do bebê, determinando suas p. >feréncias
tir a instalação e manutenção de um padrão de
científicos atuais asseguram a possibilidade de terem cérie, “as criancas podem comer o que e
res viragao bucal, com todas as repercussões asso- alimentares futuras. Os padroes dietéticos adquiri-
uma criança ser acompanhada desde o nasci- quando quiserem, desde que escovem os dentes
ciarias (Emmerich e cols., 2004). Além disso, crian- dos na infancia formam a base para os * sturos há-
mento até a idade adulta sem apresentar cárie depois”.
bitos alimentares da criança escolar, <o adoles-
ças com protrusão acentuada do arco superior dentária (Kramer e cols., 2000). Evidências históricas e estudos epidemiolégicos cente e do adulto (Kramer e cols.; 2000).
apresentam maior incidência e gravidade de trau- Dessa forma, antes de emitir qualquer concei- possibilitaram a compreensão de que a dieta, par-
matismos dentários (Neuyen e cols., 1999). Os monossacaridios glicose e frutose, encon-
to científico, parece fundamental destacar que ticularmente em termos de seu teor de carboidra-
Enfim, estimar os efeitos benéficos do aleita- trados naturalmente nas frutas, nos vegetais e no
“dentes fracos” não são herança de família nem tos refinados, é uma varidvel de importancia cru-
mento materno a longo prazo tem sido o escopo mel, e o polissacaridio amido também devem ser
decorrem de nutrição deficiente, do ponto de vis-, cial no processo de cérie dentária. Carboidratos
de muitos pesquisadores e da propria Organiza- considerados em relagao & sua cariogenicidade.
tasistêmico. Em contraposição à idéia de “dentes representam o substrato que permitira a liberação
ção Mundial da Saúde. RevisGes sistemáticas re- O processo de refinamento ou industrializagdo,
mais suscetiveis” ao ataque da cárie dentária, de- de 4cido por parte de bactérias sobre a superficie
centemente publicadas sugerem que crianças de modo geral, torna os carboidratos mais susce-
Ve-se salientar que ainda são escassos os estudos dentaria, além de influenciar na quantidade de
amamentadas apresentam, a longo prazo, pres-. tiveis a fermentag@o por microrganismos cariogé-
metodologicamente bem delineados que verifi- placa bacteriana, na composicao de microrganis-
são arterial mais baixa, menores taxas de coleste- nicos. Assim, alimentos refinados que conte-
caram associação entre caréncias nutricionais e mos e na qualidade e quantidade de fluxo salivar
rol, menores indices de sobrepeso e obesidade e nham amido, como pão ou biscoitos, são poten-
cérie dentária em seres humanos. A provável ca- (Kramer e cols., 2000, Thylstrup e cols., 1998).
melhor desempenho em testes de inteligência cialmente mais cariogénicos em relagao a carboi-
deia causal entre exposição e desfecho, neste Os aspectos da dieta a seguir devem ser desta-
dratos nao-refinados. O mel, a par de sua reputa-
(Horta e cols., 2007). Ainda inexistem evidências caso, seria por meio da formação de defeitos de cados, pois desempenham papel muito impor-
de boa qualidade metodológica que indiquem esmalte, classificados como hipoplasias (Oliveira tante na etiologia da cérie dentaria.
ção no meio leigo, também é contra-indicado no
primeiro ano de vida, do ponto de vista de saúde
associação entre aleitamento materno e efeitos ecols., 2006). Entretanto, estudos têm mostrado
benéficos, a longo prazo, no desenvolvimento bucal. Apresentando uma forma fisica altamente
que hipoplasias são altamente prevalentes em to- pegajosa e composto principalmente por frutose
anatômico e funcional das estruturas bucais. O papel da sacarose
das as classes de renda e escolaridade e não ocor- e glicose, o mel é metabolizado por bactérias ca-
Entretanto, ao menos de forma indireta, é plausi- rem apenas em crianças com carências nutrício- A sacarose é o mais cariogénico de todos os car-
vel que o aleitamento materno seja fator de pre- boidratos, uma vez que: riogénicas (Thylstrup e cols., 1995). Quando ofe-
nais. Ainda são necessários mais estudos antes recido com frequiéncia, inclusive tendo como veí-
venção de agravos à saúde bucal que causam li- que se reconheça a entidade “dentes mais suscep- culo a chupeta, pode ser fatorimportante na etio-
mitações ao mastigar, falar, sorrir e expressar-se tíveis por carência nutricional”. Difunde-se rapidamente pela placa bacteria- logia da cérie precoce da infancie.
e dificultam o próprio convívio social. Dessa for- Por outro lado, é inegável que, do ponto de na, sendo fermentada até ácido lactico ou ou-
ma, pode-se considerar que, ao estimular o alei- vista da cadeia de causalidade"da cárie dentária, tros ácidos, substancias que dissolvem o teci-
tamento materno e contribuir para menor fre- alguns indivíduos são mais suscetíveis, particular- do dentério. — - Frequência de ingestao alimentar
qiiéncia de utilização da mamadeira, o profissio- mente crianças de mães com baixa escolaridade. É parcialmente armazenada como polissacari- Desde os anos 1950, o classico estudo de Vipe-
nal de saúde estará promovendo saúde bucal. Nesse caso, o que é transferido de uma geração dio intracelular pelas bactérias, representando holm desenvolvido na Suécia (Gustafsson e cols.,
4) mostrou Gue o risco do açúcar em termos isto se de a0 aumento no fluxo salivar junto e <o de caréncias nutricionais e cárie precoce da
arie centária 2 potencializado se for consumi- logo após.as refeições, permitingo que os ácidos | infância.
tre as refeicdes, em forma de "beliscad: bacierianos sejam neutralizados de forma mais Introdução da sacarose o mais tarde possível,
rápida. Assim, não se justifica, do ponto de vista

E
Vários estudos posteriores, inclusive com crian- de preferência só após os 12 meses, de forma
ças; mostraram que a ingestão de alimentos en- de saúde bucal, erradicar o açúcar da vida da que a criança reconheçá o sabor natural dos
tre as refeições é um grande fator de fisco para a crianga, e sim fazer com que seja racionalmente alimentos e que não se estabeleça uma placa
-
cárie dentária. A explicação é simples: indivíduos consumido, de preferência logo após as refeições bacteriana qualitativamente cariogênica nas
que se aliment:m 5 a 6 vezes por dia terão, em (Kramer e cols., 2000). superficies dentárias.
tais ocasiões, quedas de pH na sua cavidade bu- A avaliação do comportamento alimentar de Manter intervalos regulares entre as refeições,
cal que iniciam junto ou imediatamente após o crianças pré-escolares mostra que a mamadeira permitindo o retorno do pH à neutralidade de
consumo do alimento e permanecerão por 30 a continua a ser veículo de alta freqúência de in- forma a proporcionar equilíbrio entre os pro-
60min. Entretanto, isto não deverá representar gestão de sucos, chás, refrigerantes e achocola- cessos naturais de desmineralização e remine-
ameaça & saúde bucal, uma vez que os intervalos tados, particularmente com o propósito de acal- FIGURA 2 « Criahça do sexo feminino, de 3 anos e
meio, corm estruição dos dentes antero-superiores. ralização que ocorrem na superficie dentária.
entre as refeições permitirão o retorno do pH à mar, conforme anteriormente descrito, ou fazer AA mãe relaia que até os 2 anos e meio a crianga Racionalizar o consumo de sacarose, de prefe-
neutralidade, assim se mantendo até a próxima à criança adormecer (Feldens, 2004). Nessas cir- utilizava m-madeira para sucos, chás e refrigerantes rência logo após as refeições (mas nunca
refeição. Entretanto, o comportamento alimen- cunstâncias, soma-se ao efeito da alta frequên- a todo moriento
como “recompensa”).
tar caracterizado por constantes “beliscadas” de cia de ingestão alimentaro prejuízo da diminui-
biscoitos, doces, sucos, chás açucarados e outros ção do fluxo salivar-que ocorre durante o sono. Em úitivna andlise, e dependendo do grau em Além disso, o profissional da saúde deve pro-
carboidratos fará com que o pH bucal permaneça Tal comportamento permitiu o reconhecimento que ocorrer a alta freqiéncia de ingestao alimen- porcionar aos responsáveis o entendimento da
constantemente em um nível considerado crítico de um padrão característico de cárie dentária tar, em pc ucas semanas os primeiros sinais visi- dimensão não-biológica das práticas alimentares
(abaixo de 5,5), o que permitirá a dissolução dos (denominado historicamente “cárie de mama- veis de cérie dentaria poderão ser detectados. e contribuir oferecendo alternativas práticas para
cristais de esmalte dentário. deira” e hoje pertencente à categoria “cérie pre- Menos de 5 meses após a erupção, alguns dentes que o ato de alimentar-se exerça plenamente
Na fase pré-escolar, este problema frequente- coce da infância”), em que os dentes superiores podem estar destruldos, com todas as consequên- suas funções.
mente assume proporções ainda maiores. A prá- anteriores manifestam inicialmente manchas cias funcionais, estéticas e emocionais que isto Com base no exposto, serão relatadas duas si-
tica de oferecer constantemente alimentos à brancas que, em poucas semanas, transfor- pode significar para a crianga e seú núcleo fami- tuações — uma em nível individuat e outra em ni-
criança nessa faixa etária decorre, por um lado, mam-se em cavidades, restando logo após ape- liar. Fregiientemente são observadas criangas nes- vel coletivo — em que é essencial a intervenção do
da “necessidade” (leia-se desejo do próprio cui- nas as raízes (Ismail, 1998; Hallett, 2006). O alei- ta condição entre o primeiro e o segundo anos de profissional da saúde com vistas à promoção ou
dador, a partir de suas crenças) de a criança se tamento materno em livre demanda após os 12 vida (Feldens e cols., 2007, Vitolo e cols., 2005). adequação das práticas alimentares:
“alimentar bem para crescer”. Cria-se um ciclo meses também tem sido associado à ocorrência
vicioso em que a criança belisca entre as refei- de cárie precoce da infância (Feldens, 2004; Dini
ções, come pouco na.refeição principal e, por Orientação nutricional para a promogéo
e cols., 2000), o que é discutido no Capítulo 17 Situação 1 (nível individual)
da saúde bucal
isso, recebe logo em seguida novas oportunida- (Atualizações em Aleitamento Materno). Duran- Criança de 18 meses com cárie precoce da infância.
des de beliscadas. Por outro lado, a prética de te décadas esta condição foi atribuída a “dentes As bases cientfficas anteriormente citadas permi-
oferecer alimentos constantemente muitas vezes que nasceram estragados”, “dentes fracos”, tem a formulagdo de um plano de aconselha-
= Anamnese: entrevista com a mãe revela que
tem a dimens&o não biológica de agradar, distrair pouco consumo de célcio ou uso de antibiótico. mento nutricional para a promoção de saúde bu- as seguintes práticas alimentares constituem
ou acalmar. Percebida pela crianca a ansiedade A simples demonstracdo de que são destruidos cal compativel com todas as orientações destaca- um dia alimentar habitual:
do cuidador em superaliments-la ou o propésito apenas os dentes em contato com o liquido que das ao longo desta publicagao.
* 6h(nacama, antes de acordar): mamadeira
de trocas e recompensas desde o primeiro ano de sai da mamadeira ou o leite materno (dentes &n- Especificamente em relação & prevenção de de leite (200mL) com chocolate em pó.
vida, a chantagem tem via dupla: a criança passa cérie dentaria, é importante destacar as seguin-
tero-superiores), permanecendo livres de cérie * 9h (após acordar): mamadeira de leite
aexigir freqlentemente liquidos e alimentos açu- os dentes inferiores (protegidos pela lingua) evi- tes orientagdes: N
(120mL) com chocolate em pó.
carados devido & sensagao agradavel ao paladar dencia aos responsaveis o efeito local do carboi- = Estimulo ao aleitamento materno exclusivo Durante toda a manhã: suco de laranja na-
que a sacarose proporciona. Do ponto de vista de drato, em vez de uma condição sistémica decor- até os 6 meses; a partir de então, iniciar a in- tural na mamadeira em livre demanda e
saúde bucal, tais condicdes elevam geometrica- rente da má-nutrição (Ismail, 1998; Feldens, trodução de alimentos sólidos de modo que a um lanche (10h30) de biscoito recheado.
mente o risco de carie dentéria nessa faixa etéria. 2004; Hallett e cols., 2006; Dini e cols., 2000). A alimentação da criança em torno dos 12 me- * 12h30: almoço: arroz, feijão (só caldo) e
É importante destacar que o consumo de sa- Figura 22.4 apresenta uma crianga de 3 anos de ses seja semelhante & do restante da fâmília. — - batatas fritas; 1 copo de refrigerante.
carose logo após as refeicdes, em forma de “so- idade com o padréo caracteristico de cárie pre- Desestimular o aleitamento materno em livre * 14h30: mamadeira de leite com chocolate
bremesa”, parece não exercer papel cariogénico. coce da infancia. demanda após os 12 meses, em função do ris- em pó. ,
1m
16h biscoito recheado e suco de laranja na res apresentam mancha branca (manifestação fase de cavidade. Aos 5 anos de idade, a preva- ção em longo prazo, a intervengdo demons rou
mar::adeira. cial da cárie dentária) e cavidades de cárie. Os inci- léncia atinge quase 60% (Brasil, 2004). Desta for- que orientagao nutricional traz beneficios ime dia-
Dur: nte o restante da tarde: suco de laran- sivos inferiores não apresentam lesão de cárie. ma, o Brasil encentra-se distante da meta pro- tos em relação a carie dentéria e outros agre ‘os,
jan- mamadeira em livre demanda. posta pela Organização Mundial da Satide para o constituindo importante medida para a promr ;30
19h. pão com geléia e suco de laranja. ano 2010, que propõe 90% das criancas livres de
21h. mamadeira de leite e chocolate em Diagnéstico de satide bucal em nivel coletivo.
cérie aos 5 anos de idade. Dessa forma, pode-se concluir.que os agre vos
pó. Os dados fisicos e comportamentais indicam um — Com o propésito de avaliar o efeito de orien- à saúde bucal afetam bebés, criangas e adc es-
* Durente a madrugada: acorda em média 3 quadro cléssico de cérie precoce da infancia; o
padrao de ataque das lesões cariosas (dentes afe-
tações nutricionais no primeiro ano de vida na centes física e psicologicamente e influencia n o
vezes; toma mamadeira com chocolate em prevenção de agravos à saúde infantil, incluindo modo como eles crescem, falam, mastigam, di-
pó (£2 a 100mL a cada vez). tados na seqiiéncia de erupção, com exceção dos
a cérie dentéria, foi defineado e desenvolvido um vertem-se e se socializam - enfim, seu ber-2-tar
incisivos inferiores) denota claramente o habito
de liquidos na mamadeira em livre demanda des-
ensaio de campo randomizado que avaliou o im- geral. Alta gravidade de cárie dentária detern ina
Observação: a mãe revela que a criança “não pacto da implementação-dos Dez passos da ali- dor, desconforto, infecção, distúrbios do sona e
gosta de éua” e que, quando chora, só a ma- de a erupção dos primeiros dentes. Em tais condi-
mentação saudével para criangas abaixo de 2 aumento do risco de hospitalização, maior custo
madeira com suco ou refrigerante consegue acal- ções, qualquer medida, como escovar os dentes,
anos (Vitolo e cols., 2005). Entre as orientações, de tratamento e dias perdidos de escola (Shei-
mé-la; a mé-e relata também que os dentes come- não consegue prevenir o ataque de cárie aos no-
vos dentes nem controlar a evolução das lesdes
destacam-se medidas com potencial de prevenir ham, 2005; Ismail, 1998; Filstrup e cols., 2003).
caram a “escascar” logo após aparecerem na carie precoce da infancia, tais como estimulo ao É responsabilidade de todos os profissior ais
boca; além disso, manifesta que atualmente existentes. Além disso, é conveniente, neste
aleitamento materno exclusivo e evitar o ofereci- da saúde contribuir para a adoção de estratéc.ias
"tenta esccwvar” os dentes da criança 3 vezes por caso, desmistificar para o responsável o conceito
mento de refrigerantes, balas, salgadinhos é ou- que reconhecidamente integrem, ao mesmo
dia, mas “nao adianta, porque os dentes são de “dentes enfraquecidos” justamente porque
tras guloseimas no primeiro ano de vida. Após a tempo, saúde bucal e saúde geral. Entre e:as,
muito fraces, provavelmente faitou cálcio”. transmite a idéia de que “nao há o que fazer”.
crianga completar 12 meses, foram coletados, destaca-se o estímulo & adoção de práticas ali-
entre outros, os dados referentes & condição mentares saudáveis desde o nascimento. Fro-
Tratamento clinica-odontolégica (Feldens e cols. 2007). gramas com impacto coletivo neste sentido Je-
Exame físico
O plano de tratamento inclui, neste caso, além de vem contribuir para a diminuição de doen-as
Acrianga apresenta 16 dentes na boca. Os 4 incisi- crônicas como obesidade, diabetes e cárie den-
procedimentos odontolégicos (extragdes e res-
vos superiores já estdo destruidos, apresentando Resultados e interpretações tária, o que trará benefícios para a qualidade de
tauragdes) para tratar as seqielas, o controle da
apenas raizes; a polpa (estrutura vasculonervosa) Os resuitados mostraram que: vida da população.
doenga para impedir sua progressão. Isto envolve
desses dentes encontra-se exposta e necrosada,
orientação para a eliminagao das préticas alimen-
observando-se abscessos na altura dos incisivos m As préticas cariogénicas foram significativa-
tares cariogénicas (particularmente a utilização
centrais superiores (Figura 22.5). Os caninos supe- mente menores no grupo de intervenção em REFERÊNCIAS
da mamadeira em livre demanda) e utilização de
riores e os primeiros molares superiores e inferio-
flúor para evitar a evolução das manchas bran- relagdo ao grupo de controle. ADDESS), E; GALLOWAY, A.T.; VISALBERGHI, E.; BIRCH,
A freqiiéncia de carie dentéria no grupo de in- LL. Specific social influences on the acceptance of no-
cas. O prognéstico do caso envolve, a curto pra-
> tervenção, incluindo manchas brancas, foi
vel foods in 2-5 year-old children. Appetite, v. 45, p.
20, alteração na estética, na função mastigatéria 264-271, 2005.
e da fala. Se modificadas as praticas cariogénicas, 48% (RC =0,52; IC = 95%: 0,27 a 0,97) me- BARTOSHUK, LM. Comparing sensory experiences across
não haverá progressdo da doenca, não sendo nor em relagao ao grupo de controle (10,2% individuals: Recent psychophysical advances illuminate
atingidas novas superficies dentarias. Sera neces- versus 18,3%), demonstrando efeito protetor genetic variation in taste perception. Chem Senses, v.
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Pprazo, uma vez que estudos de coorte mostram A ocorréncia de cárie precoce da infancia este- BEAUCHAMP, G.K.; COWART, B.. /n: DOBBLING, J. (ed.).
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maior risco de apresentar cárie dentaria em den- uso de mamadeira para sucos e outros liqui- BEAUCHAMP, G.K.; MORAN, M. Acceptance of sweet
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fGURA 225 Criança do sexo masculino, 18 meses de - BENTON, D. Role of parents in the determination of the
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Satde bucal infantil: realidade brasileira e pro- retardar a introdugao do açúcar e evitar alimentos
superior constituem abscessos decorrentes de necrose 858-869, 2004, :
da polpa (estrutura nervosa) dentária. Neste caso, há posta de intervenção cariogénicos são potenciaimente eficazes no pri- BIRCH, L.L. Development of food acceptance patterns
risco de os germes dos dentes permanentes (em ; Mais de um quarto das criancas brasileiras en- meiro ano de vida, reduzindo a frequência de cárie the first years of life. Proc Nutr Soc, v. 57, n. 4, p.
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ween portion size and energy intake among infants during formula feeding are related to preferences du-
and toddlers: Evidence of self-regulation. J Am D Ass, ting childhood. Eariy Hum Dev, v. 68, p. 71-82, 2002.
v. 106, n. 1, p. 577-583, 2006. MENNELLA, JA; GRIFFIN, A£.; BEAUCHAMP, G.K. Fla-
FOX, M.K.; PAC, 5.; DEVANEY, 8.; JANKOWSKI, L. Feeding vour programming during infancy. Pediatrics, v. 113,
* infants and toddlers Study: What foods are infants and p. 840-845, 2004.
CAPÍTULO
Práticas Alimenta
na Infância

MÁRCIA REGINA VITOLO

PRIMEIRO ANO DE VIDA devem ser amassadas em forma de purê e a papa


As práticas alimentares no primeiro ano de vida salgada deve ser preparada com sal, óleo, cebola,
constituem um marco importante na formação os alimentos bem cozidos e amassados. Não há
dos hábitos da criança. Esse período pode ser clas- restrição quanto aos alimentos que devem ser
sificado em duas fases: antes dos 6 meses e após oferecidos. Há muitas dúvidas quanto à introdu-
0s 6 meses. No primeiro semestre de vida objeti- ção de carnes e peixes; ao se introduzirem os ali-
va-se que a criança mame por seis meses exclusi- mentos complementares, é importante que já se
vamente ou que, pelo menos, retarde pelo maior inclua a carne para garantir o ferro de boa biodis-
tempo possivel a introdugao de outros alimentos ponibilidade. As mães têm receio de que a crian-
que não o leite materno. Esse processo foi e é Ça não consiga triturar os pedaços de carne, ou
muito explorado na literatura, e os profissionais de que possa engasgar. O profissional deve tran-
podem contar com inGmeras publicações atuali- qúilizá-las explicando que os movimentos orofa-
zadas sobre o assunto. Sendo assim, optamos ciais e a pressão das gengivas iniciam o processo
por descrever situações e resoluções de nossa mastigatório e que a criança, a partir dos 5 a 6
prética didria com embasamentos teéricos perti- meses, levando-se em consideração seu grau de
nentes ao problema em questão. desenvolvimento, tém defesas motoras, o que a
Preconiza-se que, aos 6 meses de vida, a crian- faz expelir os alimentos que não conseguem en-
ça passe a receber os alimentos complementares; golir. Recomenda-se o uso de carne moida, que
não se utiliza mais o termo alimentos do desma- fica mais macia ao cozimento; ou, apds cozinhar
me, conforme recomendagdes dos 6rgdos que 2 carne em pedaqos, desfiá-los e misturar a ou-
determinam as diretrizes sobre préticas alimenta- tros alimentos, como batata, aipim ou arroz. O
res da crianca, já que esse termo pode transmitir peixe pode ser introduzido desde o inicio, pois
a idéia de que a introdução de outros alimentos possibilidade de alergia a esse alimento na popu-
implica a suspensao do leite materno. Recomen- lação é sempre menos comum. Assim, devemos
da-se a utilização de duas papas de frutas e duas preconizar a carne de peixe como rotina, a me-
papas salgadas. Oferecer o peito logo após a nos que haja kistéria familiar de alergia a produ-
oferta dos alimentos não deve ser uma regra, e tos marinhos. Nesse caso, a introdução pode es-
sim uma alternativa em situações em que a crian- perar mais um pouco e, quando feita, a crianga
Ça aceitou pouco o alimento oferecido. As frutas deve ficar sob observação. A demora na introdu-
o
‘& produtos com ferro de boa biodisponibili- dados cientificos disponiveis na literatura e pela familia, a intervalos regulares e de modo a res- sumo entre as crianças de acordo com o 3-upo de
2de (carnes em geral) pode exaurir as reservas experiéncia de varios profissionais da área de nu- peitar O apetite da criança intervenção ou de controle, observou-se “esulta-
fitro da criança e colocá-la em risco para o trição'e pediatria. A proposta está disponivel no Passo 5: a alimentacdo complementar deve do estatisticamente menor para o arupo €2 int
qu.cro de anemia. Foi demonstrado que em fofmato de guia alimentar, com consideracoes ser espessa. desde o inicio e oferecida na co- venção no consumo de biscoito, queiic do tipo
Crianças em aleitamento materno a absorção de tedricas aprofundadas dos aspectos que envol- Iher; comegar. com consisténcia pastosa (pa- petit suisse, refrigerante, chocolate, baia, mel e
fer:0 do leite maternofoi de 23,7%e que a intro- vem s préticas alimentares recomendadss. Foi pas/purés) e aumentar gradativamente a con- salgado sugestivo de maior adesão ac passo 8
ducão de um purê de péra para complementar - elaborado um guia menor, simplificado, com o sisténcia até chegar à alimentacao da família. (“Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrige:
fez com que a absorção do ferro do leite materno objetivo de auxiliar os profissionais da rede a pro- Passo 6: oferecer & criança diferentes alimen- rantes, balas, salgadinhos e outras guioseimas
passasse para 5,7% (Oski & Landow, 1980). O mover os Dez passos (Ministério da Satde, tos ao dia. Uma alimentação variada é uma nos primeiros anos de vida. Usar sal com modera-
ove inteiro já pode ser introduzido a partir dos 6 2002a,b). As recomendações a seguir são diretri- alimentagao colorida. ção”) segundo os Dez passos (Brasil, M5, 2002).
meses em substituicao à fonte protéica, mas nes- zes e não orientacdes dietéticas. Essas últimas Passo 7: estimular o consumo didrio de frutas, A época de introdução do açúcar e mel foi esta-
sa refeição a oferta de 50.a 100mL de suco rico são estabelecidas pélos profissionais que no mo- verduras e legumes nas refeições. tisticamente mais tardia no grupo de intervenção
em vitamina C é recomendada (SBP, 2006). mento da assisténcia vai conduzir a prética ali- Passo 8: evitar açúcar, café, enlatados, fritu- quando comparada com o grupo de controle. O
Por volta de 7 ou 8 meses, a crianca passard a mentar de acordo com as necessidades indivi- ras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras consumo concomitante de bala, refrigerante, sal-
recaber duas papas de frutas e duas papas salga- duais de cada crianga. Enfatiza-se que normati- qguloseimas nos primeiros anos de vida. Usar gadinho e chocolate no primeiro ano de vida foi
dar, conforme demonstrado na Tabela 23.1. zações e recomendações não substituem, em hi- sal com moderação. significativamente menor no grupo de interven-
0 suco de fruta não é introduzido inicialmente pótese alguma, o papel do profissional. m Passo 9: cuidar da higiene no preparo e no ção (29,6%) em relação ao grupo de controle
e n3o constitui uma refeição. Deve ser recomen- manuseio dos alimentos; garantir armaze- (50%). Observou-se associação entre escolarida-
dado em situagdes em que a ingestao de vitami-
namento e conservação adequados dos ali- de materna menor que oito anos de frequência à
na C pode estar prejudicada ou em que, por limi- Dez passos da alimentação saudável
mentos. escola e a prática de oferecer guloseimas e ali-
tação socioecondmica, não há a presenca de car- para crianças abaixo de 2 anos
= Passo 10: estimular a criança doente e conva- mentos industrializados precocemente (Vitolo e
nes nas refeições salgadas. Nesses casos, orien- = Passo 1: dar somente leite materno até os seis lescente a se alimentar oferecendo sua ali cols., 2004).
ta-se a introdução de 50 a 100mL de suco rico meses, sem oferecer água, chás ou qualquer mentação habitual e seus alimentos preferi-
em vitamina C 5min após a refeicdo, uma vez ao outro alimento. dos, respeitando sua aceitação.
dia obrigatoriamente. Passo 2: a partir dos 6 meses, oferecerde ma- Receitas de papas para a criança de
A Tabela 23.1 apresenta sugestoes para ali- neira lenta e gradual outros alimentos, man- Com o objetivo de avaliar o impacto da imple- 6 meses de vida
mentagao de criangas de 8 a 11 meses e com tendo o leite materno até os 2 anos de idade mentação dos Dez passos da alimentação saudá- As receitas apresentadas a seguir representam al-
mais de 12 meses. ou mais. vel para crianças abaixo de 2 anos no consumo guns exemplos dos inúmeros tipos de prepara-
Passo 3: a partir dos 6 meses, dar alimentos de alimentos industrializados no primeiro ano de ções que as maes podem fazer para os lactentes.
É importante ressaltar que a Politica de Ali- complementares (cereais, tubérculos, carnes, vida, Vitolo e cols. (2005) realizaram um estudo Os diferentes alimentos disponiveis nas regiões
mentagdo e Nutrição do Ministério da Satde, frutas e legumes) três vezes aos dia se a crian- com quinhentas crianças tomadas aleatoriamen- brasileiras podem constituir as papas desde que
com a colaboração da Organizagdo Pan-Ameri- ça receber leite materno, e cinco vezes ao dia, te ao nascimento para compor os grupos de in- guardem as devidas proporções entre os grupos
cana de Saúde, estabeleceu os Dez passos da ali- se estiver desmamada. tervenção e de controle. O grupo de intervenção alimentares (carboidrato, proteína e micronu-
mentação saudavel para a criangas abaixo de 2 = Passo 4: à alimentação complementar deve recebeu orientações dietéticas durante visitas do- trientes).
anos. Essa proposta foi elaborada com base em ser de acordo com os horérios de refeição da miciliares sistemáticas no primeiro ano de vida e
visitas para coleta de dados aos 6 e 12 meses; o
TABELA 23.1 Exemplo de esquema alimentar para criangas de 8 a 11 meses e com mais de 12 meses grupo de controle só recebeu as visitas para cole- Papa de carne, fubá e couve
ta de dados. Ao final do estudo, após as crianças = Ingredientes:
" Leite " Leite - completarem 12 meses, a amostra foi constituída * 2 colheres (sopa) de carne moida.
* Papa de fruta amassada = Fruta ou suco + biscoito de 397 crianças, sendo 163 do grupo de inter- * 1 colher (sobremesa) de 6leo de soja.
* Papa salgada amassada (arroz + came + cenoura) " Almogo da familia (arroz + 0 + carne + verdura ou venção e 234 do grupo de controle. A avaliação * 1 colher (chá) de cebola ralada.
* Papa de fruta legume) da frequência de mães que utilizaram alimentos * 4 colheres (sopa) de fuba.
* Papa salgada amassada (batata + peixe + folha verde) m Sobremesa: fruta ou doce industrializados que deveriam ser evitados antes * ¥ folha de couve-manteiga picadinha.
* Leite + pão ou cereal ou biscoito dos 12 meses de vida da criança foi de 73,58% * 1 colher(chá) nivelada de sal.
" Leite no grupo geral, e 94,9% das criangas do estudo
= Jantar (macarrão + frango + legume) = Modo de preparo: em umapanela pequena,
* Leite já estavam consumindo açúcar aos 12 meses de refogar a cebola e a carne no óleo. Acrescen-
= Leite
vida. Quando se comparou a frequência de con- tar 2 copos de agua fria (400 a 500mL) e o
fubá. Deixar cozinhar, sem parar de mexer, * % cenoura pequena. Papa de batats, cenoura e carne moida Observação: a beterraba deve estar bem macia;
até que o caldo fique encorpado. Juntar a * Y colher nivelada (café) de sal.
couve picada e cozinh-r por mais Smin em = ingredientes: por isso o cozimento deve ser em fogo brando e
* 1 colher (sobremesa) de óleo de cozinha.
fogo brando. Se necestário, acrescentar mais * 1 colher (chá) de cebola picadinha.
* 2 colheres (sopa) de carne moida. demora um pouco mais.
água. * 1 colher (sobremesa) de 6leo de cozinha.
* - 2 copos de &gua. n Valor nutricional:
= Valor nutricional: * 1 colher (chd) de cebola ralada.
Modo de preparo: em uma panela pequena, * Energia: 345,92kcal.
* Energia: 393,42kcal. * * 2 batatas médias/pequenas descascadas * Proteina: 14,98g.
aqueça o óleo e refogue rapidamente a cebola
* Proteína: 16,1989. eofigado. Acrescente a batata e a cenoura pi-
em pedagos (150 a 200g).
* Carboidratos: 48,145g.
* Carboidrato: 48,6714. * %2 cenoura média. * Lipídio: 10,435g.
cadas, o sal, e adicione dois copos de água
* Lipídios: 14,321g. * 1 colher (café) nivelada de sal. * Vitamina A: 15,04pg.
(400mL). Cologue a tampa. Deixe cozinhar
* Vitamina A: 64,7:3 até que os ingredientes estejam macios e qua-
Modo de preparo: em uma panela pequena, * Ferro:3,72mg.
e Ferro: 1,94mg. se sem dgua. Se necessario, acrescente mais
aqueça o óleo e refogue rapidamente a cebola
Custo da papa: R$0,65.
= Custo da papa: R$0,58. € a carne. Acrescente a batata e a cenoura pi-
água.
cadas, o sal e mais 2 copos de água (400mL).
Valor nutricional por porção:
Coloque a tampa. Deixe cozinhar em fogo Papa de arroz, abobrinha e ovo
Energia: 319,19cal.
Papa de feijão, chicória e : 1acarrão brando até que os ingredientes estejam ma- = Ingredientes:
Protefna: 12,705g.
"= Ingredientes: cios e quase sem água. Se necessário, acres-
A
Carboidrato: 43,554g. 2 colheres (sopa) de arroz cru lavado.
cente mais água para que os alimentos fiquem 1 colher (sobremesa) de óleo de cozinha.

e
* 1 concha de feijão corido, pronto e tempe- Lipidio: 10,529g.
rado com muito caldo. bem macios. 1 colher (chá) de cebola picada.
Vitamina A: 1.932,74pg.

e
* 2 colheres (sopa) de m: carrão tipo conchinha. Valor nutricional por porção: Y2 unidade de abobrinha picada.
R


Ferro: 6,673mg.

s e
Energia: 326,76kcal. 1 colher (café) nivelada de sal.
* 2 folha pequena de cnicória picadinha (ou = Custo da papa: R$0,80 Proteina: 14,54g.

e.F...
outra verdura verde-escura). 1 unidade de ovo.

e
= Modo de preparo: em uma panela pequena, Carboidratos: 35,115g. = Modo de preparo (rende duas porções): em
cozinhar o macarrão em um copo de água Papa de batata-doce, abobrinha e frango Lipfdios: 13,865g. uma panela, aqueça o óleo e refogue a cebo-
(200mL). Quando o macarrão estiver cozido, Vitamina A: 627,42pg. la, o arroz e a abobrimha. Cubra com água e
= Ingredientes:
adicionar à panela pequena o feijão com mui- Ferro: 3,68mg. cozinhe até o arroz e a abobrinha estarem
* 50g de peito de frango picadinho.
to caldo. Se necessário, acrescentar mais água. = Custo da papa: R$0,90. bem cozidos. Cozinhe o ovo & parte. Coloque
* 1 colher (sobremesa) de óleo de cozinha.
Adicionar a chicória picadinha e deixar cozi- * 1 colher (ché) de cebola picadinha. no prato e amasse junto com o ovo cozido.
nhar um pouco em fogo brando, até que o * 1 unidade média/pequena de batata-doce Valor nutricional:
Papa de inhame, beterraba e frango
caldo engrosse e a chicória esteja cozida. Co-. (150g). * Energia: 354,02kcal.
mo o feijão já éstava temperado, não é neces- * 2 abobrinha pequena.
"= Ingredientes: * Carboidratos: 45,8559.
sério acrescentar óleo e sal nessa papa. * 2 colheres (sopa) de carne de frango pica- * Lipídios: 13,8859.
* 1 colher (chá) nivelada de sal.
Valor nutricional: ' da. * Proteínas: 10,399.
= Modo de preparo: em uma panela pequena,
* Energia: 319,5kcal. * 2 inhames grandes descascados e picados * Vitamina A: 230,04pg.
aquega o óleo e refogue rapidamente a cebola e
* Proteína: 10,9g. (150 a 200g). * Ferro: 2,49mg.
o frango. Acrescente a batata-doce e a abobri-
* Carboidrato: 48,69. * ¥ beterraba grande. Custo da papa: R$0,57.
nha picadas, o sal e mais 2 copos de água
* Lipídios: 9,19. * 1 colher (sobremesa) de 6leo de cozinha.
(400mL). Coloque a tampa. Deixe cozinhar até
* Vitamina A: 292,5pg. * 1 colher (chá) de cebola ralada.
que os ingredientes estejam macios e quase sem Peixe, abóbora, batata e couve
Ferro: 3,75mg. * 1 colher (café) nivelada de sal.
água. Se necessario, acrescente mais água.
= C usto da papa: R$0,37 Valor nutricional por porção:
Modo de preparo: em uma panela pequena, * Ingredientes: -
Energia: 318,92kcal. aqueca o óleo e refogue rapidamente a cebola % filé de peixe sem espinhas (50g). ,
e ofrango. Acrescente os demais ingredientes * 1 colher (sobremesa) de óleo.
Proteinas: 13,68g.
Papa de batata, cenoura e figado Carboidratos: 42,25g.
mais 3 copos de agua (600mL). Coloque a * 1 colher (chá) de cebola ralada.
* Ingredientes: Lipidios: 10,805g.
tampa. Deixe cozinhar em fogo brando até * 1 batata grande ou duas médias em peda-
* 40g de figado. Ferro: 2,47mg: que os ingredientes estejam macios e quase ços (200g).
. 2 batatas médias/pequenas descascadas e Vitamina A: 395,54ug.
sem água. Se necessério, acrescente mais * 2 colheres (sopa) de abóbora picada.
picadas (150 a 200g). = Custo da papa: R$0,63. 4gua para que os alimentos fiquem bem * % folha de couve picada.
macios. * 1 colher nivelada (café) de sal.
=T 4
A freguência da utilização depende de cada Conduta quemas alimentares que propercionem todos
cria , Mas esperá-se que a criança nessa idade A mãe deve ser orientada cuanto 3 utilização de 0s nutrientes necessarios ao crescimento e ac
mame de 3 em 3h. cereais, tubérculos e farinhas (arroz; mácarrão, desenvolvimenta das criangas 4
& couve, 0 sai e mais dois copos de água A ihtrodução da alimentação coriplementar fubá, batata, aipim), carnes (boi, frango, peire, faixa etaria. No entanto, 2s ne.e
1400mL): Cologue tampa: Deixe cozinhar até com fórmula infantil é igual ao do aleitamento miúdos), feijão ou lentilha, e que se deve colocar cionais de cada crianga poderi diferir em uma
que os ingredientes estejam macios e quase materno, isto €, aos seis meses. Entretanto, se a sal e óleo em quantidades adequadas para a crian- mesma faixa etaria, o que exige análise indivi- —
sem água. Se necessário, acrescente mais mãe apreseritar indicios e desejos de introduzir ça e, se quiser, pode temperar com alho e cebola. dualizada.
água. novos alfimentos, pois “acha” que a crianga já As papas ndo devem ser liquidificadas, pois a
Rendimento: 2 porções. quer comer, deve-se orienté-la quanto à maneira crianga precisa conhecer varios sabores e traba-
Valor nutricional por porção: adequada, j4 descrita lhar com o alimento na boca para desenvolver Caracteristicas nutricionais do pré-escolar
Energia: 345,32kcal. bem os músculos da face e da mastigação (favo- Esse periodo caracteriza-se por diminui¢do na
Carboidratos: 46,21g. recendo a fala adequada futuramente); ha tam- velocidade de crescimento e, portanto, diminui-
0 0 0

Proteinas: 14,6559. Situagao 2


bém grande risco de contaminagdo pelo uso de ção do apetite. Associa-se a esses aspectos a
oo

Lipídios: 11,3759. Crianca de 5 meses em aleitamento materno ex- liquidificador e peneira. O ideal é que a papa seja atenção desviada para outras atividades, como
Ferro: 2,58mg. clusivo, com peso e altura acima do percentil 50; amassada com garfo, o que a deixa com aspecto andar e mexer em objetos espathados pela casa.
Vitamina A: 402,18ug. apresenta bom desenvolvimento, não tomba a ca- granuloso; a carne pode ser moida ou bem des- Assim, cabe aos profissionais orientar os pais de
Custo da papa: R$0,73. beça quando sentada. A mée relata que a crianga fiadinha. Em se tratando de crianças de 4 meses e que a falta de interesse pela alimentação, nessa
está mamando muito e parece com fome. com caracteristicas motoras pouco desenvolvi- fase, é natural e que se deve evitar as famosas
das, deve-se utilizar o caldo de carne ou liquidifi- chantagens e artificios para obrigar a crianga a
Situações praticas observadas no
car somente a carne. Orientar a mãe a usar agua comer. As atitudes mais comuns, como disfarcar
primeiro ano de vida Diagnéstico e conduta
fervida no ligtidificador, antes de utilizé-lo. Nos alimentos, distrair a crianga com brincadeiras ou
Recomenda-se o aleitamento materno exclusivo intervalos da manha e da tarde a mãe pode ofe- televisão na hora das refeicoes, podem gerar
Situação 1
até 6 meses de vida. Avaliar junto à mãe se ela recer papa de fruta, complementando com leite verdadeira desestruturagdo do comportamento
Crianga de 5 meses de vida em aleitamento artifi- consegue manter o aleitamento exclusivo por materno. alimentar normal. A partir do primeiro ano de
cial, utilizando fórmula infantil, ganho de peso mais um més. Caso a mae mostre inseguranga e vida a crianca já está apta a receber a alimenta-
adequado. dúvidas e pergunte sobre a introdugdo de outro ção normal da familia, desde que essa não apre-
leite, deve-se orientd-la para a introdugdo de PRE-ESCOLAR sente temperos e condimentos fortes de sabor
papa de fruta duas vezes ao dia e uma papa sal- A abordagem nutricional da crianca a partir do acentuado. A mamadeira, como vefculo de leite
Diagnéstico
gada uma vez ao dia. Essa intervenção visa acal- primeiro ano de vida requer o conhecimento das ou outros liquidos, se for utilizada, precisa ser
Verificar a diluição, o modo de preparo da ma- mar a mãe e evitar que ela introduza leite de caracterfsticas biopsicossociais que são comuns substituida pelo copo, para que aos 2 anos de
madeira e a fregiiéncia vaca acrescido de farinhas como complemento a0 pré-escolar (1 a 6 anos) e ao escolar (7 anos idade esse utensilio nao esteja mais presente na
alimentar. até a puberdade). alimentação da criança. É muito comum obser-
Conduta A formagao dos habitos alimentares inicia-se varmos na prética assistencial criangas de 2, 3 e
com a bagagem genética que interfere nas prefe- até mesmo 4 anos que fazem uso da mamadeira
A diluição das férmulas infantis é padronizada, Situação 3 réncias alimentares e que vai sofrendo diversas como rotina diária.
sendo uma medida nivelada para cada 30mL de Crianca completando 7 meses, eutrdfica. Pela fi- influéncias do meio ambiente: tipo do aleitamen- Algumas caracteristicas fisiologicas e compor-
água: cha da anamnese, o esquema alimentar foi o se- to recebido nos primeiros seis meses de vida; a tamentais são comuns a essa faixa etéria e devem
guinte: maneira como foram introduzidos os alimentos ser levadas em conta pelo nutricionista na abor-
= 100mL - 3 medidas + 90mL de água.
complementares no primeiro ano de vida; expe- dagem nutricional dessas criangas. O sistema me-
= 150mL - 5 medidas + 130mL de água. = 7h: Leite materno. riéncias positivas e negativas quanto alimenta- tabdlico e digestivo apresenta funções compara-
= 200mL - 6 medidas + 180mL de água. 10h: %4 fruta amassada. ção ao longo da infancia; habitos familiares; con- veis ao do individuo adulto; o volume géstrico
12h: papa de legumes (preparada apenas dição socioecondmica, entre outros. Assim, as re- ainda é pequeno (200 a 300mL); a crianga apre-
.A água deve ser filtrada e fervida. Para ser mis- com legumes liquidificados e sem sal ou ou- comendações nutricionais e os habitos alimenta- senta apetite inconstante, como resultado de
turada ao pó, a água não pode estar muito quen- tros temperos) — 1 pratinho raso. res devem convergir para um único fim: o particularidades préprias da faixa etéria. Por esse
te, pois compromete os nutrientes da fórmula in- 15h: leite materno. bem-estar emocional, social e físico da criança. motivo, momentos de inapeténcia não podem
fantil que é enriquecida. 18h; igual ao almogo. As recomendagbes nutricionais funcionam ser considerados “problemas”. Já a inapeténcia
= 21h: leite materno. como diretrizes para o estabelecimento de es- para chamar a atenção que é muito comum nes-
sas crianças pode ser resultante da dinâmica fa- tais como anemia (no caso de a crianga comer
miliar, em que esse comportamento reforça cui- pouca comida salgada), obesidade (quando ela Alimentos elou preparação Medidas caseiras
dados e atenções adicionais. Apr:sentam interes- consome muito) e baixo peso (a crianga que Leiteintegnal 300mL Tiudo
se por manipular talheres e ali nentos com as come bem pouco cada vez que come).
maos e esse processo deve ser e: timulado. Varios estudos mostraram que as estratégias
" Acbocolatado 2 collores
do bé |
Foi demonstrado que os inttivalos entre as familiares para incentivar a crianca a comer de-
Z0MmA | Lelleindepral 200wl 1 Tudo
refeições e os lanches estão pos tivamente rela- terminados alimentos podem aumentar a rejei- "
cionados com o tamanho das ições. Ou seja,
Achocelatado 2 collerca
de La ]
ção -pelos mesmos. Normalmente os alimen-
quanto maioro intervalo, maior & quantidade de tos-alvo dessas estratégias sao verduras, legumes
alimentos ingeridos no momer-to da refeição e vi- e frutas (Newman, 1992; Hertzler, 1983; Stanek,
% Déo francis Ty wridede
ce-versa. Essa relação implica c peder de sacieda- 1990). Margarine Tpontadefaca |Comertudo
de do volume alimentar consumico que determi- Gelica de goiaba Tporta defaca |
Estudo de Rozin (1996) com adultos concluiu
naria biologicamente o próximo :nomento de se que, apesar de terem nivel de instrução adequa-
alimentar. Acredita-se que, se & ciiança não sofre do, as pessoas agrupam os alimentos em bons e á Alacte %MWT Tude
influências comportamentais recativas da famí- maus e acabam com a idéia errônea de que ali- — Aciesn de ol
Feolhores
lia, tais como horários rígidos de alimentação e mentos que são ruins em grandes quantidades
erros nas práticas alimentares,ela controla per- são ruins em pequenas quantidades, como é o 106 Biscoito de máisena S nidades [Tudo
feitamente a sua ingestão de energia e nutrien- caso das gorduras. Essas mensagens nutricionais
tes. As preferências alimentares e crianças são monotdnicas refletem no comportamento dos T |G faomoy
T m) Esolhoa desofa |
os principais determinantes da «ua ingestão, e pais quanto & alimentagao dos filhos, incentivan- Palerãa cozida (molo) Teolherdasefa | Todo
esse processo é aprendido via exj:ariéncias repe- do a ingestão de alimentos “bons” e restringindo Suco de-maracugá
nátunal (comáçúcar') | 150mL ]
tidas no consumo de determinados alimentos, aingestao de alimentos “ruins”. Outros estudos
condicionado ao contexto social e às consequên- observaram tambeém que a restrição de determi- 3£ 30min] Maghonihia Viridede pegoars. | Todo
cias fisiológicas (Birch e cols., 1989; Birch e cols., nados alimentos normalmente preferidos pelas
1990; Birch & Fisher, 1995). As crianças preferem criangas acaba estimulando maior consumo des- T 30min] Leteistegal 300mL
os alimentos de maior densidade energética, ses alimentos (Fisher & Birch, 1995; Birch & Fis- Adlocolatado 2eoltresdedcda |
principalmente pelas consequências fisiológicas her, 1997).
positivas que eles proporcionam, relacionadas a A quantidade de alimentos oferecida em uma 156 122 Zenidados T Tedo
saciedade e garantia do aporte de energia sufi- refeição pode ser um fator determinante ou não
ciente para as necessidades metabólicas básicas da ingestdo alimentar. Um estudo interessante 1E Bolacha recleada de monango Senidada T Th
(Birch & Deysher, 1985; Birch & Deysher, 1986; realizado com criangas de idade média de 3,6 € 5 i
Johnson e cols., 1991; Sclafani, 1995). anos mostrou que o tamanho da refeição não in- TE 30min] Bananapequena Turidade T Tudo
Na Figura 23.1 é possível observar o preenchi- flui na quantidade consumida pelas criangas me-
mento de um inquérito recordatório de 24h de nores, mas as criangas com idade média de 5 1% 30wis) Polerta copida (molo) G collorcs
de sofa
uma criança de 4 anos. Em primeiro lugar, é fun- anos consumiram mais alimentos quando a por- Carne moida + ovo picado 3 colleres desofa| Tudo
damental que sejam anotadas as quantidades ção era maior. Os autores conclufram que fatores
realmente consumidas e não somente as ofereci- ambientais exercem papel importante no padrão
Suco de laranja ardificial (sem sgicsn) | 150ml
das. No exemplo apresentado, a criança pratica- alimentar das criancas e que os pais devem ser
. mente comeu tudo o que lhe foi oferecido, situa-
204 Prroy 2 coleres
de sofa
orientados quanto as porções adequadas para as
ção que não é a mais frequente, mas é importan- necessidades nutricionais dos filhos, para evitar o Carre fcortels) 50g Selnoa
1 <oller
te que o entrevistador anote a palavra “tudo” risco de obesidade (Rolis e cols., 2000). Suco de laranja arviificial (uem sgicar) | 100mL Aeaopadeanoy
para que se tenha certeza de que foi perguntado.
Em segundo lugar,-o exemplo foi dado para mos- 204 20min| Leiteintegnal 200wl Tado
trar como é comum a ingestão muito fracionada Inapeténcia do pré-escolar Adocolatado Zeollredeá ]
da alimentação. No caso apresentado a criança O diagnéstico do estado nutricional, consideran- “Observação: não esqueça de anotar o nome dos produtos industrializados que a crianga consumiu.
comeu 14 vezes no dia. Esse comportamento do-se as adequações de peso para estatura, esta- “2 maracujás médios + 1% de água + % xícara de açúcar
pode gerar condições nutricionais desfavoraveis, turafidade e fatores dietéticos precedem a solici-
134 Exemplo de inquérito recordatório de 24h de uma criança de 4 anos
tação de exames laboratoriais, especialmente he- racteristico de inapeténcia comportament i, as TABELA 23.3 Recomendacdes para a prética dietética do pré-escolar
mograma para detecção de anemia, problema recomendagdes da Tabela 23.2 podem aju 'ar a
muito freqlente entre pré-escolares. A inapetén- reverter 2 situacdo. Entretanto, é necessér: que & Intervalo de 2 2 3h entre a ingestac de qualquer alimento e horário
<ia nessa íaixa etária é a queixa mais comum en- o nutricionista avalié com cuidado o grz : do * Volume pequeno de alimentos nas ref 1ções
tre as mães dessas crianças e não pode ser consi- comprometimento emocional presente na « “ian- * Fracionamento da dieta: 6 refeições didrias incluindo os fanches. Biscoitos e gulossimas devem ser contemplados
derada diagnóstica pelo profissional que está as- Ça e na familia, o impacto no estado nuiriconal nos lanches
sistindo & criança. É necessario avaliar se a queixà da criança, para o devido encaminfiamenr > a0 * Se houver recusa da refeição principal, não substituir por leite ou outros produtos tácteos. Oferecer mais tarde
é consistente, considerando-se o crescimento, o especialista da área de psicologia. Não é 5 sível * Manter a presenca de verduras e legumes nas refeições mesmo que a criança nãc os aceite, mas sem à i
desenvolvimento, hábitos alimentares e parâme- que uma criança cuja mãe relata que não come obrigatoriedade do consumo e sem comentários, caso sobrem no prato Í
tros bioquímicos. A falta de apetite verdadeira é nada possa estar em pé, brincando, corranio, e m Servir as refeições sem a presença de sucos, refrigerantes, ou líquidos açucarados. Esses liquidos podem ser É

caracterizada por ingestão alimentar insuficiente oferecidos após o término da refeição i


sem sinais de inanição grave. Muitas veze a nãe
para as necessidades nutricionais, baixo peso em é incapaz de colocar os limites e disciplina r«: ces-
= Retirar 0 que sobrou do prato sem fazer comentários para que a criança nao se sinta pressionada i
relação à estatura, diminuição do ritmo de cresci- sérios para conseguir o rompimento do «icia vi- = As quloseimas não devem ser utiizadas como recompensas ou castigos |
mento, e independe da presénca da mãe ou do cioso e ela acaba cedendo antes da crianca.
local das refeições. Com todos esses aspectos
avaliados classifica-se a inapetência como com- carne em pequenas quantidades é necessaria em nessa fase que se inicia o comportamento seden-
portamental ou orgânica, sem se descartar a pos- Inapetência orgânica todas as refeições salgadas para aumentar a bio- tério, as vezes de origem social ou cultural, como
sibilidade de as duas estarem presentes concomi- Esse tipo de inapetência pode estar mais c disponibilidade de ferro dos outros alimentos videogame, computador, televisdo, aulas extra-
tantemente. mente associado à deficiência de micronut:ien- presentes. Se não houver carne, deve-se orientar curriculares de idiomas. A inapeténcia comum do
tes, especialmente o ferro. A criança possu' ali- para a ingestão de 50 a 80mL de suco rico em vi- pré-escolar transforma-se em apetite voraz nessa
mentação homogênea pobre em qualidade as- tamina C apés a refeição. fase, o qual deve estar compativel com o estilo de
Inapeténcia comportamental Recomendagbes para a prética dietética do vida do escolar.
sociada a apatia e desinteresse pela alimentação
Esse tipo de inapeténcia tem origem na dinamica de modo geral e independe da presença da v pré-escolar são apresentadas pela Tabela 23.3. A omisso do café da manha inicia-se na ida-
familiar e sua base é psicogénica. A crianga deixa Após o diagnóstico de anemia ferropriva é neces- As queixas mais comuns em relação a proble- de escolar e pode ser explicada, em parte, pela
de comer para chamar a atenção e observa que sária suplementação medicamentosa na dosa- mas alimentares de pré-escolar por parte dos pais maior independéncia adquirida nessa faixa etá-
essa tatica funciona. Cria-se um ciclo vicioso difí- gem de 30mg/dia ou 3 a 5mg/kg de peso/dia, podem ser vistas na Tabela 23.4, com possiveis ria. Essa situação ja foi considerada em publica-
cil de ser rompido, pois a mãe teme que o filho fracionada em duas ou três doses, para que se- estratégias de intervengao. ções cientificas um fator de fisco para problemas
não coma nunca mais e permite que ele consuma jam refeitos os depósitos corporais (Braga & Bar- nutricionais (Morgan, 1986; Graham & Uphold,
alimentos de fácil áceitação pela crianga, sem ne- bosa, 2000) e a correção da alimentação para 1992; Niclas e cols., 1993; Ortega, 1995).
nhuma restrição de horério. Assim, a criança “ali- ESCOLAR É comum a diminuiggo da ingestao de leite
que se garanta a ingestão adequada de ferro de
mentada” dessés produtos. vai recusando se- boa biodisponibilidade. Uma alternativa prática e Considerando-se as caracteristicas biológicas, o nesse periodo, o que pode comprometer o supri-
qiiencialmente as refeições (Houlihane & Rolls, objetiva é orientar a mãe a oferecer à criança 509 escolar é a crianga de 7 anos de idade até que en- mento de calcio necessério à formação de massa
1995). Quando a crianga já apresenta quadro ca- de figado bem cozido uma vez por semana. A tre em puberdade, pois a partir desse fenémeno ssea. Essa situação agrava-se durante o estirão
ela será avaliada sob outro prisma, o da adoles- da adolescéncia, em que se atinge o maximo da
TABELA 23.2 Principais aspectos envolvidos na inapeténcia do pré-escolar cência. Entretanto, a denominação de escolar no mineralizagao 6ssea, sendo que nas meninas esse
ambito educacional pode estar caracterizada periodo é muito precoce, entre 10 e 11 anos. Re-
* Introdugao dos alimentos complementares. A utilizagao preferencial de alguns alimentos, como batata e legumes, como a crianga de 7 a 14 anos. comenda-se a ingestão de alimentos que sejam
sopas liquidificadas, dificulta o estimulo do paladar
A maior socialização e independéncia, carac- fontes de vitamina A ou caroteno, pois assim, no
j] = Maior interesse pelo ambiente, diminuindo o interesse pela alimentagso teristicas dessa faixa etaria promovem melhor momento do crescimento méximo, os depositos
| = Ansiedade dos pais, os quais têm maior expectativa quanto à quantidade de alimentos que seus filhos podem — |
| ingerir aceitação de preparações alimentares diferentes vão estar adequados, garantindo assim as secre-
| e mais sofisticadas. O trato gastrintestirial está ções normais do horménio de crescimento (GH).
" Iniciar estratégias para fazer a crianga comer, como televisao, “avidozinho" ou outras brincadeiras que distraiam a
| crianga para que ela coma sem perceber mais desenvolvido e o volume gástrico é compa- As necessidades nutricionais desse nutriente po-
| m Substituigdes de alimentagao sólida por outra de aceitação mais fácil, como bebidas adocicadas rével ao do adulto. Maior seguranga e maior in- dem ser alcangadas pela ingestao semanal de
j = Chantagens as primeiras recusas
dependéncia das fungdes motoras remetem a 100 a 150g de figado ou pela ingesto, trés vezes
aumento da atividade fisica informal, como uso por semana, de 100g de frutas ricas em caroteno
| ™ Horérios de alimentação rigidos. A crianga não precisa almogar as 11 horas se ela não tiver apetite ou consumiu
| — algum alimento em um intervalo curto de tempo. Os intervalos é que devem ser respeitados de skates, patins, bicicleta, influenciando na esti- 0u 40g de legumes amarelos ou verduras verde-
mativa do gasto energético diario. Entretanto, é escuras;
TABELA 23.4 Situações comuns de problemas a mentares de crianças em idade pré-escolar e estratégias de
aquelas que traziam o almoço de casa; 16% não A Tabela 23.5 apresenta quantidades diárias
S S SE . consumiam café da manhã e os fatores determi- dos principais alimentos, compativeis com as ne-
Recusa carnes * Oferecer porçõe: pequenas de carnes macias de gado e aves nantes desse comportamento foram: os de maior
* Incluir bolos de c me, espaguete com molho de carne, ensopados, panquecas, pizzas cessidades nutricionais de criancas em idade
n Oferecer legume . ovos e queijo idade e o fato de n;orar com um dos pais. As die- pré-escolar e escolar.
* Oferecer carne n 3ída tas das crianças de baixa condição socioeconômi-
Bebe pouco leite = Oferecer queijo. gurte, e incluir queijo nas preparagoes (p.ex., macarrão com molho de ca apresentaram menor variedade de alimentos
CONTROVERSIA DO CONSUMO DE
queijo, molhos à »ase de queijos, pizza) . mas, em compensação, menor frequência de
n Usar leite pare cc inhar cereais (p. ex., arroz-doce), oferecer sopas, cremes, pudins à Snacks do que seus colegas de melhor condição
SUCO DE FRUTAS E CONDICAO
base de leite socioeconômica. A mãe trabalhar fora foi fator
NUTRICIONAL DA CRIANCA
= Permitir que a cricnga use canudinho para beber lácteos de copos
* Incluir leite em pé nas preparações (biscoitos, bolos, panquecas, meat loaf e casseroles) determinante de menor variedade no consumo Desde que surgiram os primeiros estudos associan-
Bebe muito leite alimentar. Esses resultados são interessantes, do o consumo de suco de fruta com a mé-absorgao
% Oferecer água qu:ndo a criança tiver sede entre as refeições
= Limitar a ingesião de leite a uma porção junto com as refeições ou ao final da refeição; pois contribuem para que, durante a avaliação de carboidratos em quadros de diarréia cronica
oferecer água corio segunda opção nutricional, o nutricionista observe as diferentes nao-especifica (Hyams e cols., 1988; Lifshitz e cols.,
* Se a criança usa r.amadeira, passar para o copo (utilizar copo colorido ou com estampas variáveis determinantes do comportamento ali- 1992), a comunidade cientifica vem investigando
infantis)
mentar de crianças (Wolfe & Campbell, 1993). as possiveis conseqiéncias que o CONSUMO excessi-
Recusa vegetais e frutas — m Se a criança recusar vegetais, ofereça mais frutas e vice-versa Investigagao na Australia com 1.131 estudan- vo de suco poderia promover no crescimento das
* Ao preparar vegeiais cozinhe por pouco tempo, deixando-os mais duros e não criangas. A preocupação foi justificada pelo au-
supercozidos tes de 6 a 19 ancs concluiu que é necessario es-
* Vegetais cortados 2m tiras cozidos ao vapor (ou crus, quando possível) possibilitam que clarecer quanto aos conceitos nutricionais que mento no consumo de suco de frutas entre famílias
a criança coma coin as mãos tém evidéncia comprovada, mesmo entre médi- devido & maior facilidade de acesso a esses produ-
* Ofereça vegetais com molhos - por exemplo, vegetais cozidos com molho de queijo, cos e profissionais de saúde, para que se mude a tos e & observacdo de que as criangas estariam
molho para veget:s crus, iogurte com frutas substituindo a água e o leite por sucos. Essa prática
= inclua vegetais err: sopas e molhos analise dos alinientos de forma individual como
= Sirva cereais com írutas in natura e frutas secas “bom” ou “ruim’, “agucarado” ou “gorduroso” foi associada a diarréia crénica e retardo do cresci-
* Prepare frutas de civersas maneiras (p. ex., frescas, cozidas; suco, em gelatinas e saladas) para uma anélise mais contextualizada na contri- mento (Smith & Lifshitz, 1994; Smith e cols., 1995).
* Ofereça de maneira contínua vegetais e frutas Esses quadros dinicos melhoraram quando o con-
buição de cada alimento ao valor nutricional glo-
Come muitas guloseimas m= Limite a compra e o preparo de alimentos doces em casa sumo de suco de frutas foi limitado. Estudo com
bal da dieta, mais importante do que simples-
= Evite chantagens e recompensas pré-escolares mostrou associação entre baixa esta-
* Evite oferecer doce como lanche e, para a saúde bucal, incorpore essa prática nas mente saber se o alimento tem açúcar ou gordu-
principais refeições ra (O'Dea, 1999). tura ou obesidade e consumo diário de mais de
* Reduza 0 açúcar pela metade nas preparações e oriente a pessoa responsável pelo * /
cuidado da criança para não oferecer doces TABELA 23.5 Quantidades diérias dos principais alimentos compativeis com as necessidades nutricionais de
Fonte: adaptado de Samour & King, 2005. pré-escolares e escolares :

Próximo à puberdade, meninos e meninas estimular o consumo de verduras, legumes, fru- Arroz* 223 colheres (5) 425 colheres (5)
apresentam um desvio para cima na curva nor- tas e produtos lights. Esse procedimento, apesar Feijão* 1 concha pequena 1 concha grande
mal de peso, devido ao processo de repleção de bem-intencionado, gera ansiedade na criança, Carne* 2 colheres (5) (100g) 3 a 4 colheres (5) (150g)
energética que antecede o estirão pubertário. À que fica no “fogo cruzado” entre as necessida- Legumes cozidos* 2 colheres (5) 3 a 4 colheres (5)
observação desse fato é feita, de modo geral, nas des fisico-emocionais e a pressão dos pais. O re- Hortaliças cruas* 2 folhas 4 folhas
idades de 8 e 10 anos entre as meninas e 1 e 13 sultado, na maioria das vezes, é a intensificação Frotas** 2 unidades (100 a 150g) 3 unidades (200 a 300g)
anos entre os meninos, sendo inadequada a in- da ingestão alimentar para um nível de compul- Suco de frutas** 1 copo (200mL) 2 copos (400mL)
tervenção profissional em situações em que o ex- são, levando à obesidade. Leite** . 3 copos (600mL) 2 a 3 copos (400 a 600mL)
cesso de peso não ultrapassa os 20% da relação Estudo feito com 1.797 escolares entre 6 e 12 Pão francês** 2 unidades (100g) 3 unidades (150g)
peso para estatura. Nesse caso, o aspecto “roli- anos de idade da cidade de Nova York descreveu Doces ** 1 unidade (50g) 2 unidades (1009)
ço” da criança deve ser esclarecido 2 ela e aos de forma detalhada o padrão alimentar dessas Açúcar** 2 colheres (5) 3 colheres
pais como sendo um processo. Os pais, observan- criangas, chegando às seguintes conclusões: ovo 2a 3 por semana 223 por semana
do o aumento de peso da criança, tentam rever- 40% não comiam vegetais; 36% comiam quatro Oleo*~ 152209 * 202259
ter 0 processo, passam a restringir ou controlar o tipos de guloseimas diariamente; as crianças que * Para cada refeição principal do dia (almoço e jantar)
consumo de pães, massas, guloseimas, que até o almoçavam na escola ingeriam mais produtos *+º Quantidade diária total.
momento estiveram disponíveis sem limites, e a =+ Óleo contido nas preparações das duas refeições diárias.
lácteos, frutas e vegetais quando comparadas S= sopa,
3299mL (Dennison e cols., 1997). Pesquisa mais re- bate e cols., 1991; Torun, 1999). Entre anto, se- = Calcio: calcular o célcio de todas as fontes {2001), que apresentam extensa revisao sobre
cente investigou a influência do consumo dê suco gundo a Associagdo Americana de Die ética-e a alimentares, observando-se a presenca de ali- cada aspecto nut-i-ional da prática vegetariana
de péra e de uva ne 1axa de metabolismo basal, no Academia Americana de Pediatria; a diz 3 vegeta- mentos fortificados e vegetais ricos em oxala- em criangas:
atividade hidrogênio expirado, riana bem planejads, durante a infanc, & capaz tos. Há evidéncias de que as criancas vegeta-
em 14 lactentes de 6 meses de vida. Os autores de garantir crescimento e desenvolvim, nto ade- rianas necessitam menos calcio do que as oni-
concluiram que as crianças que consomem sucos quados. Dados dos EUA mostram que 2 prética voras, devido à menor produgao ácida que re- POLEMICA DA KESTRICAO DE
Qque contenham alto teor de sorbito! são mais agita- vegetariana dobrou entre os anos de 1985 e sulta do metabolismo das proteinas de origem GORDURA NA ALIMENTAÇÃO
das e apresentam maior grau de má-absorção 1994: sendo que 16% da população p: ssaram a INFANTIL
vegetal, porém não há consenso com relação
(Cole e cois., 1999). Entretanto, estudos de Skinner evitar o consumo de carne vermelha, 32 6 a 48% a esse aspecto (Messina & Mangels, 2001). A publicação de Olso (2000) fez uma revisão his-
(1999, 2001) não mostraram associação entre con- comiam menos carne e 5% eram vag: tarianos. Vitamina D: apesar de o sol ser a principal tórica sobre as gorduras na dieta e sua implicação
sumo de suco de frutas e baixa estatura ou obesi- Considerando que essa prética vai rep:er-utir pos- fonte desse nutriente, principalmente em pai- na saúde dos indivíduos. As recomendações, por
dade em crianças, e recomendam que profissionais teriormente nas criangas que se tornarar filhos de ses ensolarados, recomenda-se que a crianca órgãos oficiais que ditam as regras para hábitos
de saúde continuem estimulando o consumo de pais vegetarianos (Hackett e cols., 199€} na déca- obtenha alguma fonte alimentar como os ali- alimentares saudáveis, de restrição da gordura na
frutas entre crianças. Esses resultados conflitantes da de 1990 vérios estudos foram reaiize dos para mentos enriquecidos. Foi observado raquitis- dieta da população têm origem em 1961 quando
podem confundiros nutricionistas no momento do investigar o assunto. Observa-se maicr t 2lerância mo em criangas que utilizavam dietas macro- a Associação Americana do Coração (AHA) diri-
diagnóstico ou da orientação e mesmo na hora de dos especialistas em considerar que esse tipo de biéticas, nas quais não se incluiam afimentos giu o seu primeiro estatuto para o público leigo.
se posicionar quanto às indagações de pessoas lei- dieta pode ser utilizado sem prejufzos ¢ cresci- fortificados (Dagnelie e cols., 1990). Em 1968, atualizaram o conteúdo incluindo in-
gas que acabam tendo acesso a sinopses rápidas de mento e a0 estado nutricional das criangzs, desde Ferro: aumentar a biodisponibilidade do ferro formações quantitativas, tais como limitar o con-
revistas informativas ou pela Internet. Enquanto que se conheçam os riscos e se estabeleçam estra- nao-heme com vitamina C como rotina. sumo de gordura para 30% do consumo de
não se estabelece uma concdlusão definitiva quanto terapéuticas para elimi xé-los. O
tégias dietée ticas Vitamina B,,: ndo há como garantir a sua in- energia total, distribuir o consumo de gordura
a essa controvérsia, temos que resgatar os princi- consenso da ADA (1997) determinou que dietas gestão sem a utilizacdo de férmula especial, entre os três tipos (monoinsaturado, saturado,
pios nutricionais básicos e recomendar que a crian- vegetarianas e ovolactovegetarianas bem planeja- alimentos fortificados ou suplementos de vita- poliinsaturado), sendo 1/3 para cada um, e con-
Ga consuma em torno de 100mL de suco por dia, das são apropriadas para todos os estagivs do ci- minas, pois é encontrada predominantemen- sumo máximo de colesterol diário de 300mg.
pois assim ela terá garantido 100% da sua necessi- clo da vida, incluindo gestação e lactação. Crian- te nas carnes. Médicos e profissionais de saúde adotaram essas
dade em vitamina C. Famílias que cultivam o hábito ças e adolescentes também podem ser beneficia- = Protein: a ingestão energética estiver ade- recomendações para todos os indivíduos adultos.
de consumir suco de frutas em quase todas as refei- dos com esse tipo de dieta. As deficiéncias pode- quada e a crianga não estiver consumindo mui- Em 1977, publicou-se um documento intitulado
ções podem ter crianças consumindo mais de riam ser mais provaveis em populagdes com restri- tas fontes caldricas a partir de carboidratos sim- Metas Dietéticas para os Estados Unidos (Select
600mL por dia, o que, naturalmente, acaba fazen- ção dietética mais grave. Entretanto, reforcam que ples como doces e guloseimas, a quantidade de Committee, 1977), com o objetivo de prevenir
do com que a criança não consuma outros alimen- alimentos enriquecidos ou suplementos de vitami- proteina é facilmente alcangada. O equilíbrio aterosclerose, cancer, diabetes e cirrose hepática.
tos necessários ao seu adequado crescimento, in- naB,; e vitamina D, se a exposição solar for limita- das refeições e combinagdes de alimentos, tais Em 1984, o consenso determinado pela Confe-
clusive a água. É importante que o profissional ad- da, deveriam ser utilizados. Alimentos ricos em como leguminosas e cereais, permite alcançar réncia do Instituto Nacional do Coragdo, Pulmão
virta a família quanto aos diferentes impactos de cálcio, ferro e zinco deverão ser cuidadosamente todos os amino4cidos necessarios. A proteina e Sangue adotou essas metas e inesperadamente
determinados hábitos alimentares para adultos e planejados na rotina alimentar. Pequenas refei- proveniente de vegetais tem digestibilidade de estendeu-as a criangas abaixo de 2 anos (NIH,
crianças. Outra contra-indicação para o consumo ções e o uso de alguns alimentos refinados e ricos 85%. Foi demonstrado que, para se atingir ade- 1985). Apesar de vérias criticas terem sido lança-
de sucos de frutas em exceso é sua associação com em gordura são boas estratégias para atingir as quada composição de aminoécidos e digestibili- das, o Instituto formalizou o consenso estabeleci-
a obesidade (Faith e cols., 2006): necessidades energéticas de criancas vegetaria- dade em uma dieta vegetariana, parece que as do pelo Programa Nacional de Educacao para o
nas, já que esse nutriente é essencial para o cresci- necessidades protéicas estdo aumentadas em Colesterol (NCEP, 1992). O Programa recomen-
mento adequado, que pode ficar comprometido 30% a 35% para criancas abaixo de 2 anos, dou que todas as criangas acima de 2 anos se-
PROS E CONTRAS DAS DIETAS
nessas praticas alimentares. 20% a 30% para criangas de 2 a 6 anos, e 15% qguissem dieta que inclui no maximo 30% de gor-
VEGETARIANAS PARA CRIANCAS
OS aspectos nutricionais mais frégeis na prati- a 20% para criangas acima de 6 anos. Quanto duras (10% de gordura saturada, 10% de gordu-
Quase vinte anos atrds, as publicações cientificas ca alimentar da criança vegetariana foram lista- a0s valores recomendados (RDAY), sugeriu-se au- ra poliinsaturada e 10% a 15% de gordura mo-
sobre esse tema enfocavam mais os prejuizos de dos por Coughlin (1999): mento de 10% a 15% para suprir as necessida- noinsaturada) e no maximo 300mg de colesterol
dietas vegetarianas no crescimento das criangas des diárias (Messina & Mangels, 2001). didrio (conhecida como dieta da fase I). Além dis-
mostrando que as mesmas eram menores em es- "= Ingestão energética: vigilancia nas medidas 50, sugeriu a investigação populacional dos niveis
tatura e mais magras. Os resuitados dos estudos de peso e estatura e calculo da ingestão ener- Os profissionais que necessitarem de discus- séricos de colesterol em criangas de risco: pais
são inconclusivos e contraditérios (Tayter e cols., gética, observando-se principalmente a densi- são mais aprofundada sobre o assunto devem com diagnéstico de doenca cardiovascular (DCV)
1989; Sanders 1988; O'Connell e cols., 1989; Sa- dade energética da dieta. consultar as publicações de Messina & Mangels antes dos 55 anos e aquelas com um dos pais
tendo colesterol acima de 240mg. As crianças baixo teor de gorduras como propostas para evi- No Brasil, dados isolados de especialistas reve- na, ao sexo feminino, não ter irmãos mais velhos
que apresentassem níveis de LDL até 110mg/1L tar a obesidade ou tratamento sem supervisão de lam valores para criancas e escolares que variam e morar em cidades maiores. Os autores justifi-
teriam como sugestão seguir as recomendaçê 2s hipercolesterolemias (Pugliese e cols., 1983; Pu- de 12% a 40% aproxima:iamente. É importante cam que esses aspectos podem refletir práticas
mencionadas e serem reavaliadas dentro de ¢ 1 gliese e cols., 1987; Lifshitz & Moses, 1989; Vo- ressaltar que esses estuccs utilizaram diferentes alimentares de risco para a constipação, já que
€0 anos; as crianças que apresentassem valor 25 becky e cols., 1992; Boulton & Magarey, 1995). métodos para coleta de dados e diferentes crité- esse tema não foi investigado (Ludvigsson,
considerados borderline de 110 a 129mg/d! ¢ 2- Toda essa discussão aumenta a complexidade rios para o diagnóstico de constipação e faixas 2006).
veriam ter a dieta individualizada e reavaliação da prática de aconselhamento nutricional e gera etárias (Zalavsky e cols., 1986; Sant'Anna e cols., O diagnóstico de constipação funcional é con-
em um ano; e as crianças com níveis séric muitos questionamentos quanto à posição técnica 1995; Maffei e cols. 1997). Porém, há certo con- troverso, pois alguns autores consideram a fre-
vados, acima de 130mg/dL, deveriam seguir riga- mais indicada. O que se deve levar em considera- senso de que o início da constipação intestinal é quência de evacuações abaixo de três vezes por
rosamente a dieta da fase | e, se necessário, pas- ção não é "tirar da dieta “ou “pér na dieta”, mas precoce; nos primeiros dois anos de vida. Na maio- semana um critério de grande valor (Loening-
sar para a dieta da fase Il, que recomenda como 0 contexto em que se está trabalhando. Em geral ria dos estudos investigativos e nos atendimentos Baucke, 1993; Van der Pals, 1998). Já a Socieda-
gordura saturada não mais que 7% e até 200m.g não é necessário estimar a quantidade de gordura ambulatoriais, há informação de que a criança ti- de Paulista de Gastrenterologia Pediétrica e Nu-
de colesterol diários. que uma criança vai consumir diariamente, mas nha constipação "desde que nasceu”. Estudo em trição (1984) define constipaco intestinal como
A Academia Americana de Pediatria endosscu observar os hábitos alimentares familiares, a pre- nosso meio, com o objetivo claro de esclarecer uma sindrome que consiste na eliminagdo com
a recomendação “baixa gordura” e “baixo cole;- sença de obesidade e doenças crônicas não-trans- essa informação, investigou 277 crianças com esforco de fezes ressecadas, independentemente
terol” para crianças de 2 a 11 anos de idace missíveis na família e o estilo de vida. A pergunta idade inferior a 2 anos em postos de saúde do do intervalo de tempo entre as evacuagdes.
(ADA, 1999). Olson (2000) e Satter (2000) criii- dássica de nutricionistas e pediatras é quanto ao município do Embu-SP. A prevalência de consti- Morais & Fagundes-Neto (1995) definem consti-
cam a necessidade dessa restrição para crianças, uso de leite desnatado na dieta da criança. Em ge- pação foi de 25,1%, sendo mais prevalente no pação como a eliminação de fezes endurecidas,
aludindo que as bases científicas para a associn- ral não é necessário fazer essa modificação, pois a segundo semestre de vida (38,8%) do que no pri- acompanhada de dor ou dificuldade, associada ou
ção entre gordura dietética e aterosclerose fora 1 quantidade de gordura ingerida por esse alimento meiro (15,1%). O resultado mais importante des- não a soiling, sangramento anal, ou aumento do
demonstradas apenas em adultos. Advertem, na sua forma integral e no volume mais recomen- se trabalho foi a observação de que o desmame intervalo de frequência de evacuagao. Thompson
ainda, para os problemas que essa posição poce dado (400mL) não vai influenciar muito no consu- precoce foi fator determinante para o apareci- e cols. (1999) publicaram os critérios para se defi-
gerar, como “as neuroses” contra a gordura, - mo total, desde que a criança esteja inserida em mento de constipação. O aleitamento artificial nir o quadro de constipacdo, os quais devem
vando a deficiências nutricionais na população um contexto que cultive hábitos alimentares sau- aumentou em 4,54 vezes a chance de a criança ocorrer no periodo de 12 semanas nos últimos 12
infantil. Dwyer (2000), na sequência, discorda da dáveis. Em caso de crianças que substituem refei- apresentar esse problema, quando comparado meses: esforqo e fezes endurecidas em pelo me-
posição de seus colegas, pois não considera a re- ções por alimentos lácteos, ou atende suas neces- com o aleitamento materno predominante. A nos 25% das evacuações; sensação de evacua-
comernidação de 30% “baixa” e que as orienta- sidades energéticas com alimentos ricos em gor- quantidade de fibras ingeridas nesse estudo com ção incompleta e blogueio retal em 25% das eva-
ções voltadas-para melhorar a qualidade da gor- duras, como biscoitos recheados, salgadinhos crianças abaixo de 2 anos não teve associação cuagdes; estimulos externos para facilitar em
dura ingerida deveriam ser priorizadas, muito chips e outras guloseimas, a intervenção deve ser com o quadro de constipação (Aguirre e cols., 25% das evacuacdes; freqiiéncia menor que trés
mais do que a quantidade total. feita para restrição desses alimentos, em primeiro 2002). Entretanto, é relevante considerar que, em vezes por semana. No Anexo 16, ha exemplos
Os lipídios constituem a principal fonte de re- lugar, e não para utilização de leites desnatados. um estudo do tipo caso-controle com crianças fotograficos de diferentes formatos de fezes de
serva energética, e seu papel na oxidação lipídica Mesmo em crianças obesas essa modificação não maiores, idade média de 6,5 anos, a quantidade criancas abaixo de 3 anos que indicam caracterfs-
e na produção de energia é essencial. Cinquenta é a mais importante, pois sabe-se que o excesso de fibra ingerida foi significativamente menor em ticas normais de trénsito intestinal (Anexo 16, Fi-
e oito por cento da energia do coração são gera- de energia é originado de outros alimentos menos crianças constipadas (Morais e cols., 1996). Por- guras A16.2A a F) e de provével quadro de cons-
dos pela oxidação lipídica. O coração é um gran- nutricionais (ver Parte VI, Obesidade na infância e tanto, a prática do aleitamento materno nos pri- tipação intestinal (Anexo 16, Figuras A16.2G a
de consumidor de ácidos graxos, sendo que o na Adolescéncia). meiros meses de vida e a ingestão de fibra ali- M). Esse conjunto de imagens pode ser mostrado
músculo do miocárdio oxida 10% dos ácidos gra- mentar em quantidades suficientes depois dos 2 & mée, que indicara a caracteristica que mais se
xos livres. Os lipídios desenvolvem pape! funda- anos previnem a constipação crônica funcional. assemelha & de seu filho. Para criangas acima de
mental na nutrição da criança atuando como CONSTIPACAO INTESTINAL E FIBRA A etiologia da constipação não está totalmen- 3 anos pode ser usada a Bristol Stool Form Scale
componente estrutural nas membranas; fonte de ALIMENTAR NA INFANCIA te esclarecida, mas acredita-se que haja o envolvi- (Anexo 16, Figura A16.7). O quadro que mais ”
ácidos graxos essenciais para o desenvolvimento A constipagdo intestinal crénica funcional & mui- mento de diversos fatores, tais como constitucio- confunde as maes quanto à presenga de consti-
de 6rgãos; fonte de energia eficaz para o periodo to freqiiente entre criangas. Dados americanos nais, hereditários, alimentares, psicológicos, as- pação intestinal é quando a crianga evacua fezes
da vida de intenso crescimento e desenvolvimen- mostram que esse problema constitui motivo de Sociados ou não ao distúrbio da motilidade intes- em “cibalos" isto é, em forma de bolinhas. Nes-
to; transportadores de vitaminas lipossolúveis. atendimento em 3% das consultas pediatricas e tinal (Clayden, 1992; Fitzgerald, 1994; Maffei e ses quadros a mãe não identifica que a crianga
Retardo do crescimento, atraso na puberdade e em 25% das consultas de gastrenterologia pe- cols., 1994; Murphy, 1991). Estudo recente com possa ter constipagéo intestinal porque a crianca
baixa ingestão de vitaminas lipossolúveis foram diátrica (Partin e cols., 1992, Loening-Baucke, 8.341 crianças na Suécia mostrou que a constipa- evacua todos os dias. A presenca de soiling (esca-
observados em crianças submetidas a dietas com 1993). Gdo estava associada a baixa escolaridade mater- pe involuntério de fezes) é normalmente associa-
dz a cónstipação intestinal grave, pois essa situa- que a de Southgate: A referência a 1ericaha para RECOMENDAGOES ATUAIS DE FIBRAS dicamentos, occrréncias de infecção urindria. O
<o acontece quando hé a presença de massa tabela de fibra alimentar é determi: ada pelo mé- (IOM, 2062/2005) instrumenta de evaliação para se investigar cons-
E e durecida (fecaloma) no cólon. A parte todo de Prosky (1984), que deu o: gem & tabela tipagao.deve corter questoes relativas a freqiién-
£ muito importante que o nutricionista conheça os
2 do bolo fecal compactado que fica em da AOAC (Association of Official «
contato com a mucosa intestinal perde água,
salytical Che- fundamentos que foram estabelecidos para as no- cia das evacua'{es, consisténci & caracteristicas
micals).
ocorrendo liberação de fezes moles pelas latera- vas recomendagoes de fibras. O primeiro conceito das fezes (forr:ato, umidade, volume), presenga
Estudo realizado com criancas sostrou dife-
é entender que a recomendagao das DRI (IOM, de dor abdom nal, sangramento anal, esfoico &
is, 0 que pode confundir a família levando-a a rentes valores de ingestao de fib:z dependendo dor durante as evacuacdes. Se a crianga é enca-
2002/2005) referem-se a fibra total e nao a fibra
acreditar que a criança está com diarréia ou que do tipo de tabela utilizada (Vitoio « cols., 1998). minhada pelo especialista para intervenção, o ca-
alimentar. A fibra total corresponde à fibra ali-
não esta controlando os esfincteres. Essa situa- Esse estudo alerta para o cuidado .je se compa- minho é mais curto, pois o diagndstico clinico já
mentar+ fibra funcional. A fibra alimentar é aque-
ção é bastante constrangedora para a criança, rar a recomendacéo de ingestão d2 fibra com o
la que está contida naturalmente nos alimentos e foi feito. Caso contrério, cabe ao nutricionista in-
devido ao odor que exala e às recriminações da método de análisé a que lhe ceu origem. Um vestigar a gravidade e as causas do problema. Na
a fibra funcional é a fibra especificamente isolada
familia. exemplo pratico é a diferenga de re comendação
e adicionada aos alimentos industrializados com o evidéncia de um quadro mais grave, deve-se en-
A importancia da fibra alimentar, tanto na entre os EUA e a Inglaterra. No pr.meiro pals a caminhar ao gastrenterologista para avaliação e
objetivo de incorporar ao devido alimento efeito
prevengdo; como no tratamento de doengas do ingestao ideal para um adulto cev ser de 25 a diagnéstico clinicos. É importante o trabalho
funcional. Ou seja, a inulina que é adicionada ao
adulto, principalmente a constipação intestinal, 30g de fibra alimentar e, no segundo, de 18g. conjunto com o especialista, pois em casos de
leite em pó é um exemplo de fibra funcional; ou-
vem sendo enfatizada na literatura ha vérios Essa diferenca nao é promovida por controvér- criangas impactadas não é recomendada a inter-
tro exemplo é a margarina com fibra. Dessa for-
anos, porém as recomendagdes foram inicial- sias entre os paises na quantidade it‘eal que uma venção dietética no primeiro momento. O au-
ma, na abordagem nutricional o profissional terd
mente direcionadas aos adultos, indicando o con- pessoa deveria ingerir para a sua :aude, e sim mento do consumo de fibras nessas situações
que distinguir uma fibra da outra no cômputo ge-
sumo de fibras entre 20 e 359 por dia. Em 1993 a pela técnica utilizada na extrago d. fibra de um provocara estimulo nas partes superiores do in-
ral e, por enquanto, utilizar a recomendação ante-
Academia Americana de Pediatria recomendou o mesmo alimento, já que os EUA ssumiram o testino sem a liberação da parte mais distal, o que
riormente citada neste capitulo para criancas e
consumo minimo didrio de 0,5g/kg/dia de fibra método da AOAC e o Reino Unido dotou o mé- provocaré gases e dor abdominal. O intestino da
adolescentes (Williams e cols., 1995) quando a
(AAP, 1993). Em 1995, o Instituto Americano de todo de Englyst. Í N crianga deve ser desbloqueado, e só depois desse
proposta for prevenir ou tratar a constipagao in-
Saúde recomendou que, a partir de 2 anos de Livros e tabelas mais antigos trazém o valor da tratamento a intervenção dietética deve comegar
testinal com base na alimentagdo bésica. Além
idade a crianca consuma a quantidade de fibras fibra bruta que não é recomendada para compa- a introduzir gradualmente alimentos que conte-
disso, a recomendagao atual de fibra total para
de acordo com a formula: idade + 5 (Williams e rações quanto as recomendações de fibra ali- nham fibras, lembrando-se que criangas têm vo-
criangas é extrapolada da estimativa para adultos
cols., 1995). Ou seja, a crianga tem 6 anos, o con- mentar. A fibra alimentar é denominada polissa- lume géstrico pequeno e pequenas quantidades
de 14g/7.000kcal e está calcada na prevenção iso-
sumo minimo de fibras deveré ser de 11g diários. caridio não-amido e é classificada como solúvel de alimentos que são fontes de fibra suficientes
lada de doenca cardiovascular, podendo estar,
Deve-se lembrar, entretanto, que para a avalia- (substancias formadoras de gel, como pectinas, para promover impacto no transito intestinal. É
portanto, superestimada, principalmente quando
ção do consumo de fibra alimentar por grupos gomas e mucilagens) e insolavel (fibras estrutu- . relativamente fácil a crianca ingerir a quantidade
o objetivo da recomendação é outro, como, por
populacionais, para a prescrição de dietas tera- rais como celulose, lignina e hemicelulose). Os ti- de fibra necessária segundo a recomendação
exemplo, regularizar o funcionamento intestinal.
pêuticas ricas em fibras e, especiaimente, para pos de fibra estão distribuidos nos alimentos de A nova recomendagao para criangas de 4 anos é mais utilizada, que é a idade +5g (Williams e
que se respeitem as recomendagdes de consumo forma varidvel. As frutas, vegetais e leguminosas de 259; se for confundida com fibra alimentar, o cols., 1995), conforme quadro explicativo. Po-
‘minimo de fibra na orientação alimentarde crian- possuem os doís tipos fibra. O farelo de aveia é rém, é preciso disciplina nos horários das refei-
exemplo dado na Tabela 23.6 teria que ter mais
ças normais, ¢ fundamental a especificacéo da predominantemente composto por fibra solavel, ções e não fazer substituições da alimentação sal-
10g de fibra por meio dos alimentos in natura, o
tabela de composição de alimentos. Isto porque e o farelo de trigo por fibra insolúvel. Apesar de a gada por produtos lácteos e líquidos.
que tornaria a dieta prescrita possivelmente inade-
existem muitas diferenas nos métodos analiticos fibra insolúvel estar mais associada ao tratamen- quada à aceitação da crianca e até mesmo às suas
utilizados para determinar o teor de fibra nos ali- to da constipagdo, & importante destacar que a necessidade nutricionais.
mentos, sendo que esses valores são compilados fibra solúvel também exerce esse papel e que 0 si- Medidas de intervenção
para a preparagao de diferentes tabelas de refe- nergismo das diferentes funções de cada fibra vai = Organizar os horários das refeições para ga-
réncia de fibra nos alimentos. A tabela de Men- resultar no bom funcionamento do intestino. Nos Intervenção dietética na cridnga rantir volume alimentar suficiente e, assim, es-
dez (1995) é brasileira e discrimina entre fibra so- últimos anos tem aumentado o interesse pela com constipação intestinal timular o reflexo gastrocólico. Essa medida mui-
lúvel e não-solúvel. A publicação de McCance & ação do amido resistente (resiste à ação da amila- Em primeiro lugar, é necessario conhecer em de- tas vezes já é suficiente para regularizar o
Widdowson's (1994) ¢ de origem inglesa e apre- se) no trato gastrintestinal, pois acredita-se que a talhes os antecedentes de vida da crianga, peso trânsito intestinal de crianças, já que ter horá-
senta dois tipos de tabela: a determinada pelo liberação de acidos graxos de cadeia curta (p. ex., 20 nascimento, antecedentes alimentares no pri- rios para se alimentar fará com que haja maior
método do Southgate e outra pelo método de n-butirato) como produto da sua fermentação meiro ano de vida, nascimento de irmaos, treina- consumo de pães, cereais, batata, feijão e le-
Englyst, que mede apenas os polissacaridios pelas bactérias intestinais previne o cancer de có- mento esfincteriano, queixa dos primeiros sinto- gumes — ou seja, alimentação básica que per-
néo-amido, sendo os valores bem mais baixos do lon (Rowland, 1999). mas do quadro de constipação, utilização de me- ‘mitird aumento na ingestão de fibra.
Manter o hábito alimentar básico da criança Tabela 23.6 mostra dois esquemas alimen- mente em lactentes e criangas pequenas e que diarréia, descamacao da pele, despigmentacdo
introduzindo pequenas alterações como obri- tares de boa aceitação por criancas de 3 e 8 anos geralmente se associa a infecções”. do cabelo, apatia, tristeza, face de lua. Diminui-
gações diárias. de - fade e como é fácil atingir e até ultrapassar a 0 diagnostico de desnutrição poce ser realiza- ção da proteina em diversos setores do organis-
= Se a criança não aceita verduras e legumes, qui ttidade de fibras recomendada de acordo do por medidas antropométricas, exames labora- mo; sangue, tecidos periféricos, musculos, figado
iniciar pelas frutas ou orientar quanto ao uso cor: aidade. toriais, aspectos clinicos, alimentares, isolados ou e'outras visceras.
de arroz com cenoura, brócolis, bolinhos com associados. Os indicadores antropométricos são
verduras. mais amplamente utilizados na rede publica de = Edema: hipoalbuminemia (principal causa,
Não utilizar frases do tipo “aumentar o consu- BE SNUTRICAO ENERGETICO-PROTEICA satide, sendo muito comum a dencminagso “des- mas não a Gnica) - aumenta a passagem do
mo de verduras, legumes e frutas”. Essa orien- (©tP) nutrida” quando a crianga tem baixo peso para a fluido intravascular para o sistema intersti-
tação é superfícial e não há entendimento da Apesarde ser um quadro de deficiéncia que não idade ou para a estatura. É critério de extrema re- cial, diminui o volume sanguineo, aumentan-
familia do que significa esse “aumento”. tem mais relevancia epidemiolégica no Brasil, levancia, porém em alguns casos é necessario le- do a secreção de aldosterona, o que, por
Estabelecer como regra ou prescrição à quan- ser¢ abordado em virtude das suas formas cléssi- var em consideracao a avaliação clinica e a histéria sua vez, acarreta retengao de água e perda
tidade de água, e não líquidos em geral, que a cas» daimportancia da adequada intervenção na dietética para elaboraro diagnóstico final, pois em de célcio, resultando em sede e secreção de
criança deverá tomar por dia. Se não há con- vigéncia de uma crianga com baixo peso. Casos de criangas com edema ou magras constitu- vasopressina, que aumenta a ingestao
sumo algum, o que é mais comum, iniciar com £. definição classica da OMS para a DEP &: cionalmente, o resultado antropométrico vai apon- de água e diminui a sua excrecdo, agravan-
2 copos por dia. esnutrição energético-protéica é o conjunto tar, erroneamente, eutrofia e desnutrição, respec- do o edema.
O uso de óleo mineral é indicado para facilitara das condigGes patoldgicas decorrentes da defi- tivamente. £ preocupante a forma simplista como, de motilidade: atraso no desen-
liberação das fezes mais endurecidas, aliviando ciériia simultanea, em proporções variadas, de muitas vezes, se define o diagndstico nutricional volvimento e deficiente mielinização das fibras
odesconforto. Deve ser prescrito pelo médico. proiainas e calorias, que ocorre mais freqiente- somente pelas medidas antropométricas. O diag-
nervosas que o formam e das fibras nervosas
nostico de uma crianga desnutrida envolve pelo
motoras periféricas em conseqgiiéncia da hipo-
TABELA 23.6 Esquemas alimentares para se atingir a quanti jade re: omendada de fibras para criangas de 3 e 8 anos
menos a existéncia de dois parametros nutricio- tonia muscular.
nais comprometidos.
Lesões cutaneas: alteragdes qualitativas e
As manifestacoes clinicas da DEP podem ser
03 quantitativas do colágeno, o qual é rico em
classificadas em:
= Café damanha n Café da manhã glicina, prolina e hidroxiprolina.
* 1 pão francés * 1 fatia de bolo de milho = Kwashiorkor: deficiéncia predominantemen-
Cabelos: descorados, em bandeira, ralos,
* 1.copo de Íeite com achocolatado * 1 copo de leite com achocolatado te protéica.
avermelhados e facilmente arrancéveis - defi-
ciéncia de aminoacidos sulfurados, especial-
" Lariche " Lanche “ Marasmo: deficiéncia — energético-protéica
mente a metionina. Outra explicagdo seria
* 1 maga + 3 biscoitos * 1 pão de batata + iogurte equilibrada.
má-formação de melanina devido a deficién-
* Almogo "= Almoço Kwashiorkor-marasmético: forma mista;
cia de fenilalanina e tirosina.
* Arroz: 3 colhéres de sopa * Macarronada ao molho bolonhesa (1 prato de em que existe a deficiéncia energética e pro-
Diarréia/Hepatomegalia e esteatose
: 1 concha pequena sobremesa) téica, porém desequilibrada.
hepatica: atrofia do tecido acinar do pân-
* 1 porção de frango cozido * 1 xícara de salada de fruta
Essas formas de desnutricao são consideradas creas.
* % cenoura mais graves, devido & presenca de importantes Hipotermia: devido ao menor metabolismo
"= Lanche = Lanche alteragoes clinicas e bioquimicas. A ocorréncia basal pela caréncia de proteinas.
* 1 copo de leite * 1 banana com aveia e mel desses quadros de desnutrição é mais comum em
* 4 biscoitos doces criangas internadas em hospitais pablicos. É im-
portante que o profissional reconhega as diferen- Marasmo
"= Jantar = Jantar
Gas entre os termos desnutrição e baixo peso. Na crianga com marasmo, a deficiéncia de cresci-
* Purê de batata: 2 cólheres de sopa * Pão de hambúrguer
* Carne moida: 2 colheres de sopa * 1 hambúrguer Este último foi adotado pelo SISVAN (Sistema de mento é acentuada, bem como a de peso; além
* Abobrinha refogada: 1 colher de sopa * Alface (1 folha) Vigiléncia de Alimentagao e Nutrição) em função de atrofia muscular, auséncia de gordura subcu-
* Tomate (2 fatias) do diagnostico antropométrico, o qual é larga- tânea, caquexia. A crianga apresenta face de ido-
* 1 copo de suco de laranja mente utilizado na rede basica de saúde. 50, pele enrugada, e normamente mostra-se irri-
"= Ceia = Ceia tadiça. O aminograma apresenta-se equilibrado
Kwashiorkor entre os aminoacidos essenciais e ngo-essenciais;
* 1 copo de leite * Pipaca (3 xicaras de chá)
É mais frequente em criangas abaixo de 5 anos, e as protefnas plasmaticas estão normais ou leve-
" Total de fibras = 159 " Totalde fibras = 20g mente diminuldas.
apresenta como caracteristicas bésicas: edema;
TRATAIMENTO DA DESNUTRIÇÃO 1 colher (de sopa) de óleo em cz Ja uma das prin-
feijao, óleo, macarrao, banana. Entao, por que a longos dos anos, essa pratica foiganhando adep-
EM ANMBITO AMBULATORIAL E cipais reíeições (principalmeni - na porção de criança apresentava baixo peso? Essa pergunta 105 ligados & servicos da rede piblica de saúde e
INSTITUCIONAL feijao ou em molhos colocados :ó prato) são su- deu origem à investigação científica.com 2.300 educação. For outro lado, as investigagoes de
O tratamento da criança gravemente desnutrida ficientes para modificar & prc s0rção de peso maes € filhos, para verificar como era o estado âmbito ciewifico mais ligadas as universidades
não será a!lvo deste capítulo, pois sua intervenção para estatura em apenas dois m sses. Entretanto, nutricional entre os binômios. Surpreendente- começarar: ¢ se posicionar contra a eficacia des-
requer prioritariâmente assistência clínica hospi- . o maior desafio do nutriciorist é sensibilizar a mente, observou-se que das criancas desnutridas se produtc. Teses, trabalhos, artigos.de reflexoes
talar composta de équipe multidisciplinar-com mae ou responsavel quanto eficiéncia dessa
(aproximadamente metade da população estu- comegararn a ganhar espago no dmbito acadêmi-
especialistas em cuidados intensivos para driblar, pratica, já que o simples aura2 to no peso não dada), 50% das maes eram eutréficas é 30% de- co. Vamos destacar aqui alguns dos principais
principalmente, o desequilíbrio hidreletrolitico e tem status em nenhum grupo ¢ sociedade. Por las apresentavam sobrepeso ou obesidade (Nó- pensamentos disponiveis na literatura, destacan-
a falência de órgãos vitais. Para atualização, o Mi esse motivo, as mudangas solici: 3das não são in- brega e cols., 1992). Varios aspectos foram le- do trechos que possam direcionar o leitor & idéia
nistério da Saúde elaborou o Manual de atendi- corporadas ao dia-a-dia e o »a:rdo de peso da principal dos autores.
vantados, como o trabalho fora de casa, uso de
mento da criança com desnutrição grave em nível crianga não se modifica nos a“er dimentos. Algu- A multimistura, na sua concepção, é a utiliza-
creches, número de filhos, renda, escolaridade e
hospitalar (Ministério da Saúde, 2005) e preten- mas vezes surgem queixas de ¢:-e o 6leo adicio- outros. Nenhuma variável justificou a diferenca ção de subprodutos alimentares que não são
de implementar éssa política nos hospitais de re- nado à comida deu diarréia na cr.anca e por isso a no estado nutricional entre maes e filhos, mas aproveitados para consumo humano e que, ao
ferência para que as crianças que são internadas mãe parou de colocá-lo. Não h justificativa téc- podemos concluir que os fatores determinantes mesmo terapo, são ricos em micronutrientes. Os
com desnutrição grave sejam atendidas de forma nica para esse fato. A quantidad:: de óleo utiliza- dessa condição são diferentes entre o binômio — principais produtos dessa mistura são folhas de
à aumentar a chance de sobrevivência. O endere- da (10g) é pequena para promc ver sobrecargas como, por exemplo, o número de filhos que de- mandioca, farelo de arroz, cascas de ovo e dife-
ço do site é www.saude.gov.br/nutricao (acessar biliares ou acelerar o peristaltismo intestinal. É in- rentes sementes (gergelim, melancia, abobora), os
terminou mais chance de a mãe ser obesa, con-
o icone de publicações). teressante que, quando a criança ingere bolinhos trapondo-se com a maior chance de a criança ser quais são moidos e torrados, virando uma “fari-
0 objeto desse tema é a assistência nutricional e batata frita, os quais absorver1 mais gordura, desnutrida quando tivesse mais irmãos. As hipó- nha”. Pode sofrer variações na composição, de
à criança de baixo peso nutricional que é acom- essa associação não é tão direta. A responsabilida- teses levantadas a partir desse estudo podem es- acordo com a disponibilidade da região e da equi-
panhada em centros de saúde, ambulatórios e de do profissional é dar informactes técnicas con- tar muito mais ligadas a fraco vínculo entre mãe e pe que o prepara. Bittencourt (1998) faz uma revi-
creches. O primeiro sinal de que a criança não sistentes quanto às orientações prescritas, pois é são das publicações que estavam disponiveis até a
filho do que a efetiva falta de comida no lar (Nó-
está recebendo aporte de alimentos suficientes muito comum a valorização de medicamentos, su- brega & Campos, 1996). época, destacando detalhes importantes dos estu-
para as suas necessidades é o comprometimento plementos e produtos “alternativos”, além da re- dos experimentais e epidemiolégicos. Ressalva,
do peso. Já foi evidenciado que o baixo peso para sistência de cunho cultural à prática de adicionar em seu texto, que o uso de muttimistura remete
a estatura, antigamente denominado desnutri- Óóleo cru & alimentação. Não defendemos a idéia Uso da multimistura no combate à ao entendimento de que o problema da desnutri-
ção aguda, vai, ao longo do tempo, comprome- de que “engordar” a criança é o suficiente, mas desnutrição infantil ção é unicausal, ou seja, é determinado pela ina-
ter a estatura. A modificação no peso é acessível que nos processos de intervenção é necessário que dequação no consumo de alimento, sendo entao
Um dos assuntos mais polêmicos na área da nu-
a curto prazo, de baixo custo e factível em popu- cada objetivo seja alcançado efetivamente. Assim, trição é a utilização da alimentação alternativa, a sua correção feita pelo provimento do mesmo,
lações de baixa condição socioeconômica. A prio- depois que se observa concretamente mudança ou a chamada “multimistura”, para recuperação para corrigir ou compensar os principais nutrien-
ridade da intervenção no baixo peso é a recupe- no padrão antropométrico da criança, avalia-se a da desnutrição. A promoção do uso da alimenta- tes que sdo fornecidos de maneira inadequada na
ração dos depósitos de gordura que garantem qualidade da dieta consumida e as possibilidades, ção alternativa começou há 25 anos no Pará, Mas dieta. Essa idéia é equivocada no sentido de que
suporte energético para o processo anabólico do de acordo com o poder aquisitivo da família, de foi a partir da avaliação positiva de um relatório os problemas nutricionais devem-se a fatores mul-
crescimento. Essa primeira etapa requer que a melhorá-la. Nossa experiência mostra que várias de Roger Schimpton para a Unicef (Fundo das ticausais e são imbuidos de enorme complexida-
criança tenha maior aporte de energia que pode orientações ao mesmo tempo não surtem efeito, Nações Unidas para a Infância), o qual aludia ao de, segundo Monteiro (1995).
ser obtido pelas gorduras e carboidratos. Muitas devido à pequena capacidade de abstração da importante impacto do uso dessa alimentação na Segundo Santos e cols. (2001), os anos de
vezes o cálculo das necessidades nutricionais, rea- População-alvo quanto a esses problemas. recuperação de desnutrição grave, que tal produ- 1995 e 1996 foram caracterizados como de
lizado pela idade da criança, resulta em valores N Em vérias ocasides de assisténcia ambulatorial to foi amplamente difundido po pafs (Bitten- grande efervescéncia, pois a comunidade cientifi-
muito além do que a crianga consegue tolerar, multidisciplinar fomos chamados ao consultério court, 1998). ca questionou sobre a insuficiéncia de investiga-
considerando-se as necessidades por quilograma pediétrico com o objetivo de “socorrer” o atendi- ção cientifica quanto aos seguintes aspectos: efi-
Durante 15 anos a Pastoral da Crianca da
de peso e o menor volume géstrico que a crianga mento, j& que a crianqa estava “desnutrida” (an- CNBB (Conferéncia Nacional de Bispos do Brasil) cácia nutricional, biodisponibilidade dos nutrien-
apresenta. Na maioria dos casos, excetos aqueles tropometricamente) e a famillia “não tinha o que foi a maior defensora da utilização da “multimis- tes em função do alto valor de fatores antinutri-
provenientes de extrema pobreza, o baixo peso é comer”. Em todas as situagdes, nos deparamos tura” para combater as caréncias nutricionais, cionais, qualidade microbiolégica e fisico-quimi-
resultante de desorganizacao familiar e falta de com mae eutréfica ou obesa, que, questionada advogando que o sucesso de seu trabalho ao me- ca dos subprodutos utilizados.
disciplina na alimentagao. Medidas simples como quanto & sua alimentação, dava como resposta a lhorar a nutrição das crianças carentes se devia Dois estudos experimentais foram realizados
organizar os horarios das refeições e acrescentar presen¢a da alimentagdo basica como arroz, ao efeito (quase “mégico”) desse produto. Ao no intuito de conhecer os efeitos da multimistura
EE
no combate às carências nutricionais. Os resulta- to na condição nutricional das crianças após seis déveis que possibilitem uma alimentação de REFERENCIAS
dos de Torin (1996a) mostraram que a capaci- meses de in' .rvenção (Assis e cols., 1996). acordo com os hébitos e praticas alimentares de AGUIRRE, AN.; VITOLO, M.R.; PUCCINI, R.F.; DE MORAIS,
dade de recuperação de ratos com multimistura, Consider-ndo o uso rotineiro do produto sua cultura, de sua região ou de sua origem; étni- M.B. Constipation in infants: influence of type of fee-
comparados com grupos de controle, era quase como forma de combate & desnutrição em algu- ca. Ao comer, portanto, não só satisfazemos nos- ding and dietary fiber intake. J Pediatr, v. 78, n. 3, p.
nula. A principal conclusão de Domene (1996) foi mas regiões do País, Oliveira e cols. (2006) reali- sas necessidades nutricionais, como também nos 202-208, 2002.
à baixa biodisponibilidade dos minerais presentes AMERICAN DIETETIC: ASSOCIATION (ADA). Dietary gui-
zaram estudo cujo objetivo foi avaliar o impacto refazemos, nos construimos e nos potencializa- ” dance for healthy childfen aged 2 to 11 years. JAm Di-
no farelo de arroz e a necessidade de adicionar mi- da suplemer :ação com mistura de farelo & base ‘mos como seres humanos em nossas dimensdes etetic Assoc, 99:93-101, 1999,
nerais à dieta à base desse produto para conferir de cereais nº controle da desnutrição protéico- organica, intelectual, psicologica e espiritual. AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS (AAP). Committee
melhores resultados nutricionais aos ratos do es- energética, adicionada à dieta habitual de crian- Nóbrega (1997), no editoral da Revista de Nu- on Nutrition. Carbohydrate and dietary fiber. in
tudo. Torin e cols (1996b) alertam para os perigos ças em idade pré-escolar em creches municipais trigdo da PUC — Campinas, fez reflexdes sobre as BARNESS, L. (ed). Pediatric nutrition handbook. 3. ed.
de contaminação e toxicidade que o uso de sub- de João Pessc:a e não observaram diferença signi- perspectivas da crianca brasileira. Um trecho do
Elk Grove Village, llinois, EUA; American Academy of
produtos alimentares pode gerar nas crianças.
Pediatrics, 1993,
ficativa ncs indicadores peso/idade, altura/idade texto é aqui reproduzido na integra: “Existem ASSIS, AM.O.; PRADO, M.5.; FRANCO,V.B. et al. Suple-
Esses produtos apresentam teor elevado de ácido e peso/alture entre os grupos estudados após grupos interessados em colocar seus produ- mentação da dieta com farelo de trigo e o estado nutri-
* fítico, um fator antinutricional que interfere na bio- dois meses co uso da multimistura, Os autores tos/alimentos na rotina do atendimento & popu- cional de criangas de 1 a 7 anos de idade. Rev Nutr
disponibilidade biológica dos minerais presentes ressaltam qu:: não se justifica esperar alterações lação de baixa renda e acabam por exercer gran- PUC-Campings, v. 9, n. 1, p. 92-107, 1996.
na dieta, além dos teores de nitrato e nitrito des- significativas obre a recuperação de crianças em de pressão nesse sentido. É preciso que aqueles BION, F.M.; PESSOA, D.C.N.P.; LAPA, MA.G. et . Uso de
uma multimistura como suplementagéo alimentar:
conhecidos e da periculosidade da linamarina (gli- risco nutricio 1al, já que esses suplementos con- responsaveis pela decisao de colocar na rotina os Estudo com ratos. Arch Latinoam Nutr, v. 47, n. 3, p.
cosídio cianogênico) não inativada. Entretanto, têm somente sequenas quantidades de calorias e produtos/alimentos tenham duas importantes 242-247, 1997
pesquisa publicada mais recentemente encontrou de macro- e micronutrientes. Tais resultados es- caracteristicas: honestidade acima de qualquer BIRCH, LL.; DEYSHER, M. Caloric compensation and sensory
baixíssimas concentrações de fitatos, taninos e ni- tão em acorco com dados de outras pesquisas dúvida e conhecimento adequado-para escolher specific satiety: evidence for self regulation of food intake
veis não-detectáveis de aflatoxinas e ácido ciani- que avaliarar: o impacto do consumo da multi- aqueles que realmente são indicados. Isto significa by young children. Appetite, v. 7, p. 323-331, 1986.
drico em amostra de multimistura utilizada nos mistura e outros alimentos em criangas (Coelhoe não colocar em uso produtos/alimentos inadequa-
BIRCH, L.L.; DEYSHER, M. Conditioned and unconditioned
programas institucionais da Secretaria Municipal
caloric compensation: evidence for self regulation of
cols., 1999; Prates 1998), e também com resulta- dos por pressão, “simpatia”, interesse pessoal ou food intake by young children. Leam Motv, v. 16, p.
de Promoção Social da cidade de Natal (Câmara & dos de estudos experimentais com ratos (Bion e desconhecimento”. 341-355, 1985.
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zado na Universidade do Amazonas, pouco divul- ses estudos não mostraram efeitos benéficos na * Criança ap6iam a utilização da multimistura co- children. Pediatric Clinics of North America, v. 42, 1. 4,
gado e citado nas discussões sobre esse tema, condição nutricional da crianga ou nos animais mo estratégia para melhorar a nutrição da crian- p. 931953, 1995, .
mostrou níveis mais elevados de tiocianato uriná- analisados com o uso desse produto. ça. O trabalho da Pastoral da Crianga é louvavel,
BIRCH, LL; FISHER, 1.O. Food intake' regulation in chil-
rio em crianças que faziam uso de multimistura
dren. Fat and sugar substitutes and intake. Ann N Y
A multimistura também já foi utilizada no tra- pois confere enormes beneficios a saúde de nos- Acad Sci, v. 23, n. 819, p. 194-220, 1997.
quando comparadas com as crianças do grupo de tamento da anemia ferropriva, e Sant'Ana e cols. sas criangas. Esses resultados inestiméveis são BIRCH, L.L.; MCPHEE, L.; STEINBERG, L. Conditioned flavor
controle (Ribeiro e cols., 1996). Farfan (1998) ci- (2006) realizaram trabalho com o objetivo de frutos da dedicação, da seriedade e da persistén- preferences in young children. Physiol Behav, v. 47, p.
tou que dados da ONU revelam que o Brasil forne- avaliar o efeito do acréscimo de uma multimistu- cia de seus seguidores, que acompanham as fa- 501-505, 1990.
Ce, em anos normais, uma média de 114% das re- ra alimentar no estado nutricional relativo ao fer- milias carentes em seus lares oferecendo apoio,
BIRCH, LL; MCPHEE, L.; SULLIVAN, 5. Conditioned meal
initiation in young children. Appetite, v. 13, p.
comendações energéticas da população (Unicef, ro em pré-escolares da rede municipal de ensino orientagdes alimentares, de higiene e de vida. Ou 105-113, 1989.
1995), o que sugere que a desnutrição não tem do municipio de Vigosa-MG e observaram que o seja, oferecem o que o governo deveria oferecer BITTENCOURT, S.A. Uma alternativa para a politica nutri-
Suas origens na falta de capacidade de produção ferro fornecido como suplementagao não alterou de maneira continua, o “olhar” para o problema cional brasileira? Cad Saúde Publ, v. 14, n. 3, p. 1-9.
agrícola ou de opção de produtos. Assim, criticou aingestao dietética de ferro pelas criangas e nem real, o que já é bastante para que as solugdes co- Rio de Janeiro, 1998,
qualquer possibilidade (que estava sendo cogitada melhorou os Indices hematolégicos avaliados, li- mecem a aparecer. Não acreditamos que o uso BOAVENTURA, G.T.; CHIAPPINI, C.C.J.; ASSIS, FNR;
na época da publicação de seu artigo) de o gover- mitando as conclusdes quanto & utilização da de algumas colheres de multimistura, conside-
OLIVEIRA, E.M. Avaliagao da quantidade protéica de
no apoiar e difundir o consumo de alimentos
uma dieta estabelecida em Quissama, Rio de Janeiro,
multimistura em estudo. Estudo clinico randomi- rando-se a quantidade e a composição nutricio- adicionada ou não de multimistura e de pó de folha de
não-convencionais à população de baixa renda e zado com pré-escolares em Pelotas-RS, utilizan- nal, sobrepujem trabalho tão nobre. mandioca. Rev Nutr, v. 13, n. 3, p. 201-209, 2000.
às redes municipais de ensino público. do 10g cle multimistura, ndo mostrou qualquer Ressalte-se que não há mais justificativa para . BOULTON, T.J.C.; MAGAREY, A.M. Effectsof differences
Estudo clínico foi realizado para avaliar o im- beneficio na condição nutricional das criangas qualquer pesquisador réalizar estudo com a mul- in dietary fat on growth, energy and nutrient intake
pacto da suplementação da dieta com farelo de (Gigante e cols., 2007). timistura em criancas, pois não há evidéncias de from infancy to eight years of age. Acta Paediatr
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TORIN, H.R. Dietas à base de farelo de arroz. Efeito na ZALAVSKY, C. Constipagao intestinal cronica na infancia: quantitativamente como qualitativamente, bem ças pré-escolares estudadas apresentavam ane-
composição mineral do fêmur de rato, avaliado por considerações clinicas. Rev AMRIGS, v. 30, n. 1, p. como os elevados requerimentos de ferro nos ‘mia, anemia por deficiéncia de ferro e deficiéncia
processamento da imagem radiografica. Tese de Dou- 11-14, 1986. grupos biolégicos mais susceptiveis & anemia de ferro, respectivamente. Neves e cols. (2005),
torado. Campinas-SP: Faculdade de Engenharia de Afi- VITOLO, M.R; BORTOLINI, G.A.; FELDENS, C.A; DRA- (WHO, 1989; WHO, 2001a). em estudo realizado entre lactentes (6 a 24 me-
mentos. Unicamp, 1996. CHLER, M.L Impacts of the 10 steps to healthy feeding Enquanto a anemia afeta 2 bilhões de pes- ses), observaram que 55,1% apresentavam ane-
TORIN, H.R; DOMENE, S.M.; FARFAN, JA. Programas jn infantis: a radomized field trial. Cad Saude Publ., v. soas, mais de 30% da população mundial, a defi-
emergenciais de combate à fome e o uso de subprodu- mia ferropriva e 15,3% tinham deplegao das re-
21, p. 1448-1457, 2005. ciéncia de ferro atinge 4 a 5 bilhões (WHO, servas de ferro. Estudo realizado com 179
2003). A anemia ferropriva acomete as popula- pré-escolares de Sao Paulo encontrou 35,8% de
ções de quase todos os paises do mundo, embo- caréncia do mineral ferro (Ferraz e cols., 2005). A
ra os paises em desenvolvimento sejam os mais elevada prevaléncia justifica plenamente o emer-
atingidos, tendo como principais grupos de risco gente interesse dos administradores e profissio-
os lactentes, as criancas pequenas e as mulheres nais de saúde no Brasil pela focalização do grupo
em idade fértil, incluindo as gestantes (WHO de criangas como segmento prioritério para en-
2001a). Os dados disponiveis no Brasil mostram . frentamento da anemia.
que a prevaléncia de anemia em criangas abaixo A anemia por deficiéncia de ferro está associada
de 5 anos é alta, variando de 40,9% a 73,2%. Na a dano no desenvolvimento psicomotor das crian-
Tabela 24.1 podemos observar a prevaléncia de ças (Walter e cols. 1983, 1989, 1993a; Grantham-
anemia em criangas de acordo com estudos reali- McGregor & Ani, 2001), que pode persistir mes-
zados em diversos locais do pals. — mo após suplementação com ferro (Lozzof e cols.
do periodo de crescimento (gestação e infan- Sistema imunoldgico: inibição da capacida-
cia) e/ou-0 aumento das perdas sanguíneas, de bactericida dos neutrdfilos em criancas

Cuebá-MTN997 63,0% (0 5 36 meses) Freguentadores


í⪠como nas hemorragias (Unice? desnutridas, diminbicao do percentual de lin-
creches — Erunken e cols., 2002 Anemia por deficiéncia de ferro: qu focito T, diminuigac da atividade da mielope-
municipais (n = 71}


aguda, a deficiéncia de ferro causa anema. roxidase dos leucocitos.
Apesar de algumas conseqiéncias funcicnais = Sistema muscular; diminyicdo da capaci-
Pernambuco/1997 40,9% (6 a 59 meses) Represéntativa ¢ » estado Osório e cols., 2001 serem observadas em individuos com defi- dade de trabalho e da tolerancia a exercicios.
(n=746)
Cinco regiões do Brasil 51,7% (6 a 12 meses) Demands esgon 3nea de
¢iéncia de ferro e sem anemia, a diminuição
Szarfarc e cols., 2004
unidades básicais de dez da capacidade fisica, atraso no desenvolvi-
cidades das cacc regiões do mento cognitivo e redução da fungao imuni- ESTAGIOS DO DESENVOLVIMENTO
Brasil (n =5,145) tária sdo comumente associadas a anemia por DA DEFICIENCIA DE FERRO
Pontal-SP/1999 62,5% (12 a 72 meses) Freqiientador.s .2 2 creches Almeida e cols., 2004 = 12 estagio: depleção dos estoques de ferro
deficiéncia de ferro (UnicefWHO, 1939).
murnicipais (n = 2 25)
Belém-PA 66,6% (6 2 24 meses) no figado, bago e medula óssea. É caracteriza-
Demanda espont inea de Neves e cols., 2005
unidades básicas e saúde As quantidades extremamente baixas de ferro do por diminuição da ferritina sérica.
(n = 365) em muitas dietas, a capacidade limitada do or- ® 22 estagio: diminuição do ferro de transpor-
Rio de Janeiro/1993 50,0% (12 a 18 meses) Demanda espont nea de Rodrigues e cols., 1997 ganismo de absorver o ferro dietético, a necessi- te; caracteriza-se por diminuição do ferro séri-
ambulatério (n = 288) “dade de ferro para o crescimento, bem como a co e aumento da capacidade de ligação do
Vigosa-MG/1999-2000 63,2% (12 a 60 meses) Demanda Miranda e cols., 2003 alta incidência de parasitismo e sangramento in- ferro. O percentual de saturação da transferri-
espontanea/mu em
unidades básicas /n = 171) testinal em algumas populações tornam os lac- na apresenta-se diminuido.
Vigosa-MG/1998-1999 60,8% (6 a 12 meses) Demanda espont.nea de Silva e cols., 2002 tentes e as crianças um grupo especialmente vul- 3¢ estagio: niveis diminuidos de Hb; caracte-
unidades basicas e saúde nerável à carência ferro. A sequência da anemia riza-se por anemia microcitica (volume cor-
(n =204) caracteriza-se por depleção de ferro dos esto- puscular médio [VCM] e hipocromia [HCM di-
Salvador-BA/1998-1999 62,8% (0 a 12 meses) Demanda espontê-nea de Assisecols, 2004b — .5 ques corporais, seguida de alterações bioquími- minuido]), e elevacao da protoporfirina eritro-
unidades básicas ce saúde
(n=553) cas e, finalmente, os sinais e sintomas clínicos. Os citéria livre.
Cinco regiões do Brasil 65,4% (6 a 12 meses) Demanda espontanea de Spinelli e cols., 2005 sintomas mais freglientemente citados são debi-
unidades basicas de 12 lidade física, irritabilidade, cefaléia, dispnéia ao A hemoglobina tem como função o transpor-
cidades das cinco regiões do esforço, palpitações e parestesias. Sinais clínicos te de O, através da corrente sanguinea, constituin-
Brasil (n = 2.715)
Criciúma-sC/1996 60,4% (0 a 36 meses) Amostra probabilistica como atrofia papilar da língua, coiloniquia (unhas do mais de 65% do ferro corporal. A mioglobina
Neumann e cols., 2000 corresponde ao pigmento vermelho do musculo
(n=476) côncavas), edema de membros, queilites, retardo
Pernambuco - quatro 73,2% (0 a 12 meses) Amostra de crianças Lima e cols., 2004 de crescimento, anorexia e geofagia. e armazena O, para utilizé-lo durante a contração
municípios/1997 pertencentes a uma coorte muscular, sendo responsavel por aproximada-
(n=245) mente 10% do ferro corporal total.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA A transferrina corresponde a 1% do ferro cor-
1996, 2000). A deficiéncia de ferro tem custo hemoglobinopatias hereditérias e deficiéncia
ANEMIA ô poral, e sua principal função é transportar o ferro
econdmico alto, somado a sobrecarga para o sis- de outros micronutrientes, como ácido félico = Trato gastrintestinal: redução da acidez liberado do catabolismo da hemoglobina ou ab-
tema de saúde, pois diminui a produtividade em evitamina B,,. A anemia em criangas de 6 a 59 gástrica, gastrite atrófica, sangramento da sorvido da luz intestinal para a medula óssea,
adultos (Hass & Brownlie, 2001). meses ¢ definida por valores de hemoglobina mucosa intestinal sem relação com a dieta, di- onde é utilizado na sintese da hemoglobina.
menores que 11g/dL (WHO, 2001a, Uni- o do teste de tolerância & lactose e
cef/WHO, 1999). bloqueio na absorção de ferro, xilose, gordu- = Transferrina: proteina transportadora de fer-
DEFINIGOES E DISTINCAO: ANEMIA, ras e vitamina A. ro. Sua maior capacidade de ligagao do ferro
Deficiéncia de ferro: os tecidos funcionais
DEFICIENCIA DE FERRO E ANEMIA Sistema nervoso central: irritabilidade, de- (portanto, menor porcentagem de saturação)
São deficientes em ferro e ocorre auséncia das
POR DEFICIENCIA DE FERRO sinteresse, distúrbios de conduta e percepção, é utilizada como um dos parémetros para se
reservass nutricionais de ferro com ou sem ane-
= Anemia: niveis anormalsde hemoglobina de- mia. A deficiéncia de ferro é definida pela di- graus variados de distúrbio psicomotor em diagnosticar deficiéncia de ferro. Apesar de s6
vidos a condições patolégicas. A deficiéncia minuição na concentração de ferritina, que é crianças abaixo de 2 anos e parcialmente re- ser alterado ap6s deplegao dos depósitos de
de ferro é a causa mais comum, mas não é a geralmente resultado de uma dieta com bio- versíveis após ferroterapia. Prejuizo das fun- ferro, esse parametro é o que comega a ser al-
única causa de anemia. Outras causas incluem disponibilidade de ferro inadequada, aumen- ções cognitivas com déficit de Q.!. e nos testes terado mais precocemente. A saturacdo da
infecções cronicas, particularmente a malaria, to dos requerimentos de ferro durante o rápi- de linguagem de crianças maiores. transferrina é de cerca de 20% a 50%; niveis
abaixo de 15% são indicativos de dlagnosllcc = Hemoglobina corpus :ular média (HCM): & TABELA 24.3 Parâmetros laboratoriais hematol
de anemia ferropriva. a quantidade de hemglobina da célula ver-
Ferritina: o ferro é armazenado em forma de melha. Para calculs-la, fivide-se o nivel de he-
ferritina e hemossiderina; 1/3 se encontra no
Hemoglobina
moglobina pela quant: fade de células verme- 5211 anos: 211,59/dL
figado e 1/3 na medula 6ssea, e o restante en- lhas. Niveis abaixo de .4pg indicam hipocro-
contra-se no bago e em outros tecidos. Quan- Hematocrito G 2 59 meses: 233%
mia (Dallman, 1991}, ta11 anos: 234%
do os estoques de ferro começam a ser utiliza- Protoporfirina eritro: itaria livre: & precur- Volume corpuscular médio (VCM)
dos, os niveis de ferritina baixam, indicando, sora do heme e acumul +-se nas células verme- ' Zadanos:276fL
portanto, inicio do processo de anemia. £ o lhas quando a quanticade da produgdo do Hemoglobina corpuscular média (HCM) 224pg
parametro de deteccao mais precoce da defi- heme é limitada por de-iciéncia de ferro, Seus Amplitude de distribuição do tamanho dos eritrócitos (RDW) 14%
ciéncia de ferro. Em individuos saudáveis, 1/l níveis estão elevades « sua dosagem não é Ferritina 0 a 5 anos: 212ugL
de ferritina corresponde aproximadamente a afetada pelo uso de madicação recente con- >5 anos: 212ug/L meninas
10mg de ferro estocado (Cook, 1999). Valo- tendo ferro. A cada 120 dias as hemácias são 1549A meninos
res abaixo de 10w/L indicam deplegao de de- Ferro sérico 22.2184pgn*
removidas da circulação pelo sistema reticulo-
pésitos, mas já se recomenda intervenção Saturação da transferrina 122 anos 210%
endotelial, mas o ferro cue permanece ligado
quando os valores ficam abaixo de 201, pois 3a5 anos 212%
à proteina retorna & me:lula óssea, sendo reu- 6211 anos 214%
isso indica inicio de mobilização das reservas tilizado para a produgzo de novos gldbulos Protoporfirina eritrocitaria livre 5 anos: <70ug/dL células vermelhas
de ferro. . vermelhos. <2,619/g hemoglobina
Volume corpuscular médio (VCM): é o vo- <61mmolimol heme
lume médio do eritrócito. Para calculs-los, di- 25 anos: <80g/dL células vermelhas
Na Tabela 24.2 podem :s observar as altera- <3,0u9/g hemoglobina
vide-se 0 hematócrito (% de células vermelhas ções que podem estar prerantes na anemia, na <7ommol/mo! heme
porvolume de sangue) pela quantidade de cé- deficiencia de ferro € na aiemia por deficiéncia, 1L: femtolitro; pg: picograma.
lulas vermelhas. Fatores que aumentam o Fontes: WHO, 20012; CDC, 1998; WHO/Unicef, 1999; Gibson, 2005; *Behaman
e cols., 2004.
de ferro.
VCM (macrocitose) incluem deficiéncias de ATabela 24.3 traz os parametros laboratoriais
4cido félico e vitamina B,,, doenca hepática para diagnéstico de anemia, deficiéncia de ferro
crônica, alcoolismo e quimioterapia citotéxi- e anemia por deficiéncia de ferro.
porque a concentração de ferro no leite humano de alimentos sólidos (Siimes e cols., 1984; Dewey
ca. Valores, para adultos, abaixo de que 80ft é baixa (Unicef/WHO, 1999). Durante a vida in- e cols., 1998; Domellsf e cols., 2001). Isso se deve
(fentolitros) indicam hipocromia e, acima de tra-uterina, o feto acumula ferro em quantidade à biodisponibilidade elevada de ferro no leite hu-
100ft, macrossomia. A microcitose indica ane- FATORES DIETETICOS ASSOCIADOS A proporcional ao seu aumento de peso. O perío- mano: cerca de 50% do ferro do leite humano são
mia ferropriva. Para criangas, esses valores são ANEMIA EM CRIANGAS do mais importante de aumento do peso fetal é absorvidos, o que compensa a sua baixa concen-
mais baixos. De forma mais generalizada, va- As reservas de ferro-ao nascimento desempe-
o último trimestre de vida intra-uterina. A crian- tração (0,5 a 1mg de ferro/L). Entretanto, essa bio-
lores a partir de 72ft para criangas podem in- nham importante função na determinagéo dos
Ça a termo, ao nascer, tem cerca de 75mg de disponibilidade pode diminuir até 80% quando
dicar microcitose (Dallman, 1991). ferro por quilograma de peso, aproximadamen- outros alimentos passam a ser ingeridos pelo lac-
fatores de risco para anemia durante a infancia
te 250 a 300mg (FAO/WHO, 2001)..O tempo tente (Faireweather-Tait, 1992). A quantidade de
entre o nascimento da crianga e o clampeamen- ferro presente no leite de vaca é de 0,6mg/L e a
TABELA 24.2 Alterações na anemiz, na deficiéncia de ferro e na anemia por deficiéncia de ferro to do corddo umbilical é fator determinante da absorção é de 10%. Entre 4 e 6 meses de vida,
ocorréncia de anemia em criangas. Estudo re- ocorre gradualmente esgotamento das reservas
cente realizado por Chaparro e cols. (2006) no de ferro, e a alimentação passa a ter papel predo-
Hemoglobina
i México, comparando criangas que tiveram o minante no atendimento &s necessidades desse
Hematócrito +- dout 4 cordão clampeado 10 segundos após o parto nutriente. É necessério que o consumo de ferro
Volume corpuscular médio (VCM) tout lout 4 com criangas que o tiveram após 2min, mostrou seja adequado & demanda requerida para essa
Hemoglobina corpuscular média (HCM) dout Lout 4 que essas Ultimas criangas tiveram aumento de fase etéria (Unicef/WHO, 1999).
Ferritina dout y + 27 a 47mg de ferro. 0 aleitamento materno exclusivo até os 6 me-
Proteina C reativa o dout Normal Normal As reservas de ferro da crianga que recebe com ses de vida e a manutenção do leite materno a
Receptores de transferrina dout toud 1 exclusividade leite materno do nascimento até os partir dessa idatle, juntamente com a alimenta-
Saturagao da transferrina Loyt dout 1 6 meses de vida atendem às necessidades fisiolo- ção complementar, estão associados a menor
Protoporfirina eritrocitaria lire — Yout Lout 1 gicas da crianga, não sendo necesséria qualquer prevaléncia de anemia (Dewey e cols. 1998; Fai-
forma de complementagao e nem de introdução reweather-Tait, 1992).
Estudo realizado por Assis e cols. (2004a) de eritrop siese. Domellof e cols. (2001) observa- tro lado, tém efeito inibidor. Estudos sobre com- limonada, em duas refeições tipicas por dia, du-
mostrou que as concentrações médias de hemo- ram difer: nças na hemoglobina em rasposta & ponentes nutricionais das refeições demonstra- rante duas semanas. Como resultado, obser-
alobinz em crianças em aleitamento materno ex- suplemer: 3¢ao de ferro antes e depois de 6 me-
ram que o cálcio fornecido pelo leite in'>: a ab- vou-se que, quando a limoriada foi adicionadz &
ciusivo foram sigrificativamente maiores doô que ses de vir 4, sugerindo mudariças na regulação sorção do ferro (Gleerup e cols., 1995; H: berg e reieição, a absorção de ferro aumentou significa-
as apresentadas por crianças submetidas às de- do metab. lismo do ferro durante a infância. Fo- cols., 1991, 1992). Para uma dieta de maior bio- tivamente, passando de 6,6% para 22,9%. A
mais práticas alimentares. Em outro estudo, Szar- mon e c... (2000) sugerem que a absorção de
disponibilidade, deve-se aumentar o corsumo de mudanga de percentual na absorção de ferro e os
farc e cols. (1996) óbservaram que as crianças ferro di‘er - dependendo da idade. Mudangas na
alimentos que contenham os elementor facilita- valores iniciais de ferritina mostram, coma se es-
que recebiam leite materno como única fonte ali- regulação a absorção do ferro entre 6 e 9 meses dores e diminuir o consumo dos que possuam fa- perava, que individuos com baixa concentragao
mentar tiveram menor prevalência de anémia. O fazem con. que algumas criangas, porém não to- tores inibidores (Hurrell, 1997). de ferritina tém melhor resposta &s concentra-
fisco de anemia é maior entre crianças em aleita- das, dese: volvam mecanismos de adaptação a ções de vitamina C. Assim, o efeito da vitamina C
mento artificial (cerca de três vezes) e entre crian- dietas ¢ baixas quantidades de ferro, evitan- foi mais evidenté em individuos com deficiéncia
ças em aleitamento misto (cerca de duas vezes) do-se, assin, o desenvolvimento de deficiéncia Carne de ferro mais grave e também quando a limona-
do que entre crianças que recebem exclusiva- do micrarutriente (Domelléf e cols., 2002). Ou- Estudo realizado por Hadler e cols. (2004) mos- da foi oferecida por duas semanas em duas refei-
mente leite materno (Monteiro e cols., 2000). tro fator que interfere na absorgao é a biodispo- trou que a introdugao da carne na dieta das crian- ções ao dia. Na Tabela 24.4 estão apresentadas
Alguns estudos não observaram proteção do alei- nibilidace c o ferro, ou seja, quanto do ferro inge- cas de 3 e 6 meses de vida diminui a chance de as recomendações de vitamina C para criangas.
tamento materno para a ocorrência de anemia rido é abscrvido e disponível para ser usado no essas terem anemia em relação s crianças que
ferropriva (Souza e cols., 1997; Neumann e cols., metabolisn-o (MS, 2002a). TABELA 24.4 Recomendaggo didria de vitamina C (mg),
receberam a carne depois dos 6 meses. Engel-
2000; Silva e cols., 2001; Matta e cols., 2005), segundo a IOM (2000)
mann e cols. (1998b) observaram que as criangas
mas deve-se ter cuidado na interpretação desses
que consumiam pequena quantidade de carne
resultados. Em situações em que a criança nasce FERRO H':ME, FERRO NAO-HEME E
(10g/dia) tiveram reducéo significativa da hemo- 0 a6 meses 40 o ND
com reservas adequadas, recebe aleitamento FERRO P’OVENIENTE DE ALIMENTOS 7 a 12 meses 50 . ND ND
globina quando comparadas aquelas que rece-
materno exclusivo até os 6 meses e passa a rece- FORTIFICADOS 1a3anos 15 13 400
biam maior quantidade (27g/dia). Mira e cols.
ber alimentação complementar de qualidade, a 0 ferro apr=senta-se nos alimentos em duas for- 428anos 25 n 650
(1996) ndo investigaram a idade de introdução
condição nutricional de ferro vai ser preservada. mas: heme e não-heme. O ferro heme presente 9 a 13 anos (meninas) 45 39 " 1200
da carne, porém observaram que a ingestao de
A questão é que essa condição ideal é raramente na hemoglobina e na mioglobina de carnes e vis- 9 a 13 anos (meninos) 45 3 1.200
baixas quantidades de ferro heme é o principal
encontrada em nosso meio. ceras tem maior biodisponibilidade, não estando RDA: recommended dietary allowance (ingestão 6 recomendadal; Al
fator de risco para a depleção do ferro.
Estudo realizado por Devincenzi e cols. (2004) exposto a fatores inibidores. As carnes apresen- adequate ntake (ngestão adequada); EAR: estímated average requirement
festimativa do parâmetro médio); UL upper level(ngestão máxima
na cidade de São Paulo com crianças de baixa tam cerca de + 2,8mg de ferro por 100g do ali- toleradal; ND: não disponhel,
condição econômica acompanhadas do nasci- mento, e são absorvidos em torno de 20% a 30% Vitamina C
mento até os 24 meses de vida observou que o desse nutriente (Monsen e cols., 1978; Hurrell, Estudo realizado por Vitolo & Bortolini (2007) ob- Quantidade de alimentos necessários para que
consumo de fórmulas infantis aos 4 e 6 meses 1997). Vários estudos mostraram a importancia servou que as criangas que não apresentaram
proporcionou proteção de 60% na ocorrência de a recomendação de vitamina C seja atingida
do consumo de carne durante o período de des- anemia consumiam significativamente maior
anemia. Outro estudo realizado em Belém (Brasil) mame como importante fator na manutenção = Laranja: Y2 unidade; ou quiut: 1 unidade.
quantidade de vitamina C do que as que apre-
mostrou que os lactentes que não receberam lei- das reservas de ferro (Engelmann e cols., 1998a, = Suco de fruta: 1 copo; ou goiaba: % unidade.
sentaram. Cook & Reddy (2001) também mostra-
te fortificado com ferro como primeiro tipo de lei- 1998b; Hallberg e cols., 2003). ram a importancia do consumo da vitamina C
te artificial utilizado na alimentação apresenta- O ferro não-heme, contido no ovo, nos cereais, como agente facilitador da absorção do ferro Leite de vaca fluido
ram probabilidade 2,29 vezes mais alta de desen- nas leguminosas (feijão) e nas hortaliças (beterra- não-heme. O consumo de vitamina C; feijoes e Estudo realizado por Souza e cols. (1999) avaliou
volver deficiência de ferro (Neves e cols., 2005). ba), ao contrário do ferro animal, tem 2% a 10% carne aos 6 meses de vida, em criangas de baixa a pratica alimentar de criancas de 1 ano de idade
A absorção do ferro dos alimentos depende absorvidos pelo organismo. A absorção da forma condição socioeconémica, foi identificado como atendidas em centros de satide-escola de São
de vários fatores, tais como o estado nutricional não-hemínica é fortemente influenciada por vá- fator de proteção na ocorréncia de anemia ferro- Paulo. Aos 3 meses, cerca de 60% das criancasja
de ferro do individuo; quando há deficiência, há rios componentes da dieta, podendo ser inibida priva (Devincenzi e col., 2004). estavam em processo de desmame e, após 6 me-
maior absorção. Em adultos saudáveis, a absor- ou facilitada (Hurrell, 1997). Três potentes facili- Estudo realizado por Diaz e cols. (2003) no ses de vida, a dieta continuava sendo predomi-
ção de ferro aumenta em estados de depleção do tadores da absorção do ferro não-heme são as México, com 15 mulheres nao-grévidas, ndo-lac- nantemente lactea.
mineral (WHO, 2001), mas não se sabe se esse carnes (Haliberg e cols., 2003; Engelmann e cols., tantes e com deficiéncia de ferro, através da me- A introdugao precoce de. leite de vaca causa
mesmo mecanismo de regulação funciona du- 1998a, 1998b), o ácido ascórbico (Cook & dição de isótopos de ferro (5ºFe e 7Fe); teve 0 ob- impacto negativo nos estoques de ferro das crian-
rante a infância, período caracterizado por inten- Reddy, 2001) e avitamina A (Garcia-Casal e cols., jetivo de avaliar o efeito da absorção de ferro ças por causa da baixa quantidade de ferro que o
sas mudanças nos estoques de ferro e nas taxas 1998). Fitatos, taninos, cálcio e fosfatos, por ou- com adigao de 25mg de vitamina C, por meio da leite contém (2,6mg de Fe para 1.000kcal do ali-
mento) e pela baixa biodisponibilidade, além de Crianças em idade pré-escolar e escolar atingem
Dieta com alta biodisponibilidade: ¢ dieta veis muitos baixos, a menos que fatores estimu-
provocar microenterorragias devido à imaturidade facilmente a recomendação de cálci » com 2 copos diversificada e contém moderadas quantida- lantes esteizm presentes na refeicdo. A taxa de
do trato gastrintestinal, provocando perdas san- de leite por dia, ou 1 iogurte + 1 cc )0 de leite.
guineas (UnicefWHO, 1999). Estudo recente rea-
des de carne, aves, peixe ou alimentos ricos ferro ndo-heme absorvida, então, é regulada pe-
em écido ascérbico. las quanticades de fatores estimulantes presen-
lizado por Levy-Costa & Monteiro (2004) com o
CLASSIFICAÇÃO DAS DIEYA 3 QUANTO tes: miligramas de ácido ascérbico mais os gra-
objetivo de estudar a influência do consumo de lei-
Os profissionais devem avaliar a presenga de mas da carne, peixe e aves cqzids. O modelo de.
te de vaca sobre à concentração de hemoglobina A BIODISPONIBILIDADE DG ERRO
e o risco de anemia em crianças abaixo de 5 anos
fatores inibidores e facilitadores da absorção do classificação das dietas é baseado em gramas de
É reconhecido que, mais importaite do que a ferro nas refeições das criangas. Apresentamos carne crua consumidos pelas criangas. Assim, foi
mostrou que a razão de chances para a anemia quantidade total de ferro, deve-se far atencao & aqui um método prético para avaliagao da biodis- realizada a converséo, pois 1mg de carne cozida
cresce em 50% e 100%, quando as crianças com qualidade do ferro disponivel, o qu: | tem relação ponibilidade do ferro na dieta para criancas abai- equivale 2 1,3mg de carne crua (Monsen & Ba-
consumo intermediário e alto de leite de vaca são com os fatores estimulantes e inib dores de sua xo de 24 meses, com base em fatores estimula- lintfy, 1982). A Tabela 24.6 trazuma classificação
comparadas a crianças com baixo consumo, res- utilizagdo em uma mesma refei urrell, 1997; dores da absorção do ferro. da biodisponibilidade de ferro na dieta.
pectivamente. Outros estudos também compro- Talata e cols., 1998; Osório e cols., 2904; Zimmer-
0 método foi desenvolvido por Monsen e cols. Deve-se concentrar esforços para garantir a
varam essa associação (Tunnessen & Oski 1987; mann e cols,, 2005; Shell-Duncar & Mcdade,
(1978). Os autores partem do pressuposto de oferta de alimentos e preparações que fornecam
Faireweather-Tait, 1992; Lawson e cols., 1998; 2005). Estudo realizado por Vitoly & Bortolini
Freeman e cols., 1998; Bramhagen & Axelsson,
que o ferro não-heme da dieta é absorvido em ni- ferro de alta biodisponibilidade. O consumo de 70g
(2007) mostrou que a biodisponibitidade do ferro
1999; Male e cols., 2001; Thane e cols., 2000; dietético é o fator de maior importência na ocor-
Thorsdottir e cols., 2003; Gunnarsson e cols., TABELA 24.6 Classificação da biodisponibilidade do ferro presente nas dietes
réncia de anemia ferropriva; 64,2% das criangas
2004). Estudo realizado por Gunnarsson e cols. que ndo apresentaram anemia seguiam dieta de st LS ATADRR
(2004) mostrou que o consumo de leite de vaca alta biodisponibilidade de ferro e a,:enas 45,5% * <23g de carne e <25mg ou = <239decame e >75mg de m23 a 709 de came e 25 a 75mg
fluido está negativamente associado aos niveis de das criancas com niveis de hemoglob'na abaixo do 25 a 75mg de vitamina C vitamina C ou >75mg de vitamina C
hemoglobina: 50% das criangas que consumiam parâmetro apresentaram esse tipo de dieta. Lacer- " 23 a 709g de carne e <25mg de = >70g de came e 25 a 75mg
mais de 500mL/dia de leite apresentaram deficién- da e Cunha (2001), em estudo realizaclo com crian-
vitamina C ou >75mg de vitamina C *
cia de ferro, enquanto apenas 2% das criangas cas de 12 a 18 meses no Rio de Janeiro observa- n >70g de carne e <25mg de
que consumiam menos do que essa quantidade
vitamina C
ram que apenas 7% do ferro ingerido pelas crian-
apresentaram-se deficientes. 'A tabela fomecida por Monsen e cois. (1978) foi adaptada por Vitolo & Bortolíni (2007).
ças o foram na forma heme, caracterizando uma
Dessa forma, os nutricionistas devem estar dieta de baixa biodisponibilidade de ferro. TABELA 24.7 Alimentos que são fontes de ferro, por 1009 e por porção (TACO, 2006)
atentos à prética da substituicdo da refeição bási- As dietas geralmente podem ser classificadas . E SR %
ca por leite; prática muito comum entre criangas em trés categorias de biodisponibilidade de ferro:
pré-escolares. Algumas vezes essa substituição é baixa, intermediéria e alta, e a absorção média de
sutil; a criança come bem pouco da refeição ofere-
Carne de gado cozida (lagarto) 1 bife médio 19
ferro heme e não-heme é aproximadamente 5%,
cida e meia hora depois Ihe é oferecida uma ma-
Carne de gado cozida (contrafilé sem gordura) 1 bife médio 24
10% e 15%, respectivamente (em individuos
madeira com farinha e açúcar ou achocolatado. com baixas reservas de ferro, mas com concen-
Carne de gado cozida (patinho sem gordura) 1 bife médio 30
Na Tabela 24.5 estdo apresentadas as reco- trações normais de hemoglobina) (FAO, 1988; Frango cozido (coxa sem pele) 2 unidades grandes 08
mendações de cálcio para criancas. WHO, 1989):
Frango cozido (peito sem pele) 1 pedago médio 03
Frango cozido (sobrecoxa sem pele) 2 unidades pequenas 12
TABELA 24.5 Recomendação diária de cálcio (mg),
= Dieta com baixa biodisponibilidade: é sim-
Coração de frango cozido — 12 unidades grandes 65
sequndo a IOM (1997 Peixe cozido 1filé médio
ples, em geral monétona, baseada em cereais,
i raizes e tubérculos, com pouca presenga de Carne de porco (bisteca grelhada) 1 pedago médio
0 a 6 meses 20 ND ND Came de porco (costela assada) 1 pedago médio
carne, peixe ou vitamina C. Contém predomi-
7 a 12 meses 270 ND ND Fígado de boi cozido 1 bife médio
nantemente alimentos que inibem a absorção
1a3anos 500 ND 2.500 do ferro, tais como arroz, feijao, milho e fari- Figado de galinha ciu 2 unidades médias
428anos 80 N 2.500 it s R SAA
nha de trigo integral.
92 13anos(meninas) 1300 ND 2.500 Dieta com biodisponibilidade intermedia- 2 unidades . 15
9213 anos(meninos) 1300 ND 2.500 ria; é composta principalmente de cereais, raí- Feijão preto cozido 1 concha média 15
A1 adequate intate (ingestão adequada); EAR: estimated average.
requirêment testímativa do parâmetro médio); UL: upper level (ingestão zes e tubérculos, mas inclui alguns alimentos Beterraba cozida 4 fatias grandes 02
máxima tolerada); ND: não-Gisponivel. de origem animal e/ou ácido ascorbico. Beterraba crua relada S colheres
(sopa) cheias 03-
e
de carne associado ao consumo de vitamina C em +~ densidade de ferro da dieta node ser consi- mães e criangas de baixa coridicao sncioeconomi- minação é da Agência Nacionial de Vigilância Sa-
idades superiores a 25mg por dia são bons der da um bom indicador do estado nutricional a alimentos fortificados, e o const 10 de formu- nitária (Anvisa), por resolução RDC nº 344. O re-
incicanores da biodisponibilidade do ferrô consu- rianças em relação a esse mineral, e possibi- ias infantis fort:ficadas com ferro foi 3ssociado ao gulamento prevê que os fabricantes devem adi-
mido pelas crianças abaixo de 24 meses, serido lita dentificar crianças em risco para ocorrência melhor estado nutricional’ de ferra das eriancas cionar a cada 100g de farinha no minimo 4,2mg
um método que deve ser incorporado 3 rotina de de nemia. Em estudo realizado por Hadler é beneficiadas (Yip e cols., 19873, 1387b). Sherry e de ferro (30% das DRI). Além dessa proposta, o
avaliação é prescrição dos profissionais da .saúde cois (2004), a densidade de ferro da dieta foi cols. (2001), em estudo transversal am que se utili- mercado atual oferece ampla variedade de pro- —
que trabalham com crianças pequenas. Na Tabela cor iderada melhor indicador na identificação de zaram dados do Center for Diseae Control and dutos enriquecidos com ferro (bolachas, biscoi-
24.7 estão listados os principais alimentos que são T $c para anemia do que a ingestão total de ferro Prevention (CDC), de cinco estados desenvolvidos, tos, cereais matinais, iogurtes, queijo do tipo pe-
fontes de ferro heme e de ferro ndo-heme. Ca cieta. As novas recomendações para o ferro observaram que a prevaléncia de anemia entre tit suísse, achocolatados, leites) de preços variá-
são Je 7mg Fe/dia para a faixa etária de 12 a 36 criangas diminuiu em mais de 50% nas últimas veis, que podem ser indicados para contribuir
's (IOM, 2000); se considerarmos a necessi- duas décadas e foi atribuida a melhores condições para maiores aporte e biodisponibilidade de ferro
RECOMENDACGES DE FERRO energética média para essa faixa etária de de nutrição relacionadas ao consumo em larga es- independentemente da classe social.
PARA CRIANCAS cala de alimentos enriquecidos e possiveimente a
1.3C0kcal (RDA 1989), chegaremos a uma reco- Estudo realizado por Baltussen e cols. (2004) e
Os principais fatores determinantes dos requeri- mer dação de 5,38mg Fe/1.000kcal. melhor biodisponibilidade do ferro em aiguns pro- que examinou os custos da efetividade da fortifi-
mentos de ferro durante a infancia séo as reser- dutos. A prevaléncia de anemia (NHANES lll — rea- cação e da suplementação com ferro no controle
vas de ferro ao nascer, as necessidades para o TABL LA 24.8 Recomendação diária de ferro (mg), lizada entre 1988 e 1994) nos EUA foi de 3% e da deficiência de ferro em quatro sub-regiões no
segu 1do a IOM (2000)
crescimento e a necessidade para repor as perdas 9% em criangas com idade de 1 a 2 anos e menos mundo (Africa, América do Sul, Europa e Sudeste
(WHO, 2002). O requerimento basal de ferro é a de 1% e 3% em criangas de 3 & 5 anos com ane- da Ásia) mostrou que a fortificação é de menor
quantidade necessaria para se manterem as fun- 027 . 69 40 mia por deficiéncia de ferro e deficiéncia de ferro, custo e que a suplementação parece ter maior
ções organicas, para reparar perdas normais e 73 2meses n 69 40 respectivamente (Looker e cols., 1997). custo-benefício que a suplementação de ferro,
prover o crescimento corporal do individuo, rege- 1a3anos 7 30 40 No Chile, o programa nacional de distribuição sem se levar em consideração a cobertura geo-
nerando e mantendo o estoque de reservas do 423 anos 10 41 a0 de biscoitos fortificados com concentrado de he- gráfica da fortificação.
nutriente, como uma seguranca contra futuro 9213 anos (meninas) 8 57 40 moglobina (Hb) bovina mostrou-se capaz de au- Na Tabela 24.9 estão listados aliementos pro-
aumento das necessidades ou diminuição da in- 93 13 anos (meninos) =8 59 40 mentar as reservas de ferro de crianças em idade duzidos no Brasil, enriquecidos com ferro, e a
gestão de ferro (I0M, 2000). escolar após trés anos da instalacdo do progra- quantidade de ferro por 100g do produto.
A recomendação de ferro, segundo a IOM Quantidade de alimentos necessários para que a. ma. Foram distribuidos trés biscoitos (30g) por
(2000), é de 0,27mg/dia do nascimento aos 6 me- recomendagéo de ferro seja atingida: criangas dia a cada crianga com 1,8g de Hb bovina, o que
ses, 11mg/dia dos 7 aos 12 meses, 7mg/dia do 12 pequenas, devido & capacidade géstrica reduzi- equivale a 5mg de ferro heme (absorção 20% = Suplementação de ferro em doses
a0 32anode vida e 10mg dos 4 aos 8 anos. A den- da, comem em pequenas quantidades; assim, os 1mg de ferro biodisponivel) (Walter e cols., profiláticas :
sidade de ferro nos alimentos complementares re- alimentos enriquecidos e fortificados devem ser 1993c). Na vigência de padrões alimentares que não in-
comendada pelo Ministério da Saúde (2002) para indicados. No Brasil, desde 18 de junho de 2004, toda a cluem alimentos fortificados e/ou enriquecidos
criancas abaixo de 24 meses é de 4mg/100kcal farinha de trigo e de milho comercializadas no ou a prevalência elevada de anemia entre crian-
dos 6 aos 8 meses, de 2,4mg/100kcal dos 9 aos 11 pais sai da fabrica fortificada com ferro. A deter- ças abaixo de 2 anos, a Organização Mundial-da
meses e de 0,8mg/100kcal dos 12 aos 24 meses. É
ESTRATEGIAS PARA PREVENGAO E
importante observar que, para todos os nutrientes COMBATE A ANEMIA FERROPRIVA
TABELA 24.9 Alimentos industrializados enriquecidos e a quantidade de ferro (mg) por 100g do produto
disponiveis (vitaminas e minerais) para as duas fai- Uso de alimentos enriquecidos
xas abaixo de 1 ano (0 a 6 e 7 a 12) os únicos que Os estudos sobre fortificagdo mostram resposta
estão determinados como ingestão diária reco- Fórmula infantil 60 62 82
positiva tanto em relação à aceitação dos alimen-
Achocolatado 40 48 84
mendada (RDA) no período de 7 a 12 meses são o tos utilizados, como nos niveis de hemoglobina
ferro e o zinco (Tabela 24.8). Os outros nutrientes nos grupos estudados (Hertrampf e cols., 1990; Cereal matinal . 11,0 11,67 19
têm como referéncia a ingestão adequada (Al), Nogueira e cols., 1992; Walter e cols., 1993b;
Bolacha recheada 463 4,67 533
que é uma sugestão de recomendação, pois é ba- Torres e cols., 1995; Torres e cols., 1996; Vitolo e
Biscoito tipo wafer 340 395 45
seada no aporte de leite materno por ser esse uma cols., 1998; Hurrell 2002; Tuma e cols., 2003; Bolo 1 115 21

fonte relevante de todos os micronutrientes, com Boccio & Monteiro, 2004). Pão 08 . 7,25
exceção do ferro e zinco, os quais, a partir de 7 Nos EUA, o programa Special Supplemental Queijo tipo pett suiss 091 188
meses, devem ter boas fontes na alimentação Food Program for Women, Infants, and Childrens Salgadinho
complementar. (WIC), que teve inicio em 1972, fornece para as Leite com ach
Saúde (WHO, 2001) recomenda o uso universal ciação a ações educativas sobre ali nentação vem ser complementares, orientadas em conjun- nos diferentes sais. Em crianças € sugerido o trata-
de suplementos de ferro na dosagem de 2mg/kg saudável, garantindo a continuidade : .0 progra- to, e ndo excludentes umas das outras. mento na dosagem de 3 a 8mg de ferro elementar
de peso ao dia, para todas as crianças de 6 a 23 ma e o impacto positivo na diminuiçê > do risco Recomendações praticas: por quilograma d2 peso ao dia, fracionados em 2 a
meses de vida. de deficiência de ferro e de anemi: entre as 3 doses (SBP, 2007). Recomenda-se em geral para
A suplementação exige maior comprometi- criangas (MS, 2005). Avaliar se a crianga recebe leite materno; caso criangas e adolescentes 30mg de ferro elementar
mento e motivação dos responsáveis pelas crian- ATabela 24.10 traz as recomendag.es do De- não receba, questionar qual substituto é usa- por dia antes do desjejum; rardmente surgem efei-
ças. Estudo realizado por Torres e cols. (1994b) partamento de Nutrologia da Sociedac e Brasilei- do, o modo de preparo, os horarios de admi- tos colaterais (Dallman e cols., 1991). A resposta ao
em unidades básicas de saúde do município de ra de Pediatria quanto & suplementagac de ferro. nistração e o numero de vezes ao dia, bem tratamento é observada no prazo de um més com
São Paulo, com uso de sulfato ferroso em doses O Comité de Nutrição da Academicz America- como o volume realmente ingerido. corregdes dos niveis de hemoglobina, mas a suple-
profiláticas, mostrou que essa medida de inter- na de Pediatria recomenda as seguin es doses, Realizar inquérito dietético detalhado. mentação deve ser mantida por trés meses para
venção é eficiente em melhorar os níveis de he- mais elevadas no primeiro ano de vidz., para re- Avaliar o consumo alimentar da crianga em re- correção dos depésitos de ferro; recomenda-se que
moglobina, mas apresenta dificuldades na sua cém-nascidos de extremo baixo peso (I'N): lação & quantidade e à biodisponibilidade do nesse periodo se faga um novo exame que avalie
execução, ou seja, há baixa adesão por parte da ferro. depésitos de ferro, como a ferritina.
família, conforme outros estudos também de- * PN <1.000g = 4mg de ferro elerentar/kg m= Observar as combinações usadas em prepara- As modificagdes na alimentação são funda-
monstraram (Monteiro e cols., 2001; Ermis e peso/dia. ¢6es, ou consumo concomitante de alimentos mentais para que a suspensão no uso do medi-
cols., 2002; Friel e cois., 2003; Lessa e cols., = PN >1:000g e <1.500g = 3mg de ‘erro ele- para identificar a possivel presenca de fatores camento não szja um motivo de reincidéncia da
2003; Brunken e cols., 2004). mentar/kg peso/dia. inibidores e facilitadores. doenga. Em primeiro lugar, a mãe deve ser sensi-
O Programa Nacional de Suplementação de
Sugerir possiveis mudangas para aumentar a bilizada quanto & importancia da alimentação no
Ferro, que está em fase de implementação, pre- Yip (2002) critica os programas de suplemen- biodisponibilidade do ferro ingerido. processo de cura, já que o suplemento medica-
vê a distribuição de suplementos de ferro em to- tação afirmando que a maioria das pesc, Jisas tem Indicar o consumo de alimentos enriquecidos mentoso é um paliativo eficaz, mas de prazo cur-
dos os municípios-brasileiros, com o objetivo de abordado a formulagao do produto e a -losagem com ferro de acordo com a realidade econ6- to. As préticas alimentares com o objetivo de au-
prover suplementação universal de crianças de 6 de compostos de ferro ou a freqiiéncia da admi- mica da familia do avaliado. mentar o aporte de ferro estdo disponiveis para a
a 18 meses com dose semanal de 25mg de fer- nistração. Poucas pesquisas tiveram por objetivo Prescrever suplemento de ferro após avaliação populagao carente que utiliza os serviços de saú-
ro. Para melhorar a palatabilidade do sulfato avaliar estratégias que visem melhorar a efetivi- criteriosa, se necessério. de. As medidas dietéticas devem ser prescritas de
ferroso e reduzir efeitos colaterais, foi desenvol- dade da suplementagao em termos de cobertura, ‘Acompanhar a crianga periodicamente. maneira objetiva e transcritas como préticas diá-
vido um xarope de sulfato ferroso com gosto de adesão e do planejamento de programas. Assim, rias de facil entendimento. Ou seja, no lugar das
fruta cítrica (laranja), na concentração de 25mg para o autor, o essencial para o sucesso dos pro- orientações gerais que utilizam termos genéricos
de ferro para 5mL do produto. A proposta enfa- gramas de intervencao na redugao da anemia por TRATAMENTO
como “aumentar”, “evitar”, “procurar”, o-profis-
tiza a importância da sensibilização das familias deficiéncia de ferro está no trabalho mútuo e O tratamento imediato da anemia ferropriva é a sional prescreve tarefas préticas a serem incorpo-
para à importância da suplementação, bem continuo dos pesquisadores, especialistas na co- reposição dos estoques de ferro no organismo. radas & rotina diéria. Exemplos de condutas efica-
como sobre a utilização do produto, de modo municação e operadores de programas. As estra- Para isso, recomendam-se os sais de ferro: sulfato zes na prevenção e no tratamento da anemia fer-
que sua adesão seja efetiva, bem como a asso- tégias para prevenção de deficiéncia de ferro de- ferroso, lactato ferroso, fumarato ferroso, sulfa- ropriva sa
to de glicina, glutamato, gluconato e succinato.
A alimentação previne a deficiéncia de ferro no m= Oferecer uma vez por semana (escolher com a
organismo, mas sua ação na recuperagao pode mãe o dia da semana) 509g de figado de boi,
Lactentes nascidos a termo, de peso adequado Não indicado ser demorada. Os problemas mais frequentes do picado e bem cozido. O modo de preparo
para a idade gestacional, em aleitamento materno tratamento medicamentoso são efeitos colate- deve levar em conta a aceitação da crianga. Se
exclusivó até 6 meses de vida rais gastrintestinais, constipação intestinal, diar- necessario, oferecer misturado a uma porção
Lactentes nascidos a termo, de peso adequado para Não ingicado réia, nauseas e dor abdominal, que são menos de feijão.
aidade gestacional, em uso de fórmula infantil até
6 meses de vida e a partir do 6º mês se houver freqientes em criangas. Esses efeitos dependem = Uma vez ao dia oferecer, após a refeição sal-
ingestão minima de 500mL de fórmula por dia da dose administrada e são mais comuns quando gada, 100mL de suco rico em vitamina C.
Lactentes nascidos a termo, de peso adequado 1mag de ferro elementar/kg de peso/dia ate: 2 anos de se supera 120mg de ferro elementar. Adicionar verdura verde-escura às prepara-
para a idade gestacional, a partir da introdução idade Os sais ferrosos produzem mais efeitos colate- ções cozidas.
de alimentos complementares
Prematuros maiores de 1.500g e recém-nascidos 2mg de ferro elementarrkg de peso/dia, durante o - rais do que os sais férricos, mas são absorvidos mais Utilizar farinhas enriquecidas com ferro.
de baixo peso, a partir do 302 dia de vida primeio ano de vida. Após esse periodo, 1mg/kg/dia até 2 rapidamente, são menos dispendiosos (sulfato fer- Não permitir a substituição de refeições sal-
anos de idade. roso) e sua absorção é maior quando administrado gadas por alimentos lácteos, biscoitos ou gu-
1h antes das refeigoes. O conteúdo de ferro varia loseimas.
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CAPÍTULO
MÁRCIA REGINA VITOLO

PRÉ-ESCOLAR Dados laboratori--is


= Nome: M.S.C. = Hb: 10,6g/dL.
"= Idade: 1 anoe 1 més. = HT:33,5%.
= Sexo: masculino. = VCM: 71l
= Profissão dos pais: comerciantes. = HCM: 23pg.
= Escolaridade da mae: 22 grau completo.
= Escolaridade do pai: 22 grau completo. Antecedentes alimentares
Mamou no peito exclusivamente por 1 més; a
Atividades diárias crianca chorava muito e a mãe introduziu formu-
Dorme 9h por dia e acorda de madrugada para la infantil. Após os 2 meses de vida ja não apre-
tomar mamadeira. Comegou a caminhar há uma sentava mais leite, e a crianga passou a receber
semana. Gosta de brincar no pétio, na areia e exclusivamente a formula infantil.
com seus bichinhos na sala. Nao tem contato
com outras criangas. = Introdução de frutas: 305 4 meses foi intro-
duzido suco de fruta e aos 5 meses comia fru-
tas amassadas.
Dados antropométricos
= Introdugéo de papa salgada: aos 5 meses
= Nascimento: criança a termo. Apgar 1 = 8 tomava sopa, caldo de feijão com arroz.
Apgar5=9.
= Peso ao nascer: 3:900g. Sem problemas na introdução de frutas e de
" Comprimento ao nascer: 51cm. comida salgada.

Dados atuais Inquérito alimentar habitual


Peso atual: 10kg. = 4h: 1 marnadeira (180mL de leite integral + 2
Estatura atual: 76cm. colheres !chá] de achocolatado + 2 colheres
E/1: 98,4%. [sobremesa] de cereal de milho).
P/E: 98%. = 8h: 1 mamadeira (230mL de leite integral + 3
Percentil de peso por estatura: entre 50 e 85. colheres [chá] de achocolatado + 3 colheres
Percentil de estatura por idade: entre 15 e 50. {cha] de cereal de milho).
10h: queijinho petit suisse (1 potinho) + suco Método 2 Oferecer 2 frutas todos os dias. = Mae: professora.
de manga com açúcar (50mL). = EER = 13 a 36 meses = (89 x 10kg — 100) + Deixar 3h de intervalo antes de oferecer o al- Atividade fisica: educagio fisica na escola 2
12h: 1 prato (sopa) raso (arroz, batata, cenou- 20kcal. moço e o jantar. Vezes por semana.
ra, galinha) + suco de manga com acúcar = EER = 810kcal. Substituir a'sopa por alimento da familia. Atividades rotineiras: pela manha brinca
(60mL).
Oferecer 50mL de suco 1 vez ao dia após a re- em casa com.a irma pequena e assiste à televi-
= 13h30: fla (1 taça pequena). feição principal.
Apesar da diferenca de resultados, é possivel são. A tarde vai & escola. A noite faz o de-
16h: 1 mamadeira (120mL de leite integral + Oferecer 1 sobremesa ou guloseima 1 vez
concluir que a crianga necessita de cerca de ver-de-casa e assiste à televisão.
2 colheres [chá] de flavorizante sabor mo- 1.000kcal para crescimento e ganho de peso ao dia. Final de semana: brinca com a irma peque-
rango). Oferecer feijão (1 concha pequena) quatro ve-
adequados. na, assiste a tevé ou brinca com as amigas que
= 18h: 1 prato (sopa) raso (arroz, batata, cenou- Zzes na semana. são vizinhas.
ra, galinha) + suco de manga com agticar Diagnéstico antropométrico: a crian:z Oferecer 2 colheres (sopa) de verdura ver- Antecedentes clinicos: não apresentou in-
(30mL). . apresenta os pardmetros antropométricos de-escura, três vezes na semana. tercorréncias clinicas importantes. A queixa
= 20h: bombom (1 unidade).
adequados quanto ao crescimento e ao esta- atual é que a menina apresenta constipação
= 22h: 1 mamadeira (180mL de leite integral + 2
do nutricional. intestinal. Sempre teve dificuldade para eva-
colheres [chá] de achocolatado + 2 Coíheres Diagnéstico bioquimico: apresenta anemia Esquema alimentar sugerido cuar, mas no último ano o problema se agra-
[sobremesa] de ceteal de milho).
microcitica hipocromica. Os horários podem variar de acordo com o apeti- vou.
" Diagnéstico clinico: a crianga apresenta te da criança, desde que não haja intervalos mui-
bons antecedentes clinicos de nascimento e to curtos nem “beliscadas”“:
Cálculo nutricional (média de três Antropometria
recordatórios de 24h) atualmente não apresenta doengas e nem faz
uso de medicamentos. = Entre 6h e 8h: 1 mamadeira feita da maneira m= Peso atual: 23kg.
Energia: 138kcal. habitual. Estatura atual: 127cm — percentil 50.
Diagnéstico nutricional global: a crianga
Carboidrato: 1669. Entre 9h e 10h: 1 fruta e 2 biscoitos sem re- IMC: 14,28 (entre o percentil 10 e 25).
tem boas condições de crescimento e estado
Proteína: 509. cheio. P/E: 91,2% limitrofe.
nutricional, mas apresenta anemia ferropriva e
= Entre 12h e 13h: almoço (arroz, feijão, ver- Dobra cutanea tricipital: 7mm.
ingestao alimentar de risco para anemia e obe-
1.200mg. sidade, além de risco para consumo insuficien- dura). Noinicio a mãe deve oferecer alimentos Dobra cutanea subescapular: 8mm.
Ferro: 8mg.
te de folato e fibra alimentar, apesar de o con- mais pastosos: mais feijao, puré de batata, Soma das dobras cutaneas: >15mm - per-
Vitamina A: 1.013ug. sumo de ferro estar adequado para a idade. polenta. Para acompanhar, 50mL de suco de centil entre 25 e 50.
Vitamina C: 77mg. fruta.
Colesterol: 101mg. Entre 15h e 16h: banana com aveia ou outra Diagnéstico antropométrico
Folato: 35ug. Objetivos da intervenção nutricional
fruta ou 4 biscoitos. = EER - meninas entre 3 e 8 anos:
Fibra alimentar: 2g. = Corrigir os niveis de hemoglobina séricos. Ente 18h e 19h: jantar — comida salgada da
= Prevenir constipagdo intestinal. * EER=1353-(30,8 x 8anos) + 1 x (10 x
famflia (1 alimento de cada grupo: carboidra- 23kg + 934 x 1,27m) + 20kcal.
= Prevenir o desenvolvimento de obesidade. 1o, proteína e vitaminas e minerais). Exemplo:
Diagnésticos * EER = 1.325kcal.
= Garantir reservas adequadas de folato. puré de batata, couve cozida e carne de fran-
= Diagnéstico alimentar; consumo energético go. 1 porção de sobremesa.
acima do recomendado, alto consumo de cál- Estratégias para o alcance dos objetivos 21h: mamadeira. Recordatoério de 24h (exemplo de 1 dia)
cio, risco para consumo insuficiente de folato = 8h30: leite integral (1 copo)+ açúcar (2 colhe-
e fibra alimentar. = Aumentar a ingestao de ferro.
= Prescrição de sulfato ferroso. res de cha) + café solúvel (1 colher de chá).
ESCOLAR = 11h30: arroz (4 colheres de sopa), feijão (V2
* Aumentar o.consumo de fibra alimentar.
= Diminuir a ingestão de produtos lacteos. Nome: C.B.M. concha), carne ensopada (2 colheres de sopa),
Requerimento energético
* Incluir alimentos fontes de folato. Idade: 8 anos. pudim de leite (1 pedago).
Meétodo 1 Sexo: feminino. 16h: bolo de chocolate com leite condensado
= Calcular peso ideal para estatura e as kcal/kg Peso ao nascer: 3.030g. (2 pedagos).
de acordo com à idade (102kcal). Modificações alimentares. Comprimento: 49cm. 2th: massa do tipo macarrdo instanténeo
* Pesoideal para estatura: 10,2kg; portanto, = Consumir duas mamadeiras por dia (1 pela Escolaridade paterna: 2º grau completo. com tempero (% pacote), suco concentrado
10,2kg x 102kcal = 1.040kcal. manhã e outra à noite). Escolaridade materna: nivel superior: (de garrafa) de caju (1 copo).
Pai: gerente de loja. = 22h: iogurte de morango (1 unidade).
Cálculo dietético (média de três dias) Objetivos da intervenção nutricional
Eriergia: 1.503kcal n Reguiariza: o peristaltismio intestinal.
Carboidrato: 2139. * Garantir 1 2is séricos adequados de.vitamina C.
Proteina: 48g: ¥ Garantir ¢servas adequadas de folato,
RN

calcio: 766mg.
Estratégias de intervenção nutricional
Ferro: 10mg.
Vitamina A: 450pg. = Incluir alimentos que sejam fontes de fibra ali-
Vitamina C: 5mg. mentar.
mmm

Colesterol: 249mg. * Incluir alimentos fontes de vitamina C diaria-


Acido fólico: 61ug. mente.
Fibra alimentar: 5g. * Incluir alimentos fontes de folato.
"

Observação: é importante observar que es- Modificações dietéticas


ses valores são a média da ingestdo de trés " Limitar o consumo de macarrdo instanténeo a
dias de inquérito; portanto, o exemplo forne- 2 vezes ra semana,
cido não representa necessariamente o resul- Incluir 2 frutas por dia todos os dias.
tado obtido.
Incluir 1 pires de chá de verduras ou legumes CAPITULO 26
por dia todos os dias. Crescimento e Maturação Sexual 267
Consumir 1 concha média de feijão 4 vezes na
DIAGNOSTICO NUTRICIONAL GLOBAL
semana. CAPÍTULO 27
A menina apresenta peso e estatura dentro dos Avalia;ão do Estado Nutricional na
Consumir 2 copos de dgua todos os dias (1 pela
pontos de corte estabelecidos, mas limitrofes manh e 1 à tarde quando chega da escola). Adoleszéncia 273
para baixo peso. Entretanto, a ingestão energé- Incluir trés vezes por semana 1 porção (2 co-
tica não é compativel com o risco para déficit CAPITULO 28
Iheres de sopa) de cenoura ou abóbora ou Recomendagdes Nutricionals para
nutricional, o que sugere que esses valores limi- manga ou mamão. Adolescentes 277
trofes antropométricos são de origem constitu-
72 copo de suco natural ou polpa rico em vita-
cional. As dobras cutâneas confirmam que a mina C após uma das refeigoes. CAPITULO 29
garota apresenta reserva energética adequada. Hébitos Alimentares
Apresenta constipação intestinal e risco para Observação: essas orientagdes podem ser feitas
na Adolescéncia 291
ingestdo insuficiente de fibra alimentar, vitami- gradativamente como tarefa, sendo trés de cada CAPÍTULO 30
na C e folato, além da auséncia de 4gua na ali-
mentação.
vez. O ideal é passar novas tarefas após a adesão Programas de Educação Alimentar
aquelas j4 fornecidas. e Nutricional 299

CAPITULO 31 .
Nutrição do Adolescente Atleta 309

CAPITULO 32
Relatos de Casos Clinicos 323
TE
T

CAPÍTULO
Crescimento e Maturaççb

SS
LR
MÁRCIA REGINA VITOLO

A adolescência é uma etapa evolutiva peculiar ao A maioria das ações hormonais converge para a
ser humano, que encerra todo o processo matu- condrogénese, ou seja, o crescimento ósseo. O
rativo biopsicossocial do indivíduo. Caracterizada horménio de crescimento tem papel importante
por profundas transformações somáticas, psico- na composicdo corporal, além de controlar o
lógicas e sociais, compreende, de acordo com a crescimento longitudinal de criancas e adoles-
Organização Mundial da Saúde, a idade de 10 a cente, atuando na distribuição do tecido adiposo
19 anos (WHO, 1986; Colli, 1992; Osório, 1992; e no metabolismo de proteinas, carboidratos, li-
Costa & Souza, 2002). * pidios, minerais e 4gua. Durante a puberdade,
Esse é o segundo período da vida extra-uteri- dois processos estão envolvidos no aumento da
na, em que o crescimento tem sua velocidade secrecdo dos esteróides gonadais: a adrenarca
méxima, após a primeira infancia. O crescimento (aumento da secreção dos androgénios das adre-
está relacionado a aumento da massa corporal e nais ou supra-renais) e a gonadarca ou aumento
desenvolvimento fisico, compreendendo tam- dos estrogénios no sexo feminino e da testoste-
bém a maturação dos órgãos e sistemas para a rona no sexo masculino, horménios responséveis
aquisição de capacidades novas e especificas. Em pelo aparecimento dos caracteres sexuais secun-
ambos os processos há influéncias genéticas, am- dérios, ovulação, espermatogénese e o processo
bientais, nutricionais, hormonais, sociais e cultu- de fertilização (Marshall & Tanner, 1974; Guedes
rais, resultando em uma interação constante en- & Guedes, 1997).
tre esses fatores (Bianculli, 1995). A partir das ações dos horménios sexuais, as
A puberdade é caracterizada pelas mudangas transformações fisicas que ocorrem na adoles-
biolégicas determinadas pelo desencadeamento céncia apresentam diferengas entre meninos e
dos estimulos hormonais do eixo hipotála- meninas, as quais podem ser claramente obser-
mo-hipéfise-gonadas. O inicio desse processo é vadas durante o estirão de crescimento (Malina &
influenciado por fatores ambientais, nutricionais Bouchard, 1991). Durante esse processo foram
e sociais. O aparecimento das mudaricas fisicas estabelecidos estagios de maturação sexual, os
observadas no adolescente, tais como desenvol- quais receberam a denominagaé de Tanner (ver
vimento das mamas, pélos pubianos e maturação Anexo 12, Figuras A12.1 e A12.2). Esses critérios
da genitália, ocorre algum tempo apés as primei- estdo enumerados de 1 a 5, considerando-se as
ras modificagées hormonais (Grumbach, 1978). mamas, os pélos pubianos e a genitalia masculi-

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