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Crescimento e

desenvolvimento Infantil

Profª. Simone Santos


Acompanhamento do crescimento

 O crescimento é reflexo de
alterações biológicas que implicam
aumento corporal da criança,
considerando-se, principalmente a
evolução do peso, da altura e do
perímetro cefálico (PC).
Considera-se o crescimento como
aumento do tamanho corporal e,
portanto, ele cessa com o término
do aumento em altura (crescimento
linear).
 É um ótimo indicador de saúde da
criança.
 Reflete as condições de vida da

criança no passado e no presente.


 O planejamento familiar, a
realização de uma adequada
assistência pré-natal, ao parto e ao
puerpério,
as medidas de promoção, proteção
e recuperação da saúde nos
primeiros anos de vida, são
condições cruciais para que o
crescimento infantil se processe de
forma adequada.
1 – Fatores que influenciam o
crescimento

 Fatores intrínsecos (genéticos)


 Fatores extrínsecos (alimentação,

saúde, higiene, habitação e


cuidados gerais)
1.1 – Influência do fator genético

 O crescimento está diretamente


relacionado ao potencial genético
 Antes do cinco anos é mais
influenciado pelo fator ambiental
 Depois dos cinco anos é mais

influenciado pelo fator genético


 Velocidade do crescimento
 A cabeça do feto aos 2 meses de

vida intra-uterina representa,


proporcionalmente, 50% do
corpo; no recém-nascido
representa 25% e na idade adulta
10%.
1.2 – Influência do meio ambiente

 Habicht, em 1974, demonstrou que


crianças menores de 5 anos, de
diversas nacionalidades, crescem
num ritmo semelhante, desde que
submetidas a boas condições de
vida.
O mesmo não acontece com
crianças da mesma nacionalidade,
porém sob condições
socioeconômicas diferentes
(as de nível mais alto crescem de
modo similar às crianças de países
desenvolvidos, enquanto as de
baixo nível socioeconômico
crescem em ritmo mais lento).
 Um exemplo da influência do meio
ambiente sobre o crescimento é o
de gêmeos homozigóticos (portanto
com a mesma herança e potencial
genético de crescimento):
quando criados separadamente,
em meios diferentes, o que cresce
em meio favorável tende atingir sua
meta de crescimento determinado
pelo seu potencial genético,
enquanto o que foi criado em meio
desfavorável, cresce aquém do seu
potencial genético.
2 – Peso ao nascer

 Peso ao nascer < 2.500g  baixo


peso ao nascer  morte perinatal.
 Os fatores mais importantes que
podem influenciar negativamente o
crescimento intra-uterino (fatores
de risco para baixo peso ao
nascer):
o fumo, o álcool e outras drogas, a
hipertensão arterial, as doenças
infecciosas crônicas, as doenças
sexualmente transmissíveis,
o estado nutricional da gestante, o
curto intervalo interpartal (menor
que 2 anos), a elevada paridade, a
idade materna (< 19 anos e > 35
anos), a gestação múltipla e
anomalias congênitas.
 AIG / PIG / GIG

 Todo prematuro é de risco, porém


aqueles AIG, apresentam melhor
prognóstico (exceto os de 1.000g),
especialmente os que vivem em
condições ambientais favoráveis.
2 – O crescimento pós-natal

 A velocidade de crescimento
pós-natal é particularmente elevada
até os dois primeiros anos de vida
com declínio gradativo e
pronunciado até os cinco anos de
idade.
A partir do quinto ano, a velocidade
de crescimento é praticamente
constante, de 5 a 6 cm/ano até o
início do estirão da adolescência (o
que ocorre em torno dos 11 anos
de idade nas meninas e dos 13
anos nos meninos).
Crescimento Compensatório
 Importante: durante os dois
primeiros anos de vida, o déficit de
crescimento ocasionado pela
desnutrição é reversível.
Após essa idade, nota-se que o
fenômeno do crescimento
compensatório, apesar de ativado,
é bem menos intenso.
 Nos dois últimos anos observa-se o
fenômeno denominado tendência
secular do crescimento.
3 – O Acompanhamento do
Crescimento: estruturando a
atenção à saúde da criança
Ações na Atenção Primária à
Saúde
 As consultas para o
acompanhamento da criança
devem ser tratadas como um
momento importante para a coleta
de medidas antropométricas e à
orientação da mãe sobre os
cuidados básicos indispensáveis à
saúde da criança como:
 Coletar medidas antropométricas
com metodologia padronizada;
 Relacionar essas medidas com
sexo, idade ou outra variável da
criança (índices), comparando-as
com os valores de referência;
 Verificar se os valores
encontrados estão dentro dos
limites (pontos de corte)
estabelecidos como normais;
 Verificar e orientar quanto ao
calendário de vacinação,
cuidados gerais e higiene;
 Acompanhar o desenvolvimento
psicomotor, social e psíquico da
criança;
 Se houver intercorrências
patológicas ou eventos de saúde
importantes acorridos com a
criança, anotar na Caderneta da
Criança;
 Estimular o aleitamento materno
exclusivo até os 6 meses de vida.
Orientar a alimentação
complementar apropriada após os
6 meses;
 Verificar e estimular a atividade
física regular, principalmente para
crianças acima de 4 anos.
5 – Indicadores Antropométricos

5.1 – Peso/Idade

 Realizar o registro periódico do


peso no Gráfico Peso/Idade da
Caderneta da Criança.
 Toda criança até 6 anos deve
possuir uma Caderneta da Criança
que deverá ser entregue à sua mãe
na maternidade, na Unidade de
Saúde da Família, visita do ACS,
etc.
 O serviço pode ou não ter um
cartão espelho.
 Os indicadores antropométicos,
incluindo o Peso/Idade são
utilizados como indicadores diretos
para avaliar o estado nutricional da
criança.
 São necessárias pesagens
periódicas. Todos os pontos devem
ser ligados com um traço, formando
um traçado de peso ou curva da
criança.
Interpretação da curva de
crescimento

 Para avaliação do crescimento


individual de uma criança devem
ser considerados dois aspectos:
 Na primeira medição, observar a
posição do peso em relação aos
pontos de corta superior e
inferior :
 Acima dos percentil 97:
classificar como sobrepeso;
 Entre os percentis 97 e 10:
faixa de normalidade
nutricional;
 Entre os percentis 10 e 3:
classificar como risco
nutricional;
 Entre os percentis 3 e 0,1:
classificar como peso baixo;
 Abaixo do percentil 0,1:
classificar como peso muito
baixo.
 Nas medições seguintes, observar
a posição e também o sentido do
traçado da curva de crescimento
da criança:
 Posição da linha do traçado, se

está entre os percentis 97 e 3;


 Sentido do traçado: ascendente,

horizontal ou descendente.
Acompanhamento do crescimento
para RN prematuro

 Após a alta hospitalar o RN deve


ser acompanhado semanalmente
até a idade pós-menstrual corrigida
(idade gestacional ao nascer mais
semanas de vida pós-nascimento)
de 40 semanas, e posteriormente,
conforme a proposta para crianças
a termo.
 Crescimento pós-natal do RNPT:

 Período de perda de peso


 Período de crescimento mínimo
 Período de maior crescimento
com aceleração longitudinal de
peso, PC e estatura (Catch up)
 Período de normalização do
crescimento
5.2 – Estatura/Idade

 O ganho de estatura é um bom


parâmetro para avaliação do
crescimento da criança por ser
cumulativo, progressivo e não
sofrer regressões.
O ganho de estatura é
relativamente lento o que faz com
que custe a refletir problemas
agudos de saúde e nutrição da
criança.
Deve ser feito com bastante
precisão, principalmente em
lactentes e crianças pequenas.
Associado ao Peso/Idade deve ser
registrado na caderneta.
5.3 – Peso/Estatura

 Reflete o peso corporal em relação


à estatura e, portanto não requer a
informação da idade.
Não é um bom parâmetro para
avaliar o estado nutricional da
criança quando analisado
isoladamente.
5.4 – Perímetro Cefálico/Idade

 Sua importância na infância


está relacionada ao volume
intracraniano, permitindo uma
avaliação do crescimento do
cérebro.
Deve ser feito, prioritariamente, nas
crianças de 0 a 24 meses, período
de maior crescimento pós-natal da
cabeça e do cérebro.
Não há quase variação racial,
populacional ou de fatores
geográficos, e entre os sexos, o
masculino não excede mais de 1
cm de diferença.
Aumento médio dos valores
antropométricos nos primeiros
anos de vida

1 – Peso
 Primeiro Trimestre: 700g/mês

 Segundo Trimestre: 600g/mês


 Terceiro Trimestre: 500g/mês
 Quarto Trimestre: 300g/mês

 Após um ano de vida: 2 a 3 Kg/ano


2 – Estatura
 Do nascimento até os 3 meses de

vida: aumento de 3,5cm/mês


 Do 4º ao 6º mês: aumento de

2cm/mês
 Do 7º ao 9º mês: aumento de

1,5cm/mês
 Do 10º ao 12º mês: aumento de
1,2cm/mês
 Ao final do primeiro ano de vida o

lactente deverá ter aumento 50% da


estatura de nascimento
3 – Perímetro Cefálico
 1º trimestre: 2cm/mês

 2º trimestre: 1cm/mês

 3º trimestre: 0,5cm/mês

 Ao final do 1º ano o PC deverá ter

aumentado cerca de 12cm


 Aumento de 1,2cm/ano do terceiro
ao quinto ano
 Aumento de 1,2cm a cada 5 anos

após o quinto ano até a puberdade


 PC no adulto é de
aproximadamente de 53cm
4 – Relação PC/PT
 Até os seis meses PC > PT

(diferença aproximadamente de
2cm)
 Aos 6 meses PC = PT
 Aproximadamente aos 9 meses PT
> PC
 A análise conjunta do PC e do

fechamento das fontanelas é de


suma importância.
Mensuração da Fontanela
Acompanhamento do
Desenvolvimento
1 – Conceito

 Desenvolvimento: refere-se a uma


transformação complexa, contínua,
dinâmica e progressiva, que inclui o
crescimento, a maturação, a
aprendizagem e os aspectos
psíquicos e sociais.
As causas que afetam o
crescimento também podem afetar
o desenvolvimento.
2 – Aspectos do Desenvolvimento

2.1 – Aspectos Biológicos


 Desenvolvimento Motor: diz
respeito ao controle dos
movimentos do corpo, desde os
grosseiros até os mais finos.
 Desenvolvimento Adaptativo:
compreende ações de ajustamento
para atividades mais complexas,
beneficiando-se de experiências
anteriores.
 Desenvolvimento Lingüístico:
refere-se a todos os meios de
comunicação seja através de
gestos, vocalizações e palavras.
 Desenvolvimento Pessoal-social:
compreende habilidades e atitudes
pessoais da criança frente a seu
meio sócio-cultural.
2.2 – Aspectos Neurológicos

 Do ponto de vista da maturação, o


desenvolvimento neurológico não
acontece de maneira arbitrária,
mas de acordo com um plano
contido no potencial genético,
através de etapas previsíveis e pré-
determinadas, no sentido
cefalocaudal e proximodistal, sendo
que as respostas gerais precedem
as específicas.
2.3 – Aspectos Psíquicos
 Constitui-se no decorrer das
relações/trocas realizadas entre a
criança e demais elementos do seu
convívio, especialmente os pais.
Do conjunto de relações surge um
ser único, singular, capaz de inserir
no mundo adulto, ou seja na
sociedade.
3 – Desenvolvimento Normal

Períodos do Desenvolvimento

3.1 – Período Pré-natal


3.2 – Período Neonatal
Reflexos

 Sucção – desaparece
aproximadamente aos 3 meses de
idade na vigília e aos 6 meses no
estado de sonolência
Reflexo de Sucção
 Moro – desaparece por volta de 3/5
meses
Reflexo de Moro
 Preensão Palmar – desaparece por
volta de 2 meses
 Preensão Plantar – desaparece por

volta de 8 meses
Reflexo de Preensão Palmar e
Plantar
 Marcha – desaparece por volta de
2 meses
Reflexo de Marcha
 Rastejamento – desaparece por
volta de 3 a 4 semanas
Reflexo de Rastejamento
 Babinski – desaparece dos 8/10
meses aos 12/18 meses
Reflexo de Babinski
 Galant – desaparece por volta de 4
a 5 meses
Reflexo de Galant
 Tônico-cervical: desaparece por
volta dos 3 meses
Reflexo Tônico-cervical
 3.3 – Primeira Infância (27 dias a
2 anos)
 3.4 – Segunda Infância (2 a 6
anos)
Desenvolvimento e Estimulação

 A estimulação é uma atividade


familiar que busca favorecer o
rendimento máximo da capacidade
potencial da criança nos campos do
desenvolvimento psicomotor e da
socialização.
 Requer para isso uma relação
mãe-filho satisfatória e um
ambiente adequado.
 Estimulação = desenvolvimento de

todas as potencialidades.
 A estimulação deve ser oportuna,
ou seja, adequada às etapas já
superadas pela criança e aos
marcos atuais do desenvolvimento.
 A estimulação precoce pode gerar
tensões na criança e na família, e
mesmo atuar negativamente no seu
desenvolvimento.
 A estimulação tardia talvez só
obtenha resultados parciais na
recuperação de etapas atrasadas.
 A detecção precoce de atrasos no
desenvolvimento resulta na
recuperação satisfatória em 80 a
90% dos casos, através de
estimulação simples, adequada e
oportuna.
Saúde Bucal

1 – Desenvolvimento das
dentições

1.1 – Fase Pré-dentada


1.2 – Primeira Dentição ou
Dentição Decídua

 Cor: branca leitosa


 Número: 20 dentes

 Anatomia: semelhante à dos


permanentes, mas menores que
estes em todas as dimensões.
 A manutenção dos dentes decíduos
é fator de suma importância para o
correto posicionamento dos dentes
permanentes.
 Seqüência de irrompimento dos

dentes
Arco Dentário Dente Idade de
irrompimento
(meses)
A-Incisivo Central 8-10
B-Incisivo Lateral 10-14
Superior C-Canino 18-24
D-Primeiro Molar 14-18
E-Segundo Molar 24-30
J-Incisivo Central 6-8
G-Incisivo Lateral 8-12
Inferior H-Canino 18-24
G-Primeiro Molar 14-18
F-Segundo Molar 24-30
Dentição Decídua
Orientação à mãe: massagem
digital, mordedores de plástico. O
uso de soluções anestésicas
tópicas não deve ser rotineiro, e
sim ocasional.
 Uso de chupetas e mamadeiras.
1.3 – Dentição Permanente

 Número: 32 dentes
 Início: por volta de 5 a 6 anos de

idade
 O primeiro molar permanente ou
molar dos 6 anos freqüentemente é
confundido com um dente
temporário, em função de não
substituir nenhum dos dentes
decíduos e nasce em local onde
não havia dente.
 O irrompimento dos segundos
molares coincide com o início da
puberdade.
 A dentição permanente se
completa com o irrompimento dos
terceiros molares, no final da
adolescência ou no adulto jovem.
 Seqüência de irrompimento dos

dentes
Arco Dentário Dente Idade de
irrompimento
(anos)
A-Incisivo Central 7
B-Incisivo Lateral 8
C-Canino 11
D-Primeiro Pré-molar 9-10
Superior E-Segundo Pré- 11
molar
F-Primeiro Molar 6-7
G-Segundo Molar 12
H-Terceiro Molar 18-22
Arco Dentário Dente Idade de
irrompimento
(anos)

Incisivo Central 6
Incisivo Lateral 7
Canino 10
Primeiro Pré-molar 9-10
Inferior
Segundo Pré-molar 11
Primeiro Molar 6-7
Segundo Molar 12
Terceiro Molar 18-22
Dentição Permanente
2 – Higiene Bucal

 Promove o hábito de “boca limpa”


 Reduz incidência da placa
bacteriana e de cáries
OBRIGADA! BOA NOITE!

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